Qui Quadrado
Qui Quadrado
Qui Quadrado
Sumário:
Como calcular
Como usar a tabela
Correção de Yates (continuidade)
Definição
Em tabelas de contingência
Heterogeneidade de amostras
Modelos "simplificados"
Teste exato de Fisher
Definição
Qui Quadrado, simbolizado por , é um teste de hipóteses que se destina a encontrar um valor da
dispersão para duas variáveis nominais, avaliando a associação existente entre variáveis qualitativas.
O princípio básico deste método é comparar proporções, isto é, as possíveis divergências entre as
freqüências observadas e esperadas para um certo evento.
Evidentemente, pode-se dizer que dois grupos se comportam de forma semelhante se as diferenças
entre as freqüências observadas e as esperadas em cada categoria forem muito pequenas, próximas a
zero.
Condições necessárias
A amostra deve ser relativamente grande (pelo menos 5 observações em cada célula e, no caso de
poucos grupos - pelo menos 10 - Exemplo: em tabelas 2x 2).
Como calcular
Karl Pearson propôs a seguinte fórmula para medir as possíveis discrepâncias entre proporções
observadas e esperadas:
= [(o - e)2 /e]
em que
Hipótese alternativa: As freqüências observadas são diferentes da freqüências esperadas, portanto existe diferença entre as
freqüências.
Portanto, há associação entre os grupos.
Procedimento
É necessário obter duas estatísticas denominadas calculado e tabelado. (Para ver a tabela de , clique aqui).
As freqüências observadas são obtidas diretamente dos dados das amostras, enquanto que as freqüências esperadas são
calculadas a partir destas.
Assim, o calculado é obtido a partir dos dados experimentais, levando-se em consideração os valores observados e os
esperados, tendo em vista a hipótese.
Já o tabelado depende do número de graus de liberdade e do nível de significância adotado.
Portanto, rejeita-se uma hipótese quando a máxima probabilidade de erro ao rejeitar aquela hipótese for baixa (alfa baixo). Ou,
quando a probabilidade dos desvios terem ocorrido pelo simples acaso é baixa.
O nível de significância (alfa) representa a máxima probabilidade de erro que se tem ao rejeitar uma hipótese.
Exemplo 1:
Se uma moeda não viciada for jogada 100 vezes, espera-se obter 50 caras e 50 coroas, já que a probabilidade de cair cara (p)
é = ½ e a de cair coroa (q) também é = ½. Entretanto, na prática, é muito difícil obter valores observados, idênticos aos
esperados, sendo comum encontrar valores que se desviam dos teóricos.
Supondo que uma moeda foi jogada 100 vezes e se obteve 60 caras e 40 coroas.
a. Qual será o valor de ?
b. Como se pode interpretar esse valor?
Resolvendo:
As freqüências esperadas em cada classe são calculadas por: p.N. Portanto:
E(cara) = ½ .100 e E(coroa) = ½ .100
Assim, os valores esperados são: cara: 50 e coroa: 50 e os observados são: cara: 60 e coroa: 40.
= [(60 – 50)2 / 50] + [(40 – 50)2 / 50]
a. Valor de =2+2=4
O que significa esse número? Ou seja, como se analisa um teste de ?
Supondo que em vez de lançarmos 100 moedas uma única vez, tivéssemos
feito inúmeros lançamentos de 100 moedas. Se calcularmos o a cada 100
lançamentos, e, depois, colocarmos todos os resultados em um gráfico, teria
sido obtida a figura ao lado.
Nota-se que os valores pequenos de ocorrem mais freqüentemente queos
grandes, pois se um experimento puder ser representado pelo modelo
teórico proposto, pequenos desvios casuais entre proporções esperadas e
observadas ocorrerão em maior número do que grandes desvios.
Tomando a área total sob a curva como 100%, sabe-se que o valor 3,841
delimita 5% dela. Este é o valor crítico de qui quadrado conhecido como .
Portanto, espera-se em experimentos semelhantes, que valores de
menores que 3,841 tenham 95% de probabilidade de ocorrência.
Sempre que o valor de for menor que 3,841 aceita-se a hipótese de
igualdade estatística entre os números de observados e de esperados (H0).
Ou seja, admite-se que os desvios não são significativos.
Entretanto, é importante notar que esse raciocínio e decisão só são válidos quando há 2 classes possíveis de eventos. (Como
no exemplo dado, em que o lançamento da moeda pode resultar em 2 acontecimentos: cara ou coroa).
Mas, se tivéssemos lançado um dado seriam 6 classes possíveis. Como faríamos, então?
Deve-se consultar uma tabela de e lembrar que, nesse caso:
G.L. = número de classes - 1
A tabela de Qui Quadrado mostra o número de Graus de liberdade nas linhas e o valor da Probabilidade nas colunas.
Na coluna referente a 5% de probabilidade encontra-se o valor crítico de qui quadrado ( ), com o qual deve ser comparado o
valor calculado de .
Exemplo 2:
Se um dado não viciado for jogado 6 vezes, espera-se obter 1 vez cada face (1, 2, 3, 4, 5 e 6) já que a
probabilidade de cair qualquer face é 1/6.
Resolvendo:
observado 34 29 30 32 28 33
esperado 31 31 31 31 31 31
Verificando-se a tabela de na linha em G.L. = 5 encontra-se igual a 11,070. Como o valor de Qui
Quadrado obtido ( 0,903 ) foi menor que o esperado ao acaso ( 11,070) admite-se que o dado seja
honesto.
Para facilitar os cálculos para certas proporções utilize uma planilha especial:
Em tabelas de contingência
Até aqui foram analisadas situações em que havia uma hipótese baseada em alguma teoria, gerando
proporções esperadas. Por exemplo, efetuar um experimento semelhante ao de Mendel e verificar se a
distribuição de uma certa variável obedece a proporção 3 :1.
Entretanto, o teste de pode ser aplicado em casos em que não se dispõe de uma teoria que permita
efetuar o cálculo de classes esperadas.
Por exemplo, supondo que se deseja verificar se uma característica se distribui igualmente entre os
sexos, ou em classes sociais, ou em diferentes grupos raciais, ou em grupos etários, ou em localizações
geográficas ou...
Note-se que não existe um modo de calcular os esperados. Nesses casos constrói-se uma tabela de
contingência.
Hipótese alternativa, Ha: Há associação entre os grupos, ou seja, as variáveis são dependentes.
A freqüência esperada em cada classe é calculada pela multiplicação do total de sua coluna, pelo total de
sua linha, dividindo-se o produto pelo total geral da tabela (N).
O número de graus de liberdade, quando os dados estão em tabela de contingência é assim calculado:
G.L. = número de linhas - 1 x número de colunas - 1
Procedimento
É necessário obter duas estatísticas denominadas calculado e tabelado. (Para ver a tabela de ,
clique aqui).
Exemplo:
Os resultados abaixo provém de um teste sorológico aplicado a indivíduos pertencentes a 3 amostras
compostas por indivíduos de provenientes de diferentes faixas etárias (crianças, adolescentes e adultos).
Por à prova a hipótese de que a proporção de indivíduos com reação positiva não difere
significativamente nas 3 amostras contra a hipótese de que isso não é verdadeiro.
Para calcular os esperados multiplica-se os totais parciais relativos a cada casela e divide-se pelo total geral (N).
Por exemplo, na casela crianças + = 50 x 70 / 150 = 23,3333
Depois calcula-se os qui quadrados parciais.
Por exemplo, na casela crianças + = (o-e)2 /e = [(25 - 23,3333)2 / 23,3333)] = 0,1190.
Depois, calcula-se a parcela de referente a cada casela.
Ao final, soma-se as parcelas e obtém-se o .
Jovens 15 25 40
Esp 13,3333 26,6667
2
(o-e) /e 0,2083 0,1042
Adultos 10 30 40
Esp 13,3333 26,6667
2
(o-e) /e 0,8333 0,4167
Como o valor de obtido é menor que o conclui-se que os desvios não são significativos.
Portanto, os indivíduos pertencentes às 3 amostras ( crianças, adolescentes e adultos ) reagem do mesmo modo ao teste
sorológico, não havendo influência das diferentes faixas etárias sobre o resultado do teste. Assim sendo, o resultado
sorológicoindepende dos grupos etários.
Quando se obtém um valor de significativo mas nota-se que a amostra é pequena e/ou que
a freqüência esperada em uma das classes é pequena (tipicamente, quando for menor que 5) a fórmula
de obtenção de poderá produzir um valor maior que o real.
Alguns autores, entre eles Ronald Fisher, recomendam que se observe a seguinte restrição:
O teste de pode ser usado se o número de observações em cada casela da tabela for maior ou igual a
5 e a menor freqüência esperada for maior ou igual a 5.
= [( | o -e | - 0,5)2/ e ]
Evidentemente, não é preciso usar a correção de Yates se o valor de obtido for menor que , pois o
novo valor será menor que o primeiro, continuando a não ser significativo.
Apesar do assunto ser controverso, de modo geral, usa-se a correção de Yates quando:
A genealogia seria:
N é menor que 20 e
É importante notar que agora, após ter sido aplicada a correção, < , ou seja será alterada a decisão
do teste.
Portanto, aceita-se que os desvios são devidos ao acaso. Assim, conclui-se que a doença obedece o
padrão de transmissão autossômico, dominante e monogênico.
Em amostras pequenas o erro do valor de Qui quadrado é alto e, portanto, o teste não é recomendável.
Ronald Fisher apresentou outro teste que permite calcular a probabilidade de associação das
características que estão em análise, ou seja, a probabilidade de tais características serem
independentes, quando o número total de dados é pequeno .
Assim, em amostras pequenas deve-se executar esse teste, pois produz erro menor que o teste de Qui
Quadrado.
Apesar do assunto ser um pouco controverso, de modo geral usa-se o Teste exato de Fisher quando:
o valor de N < 20 ou
P
GL / P 0,99 0,95 0,90 0,80 ... 0,05 0,02 0,01
1 . . . . . . . ..
2 . . . . . . . ..
... . . . ..
Os desvios não são significativos. Os desvios são significativos.
. As variáveis estudadas são independentes. As variáveis não são independentes. A asso
A associação entre as variáveis é devida ao acaso. as variáveis estudadasnão é devida ao acas
A probabilidade calculada será igual ao produto dos fatoriais dos totais marginais pelo fatorial do total
geral multiplicado pelo inverso do produto dos fatorais dos valores observados em cada classe.
P = [( G! H! E! F! ) / I! ] x [1 / ( a! c! b! d! )]
Exemplo
Supondo a presença de uma determinada enzima em pessoas submetidas a uma reação sorológica:
Reação Enzima Total
Presente Ausente
+ 5a 1c 6G
- 0b 3d 3H
Total 5E 4F 9I
P = [( G! H! E! F! ) / I! ] x [1 / ( a! c! b! d! )]
P = [(6! 3! 5! 4!) / 9! ] x [1 / (5! 1! 0! 3!)] = 0,0476 = 4,76%
Como esse valor é menor que 5% a hipótese das características serem independentes é rejeitada, dizendo-se que a sua
associação não é casual.
Deve-se:
Exemplo
Supondo que os valores obtidos sejam:
Calcularíamos
Total
5 3 8 P = (8! 7! 7! 8! / 15!) (1 / 5! 3! 2! 5!)
2 5 7 P = 0,1828
Total 7 8 15
.
6 2 8 P = (8! 7! 7! 8! / 15!) (1 / 6! 2! 1! 6!)
1 6 7 P = 0,0305
Total 7 8 15
.
7 1 8 P = (8! 7! 7! 8! / 15!) (1 / 0! 7! 1! 7!)
0 7 7 P = 0,0012
Total 7 8 15
Nesse caso, como o valor encontrado de P é maior que 5%, a hipótese das características serem independentes é aceita,
dizendo-se que a sua associação é casual.
Observação: Em tabelas com mais de 2 colunas ou 2 linhas, ou seja, quando G.L. > 1, pode-se utilizar o teste de se o
número de caselas com freqüência esperada inferior a 5 é menor que 20% do total de caselas e nenhuma freqüência
esperada for zero.
Pode-se testar se amostras diferentes em uma série de experimentos semelhantes são homogêneas ou não.
( ).
O valor final obtido é o de heterogeneidade.
Exemplo
Em 3 amostras de filhos de casais MN, obteve-se:
Amostras MM MN NN Total
Belém - PA 19 38 23 80
Maceió - AL 18 25 17 60
São Carlos - SP 8 23 9 40
Total 45 86 49 180
Proporções esperadas 1/4 1/2 1/4
Pergunta-se: As amostras são homogêneas?
Nesse caso, deve-se calcular o para cada amostra, a partir de proporções esperadas (MM = 1/4, MN =
1/2 e NN = 1/4), obtendo-se:
Amostras GL
Belém - PA (19-20)2 /20 + (38-40)2 /40 + (23-20)2 /20 0,600 2
Maceió - AL (18-15)2 /15 + (25-30)2 /30 + (17-15)2 /15 1,700 2
São Carlos - 0,950
( 8-10)2 /10 + (23-20)2 /20 + ( 9-10)2 /10 2
SP
Total (45-45)2 /45 + (86-90)2 /90 + (49-45)2 /45 0,534 2
Para obter a basta somar os valores de obtidos em cada classe e os seus G.L.:
E, então, subtrair de
3,250 - 0,534 = 2,716 e GL = 6 - 2 = 4. Portanto, = 2,716.
Na tabela verifica-se que crítico = 9,488.
Conclui-se que como o valor de calculado é menor que o de aceita-se que os desvios são devidos ao acaso, não sendo
significativos. Portanto as amostras são homogêneas.
Quando se quer provar se os dados de uma mostra seguem a distribuição de Poisson deve-se:
reunir em uma única classe as que tiverem valores esperados menores que 5
calcular os esperados segundo a distribuição de Poisson
Exemplo
Foram observados os seguintes números de tripanossomos em 128 campos de um hemocitômetro
0 26 21,9
1 37 38,7
2 31 34,1
3 18 20,1
4 10 8,9
5 3| 3,1 |
7 0| 0,2 |
>7 0| 0,1 |
Total 128
0 26 21,9 0,768
1 37 38,7 0,075
2 31 34,1 0,282
3 18 20,1 0,219
4 10 8,9 0,136
GL = 6 - 2 = 4 e crítico = 9,488.
Como o encontrado é menor que o crítico conclui-se que os desvios não são significativos.
Portanto, pode-se aceitar que o número de tripanossomos encontrado segue a distribuição de Poisson.
Até algumas décadas atrás, quando não se usava calculadoras ou computadores, eram utilizadas maneiras de efetuar
cálculos em alguns tipos de tabelas que facilitavam em muito a obtenção de resultados, por efetuarem menor número de
operações.