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Livro de Pericias (Unama)

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Anotações do Aluno

Aula Nº 1 – Definição e Conceito


de Perícia
Objetivos da aula:
Esta aula apresenta uma introdução nos aspectos conceituais e históricos
que envolvem o campo de atuação do contador denominado Perícia.

Ao final você terá conhecimento sobre a área de Perícia enquanto


especialização do Contador e conhecerá sua trajetória histórica.

O objetivo principal desta aula é situar o aluno frente a uma das áreas de
atuação do contador, conhecida como Perícia

Tenha um ótimo início de curso!

1. Conceito de Perícia
Etimologicamente, o termo perícia advém do latim PERITIA e significa
“conhecimento adquirido pela experiência”1 . Sob esse aspecto, D’Áurea
menciona que “perícia é o conhecimento e experiência das coisas”2. Essa Aula 01 - Definição e Conceito de Perícia
definição considera a etimologia da palavra, sem, no entanto, ser precisa.
Alguns autores, como Ornelas, Lopes de Sá, Magalhães et alii e Alberto, em
suas recentes obras sobre perícia contábil, conceituam perícia considerando
sua aplicação prática, ou seja, enfocam o conceito de perícia sob o aspecto
de sua utilidade como instrumento.
Perícia Contábil

Para Ornelas, a perícia contábil “serve como meio de prova


de determinados fatos contábeis ou de questões contábeis
controvertidas”2 .

4
Anotações do Aluno

Escreve Lopes de Sá que “perícia é a verificação de fatos ligados ao


patrimônio individualizado visando oferecer opinião, mediante
questão proposta”4.

Magalhães et alii conceituam perícia como “trabalho de notória


especialização feito com o objetivo de obter prova ou opinião para
orientar uma autoridade formal no julgamento de um fato”5.

Alberto define que a perícia é um instrumento especial de constatação,


prova ou demonstração, científica ou técnica, da veracidade de situações,
coisas ou fatos.

Perícia é um modo definido e delimitado, é um instrumento,


portanto, e, este, por sua vez, é especial porque se concretiza
por uma peça ou um relatório com características formais,
intrínsecas e extrínsecas, também definidas (o laudo pericial).
Essa peça contém, porém, o resultado materializado,
fundamentado científica ou tecnicamente, dos procedimentos
utilizados para constatação, prova ou demonstração conclusiva
sobre a veracidade do estado do objeto sobre o qual recaiu¨6.

Em que pesem as considerações dos autores citados, abstraindo o


significado etimológico no que tange ao aspecto do conhecimento e

Aula 01 - Definição e Conceito de Perícia


ligando-o aos objetivos primários da Contabilidade, a perícia, em sentido
amplo, pode ser entendida como conhecimento que trata dos fatos
econômico-patrimoniais em problemas legais. Sob esse ângulo, a perícia
contábil situa-se na interligação do Direito e da Contabilidade.

No âmbito do Direito, a perícia é conhecida como perícia judicial, e, nas


considerações de Rodrigues,
Perícia Contábil

a perícia judicial é uma medida de instrução necessitando de


investigações complexas, confiadas pelo juiz, em virtude de
seu poder soberano de apreciação, a um especialista a fim
de que ele informe sobre as questões puramente técnicas
excedentes de sua competência e seus conhecimentos. Não
deve ser confundida com a perícia extrajudicial, seja ela a

5
Anotações do Aluno

perícia amigável, resultante de acordo das partes interessadas,


seja a perícia oficiosa, esta fora e anterior ao litígio ou ainda
nascida do litígio e em curso de processo, independente da
decisão do juiz, na qual as partes pretendem colher elementos
para melhor conhecimento da questão7.

Além do enfoque abordado, existe o entendimento que considera a perícia


como testemunho de profissionais especializados. Esse entendimento,
além de não ser dominante, não encontra respaldo no CPC – Código de
Processo Civil. Sobre esse aspecto, Prunes menciona:
De um lado, a prova pericial pode se assemelhar com a
prova testemunhal, mas não há dúvidas que dela diverge em
muitos momentos e qualidade. A testemunhal, basicamente,
participa acidentalmente da prova, ao passo que o perito é
designado, especificamente, para produzir a prova. Também
a prova pericial tem pontos de contato com o intérprete ou
tradutor, eis que estes dão ao juiz, pela versão em texto ou
linguagem, de depoimentos produzidos em idioma que o
juiz desconhece. Da mesma sorte existem ligações com a
vistoria: embora essa seja procedida pelo juiz, para conhecer
diretamente os fatos, afastando-se das paredes do tribunal
para contatar diretamente com coisas ou pessoas, não só pode
se valer do assessoramento de peritos como também o juiz

Aula 01 - Definição e Conceito de Perícia


buscar verdades que não foram apresentadas diretamente
aos autos8.

Em outubro de 1999, por intermédio da resolução 858/99, de 21 de outubro


de 1999, o próprio CFC publica, por meio de seu endereço eletrônico, a
reformulação das NBC T 13 – da Perícia Contábil – e NBC P 2 $ Normas
Profissionais do Perito – em que reconsidera o conceito formulado
Perícia Contábil

anteriormente e propõe:
NBC T 13 – da perícia contábil
13.1 – Conceituação e Objetivos
13.1.1 – A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnicos
que tem por missão trazer à instância decisória elementos de prova
necessários a subsidiar a justa solução do litígio, mediante laudo pericial

6
Anotações do Aluno

contábil ou parecer técnico-contábil, em conformidade com as normas


jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente.

A característica predominante na perícia é sua requisição formal. Essa


decorre de um conflito de interesses com relação a um direito pleiteado.
Pode ser um ato oficial: quando determinada ou requisitada por autoridade
(juízes, promotores e delegados) é denominada perícia judicial; em
contraposição, pode-se falar em perícia privada9 ou perícia extrajudicial
quando os serviços contratados são oferecidos a entidades privadas e/ou
às partes envolvidas no litígio.

A perícia judicial torna-se necessária em decorrência das muitas disciplinas


envolvidas em certos processos judiciais em que o juiz, a quem não
compete a obrigatoriedade do domínio pleno de todas as áreas do saber,
recorre aos especialistas das áreas técnicas ou científicas envolvidas no
processo. A perícia, como uma dessas áreas especializadas, ao lado de
ramos como a Medicina, a Engenharia e outros fora da alçada educacional
e cultural do Direito, constitui-se em instrumento (ferramenta) utilizado
pela Justiça para alcançar os seus objetivos, eliminando ou esclarecendo
as eventuais pendências.

Historicamente, perícia é termo utilizado quando existe a necessidade


dos conhecimentos advindos de especialistas, com a finalidade de dirimir

Aula 01 - Definição e Conceito de Perícia


dúvidas sobre questões controversas.

2. Breve Histórico da Perícia


A evolução da perícia se mostra tão antiga quanto a evolução da
Contabilidade. Alguns pesquisadores revelam que os primeiros sinais do
uso da Contabilidade datam de 4.000 anos a.C.; em paralelo, a perícia tem
Perícia Contábil

seus primeiros vestígios na antiga civilização do Egito:


Conta Heródoto que, quando o rio despojava alguém da cota
agrária, a pessoa lesada procurava o rei, a quem dava parte
do ocorrido; então, este enviava ao lugar da situação do lote
de inspetores que o mediam para saber a área diminuída e a

7
Anotações do Aluno

diminuição proporcional que devia sofrer o pagamento do


tributo. Tais inspetores, entendidos em geometria e “experts”
na arte de medir, são longínquos antecessores de uma
categoria de peritos – os agrimensores10.

Com o surgimento da escrita, encontramos vestígios de escrita contábil no


século III a.C., nos papiros de Zenon, grande negociante e administrador,
que mantinha suas contas escrituradas em espécie e em moeda. Já a
perícia tem seus primeiros vestígios de escrita no papiro Abbot, datado do
ano 130 da era cristã, “ao tempo do Imperador Adriano Trajano Augusto, e
que corresponde a um autêntico laudo do médico Caio Minucio Valeriano,
do burgo de Caranis, a propósito de ferimentos na cabeça recebidos por
um indivíduo chamado Mysthorion”11 .

A partir do século XIII, a Contabilidade experimentou um grande


desenvolvimento na Europa, uma vez que esse continente apresentava-
se como o berço do comércio; em paralelo, observa-se (sem poder
garantir data precisa) que no continente europeu também houve grande
desenvolvimento da perícia como instrumento de prova, presente
principalmente, segundo Santos12, na Grécia, França, Inglaterra e Itália.

Para melhor apreciação, a seguir apresenta-se um quadro cronológico


sobre a perícia.

1850 efetua-se a regulamentação do perito, mediante o regulamento


Aula 01 - Definição e Conceito de Perícia
nº 737 (posteriormente revogado), baseado no Código Francês e nas
Ordenações13 Filipinas. Em matéria contábil, é escolhido como árbitro,
o profissional formado em Aula de Comércio com posse de Carta de
Habilitação.
Perícia Contábil

1863 é utilizada pela primeira vez a arbitragem14 na chamada Questão


Christie, com a Inglaterra, caso que envolvia a detenção no Rio de Janeiro,
por autoridades policiais brasileiras, de oficiais da marinha britânica. A
arbitragem, cujo laudo foi favorável ao Brasil, foi feita pelo Rei Leopoldo,
da Bélgica.

8
Anotações do Aluno

1866 revoga-se o juízo arbitral pela lei nº 1350, porém, permanecendo o


juízo arbitral voluntário.

1911 o governo decreta lei sobre peritos contabilistas, cujas atribuições


foram:
• dar parecer e verificar as contas que se relacionassem com o balanço
e os relatórios que deveriam ser apresentados às assembléias gerais
das Companhias e Sociedades Anônimas;
• proceder a exame nas escritas quando ordenado pelos juízes, nos
processos comerciais, criminais e cíveis.

1916 é aprovado o regulamento que dispõe sobre perícia contábil


no artigo 2º § 6º, nestes termos: “[...] criar e manter o quadro de peritos
contadores, formado exclusivamente pelos sócios de longa pátria, e
reputação ilibada, que tenham obtido, mediante exame, o indispensável
certificado”.

1917 entra em vigor a lei nº 3071, de 1 de janeiro de 1916 - atual Código


Civil15 pois as Ordenações Filipinas já não atendiam às necessidades da
Colônia, tornando-se evidente que mudanças precisavam ocorrer na
legislação que coordenava os procedimentos comerciais.

1927 ensaia-se o ensino de perícia contábil, idealizado pelos fundadores

Aula 01 - Definição e Conceito de Perícia


do Instituto Brasileiro de Contabilidade, IBC, “sendo criada uma cadeira na
Escola Técnica Profissional, cadeira essa que foi entregue à reconhecida
competência do saudoso Professor Joaquim Telles”16.

1930 no dia 4 de julho, é organizada a Câmara de Peritos Contadores

1931 tem-se um marco da regulamentação da profissão de contador.


Perícia Contábil

O decreto nº 20158, de 30 de junho de 1931, “assinado oito meses após


a vitória da Revolução de 1930”17, além de regulamentar a profissão de
contador, organiza o ensino comercial, fazendo completa modificação nos
currículos anteriores.

9
Anotações do Aluno

1932 O decreto nº 21033, regulamenta o exercício da profissão contábil,


das prerrogativas estabelecidas para aqueles diplomatas.

1939 o decreto nº 1168, de 22 de março, dispõe que os peritos e


funcionários do Imposto de Renda, mediante ordem escrita do diretor do
Imposto e dos chefes de seções nos Estados, poderão proceder a exame
da escrita comercial dos contribuintes, para verificarem a exatidão de suas
declarações e seus balanços.

O decreto-lei nº 1535, de 23 de agosto de 1939, altera a denominação do


Curso de Perito-Contador para Contador.

Com a publicação do decreto nº 1608, de 18 de setembro de 1939, Código


de Processo Civil, instalou-se a partir de 1º de março de 1940 o sistema de
um perito só, que era nomeado pelo juiz do feito.

1942 o decreto-lei nº 4565, de 11 de agosto, alterava o Código para


permitir às partes indicarem, se estivessem de acordo, o perito único; caso
contrário, o juiz o nomeava.

1946 o decreto-lei federal nº 9295, de 27 de maio, estabelece que é


privativo dos contadores o exercício das funções de: perícias judiciais e
extrajudiciais, revisão de balanços e de contas em geral, verificação de

Aula 01 - Definição e Conceito de Perícia


haveres, revisão permanente ou periódica de escritas, regulações judiciais
ou extrajudiciais de avarias grossas ou comuns, assistência aos Conselhos
Fiscais das Sociedades Anônimas e quaisquer outras atribuições de
natureza técnica por lei conferida aos profissionais de contabilidade.

A publicação da lei nº 8570, de 7 de janeiro de 1946, que introduziu a


situação que vigorou até o atual Código (promulgado em 1973): “Uma
Perícia Contábil

parte indicava o seu perito e a outra, não concordando com o primeiro


louvado, apontava o seu. Havendo divergência entre os laudos, o juiz
nomeava um terceiro perito; chamado desempatador”18.

1948 é publicado o decreto-lei nº 24337, de 14 de janeiro, que dispõe


sobre perícias contábeis no interesse da Fazenda Nacional.

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Anotações do Aluno

1973 É publicada em 11 de janeiro de 1973, a lei nº 5869 – Código de


Processo Civil19 – em que outorga ao juiz a escolha de um perito de sua
confiança, permitindo às partes a indicação de assistentes técnicos. Essa
lei define em seu artigo 420 que prova pericial consiste em exame, vistoria
ou avaliação.

1984 É publicada a Lei Federal nº 7270, de 10/12/84, em que delega ao


juiz nomear apenas e tão-somente um profissional legalmente habilitado
junto ao órgão fiscalizador da respectiva profissão, já regulamentada,
cumprindo, assim, o preceito constitucional da reserva legal e respeitando
o direito adquirido daquele profissional20.

1988 começa a vigorar a nova Constituição Federal do Brasil, e em


decorrência dos direitos-garantias que são assegurados, muitos dos
dispositivos do Código Civil de 1973 foram revogados; “entre os dispositivos
[...] revogados, está o laudo pericial único, dos dois peritos oficiais,
verdadeiro ‘martelo das feiticeiras’, constituindo-se num ‘alforje do diabo’,
ou pré-condenação do acusado, tal como acontecia nos tempos medievais
da Inquisição papal, ao cargo dos zelosos frades dominicanos”21.

1992 a lei nº 8455, de 24 de agosto, traz significativas modificações nos


trabalhos periciais. Uma delas refere-se à forma como o perito assume o
compromisso para a execução de seu trabalho.

Em 22 de outubro de 1992, são aprovadas as resoluções de nºs 731 e 733,


Aula 01 - Definição e Conceito de Perícia
que tratam dos critérios para execução do trabalho de perícia contábil
em linha de princípios que se situa no próprio campo do exercício
profissional.

1999 Em 21 de outubro de 1999, entram em vigor as resoluções nºs 858


Perícia Contábil

e 857, que reformulam, respectivamente, as NBC T 13 e as NBC P 2, que


tratavam dos critérios de trabalho de perícia contábil até então vigentes.

Aliada aos dispositivos do CPC, parcialmente alterados pela lei nº 8455, de 24


de agosto de 1992, a perícia, hoje, apresenta as seguintes características:

11
Anotações do Aluno

ü é realizada por um perito nomeado pelo juiz e de sua exclusiva


confiança;
ü cada parte pode indicar seu assistente técnico22 e apresentar
quesitos para serem respondidos pelo perito;
ü os assistentes técnicos têm o direito de acompanhar as
diferentes diligências realizadas pelo perito e delas participar.
Ao perito incumbe a direção do trabalho pericial;
ü o perito elabora e apresenta seu laudo, no prazo fixado pelo
juízo, cabendo aos assistentes técnicos oferecerem seus
pareceres críticos ao laudo do perito até dez dias após a sua
apresentação.

Síntese
Nesta aula você aprendeu o que aborda o conceito de Perícia e reconheceu
a evolução histórica desta.

Na próxima aula estudaremos a comparação entre perícia judicial e


perícia contábil.

Não falte, pois o assunto é muito importante...

Aula 01 - Definição e Conceito de Perícia


Perícia Contábil

12
Anotações do Aluno

Referências
ALBERTO, Valder Luiz Palombo – Perícia Contábil. São Paulo, Atlas, 1996.

D’ÁUREA, Francisco – Revisão e Perícia Contábil – Parte Teórica, São


Paulo, Companhia Editora Nacional, 3ª edição,1962.

LOPES DE SÁ, Antonio – Perícia Contábil, São Paulo, Atlas, 1994.

MAGALHÃES, A. D. F. et alii – Perícia Contábil: Uma Abordagem Teórica,


Ética, Legal Processual e Operacional, São Paulo, Atlas, 1995.

MONTEIRO, Samuel. Crimes Fiscais e Abuso de Autoridade. 2ª ed., São


Paulo, Editora Humes, 1994.

ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de – Perícia Contábil, São Paulo,


Atlas, 1994.

PRUNES, José Luiz Ferreira. A Prova Pericial no Processo Trabalhista. 2ª


ed., São Paulo, LTR, 1995.

RODRIGUES FILHO, Antonio Peres. A Evolução do Ensino Comercial


no Brasil e a Formação do Contador na USP. São Paulo, USP, 1980, p.
12. Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Economia, Aula 01 - Definição e Conceito de Perícia
Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo

RODRIGUES, Alberto Almada. O Controle, a Perícia, a Investigação,


a Vistoria, a Regulação, a Arbitragem, a Prospecção, os Custos e os
Orçamentos no Campo Profissional do Contador. In Revista Brasileira de
Contabilidade, nº 53, 1985.
Perícia Contábil

SANTOS, Gildo dos. A Prova do Processo Civil. São Paulo, Saraiva, 1975.

SANTOS, Moacyr Amaral. Prova Judiciária no Civil e Comercial. 2ª ed.,


São Paulo, Max Limonad, 1955.

13
Anotações do Aluno

Notas
1
MACHADO, José Pedro. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. s.l.,
Confluência, vol. II, p.1722.
2
D’ÁUREA, Francisco. Revisão e Perícia Contábil – Parte Teórica. 3ª ed., São
Paulo, Companhia Editora Nacional,1962, p. 151.
3
ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de. Perícia Contábil. São Paulo, Atlas,
1994, p. 29.
4
LOPES DE SÁ, Antonio. Perícia Contábil. São Paulo, Atlas, 1994, p.15.
5
MAGALHÃES, A. D. F. et alii. Perícia Contábil: uma Abordagem Teórica,
Ética, Legal Processual e Operacional. São Paulo, Atlas, 1995, p. 14.
6
ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia Contábil. São Paulo, Atlas, 1996,
p.19.
7
RODRIGUES, Alberto Almada. O Controle, a Perícia, a Investigação,
a Vistoria, a Regulação, a Arbitragem, a Prospecção, os Custos e os
Orçamentos no Campo Profissional do Contador. In Revista Brasileira de
Contabilidade, nº 53, 1985.
8
PRUNES, José Luiz Ferreira. A Prova Pericial no Processo Trabalhista. 2ª
ed., São Paulo, LTR, 1995, pp.15-6
9
A lei 6404/76 estabelece, em seu artigo 8º: “A avaliação dos bens será feita
por três peritos ou por empresa especializada, nomeados em assembléia
geral dos subscritores [...]”.
10
SANTOS, Moacyr Amaral. Prova Judiciária no Civil e Comercial. 2ª ed., São
Paulo, Max Limonad, 1955, vol.V, p. 8. Aula 01 - Definição e Conceito de Perícia
11
Id.,ib., p.11.
12
Id.,ib., p.11.
13
Ordenações não eram códigos no sentido atual, mas compilações de
leis, atos e costumes.
14
“[...] vocábulo jurídico usado para expressar o procedimento que se
promove no sentido de apreciar-se o valor de determinados fatos ou
Perícia Contábil

coisas de que não se tem elementos certos de avaliação.” (ALONSO, José


Rojo & RODRIGUES, Alberto Almada. A Arbitragem no Brasil. XIV Congresso
Brasileiro de Contabilidade. 1992.)
15
O Código Civil em vigor mostra diversas alterações sobre seu original.
16
Id., ib., p.18.

14
Anotações do Aluno

17
RODRIGUES FILHO, Antonio Peres. A Evolução do Ensino Comercial
no Brasil e a Formação do Contador na USP. São Paulo, USP, 1980, p.
12. Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.
18
SANTOS, Gildo dos. A Prova do Processo Civil. São Paulo, Saraiva, 1975.
19
O Código de Processo Civil, também apresenta hoje diversas alterações
sobre seu original.
20
Id., Samuel. Da Prova Pericial. 1ª ed., São Paulo, Edições Aduaneiras, 1985,
p. 45.
21
Palavras do Dr. Samuel Monteiro impressas na contracapa do seu livro
Crimes Fiscais e Abuso de Autoridade, Ed.Hemus, 1994.
22
O uso da nomenclatura de assistente técnico ou de perito-contador das
partes é discutido no capítulo 4 desta dissertação.

Aula 01 - Definição e Conceito de Perícia


Perícia Contábil

15
Anotações do Aluno

Aula Nº 2 – Perícia Judicial X


Perícia Contábil
Objetivos da aula:
O objetivo desta aula é a conscientização na inter-relação existente entre a
Perícia Judicial e a Perícia Contábil.

Tenha uma ótima aula!

1. PERÍCIA JUDICIAL X PERÍCIA CONTÁBIL


A perícia judicial é desencadeada quando solicitada em meio ao
processo judicial1 , sua realização se faz necessária em função dos fatos
controvertidos apresentados e pressupõe a existência de questões e/ou
aspectos técnicos que o juiz não pode elucidar. Afirmam Oliveira Neto et
al que “[...] é um dos meios utilizados em juízo para se provar a existência
de fatos alegados ou contestados pelas partes, devendo sempre ser
desenvolvida por especialista da área relativa à questão discutida nos

Aula 02 - Perícia Judicial X Perícia Contábil


autos [...]”2.

É definida por Prata como “forma de prova consistente em pedir a um


simples particular que esclareça o tribunal sobre certos aspectos de
facto do processo que careçam da opinião de um especialista. Essa
prova é de livre apreciação pelo tribunal”3 .
Esse tipo de perícia apresenta regulamentação nos dispositivos específicos
do Código de Processo Civil de 1973 (CPC, lei nº 5869/73), parcialmente
Perícia Contábil

alterados pela lei nº 8455, de 24 de agosto de 1992. As disposições do


CPC relativas especificamente à perícia se encontram em dois capítulos
do Livro 1: Capítulo V do Título IV – Dos Auxiliares da Justiça - artigo 139 e
artigo 145 ao 147, e Capítulo VI do Título VIII – Das Provas - Seção VII – Da
Prova Pericial - do artigo 420 ao 439.

16
Anotações do Aluno

A perícia judicial, segundo Brandimiller4 , se expressa pelas seguintes


características:
ü é realizada sob direção e autoridade do juiz, que pode deferir ou
indeferir, se requisitada pelas partes, ou determinar por sua própria
iniciativa;
ü permite a participação e a presença das partes na produção da
perícia;
ü visa ao convencimento do juiz.

Também Alberto apresenta características da perícia judicial, agora já


subdividida, em gerais e específicas:

• Características gerais:
a. surge de um conflito latente e manifesto que se quer
esclarecer;
b. constata, prova ou demonstra a veracidade de alguma situação,
coisa ou fato;
c.
fundamenta-se em requisitos técnicos, científicos, legais,
psicológicos, sociais e profissionais;
d. deve materializar, segundo forma especial, à instância decisória,
a transmissão da opinião técnica ou científica sobre a verdade
fática, de modo que a verdade jurídica corresponda àquela5.
• Características especiais:

Aula 02 - Perícia Judicial X Perícia Contábil


a. a delimitação da matéria sobre a qual recai – já que são
somente aquelas matérias cuja apreciação dependa de
conhecimento especial do técnico;
b. a iniciativa técnica, ou seja, a absoluta independência técnica
nos processos, métodos e análises que leva a efeito;
c. a limitação de pronunciamento, ou seja, a consonância da
matéria examinada e da finalidade do exame com a forma
Perícia Contábil

própria e normalizada da espécie de laudo que registrará a


conclusão;
d. integral conhecimento técnico ou científico da matéria,
complementado, necessariamente, com conhecimentos conexos
à sua especialização e das disposições legais e normativas
aplicáveis ao caso concreto e à própria perícia6.

17
Anotações do Aluno

Com base nas considerações apresentadas, pode-se concluir que a perícia


judicial tem o objetivo de colocar conhecimentos e técnicas específicos à
disposição do magistrado7. Da mesma forma, tomando-se o conhecimento
contábil como uma especialização, decorre que a perícia contábil é um
instrumento técnico especializado com o objetivo de apurar elementos
necessários a serem informados ao usuário, de forma a permitir uma
tomada de decisão.

A perícia contábil contempla a realização de um trabalho especializado na


área contábil, ou seja, requer um especialista que atue como profissional
no campo da contabilidade. É oportuno registrar que o campo de
atuação do contador comporta especializações que vêm, nos últimos
tempos, inibindo um conhecimento universal de todas as facetas
possíveis. Assim, hoje é possível encontrar contadores especializados em
custos, em questões trabalhistas, em questões tributárias, em assuntos de
contabilidade societária e, alternativamente, em contabilidade gerencial ou
decisorial, não sendo também raro encontrar-se especialistas subdivididos
em ramos de atividade (tais como bancos, indústria siderúrgica, indústria
de construção, comércio atacadista, comércio varejista, contabilidade
de organizações sem fins lucrativos, como as de benemerência ou
as governamentais, e assim por diante). Desse modo, vê-se que a
especialização que acaba sendo necessária buscar no perito-contador é

Aula 02 - Perícia Judicial X Perícia Contábil


aquela que se encontra na área particular da lide.

Tais especializações não são exclusivas ao campo do conhecimento


contábil, são também encontradas entre outros profissionais liberais,
como advogados e médicos, que há muito se especializaram, aqueles em
direito do trabalho, tributário, criminal, societário, cível etc. e estes em
pediatria, geriatria, cardiologia, otorrinolaringologia, cirurgia plástica etc.
Nem um pouco diferente é a ocorrência de incompatibilidade quando
Perícia Contábil

contadores de uma especialidade aventuram-se por matérias em que não


se aprofundaram, tamanhas as especificidades de cada área.

18
Anotações do Aluno

Síntese
Nesta aula você aprendeu a existência da inter-relação entre Perícia
Judicial e Perícia Contábil. E esclareceu qual o papel que a Perícia Contábil
possui no âmbito judicial.
Na próxima aula estudaremos a comparação entre Auditoria e Perícia
Contábil.

Não falte, pois o assunto é muito importante.

Referências
ALBERTO, Valder Luiz Palombo – Perícia Contábil. São Paulo, Atlas, 1996.

BRANDIMILLER, Primo A. Perícia Judicial: em Acidentes e Doenças do


Trabalho. São Paulo, Editora SENAC, 1996.

OLIVEIRA NETO, Carlos Elmano & MERCANDALE, Iolanda. Roteiro Prático


de Perícia Contábil Judicial: Legislação, Modelos e Índices Oficiais. São
Paulo, Editora Oliveira Mendes, 1998.

Aula 02 - Perícia Judicial X Perícia Contábil


PRATA, Ana. Dicionário Jurídico. 3ª ed., São Paulo, Livraria dos Advogados,
1995.

Notas
1
“O processo judicial é o meio pelo qual a Justiça se informa, analisa e decide
um conflito de interesses em que a pretensão de uma parte é resistida pela
outra (lide). O processo judicial é desencadeado pela ação proposta pela
Perícia Contábil

parte que pleiteia um determinado direito (autor da ação), negado pela parte
adversária (réu).” (BRANDIMILLER, Primo A. Perícia Judicial em Acidentes e
Doenças do Trabalho. São Paulo, Editora SENAC, 1996, p. 28.)
2
OLIVEIRA NETO, Carlos Elmano et al., op. cit., p. 1.
3
PRATA, Ana. Dicionário Jurídico. 3ª ed., São Paulo, Livraria dos Advogados,

19
Anotações do Aluno

1995, p. 732.
4
BRANDIMILLER, Primo A. Perícia Judicial: em Acidentes e Doenças do
Trabalho. São Paulo, Editora SENAC, 1996, pp. 37-9.
5
ALBERTO, Valder Luiz Palombo, op. cit., p. 35.
6
Id., ib., p. 36.
7
“Magistrado, em sentido restrito, pessoa que exerce funções jurisdicionais
– juiz.” (PRATA, Ana. Dicionário Jurídico. 3ª ed., São Paulo, Editora Livraria
Almedina, 1995, p. 586.)

Aula 02 - Perícia Judicial X Perícia Contábil


Perícia Contábil

20
Anotações do Aluno

Aula Nº 3 – Auditoria X Perícia


Contábil
Objetivos da aula:
O objetivo principal desta aula é esclarecer o âmbito de atuação das áreas
de Perícia e Auditoria, observando os seus fatores de maioria divergente e
os poucos convergentes existentes no campo da atuação.

Tenha uma ótima aula!

1. Considerações acerca de Auditoria e Perícia


A realização bem-sucedida da prestação de um serviço requer a
observação de procedimentos lógicos e coerentes na sua execução,
com o estabelecimento de parâmetros básicos e rotinas bem definidas.
A elaboração da estratégia dos serviços a serem executados deverá
observar as questões básicas: o quê? (objetivos), quem? (usuário) e como?
(planejamento e procedimento).

Em sentido amplo, todos os profissionais, quando inseridos e atuantes em Aula 03 - Auditoria X Perícia Contábil
suas áreas, têm um só objetivo: fornecer um serviço eficiente e eficaz de
maneira a atender aos seus usuários com qualidade e precisão. Entretanto,
é quando se estabelece o objetivo das áreas de perícia e auditoria que
essas apresentam sua primeira e grande diferença.

Segundo Attie, “a auditoria é uma especialização contábil voltada a


Perícia Contábil

testar a eficiência e a eficácia do controle patrimonial implantado


com o objetivo de expressar uma opinião sobre determinado
dado”1. O dado a que se refere o autor é prioritariamente o conjunto das
demonstrações financeiras na forma especificada pela lei nº 6404/762. A
opinião do auditor será exarada em um instrumento denominado parecer,

21
Anotações do Aluno

que obedece às normas de auditoria. “A emissão do parecer reflete o


entendimento do auditor acerca dos dados em exame de forma padrão
e resumida.”3

Para Carvalho, “expressar opinião sobre as demonstrações contábeis


tomadas em seu conjunto requer a compreensão de que, por princípio, o
auditor não pretende fazer afirmativas categóricas de exatidão matemática
nem sobre cada um dos valores individualmente considerados”4 . Ainda, o
autor menciona que: “conquanto apoiada em evidências ou indicativas ou
irrespondíveis, é uma opinião dele, auditor”5.

Assim, com base nas considerações apresentadas, é característica da


auditoria o aspecto opinativo em contraposição ao atestatório, ou seja,
norteiam a auditoria aspectos subjetivos de aplicação do juízo de valor
baseada em indício. Depreende-se, então, que o parecer é a formalização
escrita da opinião do profissional atuante na área de auditoria sobre a
adequação das Demonstrações Financeiras por ele examinadas, segundo
procedimentos constantes nas normas de auditoria, que terão a extensão
julgada necessária a proporcionar ao auditor razoável segurança sobre a
adequação das Demonstrações Financeiras.

Diferentemente, o objetivo da perícia está circunscrito ao fato, característico


e peculiar, que ocorre dentro de qualquer ciência, com a finalidade de
estudar seus contornos, origem e reflexos, comunicando-os por meio de
laudo. A perícia requer que seja feito um relato dos fatos encontrados e,
Aula 03 - Auditoria X Perícia Contábil
considerando os conhecimentos do perito, que se apurem e se evidenciem
as conseqüências dos referidos fatos, que poderiam estar omissos
anteriormente. Assim, são característicos da perícia o aspecto descritivo,
atestatório e objetivo.
Perícia Contábil

O desempenho dos profissionais atuantes deve considerar quais os usuários


potenciais de seus serviços. Para Albrecht e Branford6, serviços envolvem
duas partes distintas, “quem oferece e executa e quem contrata e recebe”,
e serão tão mais satisfatórios quanto melhor forem apreciados pelo
“cliente”. Para esses autores, os serviços não apresentam um produto físico
“palpável” que permita ao “cliente” reclamar e solicitar reposição, eles têm

22
Anotações do Aluno

a característica da imaterialidade e requerem do “cliente” insatisfeito, nova


solicitação de serviços exigindo do prestador maior dispêndio de tempo
para uma nova execução, demandando também maior gasto financeiro. O
contexto dos serviços, segundo os autores, “é o impacto coletivo de todos
os elementos sociais, físicos e psicológicos que ocorrem no momento da
efetivação do acordo”.

Sob esse aspecto, o usuário é um importante delineador da estratégia


adotada pelo prestador de serviço. A profundidade ou a superficialidade
tratada na execução dos trabalhos terá como parâmetro a missão
estabelecida quando do acordo (contrato) firmado entre “cliente” e
fornecedor.

Considerando essa premissa e a especificidade dos serviços de perícia e


auditoria, podemos apresentar a seguinte tabela comparativa:

Tipo Usuários Objetivo

Realizar o trabalho tendo como


Juízes (poder judiciário), parâmetro os fatos que já se
1. Judicial
litigantes e árbitros encontram em discussão no
âmbito do processo.
Perícia Necessidade de opinião técnica
contábil especializada sobre um fato
controverso. Esse tipo de perícia
2. Extrajudicial Pessoa física ou jurídica Aula 03 - Auditoria X Perícia Contábil
se processa mediante exames
que podem ser genéricos ou
específicos.
Perícia Contábil

23
Anotações do Aluno

Verificar o cumprimento das


políticas administrativas e
financeiras e das diretrizes
1. Interna Acionistas, gestores etc. operacionais ditadas pela
administração, com o intuito de
Auditoria
salvaguardar os ativos e atingir as
metas da empresa.
Expressar opinião conclusiva
Acionistas, credores
sobre a adequação das
2. Independente e administradores,
demonstrações financeiras em
primariamente
relação aos princípios contábeis.

Definidos os objetivos e identificados os usuários e suas necessidades


dentro da expectativa gerada em cada área, o próximo passo é a
organização dos meios e recursos para atingi-los, ou seja, a elaboração
do planejamento e a determinação dos procedimentos. Cabe ressaltar
que, para este estudo será utilizada a estrutura delineada pelas NIAs, suas
definições e finalidades, ao mesmo tempo em que se procura interpretá-
las sob o enfoque da perícia.

A elaboração do planejamento tem por finalidade conhecer as diversas


alternativas que possam levar à concretização dos objetivos. Para tanto, as
NIAs estabelecem ser necessário considerar:
Aula 03 - Auditoria X Perícia Contábil
a) o conhecimento do negócio;
b) a compreensão do sistema contábil e do controle interno;
c) risco e importância relativa;
d) natureza, tempo e alcance dos procedimentos;
e) coordenação, direção, supervisão e revisão.
Perícia Contábil

De forma concisa, os itens acima podem ser explanados:

a) O conhecimento do negócio abrange: conhecer os fatores


externos (políticos e econômicos) que afetam a atuação da empresa
no mercado em que a entidade atua; as características importantes

24
Anotações do Aluno

da empresa, suas relações mercantis, seu desempenho financeiro


e sua necessidade de informações; conhecer, mesmo que
superficialmente, o grau de competência da administração. Essas
informações auxiliam o auditor a avaliar os riscos7 e identificar
problemas, avaliar evidências8 de auditoria e proporcionar melhor
serviço ao cliente.
O conhecimento dessas informações, tomado sob a mesma
perspectiva da auditoria e sob o enfoque da perícia, permitiria
observar a abrangência do trabalho a ser executado.
Note-se que nesse item o auditor procura estudar e entender
profundamente as características intrínsecas de cada negócio dos
clientes para os quais presta serviço. Ao perito caberia conhecer
profundamente cada trabalho que viesse a realizar.
b) A compreensão do sistema contábil e do controle interno
compreende: as políticas contábeis adotadas pela empresa e as
mudanças dessas políticas; o efeito de novos pronunciamentos
contábeis e de auditoria na empresa como um todo e o uso de sua
opinião para avaliar o risco e desenhar os procedimentos.
Ao obter essas informações, o auditor poderá desenvolver o
escopo da auditoria, determinar o risco de aceitar as afirmações
das Demonstrações Financeiras, a oportunidade e o alcance dos
procedimentos.
Para a perícia, essas informações teriam a finalidade de avaliar a
capacidade de geração de produção de informações pelas partes
envolvidas no litígio.
Aula 03 - Auditoria X Perícia Contábil
c) Risco e importância relativa incluem: as avaliações esperadas
dos riscos inerentes e de controle e a identificação de áreas de
auditoria importantes; o estabelecimento de níveis de importância
relativa9 para os propósitos da auditoria; a possibilidade de
representações errôneas, incluindo os períodos passados, ou de
Perícia Contábil

fraude e a identificação de áreas de contabilidade complexas,


incluindo as que implicam estimativas.
Tais conhecimentos permitem avaliar os riscos de auditoria e
determinar as áreas importantes.
O risco da perícia é a possibilidade de o perito avaliar como verídica
uma falácia, ou aceitar a tarefa como viável estando impedido de

25
Anotações do Aluno

realizá-la em função da precariedade da fonte. A análise do risco


evidenciará ao perito a visão da profundidade a ser aplicada em
seu trabalho, bem como da possibilidade de realizá-lo.
d) Natureza, tempo e alcance dos procedimentos consideram:
possível mudança de ênfase sobre as áreas específicas da auditoria;
o efeito da tecnologia de informação sobre a auditoria e o trabalho
de auditoria interna e seu efeito esperado nos procedimentos de
auditoria externa.
Essas informações permitem ao auditor antever a extensão de seus
trabalhos.
Para a perícia, essas informações proporcionam avaliar o tempo e
os recursos a serem empreendidos.
e) Coordenação, direção, supervisão e revisão abrangem: o
envolvimento de outros auditores nos serviços sobre auditorias de
possíveis filiais ou divisões da empresa contratante; o envolvimento
de especialistas; o número de estabelecimentos da contratante e a
necessidade de pessoal.
Tem como finalidade permitir ao auditor visualizar o alcance e a
delimitação dos procedimentos a serem adotados.
Para a perícia, o tema abrange: o envolvimento dos assistentes
técnicos, a necessidade de pessoal e de outros profissionais
especialistas, permitindo considerar como proceder durante a
execução de suas tarefas.

Procedimentos são conjuntos de técnicas que permitem a apuração dos


Aula 03 - Auditoria X Perícia Contábil
elementos necessários para fundamentar o trabalho a ser executado.
As NIAs abordam que os procedimentos adotados na auditoria devem
considerar os requisitos desta, os organismos profissionais importantes, a
legislação, o regulamento e, onde seja apropriado, os termos do contrato
de auditoria, subdividindo-os em:
Perícia Contábil

a) Procedimentos analíticos: consistem nas análises de relações


e tendências significativas, incluindo a investigação resultante
das flutuações e relações que são inconsistentes com outras
informações relevantes.
b) Procedimentos de controle: são aqueles procedimentos e

26
Anotações do Aluno

políticas, além do ambiente de controle, que a administração


estabeleceu para alcançar os objetivos específicos da entidade.
c) Procedimentos substantivos: são testes realizados para obter
evidências de auditoria para detectar representações errôneas
substanciais nas demonstrações financeiras e configuram-se em
dois tipos: (1) teste de detalhes de transações e lançamentos e (2)
procedimentos analíticos.

No tocante aos procedimentos adotados na perícia, deve-se, como


preâmbulo, observar que a perícia pode ser subdividida em duas partes
distintas:

a) narração dos fatos que poderão ou deverão, conforme o caso, ser


constatados pelo perito, por determinação e tendo em vista a sua
função;
b) a análise do perito, que, tendo em vista seu conhecimento
técnico ou científico, será construída sobre fatos por ele mesmo
constatados ou não, conforme a hipótese.

Os procedimentos utilizados pela perícia no seu desempenho integral


estão garantidos no artigo 429 do CPC, que estabelece o perito poder e
dever utilizar-se de todos os meios técnicos necessários e disponíveis à
solução técnica de seu trabalho, e, também, encontram-se delineados nas
NBC T 13.
Aula 03 - Auditoria X Perícia Contábil
O fato é que, em se tratando de perícia, a diversificação dificulta um plano-
padrão de ação. Entretanto, há que se observar que mesmo sendo coibida
a concepção de procedimentos-padrões, um planejamento habilmente
elaborado propicia condições e facilita as ações a serem tomadas.
Perícia Contábil

Guardadas as devidas proporções, considerando o exposto e o


desenvolvimento acadêmico alcançado pela auditoria, há de se pensar
que para a perícia conseguir seu merecido avanço normativo, deve-se
utilizar, neste primeiro momento, da estrutura desenvolvida pela auditoria,
a exemplo desta própria, que, em 1972, teve suas normas compiladas com
base na experiência de outros países.

27
Anotações do Aluno

Síntese
Você aprendeu os aspectos intrínsecos característicos das áreas de
Auditoria e Perícia.

Na próxima aula você irá aprender sobre os Tipos de Perícia.

Não Perca!

Referências
ATTIE, William. Auditoria: Conceitos e Aplicações. 3ª ed., São Paulo, Atlas,
1998.

CARVALHO, Luiz Nelson Guedes de. O Parecer dos Auditores Independentes


sobre Demonstrações Contábeis no Brasil: Estudo das Limitações ao seu
Poder de Comunicação. São Paulo, USP, 1989, Dissertação de mestrado
apresentada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da
Universidade de São Paulo.

LBERTCHT, Karl & BRANFORD, Lawrence J. Serviços com Qualidade: a


Vantagem Competitiva. Sara Gredanke (trad.), São Paulo, Makron Books,
1992
Aula 03 - Auditoria X Perícia Contábil

Notas
1
ATTIE, William. Auditoria: Conceitos e Aplicações. 3ª ed., São Paulo, Atlas,
1998, p.25.
2
A lei 6404/76 determina como demonstrações financeiras básicas as que
seguem:
Perícia Contábil

a) Balanço Patrimonial;
b) Demonstração do Resultado do Exercício;
c) Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados, ou,
opcionalmente, Demonstração das Mutações Patrimoniais;
d) Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos.

28
Anotações do Aluno

4
ATTIE, William, op. cit., p. 67.
5
CARVALHO, Luiz Nelson Guedes de. O Parecer dos Auditores Independentes
sobre Demonstrações Contábeis no Brasil: Estudo das Limitações ao seu
Poder de Comunicação. São Paulo, USP, 1989, p. 36. Dissertação de mestrado
apresentada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da
Universidade de São Paulo.
5
Id., ib., p. 40.
6
ALBERTCHT, Karl & BRANFORD, Lawrence J. Serviços com Qualidade: a
Vantagem Competitiva. Sara Gredanke (trad.), São Paulo, Makron Books,
1992, pp. 33-5.

Aula 03 - Auditoria X Perícia Contábil


Perícia Contábil

29
Anotações do Aluno

Aula Nº 4 – Tipos e Modelos de


Perícia
Objetivos da aula:
O objetivo principal desta aula é apresentar as ramificações encontradas na
área de atuação de Perícia.

Tenha uma ótima aula!

1. Tipos e Modelos de Perícia


A caracterização e os aspectos que norteiam a perícia encontram-se sob
a ótica eminentemente jurídica (pouco se tem pesquisado em relação a
esse serviço fora do âmbito judicial). Assim, uma contribuição que não
pode deixar de ser considerada é a oferecida por Moacyr Amaral Santos1,
que, em seus estudos acerca de perícia, aborda-a sobre os seguintes
aspectos:

a) Quanto ao processo:
Dizem-se “do processo” aquelas perícias sobre as quais a Lei dispõe a sua Aula 04 - Tipos e Modelos de Perícia
admissibilidade e seu procedimento e são feitas no processo, de ofício ou
a requerimento, ou fora do processo, por vontade de uma ou de ambas as
partes. Podem ser:
• judicial: quando ocorre no decurso da ação judicial, em instância;
• extrajudicial: conhecida como “perícia amigável”. Realiza-se fora
da instância, de comum acordo entre as partes, para que sejam
Perícia Contábil

esclarecidas dúvidas surgidas ou que possam surgir em relação a


fatos que no momento lhes interessem.

30
Anotações do Aluno

b) Quanto à admissibilidade da perícia:


Ressalte-se que ao juiz, dada a influência que exerce na admissibilidade
da perícia, é conferido o poder de apreciação desse tipo de prova. Essa
admissibilidade costuma distinguir-se em:
• facultativa: quando o juiz pode negar-lhe admissão ao julgá-
la inútil ou supérflua. Segundo seja determinada, a perícia pode
ser “de ofício” ou “requerida”. É “de ofício” quando o juiz, em face
dos poderes a ele atribuídos, determina a realização da perícia. É
“requerida” quando as partes, a quem cumpre dar a prova de suas
alegações, requerem seja determinada pelo juiz a realização da
perícia;
• necessária ou obrigatória: quando sua admissão é imposta
pela legislação, como nos casos de perícias de insalubridade e
periculosidade que ocorrem, costumeiramente, na Justiça do
Trabalho.

c) Quanto à conveniência:
Conforme tenha lugar no curso da instância, a perícia será:
• praesenti: quando proposta e ordenada no curso da demanda
como medida preparatória, com a finalidade de, por seu intermédio,
resolver a pertinência dos fatos;
• in futuru, também conhecida como aquela que se realiza
ad perpetuam rei memorian: refere-se às perícias realizadas
antecipadamente, quando observadas sua necessidade em função
de evitar a falta de prova na propositura da ação.
Aula 04 - Tipos e Modelos de Perícia

d) Quanto às espécies:
De acordo com o Código de Processo Civil, em seu artigo 4202, sob o
enfoque das modalidades de perícias em que o sujeito ativo é o perito,
encontramos:
Perícia Contábil

• exame pericial: é a inspeção feita pelo perito sobre coisas, pessoas


ou documentos para a verificação de qualquer fato ou circunstância
que proporcionem interesse para a solução do litígio;
• vistoria: é o “exame que procede de inspeção ocular para avaliar o
estado de uma coisa”3.

31
Anotações do Aluno

• avaliação ou arbitramento: é a apuração do valor, em dinheiro,


de coisas, direitos ou obrigações em litígio.

Em consonância, Alberto, sob a abordagem de que as características da


perícia são definidas do ponto de vista do ambiente de atuação, menciona
ser a perícia de quatro espécies: “perícia judicial, perícia semijudicial, perícia
extrajudicial e perícia arbitral”4.

• Perícia judicial é aquela realizada dentro dos procedimentos


processuais do Poder Judiciário, por determinação, requerimento
ou necessidade de seus agentes ativos, e se processa segundo
regras legais específicas.
• Perícia semijudicial é aquela realizada dentro do aparato
institucional do Estado, porém fora do Poder Judiciário, tendo
como finalidade principal ser meio de prova nos ordenamentos
institucionais usuais.
• Perícia extrajudicial é a efetuada fora do Estado, por necessidade e
escolha de entes físicos e jurídicos particulares no sentido estrito.
• Perícia arbitral é a elaborada no juízo arbitral – instância decisória
criada pela vontade das partes.

Das definições mencionadas, em sentido mais restrito, pode-se inferir


que a perícia, como instrumento, inserida e identificada segundo seus
ambientes de atuação, classifica-se em: as que ocorrem tendo como input
a ação judicial, portanto advindas do âmbito judiciário, e as que ocorrem
Aula 04 - Tipos e Modelos de Perícia
tendo como input a decisão do usuário em esclarecer um fato, que, embora
ocorrendo fora do âmbito judicial, tem possibilidade de por ele (âmbito
judicial) vir a ser utilizada.

Desse modo, sob o ponto de vista genérico, a perícia classifica-se em


Perícia Contábil

judicial e extrajudicial, segundo sua origem, ou seja, em conformidade


com a identificação de sua necessidade.

32
Anotações do Aluno

2. Perícia Judicial
A perícia judicial tem sua origem em ação posta em juízo, ou seja, origina-
se sob a esfera jurídica, podendo ser determinada diretamente pelo juiz
dirigente do processo ou a ele requerida pelas partes em litígio. Na perícia
judicial, os exames são, na maioria das vezes, específicos e recaem sobre
fatos que já se encontram em discussão no âmbito do processo.

Em qualquer dos casos, o juiz, ao determinar a perícia, nomeia o perito


do juízo e as partes indicam seus assistentes técnicos (opcionalmente). Às
vezes, uma das partes (ou ambas) deixa de indicar assistente, declarando
que se “louva” no perito do juízo.

Nos processos judiciais cíveis, além da rotina técnica de procedimentos,


existe uma rotina inerente ao andamento do processo: indicação do perito
judicial pelo juiz, indicação de assistentes técnicos pelas partes, formulação
de quesitos, por meio dos quais as partes e o próprio juiz manifestam as
dúvidas que desejam ver esclarecidas pela perícia, o compromisso dos
peritos e a definição de prazos.

Há perícias judiciais de diversas modalidades, de acordo com as


necessidades processuais. As principais, no entanto, são:

• nas Varas Cíveis: prestação de contas, avaliações patrimoniais, Aula 04 - Tipos e Modelos de Perícia
litígios entre sócios, indenizações, avaliações de fundos de
comércio, renovatórios de locações, perícias falimentares em geral
e outras.
• nas Varas Criminais: fraudes e vícios contábeis, adulterações
de lançamentos e registros, desfalques e alcances, apropriações
indébitas e outras.
Perícia Contábil

• nas Varas de Família e Sucessões: avaliação de pensões


alimentícias, avaliações patrimoniais, apuração de haveres,
prestação de contas de inventariantes e outras.
• na Justiça do Trabalho: indenizações de diversas modalidades,
litígios entre empregadores e empregados de diversas espécies.

33
Anotações do Aluno

3. Perícia Extrajudicial
A perícia extrajudicial independe de tramitação judicial. Sua necessidade
se define pela exigência de uma opinião técnica especializada sobre um
fato controverso. Esse tipo de perícia se processa mediante exames que
podem ser genéricos ou específicos.
Os primeiros exames, os genéricos, envolvem todos os setores de uma
entidade econômica, para certificar a realidade de suas contas, ou mesmo
da eficiência da administração do patrimônio dessa entidade (ou pessoa).
Nesses casos, a perícia procede a uma verdadeira medição da dinâmica
patrimonial e dos seus resultados no período de uma administração, ou
seja, busca-se, além de regularidade e consistências das contas e dos
relatórios, analisar e tomar conhecimento da forma como todo o potencial
que o patrimônio dispunha naquele período fora utilizado.
Nos exames específicos, a finalidade precípua é a análise de fenômenos
isolados ocorridos durante a evolução dinâmica desse patrimônio, cujos
resultados teriam servido para sanear as lesões ou mesmo para a tomada
de decisões que, dependendo de seus resultados, poderiam, mesmo, ter
mudado o perfil desses resultados.
A perícia extrajudicial é livremente contratada entre as partes envolvidas
e os peritos. Cabe ressaltar que o termo perito, comumente usado pelos
profissionais dessa área, não é o mais adequado. Esse termo é utilizado no
âmbito judicial para designar os tipos de profissionais de outras áreas que
executam serviços especializados em colaboração com a perícia judicial. Aula 04 - Tipos e Modelos de Perícia
As modalidades mais comuns de perícia extrajudicial são:
• perícia fiscal, procedida pelos agentes da fiscalização federal,
estadual ou municipal;
• perícia para equivalência patrimonial entre empresas;
• perícia para avaliação patrimonial de bens e direitos;
• perícia para avaliação de fundo de comércio;
Perícia Contábil

• perícia para avaliação de bens e direitos para integralização do


capital social das sociedades anônimas;
• perícia para cisão, fusão, incorporação ou transformação de
empresas;
• perícia para arbitramentos de valores indenizatórios;

34
Anotações do Aluno

• perícia para litígio entre sócios de empresas;


• perícia para avaliação de resultados econômicos das empresas;
• perícia para avaliação de locações ou indenizações em caso de
ações renovatórias de contratos de locação.

Síntese
Nesta aula você aprendeu os tipos de perícia e as modalidades nelas
inseridas.

Na próxima aula você conhecerá como a perícia se insere como prova no


âmbito judicial.

Não falte!

Referências
ALBERTO, Valder Luiz Palombo – Perícia Contábil. São Paulo, Atlas, 1996.

SANTOS, Moacyr Amaral. Prova Judiciária no Civil e Comercial. 2ª ed.,


São Paulo, Max Limonad, 1955.

Notas Aula 04 - Tipos e Modelos de Perícia


1
SANTOS, Moacyr Amaral, op. cit., pp.123-37. Esse autor foi atuante no âmbito
judicial e acadêmico, pesquisou profundamente e escreveu uma das obras
de maior valor para o estudo da prova judiciária. É fonte recorrente nos mais
diversos livros que abordem provas no âmbito judicial.
2
“Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.”
3
Nesse tópico foi considerado o conceito de vistoria abordado por Silvio
Perícia Contábil

Rodrigues em seu livro Direito Civil, vol.1, 20ª ed., São Paulo, Saraiva, 1989,
p. 300, em detrimento do conceito utilizado por Moacyr Amaral, em razão
de aquele propiciar melhor entendimento.
4
ALBERTO, Valder Luiz Palombo, op. cit., pp. 53-4.

35
Anotações do Aluno

Aula Nº 5 – Perícia como Prova


Objetivos da aula:
O objetivo principal desta aula consiste em uma incursão no campo do
Direito para que possamos identificar a perícia como meio de prova.

Tenha uma ótima aula!

1. Perícia como Prova Judicial


Prova – do latim proba, de probare (demonstrar, reconhecer, formar juízo
de) – é termo entendido, “no sentido jurídico, como demonstração que se
faz, pelos meios legais, da existência ou veracidade de um fato material
ou de um ato jurídico, em virtude da qual se pode concluir por sua
existência ou se firma a certeza a respeito da existência do fato ou do ato
demonstrado”1.

Para Greco Filho2, prova é todo elemento que pode levar o


conhecimento de um fato a alguém e, no processo, é meio destinado
a convencer o juiz a respeito da verdade de uma situação de fato.
Ainda segundo o autor, a finalidade da prova é o convencimento do
juiz e, quando no processo, promover na mente do juiz a transcrição
definitiva da certeza relativa em convicção.
Aula 05 - Perícia como Prova

Mendonça3, em referência a alguns autores, afirma ser a prova meio pelo


qual o espírito humano se apodera da verdade; sua eficácia será tanto
maior quanto mais clara, mais plena e mais seguramente ela incutir no
Perícia Contábil

espírito a crença de estarmos na posse da verdade.

Para Santos, “a verdade sobre o fato precisa aparecer para que um


direito possa realizar-se ou tornar-se efetivo. Mas, a verdade em
sua máxima expressão é determinada pela prova, sem o que estaria
burlada a segurança oferecida pela sociedade aos indivíduos seus

36
Anotações do Aluno

componentes”4 . Em sua opinião, “prova é a soma dos fatos produtores


da convicção, apurados no processo. Meios de prova são os processos de
captar nas fontes probatórias os elementos formadores da prova, isto é,
produtores da convicção da existência ou inexistência do fato”5.

Resumindo as considerações acima, a prova consiste na demonstração da


existência ou não, da veracidade ou não do que estiver sendo argumentado
como base, sobre a qual se pretende aplicar o direito que se defende ou que
se contesta. No sentido processual, designa também os meios indicados
em lei para realização dessa demonstração para conclusão ou produção
da certeza, que pode ser absoluta ou relativa. Claro está, também, que o
objeto da prova é o elenco de fatos referidos no processo e considerados
hábeis para serem submetidos à atividade probatória.

A prova pode originar-se da afirmação ou da negação de fatos contestados,


cuja demonstração propiciará a certeza de uma ou outra. Desse modo,
constitui, em matéria processual, a própria alma do processo ou a luz que
vem esclarecer a dúvida a respeito dos direitos disputados.

Segundo Greco Filho6, a prova classifica-se por vários critérios:


a) Quanto ao objeto, pode ser:
• direta: destinada a demonstrar o próprio fato principal da
demanda; geralmente preparada pelos próprios interessados;
• indireta: destinada à demonstração de fatos secundários ou
circunstanciais, dos quais se pode extrair a convicção da existência
do fato principal.
b) Quanto ao sujeito que emana, a prova pode ser:
Aula 05 - Perícia como Prova

• pessoal: consiste em depoimentos de testemunhas e das partes;


• real: consiste em objetos ou coisas.
c) Quanto à preparação, a prova pode ser:
Perícia Contábil

• casual ou simples: preparada ou produzida no curso da demanda


ou, por medida acauteladora, como preparatória dela.
• pré-constituída: previamente criada com a finalidade probatória
em futura demanda hipotética.

37
Anotações do Aluno

Feitas essas considerações e cumpridos os meios para apuração da prova,


é necessário que se proceda à sua apreciação e à sua valorização, presentes
na figura do juiz. É o juiz o detentor da decisão, a ele é conferido o poder de
aceitar e apreciar a prova. O juiz formará livremente o seu convencimento
considerando:

a) que só pode admitir prova que se inclua nos meios de prova


judicialmente permitidos;
b) exame e análise das provas, comparando-as, mostrando o valor, as
falhas e a imprestabilidade de cada uma e a indicação dos meios e
os motivos de sua convicção.

Na Legislação Brasileira, por influência das Ordenações Filipinas, as provas


admitidas estão computadas do artigo 342 ao 443 do Código de Processo
Civil (lei n° 5869, de 11 de janeiro de 1973) e contemplam:

• depoimento pessoal (do artigo 342 ao 347);


• confissão (do artigo 348 ao 354);
• exibição de documento ou coisa (do artigo 355 ao 363);
• documento (do artigo 364 ao 399);
• testemunha (do artigo 400 ao 419);
• perícia (do artigo 420 ao 439);
• inspeção judicial (do artigo 440 ao 443)

2. A Perícia Contábil como Prova Judicial


Aula 05 - Perícia como Prova

Sob a ótica do Código de Processo Civil, a perícia ocorre quando o juiz


admite o pedido das partes, que a ela recorrem para obter informações
técnicas adicionais ou melhor qualificadas sobre determinado assunto.
Dessa maneira, destaca-se a perícia como instrumento que se reveste da
Perícia Contábil

legalidade que lhe é outorgada pelo juiz. “A perícia não tem a mesma
conotação das outras provas, eis que até mesmo não pode ser
considerada como uma prova, mas como uma interpretação da prova
dada por um especialista.”7

38
Anotações do Aluno

Para Santos8 , ora a perícia terá por finalidade a percepção de fatos, isto
é, a sua verificação, sua “acertação”, ora a apreciação dos fatos. Ainda para
ele, na maior parte dos casos as duas atribuições se conjugam, realizando-
se a perícia não só para verificação dos fatos como também para sua
apreciação. Conclui, afirmando que “a perícia consiste no meio pelo
qual, no processo, pessoas entendidas e sob compromisso verificam
fatos interessantes à causa, transmitindo ao juiz o respectivo parecer
[sic]”.

A posição de Mattirrolo, quando define que “a perícia é o testemunho de


uma ou mais pessoas peritas para o conhecimento de um fato, cuja
existência não pode ser averiguada ou juridicamente apreciada sem
o concurso de especiais conhecimentos científicos ou técnicos”9 , é
criticada por Santos quando afirma que a definição de Mattirrolo “peca por
dar lugar a que se confunda o depoimento com o parecer, a testemunha
com o perito” 10

Sob esse mesmo aspecto, Malatesta aponta alguns pontos distintivos


existentes entre testemunho e perícia: Esta (espécie de testemunha)
tem por objeto a percepção das coisas não perceptíveis pelo comum
dos homens – “primeira e fundamental diferença entre a perícia e o
testemunho comum”. O perito é uma testemunha nomeada depois
do fato (post factum), ao passo que a testemunha comum é uma
testemunha casual do fato (in factum) e, por conseguinte, o perito é
uma testemunha substituível enquanto a testemunha comum não o
é11 .
Aula 05 - Perícia como Prova

Santos menciona, de maneira lógica e sensata, que acertado seria se apenas


se sustentasse que o perito não é fonte de prova. Realmente, o perito,
diversamente da testemunha, não é fonte de prova, como tal considerada
Perícia Contábil

a coisa material de onde se tira o conhecimento (a testemunha, a parte, a


coisa ou a pessoa objeto da vistoria ou do exame). Fonte de prova seria a
pessoa, coisa ou lugar objeto da perícia12.

Em consonância, Oliveira Neto et alii citam que a perícia é um dos


meios utilizados em juízo para se provar a existência de fatos alegados

39
Anotações do Aluno

ou contestados pelas partes, devendo sempre ser desenvolvida por


especialista da área relativa à questão discutida nos autos [...]. A perícia, em
suas diversas modalidades, tem papel relevante no âmbito da justiça, por
ser um dos meios de transformar os fatos alegados em certeza jurídica13 .
A essas considerações, Brandimiller harmoniosamente expõe que “o mais
importante para os que praticam a perícia judicial é imbuir-se de que a
função da prova pericial, para a qual contribuem o perito e os assistentes,
é apresentar para o juízo todos os elementos e considerações técnicas
relevantes para a apreciação dos fatos controversos e para o julgamento
da ação”14.
Indiscutivelmente, os fatos, cuja verificação dependa dos conhecimentos
especiais que o juiz não tem, são os objetos da perícia. “Não quaisquer
fatos, mas os influentes, relevantes, concludentes, além de controvertidos,
são passíveis de prova em juízo.”15 Assim, os fatos, objetos da perícia, serão
aqueles que não podem ser averiguados por meio do conhecimento
ordinário, ou seja, que o juiz não pode obter mediante outros meios de
prova, tais como confissão, testemunho e documentos.
Ao juiz, segundo Santos16 , é concedida pela lei processual, a faculdade de
resolver, com a mais ampla liberdade, quanto à admissão da prova pericial.
Mas essa liberdade deve ser entendida e utilizada dentro de certos limites.
Este autor conclui que a liberdade do juiz, no tocante à admissão, se
condiciona à utilidade da perícia.

O momento da proposição da perícia, segundo Santos, via de regra, é


aquele “antes da conclusão para o despacho saneador[17]. Poderá o autor
formular o pedido de perícia na própria inicial e o réu na contestação.
Um e outro, ou ambos conjuntamente, quando não o tenham feito num
Aula 05 - Perícia como Prova

desses atos, poderão requerê-la por petição até o momento da conclusão


dos autos para a prolação do despacho saneador”18 . Observa-se, porém,
que o momento em que se faz necessária a realização da perícia é
Perícia Contábil

aquele indicado pelo juiz, em conformidade com as circunstâncias e as


conveniências lógicas na seqüência em que ocorrem os atos judiciários.

A perícia será de natureza contábil, e nesse caso denominada de


perícia contábil, sempre que o assunto a ser esclarecido se referir à
matéria ligada às ciências contábeis.

40
Anotações do Aluno

Síntese
Você fez uma breve incursão no campo do Direito para reconhecer a
perícia como meio de prova.

Na próxima aula estudaremos os requisitos do perito.

Não perca!

Referências
BRANDIMILLER, Primo A. Perícia Judicial: em Acidentes e Doenças do
Trabalho. São Paulo, Editora SENAC, 1996.

GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. 11ª ed., São
Paulo, Saraiva, 1996, vol. II.

MENDONÇA, José. A Prova Civil. Rio de Janeiro, Livraria Jacintho, 1940.

OLIVEIRA NETO, Calos Elmano & MERCANDALE, Iolanda. Roteiro Prático


de Perícia Contábil Judicial: Legislação, Modelos e Índices Oficiais. São
Paulo, Editora Oliveira Mendes, 1998

PRADO, Luiz Regis. Falso Testemunho e Falsa Perícia. 2ª ed., São Paulo,
Editora Revista dos Tribunais, 1994,
Aula 05 - Perícia como Prova

PRUNES, José Luiz Ferreira. A Prova Pericial no Processo Trabalhista. 2ª


ed., São Paulo, LTR, 1995, p. 29.
Perícia Contábil

SANTOS, Moacyr Amaral. Prova Judiciária no Civil e Comercial. 2ª ed.,


São Paulo, Max Limonad, 1955.

SILVA, De Plácido e, Vocabulário Jurídico. 15ª ed., Rio de Janeiro, Editora


Forense, 1999.

41
Anotações do Aluno

Notas
1
SILVA, De Plácido e, Vocabulário Jurídico. 15ª ed., Rio de Janeiro, Editora
Forense, 1999, p. 656.
2
GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. 11ª ed., São Paulo,
Saraiva, 1996, vol.I, pp. 193-4
3
MENDONÇA, José. A Prova Civil. Rio de Janeiro, Livraria Jacintho, 1940, p.
44.
4
SANTOS, Moacyr Amaral. Prova Judiciária no Civil e Comercial. 2ª ed., São
Paulo, Max Limonad, 1952, vol. I, p.16.
5
Id., id., vol. II, p. 33.
6
GRECO FILHO, op. cit., pp.194-95.
7
PRUNES, José Luiz Ferreira. A Prova Pericial no Processo Trabalhista. 2ª ed.,
São Paulo, LTR, 1995, p. 29.
8
SANTOS, Moacyr Amaral, op. cit., pp. 28-36.
9
Apud SANTOS, Moacyr Amaral, op. cit., p. 35.
10
Id., ib., p. 35.
11
Apud PRADO, Luiz Regis. Falso Testemunho e Falsa Perícia. 2ª ed., São
Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 1994, pp. 86-7.
12
SANTOS, Moacyr Amaral, op. cit., p. 32.
13
OLIVEIRA NETO, Carlos Elmano et. alii, op. cit., p. 1.
14
BRANDIMILLER, Primo A. Perícia Judicial: em Acidentes e Doenças do
Trabalho. São Paulo, Editora SENAC, 1996, p. 44.
15
SANTOS, Moacyr Amaral, op. cit., p. 140.
16
Id., ib., p. 210.
17
Por “despacho saneador entende-se a decisão ou deliberação tomada
pelo juiz, a respeito do processo que lhe vai às mãos após a contestação,
Aula 05 - Perícia como Prova

em virtude da qual expurga o mesmo de todas as irregularidades e vícios,


para que prossiga livre de qualquer nulidade. E assim chegue à audiência
de instrução e julgamento”. (SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 15ª
ed., Rio de Janeiro, Editora Forense, 1999, p. 260.)
Perícia Contábil

18
SANTOS, Moacyr Amaral, op. cit., p. 199.

42
Anotações do Aluno

Aula Nº 6 – Requisitos do Perito


Objetivos da aula:
O objetivo principal desta aula é informar sobre a pessoa incumbida da
realização da perícia, ou seja, sobre o perito.

Tenha um ótima aula!

1. O Perito
A origem do termo perito1 vem do latim peritu e significa aquele que
entende, conhece profundamente, que sabe por experiência; em
inglês derivou para expert e em francês para expertise. É aquele que,
especialmente, pode conhecer e entender determinados fatos ou que
por sua técnica ou ciência, normalmente, interpreta o significado de
tais fatos.

Em linguagem jurídica, perito, também conhecido por louvado, é pessoa


que, nomeada pelo juiz ou escolhida pelas partes, em um litígio2 vai
participar ou realizar uma perícia, considerando a utilidade de seus
conhecimentos específicos em relação à matéria sobre a qual não versa
o juiz, ou seja, “no conceito jurídico, por perito entende-se o homem
hábil (experto), que, por suas qualidades ou conhecimentos, está
em condições de esclarecer a situação do fato ou do assunto que
Aula 06 - Requisitos do Perito

se pretende aclarar ou pôr em evidência, para uma solução justa e


verdadeira da contenda”3.
Perícia Contábil

Nesse sentido, conforme mencionado no caput do artigo 145 do CPC,


“quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico,
o juiz será assistido por perito”, e no § 1º do artigo 421: “Incumbe às partes
indicar assistentes técnicos”, observa-se:
• ser o perito uma pessoa de conhecimento específico cujos serviços
estão à disposição do judiciário, ora diretamente ligado ao juiz, ora

43
Anotações do Aluno

diretamente ligado às partes;


• ser denominado perito o profissional, nomeado pelo juiz, cujos
conhecimentos se fazem necessários para esclarecimento de
matéria técnica ligada aos fatos alegados no litígio;
• ser denominado assistente técnico o profissional indicado pelas
partes, cujos conhecimentos irão auxiliá-las na garantia dos direitos
sobre os fatos alegados.

Como se pode observar pelo exposto, além da figura do perito, há que se


lembrar do assistente técnico, cuja função difere da função do perito, apesar
das semelhanças quanto aos modi operandi individuais. Por exemplo, “ao
passo que o perito era, como o é em face da lei vigente, o sujeito ativo
da perícia, no assistente técnico se viam o assessor da parte e o fiscal do
perito, sem embargo de, na prática, [...], colaborar com o seu fiscalizado
para a maior segurança e perfeição da prova resultado da perícia”4.

Em concordância com Santos, Monteiro comenta que uma das grandes


diferenças que leva ao tratamento desigual reside no fato de o perito
judicial ser “auxiliar da justiça”, prestando um “munus público” e estando
equiparado, para efeitos penais, ao funcionário público. Já o assistente
técnico é pago pela parte que o indicou e para ela trabalha, podendo,
assim, dar uma “maior elasticidade à sua crítica técnica”, diferentemente
do perito judicial, que deve permanecer imparcial entre o autor e o
réu, respondendo, fundamentalmente, às questões, mas sem lhes dar a
“elasticidade” permitida ao assistente técnico5.

Ao perito cabe, na atribuição de suas funções, questionar a natureza dos


Aula 06 - Requisitos do Perito

fatos instados pelo julgador e pelos litigantes como parte do que é discutido
nos autos. Tem por competência relatar e transcrever elucidativamente o
que o juiz não consegue interpretar. Ao assistente técnico compete, na
Perícia Contábil

atribuição de suas funções, assistir às partes quando da elaboração dos


quesitos, acompanhar os procedimentos elaborados pelo perito e emitir
parecer sobre o laudo pericial.

A escolha do perito, segundo as normas em vigor, é atribuição exclusiva


do juiz, mas a lei não determina com especificidade como e quem deve ser

44
Anotações do Aluno

o perito, embora apresente alguns requisitos que servem de base para sua
escolha, conforme exposto no artigo 145 do CPC.

§ 1° - Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário,


devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o
disposto no Capítulo VI, seção VII, deste Código.
§ 2° - Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que
deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem
inscritos.
§ 3° - Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que
preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos
será de livre escolha do juiz.

Os assistentes técnicos indicados no processo, escolhidos e contratados


pelas partes, não encontram no CPC especificidade no tocante às suas
características profissionais, tampouco exigências sobre a questão da
habilitação legal. A esse respeito, Brandimiller menciona: “O CPC é omisso
no tocante à habilitação profissional dos assistentes das partes,
referindo-se apenas à exigida do profissional nomeado pelo juízo.
O que é de se compreender, posto que a indicação de assistente técnico
não-qualificado para o exame da matéria submetida à perícia prejudicará
apenas a própria parte que o indicou”6.

Em resumo, a prestação de serviços do profissional atuante, direta


ou indiretamente, requer deste conhecimento técnico e experiência
profissional. Terá, sob a visão do Direito, o título de perito quando
nomeado pelo juiz e o de assistente técnico quando indicado no processo
Aula 06 - Requisitos do Perito

e contratado pelas partes.

Diferente é o entendimento oferecido pelo CFC, por meio das NBC P 2, que
Perícia Contábil

consideram o profissional atuante sempre como um contador, quer do juiz,


quer da parte, e agirá estritamente dentro dos limites da técnica contábil.
Também para Ynel Alves de Camargo, o fato de ter sido contratado por uma
das partes interessadas não o obriga a violentar a pureza da técnica, faltar
com a verdade e agir como se fosse advogado da parte contratante. São
peritos: o perito-contador e o perito-contador assistente. As atribuições

45
Anotações do Aluno

diferem: o perito-contador elabora o laudo, enquanto o perito-contador


assistente emite parecer sobre esse laudo. Mas, para que essa tarefa seja
realizada, há necessariamente de trilhar o mesmo caminho: a perícia.7

Vê-se então que as NBC P 2 estabelecem o título de perito-contador ao


contador nomeado pelo juiz e de perito-contador assistente ao contador
indicado pelas partes, colocando em igualdade de condições os direitos
e deveres desses profissionais quando no exercício de suas funções. Não
obstante essa diferenciação na nomenclatura estabelecida pelas NBC P
2 e pelo CPC, subentende-se as seguintes características das atribuições
desses profissionais:
• O perito-contador, nomeado pelo juiz, é profissional de sua
confiança, de sua livre escolha e tem como atribuição utilizar todos
os meios necessários ao esclarecimento da matéria contábil em
questão. É assessor do juiz em matéria técnico-contábil.
• O perito-contador assistente é indicado pela parte, sua função
reside em analisar o laudo elaborado pelo perito-contador emitindo
seu parecer.

2. Requisitos do Perito-Contador
O perito-contador executará seus serviços com base nos aspectos e
temas incluídos no processo, tendo em vista os fatos duvidosos, passíveis
de perícia para elucidá-los. A atividade do perito poderá dizer respeito à
própria coleta dos fatos, assim como à interpretação destes ou somente à
sua inteligência.
Aula 06 - Requisitos do Perito

Em qualquer dos casos, o perito incluirá sempre como parte de suas


responsabilidades, paralelamente à realização de sua missão pericial,
prevenir-se e manter-se permanentemente em estado de alerta para julgar,
Perícia Contábil

ponderar e avaliar a normalidade ou não das evidências apuradas, à luz


do que conhece como padrão de procedimentos, quanto à negligência,
imprudência ou imperícia presentes nos atos praticados na origem dos
fatos em litígio.

46
Anotações do Aluno

Analisando o desempenho da função e como forma de orientação para


realizá-la com eficiência, Alberto8, Ornelas9, D’Áurea10, Amaral Santos11,
Santos12 , Lopes de Sá13 e Monteiro14 apontam alguns requisitos necessários,
que, considerando suas similaridades, podem ser resumidos em três
requisitos fundamentais, conforme tabela a seguir:

Tabela 1 - Requisitos fundamentais e requisitos necessários –


similaridade
Requisitos Requisitos necessários segundo seus autores
fundamentais Requisito Autor
a) competência e capacidade Amaral Santos

b) conhecimento técnico-contábil Santos

c) competência técnica da sua especialização D’Áurea

d) conhecimentos técnicos ou científicos Monteiro

e) conhecimento teórico da contabilidade


f) conhecimento geral de ciências afins à Lopes de Sá
A. contabilidade
Conhecimento
técnico e g) cultura geral e contábil

científico h) conhecimentos gerais de outras áreas correlatas,


como: matemática financeira, estatística, assuntos Ornelas
tributários, técnicas e práticas de negócio, entre
outras

i) educação formal
j) conhecimentos contábeis essenciais
k) conhecimentos jurídicos Alberto
Aula 06 - Requisitos do Perito

l) conhecimentos de lógica formal e aplicada


m) conhecimento de português instrumental

Santos
a) experiência nos processos e usos comerciais
Perícia Contábil

B.
b) experiência na função D’Áurea
Experiência
c) experiência profissional Monteiro
Profissional
d) conhecimento prático das tecnologias contábeis Lopes de Sá

e) prática investigativa Ornelas

47
Anotações do Aluno

a) condições pessoais adequadas Amaral Santos


b) diplomacia no modo de agir
Santos
c) perspicácia
d) qualidades morais D’Áurea

e) idoneidade moral Monteiro

f) perspicácia
C.
g) perseverança
Atitude
h) sagacidade
positiva Lopes de Sá
i) índole criativa e intuitiva
j) caráter de independência
k) virtude moral e ética

l) postura investigativa
m) formação moral elevada Ornelas
n) imparcialidade
Tais requisitos podem ser explanados como segue:

A – CONHECIMENTO TÉCNICO E CIENTÍFICO:


O conhecimento técnico ou científico, ou mesmo técnico e científico, ao
qual as normas e os textos fazem referência, não tem o sentido stricto
corrente, revestido das características acadêmicas. O alcance da expressão
é mais próximo do que se conhece como conhecimento especializado,
cuja proficiência pode ter sido adquirida até pela vivência prática, sem
a escolaridade formal da formação técnica ou científica, a não ser nos
casos das especializações, consideradas de nível superior, definidas pelo
consenso universal ou por legislações específicas. Nada impede, portanto,
que o conhecimento necessário ao esclarecimento ou julgamento de uma
Aula 06 - Requisitos do Perito

causa seja o de um sapateiro, açougueiro, colhedor de café ou tecelão,


cujo ofício fora transmitido informalmente.
Perícia Contábil

Ser versado nos rudimentos e pormenores da teoria avançada da área


científica pertinente ao tema do litígio não é, pois, a exigência imposta
para identificar o especialista capaz de elucidar a questão.

48
Anotações do Aluno

O stricto sensu, porém, é exigido dos profissionais cuja especialização é


definida por lei como sendo de formação universitária, com delimitação
das suas áreas de atuação, permeadas por um conjunto de regras que
incluem, dentre outros, regulamentos e normas que definem a habilitação
profissional específica e a exigência de registros competentes. Conta com o
instituto dos órgãos legalmente constituídos para fiscalização do exercício
profissional. São exemplos dessa categoria de especialistas: médicos,
engenheiros, advogados, arquitetos, geólogos, economistas, contadores
e assemelhados que, comprovadamente, cursaram escolaridade formal
e possuem registros competentes que lhes conferem as prerrogativas
indispensáveis para o exercício profissional.

O perito-contador pertence a essa categoria, de quem é exigida a


formação em nível superior em curso específico e regulamentado de
Ciências Contábeis, sendo o seu órgão de registro e fiscalização o Conselho
Regional de Contabilidade da região – Unidade de Federação – onde atue
profissionalmente.

A exigência do conhecimento técnico faz parte das precauções


indispensáveis voltadas para o cuidado de se evitar a ocorrência de falhas
de interpretação ou análise dos fatos, ainda que involuntariamente, o que
poderia resultar em prejuízo ou danos às informações fornecidas.

B – EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
Quando em atividade, o perito não raras vezes se depara com fatos
que requerem, para sua compreensão, conhecimento adquirido pela
prática. Observa-se, então, que a teoria é um conjunto de conhecimentos
Aula 06 - Requisitos do Perito

transmitido de maneira sistemática e padronizada que propõe explicar


e elucidar eventos de uma atividade prática; em contraposição, a prática
possibilita exercitar a teoria de maneira que duas pessoas possam ter
Perícia Contábil

conclusões diferentes sobre um mesmo fato.

Convém observar, outrossim, que a quantificação e a exposição da


realidade permitem ao juiz qualificar ou valorizar a aplicação da norma
jurídica.

49
Anotações do Aluno

Segundo Monteiro não basta, porém, o diploma e o registro no Conselho,


é necessário que o perito tenha experiência profissional na matéria objeto
da perícia, o que só é possível com a vivência profissional na área respectiva.
Essa cautela é importante por parte do magistrado, que não deve confiar
nos “cartões de visita” do perito ou candidato a perito, sob pena de vir a
sofrer agravos junto ao Tribunal, por causa da inexperiência do perito que
nomeou15 .

C - ATITUDE POSITIVA
As informações fornecidas pelo perito, não raro, servirão como base para a
tomada de decisão do juiz, do que decorre a necessidade de se observar a
integridade desse profissional. A esse respeito Monteiro observa que “um
dos requisitos indispensáveis ao perito judicial, como auxiliar da justiça,
elemento de absoluta confiança do juiz que vai julgar a causa e, sobretudo,
elemento que deve ser imparcial a toda prova, diz respeito à idoneidade
moral do perito, condição reconhecida unanimemente pela doutrina”16.

Diante do exposto, parece-nos adequado o que menciona Prunes: “O que


se exige do expert, portanto, é que se encontre entre os melhores de
sua especialidade, qualquer que seja, por mais exótica e rara”17.

Síntese
Nesta aula você obteve informações sobre as características principais
do Perito.
Aula 06 - Requisitos do Perito

Na próxima aula você irá conhecer quais as responsabilidades que cabem


ao Perito.

Não falte!
Perícia Contábil

50
Anotações do Aluno

Referências
ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia Contábil. São Paulo, Atlas, 1996.

BRANDIMILLER, Primo A. Perícia Judicial: em Acidentes e Doenças do


Trabalho. São Paulo, Editora SENAC, 1996.

D’ÁUREA, Francisco. Revisão e Perícia Contábil – Parte Teórica. 3ª ed., São


Paulo, Cia Editora Nacional, 1962.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua


Portuguesa. 2ª ed., Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1996.

LOPES DE SÁ, Antonio. Perícia Contábil. São Paulo, Atlas, 1994.

MONTEIRO, Samuel. Da Prova Pericial. 1ª ed., São Paulo, Edições


Aduaneiras, 1985, vols. I e II.

ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de. Perícia Contábil. São Paulo, Atlas,
1994.

SANTOS, João Luiz dos. Perícia em Contabilidade Comercial. 3ª ed., Rio


de Janeiro, Edições Financeiras, 1961.

SANTOS, Moacyr Amaral. Prova Judiciária no Civil e Comercial. 2ª ed.,


São Paulo, Max Limonad, 1955.
Aula 06 - Requisitos do Perito

SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 15ª ed., Rio de janeiro, Editora


Forense, 1999.
Perícia Contábil

51
Anotações do Aluno

Notas
1
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua
Portuguesa. 2ª ed., Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1996.
2
Litígio é a controvérsia formada em juízo a respeito do direito ou da coisa
que serve de objeto da ação ajuizada.
3
SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 15ª ed., Rio de janeiro, Editora
Forense, 1999, p. 605.
4
SANTOS, Moacyr Amaral, op. cit., p. 58.
5
MONTEIRO, Samuel. Da Prova Pericial. 1ª ed., São Paulo, Edições Aduaneiras,
1985, vols. I e II, pp. 279-80.
6
BRANDIMILLER, Primo A. op. cit., p.55.
7
CAMARGO, Ynel Alves de. Entrevista concedida à autora. (apontamentos).
Santos, maio de 1999.
8
ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia Contábil. São Paulo, Atlas, 1996, pp.
55-68.
9
ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de. Perícia Contábil. São Paulo, Atlas,
1994, pp. 42-4.
10
D’ÁUREA, Francisco. Revisão e Perícia Contábil – Parte Teórica. 3ª ed., São
Paulo, Cia Editora Nacional, 1962, pp. 35-6.
11
SANTOS, Moacyr Amaral, op. cit., p. 73.
12
SANTOS, João Luiz dos. Perícia em Contabilidade Comercial. 3ª ed., Rio de
Janeiro, Edições Financeiras, 1961, p. 13.
13
LOPES DE SÁ, Antonio. Perícia Contábil. São Paulo, Atlas, 1994, p. 22.
14
MONTEIRO, Samuel. Da Prova Pericial. 1ª ed., São Paulo, Edições Aduaneiras,
1985, vols. I e II, pp. 72-3 e 157.
15
MONTEIRO, Samuel, op. cit., p. 73.
Aula 06 - Requisitos do Perito

16
Id., ib., p. 115
17
PRUNES, José Luiz Ferreira, op. cit., p. 167.
Perícia Contábil

52
Anotações do Aluno

Aula Nº 7 – Responsabilidades do
Perito e dos Assistentes
Objetivos da aula:
O objetivo principal desta aula é a apresentação das responsabilidades dos
peritos e assistentes durante e depois dos trabalhos realizados.

Tenha uma ótima aula!

1. Responsabilidades do Perito e dos Assistentes


“A delicadeza da função do perito-contador, por seus efeitos
materiais, morais, legais e sociais, cria responsabilidades profissionais
inerentes ao rigor das afirmações e dos conceitos emitidos em forma

Aula 07 - Responsabilidades do Perito e dos Assistentes


de pareceres.”1

O reflexo de uma perícia desonesta, realizada com o intuito de distorcer


a realidade de um fato, é sempre negativo e prejudicial a alguém, pois
uma decisão qualquer, baseada na interpretação distorcida de um fato,
poderá provocar danos irreparáveis. No processo judicial, uma falsa perícia,
ou mesmo uma perícia tendenciosa, poderá induzir o juiz à aplicação
de penas indevidas a qualquer das partes. Essa é a razão que define a
responsabilidade do perito, a qual decorre do cumprimento da tarefa a
ele incumbida.

Responsabilidade, termo originário do latim respondere, significa


Perícia Contábil

garantir, “assegurar, assumir o pagamento do que se obrigou ou do ato


que praticou”2. Tem “ampla significação, revela o dever jurídico em que
se coloca a pessoa, seja em virtude de contrato, seja em face de fato ou
omissão, que lhe seja imputado para satisfazer a prestação convencionada
ou para suportar as sanções legais que lhes são impostas”3.

53
Anotações do Aluno

Assim, as responsabilidades atribuídas ao profissional enquanto perito,


concordam D’Áurea4 , Brandimiller5 , Lopes de Sá6 , Oliveira Neto7 e Alberto8,
estão intrinsecamente ligadas ao trabalho pericial, que produz efeitos de
ordem relevante nas controvérsias, sendo classificadas genericamente
em:

• Responsabilidade penal: derivada de imposição ou regra legal,


determina a obrigação de reparar o dano nos casos especificados
em lei. A essa responsabilidade ligam-se, intrinsecamente, as
sanções oferecidas na lei penal.
• Responsabilidade civil: designa a obrigação de reparar o dano
causado a outrem. Pode ter como causa, segundo Silva9, ato
ilícito pelo qual, em virtude de regra legal, se responde ou se é
responsável.
• Responsabilidade social e moral: é expressa em decorrência dos
efeitos que o trabalho pericial produz, fornecendo informações
com a finalidade de dirimir dúvidas e esclarecer fatos controversos
para definição de litígios.

Aula 07 - Responsabilidades do Perito e dos Assistentes


Neste sentido, o Conselho Federal de Contabilidade manifesta-se como
segue:
Resolução CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC nº 1.051 de
07.10.2005, publicada no D.O.U. em 08.11.2005.
Aprova a NBC P 2.6 - Responsabilidade e Zelo.
O Conselho Federal de Contabilidade, no exercício de suas atribuições
legais e regimentais.

Considerando que as Normas Brasileiras de Contabilidade e as suas


Interpretações Técnicas constituem corpo de doutrina contábil que
estabelece regras de procedimentos técnicos a serem observadas quando
Perícia Contábil

da realização de trabalhos.

Considerando que a constante evolução e a crescente importância da


perícia exigem atualização e aprimoramento das normas endereçadas à
sua regência para manter permanente justaposição e ajustamento entre o
trabalho a ser realizado e o modo ou o processo dessa realização.

54
Anotações do Aluno

Considerando que a forma adotada para fazer uso de trabalhos de


instituições com as quais o Conselho Federal de Contabilidade mantém
relações regulares e oficiais está de acordo com as diretrizes constantes
dessas relações.

Considerando que o Grupo de Estudo sobre Perícia Contábil e o Grupo


de Trabalho instituído pelo Conselho Federal de Contabilidade em
conjunto com o IBRACON - Instituto dos Auditores Independentes do
Brasil, atendendo ao disposto no art. 3º da Resolução CFC nº 751, de 29
de dezembro de 1993, que recebeu nova redação pela Resolução CFC nº
980, de 24 de outubro de 2003, elaborou a NBC P 2.6 - Responsabilidade
e Zelo.

Considerando que por se tratar de atribuição que, para o adequado


desempenho, deve ser empreendida pelo Conselho Federal de
Contabilidade em regime de franca, real e aberta cooperação com o Banco
Central do Brasil (BCB), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o IBRACON
- Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, o Instituto Nacional de
Seguro Social (INSS), o Ministério da Educação, a Secretaria Federal de

Aula 07 - Responsabilidades do Perito e dos Assistentes


Controle, a Secretaria da Receita Federal, a Secretaria do Tesouro Nacional
e a Superintendência de Seguros Privados, resolve:

Art. 1º Aprovar a NBC P 2.6 - Responsabilidade e Zelo.

Art. 2º Esta Resolução entra em vigor a partir de 1º de janeiro de


2006, revogando as disposições em contrário, em especial o item 2.7
- Responsabilidade e Zelo, da NBC P 2 - Normas Profissionais do Perito,
aprovada pela Resolução CFC nº 857, de 21 de outubro de 1999, publicada
no DOU em 29 de outubro de 1999, Seção 1, páginas 46 e 47.
Perícia Contábil

Ata CFC nº 878


NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE
NBC P 2 - NORMAS PROFISSIONAIS DO PERITO
NBC P 2.6 - RESPONSABILIDADE E ZELO

55
Anotações do Aluno

2.6.1. CONCEITUAÇÃO E DISPOSIÇÕES GERAIS


2.6.1.1. Esta Norma estabelece procedimentos inerentes à responsabilidade
e zelo do perito.
2.6.1.2. O perito-contador e o perito-contador assistente devem
conhecer as responsabilidades sociais, éticas, profissionais e legais, às quais
estão sujeitos no momento em que aceitam o encargo para a execução de
perícias contábeis judiciais, extrajudiciais e arbitrais.
2.6.1.3. O termo “responsabilidade” refere-se à obrigação do perito-
contador e do perito-contador assistente em respeitar os princípios
da moral, da ética e do direito, atuando com lealdade, idoneidade e
honestidade no desempenho de suas atividades, sob pena de responder
civil, criminal, ética e profissionalmente por seus atos.
2.6.1.4. O termo “zelo” para o perito-contador refere-se ao cuidado que
o mesmo deve dispensar na execução de suas tarefas, em relação à sua
conduta, documentos, prazos, tratamento dispensado às autoridades, aos
integrantes da lide e aos demais profissionais, de forma que sua pessoa
seja respeitada, seu trabalho levado a bom termo e, conseqüentemente,
seu laudo digno de fé pública.
2.6.1.5. O termo “zelo” para o perito-contador assistente refere-se ao

Aula 07 - Responsabilidades do Perito e dos Assistentes


cuidado que o mesmo deve dispensar na execução de suas tarefas, em
relação à sua conduta, documentos, prazos, tratamento dispensado às
autoridades, aos integrantes da lide e aos demais profissionais, de forma
que sua pessoa seja respeitada, seu trabalho levado a bom termo e,
conseqüentemente, seu parecer tenha credibilidade.

2.6.2. RESPONSABILIDADES E ÉTICA


2.6.2.1. A responsabilidade do perito-contador e do perito-contador
assistente decorre da influência relevante que o resultado de sua atuação
pode produzir para solução da lide.
2.6.2.2. A responsabilidade ética do perito-contador e do perito-contador
Perícia Contábil

assistente decorre da necessidade do cumprimento dos princípios


éticos, em especial, os estabelecidos no Código de Ética Profissional do
Contabilista e nesta Norma.

56
Anotações do Aluno

2.6.3. RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL


2.6.3.1. A legislação civil determina responsabilidades e penalidades para
o profissional que exerce a função de perito-contador, as quais consistem
em multa, indenização e inabilitação.
2.6.3.2. A legislação penal estabelece penas de multa, detenção e reclusão
para os profissionais que exercem a atividade pericial que vierem a
descumprir as normas legais.

2.6.4. RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL


2.6.4.1. A responsabilidade profissional do perito-contador e do perito-
contador assistente na realização dos trabalhos periciais compreende:

a) cumprir os prazos fixados pelo juiz em perícia judicial e nos termos


contratados em perícia extrajudicial e arbitral;
b) assumir a responsabilidade pessoal por todas as informações
fornecidas, quesitos respondidos, procedimentos adotados,
diligências realizadas, valores apurados e conclusões apresentadas
no Laudo Pericial Contábil e no Parecer Pericial Contábil;
c) prestar os esclarecimentos determinados pelo juiz, respeitados os

Aula 07 - Responsabilidades do Perito e dos Assistentes


prazos legais;
d) prestar os esclarecimentos necessários de forma oportuna,
respeitando o contrato e o objeto da perícia quando se tratar de
perícia extrajudicial, bem como as normas do juízo arbitral.

2.6.4.2. A transparência e o respeito recíproco entre o perito-contador e o


perito-contador assistente pressupõem tratamento impessoal, restringindo
os trabalhos, exclusivamente, ao conteúdo técnico.
2.6.4.3. O perito-contador e o perito-contador assistente são responsáveis
pelos trabalhos da sua equipe técnica, a qual compreende os auxiliares
para execução do trabalho complementar do laudo pericial contábil e/ou
Perícia Contábil

parecer pericial contábil, tais como: digitação em geral, pesquisas e análises


contábeis, cálculos matemáticos e trabalhistas e pesquisas de legislações
pertinentes.
2.6.4.4. O perito-contador e o perito-contador assistente são responsáveis
também pelos trabalhos realizados por especialista contratado para a
realização de parte da perícia que exija conhecimento específico em outras

57
Anotações do Aluno

áreas do conhecimento humano. Tal obrigação assumida pelo perito


perante o julgador ou contratante não exime o especialista contratado da
responsabilidade pelo trabalho executado.
São exemplos de trabalho de especialista: programador de computador
para desenvolvimento de programas para perícias, inclusive para liquidação
de sentenças em ações trabalhistas, apuração de haveres, aferição de
diferenças do Sistema Financeiro de Habitação; atuários; especialista
contábil em partes específicas da perícia, entre outros.
2.6.4.5. O perito-contador e o perito-contador assistente ao contratarem
os serviços de profissionais de outras profissões regulamentadas, devem
certificar-se de que os mesmos se encontram em situação regular no seu
conselho profissional. São exemplos de laudos interprofissionais para
subsidiar a perícia contábil:

a) de engenharia para avaliação de bens do ativo imobilizado;


b) de medicina para subsidiar a perícia contábil em cálculo de
indenização de perdas e danos causados por acidente do trabalho
ou para apuração de danos emergentes ou lucros cessantes;
c) de perito criminal em documentos cópia para reconhecer a

Aula 07 - Responsabilidades do Perito e dos Assistentes


autenticidade ou a falsidade de documentos;
d) de gemologia para avaliação de jóias, pedras preciosas, semipreciosas
com o fim de apurar valores para avaliação patrimonial;
e) de especialista em obras de artes com o fim de apurar valores para
avaliação patrimonial.

2.6.4.6. No caso de perícia judicial, o prazo estabelecido para a conclusão


dos trabalhos, fixado pelo juiz, deve ser cumprido pelo perito-contador
como forma de não obstar a celeridade processual. O perito-contador
assistente deve cumprir o prazo fixado em lei, para suas manifestações
sobre o laudo pericial, de forma a não prejudicar a parte que o indicou.
Perícia Contábil

2.6.4.7. Sempre que não for possível concluir o laudo pericial contábil
no prazo determinado pelo juiz, deve o perito-contador requerer a sua
dilação antes de vencido aquele, apresentando os motivos que ensejaram
a solicitação.
2.6.4.8. Em se tratando de perícia extrajudicial, o perito contador e o perito
contador-assistente devem estipular, de comum acordo com a parte

58
Anotações do Aluno

contratante, os prazos necessários para a execução dos trabalhos, junto


com a proposta de honorários e com a descrição dos serviços a executar.
2.6.4.9. A realização de diligências para busca de provas, quando necessária,
é de responsabilidade exclusiva do perito-contador ou do perito contador
assistente.

Síntese
Você aprendeu durante esta aula quais responsabilidades cabem aos
peritos e assistentes.

Na próxima aula você conhecerá a forma de pagamento dos peritos e


dos assistentes.

Não falte!

Referências

Aula 07 - Responsabilidades do Perito e dos Assistentes


ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia Contábil. São Paulo, Atlas, 1996.

BRANDIMILLER, Primo A. Perícia Judicial: em Acidentes e Doenças do


Trabalho. São Paulo, Editora SENAC, 1996.

D’ÁUREA, Francisco – Revisão e Perícia Contábil – Parte Teórica, São


Paulo, Companhia Editora Nacional, 3ª edição,1962.

LOPES DE SÁ, Antonio. Perícia Contábil. São Paulo, Atlas, 1994.

OLIVEIRA NETO, Carlos Elmano & MERCANDALE, Iolanda. Roteiro Prático


Perícia Contábil

de Perícia Contábil Judicial: Legislação, Modelos e Índices Oficiais. São


Paulo, Editora Oliveira Mendes, 1998.

SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 15ª ed., Rio de janeiro, Editora


Forense, 1999.

59
Anotações do Aluno

Notas
1
D’ÁUREA, Francisco, op. cit., p. 218.
2
SILVA, De Plácido e, op. cit., p. 713.
3
Id. ib., p. 713.
4
D’ÁUREA, Francisco, op. cit., pp. 18-9, 222-23.
5
BRANDIMILLER, Primo A., op. cit., pp. 262-3.
6
LOPES DE SÁ, Antonio, op. cit., pp. 112-3.
6
OLIVEIRA NETO, Carlos Elmano et al, op. cit., pp. 15-6.
7
ALBERTO, Valder Luiz Palombo, op. cit., pp. 72-80.
8
SILVA, De Plácido e, op. cit., p. 713.

Aula 07 - Responsabilidades do Perito e dos Assistentes


Perícia Contábil

60
Anotações do Aluno

Aula Nº 8 – Remuneração do
Trabalho Pericial
Objetivos da aula:
Esta aula descreve a forma de remuneração aos Peritos e aos Assistentes e
mostra a NBC P 2.4, que apresenta os modelos para pedido de honorários.

Tenha uma ótima aula!

1. Honorários dos Peritos e dos Assistentes


Os serviços prestados por peritos e assistentes técnicos são remunerados
através de honorários. O dispositivo legal que rege o direito à
remuneração dos peritos e assistentes encontra-se no artigo 33 do CPC,
em que está expresso:

Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico


que houver indicado; a do perito será paga pela parte que

Aula 08 - Remuneração do Trabalho Pericial


houver requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido
por ambas as partes ou determinado de ofício pelo juiz.
Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a parte
responsável pelo pagamento dos honorários do perito
deposite em juízo o valor correspondente a essa remuneração.
O numerário, recolhido em depósito bancário à ordem do
juízo e com correção monetária, será entregue ao perito após
a apresentação do laudo, facultada a sua liberação parcial,
Perícia Contábil

quando necessária.

Acrescente a esse dispositivo o artigo 19, que dispõe genericamente sobre


o custeio das despesas dos atos processuais:

61
Anotações do Aluno

Art. 19. Salvo as disposições concernentes à justiça gratuita,


cabe às partes prover as despesas dos atos que realizam ou
requerem no processo, antecipando-lhes o pagamento desde
o início até sentença final; e bem ainda, na execução, até a
plena satisfação do direito declarado pela sentença.

Destaque-se que entre as despesas processuais podem ser incluídos os


honorários periciais, conforme o exposto no artigo 20 do CPC, segundo o
qual a remuneração do assistente técnico da parte vencedora está incluída
entre as despesas a serem ressarcidas ao final do processo:

Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor


as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Essa
verba honorária será devida, também, nos casos em que o
advogado funcionar em causa própria.
[...]
§ 2°. As despesas abrangem não só as custas dos atos do
processo como também a indenização de viagem, diária de
testemunha e remuneração do assistente técnico.

Resumidamente, de acordo com o preceituado nesses artigos, o juiz


pode arbitrar valor para o trabalho do perito nomeado, por ele mesmo

Aula 08 - Remuneração do Trabalho Pericial


ou consultando o perito, com intuito de cobrir despesas que este deva
custear de imediato, permitir a manifestação das partes sobre o assunto e
determinar o depósito prévio dos honorários para posterior levantamento,
quando da conclusão e entrega do trabalho pericial – podendo ser liberado
parcialmente, caso o juiz entenda necessário.

Saliente-se, ainda, que é o juiz quem decide o valor correspondente


aos honorários solicitados pelo perito, muito embora permita a
Perícia Contábil

manifestação das partes acerca desses, considerando o valor da


causa e a justa remuneração do trabalho pericial.

Os honorários definidos aos assistentes técnicos das partes são


de responsabilidade da parte que os tenha contratado; seu valor,
momento e forma de pagamento são estranhos aos atos processuais e ao

62
Anotações do Aluno

CPC. Ao término do processo, contudo, o juiz poderá determinar à parte


vencida o reembolso dos honorários dos assistentes técnicos já pagos pela
parte vitoriosa.

Segundo as NBC P 2, ao se estabelecerem os honorários, devem ser


considerados os seguintes fatores:
a) a relevância, o vulto, o risco e a complexidade dos serviços a
executar;
b) as horas estimadas para realização de cada fase do trabalho;
c) a qualificação do pessoal técnico que irá participar da execução
dos serviços;
d) o prazo fixado, quando indicado ou escolhido, e o prazo médio
habitual de liquidação, se nomeado pelo juiz;
e) a forma de reajuste e de parcelamento, se houver;
f) os laudos interprofissionais e outros inerentes à elaboração do
trabalho; e
g) no caso do perito-contador assistente, o resultado que, para o
contratante, advirá com o serviço prestado, se houver.

Apesar da norma estabelecida pelo CPC, na prática existem exceções


quanto ao recebimento dos honorários de perito em ambientes
específicos onde ocorre a perícia:

Aula 08 - Remuneração do Trabalho Pericial


a) Nos processos da Justiça do Trabalho “os honorários periciais são
pagos ao término do processo, ou seja, esgotados os recursos e
transitada em julgado a sentença”1.
b) Quando a perícia é efetuada por profissional vinculado ao órgão
de Criminalística do Estado, “não há de se falar em honorários, no
sentido estrito, pois que os profissionais atuantes são do quadro
regular do Estado, contratados, portanto, mediante salário”2.
c) Em se tratando de gratuidade da justiça, benefício esse previsto
Perícia Contábil

na lei nº 1060, de 5 de fevereiro de 1950, o perito não será


remunerado.

No tocante, ainda, a este assunto, o Conselho Federal de Contabilidade


se manifesta por meio da Resolução nº 1057/05 que aprova a NBC P 2.4
– honorários:

63
Anotações do Aluno

NBC P 2.4 – Honorários


O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições
legais e regimentais.
CONSIDERANDO que as Normas Brasileiras de Contabilidade e as suas
Interpretações Técnicas constituem corpo de doutrina contábil que
estabelece regras de procedimentos técnicos a serem observadas quando
da realização de trabalhos.
CONSIDERANDO que a constante evolução e a crescente importância da
perícia exigem atualização e aprimoramento das normas endereçadas à
sua regência para manter permanente justaposição e ajustamento entre o
trabalho a ser realizado e o modo ou o processo dessa realização.
CONSIDERANDO que a forma adotada para fazer uso de trabalhos de
instituições com as quais o Conselho Federal de Contabilidade mantém
relações regulares e oficiais está de acordo com as diretrizes constantes
dessas relações.
CONSIDERANDO que o Grupo de Estudo sobre Perícia Contábil, atendendo
ao disposto no art. 3º da Resolução CFC nº 751, de 29 de dezembro de 1993,
que recebeu nova redação pela Resolução CFC nº 980, de 24 de outubro
de 2003, elaborou a NBC P 2.4 – Honorários.
CONSIDERANDO que por se tratar de atribuição que, para o adequado
desempenho, deve ser empreendida pelo Conselho Federal de
Contabilidade em regime de franca, real e aberta cooperação com o Banco

Aula 08 - Remuneração do Trabalho Pericial


Central do Brasil (BCB), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o IBRACON
– Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, o Instituto Nacional de
Seguro Social (INSS), o Ministério da Educação, a Secretaria Federal de
Controle, a Secretaria da Receita Federal, a Secretaria do Tesouro Nacional
e a Superintendência de Seguros Privados,

RESOLVE:
Art. 1º Aprovar a NBC P 2.4 – Honorários.
Perícia Contábil

Art. 2º Esta Resolução entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 2006,


revogando as disposições em contrário, em especial o item 2.5 – Honorários,
da NBC P 2 – Normas Profissionais do Perito, aprovada pela Resolução CFC
nº 857/99, publicada no DOU em 21 de outubro de 1999, Seção 1, páginas
46 e 47.

64
Anotações do Aluno

Ata CFC nº 880


NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE
NBC P 2 – NORMAS PROFISSIONAIS DO PERITO
NBCP 2.4 - HONORÁRIOS

2.4.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS


2.4.1.1. Esta norma profissional tem por objetivo explicitar os critérios
a serem considerados na elaboração da proposta de honorários do
perito-contador para propor seus honorários mediante avaliação dos
serviços, considerando-se: a relevância, o vulto, o risco, a complexidade, a
quantidade de horas, o pessoal técnico, o prazo estabelecido, a forma de
recebimento e os laudos interprofissionais, entre outros fatores.
2.4.1.1.1. A relevância é entendida como a importância da perícia no
contexto social e sua essencialidade para dirimir as dúvidas de caráter
técnico contábil, suscitadas em demanda judicial ou extrajudicial.
2.4.1.1.2. O vulto está relacionado ao valor da causa no que se refere ao
objeto da perícia; à dimensão determinada pelo volume de trabalho; e à
abrangência pelas áreas de conhecimento técnico envolvidas.
2.4.1.1.3. O risco compreende a possibilidade de os honorários periciais não
serem integralmente recebidos, o tempo necessário ao recebimento, bem
como a antecipação das despesas necessárias à execução do trabalho.
Igualmente, devem ser levadas em consideração as implicações cíveis,

Aula 08 - Remuneração do Trabalho Pericial


penais, profissionais e outras de caráter específico a que poderá estar
sujeito o perito-contador.
2.4.1.1.4. A complexidade está relacionada à dificuldade técnica para a
realização do trabalho pericial em decorrência do grau de especialização
exigido; à dificuldade em obter os elementos necessários para a
fundamentação do laudo pericial contábil; e ao tempo transcorrido entre o
fato a ser periciado e a realização da perícia. Deve ser considerado também
o ineditismo da matéria periciada.
Perícia Contábil

2.4.1.1. 5. As horas estimadas para a realização de cada fase do trabalho é


o tempo despendido para a realização da perícia, mensurado em horas
trabalhadas pelo perito-contador, quando aplicável.
2.4.1.1.6. O pessoal técnico é formado pelos auxiliares que integram a
equipe de trabalho do perito-contador, estando os mesmos sob sua
orientação direta e inteira responsabilidade.

65
Anotações do Aluno

2.4.1.1.7. O prazo determinado nas perícias judiciais ou contratado nas


extrajudiciais deve ser levado em conta nos orçamentos de honorários,
considerando-se eventual exigüidade do tempo que requeira dedicação
exclusiva do perito-contador e da sua equipe para a consecução do
trabalho.
2.4.1.1.8. O prazo médio habitual de liquidação compreende o tempo
necessário para recebimento dos honorários.
2.4.1.1.9. A forma de reajuste e de parcelamento dos honorários, se
houver.
2.4.1.1.10. Os laudos interprofissionais e outros inerentes ao trabalho
são peças técnicas executadas por perito qualificado e habilitado na
forma definida no Código de Processo Civil e de acordo com o Conselho
Profissional ao qual estiver vinculado.

2.4.2. ELABORAÇÃO DE ORÇAMENTO


2.4.2.1. O perito-contador deve elaborar o orçamento de honorários,
observando o disposto no item 2.4.1 e seus subitens, estimando, quando
possível, o número de horas para a realização do trabalho, por etapa e
por qualificação dos profissionais (auxiliares, assistentes, seniores, etc.) da
seguinte forma:
a) retirada e entrega dos autos;
b) leitura e interpretação do processo;

Aula 08 - Remuneração do Trabalho Pericial


c) abertura de papéis de trabalho;
d) elaboração de petições e/ou correspondências para solicitar
informações e documentos;
e) realização de diligências e exame de documentos;
f) pesquisa e exame de livros e documentos técnicos;
g) realização de cálculos, simulações e análises de resultados;
h) laudos interprofissionais;
i) preparação de anexos e montagem do laudo;
Perícia Contábil

j) reuniões com perito-contadores assistentes, quando for o caso;


k) reuniões com as partes e/ou com terceiros, quando for o caso;
l) redação do laudo;
m) revisão final.

66
Anotações do Aluno

2.4.3. QUESITOS SUPLEMENTARES


2.4.3.1. O perito-contador deve, em seu orçamento, ressaltar que este não
contempla os honorários relativos a quesitos suplementares e, se estes
forem formulados pelo juiz e/ou pelas partes, poderá haver incidência de
honorários complementares a serem requeridos, observando os mesmos
critérios adotados para elaboração do orçamento anterior.

2.4.4. QUESITOS DE ESCLARECIMENTOS


2.4.4.1. O oferecimento de respostas aos quesitos de esclarecimentos
formulados pelo juiz e/ou pelas partes não ensejará novos honorários
periciais, uma vez que se referem à obtenção de detalhes do trabalho
realizado e não de novo trabalho.
2.4.4.2. O perito-contador deve analisar com zelo os quesitos de
esclarecimentos, uma vez que as partes podem formulá-los com essa
denominação, mas serem quesitos suplementares, situação em que
o trabalho deve ser remunerado na forma prevista no item 2.4.3 e seus
subitens.

2.4.5. REQUERIMENTO DOS HONORÁRIOS


2.4.5.1. O perito-contador apresentará seu orçamento ao juízo da vara
onde tramita o feito, mediante petição fundamentada, podendo conter o
orçamento ou este constituir-se em um documento anexo da petição.

Aula 08 - Remuneração do Trabalho Pericial


2.4.5.2. O perito-contador assistente explicitará o seu orçamento no
contrato que, obrigatoriamente, celebrará com o seu cliente, observando
as normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, no que
couber.
2.4.5.2.1. O perito-contador assistente deverá estabelecer, mediante
“Contrato Particular de Prestação de Serviços Profissionais de Perícia
Contábil”, o objeto, as obrigações das partes e os honorários profissionais,
podendo, para tanto, utilizar-se dos parâmetros estabelecidos nesta
Perícia Contábil

Norma com relação aos honorários do perito-contador. O perito-contador


assistente deverá adotar, no mínimo, o modelo constante nesta norma
referente ao seu contrato de prestação de serviços.
2.4.5.3. O perito-contador escolhido para perícia em arbitragem explicitará
o seu orçamento no contrato que, obrigatoriamente, celebrará com a
Câmara de Mediação e Arbitragem ou com o Tribunal Arbitral que o

67
Anotações do Aluno

contratou, na forma desta Norma.

2.4.6. LEVANTAMENTO DOS HONORÁRIOS


2.4.6.1. O perito-contador requererá o levantamento dos honorários
periciais, previamente depositados, na mesma petição em que requer a
juntada do laudo pericial aos autos.

2.4.7. EXECUÇÃO DE HONORÁRIOS PERICIAIS


2.4.7.1. Quando os honorários periciais forem aprovados por decisão
judicial, estes podem ser executados, judicialmente, pelo perito-contador
em conformidade com os dispositivos do Código de Processo Civil em
vigor.

2.4.8. DESPESAS SUPERVENIENTES NA EXECUÇÃO DA PERÍCIA


2.4.8.1. Nos casos em que houver necessidade de desembolso para
despesas supervenientes, tais como viagens e estadas, para a realização
de outras diligências, o perito requererá ao juízo o pagamento das
despesas, apresentando o respectivo orçamento, desde que não estejam
contempladas na proposta inicial de honorários.

MODELO DE PETICÃO DE HONORÁRIOS - PERICIAIS CONTÁBEIS


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ _________DA (especificar a vara)

Aula 08 - Remuneração do Trabalho Pericial


VARA __________ DA ______________(COMARCA, CIRCUNSCRIÇÃO,
SEÇÃO JUDICIÁRIA), (especificar Cidade e Estado)
Processo nº:
Ação:
Autor/Requerente:
Réu/Requerido:
Perito:
................................................, perito-contador (a), habilitado (a) nos termos do
Perícia Contábil

artigo 145 do Código de Processo Civil, conforme certidão do Conselho


Regional de Contabilidade do Estado de (identificar o Estado), cópia
anexa, estabelecido na rua, (especificar o endereço completo do escritório
do perito), tendo sido nomeado nos autos do processo mencionado, vem
à presença de Vossa Excelência apresentar proposta de honorários para a
execução dos trabalhos periciais na forma que segue:

68
Anotações do Aluno

Para elaboração desta proposta foram considerados: a relevância, o vulto,


o risco e a complexidade dos serviços a executar; as horas estimadas para
a realização de cada fase do trabalho; a qualificação do pessoal técnico
que irá participar da execução dos serviços e o prazo fixado. (Acrescentar
os laudos interprofissionais e outros inerentes ao trabalho, se for o caso).

HONORÁRIOS PERICIAIS
CUSTO DA PERÍCIA HORAS TOTAL
ESPECIFICAÇÃO DO TRABALHO PREVISTAS R$/HORA (R$)
Retirada e entrega dos autos
Leitura e interpretação do processo
Planejamento dos trabalhos periciais
Abertura de papéis de trabalho
Elaboração de petições e/ou
correspondências para solicitar
informações e documentos
Realização de diligências e exame de
documentos
Pesquisa e exame de livros e
documentos técnicos
Realização de cálculos, simulações e
análises de resultados

Aula 08 - Remuneração do Trabalho Pericial


Laudos Interprofissionais
Preparação de anexos e montagem do
Laudo
Reuniões com peritos-contadores
assistentes, quando for o caso
Reuniões com as partes e/ou com
terceiros, quando for o caso
Redação do laudo
Perícia Contábil

Revisão final
TOTAL

Os honorários propostos para a realização da perícia levaram em


consideração o valor da hora sugerido pelo (Sindicato, Associação,

69
Anotações do Aluno

Federação, etc.) que é de R$ _________(por extenso), por hora trabalhada,


totalizando R$ ____(por extenso).
É importante comunicar que, do valor acima, haverá ainda a responsabilidade
do perito quanto ao pagamento dos impostos e dos encargos referentes
ao quantum dos honorários periciais.
O valor desta proposta de honorários não remunera o perito para responder
Quesitos Suplementares, art. 425 do Código de Processo Civil, fato que,
ocorrendo, garante ao profissional oferecer nova proposta de honorários
na forma deste documento.
Por último, requer de Vossa Excelência aprovação da presente proposta
de honorários, e na forma dos artigos 19 e 33 do Código de Processo Civil,
determinação do depósito prévio para início da prova pericial.
Termos em que pede Deferimento,
Cidade e data.
Nome completo
Perito Contador CRC .......... nº ................

MODELO DE PETICÃO DE JUNTADA DE LAUDO PERICIAL CONTÁBIL E


PEDIDO DE LEVANTAMENTO DE HONORÁRIOS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ _________DA (especificar a vara)
VARA __________ DA ______________(COMARCA, CIRCUNSCRIÇÃO,
SEÇÃO JUDICIÁRIA), (especificar Cidade e Estado)

Aula 08 - Remuneração do Trabalho Pericial


Processo nº:
Ação:
Autor/Requerente:
Réu/Requerido:
Perito:
........................................., Perito Contador (a), nomeado e qualificado nos autos
acima identificado, vem, respeitosamente, requerer a V.Exa., a juntada
do Laudo Pericial Contábil anexo, que contém (quantidade de folhas e
Perícia Contábil

quantidade dos demais documentos anexos), bem como o levantamento


de seus honorários periciais, previamente depositados (citar número das
folhas).
Termos em que pede Deferimento,
Cidade e data.
Nome completo

70
Anotações do Aluno

Perito Contador CRC .......... nº ................

MODELO DE JUNTADA DE LAUDO TRABALHISTA E PEDIDO DE


ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ TITULAR DA (especificar a Vara)
VARA DO TRABALHO (especificar Cidade e Estado)
Processo Nº:
Reclamante:
Reclamado:
................................................., perito-contador (a), habilitado (a) nos termos do
artigo 145 do Código de Processo Civil, conforme certidão do Conselho
Regional de Contabilidade do Estado (identificar o Estado), cópia anexa,
nomeado nos autos acima identificado, vem, respeitosamente, requerer
a V.Exa., a juntada do Laudo Pericial Contábil anexo, e o arbitramento de
seus honorários, estimados em R$ ........, devidamente atualizados desde a
presente data.
Na oportunidade, apresenta votos de elevada estima e distinta
consideração.
Termos em que pede Deferimento,
Cidade e data.
Nome completo
Perito Contador CRC .......... nº ................

Síntese Aula 08 - Remuneração do Trabalho Pericial


Nesta aula você aprendeu sobre a forma de pagamento aos peritos e aos
assistentes.

Na próxima aula você verá como o perito pode recusar/escusar o trabalho


oferecido.
Perícia Contábil

Não perca!

71
Anotações do Aluno

Referências
ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia Contábil. São Paulo, Atlas, 1996.

BRANDIMILLER, Primo A. Perícia Judicial: em Acidentes e Doenças do


Trabalho. São Paulo, Editora SENAC, 1996.

Notas
1
BRANDIMILLER, Primo A., op. cit., p. 91.
2
ALBERTO, Valder Luiz Palombo, op. cit,. p. 155.

Aula 08 - Remuneração do Trabalho Pericial


Perícia Contábil

72
Anotações do Aluno

Aula Nº 9 – Recusa, Escusa,


Substituição e Penalidade do
Perito
Objetivos da aula:
O objetivo desta aula é informar por quais motivos o Perito e/ou Assistente
pode não executar o trabalho pericial, e apresentar a NBC que trata deste
assunto e fornece os modelos de petição.

Tenha uma ótima aula!

Aula 09 - Recusa, Escusa, Substituição e Penalidade do Perito


1. Recusa, Escusa, Substituição e Penalidade do
Perito
Ainda que a nomeação como perito possa ser considerada uma distinção,
“pode a pessoa indicada ser incompatível com o exercício dessa
função”1. Essa incompatibilidade é estudada, considerando a
“particular posição da pessoa, apontada para perito, em relação às
partes na demanda ou em relação à matéria sobre que trata a perícia”2.
Isso justifica a existência jurídica dos mecanismos de recusa, escusa e
substituição. Considera-se a recusa, em sentido jurídico, a não-aceitação,
a não-admissão ou o não-recebimento de alguma coisa caracterizada
pelo ato da pessoa não querer fazer, não querer aceitar ou não querer dar
alguma coisa. Muitas vezes se confunde recusa com escusa, esta, porém,
Perícia Contábil

caracteriza-se pela soma de razões ou de motivos alegados por alguém


com a finalidade de desobrigar-se do encargo (ou obrigação) que lhe foi
atribuído. A “escusa é tomada em significação mais especial: exprime a
justificativa ou a justificação da recusa, equivale ao próprio motivo, causa
ou razão que possam justificar para que se livre o recusante de qualquer

73
Anotações do Aluno

sanção por não ter aceitado, não ter feito ou não ter cumprido alguma
coisa”3. A substituição, em se tratando de perícia, caracteriza-se pela
nomeação de outro profissional em lugar de um para realizar o que a este
tivesse sido atribuído. A substituição efetua-se após aceita a escusa ou a
recusa do perito nomeado.

Os artigos 134, 135, 138, 146, 423 e 424, do CPC, definem os motivos legítimos
para a escusa do perito em não aceitar o encargo, ou a recusa oferecida
pelas partes (impugnação), bem como os motivos para substituição de um
perito quando na execução de seu trabalho. Em síntese, expõem:
• O perito pode escusar-se do encargo e as partes recusarem
sua nomeação observados os seguintes motivos:
Ø inabilidade na matéria pericial para a qual foi designado;
Ø ser amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
Ø ser parente consangüíneo ou afim de alguma das partes ou de seus
advogados até terceiro grau;
Ø ser particularmente interessado na decisão da causa;

Aula 09 - Recusa, Escusa, Substituição e Penalidade do Perito


Ø ter ele ou qualquer de seus parentes, afins ou consangüíneos
até terceiro grau, interesse direto em transação em que tenha
intervindo ou que esteja para intervir alguma das partes;
Ø ter vínculo de natureza econômica ou financeira (passado ou
presente) com as partes ou mesmo com seus patronos;
Ø ter motivo de força maior, que impossibilite dedicação à perícia ou
sua conclusão no prazo indicado;
Ø ser diretor ou administrador de pessoa jurídica que faça parte da
causa.
• A substituição do perito pode ocorrer:
Ø por carecer de conhecimento técnico ou científico;
Ø se, sem motivo legítimo, ele deixar de cumprir o encargo no prazo
que lhe foi deferido.
Perícia Contábil

Ressalte-se ainda que “a substituição, por falta de conhecimentos


técnicos ou científicos para os trabalhos exigidos pela perícia, dentro
de um raciocínio lógico e coerente, somente poderá ocorrer após a
entrega do laudo pelo perito ou do laudo/crítica pelos assistentes
técnicos, pois será nesses trabalhos que demonstrarão não ter os
necessários e indispensáveis conhecimentos”4.

74
Anotações do Aluno

No cumprimento de suas atribuições, aconselha-se o perito à observância


das penalidades a ele imputadas por força dos artigos 342 e 347 do Código
Penal e dos artigos 147 e 424 do CPC, cujo teor, que tem por finalidade
assegurar a disciplina na condução do trabalho, segue sinteticamente
apresentado:

Ø multa, pelo prejuízo causado na ação, se deixar de cumprir o


encargo no prazo que lhe foi assinalado;
Ø indenização, pelos prejuízos que causar à parte, se, por dolo ou
culpa, prestar informações inverídicas;
Ø inabilitação por dois anos para participar de outras perícias,
considerados os mesmos motivos do item anterior;
Ø sujeição às sanções penais estabelecidas pelo Código Penal;
Ø reclusão de um a três anos e multa, se fizer afirmação falsa, ou
negar, ou calar a verdade, em processo judicial ou administrativo
ou em juízo arbitral, por falsa perícia;
Ø detenção de dois a três anos e multa, se inovar, artificiosamente, na

Aula 09 - Recusa, Escusa, Substituição e Penalidade do Perito


pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar,
de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz, por fraude
processual.

Por fim, “requer-se do perito absoluta lealdade no desempenho de sua


função; mesmo porque, do perito se reclama colaboração de capital
importância na obra de instrução da causa e tal colaboração dele, e não
de outrem, se exige pela confiança que inspira às partes e ao juiz”5.

Preocupado com esses aspectos, o Conselho Federal de Contabilidade


emite resolução 1050/05, que compõe o seguinte:

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas


Perícia Contábil

atribuições legais e regimentais,


CONSIDERANDO que as Normas Brasileiras de Contabilidade e as suas
Interpretações Técnicas constituem corpo de doutrina contábil que
estabelece regras de procedimentos técnicos a serem observadas quando
da realização de trabalhos;
CONSIDERANDO que a constante evolução e a crescente importância da

75
Anotações do Aluno

perícia exigem atualização e aprimoramento das normas endereçadas à


sua regência para manter permanente justaposição e ajustamento entre o
trabalho a ser realizado e o modo ou o processo dessa realização;
CONSIDERANDO que a forma adotada para fazer uso de trabalhos de
instituições com as quais o Conselho Federal de Contabilidade mantém
relações regulares e oficiais está de acordo com as diretrizes constantes
dessas relações;
CONSIDERANDO que o Grupo de Estudo sobre Perícia Contábil e o
Grupo de Trabalho instituído pelo Conselho Federal de Contabilidade
em conjunto com o IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do
Brasil, atendendo ao disposto no art. 3º da Resolução CFC nº 751, de 29
de dezembro de 1993, que recebeu nova redação pela Resolução CFC nº
980, de 24 de outubro de 2003, elaborou a NBC P 2.3 – Impedimento e
Suspeição;
CONSIDERANDO que por se tratar de atribuição que, para o adequado
desempenho, deve ser empreendida pelo Conselho Federal de
Contabilidade em regime de franca, real e aberta cooperação com o Banco

Aula 09 - Recusa, Escusa, Substituição e Penalidade do Perito


Central do Brasil (BCB), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o IBRACON
– Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, o Instituto Nacional de
Seguro Social (INSS), o Ministério da Educação, a Secretaria Federal de
Controle, a Secretaria da Receita Federal, a Secretaria do Tesouro Nacional
e a Superintendência de Seguros Privados,

RESOLVE:
Art. 1º Aprovar a NBC P 2.3 – IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO.
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 2006,
revogando as disposições em contrário, em especial o item 2.4 –
Impedimento da NBC P 2 – Normas Profissionais do Perito, aprovada pela
Resolução CFC nº 857, de 21 de outubro de 1999, publicada no DOU em 29
de outubro de 1999, Seção 1, páginas 46 e 47.
Perícia Contábil

NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE


NBC P 2 – NORMAS PROFISSIONAIS DO PERITO
NBC P 2.3 IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO

76
Anotações do Aluno

2.3.1. CONCEITUAÇÃO E DISPOSIÇÕES GERAIS


2.3.1.1. Esta Norma explicita os conflitos de interesses motivadores dos
impedimentos e das suspeições a que estão sujeitos o perito-contador e o
perito-contador assistente nos termos da legislação vigente e do Código
de Ética Profissional do Contabilista.
2.3.1.2. Perito-contador nomeado é o designado pelo juiz em perícia
contábil judicial; contratado é o que atua em perícia contábil extrajudicial;
e escolhido é o que exerce sua função em perícia contábil arbitral.
2.3.1.3. Perito-contador assistente é o indicado pela parte em perícias
contábeis, em processos judiciais, extrajudiciais e arbitrais.

1.3.2. IMPEDIMENTO
2.3.2.1. São situações fáticas ou circunstanciais que impossibilitam o perito-
contador e o perito-contador assistente de exercerem, regularmente, suas
funções ou realizar atividade pericial em processo judicial, extrajudicial e
arbitral.
2.3.2.2. Quando nomeado em juízo, o perito-contador deve dirigir-lhe

Aula 09 - Recusa, Escusa, Substituição e Penalidade do Perito


petição, no prazo legal, justificando a escusa e o motivo do impedimento.
2.3.2.3. Quando indicado pela parte contratante, não aceitando o encargo,
o perito-contador assistente deve comunicar ao juízo e à parte, por escrito,
a recusa, devidamente justificada.
2.3.2.4. Para que o perito-contador e o perito-contador assistente possam
exercer suas atividades com isenção e sem qualquer interferência de
terceiros, é fator determinante que os mesmos se declarem impedidos,
após nomeados, contratados, escolhidos ou indicados quando ocorrerem
as situações previstas nesta Norma.

1.3.3. IMPEDIMENTO LEGAL


2.3.3.1. O perito-contador, nomeado, contratado ou escolhido deve
se declarar impedido quando não puder exercer suas atividades com
Perícia Contábil

imparcialidade e sem qualquer interferência de terceiros, ocorrendo pelo


menos uma das seguintes situações:
a) for parte do processo;
b) tiver atuado como perito-contador assistente ou prestado depoimento
como testemunha no processo;
c) tiver cônjuge ou parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta ou

77
Anotações do Aluno

em linha colateral até o terceiro grau, postulando no processo;


d) tiver interesse, direto ou indireto, mediato ou imediato, por si, por seu
cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou em linha
colateral até o terceiro grau, no resultado do trabalho pericial;
e) exercer cargo ou função incompatível com a atividade de perito-
contador, em função de impedimentos legais ou estatutários;
f) receber dádivas de interessados no processo;
g) subministrar meios para atender às despesas do litígio; e
h) receber quaisquer valores e benefícios, bens ou coisas sem autorização
ou conhecimento do juízo.

2.3.4. IMPEDIMENTO TÉCNICO


2.3.4.1. O impedimento por motivos técnicos a ser declarado pelo perito-
contador ou pelo perito-contador assistente decorre da autonomia e
da independência que ambos devem possuir para ter condições de
desenvolver de forma isenta o seu trabalho. São motivos de impedimento
técnico:

Aula 09 - Recusa, Escusa, Substituição e Penalidade do Perito


a) a matéria em litígio não ser de sua especialidade;
b) constatar que os recursos humanos e materiais de sua estrutura
profissional não permitem assumir o encargo; cumprir os prazos nos
trabalhos em que o perito-contador for nomeado, contratado ou escolhido;
ou em que o perito-contador assistente for indicado;
c) ter o perito-contador assistente atuado para a outra parte litigante na
condição de consultor técnico ou contador responsável, direto ou indireto
em atividade contábil ou em processo no qual o objeto de perícia seja
semelhante àquele da discussão.

2.3.5. SUSPEIÇÃO
2.3.5.1. O perito-contador pode declarar-se suspeito quando, após
nomeado, contratado ou escolhido verificar a ocorrência de situações
Perícia Contábil

que venham suscitar suspeição em função da sua imparcialidade ou


independência e, desta maneira, comprometer o resultado do seu trabalho
em relação à decisão.
2.3.5.2. Os casos de suspeição aos quais está sujeito o perito-contador são
os seguintes:
a) ser amigo íntimo de qualquer das partes;

78
Anotações do Aluno

b) ser inimigo capital de qualquer das partes;


c) ser devedor ou credor de qualquer das partes, dos seus cônjuges, de
parentes destes em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau;
d) ser herdeiro presuntivo ou donatário de alguma das partes ou dos seus
cônjuges;
e) ser empregador de alguma das partes;
f) aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litígio acerca do objeto
da discussão;
g) houver qualquer interesse no julgamento da causa em favor de alguma
das partes; e
h) declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, ficando isento, neste
caso, de declinar os motivos.

2.3.6. MODELOS
2.3.6.1. Abaixo são apresentados modelos de declaração de situações
de impedimento e suspeição para serem utilizados para comunicação
da escusa antes da nomeação ou da renúncia após nomeação ou

Aula 09 - Recusa, Escusa, Substituição e Penalidade do Perito


contratação.

MODELO N° 01 - ESCUSA EM PERÍCIA JUDICIAL


(IMPEDIMENTO – PERITO-CONTADOR)

Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) ............................

Autor:
Réu:
Ação:
Processo n°:
............................., Contador(a) registrado(a) no CRC ........, na condição de
perito-contador nomeado no processo acima referido, vem à presença de
Perícia Contábil

Vossa Excelência comunicar, nos termos do art. ....... do Código de Processo


Civil (citar n° do item do Impedimento Legal, Técnico ou Suspeição) e da
Norma Brasileira de Contabilidade NBC P 2.3 – Impedimento e Suspeição,
do Conselho Federal de Contabilidade, o seu impedimento para a produção
da prova pericial contábil, pelos motivos esclarecidos a seguir:

79
Anotações do Aluno

Obs.: Tais motivos são somente aqueles insertos no art. .......... do CPC e
nos itens do Impedimento Legal ou Impedimento Técnico da NBC P 2.3
– Impedimento e Suspeição.

Termos em que pede deferimento.

......................, de ............... de .........

Nome do perito-contador
Registro no CRC

MODELO N° 02 - RENÚNCIA EM PERÍCIA ARBITRAL


(IMPEDIMENTO PERITO-CONTADOR)

Senhor(a) Presidente(a) da Câmara.............. ou do Tribunal


Arbitral...........................

Aula 09 - Recusa, Escusa, Substituição e Penalidade do Perito


Requerente:
Requerido:
Ação:
Processo n°:
............................., Contador(a) registrado(a) no CRC ........, na condição de
Perito-Contador escolhido no processo acima referido, vem à presença
dessa Egrégia Câmara ou Egrégio Tribunal comunicar nos termos do item
....... (citar n° do item do Impedimento Legal, Técnico ou Suspeição), da NBC
P 2.3 – Impedimento e Suspeição, do Conselho Federal de Contabilidade,
o seu impedimento para a produção da prova pericial contábil pelos
motivos esclarecidos a seguir:

Obs.: Tais motivos são somente aqueles insertos nos itens do Impedimento
Perícia Contábil

Legal ou Impedimento Técnico, da NBC P 2.3 – Impedimento e Suspeição.

Certo da sua compreensão agradeço antecipadamente.


......................, de ............... de .........
Nome do perito-contador
Registro no CRC

80
Anotações do Aluno

MODELO N° 03 - RENÚNCIA EM PERÍCIA EXTRAJUDICIAL


(IMPEDIMENTO PERITO-CONTADOR)

Senhor(a)...............................
(Ou endereçado a empresa)

Assunto:
Referência:

............................., Contador(a) registrado(a) no CRC ........, na condição


de perito-contador contratado para execução da perícia .....................,
vem pela presente comunicar, nos termos do item (citar n° do item do
Impedimento Legal, Técnico ou Suspeição) da NBC P 2.3 – Impedimento
e Suspeição, do Conselho Federal de Contabilidade, o seu impedimento
no desenvolvimento do trabalho pericial contratado (citar o assunto ou
referência) pelos motivos esclarecidos a seguir:

Aula 09 - Recusa, Escusa, Substituição e Penalidade do Perito


Obs.: Tais motivos são somente aqueles insertos nos itens do Impedimento
Legal ou Impedimento Técnico, da NBC P 2.3 – Impedimento e Suspeição.

Certo da sua compreensão agradeço antecipadamente.


......................, de ............... de .........

Nome do perito-contador
Registro no CRC

MODELO N° 04 – RENÚNCIA À INDICAÇÃO EM PERÍCIA JUDICIAL


(IMPEDIMENTO PERITO-CONTADOR ASSISTENTE)

Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) ............................


Perícia Contábil

Autor:
Réu:
Ação:
Processo n°:

............................., Contador(a) registrado(a) no CRC ........, na condição de

81
Anotações do Aluno

perito-contador assistente indicado pela parte (requerente ou requerido)


no processo acima referido, vem à presença de Vossa Excelência comunicar,
nos termos da Norma Brasileira de Contabilidade NBC P 2.3 – Impedimento
e Suspeição, do Conselho Federal de Contabilidade, o seu impedimento
na assistência da produção da prova pericial contábil, pelos motivos
esclarecidos a seguir:

Obs.: Tais motivos são somente aqueles insertos no item Impedimento


Técnico da NBC P 2.3 – Impedimento e Suspeição.

Termos em que pede deferimento.


......................, de ............... de .........

Nome do perito-contador
Registro no CRC

MODELO N° 05 – RENÚNCIA À INDICAÇÃO EM PERÍCIA ARBITRAL

Aula 09 - Recusa, Escusa, Substituição e Penalidade do Perito


(IMPEDIMENTO PERITO-CONTADOR ASSISTENTE)

Senhor(a) Presidente(a) da Câmara .................. ou do Tribunal


Arbitral...........................

Requerente
Requerido:
Ação:
Processo n°
............................., Contador(a) registrado(a) no CRC ........, na condição de
perito-contador assistente indicado pela parte (requerente ou requerido)
no processo acima referido, vem à presença dessa Egrégia Câmara ou
Egrégio Tribunal, comunicar nos termos do item ....... (citar n° do item do
Perícia Contábil

Impedimento Legal ou Impedimento Técnico), da NBC P 2.3 – Impedimento


e Suspeição, do Conselho Federal de Contabilidade, o seu impedimento
na assistência da produção da prova pericial contábil, cuja participação foi
homologada por esse Juízo Arbitral pelos motivos esclarecidos a seguir:

Obs.: Tais motivos são somente aqueles insertos nos itens do Impedimento

82
Anotações do Aluno

Legal ou Impedimento Técnico, da NBC P 2.3 – Impedimento e Suspeição.

Certo da sua compreensão agradeço antecipadamente.


......................, de ............... de .........
Nome do perito-contador
Registro no CRC

MODELO N° 06 – RENÚNCIA EM ASSISTÊNCIA EM PERÍCIA


EXTRAJUDICIAL
(IMPEDIMENTO PERITO-CONTADOR ASSISTENTE)

Senhor(a)...............................
(Ou endereçado a empresa)

Assunto:
Referência:

Aula 09 - Recusa, Escusa, Substituição e Penalidade do Perito


............................., Contador(a) registrado(a) no CRC ........, na condição de
perito-contador assistente, indicado pela parte (requerente ou requerida)
no processo acima referido vem pela presente comunicar, nos termos do
item (citar n° do item do Impedimento Legal ou Impedimento Técnico)
da NBC P 2.3 – Impedimento e Suspeição, do Conselho Federal de
Contabilidade, o seu impedimento na assistência da produção da prova
pericial contábil pelos motivos esclarecidos a seguir:

Obs.: Tais motivos são somente aqueles insertos nos itens do Impedimento
Legal ou Impedimento Técnico, da NBC P 2.3 – Impedimento e Suspeição.

Certo da sua compreensão agradeço antecipadamente.


......................, de ............... de .........
Perícia Contábil

Nome do perito-contador
Registro no CRC

83
Anotações do Aluno

Síntese
Nesta aula você aprendeu os motivos pelo qual o perito e/ou assistente
pode não executar o trabalho e tomou conhecimento dos modelos de
petição oferecidos na NBC.

Na próxima aula você irá conhecer a cronologia da perícia.

Não perca!

Referências
MONTEIRO, Samuel. Da Prova Pericial. 1ª ed., São Paulo, Edições
Aduaneiras, 1985, vols. I e II, pp. 279-80.

SANTOS, Moacyr Amaral. Prova Judiciária no Civil e Comercial. 2ª ed.,

Aula 09 - Recusa, Escusa, Substituição e Penalidade do Perito


São Paulo, Max Limonad, 1955.

SILVA, De Plácido e. Dicionário Jurídico. 15ª ed., Rio de Janeiro, Editora


Forense, 1999.

Notas
1
SANTOS, Moacyr Amaral, op. cit., p. 70.
2
Id., ib., p. 71.
3
SILVA, De Plácido e. Dicionário Jurídico. 15ª ed., Rio de Janeiro, Editora
Forense, 1999, p. 665.
4
MONTEIRO, Samuel, op. cit., p. 343.
5
SANTOS, Moacyr Amaral, op. cit., p. 98.
Perícia Contábil

84
Anotações do Aluno

Aula Nº 10 – Breve Descrição da


Cronologia Pericial
Objetivos da aula:
O trabalho pericial é a identificação de uma sucessão ininterrupta de
eventos que permitirá a fixação de bases de mensuração de cada ação
de controle humano ou por instrumentos tecnológicos e de previsão de
comportamentos de controle de gestão.

O objetivo desta aula é detalhar as ações humanas, materiais empregados


e os profissionais requeridos para o desenvolvimento das sequências do
trabalho pericial.

1. Cronologia da Perícia
A perícia é regulamentada pelo capítulo 2 do Código de Processo Penal

Aula 10 - Breve Descrição da Cronologia Pericial


nos artigos 158 e 184, quando o fato em questão for pertinente à área
criminal, e do artigo 420 ao 440, do Código de Processo Civil, quando a
pendência tratar de aspectos civis e versar sobre o patrimônio das pessoas
físicas ou jurídicas e suas mutações.

O trabalho pericial começa quando, ao verificar sua necessidade, o


magistrado admite ou requer a produção da prova pericial contábil e, por
conseqüência, nomeia o perito-contador, passível de substituição. Após a
nomeação do perito, o juiz concederá prazo de dez dias para manifestação
das partes e apresentação dos quesitos (CPC, artigo 422) e cinco dias para
Perícia Contábil

indicação de assistentes técnicos das partes (CPC, artigo 421 § 1º). Decorrido
o prazo, o perito tomará conhecimento de sua nomeação por meio de
intimação1, pela qual é convocado a inteirar-se da matéria pericial que lhe
é incumbida. É nesse momento que se inicia o efetivo envolvimento do
perito com determinado processo pericial.

85
Anotações do Aluno

Ao tomar conhecimento de sua nomeação, o perito deve retirar em


carga os autos do processo para estudo, sendo responsável por seu zelo.
Em seguida, deve apresentar a proposta de honorários provisórios, feita
mediante petição própria protocolada em cartório. Uma vez formalizada
a petição, o juiz abrirá vistas às partes para expressarem-se sobre os
honorários, concordando ou não com seu valor. Ocorrendo discordância,
o juiz solicitará a manifestação do perito sobre as alegações, após o que
poderá decidir se o substitui ou se simplesmente arbitrará o valor, cabendo
ao perito aceitar ou desistir de realizar o trabalho. Caso haja concordância,
o juiz despachará a petição concedendo às partes o prazo para depósito.

Apesar da freqüente ocorrência dos procedimentos relatados, em muitas


ações judiciais o juiz poderá fixar o valor dos honorários sob a forma de
honorários provisórios, determinando seu depósito, para saque mediante
entrega do laudo e intimar o perito à realização da perícia. Tão logo tenha
seus honorários depositados, o perito retirará os autos do cartório, em
carga, no livro apropriado em poder de funcionário indicado para o mister.
De posse dos autos, o perito deverá iniciar seu trabalho.

Na figura 1 demonstramos, resumidamente, a cronologia dos eventos,


anteriormente comentados, que levam à prova pericial, tomando por base

Aula 10 - Breve Descrição da Cronologia Pericial


o CPC. Este capítulo abordará, no entanto, apenas a parte em destaque
referente ao trabalho pericial. Perícia Contábil

86
Anotações do Aluno

Figura 1 – Diagrama da prova pericial contábil no CPC

Aula 10 - Breve Descrição da Cronologia Pericial


Perícia Contábil

87
Anotações do Aluno

2. A Realização do Serviço Pericial Contábil


A realização da perícia contábil vista como prestação de serviço caracteriza-
se por ser trabalho pericial executado por profissional hábil e competente
que tem como usuário final a Justiça, representada pela pessoa física
do juiz, o qual, por sua vez, representa o tomador de decisão, que se
consubstancia na sentença. O produto resultante desse serviço denomina-
se laudo pericial contábil.

A prestação de um serviço, segundo Las Casas, “é o resultado da soma


de todos os momentos da verdade de um cliente com a empresa”2,
esses momentos representam o contato do usuário com o prestador de
serviços. Albrecht menciona que, ao ser solicitado, um serviço segue
uma “seqüência de momentos da verdade, os quais somam juntos uma
sensação geral dos serviços ou um ciclo de serviços”3. Nesse sentido, o
laudo pericial contábil é resultante de um ciclo de serviço pericial ativado
cada vez que a perícia contábil é solicitada, o qual procuramos demonstrar
na figura a seguir, que expressa as etapas principais do serviço.

Aula 10 - Breve Descrição da Cronologia Pericial


Perícia Contábil

Figura 2 - Modelo de ciclo de serviço pericial

88
Anotações do Aluno

De maneira genérica, a realização dos trabalhos periciais considera as


etapas denominadas preliminar e execução.

A preliminar corresponde ao momento em que o perito toma


conhecimento de sua nomeação e retira os autos para análise. Nessa
etapa, o perito irá conhecer a ação judicial mediante leitura dos autos,
determinar os objetivos estabelecidos por meio de exame minucioso dos
autos, preparar o planejamento identificando a metodologia e os recursos
necessários e formalizar o pedido de honorários, emitindo o requerimento
ao juiz.

A etapa de execução corresponde àquela em que, depois de nomeado


e definidos os honorários, tendo-os inclusive depositado, o perito retira
os autos e realiza seu trabalho. Essa etapa engloba a aplicação dos
procedimentos para a coleta de dados necessários à composição do laudo,
à sua elaboração e a sua entrega. Os procedimentos para a coleta de dados
objetivam examinar de forma crítica os fatos, aplicando o conhecimento
técnico do perito, organizando-os de maneira coerente e, por fim, narrando
apenas os que tenham relevância para o alcance do objetivo. A elaboração
do laudo pericial observará a redação de forma clara, objetiva e coerente e
a revisão para corrigir eventuais pontos conflitantes ou falhos, culminando

Aula 10 - Breve Descrição da Cronologia Pericial


com a sua entrega.

Cabe ressaltar que esse momento ainda não significa o encerramento do


trabalho pericial, visto que o resultado da perícia será colocado à disposição
dos litigantes, para manifestação das informações colhidas e fornecidas ao
juízo pelo perito. Nessa oportunidade é que surge o parecer conceituado de
peça técnica, elaborada pelos assistentes técnicos contratados pelas partes,
também conhecido como laudo divergente. Ocorrendo a não-aprovação
do laudo, poderá surgir a necessidade de realização de nova perícia pelo
Perícia Contábil

mesmo perito ou por outrem. Sob esse aspecto, Santos menciona que “o
laudo pericial contém material sujeito à crítica e apreciação do juiz,
não possuindo força para obrigá-lo a aceitar como indiscutíveis os
fatos nele relatados ou como verdades as suas conclusões”4.

89
Anotações do Aluno

Durante a realização dos trabalhos periciais, havendo indicação de


assistentes técnicos, convém que acompanhem os procedimentos
adotados, com a finalidade de preservar a imparcialidade e reforçar
ou contradizer as conclusões da perícia judicial.

Síntese
Nesta aula você conheceu a cronologia da perícia e suas características
intrínsecas.

Na próxima aula você irá conhecer o planejamento e os procedimentos


do trabalho pericial.

Não falte!

Referências
ALBRECHT, Karl. Serviços Internos: como Resolver a Crise de Liderança do
Gerenciamento de Nível Médio. A.T. Carneiro (trad.), São Paulo, Pioneira,
1994.

Aula 10 - Breve Descrição da Cronologia Pericial


LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Qualidade Total em Serviços: Conceitos,
Exercícios e Casos Práticos. São Paulo, Atlas, 1994.

SANTOS, Moacyr Amaral. Prova Judiciária no Civil e Comercial. 2ª ed.,


São Paulo, Max Limonad, 1955.
Perícia Contábil

90
Anotações do Aluno

Notas
1
Ato processual que tem por fim levar ao conhecimento de certa pessoa o
ato judicial ali praticado.
2
LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Qualidade Total em Serviços: Conceitos,
Exercícios e Casos Práticos. São Paulo, Atlas, 1994, p. 25.
3
ALBRECHT, Karl. Serviços Internos: como Resolver a Crise de Liderança do
Gerenciamento de Nível Médio. A.T. Carneiro (trad.), São Paulo, Pioneira,
1994, p. 13.
4
SANTOS, Moacyr Amaral, op. cit., p. 40.

Aula 10 - Breve Descrição da Cronologia Pericial


Perícia Contábil

91
Anotações do Aluno

Aula Nº 11 – Planejamento e
Procedimento do Trabalho
Pericial
Objetivos da aula:
O trabalho pericial é a identificação de uma sucessão ininterrupta de
eventos que permitirá a fixação de bases de mensuração de cada ação
de controle humano ou por instrumentos tecnológicos e de previsão de
comportamentos de controle de gestão.

O objetivo desta aula é detalhar as ações humanas, materiais empregados


e os profissionais requeridos para o desenvolvimento das sequências do

Aula 11 - Planejamento e Procedimento do Trabalho Pericial


trabalho pericial.

1. Planejamento e Procedimento do Trabalho Pericial


Ao planejar o trabalho pericial, é necessário ter clara compreensão dos
objetivos a serem atingidos. O planejamento do trabalho tem por finalidade
conhecer as diversas alternativas que possam levar à concretização dos
objetivos. O planejamento do trabalho pericial, de modo análogo à
auditoria, deve considerar:

a) O conhecimento intrínseco da perícia, que abrange: as


características importantes contidas nos autos do processo, em
Perícia Contábil

que constam o direito reclamado e seus argumentos; os fatos


alegados; a evidenciação das informações necessárias para dirimir
a dúvida e o conhecimento da finalidade da perícia requerida. O
domínio dessas informações permite observar a abrangência
do trabalho a ser executado.

92
Anotações do Aluno

b) A compreensão dos fatos alegados, que abrange: as ocorrências


que envolvem o pedido da perícia e sua interligação com os fatos
constantes dos autos, o uso do conhecimento de matéria técnica
para estabelecer os procedimentos adequados, as diretrizes
orientadoras oferecidas pelos quesitos constantes dos autos,
indagação da origem das questões e a apreciação crítica das
proposições e da matéria sobre a qual recai, isoladamente e em
conjunto. Essa compreensão dos fatos tem a finalidade de
avaliar a capacidade da produção de informações.

c) Risco e importância relativa, que inclui: a identificação


da impossibilidade de positivar coisas e fatos observados, o
estabelecimento de níveis de importância relativa1 para os
propósitos da perícia, a possibilidade do fornecimento de
informações equivocadas e a identificação da relatividade ou
possibilidade de obtenção dos dados. O risco relativo de uma perícia
é a possibilidade de avaliar como verídica uma falácia, ou aceitar a

Aula 11 - Planejamento e Procedimento do Trabalho Pericial


tarefa como viável estando impedido de realizá-la em função da
precariedade da fonte. A análise do risco dará ao perito a visão
da profundidade a ser aplicada em seu trabalho e da própria
possibilidade de realizá-lo.

d) Natureza, tempo e alcance dos procedimentos, que devem


considerar: a possível mudança nos direcionamentos da pesquisa, em
função dos sistemas contábeis encontrados particularmente, porém
não exclusivamente, face ao sistema contábil computadorizado;
possíveis acontecimentos inesperados no decorrer da execução do
trabalho; a época de ocorrência dos fatos; acessibilidade aos dados
e à legislação aplicável. Essas informações permitem avaliar o
tempo e os recursos a serem alocados.
Perícia Contábil

e) Coordenação, direção, supervisão e revisão, que abrangem: o


envolvimento dos assistentes técnicos contratados pela(s) parte(s),
a necessidade da utilização de recursos, sejam eles humanos ou
materiais, e a necessidade de outros profissionais especializados.
Essas informações permitem considerar como proceder durante
a execução de suas tarefas.

93
Anotações do Aluno

O planejamento elaborado, aliado aos métodos e recursos disponibilizados,


determina os procedimentos utilizados pela perícia no desempenho de
sua função. Nesse sentido, o trabalho pericial é garantido pelo artigo 429
do CPC, que estabelece o perito poder e dever utilizar-se de todos os meios
técnicos necessários e disponíveis à solução técnica de seu trabalho.
Nesse sentido, em 2005 o CFC publicou como anexo NBC T 13.2 o seguinte
modelo de planejamento:

MODELO DE PLANEJAMENTO PARA PERÍCIA JUDICIAL

TEMPO PRAZO
ITEM

ATIVIDADE AÇÕES
ESTIMADO REAL ESTIMADO REAL

Após receber
a intimação do
Carga ou
Juiz, quando for
1 Recebimento h h
o caso, retirar
do Processo
o Processo do
Cartório/Vara.

Aula 11 - Planejamento e Procedimento do Trabalho Pericial


Conhecer os
detalhes acerca
do objeto
Leitura do
2 da perícia, h h
Processo
realizando a
leitura e o estudo
dos autos.
Perícia Contábil

94
Anotações do Aluno

Após estudo e
análise dos autos,
constatando-
se que há
impedimento,
não havendo
interesse do
Perito ou h h
Aceitação ou não não estando
3 habilitado
da Perícia
para fazer a
perícia, devolver
o Processo
justificando o
motivo da escusa.
Aceitando o
encargo da
h h
perícia, proceder
ao planejamento.
Basedo na
relevância, no
vulto, no risco e
na complexidade
dos serviços,
entre outros,

Aula 11 - Planejamento e Procedimento do Trabalho Pericial


estimar as horas
para cada fase
do trabalho,
Proposta de
4 considerando h h
Honorários
a qualificação
do pessoal que
participará dos
serviços, o prazo
para entrega
dos trabalhos
e a confecção
de laudos
interprofissionais.
Uma vez aceita a
participação do
Perito-Contador
Assistentes
5 Assistente ajustar h h
Técnicos
a forma de acesso
Perícia Contábil

do mesmo aos
trabalhos.

95
Anotações do Aluno

Com base no
conteúdo do
processo e nos
6 Diligências quesitos, preparar h h
o(s) Termo(s)
de Diligência(s)
necessários.
Programar as
7 Viagens viagens quando h h
necessárias.
Com base no
conteúdo do
processo, definir
Pesquisa de as pesquisas,
8 h h
Legislação os estudos
e o catálogo
da legislação
pertinente.
Exame de
documentos
h h
pertinentes à
perícia.
Exame de livros
contábeis, fiscais,
h h
societários e
outros.

Aula 11 - Planejamento e Procedimento do Trabalho Pericial


Análises
contábeis a h h
serem realizadas.
Entrevistas,
vistorias,
indagações,
h h
Programa de investigações,
9
Trabalho informações
necessárias.
Laudos
interprofissionais
h h
e pareceres
técnicos.
Cálculos,
arbitramentos,
mensurações
h h
e avaliações
a serem
elaborados.
Perícia Contábil

Preparação e
redação do laudo h h
pericial.

96
Anotações do Aluno

Proceder à
revisão final
do laudo para
verificar eventuais
correções, bem
como verificar
10 Revisões Técnicas h h
se todos os
anexos citados
no laudo estão
na ordem lógica
e corretamente
enumerados.
Diante da
expectativa de
não concluir o
Prazo laudo no prazo
11 h h
Suplementar determinado pelo
juiz, requerer por
petição prazo
suplementar.
Devolver os autos
do processo
e peticionar
requerendo a
juntada do laudo

Aula 11 - Planejamento e Procedimento do Trabalho Pericial


e levantamento
ou arbitramento
dos honorários.
Havendo
necessidade
de Prazo
Entrega do Laudo Suplementar,
12 h h
Pericial Contábil. em função da
não- execução da
Perícia no prazo
inicialmente
estipulado,
solicitar Prazo
Suplementar
antes do
vencimento do
primeiro prazo
Perícia Contábil

e replanejar os
trabalhos.

Em se tratando de perícia, a diversificação dificulta um plano-padrão


de ação que compreenda toda a extensão do trabalho. Não obstante a
concepção de procedimentos-padrão, com base em um planejamento

97
Anotações do Aluno

habilmente elaborado é possível conduzir e facilitar as ações a serem


tomadas. Os procedimentos nos trabalhos periciais serão adequados
a cada caso, considerando o alcance e a profundidade necessários à
obtenção de informações relacionadas com o fato investigado.

Genericamente, os procedimentos de perícia podem ser classificados


em dois grandes grupos, já mencionados, a saber:

a) narração dos fatos, que poderão ou deverão, conforme o caso, ser


constatados pelo perito, por determinação de sua própria função;
b) a análise do perito, que, tendo em vista seu conhecimento técnico
ou científico, será elaborada sobre fatos por ele mesmo constatados
ou não, conforme a hipótese.

As NBC T 13 consideram como procedimento o exame, a vistoria, a


indagação, a investigação, o arbitramento, a mensuração, a avaliação e a
certificação e expõe:

Aula 11 - Planejamento e Procedimento do Trabalho Pericial


13.4.1.1 - O exame é a análise de livros, registros e documentos;
13.4.1.2 - A vistoria é a diligência que objetiva a verificação, a constatação
de situação, coisa ou fato, de forma circunstancial;
13.4.1.3 - A indagação é a busca das informações mediante entrevista com
conhecedores do objeto da perícia;
13.4.1.4 - A investigação é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial
contábil ou ao parecer pericial contábil o que está oculto por quaisquer
circunstâncias;
13.4.1.5 - O arbitramento é a determinação de valores ou solução de
controvérsia por critério técnico visando à apuração e à determinação de
valores;
13.4.1.6 - A mensuração é o ato de quantificação de coisas, bens, direitos e
Perícia Contábil

obrigações;
13.4.1.7 - A avaliação é o ato de estabelecer valor de coisas, bens, direitos,
obrigações, despesas e receitas;
13.4.1.8 – A certificação é a informação trazida ao laudo pericial contábil
pelo perito-contador, conferindo-lhe caráter de autenticidade pela fé
pública atribuída a esse profissional.

98
Anotações do Aluno

Ressalte-se que para propiciar melhor orientação aos peritos, o CFC


instituiu um grupo de trabalho responsável pelo estudo e conseqüente
interpretação técnica2 das normas, visando ao seu detalhamento.

Os procedimentos utilizados em cada perícia respeitarão os limites


da matéria a examinar e dependerão do objeto e do objetivo a serem
alcançados em cada atribuição recebida. A seguir, apresentam-se
explanados os procedimentos estabelecidos pelas NBC T 13, levando-se
em conta as definições obtidas em vocabulário jurídico3

O exame é a observação utilizada como meio para diagnosticar o fato, sua


veracidade e seu efeito relacionado aos autos. A análise é a aplicação do
conhecimento técnico às observações, tendo-se como decorrência que,
ao aplicar o procedimento de exame, o perito vincula seus conhecimentos
técnicos, ou seja, ao observar o fato, o perito tem deste uma visão crítica
intrinsecamente ligada ao seu conhecimento técnico. O exame, no sentido
próprio do trabalho pericial, é a inspeção determinada judicialmente para

Aula 11 - Planejamento e Procedimento do Trabalho Pericial


a verificação de quaisquer circunstâncias ou fatos alegados por uma das
partes, cuja veracidade não pode ser comprovada sem ser pela habilidade
e pela perícia de um terceiro, que, por seus conhecimentos técnicos, chega
à conclusão da verdade.

O procedimento mais conhecido e aplicado nos trabalhos periciais é a


diligência, referência que é dada ao trabalho de campo realizado quando
necessário à apuração de informações. O termo diligência origina-se do
latim diligentia e quer dizer cuidado, empenho, exatidão. A diligência
exprime a prudência adotada na execução de todos os atos jurídicos, mas,
na terminologia forense, significa todo o ato (ou solenidade) promovido
por ordem do juiz, a pedido da parte ou ex-officio, para que se cumpra
uma exigência processual ou para que se investigue a respeito da própria
Perícia Contábil

questão ajuizada. Nesse último aspecto, confunde-se o vocábulo com a


própria incumbência na prática do ato ou realização do negócio jurídico.
Considerando, porém, diligência no sentido de sindicância em meio à
pesquisa para elucidar questão determinada pelo juiz, essa realiza-se sob
assistência dele, das partes e dos técnicos ou pessoas convocadas para sua
composição. As diligências processuais classificam-se em duas espécies:

99
Anotações do Aluno

a) diligências entendidas como formalidades ou medidas de


ordem processual, ordenadas para o andamento do processo;
b) diligências probatórias, indispensáveis ao esclarecimento do
litígio e da própria instrução do processo.

Surge, diante do exposto, a inferência de que diligência, na abordagem


de trabalho pericial, consiste em todo ato que se mostre indispensável à
evidência da verdade de um ou de vários fatos alegados pelos litigantes
ou pelas partes contratantes. Tais atos podem implicar em trabalho de
campo, o que torna necessária a formalização de sua intenção por meio
do Termo de Diligência. O Termo de Diligência deve conter no mínimo os
seguintes elementos: identificação do processo (número, tipo e o juízo em
que tramita), identificação das partes envolvidas, identificação do perito
contábil, indicação detalhada dos documentos necessários, local, data e
assinatura. Esse termo também oferece salvaguarda ao perito no tocante
à integridade da intenção de seu trabalho.

Vistoria é a verificação ou inspeção ocular procedida em alguma coisa

Aula 11 - Planejamento e Procedimento do Trabalho Pericial


com finalidade de verificar sua existência, sua realidade ou o estado em
que se encontra. Sob esse aspecto, na técnica jurídica, a vistoria importa
numa descrição da coisa, em determinado momento ou no ato em que é
examinada, com intuitos probatórios, realizada por peritos ou por pessoas
capacitadas para tanto. De modo pertinente, D’Áurea, ao apresentar o
esquema funcional da técnica pericial sob o enfoque de identificação,
comenta que a vistoria “se manifesta na procura dos elementos,
sua apreciação, descrição e indicação dos efeitos e resultados”4.
De maneira abreviada, a vistoria pode ser definida como a averiguação
de fatos, objetos da perícia, que tenham relação com a controvérsia
estabelecida nos autos.
Perícia Contábil

A indagação, enquanto procedimento, é a aquisição de informação


minuciosa que se toma a respeito de fatos controvertidos constantes da
lide obtidos por meio de diligência.

A investigação, entendida como pesquisa, é procedimento constituído de


vários atos que consiste em esclarecer o que está obscuro ou em descobrir

100
Anotações do Aluno

o que está escondido. D’Áurea cita que “há uma investigação normal, mais
próxima da técnica pericial, pela qual se procura o desconhecido para
justificar ou documentar o conhecido, e há uma investigação anormal,
produzida por fatos também anormais. Nesta última, o perito tem que
aguçar suas faculdades detectivas, expondo à luz solar, em forma positiva,
aquilo que está oculto e, quase sempre, arteiramente ”5

Arbitramento, em linguagem jurídica, expressa o procedimento que se


promove no sentido de apreciar o valor de determinados fatos ou coisas
de que não se têm elementos certos de avaliação. É a determinação do
valor pela verificação dos fatos, que tem força para firmá-los. Sob esse
aspecto, o procedimento de arbitramento encontra perfeita afinidade
no trabalho pericial, pois, não raras vezes se faz necessário que o perito
estabeleça valores.

Avaliação tem por finalidade determinar o justo preço, dentro do qual


se compreende o valor atribuído em face da utilidade. É o procedimento
pericial que identifica o valor correto de coisas, bens, direitos, obrigações,

Aula 11 - Planejamento e Procedimento do Trabalho Pericial


despesas e receitas.

Cabe ressaltar que a avaliação se distingue do arbitramento na razão


em que a primeira procura o valor correto e o segundo a estimativa
de valor considerando situações que devam ser apreciadas
economicamente. Na avaliação busca-se, procura-se o justo preço; no
arbitramento, a equivalência pecuniária. Embora se assemelhem, têm
claramente sentido diverso, pois na avaliação as coisas estão sempre
presentes, mas no arbitramento os fatos serão pesquisados.

Certificação, em Direito Civil, é o ato que se limita a reconhecer e declarar


a existência de certo fato ou certo direito. O ato de certificar implica no
Perícia Contábil

reconhecimento seguro de um fato, ou seja, é o atestado oferecido a um


fato. Certificar tanto significa dar certidão como fornecer certificado e, nesse
sentido, juridicamente, pode ser cópia exata ou relato de fato ocorrido do
qual se tem conhecimento ou se foi testemunha. A certificação oferecida
no trabalho pericial tem característica de autenticidade conferida ao fato
pelo perito em função de fé pública6 que lhe é atribuída. Para D’Áurea7, o

101
Anotações do Aluno

perito empresta cunho de autenticidade ao oferecer a reprodução exata


da coisa examinada ou a narrativa fidedigna daquilo a que essa coisa se
refere.

A extensão desses procedimentos será tal e qual a necessidade de


obtenção de informações seguras que garantam atingir a missão. Uma
vez apuradas tais informações, devem ser reportadas por meio do laudo
pericial contábil.

Síntese
Nesta aula você aprendeu como desenvolver e executar o trabalho
pericial.

Na próxima aula você tomará conhecimento sobre o procedimento


Diligência.

Aula 11 - Planejamento e Procedimento do Trabalho Pericial


Não falte!

Referências
D’ÁUREA, Francisco – Revisão e Perícia Contábil – Parte Teórica, São
Paulo, Companhia Editora Nacional, 3ª edição,1962.

SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 15ª ed., Rio de janeiro, Editora


Forense, 1999.
Perícia Contábil

102
Anotações do Aluno

Notas
1
A informação é de importância relativa se sua omissão ou representação
errônea influir na decisão do juiz tomada com base no laudo.
2
Até outubro de 1999, quando se encerravam os estudos para esta
dissertação, a interpretação técnica ainda não havia sido publicada.
3
São apresentadas durante a explanação dos procedimentos algumas
considerações oriundas de: SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. Rio de
Janeiro, Editora Forense, 1999; PRATA, Ana. Dicionário Jurídico. 3ª ed., São
Paulo, Editora Livraria dos Advogados, 1995.
4
D’ÁUREA, Francisco, op. cit., p. 175.
5
Id., ib., p. 175.
6
Fé pública é a confiança que se deve ter a respeito dos documentos
emanados de autoridades públicas ou de serventuários da Justiça, em virtude
da função ou do ofício exercido. Assim, ao perito contábil é atribuída a fé
pública por ser ele considerado, segundo o CPC, um auxiliar (serventuário)
do juiz.
7
D’ÁUREA, Francisco, op. cit. p. 211.

Aula 11 - Planejamento e Procedimento do Trabalho Pericial


Perícia Contábil

103
Anotações do Aluno

Aula Nº 12 – Diligência
Objetivos da aula:
O objetivo desta aula é explanar a visão e a importância que o CFC oferece
no tocante ao termo de Diligência.

Tenha uma boa aula!

1. Normas sobre o termo de Diligência


Dada a importância do Termo de Diligência durante a execução do trabalho
pericial, o Conselho Federal de Contabilidade utilizou suas atribuições e
colocou sua posição na seguinte norma:

NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE


INTERPRETAÇÃO TÉCNICA NBC T 13 – IT 1
TERMO DE DILIGÊNCIA
Esta Interpretação Técnica (IT) visa explicitar e estabelecer um modelo
do Termo de Diligência, cuja adoção e utilização estão previstas no item
13.3.4 da NBC T 13 – Da Perícia Contábil, a seguir transcrito:
“13.3.4. Nas diligências, o perito-contador e o perito-contador
assistente devem relacionar os livros, os documentos e os dados de
que necessitem, solicitando-os, por escrito, em termo de diligência.”

DEFINIÇÃO E APLICABILIDADE

1. Termo de diligência é o instrumento mediante o qual o perito


Aula 12 - Diligência
Perícia Contábil

solicita os elementos necessários à elaboração do seu trabalho.


2. O perito-contador e o perito-contador assistente devem, no
momento que entenderem oportuno, nas diligências periciais,
solicitar os elementos de que necessitem para o desenvolvimento
do seu trabalho por meio do termo de diligência previamente
elaborado.

104
Anotações do Aluno

3. O termo de diligência pode ser apresentado diretamente à parte ou


ao diligenciado, por qualquer meio pelo qual se possa documentar
a sua entrega. O diligenciado é qualquer pessoa ou entidade que
possua os elementos e as informações necessárias para subsidiar o
laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil.

ESTRUTURA

4. O termo de diligência deve conter os seguintes elementos:


a) identificação do diligenciado;
b) identificação das partes ou dos interessados, e, em se tratando de
perícia judicial ou arbitral, o número do processo, o tipo e o juízo
em que tramita;
c) identificação do perito-contador ou perito-contador assistente,
com indicação do número do registro profissional no Conselho
Regional de Contabilidade;
d) indicação de que está sendo elaborado nos termos da NBC T 13
– Da Perícia Contábil e da legislação específica;
e) indicação detalhada dos livros, documentos e demais dados a
serem periciados, consignando as datas e/ou períodos abrangidos,
podendo identificar o quesito a que se refere;
f) indicação do prazo e do local para a exibição dos livros, documentos
e dados necessários à elaboração da perícia, devendo o prazo ser
compatível com aquele concedido pelo juízo, ou ser convencionado
pelas partes, considerada a quantidade de documentos, as
informações necessárias, a estrutura organizacional do diligenciado
e o local de guarda dos documentos;
g) depois de atendidos os requisitos da letra e, quando o exame dos
livros, documentos e dados tiverem de ser realizados junto à parte
que os detém, indicação da data e hora para sua efetivação; e
Aula 12 - Diligência
Perícia Contábil

h) local, data e assinatura.

MODELOS DE TERMO DE DILIGÊNCIA


5. Atendidas as disposições da NBC T 13 – Da Perícia Contábil - e desta
Interpretação Técnica, o perito elaborará o termo de diligência,
podendo adotar os modelos sugeridos a seguir:

105
Anotações do Aluno

MODELO 1: NA PERÍCIA JUDICIAL


TERMO DE DILIGÊNCIA
IDENTIFICAÇÃO DO DILIGENCIADO

REF.: PROCESSO Nº
VARA:
PARTES:
PERITO-CONTADOR: (categoria e nº do registro)
PERITO-CONTADOR ASSISTENTE: (categoria e nº do registro)

Na qualidade de perito-contador, nomeado pelo MM. Juízo em


referência e/ou perito-contador assistente indicado pelas partes, nos
termos do artigo 429 do Código do Processo Civil e das Normas Brasileiras
de Contabilidade – NBC T 13 – Da Perícia Contábil – itens 13.3.4, 13.3.5 e
13.3.6, solicita-se que sejam fornecidos ou postos à disposição, para análise,
os documentos a seguir indicados:
1.
2.
3.
4.
etc.

Para que se possa cumprir o prazo estabelecido para elaboração e


entrega do laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil, é necessário
que os documentos solicitados sejam fornecidos ou postos à disposição da
perícia até o dia __-__-__, às __h, no endereço ........(do perito-contador e/
ou perito-contador assistente, e/ou parte). Solicita-se que seja comunicado
quando os documentos tiverem sido remetidos ou estiverem à disposição
para análise.
Aula 12 - Diligência
Perícia Contábil

Em caso de dúvida, solicita-se esclarecê-la diretamente com o


perito.
Local e data
Assinatura
Nome do Perito-Contador ou Perito-Contador Assistente
Contador – Nº de registro no CRC

106
Anotações do Aluno

MODELO 2: NA PERÍCIA EXTRAJUDICIAL


TERMO DE DILIGÊNCIA

ENDEREÇAMENTO DO DILIGENCIADO

EXTRAJUDICIAL
PARTE CONTRATANTE:
PERITO-CONTADOR: (categoria e nº do registro)
PERITO-CONTADOR ASSISTENTE: (categoria e nº do registro)

Na qualidade de perito-contador e/ou perito-contador assistente,


escolhido pelas partes, em consonância com as Normas Brasileiras de
Contabilidade – NBC T 13 – Da Perícia Contábil – itens 13.3.4, 13.3.5 e
13.3.6, nos termos contratuais, solicita-se que sejam fornecidos ou postos à
disposição, para análise, os documentos a seguir indicados:
1.
2.
3.
4.
etc.

Para que se possa cumprir o prazo estabelecido para elaboração e


entrega do laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil, é necessário
que os documentos solicitados sejam fornecidos ou postos à disposição da
perícia até o dia __-__-__, às __h, no endereço ........(do perito-contador e/
ou perito-contador assistente, e/ou parte). Solicita-se que seja comunicado
quando os documentos tiverem sido remetidos ou estiverem à disposição
para análise.

Em caso de dúvida, solicita-se esclarecê-la diretamente com o


Aula 12 - Diligência
Perícia Contábil

perito.

Local e data
Assinatura
Nome do Perito-Contador ou Perito-Contador Assistente
Contador – Nº de registro no CRC

107
Anotações do Aluno

MODELO 3: NA PERÍCIA ARBITRAL


TERMO DE DILIGÊNCIA

ENDEREÇAMENTO DO DILIGENCIADO

ARBITRAL
CÂMARA ARBITRAL:
ÁRBITRO:
JUIZ ARBITRAL:
PARTES:
PERITO-CONTADOR: (categoria e nº do registro)

Na qualidade de perito-contador, escolhido pelo árbitro, e/ou perito-


contador assistente, indicado pelas partes, nos termos da Lei nº 9.307/96
ou do regulamento da Câmara de Mediação e Arbitragem, ......, e ainda em
consonância com as Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC T 13 – Da
Perícia Contábil – itens 13.3.4, 13.3.5 e 13.3.6, solicita-se que sejam fornecidos
ou postos à disposição, para análise, os documentos a seguir indicados:
1.
2.
3.
4.
etc.

Para que se possa cumprir o prazo estabelecido para elaboração e


entrega do laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil, é necessário
que os documentos solicitados sejam fornecidos ou postos à disposição da
perícia até o dia __-__-__, às __h, no endereço ........(do perito-contador e/
ou perito-contador assistente, e/ou parte). Solicita-se que seja comunicado
quando os documentos tiverem sido remetidos ou estiverem à disposição
Aula 12 - Diligência
Perícia Contábil

para análise.

Em caso de dúvida, solicita-se esclarecê-la diretamente nos


endereços, horários e telefones indicados.

Local e data

108
Anotações do Aluno

Assinatura
Nome do Perito-Contador ou Perito-Contador Assistente
Contador – Nº de registro no CRC

Síntese
Nesta aula você aprendeu sobre o Termo de Diligência, sua importância
e sua configuração.

Na próxima aula você irá aprender sobre a Estrutura do Laudo Pericial.

Não Perca!

Referências
NBC T 13 – IT 1

Aula 12 - Diligência
Perícia Contábil

109
Anotações do Aluno

Aula Nº 13 – Estrutura do Laudo


Pericial
Objetivos da aula:
O objetivo desta aula é apresentar a estrutura do Laudo Pericial comumente
utilizada e o conceito adotado pelo CFC.

Tenha uma ótima aula!

1. Estrutura do Laudo Pericial


A finalidade do laudo, considerado como produto último do trabalho
pericial, é fornecer informações requeridas e necessárias à elucidação
da controvérsia existente sobre questões técnicas não conhecidas pelo
magistrado e importantes para sua decisão. A esse respeito, Santos escreve
que o laudo “contém material de instrução da causa e é submetido à
apreciação do juiz, que dele se valerá na formação de sua convicção
quanto aos fatos debatidos entre as partes”1. Não obstante sua
relevância no processo judicial, o artigo 436 do CPC garante a faculdade do
juiz de não se restringir a conclusões ou informações do laudo, podendo Aula 13 - Estrutura do Laudo Pericial
formar sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos.

A ordenação lógica e estruturada das informações contidas no laudo pericial


determinará sua eficácia. Alberto2, Ornelas3, D’Áurea4, Medeiros Júnior5,
Lopes de Sá6 e Brandimiller7 consideram, resumida e genericamente, a
abordagem dos seguintes tópicos:
Perícia Contábil

Ø exposição inicial: contém breve resumo dos autos, identificam-


se as partes envolvidas, o objeto de seu envolvimento e as razões
alegadas por cada uma;

110
Anotações do Aluno

Ø objeto da perícia: identificam-se o motivo da nomeação, o


objetivo da perícia e a matéria objeto da perícia;
Ø exames e desenvolvimento: esclarece-se qual a metodologia
adotada (exame documental, diligência, entrevistas etc.) e expõem-
se, com clareza, as bases técnicas nas quais se fundamentam.
Quando examinados documentos de relevância não constantes nos
autos, esses serão anexados ao laudo e indicados após a referência
de seu conteúdo como anexo nº 1, 2 etc. No caso de documentos
constantes dos autos do processo, deve-se indicar a folha em que
se localizam;
Ø considerações finais: expõem-se as informações relevantes
levando-se em conta os fatos observados, o conhecimento técnico
e a experiência do perito nomeado. É o resumo do trabalho pericial,
organizado de forma a atender à finalidade deste, e comporta as
informações obtidas nos procedimentos adotados na elucidação
de fatos controversos submetidos à perícia. No tocante a esse
aspecto, Brandimiller comenta que não cabe ao perito, nem aos
assistentes, julgar a ação, sendo descabidas conclusões finais sob
forma de julgamento, do tipo:
- [...] portanto concluímos que a reclamação é improcedente;
- A conclusão é negativa quanto ao pedido do requerente;
- O autor deve ser indenizado no percentual de 20%;
- O autor faz jus ao auxílio-acidente de 40%8;
Ø respostas aos quesitos: é próprio do quesito o aspecto de
orientação da perícia, desde que pertinente, com a finalidade
Aula 13 - Estrutura do Laudo Pericial
de facilitar o perito na condução de seu trabalho. Suas respostas
devem ser claras, evitando-se evasivas e excessos, atendendo à
essência da questão formulada delimitada pelo objeto da perícia;
Ø encerramento: contém a exposição formal do encerramento
do trabalho, a descrição física do laudo, como quantidade de
Perícia Contábil

páginas e números de anexos, local, data, identificação do perito e


assinatura.

111
Anotações do Aluno

2. NBCT 13 – IT 4 – Laudo Pericial Contábil


O Conselho Federal de Contabilidade posiciona-se frente à estrutura do
laudo no descrito da NBC T 13 – IT 4. Esta Interpretação Técnica (IT) visa
explicitar o item 13.5.1, correspondente ao conceito do Laudo Pericial
Contábil.
“13.5.1 - O laudo pericial contábil é a peça escrita na qual o
perito-contador expressa, de forma circunstanciada, clara
e objetiva, as sínteses do objeto da perícia, os estudos e
as observações que realizou, as diligências realizadas, os
critérios adotados e os resultados fundamentados e as suas
conclusões”.

1. O Decreto-Lei nº 9.295/46, na letra “c” do art. 25, determina que


o Laudo Pericial Contábil, efetuado em matéria contábil, somente
seja executado por contador habilitado e devidamente registrado
em Conselho Regional de Contabilidade.
2. Laudo Pericial Contábil é uma peça escrita, na qual o perito-
contador deve visualizar, de forma abrangente, o conteúdo da
perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam
a demanda.
3. Define esta Norma que o perito-contador deve registrar no Laudo Aula 13 - Estrutura do Laudo Pericial
Pericial Contábil os estudos, as pesquisas, as diligências ou as
buscas de elementos de provas necessárias para a conclusão dos
seus trabalhos.
4. Obriga a Norma que o perito-contador, no encerramento do
Laudo Pericial Contábil, apresente, de forma clara e precisa, as suas
conclusões.
Perícia Contábil

5. O Laudo Pericial Contábil deve ser uma peça técnica elaborada de


forma seqüencial e lógica, para que o trabalho do perito-contador
seja reconhecido também pela padronização estrutural.

112
Anotações do Aluno

APRESENTAÇÃO DO LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

6. O Laudo Pericial Contábil deverá ser uma peça técnica, escrita


de forma objetiva, clara, precisa, concisa e completa. Ainda, sua
escrita sempre será conduzida pelo perito-contador, que adotará
um padrão próprio, como o descrito no item “Estrutura”.
7. Não deve o perito-contador utilizar os espaços marginais ou
interlineares para lançar quaisquer escritos no Laudo Pericial
Contábil.
8. Não pode o perito-contador deixar nenhum espaço em branco no
corpo do Laudo Pericial Contábil, bem como adotar entrelinhas,
emendas ou rasuras, pois não será aceita a figura da ressalva,
especialmente quando se tratar de respostas aos quesitos.
9. A linguagem adotada pelo perito-contador deve ser acessível aos
interlocutores, possibilitando aos julgadores e às partes da demanda
conhecimento e interpretação dos resultados dos trabalhos
periciais contábeis. Devem ser utilizados termos técnicos, devendo
o texto trazer suas informações de forma clara. Os termos técnicos
devem ser contemplados na redação do laudo pericial contábil,
de modo a se obter uma redação técnica que qualifica o trabalho,
respeitada a Norma Brasileira de Contabilidade e o Decreto-Lei nº
9.295/46. Tratando-se de termos técnicos, devem os mesmos, caso
necessário, ser acrescidos de esclarecimentos adicionais, sendo
recomendada a utilização daqueles de maior domínio popular.
10. O Laudo Pericial Contábil deverá ser escrito de forma direta,
Aula 13 - Estrutura do Laudo Pericial
devendo atender às necessidades dos julgadores e ao objeto da
discussão, sempre com conteúdo claro e dirigido ao assunto da
demanda, de forma que possibilite os julgadores a proferirem justa
decisão. O Laudo Pericial Contábil não deve conter elementos e/ou
informações que conduzam a dúbia interpretação, para que não
Perícia Contábil

induzam os julgadores a erro.


11. O perito-contador deverá elaborar o Laudo Pericial Contábil
utilizando o vernáculo, sendo admitidas apenas palavras ou
expressões idiomáticas de outras línguas de uso comum nos
tribunais judiciais ou extrajudiciais.
12. O Laudo Pericial Contábil deve expressar o resultado final de todo

113
Anotações do Aluno

e qualquer trabalho de busca de prova que o contador tenha


efetuado por intermédio de peças contábeis e outros documentos,
sob quaisquer tipos e formas documentais.

TERMINOLOGIA

13. Forma Circunstanciada – Entende-se a redação pormenorizada,


minuciosa, com cautela e detalhamento em relação aos
procedimentos e aos resultados do Laudo Pericial Contábil.
14. Síntese do Objeto da Perícia – Entende-se o relato sucinto sobre as
questões básicas que resultaram na nomeação ou na contratação
do perito-contador.
15. Diligências – Entendem-se todos os procedimentos e atitudes,
adotados pelo perito na busca de informações e subsídios
necessários à elaboração do Laudo Pericial Contábil.
16. Critérios da Perícia – São os procedimentos e a metodologia
utilizados pelo perito-contador na elaboração do trabalho
pericial.
17. Resultados Fundamentados – Representam a explicitação da
forma técnica pela qual o perito-contador chegou às conclusões
da perícia.
18. Conclusão – É a quantificação, quando possível, do valor da
demanda, podendo reportar-se a demonstrativos apresentados no
corpo do laudo ou em documentos auxiliares.
Aula 13 - Estrutura do Laudo Pericial
ESTRUTURA

19. O Laudo Pericial Contábil deve conter, no mínimo, os seguintes


itens:
a) identificação do processo e das partes;
Perícia Contábil

b) síntese do objeto da perícia;


c) metodologia adotada para os trabalhos periciais;
d) identificação das diligências realizadas;
e) transcrição dos quesitos;
f) respostas aos quesitos;
g) conclusão;

114
Anotações do Aluno

h) identificação do perito-contador nos termos do item 13.5.3 desta


norma;
i) outras informações, a critério do perito-contador, entendidas
como importantes para melhor esclarecer ou apresentar o laudo
pericial.

ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS

20. Omissão dos Fatos - o perito-contador não pode omitir nenhum


fato relevante, encontrado no decorrer de suas pesquisas ou
diligências, mesmo que não tenha sido objeto de quesitação e
desde que esteja relacionado ao objeto da perícia.
21. Conclusão – o perito-contador deve, na conclusão do Laudo Pericial
Contábil, considerar as formas explicitadas nos itens abaixo:
a) a conclusão com quantificação de valores é viável em casos de:
apuração de haveres; liquidação de sentença, inclusive em processos
trabalhistas; dissoluções societárias; avaliação patrimonial, entre
outros;
b) pode ocorrer que na conclusão seja necessária a apresentação
de alternativas, condicionada às teses apresentadas pelas partes,
casos em que cada parte apresentou uma versão para a causa, e
o perito deverá apresentar ao juiz as alternativas condicionadas às
teses apresentadas, devendo, necessariamente, ser identificados
os critérios técnicos que lhes dêem respaldo. Tal situação deve
ser apresentada de forma a não representar a opinião pessoal do
Aula 13 - Estrutura do Laudo Pericial
perito, consignando os resultados obtidos, caso venha a ser aceita
a tese de um ou de outro demandante, como no caso de discussão
de índices de atualização e taxas;
c) a conclusão pode ainda reportar-se às respostas apresentadas nos
quesitos;
Perícia Contábil

d) a conclusão pode ser, simplesmente, elucidativa quanto ao objeto


da perícia, não envolvendo, necessariamente, quantificação de
valores.

115
Anotações do Aluno

Síntese
Nesta aula você aprendeu como estruturar o Laudo Pericial e o que deve
compor cada elemento de sua estrutura.

Na próxima aula você irá conhecer a estrutura do Parecer de Assistente.

Referências
ALBERTO, Valder Luiz Palombo – Perícia Contábil. São Paulo, Atlas, 1996.

BRANDIMILLER, Primo A. Perícia Judicial: em Acidentes e Doenças do


Trabalho. São Paulo, Editora SENAC, 1996.

D’ÁUREA, Francisco – Revisão e Perícia Contábil – Parte Teórica, São


Paulo, Companhia Editora Nacional, 3ª edição,1962.

LOPES DE SÁ, Antonio – Perícia Contábil, São Paulo, Atlas, 1994.

MAGALHÃES, A. D. F. et alii – Perícia Contábil: Uma Abordagem Teórica,


Ética, Legal Processual e Operacional, São Paulo, Atlas, 1995.

MEDEIROS JÚNIOR, Joaquim da Rocha & FIKER, José. A Perícia Judicial:


como Redigir Laudos e Argumentar Dialeticamente. 1ª ed., São Paulo,
Aula 13 - Estrutura do Laudo Pericial
Pini, 1996.

MONTEIRO, Samuel. Crimes Fiscais e Abuso de Autoridade. 2ª ed., São


Paulo, Editora Humes, 1994.
Perícia Contábil

ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de – Perícia Contábil, São Paulo,


Atlas, 1994.

116
Anotações do Aluno

Notas
1
Id., ib., p. 36.
2
ABERTO, Valder Luiz Palombo, op. cit, pp. 120-30.
3
ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de, op. cit., pp. 83-8.
4
D’ÁUREA, Francisco, op. cit., pp. 167-70.
5
MEDEIROS JÚNIOR, Joaquim da Rocha et alii, op. cit., pp. 37-40.
6
LOPES DE SÁ, Antonio, op. cit., pp.54-5.
7
BRANDIMILLER, Primo A., op. cit., pp. 104-13.
8
Id., ib., p. 110.

Aula 13 - Estrutura do Laudo Pericial


Perícia Contábil

117
Anotações do Aluno

Aula Nº 14 – Parecer dos


Assistentes
Objetivos da aula:
O objetivo desta aula é apresentar as características principais, bem como a
estrutura do Parecer dos Assistentes.

Tenha uma ótima aula!

1. Parecer dos Assistentes


O advento da lei nº 8455/92 proporcionou a designação de parecer à
manifestação do assistente técnico sobre as informações contidas no laudo
pericial, apresentado a posteriori, concordante ou divergente. As NBC T
13 definem que “o parecer pericial contábil é a peça escrita na qual o
perito-contador assistente expressa, de forma circunstanciada, clara
e objetiva, os estudos, as observações e as diligências que realizou e
as conclusões fundamentadas dos trabalhos”.

Tal qual o laudo pericial, essa peça escrita não necessita de estrutura-
padrão, porém é aconselhável. Brandimiller1 e Ornelas2 são de opinião de
Aula 14 - Parecer dos Assistentes
que essa peça técnica deve conter estrutura a ela adequada para melhor
compreensão de seu conteúdo.

Nesse sentido, o Conselho Federal de Contabilidade aponta, por meio na


NBCT 13.7 , transcrita a seguir, os critérios para a estrutura do parecer:
Perícia Contábil

NBC T 13.7 – PARECER PERICIAL CONTÁBIL


Esta norma objetiva estabelecer o conceito, a estrutura e os procedimentos
para elaboração e apresentação do Parecer Pericial Contábil.

118
Anotações do Aluno

13.7.1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS

13.7.1.1 – O Decreto-Lei nº 9.295/46 determina que Parecer em


matéria contábil somente seja elaborado por contador habilitado
e devidamente registrado em Conselho de Contabilidade.
13.7.1.2 – O Parecer Pericial Contábil deve ser uma peça escrita, na qual
o perito-contador assistente deve visualizar, de forma abrangente,
o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências
que envolvam a demanda.
13.7.1.3 – Esta Norma obriga que o perito-contador assistente registre,
no Parecer Pericial Contábil, os estudos, as pesquisas, as diligências
ou as buscas de elementos de provas necessárias para a conclusão
dos seus trabalhos.
13.7.1.4 – A Norma obriga que o perito-contador assistente, no
encerramento do Parecer Pericial Contábil, apresente suas
conclusões de forma clara e precisa.
13.7.1.5 – O Parecer Pericial Contábil deve ser uma peça técnica
elaborada de forma seqüencial e lógica, para que o trabalho
do perito-contador assistente seja reconhecido também pela
padronização estrutural.

13.7.2 – APRESENTAÇÃO DO PARECER PERICIAL CONTÁBIL

13.7.2.1 – O Parecer Pericial Contábil deve ser uma peça técnica, escrita
de forma objetiva, clara, precisa, concisa e completa, devendo sua
Aula 14 - Parecer dos Assistentes
escrita ser sempre conduzida pelo perito-contador assistente, que
adotará um padrão próprio, como o descrito no item 13.7.3.
13.7.2.2 – Não deve o perito-contador assistente utilizar os espaços
marginais ou interlineares, para lançar quaisquer escritos no Parecer
Pericial Contábil.
Perícia Contábil

13.7.2.3 – Não deve o perito-contador assistente, no corpo do Parecer


Pericial Contábil, utilizar entrelinhas, emendas ou rasuras, pois não
será aceita a figura da ressalva.
13.7.2.4 – Linhas Marginais - é proibido ao perito-contador assistente
utilizar as linhas marginais ou interlineares para lançar quaisquer
escritos no Parecer Pericial Contábil.

119
Anotações do Aluno

13.7.2.5 – Espaço - não pode o perito-contador assistente deixar


nenhum espaço em branco no corpo do Parecer Pericial Contábil,
bem como adotar entrelinhas, emendas ou rasuras, pois não será
aceita a figura da ressalva, especialmente quando se tratar de
respostas aos quesitos.
13.7.2.6 – A linguagem adotada pelo perito-contador assistente deve
ser acessível aos interlocutores, possibilitando aos julgadores e às
partes da demanda conhecimento e interpretação dos resultados
dos trabalhos periciais contábeis. Devem ser utilizados termos
técnicos, devendo o texto trazer suas informações de forma
clara. Os termos técnicos devem ser contemplados na redação
do Parecer Pericial Contábil, de modo a se obter uma redação
técnica que qualifica o trabalho, respeitada a Norma Brasileira
de Contabilidade e o Decreto-Lei nº 9.295/46. Em se tratando de
termos técnicos, devem os mesmos, caso necessário, ser acrescidos
de esclarecimentos adicionais, sendo recomendada a utilização
daqueles de maior domínio popular.
13.7.2.7 – O Parecer Pericial Contábil deve ser escrito de forma direta,
devendo atender às necessidades dos julgadores e ao objeto da
discussão, sempre com conteúdo claro e dirigido ao assunto da
demanda. Sempre que o parecer contábil for contrário às posições
do laudo, o perito-contador assistente deve fundamentar suas
manifestações.
13.7.2.8 – O perito-contador assistente deve elaborar o Parecer Pericial
Contábil, utilizando o vernáculo, sendo admitidas apenas aquelas
Aula 14 - Parecer dos Assistentes
palavras ou expressões idiomáticas de outras línguas, que forem
de uso comum nos tribunais judiciais ou extrajudiciais.
13.7.2.9 – O Parecer Pericial Contábil deve expressar o resultado final
de todo e de qualquer trabalho de busca de prova que o perito-
contador assistente tenha efetuado, por intermédio de peças
Perícia Contábil

contábeis e outros documentos, sob quaisquer tipos e formas


documentais.

120
Anotações do Aluno

13.7.3 – ESTRUTURA DO PARECER PERICIAL CONTÁBIL

13.7.3.1 – Omissão de fatos - o perito-contador assistente, ao efetuar


suas manifestações no Parecer Pericial Contábil, não pode omitir
nenhum fato relevante encontrado no decorrer de suas pesquisas
ou diligências.
13.7.3.2 – Emissão de opinião – ao concluir o Parecer Pericial Contábil,
não deve o perito-contador assistente emitir qualquer opinião
pessoal a respeito das respostas oferecidas aos questionamentos,
bem como na conclusão dos trabalhos, que contrarie o Código de
Ética do Contabilista.

13.7.4 – TERMINOLOGIA

13.7.4.1 – Forma circunstanciada – Entende-se como a redação


pormenorizada e minuciosa, efetuada com cautela e detalhamento,
em relação aos procedimentos e resultados do Parecer Pericial
Contábil.
13.7.4.2 – Síntese do objeto da perícia – Entende-se como o relato
sucinto sobre as questões básicas que resultaram na indicação ou
na contratação do perito-contador assistente.
13.7.4.3 – Diligências – Entende-se como todos os procedimentos
e atitudes adotados pelo perito-contador assistente na busca
de informações e subsídios necessários à elaboração do Parecer
Pericial Contábil.
Aula 14 - Parecer dos Assistentes
13.7.4.4 – Critérios do parecer – São os procedimentos e a metodologia
utilizados pelo perito-contador assistente na elaboração do
trabalho pericial.
13.7.4.5 – Resultados fundamentados – É a explicitação da forma
técnica utilizada, pela qual o perito-contador assistente chegou às
Perícia Contábil

conclusões da perícia.
13.7.4.6 – Conclusão – É a quantificação, quando possível, do valor da
demanda, podendo reportar-se a demonstrativos apresentados no
corpo do Parecer Pericial Contábil ou em documentos auxiliares.

121
Anotações do Aluno

13.7.5 – ESTRUTURA

13.7.5.1 – O Parecer Pericial Contábil deve conter, no mínimo, os


seguintes itens:
a) identificação do processo e das partes;
b) síntese do objeto da perícia;
c) metodologia adotada para os trabalhos periciais;
d) identificação das diligências realizadas;
e) transcrição dos quesitos, no todo ou naqueles em discordância;
f) respostas aos quesitos;
g) conclusão;
h) identificação do perito-contador assistente, nos termos do item
13.5.3 dessa Norma; e
i) outras informações, a critério do perito-contador assistente,
entendidas como importantes para melhor apresentar ou esclarecer
o Parecer Pericial Contábil.

13.7.6 – ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS

13.7.6.1 – Conclusão – o perito-contador assistente deve, na conclusão


do Parecer Pericial Contábil, considerar as formas explicitadas nos
seguintes itens:
a) conclusão com quantificação de valores é viável em casos de:
apuração de haveres, liquidação de sentença, inclusive em
processos trabalhistas, dissolução societária, avaliação patrimonial,
Aula 14 - Parecer dos Assistentes
entre outros;
b) a conclusão pode, ainda, reportar-se às respostas apresentadas nos
quesitos;
c) a conclusão pode ser, simplesmente, elucidativa quanto ao objeto
da perícia, não envolvendo necessariamente quantificação de
Perícia Contábil

valores.

122
Anotações do Aluno

Síntese
Nesta aula você aprendeu como elaborar o Parecer dos Assistentes no
parâmetro estabelecido pelo CFC.

Na próxima aula você irá conhecer o que o CFC considera competência


profissional do perito enquanto contador.

Referências
BRANDIMILLER, Primo A. Perícia Judicial: em Acidentes e Doenças do
Trabalho. São Paulo, Editora SENAC, 1996.

ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de – Perícia Contábil, São Paulo,


Atlas, 1994.

Notas
1
Id., ib., pp. 112-3.
2
ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de, op. cit., pp. 87-8.

Aula 14 - Parecer dos Assistentes


Perícia Contábil

123
Anotações do Aluno

Aula Nº 15 – Competência
Profissional
Objetivos da aula:
O objetivo desta aula é apresentar o que o Conselho Federal de Contabilidade
delimita como competência do profissional contador atuante na área de
Perícia.

Tenha uma boa aula!

Considerando que a atribuição dos trabalhos ao Perito requer adequado


desempenho, de modo que o resultado de seu trabalho alcance a eficiência
e eficácia necessárias, o Conselho Federal de Contabilidade elaborou a
NBC P 2.1, a seguir transcrita, que delimita a competência do profissional
contador atuante na área de Perícia.

NBC P 2.1 – COMPETÊNCIA PROFISSIONAL


2.1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

2.1.1.1. Esta norma estabelece os itens relativos à competência


profissional do Contador na função de perito-contador e de perito-
Aula 15 - Competência Profissional
contador assistente.
2.1.1.2. Competência profissional pressupõe ao perito-contador
e ao perito-contador-assistente demonstrar capacidade para
pesquisar, examinar, analisar, sintetizar e fundamentar a prova no
laudo pericial e no parecer pericial contábil.
Perícia Contábil

2.1.1.3. Para tanto, devem manter adequado nível de competência


profissional, pelo conhecimento atualizado da Contabilidade,
das Normas Brasileiras de Contabilidade, das técnicas contábeis,
da legislação relativa à profissão contábil e das normas
jurídicas, especialmente as aplicáveis à perícia, atualizando-
se, permanentemente, mediante programas de capacitação,

124
Anotações do Aluno

treinamento, educação continuada e especialização, realizando


seus trabalhos com a observância da eqüidade.
2.1.1.4. Realizar seus trabalhos com a observância da eqüidade
significa que o perito-contador e o perito-contador assistente
devem atuar com igualdade de direitos, adotando os preceitos
legais e técnicos inerentes à profissão contábil.
2.1.1.5. O espírito de solidariedade do perito-contador e do perito-
contador assistente não induz nem justifica a participação ou a
conivência com erros ou atos infringentes às normas profissionais e
éticas que regem o exercício da profissão, devendo estar vinculado
à busca da verdade fática a fim de esclarecer o objeto da perícia de
forma técnica e imparcial.

HABILITAÇÃO PROFISSIONAL

2.1.2.1. O perito-contador e o perito-contador assistente devem


comprovar sua habilitação profissional mediante apresentação
de certidão específica, emitida por Conselho Regional de
Contabilidade, na forma a ser regulamentada pelo Conselho
Federal de Contabilidade.
2.1.2.2. Enquanto não houver regulamentação do item precedente
por parte do Conselho Federal de Contabilidade, o perito-
contador e o perito-contador assistente devem requerer Certidão
de Habilitação Profissional no Conselho Regional de Contabilidade
com fins específicos de comprovar sua habilitação legal, registro
Aula 15 - Competência Profissional
profissional e regularidade. A certidão deverá ser juntada no
processo no primeiro momento que o perito-contador ou o perito-
contador assistente se manifestarem nos autos.
2.1.2.3. A nomeação, a contratação e a escolha do perito-contador,
ou a indicação do perito-contador assistente para o exercício
Perícia Contábil

da função pericial contábil, em processo judicial, devem ser


consideradas como distinção e reconhecimento da capacidade e
honorabilidade do Contador, devendo este escusar ou renunciar
os serviços sempre que reconhecer não ter competência ou não
dispor de estrutura profissional para desenvolvê-los, contemplada
a utilização do serviço de especialistas de outras áreas, quando

125
Anotações do Aluno

parte do objeto da perícia assim o requerer.


2.1.2.4. A utilização de serviços de especialistas de outras áreas,
quando parte do objeto da perícia assim o requerer, não implica
presunção de incapacidade do perito-contador e do perito-
contador assistente, devendo tal fato ser, formalmente, relatado
no Laudo Pericial Contábil ou no Parecer Pericial Contábil para
conhecimento do julgador, das partes ou dos contratantes.
2.1.2.5. A indicação ou a contratação para o exercício da atribuição
de perito-contador assistente, em processo extrajudicial, devem
ser consideradas como distinção e reconhecimento da capacidade
e da honorabilidade do Contador, devendo este recusar os serviços
sempre que reconhecer não estar capacitado a desenvolvê-los,
contemplada a utilização de serviços de especialistas de outras
áreas, quando parte do objeto do seu trabalho assim o requerer.
2.1.2.6. A indicação ou a contratação de perito-contador assistente
ocorre quando as partes ou contratantes necessitarem comprovar
algo que depende de conhecimento técnico específico, razão pela
qual o contador só deverá aceitar o encargo se reconhecer estar
capacitado com conhecimento técnico suficiente, discernimento e
irrestrita independência para a realização do trabalho.

Síntese
Nesta aula você aprendeu sobre a competência profissional do Perito. Aula 15 - Competência Profissional
Agora você está no fim das aulas desta disciplina, então, já possui o
conhecimento mínimo desta área de atuação que se encontra em
evolução, é um caminho que pode ser percorrido pelo profissional
contador.
Perícia Contábil

A todos um grande abraço e obrigado pelo interesse.

126
Anotações do Aluno

Referências
BRANDIMILLER, Primo A. Perícia Judicial: em Acidentes e Doenças do
Trabalho. São Paulo, Editora SENAC, 1996.

ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de – Perícia Contábil, São Paulo,


Atlas, 1994.

Aula 15 - Competência Profissional


Perícia Contábil

127

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