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Operaoes Leis de Composiao Interna

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Professora: Elisandra Figueiredo

O PERAÇÕES - LEIS DE COMPOSIÇÃO INTERNA

DEFINIÇÃO 1 Sendo E um conjunto não vazio, toda aplicação f : E × E → E recebe o


nome de operação sobre E (ou em E ) ou lei de composição interna sobre E (ou em E ).
Notação: Uma operação f sobre E associa a cada par (x, y) de E × E em elemento de E
que será denotado por x ∗ y. Assim, x ∗ y é uma forma de indicar f (x, y). Diremos também
que E é um conjunto munido da operação ∗. O elemento x ∗ y é chamado composto de x e
y pela operação ∗.
Outras notações usuais para indicar uma operação sobre E :
ˆ Notação aditiva: neste caso o símbolo da operação é +, a operação é chamada adição,
o composto x + y é chamado soma e os termos x e y são as parcelas.
ˆ Notação multiplicativa: neste caso o símbolo da operação é · ou a simples justaposição
dos elementos, a operação é chamada multiplicação, o composto x · y ou xy é chamado
produto e os termos x e y são os fatores.
ˆ Outros símbolos utilizados para operação genéricas são: △, ⊤, ⊥, ×, ⊗, ⊕ etc.

EXEMPLO 1 São exemplos de leis de composição interna.


(a) A aplicação f : N × N → N tal que f (x, y) = x + y, ou seja, f associa a cada par (x, y)
de números naturais a sua soma x + y. A aplicação f é conhecida como operação de
adição sobre N. A operação de adição pode ser estendida para Z, Q, R e C.

(b) A aplicação f : N × N → N tal que f (x, y) = x · y, ou seja, f associa a cada par (x, y)
de números naturais o seu produto x · y. A aplicação f é conhecida como operação de
multiplicação sobre N. A operação de multiplicação pode ser estendida para Z, Q, R
e C.
(c) A aplicação h : P(E) × P(E) → P(E), em que P(E) indica o conjunto das partes de
E, tal que h(X, Y ) = X ∩ Y, ou seja, h associa a cada par de conjuntos (X, Y ) a sua
interseção X ∩ Y. Essa aplicação é conhecida como operação de interseção sobre E.
(d) A aplicação f : N∗ × N∗ → N∗ tal que f (x, y) = xy , é operação de potenciação sobre
N∗ . Observe que esta operação não pode ser estendida para Z∗ .

x
(e) A aplicação f : Q∗ × Q∗ → Q∗ tal que f (x, y) = , é operação de divisão sobre Q∗ .
y
Observe que esta operação pode ser estendida para R∗ e C∗ . Lembrando que
a + bi a + bi x − yi ax + by + (bx − ay)i
= · = .
x + yi x + yi x − yi x2 + y 2

1
(f) A aplicação f : Z × Z → Z tal que f (x, y) = x − y, é operação de subtração sobre Z.
Observe que esta operação pode ser estendida para Q, R e C.

(g) A aplicação f : E × E → E, em que E = Mm×n (R) representa o conjunto das matrizes


do tipo m × n com elementos reais, tal que f (x, y) = x + y é a operação de adição
sobre Mm×n (R).

(h) A aplicação f : E × E → E, em que E = Mn (R) representa o conjunto das matrizes


quadradas de ordem n com elementos reais, tal que f (x, y) = x · y é a operação de
multiplicação sobre Mn (R).

(i) A aplicação φ : E × E → E, em que E = RR representa o conjunto das funções de R


em R, tal que φ(f, g) = f ◦ g é a operação de composição sobre RR .

P ROPRIEDADES DAS OPERAÇÕES

Seja ∗ uma lei de composição interna em E. Esta lei pode apresentar as seguintes
propriedades:
1. Propriedade associativa

DEFINIÇÃO 2 Dizemos que ∗ satisfaz a propriedade associativa se

x ∗ (y ∗ z) = (x ∗ y) ∗ z,

quaisquer que sejam x, y, z ∈ E.

EXEMPLO 2 Determine quais das leis de composição interna do Exemplo 1 são asso-
ciativas.

2
2. Propriedade comutativa

DEFINIÇÃO 3 Dizemos que ∗ satisfaz a propriedade comutativa se

x ∗ y = y ∗ x,

quaisquer que sejam x, y ∈ E.

EXEMPLO 3 Determine quais das leis de composição interna do Exemplo 1 são comu-
tativas.

3. Elemento neutro

DEFINIÇÃO 4 Se existe e ∈ E tal que e ∗ x = x, para todo x ∈ E, dizemos que e é


um elemento neutro à esquerda para ∗.
Se existe e ∈ E tal que x ∗ e = x, para todo x ∈ E, dizemos que e é um elemento
neutro à direita para ∗.
Se e é elemento neutro à esquerda e à direita para a operação ∗, dizemos simples-
mente que e é elemento neutro para essa operação.

EXEMPLO 4 Das leis de composição interna do Exemplo 1, temos:


ˆ o elemento neutro das adições em N, Z, Q, R e C é:

ˆ o elemento neutro das multiplicações em N, Z, Q, R e C é:

ˆ o elemento neutro da adição em Mm×n (R) é:

ˆ o elemento neutro da multiplicação em Mn (R) é:

ˆ o elemento neutro da composição em RR é:

ˆ o elemento neutro da interseção de conjuntos das partes de E é:

3
ˆ sobre o elemento neutro da potenciação em N∗ :

ˆ sobre o elemento neutro da divisão em R∗ :

ˆ sobre o elemento neutro da subtração em Z :

PROPOSIÇÃO 1 Se a operação ∗ sobre E tem um elemento neutro e, então ele é


único.

4. Elementos simetrizáveis

DEFINIÇÃO 5 Seja ∗ uma operação sobre E que tem elemento neutro e. Dizemos que
x ∈ E é um elemento simetrizável para esta operação se existir x′ ∈ E tal que

x′ ∗ x = e = x ∗ x ′ .

O elemento x′ é chamado simétrico de x para operação ∗.


Quando a operação é uma adição, o simétrico de x também é chamado oposto de x e
indicado por −x.
Quando a operação é uma multiplicação, o simétrico de x também é chamado inverso
de x e indicado por x−1 .
Notação: Se ∗ é uma operação sobre E com elemento neutro e, então indica-se por
U∗ (E) o conjunto dos elementos simetrizáveis de E para a operação ∗.

EXEMPLO 5 Das leis de composição interna do Exemplo 1 que possuem elemento neu-
tro, temos:
ˆ U+ (N) =
ˆ U+ (Z) =
ˆ U· (Z) =
ˆ U· (R) =

4
ˆ U+ (Mn (R)) =
ˆ U· (Mn (R)) =
ˆ U◦ (RR ) =

Observe que U∗ (E) ̸= ∅, pois necessariamente e ∈ U∗ (E).

PROPOSIÇÃO 2 Seja ∗ uma aplicação sobre E que é associativa e tem elemento neu-
tro e.
(i) Se um elemento x ∈ E é simetrizável, então o simétrico de x é único.
(ii) Se x ∈ E é simetrizável, então seu simétrico também é e (x′ )′ = x.
(iii) Se x, u ∈ E são simetrizáveis, então x ∗ y é simetrizável e (x ∗ y)′ = y ′ ∗ x′ .

5
5. Elementos regulares

DEFINIÇÃO 6 Seja ∗ uma operação sobre E.

ˆ Dizemos que um elemento a ∈ E é regular (ou simplicável) à esquerda em relação


à operação ∗ se, para quaisquer x, y ∈ E tais que a ∗ x = a ∗ y, vale x = y.
ˆ Dizemos que um elemento a ∈ E é regular (ou simplicável) à direita em relação
a operação ∗ se, para quaisquer x, y ∈ E tais que x ∗ a = y ∗ a, vale x = y.
ˆ Se a ∈ E é um elemento regular à esquerda e à direita para a operação ∗, dizemos
simplesmente que a é regular para esta operação.

Notação: Se ∗ é uma operação sobre E, indica-se por R∗ (E) o conjunto dos elementos
regulares de E para a operação ∗.

EXEMPLO 6 Das leis de composição interna do Exemplo 1, temos:


ˆ R+ (N) =
ˆ R+ (Z) =
ˆ R· (Z) =
ˆ R· (R) =
ˆ R+ (Mn (R)) =
ˆ R· (Mn (R)) =
ˆ R◦ (RR ) =

Observe que se E possui elemento neutro e, então e ∈ R∗ (E) e, portanto, R∗ (E) ̸= ∅.

PROPOSIÇÃO 3 Se a operação ∗ sobre E é associativa, tem elemento neutro e e um


elemento a ∈ E é simetrizável, então a é regular.

6
6. Propriedade distributiva

DEFINIÇÃO 7 Sejam ∗ e △ duas operações sobre E.

ˆ Dizemos que △ é distributiva à esquerda relativamente a ∗ se:

x△(y ∗ z) = (x△y) ∗ (x△z),

quaisquer que sejam x, y, z ∈ E.


ˆ Dizemos que △ é distributiva à direita relativamente a ∗ se:

(y ∗ z)△x = (y△x) ∗ (z△x),

quaisquer que sejam x, y, z ∈ E.


ˆ Quando △ é distributiva à esquerda e à direita de ∗, dizemos simplesmente que
△ é distributiva em relação a ∗.

EXEMPLO 7 (a) A multiplicação de Z é distributiva em relação à adição em Z :

(b) A multiplicação de Mn (R) é distributiva em relação à adição em Mn (R) :

(c) Em N∗ , a potenciação é distributiva à direita em relação à multiplicação:

P ARTE FECHADA PARA UMA OPERAÇÃO

DEFINIÇÃO 8 Sejam ∗ uma operação sobre E e A um subconjunto não vazio de E. Dizemos


que A é parte fechada de E para operação ∗ se,
x, y ∈ A ⇒ x ∗ y ∈ A,

para quaisquer x, y ∈ A.

EXEMPLO 8 (a) Os números racionais são uma parte fechada para a operação de adição
sobre R :

7
(b) Os reais positivos são uma parte fechada para a multiplicação sobre R :

(c) As funções bijetoras de R em R formam um subconjunto fechado para a composição de


funções de RR :

(d) O conjunto D2 (R) das matrizes diagonais de ordem 2 é uma parte fechada de M2 (R)
para a adição e a multiplicação em M2 (R) :

(e) O conjunto GL2 (R) das matrizes inversíveis não é fechado para a adição em M2 (R) :

T ÁBUA DE UMA OPERAÇÃO

Construção: Seja E = {a1 , a2 , · · · , an } (n ≥ 1) um conjunto com n elementos. Uma


operação sobre E é uma aplicação f : E × E → E que associa a cada par (ai , aj ) o elemento
f (ai , aj ) = ai ∗ aj = aij .
Podemos representar o elemento aij , correspondente ao par (ai , aj ), numa tabela de
dupla entrada, construída como segue:
(1°) Marcamos na linha fundamental e na coluna fundamental os elementos do conjunto
E. Chamamos de i-ésima linha aquela que começa com ai e j-ésima coluna a que é
encabeçada por aj .

8
a1 a2 ··· ai ··· aj ··· an
a1
a2
..
.
ai
..
.
aj
..
.
an

(2°) Dado um elemento ai na coluna fundamental e um elemento aj na linha fundamental,


na interseção da linha i com a coluna j marcamos o composto aij = ai ∗ aj .

a1 a2 ··· ai ··· aj ··· an


a1 a11 a12 ··· a1i ··· a1j ··· a1n
a2 a21 a22 ··· a2i ··· a2j ··· a2n
.. .. .. .. .. ..
. . . . . .
ai ai1 ai2 ··· aii ··· aij ··· ain
.. .. .. .. .. ..
. . . . . .
aj aj1 aj2 ··· aji ··· ajj ··· ajn
.. .. .. .. .. ..
. . . . . .
an an1 an2 ··· ani ··· anj ··· ann

EXEMPLO 9 Construa a tábua de multiplicação sobre E = {−i, −1, 0, 1, i}.

EXEMPLO 10 Construa a tábua da operação x ∗ y = mmc(x, y) sobre E = {1, 3, 9, 27}.

9
EXEMPLO 11 Seja E = {0, 1, 2, 3, 4}. Construa a tábua da operação x ∗ y = resto da divisão
em Z de x + y por 5.

EXEMPLO 12 Construa a tábua da operação de composição de funções em E = {f1 , f2 , f3 },


em que:
ˆ f1 = {(a, a), (b, b), (c, c)}

ˆ f2 = {(a, b), (b, c), (c, a)}

ˆ f3 = {(a, c), (b, a), (c, b)}

A seguir determine: f32 , f1 ◦ f2 ◦ f3 e f2−1 ◦ f3 .

Como determinar as propriedades de uma operação usando a tábua

Vejamos como podemos checar as propriedades de uma operação ∗ sobre E = {a1 , a2 , · · · , an }


quando ∗ é dada por meio de uma tábua.
(a) Comutativa: sabemos que uma operação ∗ é comutativa se ai ∗ aj = aj ∗ ai , para
quaisquer i, j ∈ {1, 2, · · · , n}. Se chamarmos de diagonal principal da tábua de uma
operação o conjunto formado pelos compostos a11 , a22 , · · · , ann , observamos que os
elementos aij e aji ocupam posições simétricas relativamente à diagonal principal.
Assim, uma operação ∗ é comutativa se a sua tábua for simétrica em relação à diagonal
principal.

a1 a2 ··· ai ··· aj ··· an


a1 a11
a2 a22
..
. ···
ai aii aij
..
. ···
aj aji ajj
..
. ···
an ann

10
(b) Elemento neutro - sabemos que um elemento e é neutro para a operação ∗ quando:
(i) e ∗ ai = ai , ∀ai ∈ E;
(ii) ai ∗ e = ai , ∀ai ∈ E.
Da condição (i) decorre que a linha de e é igual à linha fundamental e da condição (ii)
decorre que a coluna de e é igual à coluna fundamental.

a1 a2 ··· e ··· an
a1 a1
a2 a2
.. ..
. .
e a1 a2 e an
.. ..
. .
an an

Logo, a operação ∗ tem neutro se existir um elemento cuja linha e coluna são respec-
tivamente iguais à linha e coluna fundamentais.
(c) Elementos simetrizáveis - sabemos que um elemento ai ∈ E é simetrizável para a
operação ∗, que tem elemento neutro e, quando existe aj ∈ E tal que:
(i) ai ∗ aj = e;
(ii) aj ∗ ai = e.
Da condição (i) decorre que a linha de ai na tábua deve apresentar ao menos um
composto igual a e. Da condição (ii) decorre que a coluna de ai na tábua deve apresentar
ao menos um composto igual a e. Como aij = e = aji , decorre que o neutro deve
aparecer em posições simétricas relativamente à diagonal principal.

a1 a2 ··· ai ··· aj ··· an


a1
a2
..
.
ai e
..
.
aj e
..
.
an

(d) Elementos regulares - sabemos que um elemento a ∈ E é regular em relação à


operação ∗ quando:
(i) a ∗ ai ̸= a ∗ aj , sempre que ai ̸= aj ;
(ii) ai ∗ a ̸= aj ∗ a, sempre que ai = ̸ aj .

Isso signica que a é regular quando, composto com elementos distintos de E, tanto à
esquerda deles como à direita, produz resultados diferentes. Assim, um elemento a é
regular quando na linha e na coluna de a não há elementos iguais.

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EXEMPLO 13 Considere a operação cuja tábua é dada abaixo:

e a b c d
e e a b c d
a a b c d e
b b c b c a
c c d c a b
d d e a b c

Quais são os elementos regulares?

EXEMPLO 14 Construa a tábua das operações de interseção e união sobre E = {A, B, C, D},
em que A, B, C, D são conjuntos tais que A ⊂ B ⊂ C ⊂ D. A seguir determine o elemento
neutro, os elementos simetrizáveis e os elementos regulares destas operações.

A DIÇÃO E MULTIPLICAÇÃO EM Zm

Vamos denir as operações de adição e multiplicação num conjunto Zm (m ∈ Z, m >


1) de classes de restos e veremos algumas propriedades destas operações.

OBSERVAÇÃO 1 Se a = a1 ∈ Zm e b = b1 ∈ Zm , então a ≡ a1 (mod m) e b ≡ b1 (mod m),


portanto a+b ≡ a1 +b1 (mod m) e a·b ≡ a1 ·b1 (mod m) e, consequentemente, a + b = a1 + b1
e a · b = a1 · b1 . Logo, podemos denir:

DEFINIÇÃO 9 Dadas duas classes a, b ∈ Zm chama-se soma a + b a classe a + b (que é


única, independente do representante tomado para a ou para b).

DEFINIÇÃO 10 Dadas duas classes a, b ∈ Zm chama-se produto a · b a classe a · b (que é


única, independente do representante tomado para a ou para b).

Assim, acabamos de denir duas operações sobre Zm :


ˆ uma adição tal que a + b = a + b;

ˆ uma multiplicação tal que a · b = a · b;

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Propriedades da adição

(i) Associativa:

(ii) Comutativa:

(iii) Elemento neutro:

(iv) Elementos simétricos:

Propriedades da multiplicação

(i) Associativa:

(ii) Comutativa:

(iii) Elemento neutro:

(iv) Elementos simétricos: Prove que a ∈ Zm é simetrizável para a multiplicação se, e


somente se, mdc(a, m) = 1.

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