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Pilar Misto

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DIMENSIONAMENTO OTIMIZADO DE PILARES MISTOS PREENCHIDOS DE

AÇO E CONCRETO
Optimized design of mixed steel and concrete filled columns

Jéssica Salomão Lourenção (1); Élcio Cassimiro Alves (2)

(1) Engenheira Civil, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória - ES, Brasil.
(2) Dr. Prof., Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória - ES, Brasil.
Email para Correspondência: elcio.calves1@gmail.com; (P) jessica_lourencao@hotmail.com

Resumo: A utilização de perfis de aço de seções tubulares para pilares mistos preenchidos de aço e
concreto é uma solução interessante para a construção civil, visto que esse tipo de perfil apresenta
grande resistência aos esforços solicitantes, além da dispensa do uso de formas e proteção contra o
fogo e a corrosão. Este artigo objetiva estudar o dimensionamento otimizado de pilares mistos
preenchidos de aço e concreto seguindo as prescrições da NBR 8800:2008 e da NBR 16239:2013. O
desenvolvimento da formulação será feito dentro da plataforma do Matlab, com uma interface gráfica
visando à facilidade de manuseio do usuário. A solução do problema será obtida via método dos pontos
interiores, programação quadrática sequencial e algoritmo genético para verificar a eficiência dos
algoritmos de otimização. Exemplos de aplicação serão apresentados de modo a validar a formulação
proposta bem como desenvolver um estudo do comportamento de cada técnica com relação à
resistência efetiva da solução otimizada.
Palavras chaves: Pilares Mistos; Otimização; Perfil Tubular.

Abstract: The use of tubular sections to filled concrete columns of steel and concrete is an interesting
solution for the civil construction, since this type of profile presents great resistance to the requesting
efforts, besides the dispensation of the use of forms and protection against the fire and corrosion. This
article aims to study the optimized design of filled concrete columns of steel and concrete following
the requirements of NBR 8800:2008 and NBR 16239:2013. The development of the formulation will be
done within the Matlab platform, along with an interface that provides the user an easier
manipulation. The solution of the problem will be obtained through the interior points method,
quadratic sequential programming and genetic algorithm to verify the efficiency of the optimization
algorithms. Application examples will be presented to validate the proposed formulation as well as
create a detail study of the behavior of each technique with reference to the effective resistance of
the optimized solution.

Keywords: Mixed Columns; Optimization; Tubular Section.


1 INTRODUÇÃO

Os perfis tubulares de aço sempre foram muito utilizados na construção civil por
apresentarem grande resistência aos esforços solicitantes, além de apresentarem vantagens tais
como proteção contra o fogo e a corrosão e dispensa do uso de formas. Um pilar misto
preenchido é composto por um perfil de aço que trabalha em conjunto com o concreto, unindo
a capacidade de resistência do aço com a robustez do concreto, apresentando três tipos de
geometrias de seções transversais disponíveis, circular, retangular e quadrada, possibilitando
assim, inúmeras geometrias de seções transversais com ou sem armações que satisfazem cada
situação de esforço solicitante.
Pilares mistos com este tipo de configuração foram citados em estudos como os de
Fernandes (1997), De Nardin (1999), De Nardin (2003), Oliveira (2008), Gomes (2015), entre
outros. Entretanto, os mesmos não apresentaram estudos que retratassem o dimensionamento
desses pilares seguindo as exigências das normas brasileiras de dimensionamento, motivando
assim, o desenvolvimento deste estudo.
Este artigo objetiva apresentar a formulação e os critérios para o dimensionamento
otimizado de pilares mistos preenchidos de aço e concreto baseado nas prescrições da NBR
8800:2008 e da NBR 16239:2013. Para tal, será desenvolvido um programa computacional no
software Matlab que, após definidos os dados dos materiais, comprimento do pilar,
características do ambiente e os esforços solicitantes de cálculo, dimensionará o pilar de forma
otimizada, utilizando, para a otimização determinística, o método dos pontos interiores (IP) e a
programação quadrática sequencial (SQP) e para a otimização probabilística, o algoritmo
genético (AG), existentes na biblioteca do Matlab.

2 DIMESIONAMENTO DE PILARES MISTOS PREENCHIDOS DE


AÇO E CONCRETO

2.1 Hipóteses básicas e limites de aplicabilidade do dimensionamento


O anexo P da NBR 8800:2008 aborda as diretrizes para o dimensionamento por método
simplificado. As hipóteses básicas adotadas pelo método simplificado são: total interação entre
aço e concreto; a flambagem local não pode ser um estado-limite último predominante; e as
imperfeições iniciais são consistentes com aquelas adotadas na determinação da resistência de
barras de aço.
O método ainda possui alguns limites de aplicabilidade, tais quais: os pilares mistos devem
ter dupla simetria e seções transversais constantes ao longo do comprimento; o concreto deve
possuir densidade normal; a contribuição do perfil metálico para a capacidade resistente da
seção mista deve estar entre 0,2 e 0,9, conforme Eq. (1); a esbeltez relativa do pilar não pode
ser superior a 2,0, de acordo com Eq. (2); as seções transversais preenchidas com concreto
podem ser fabricadas sem qualquer armadura, exceto para algumas condições em situação de
incêndio; a relação entre a altura e a largura das seções transversais mistas retangulares deve
estar entre 0,2 e 5; e o projeto das armaduras deve atender aos requisitos da NBR 6118:2014.
𝐴𝑎 𝑓𝑦𝑑
𝛿= (1)
𝑁𝑝𝑙,𝑅𝑑
𝑁𝑝𝑙.𝑅
𝜆0,𝑚 = √ (2)
𝑁𝑒

onde:
𝐴𝑎 área do aço;
𝑓𝑦𝑑 limite de escoamento do aço dividido pelo coeficiente de resistência do aço (𝛾𝑎 );
𝑁𝑝𝑙,𝑅𝑑 definido conforme Eq. (3);
𝑁𝑝𝑙.𝑅 valor de 𝑁𝑝𝑙,𝑅𝑑 tomando-se os coeficientes de resistência 𝛾𝑎 , 𝛾𝑐 e 𝛾𝑠 iguais a 1,0;
𝑁𝑒 definido conforme Eq. (8).

2.2 Flambagem local dos elementos de aço


Para garantir a hipótese de que as resistências de todos os materiais devem ser atingidas
sem que ocorra flambagem local dos elementos componentes do perfil de aço da seção
transversal, não podem ser ultrapassadas as seguintes relações, conforme Tabela 1.

Tabela 1- Limitação do índice de esbeltez local dos pilares mistos preenchidos

Morfologia da seção Limite de esbeltez


Seção tubular retangular e 𝑏𝑖 𝐸𝑎
≤ 2,26√
quadrada preenchida 𝑡 𝑓𝑦
Seção tubular circular 𝐷 𝐸𝑎
≤ 0,15
Preenchida 𝑡 𝑓𝑦
Fonte: ABNT NBR 8800:2008

onde:
𝑏𝑖 maior dimensão paralela a um eixo de simetria da seção tubular retangular;
𝐷 diâmetro externo do perfil tubular circular;
𝑡 espessura da parede do perfil tubular retangular ou circular;
𝐸𝑎 módulo de elasticidade do aço;
𝑓𝑦 limite de escoamento do aço.

2.3 Dimensionamento segundo a NBR 8800:2008 e a NBR 16239:2013


2.3.1 Dimensionamento a força axial de compressão
A força axial resistente de cálculo da seção transversal à plastificação total é calculada de
acordo com a Eq. (3).
𝑁𝑝𝑙,𝑅𝑑 = 𝐴𝑎 𝑓𝑦𝑑 + 𝛼𝐴𝑐 𝑓𝑐𝑑 + 𝐴𝑠 𝑓𝑠𝑑 (3)
onde:
𝐴𝑎 , 𝐴𝑐 , 𝐴𝑠 respectivas áreas do aço, concreto e armadura;
𝑓𝑦𝑑 limite de escoamento do aço dividido pelo coeficiente de resistência do aço
(𝛾𝑎 );
resistência característica à compressão dividido pelo coeficiente de resistência
𝑓𝑐𝑑
do concreto (𝛾𝑐 );
limite de escoamento da armadura dividido pelo coeficiente de resistência da
𝑓𝑠𝑑
armadura (𝛾𝑠 );
coeficiente igual a 0,95 para seções tubulares circulares preenchidas com
𝛼
concreto e 0,85 para as demais seções.
Devido aos efeitos de retração e fluência do concreto, uma redução no módulo de
elasticidade do concreto é aplicada, tomando-se no lugar de 𝐸𝑐 , o valor de 𝐸𝑐,𝑟𝑒𝑑 descrito na
Eq. (4).
1
𝐸𝑐,𝑟𝑒𝑑 = 𝐸𝑐
𝑁 (4)
1 + ( 𝑁𝐺,𝑆𝑑 ) 𝜑
𝑠𝑑

onde:
𝐸𝑐 módulo de elasticidade do concreto calculado conforme a NBR 6118:2014;
𝑁𝐺,𝑆𝑑 parcela da força axial solicitante de cálculo devida a ação permanente e ação
decorrente do uso de atuação quase permanente;
𝑁𝑠𝑑 força axial solicitante de cálculo;
coeficiente de fluência do concreto, onde simplificadamente admite-se que
𝜑 seja tomado igual a 2,5 nas seções total ou parcialmente revestidas com
concreto e igual a 0 nas seções tubulares preenchidas com concreto.
A rigidez efetiva à flexão e a rigidez axial efetiva à compressão são calculadas
respectivamente na Eq. (5) e Eq. (6), conforme a NBR 8800:2008. No entanto, a NBR
16239:2013 recomenda-se utilizar a Eq. (7) no cálculo da rigidez efetiva à flexão.
(𝐸𝐼)𝑒 = 𝐸𝑎 𝐼𝑎 + 0,6𝐸𝑐,𝑟𝑒𝑑 𝐼𝑐 + 𝐸𝑠 𝐼𝑠 (5)
(𝐸𝐴)𝑒 = 𝐸𝑎 𝐴𝑎 + 𝐸𝑐,𝑟𝑒𝑑 𝐴𝑐 + 𝐸𝑠 𝐴𝑠 (6)
(𝐸𝐼)𝑒 = 𝐸𝑎 𝐼𝑎 + 0,7𝐸𝑐 𝐼𝑐 + 𝐸𝑠 𝐼𝑠 (7)
onde:
𝐼𝑎 , 𝐼𝑐 , 𝐼𝑠 momentos de inércia do aço, concreto e armadura;
𝐸𝑎 , 𝐸𝑐,𝑟𝑒𝑑 , 𝐸𝑠 módulos de elasticidade do aço, reduzido do concreto e armadura;
𝐴𝑎 , 𝐴𝑐 , 𝐴𝑠 áreas do aço, concreto e armadura.
A força axial de flambagem elástica, Eq. (8), e o fator de redução da resistência, conforme
a NBR 8800:2008, Eq. (9) e Eq. (10), são obtidos conforme as equações mencionadas. No
entanto, a NBR 16239:2013 recomenda utilizar a Eq. (11) para o cálculo do fator de redução
da resistência.
𝜋 2 (𝐸𝐼)𝑒
𝑁𝑒 = (8)
(𝐾𝐿)2
2
𝜆0,𝑚 ≤ 1,5 → 𝜒 = 0,658𝜆0,𝑚 (9)
0,877
𝜆0,𝑚 > 1,5 → 𝜒 = (10)
𝜆0,𝑚 2
1
𝜒= 1 (11)
4,48 2,24
(1 + 𝜆0,𝑚 )
onde:
𝐾𝐿 comprimento de flambagem do pilar;
𝜆0,𝑚 a esbeltez relativa do pilar, conforme Eq. (2).
Portanto, o cálculo da força axial resistente de cálculo é dado na Eq. (12) e posteriormente
a capacidade resistente do pilar à compressão é verificada garantindo que a força axial resistente
de cálculo seja maior ou igual a força axial solicitante de cálculo, Eq. (13).
𝑁𝑅𝑑 = 𝜒𝑁𝑝𝑙,𝑅𝑑 (12)
𝑁𝑅𝑑 ≥ 𝑁𝑆𝑑 (13)

2.3.2 Dimensionamento a flexo-compressão


Para o dimensionamento de pilares mistos sujeitos aos efeitos combinados de força axial
de compressão e momento fletor em relação a um ou aos dois eixos de simetria da seção
transversal podem ser utilizados um modelo de cálculo mais simplificado, modelo de cálculo I,
ou um modelo mais rigoroso, modelo de cálculo II, de acordo com a NBR 8800:2008 ou um
modelo de cálculo proposto pela NBR 16239:2013.
Para tal, o momento fletor resistente de plastificação de cálculo (𝑀𝑝𝑙,𝑅𝑑 ) de seções mistas
duplamente simétricas em relação ao eixo x ou ao eixo y, 𝑀𝑝𝑙,𝑥,𝑅𝑑 e 𝑀𝑝𝑙,𝑦,𝑅𝑑 , e o momento
fletor máximo resistente de plastificação (𝑀𝑚𝑎𝑥,𝑝𝑙,𝑅𝑑 ) em relação ao eixo x ou ao eixo y,
𝑀𝑚𝑎𝑥,𝑝𝑙,𝑥,𝑅𝑑 e 𝑀𝑚𝑎𝑥,𝑝𝑙,𝑦,𝑅𝑑 , podem ser calculados de acordo com as Eq. (14) e Eq. (15).
𝑀𝑝𝑙,𝑅𝑑 = 𝑓𝑦𝑑 (𝑍𝑎 − 𝑍𝑎𝑛 ) + 0,5𝑓𝑐𝑑1 (𝑍𝑐 − 𝑍𝑐𝑛 ) + 𝑓𝑠𝑑 (𝑍𝑠 − 𝑍𝑠𝑛 ) (14)
𝑀𝑚𝑎𝑥,𝑝𝑙,𝑅𝑑 = 𝑓𝑦𝑑 𝑍𝑎 + 0,5𝑓𝑐𝑑1 𝑍𝑐 + 𝑓𝑠𝑑 𝑍𝑠 (15)
onde:
𝑍𝑎 , 𝑍𝑐 , 𝑍𝑠 módulos de resistência do aço, do concreto e armadura;
𝑓𝑦𝑑 , 𝑓𝑠𝑑 Resistências de cálculo ao escoamento do aço e armadura;
𝑓𝑐𝑑1 produto de 𝛼𝑓𝑐𝑑 ;
módulos de resistência plástico de acordo com o tipo de seção transversal,
𝑍𝑎𝑛 , 𝑍𝑐𝑛 , 𝑍𝑠𝑛
definidos a seguir.
O cálculo do módulo de resistência plástico para seções circulares preenchidas e seções
tubulares retangulares e quadradas é descrito nas Eq. (16) a (27).
• Seção tubular circular, de acordo com a Figura 1:
Figura 1 – Seção tubular circular preenchida com concreto

Fonte: (ABNT NBR 8800, 2008)

3 2
(𝐷 − 2𝑡)3 2 𝐷 𝐷 𝐷 𝐷
𝑍𝑐 = − ( − 𝑡) − ( − 𝑡) (4 − 𝜋) ( − 𝑡 − ( − 𝑡)) − 𝑍𝑠 (16)
4 3 2 2 2 2
𝑛

𝑍𝑠 = ∑|𝐴𝑠𝑖 𝑒𝑖 | (17)
𝑖=1
𝐴𝑐 𝑓𝑐𝑑1
− 𝐴𝑠𝑛 (2𝑓𝑠𝑑 − 𝑓𝑐𝑑1 )
ℎ𝑛 = (18)
2𝐷𝑓𝑐𝑑1 + 4𝑡(2𝑓𝑦𝑑 − 𝑓𝑐𝑑1 )
𝑛

𝑍𝑠𝑛 = ∑|𝐴𝑠𝑖𝑛 𝑒𝑖 | (19)


𝑖=1
𝑍𝑐𝑛 = (𝐷 − 2𝑡)ℎ𝑛 2 − 𝑍𝑠𝑛 (20)
𝑍𝑎𝑛 = 𝐷ℎ𝑛 2 − 𝑍𝑐𝑛 − 𝑍𝑠𝑛 (21)
onde:
𝐴𝑠𝑛 soma das áreas das barras da armadura na região de altura 2ℎ𝑛 ;
𝐴𝑠𝑖 área da barra da armadura;
𝐴𝑠𝑖𝑛 área de cada barra da armadura na região de altura 2ℎ𝑛 ;
𝑒𝑖 distância do eixo da barra da armadura ao eixo de simetria relevante;
𝑒𝑦𝑖 distância do eixo da barra da armadura ao eixo x.
• Seção tubular retangular e quadrada, de acordo com a Figura 2:

Figura 2 – Seção tubular retangular/quadrada preenchida com concreto

Fonte: (ABNT NBR 8800, 2008)

▪ Eixo x:
(𝑏2 − 2𝑡)(𝑏1 − 2𝑡)2 2 3 𝑏1
𝑍𝑐,𝑥 = − 𝑟 − 𝑟 2 (4 − 𝜋) ( − 𝑡 − 𝑟) − 𝑍𝑠,𝑥 (22)
4 3 2
𝑛

𝑍𝑠,𝑥 = ∑|𝐴𝑠𝑖 𝑒𝑖 | (23)


𝑖=1
𝐴𝑐 𝑓𝑐𝑑1 − 𝐴𝑠𝑛 (2𝑓𝑠𝑑 − 𝑓𝑐𝑑1 )
ℎ𝑛,𝑥 = (24)
2𝑏2 𝑓𝑐𝑑1 + 4𝑡(2𝑓𝑦𝑑 − 𝑓𝑐𝑑1 )
𝑛

𝑍𝑠𝑛,𝑥 = ∑|𝐴𝑠𝑖𝑛 𝑒𝑦𝑖 | (25)


𝑖=1
𝑍𝑐𝑛,𝑥 = (𝑏2 − 2𝑡)ℎ𝑛 2 − 𝑍𝑠𝑛,𝑥 (26)
𝑍𝑎𝑛,𝑥 = 𝑏2 ℎ𝑛 2 − 𝑍𝑐𝑛,𝑥 − 𝑍𝑠𝑛,𝑥 (27)
▪ Eixo y:
Para o cálculo com relação ao eixo y, devem ser utilizadas as equações relativas ao eixo x,
porém substituindo entre si as dimensões 𝑏1 e 𝑏2 , bem como os índices subscritos x e y.

2.3.2.1 Modelo de cálculo I (NBR 8800:2008)


No Modelo de Cálculo I, o diagrama de interação é composto por duas retas, como indica
a Figura 3 e a verificação dos efeitos da força axial de compressão e dos momentos fletores
deve satisfazer as Eq. (28) e (29).

Figura 3 – Diagrama de interação momento fletor-força normal

𝑁𝑆𝑑 𝑁𝑆𝑑 8 𝑀𝑥,𝑆𝑑 𝑀𝑦,𝑆𝑑


≥ 0,2 + ( + ) ≤ 1,0 (28)
𝑁𝑅𝑑 𝑁𝑅𝑑 9 𝑀𝑥,𝑅𝑑 𝑀𝑦,𝑅𝑑
𝑁𝑆𝑑 𝑁𝑆𝑑 𝑀𝑥,𝑆𝑑 𝑀𝑦,𝑆𝑑
< 0,2 +( + ) ≤ 1,0 (29)
𝑁𝑅𝑑 2𝑁𝑅𝑑 𝑀𝑥,𝑅𝑑 𝑀𝑦,𝑅𝑑
onde:
𝑁𝑆𝑑 força axial solicitante de cálculo;
𝑁𝑅𝑑 força axial resistente cálculo;
𝑀𝑥,𝑆𝑑 , 𝑀𝑦,𝑆𝑑 momentos fletores solicitantes em relação ao eixo x e ao eixo y da seção
mista, respectivamente;
momentos fletores resistentes de cálculo em relação ao eixo x e ao eixo y da
𝑀𝑥,𝑅𝑑 , 𝑀𝑦,𝑅𝑑
seção mista, respectivamente, dado por 𝑀𝑝𝑙,𝑥,𝑅𝑑 e 𝑀𝑝𝑙,𝑦,𝑅𝑑 .
2.3.2.2 Modelo de cálculo II (NBR 8800:2008)
No Modelo de Cálculo II, a curva de interação é formada por três retas, como indica a
Figura 4, o que pode aproximar melhor os segmentos de reta à curva tracejada que representa a
relação do pilar flexo-comprimido. A interação entre o momento fletor e a força normal atuante
devem satisfazer as Eq. (30) a (32), sendo o cálculo de 𝜇𝑦 idêntico ao cálculo de 𝜇𝑥 , apenas
substituindo as grandezas referentes a x por y.

Figura 4 – Diagrama de interação momento fletor-força normal

𝑁𝑆𝑑 − 𝑁𝑝𝑙,𝑐,𝑅𝑑
𝑁𝑆𝑑 ≥ 𝑁𝑐 𝜇𝑥 = 1 − (30)
𝑁𝑝𝑙,𝑅𝑑 − 𝑁𝑝𝑙,𝑐,𝑅𝑑
𝑁𝑐 𝑀𝑑,𝑥 2𝑁𝑆𝑑 𝑀𝑑,𝑥
≤ 𝑁𝑆𝑑 ≤ 𝑁𝑐 𝜇𝑥 = (1 − )( − 1) + (31)
2 𝑀𝑐,𝑥 𝑁𝑝𝑙,𝑐,𝑅𝑑 𝑀𝑐,𝑥
𝑁𝑐 𝑀𝑑,𝑥 2𝑁𝑆𝑑 𝑀𝑑,𝑥
0 ≤ 𝑁𝑆𝑑 ≤ 𝜇𝑥 = (1 − )( − 1) + (32)
2 𝑀𝑐,𝑥 𝑁𝑝𝑙,𝑐,𝑅𝑑 𝑀𝑐,𝑥
onde:
𝑁𝑆𝑑 força axial solicitante de cálculo;
𝑁𝑝𝑙,𝑐,𝑅𝑑 ou 𝑁𝑐 produto de 𝑓𝑐𝑑1 𝐴𝑐 ;
𝑁𝑝𝑙,𝑅𝑑 conforme definido na Eq. (3);
𝑀𝑐,𝑥 , 𝑀𝑐,𝑦 são dados, respectivamente por 0,9𝑀𝑝𝑙,𝑥,𝑅𝑑 e 0,9𝑀𝑝𝑙,𝑦,𝑅𝑑 obtidos conforme
Eq. (14);
são dados, respectivamente por 0,8𝑀𝑚𝑎𝑥,𝑝𝑙,𝑥,𝑅𝑑 e 0,8𝑀𝑚𝑎𝑥,𝑝𝑙,𝑦,𝑅𝑑 obtidos
𝑀𝑑,𝑥 , 𝑀𝑑,𝑦 conforme Eq. (15). Caso 𝑀𝑑,𝑥 < 𝑀𝑐,𝑥 , então 𝑀𝑑,𝑥 deve ser tomado igual a
𝑀𝑐,𝑥 . O mesmo deve ser feito em relação ao eixo y.
Os momentos devidos às imperfeições ao longo do pilar, respectivamente em relação aos
eixos x e y são obtidos conforme a Eq. (33) e Eq. (34).
𝑁𝑆𝑑 𝐿𝑥
𝑀𝑥,𝑖,𝑆𝑑 =
𝑁 (33)
200 (1 − 𝑁 𝑆𝑑 )
𝑒2,𝑦
𝑁𝑆𝑑 𝐿𝑦
𝑀𝑦,𝑖,𝑆𝑑 =
𝑁 (34)
150 (1 − 𝑁 𝑆𝑑 )
𝑒2,𝑦

onde:
𝑁𝑆𝑑 força axial solicitante de cálculo;
𝐿𝑥 , 𝐿𝑦 comprimento do pilar entre contenções laterais;
𝑁𝑒2,𝑥 , 𝑁𝑒2,𝑦 força axial de flambagem elástica em relação aos eixos x e y, obtidos
conforme Eq. (8).
Assim, os momentos fletores solicitantes de cálculo totais, caso não seja feita análise mais
rigorosa, são dados na Eq. (35) e Eq. (36).
𝑀𝑥,𝑡𝑜𝑡,𝑆𝑑 = 𝑀𝑥,𝑆𝑑 + 𝑀𝑥,𝑖,𝑆𝑑 (35)
𝑀𝑦,𝑡𝑜𝑡,𝑆𝑑 = 𝑀𝑦,𝑆𝑑 + 𝑀𝑦,𝑖,𝑆𝑑 (36)
onde:
𝑀𝑥,𝑆𝑑 , 𝑀𝑦,𝑆𝑑 momentos fletores solicitantes de cálculo.
Portanto, a verificação dos efeitos da força axial de compressão e dos momentos fletores
pode ser feita por meio da Eq. (37) e Eq. (38).
𝑁𝑅𝑑 ≥ 𝑁𝑆𝑑 (37)
𝑀𝑥,𝑡𝑜𝑡,𝑆𝑑 𝑀𝑦,𝑡𝑜𝑡,𝑆𝑑
+ ≤ 1,0 (38)
𝜇𝑥 𝑀𝑐,𝑥 𝜇𝑦 𝑀𝑐,𝑦

2.3.2.3 Modelo de cálculo (NBR 16239:2013)


No Modelo de cálculo, o diagrama de interação é composto por duas retas, como indica a
Figura 5. A verificação dos efeitos da força axial de compressão e dos momentos fletores é feita
por meio da Eq. (39) e Eq.(40).

Figura 5 – Diagrama de interação momento fletor-força normal

𝑀𝑥,𝑆𝑑 𝑀𝑦,𝑆𝑑
𝑁𝑆𝑑 ≤ 𝑁𝑐 + ≤ 1,0 (39)
𝑀𝑥,𝑅𝑑 𝑀𝑦,𝑅𝑑
𝑁𝑆𝑑 − 𝑁𝑐 𝑀𝑥,𝑆𝑑 𝑀𝑦,𝑆𝑑
𝑁𝑆𝑑 ≤ 𝑁𝑐 + + ≤ 1,0 (40)
𝑁𝑅𝑑 − 𝑁𝑐 𝑀𝑥,𝑅𝑑 𝑀𝑦,𝑅𝑑
onde:
𝑁𝑆𝑑 força axial solicitante de cálculo;
força axial de compressão resistente de cálculo referente apenas à parcela
𝑁𝑐
de concreto, dada pelo produto 𝜒𝑁𝑝𝑙,𝑐,𝑅𝑑 ;
𝑀𝑥,𝑆𝑑 , 𝑀𝑦,𝑆𝑑 momentos fletores solicitantes de cálculo;
𝑀𝑥,𝑅𝑑 , 𝑀𝑦,𝑅𝑑 são dados, respectivamente por 0,9𝑀𝑝𝑙,𝑥,𝑅𝑑 e 0,9𝑀𝑝𝑙,𝑦,𝑅𝑑 obtidos conforme
Eq. (14).

3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

3.1 Dimensionamento otimizado determinístico


A otimização contínua será formulada com base no método dos Pontos Interiores (IP) e na
Programação Quadrática Sequencial (SQP). O problema de otimização se baseia em encontrar
a solução ótima que maximize ou minimize a função objetivo e no caso do dimensionamento
de pilares mistos preenchidos de aço e concreto, a função objetivo minimiza, Eq. (41), o custo
total do pilar (por metro linear), sendo que a mesma engloba o custo do concreto, do perfil de
aço e das armaduras utilizadas, sendo definida por:
𝑓(min) = 𝐶𝑎 𝐴𝑎 𝑝𝑎 + 𝐶𝑐 𝐴𝑐 + 𝐶𝑠 𝐴𝑠 𝑝𝑠 (41)
Em que 𝐶𝑎 é o custo do perfil de aço (R$/kg), 𝐴𝑎 é a área de aço total do perfil, 𝑝𝑎 é o peso
específico do aço (kg/m3), 𝐶𝑐 é o custo do concreto (R$/m3), 𝐴𝑐 é a área de concreto na seção
transversal do perfil de aço (m2), 𝐶𝑠 é o custo das armaduras de aço (R$/kg), 𝐴𝑠 é a área das
armaduras de aço (m2) e 𝑝𝑠 é o peso específico das armaduras (kg/m3).
A partir disso, a solução ótima para a função objetivo é dada por meio de cálculos iterativos
que alteram os valores das variáveis sucessivamente, até obter o ponto mínimo. Assim, os
pilares mistos de seção tubular circular, Figura 6 (a), possuem as seguintes variáveis de projeto:
𝑥1 = 𝐷, referente ao diâmetro do perfil, 𝑥2 = 𝑡, sendo a espessura do perfil, 𝑥3 = 𝑓𝑐𝑘 , é a
resistência característica do concreto a compressão e 𝑥4 = 𝐴𝑠 , a área das armaduras de aço. Já
os pilares mistos de seção tubular retangular, Figura 6 (b), possuem como variáveis de projeto:
𝑥1 = 𝑏, referente a base do perfil, 𝑥2 = ℎ, sendo a altura do perfil, 𝑥3 = 𝑡, espessura do perfil,
𝑥4 = 𝑓𝑐𝑘 , é a resistência característica do concreto a compressão e 𝑥5 = 𝐴𝑠 , a área das
armaduras de aço. Para os pilares mistos de seção tubular quadrada, Figura 6 (c), temos 𝑥1 = 𝑏,
referente ao base do perfil, 𝑥2 = 𝑡, sendo a espessura do perfil, 𝑥3 = 𝑓𝑐𝑘 , é a resistência
característica do concreto a compressão e 𝑥4 = 𝐴𝑠 , a área das armaduras de aço.

(a) circular (b) retangular (c) quadrada

Figura 6 – Variáveis de projeto


A solução ótima deve atender às funções de restrições, as quais, em geral, são recomendações
e exigências das normas de dimensionamento. As funções de restrições inseridas no programa
foram as equações mencionadas nos Tópicos 2.3.1 e 2.3.2.

3.2 Dimensionamento otimizado probabilístico


A técnica de otimização usada para o problema de variável discreta, foi o Algoritmo
Genético o qual determina o mínimo de uma função aptidão, Eq. (42), neste caso, o custo total
do pilar misto preenchido de aço e concreto.

𝑋′ → 𝑋
𝑓𝑎𝑝𝑡𝑖𝑑ã𝑜 (𝑋 ′ ) = { (42)
𝑓(𝑋) = 𝐶𝑎 𝐴𝑎 𝑝𝑎 + 𝐶𝑐 𝐴𝑐 + 𝐶𝑠 𝐴𝑠 𝑝𝑠

A variável 𝑋′ é um vetor com 8 variáveis para os casos de seção tubular circular e quadrada
e um vetor com 9 variáveis para o caso de seção tubular retangular, onde todas possuem os
valores de 0 ou 1, exclusivamente, para cada célula do vetor. Por fim, as restrições seguem o
mesmo padrão que as funções de restrições para a otimização determinística, sendo obtidas nos
Tópicos 2.3.1 e 2.3.2.

4 EXEMPLOS

A interface gráfica foi desenvolvida com o auxílio do GUIDE (Graphical User Interface
Development Environment), Figura 7, do Matlab. Nessa interface é possível fazer a verificação
do perfil determinado pelo usuário quando selecionado as opções do método dos Pontos
Interiores (IP) e o método da Programação Quadrática Sequencial (SQP) e Algoritmos
Genéticos (AG).

Figura 7 – Interface gráfica do software


4.1 Pilar misto preenchido de perfil tubular circular
O primeiro exemplo é de um pilar misto preenchido composto por perfil tubular circular
submetido a uma compressão axial e a flexão oblíqua no eixo x, Figura 8, de solução dada por
um software PilarMisto 3.04.11 (Caldas, Fakury E Souza Jr, 2018) utilizando a NBR
8800:2008. Dados do problema:
Diâmetro do perfil tubular = 323,80mm
Espessura do perfil tubular = 12,5mm
Comprimento do pilar misto = 4000mm
Resistência do concreto (𝑓𝑐𝑘 ) = 30MPa
Limite de escoamento do aço (𝑓𝑦𝑘 ) = 250MPa
Carregamento vertical (𝑁𝑆𝑘 ) = 1428,57kN
Momento na direção x (𝑀𝑥,𝑆𝑘 ) = 9428,57kN Figura 8 – Pilar misto circular
Momento na direção y (𝑀𝑦,𝑆𝑘 ) = 0kN

A Tabela 2 apresenta os resultados quando se aplica as técnicas de otimização para este


exemplo.

Tabela 2- Resultados das restrições dos softwares para o exemplo 1

D t 𝑓𝑐𝑘 𝑁𝑅𝑑 𝑀𝑥,𝑅𝑑 𝑀𝑦,𝑅𝑑 CT


Método FS1 FS2
(mm) (mm) (MPa) (kN) (kN.cm) (kN.cm) (R$)
Pilar Misto 3.04.11 323,8 12,5 30 3821 30611 30611 0,91 0,80 -
Dimensionamento 323,8 12,5 30 3836 30611 30611 0,90 0,87 2397
IP 324,8 6,4 30 5136 19216 19216 1,00 0,76 1497
SQP 324,8 6,4 30 5136 19216 19216 1,00 0,76 1497
AG 323,8 7,1 80 4865 20631 20631 0,98 0,80 1580
O dimensionamento realizado pelo programa apresentou um aumento de 0,4% no resultado
da força resistente de compressão axial quando comparado com o dimensionamento realizado
pelo software PilarMisto 3.04.11. Isso pode ter ocorrido devido a alguma inconsistência na
formulação das áreas de aço e de concreto, como também dos esforços resistentes. No entanto,
não houve diferença entre os valores dos momentos resistentes em nenhum dos eixos. Já o fato
de os fatores de segurança serem diferentes é devido ao fato de a força resistente de compressão
possuir esse acréscimo de 0,4%.
Os resultados encontrados pela otimização contínua, IP e SQP, mostraram que não houve
diferença nas soluções. No entanto, o resultado encontrado pela otimização discreta, AG, foi
diferente, chegando a ser encontrado um custo mais alto devido a utilização de perfis
estabelecidos por catálogos de tubos estruturais. Assim, como pode ser observado, o melhor
resultado foi obtido pela otimização contínua, chegando numa diferença percentual de 37,5%
quando comparado com a solução dada no dimensionamento.
4.2 Pilar misto preenchido de perfil tubular quadrado
Um pilar misto preenchido composto por perfil tubular quadrado submetido somente a uma
compressão axial, Figura 9, de solução dada pelo software PilarMisto 3.04.11 (Caldas, Fakury
e Souza Jr, 2018) utilizando a NBR 8800:2008. Dados do problema:
Base do perfil tubular = 150,00mm
Altura do perfil tubular = 150,00mm
Espessura do perfil tubular = 12,5mm
Comprimento do pilar misto = 3000mm
Resistência do concreto (𝑓𝑐𝑘 ) = 30MPa
Limite de escoamento do aço (𝑓𝑦𝑘 ) = 250MPa
Carregamento vertical (𝑁𝑆𝑘 ) = 714,29kN
Momento na direção x (𝑀𝑥,𝑆𝑘 ) = 0kN
Figura 9 – Pilar misto quadrado
Momento na direção y (𝑀𝑦,𝑆𝑘 ) = 0kN

A Tabela 3 apresenta os resultados tanto para o dimensionamento quanto para otimização


aplicada neste exemplo.

Tabela 3- Resultados das restrições dos softwares para o exemplo 2

b t 𝑓𝑐𝑘 𝑁𝑅𝑑 𝑀𝑥,𝑅𝑑 𝑀𝑦,𝑅𝑑 CT


Método FS1 FS2
(mm) (mm) (MPa) (kN) (kN.cm) (kN.cm) (R$)
Pilar Misto
150,0 12,5 30 1555 8229 8229 0,00 0,00 -
3.04.11
Dimensionamento 150,0 12,5 30 1468 7780 7780 0,00 0,00 930
IP 140,1 3,6 90 1000 2733 2733 0,00 0,00 324
SQP 140,1 3,6 90 1000 2733 2733 0,00 0,00 324
AG 200 6,4 20 1381 8578 8578 0,00 0,00 710
O dimensionamento realizado pelo programa apresentou uma redução de 5,6% no
resultado da força resistente de compressão axial, uma redução de 5,5% no resultado dos
momentos resistentes no eixo x e no eixo y, quando comparados com o dimensionamento
realizado pelo software PilarMisto 3.04.11, podendo ser ocasionado devido a consideração dos
raios do perfil.
De forma similar aos exemplos anteriores, os resultados encontrados pela otimização
contínua, IP e SQP, mostraram que não houve diferença nas soluções e o resultado encontrado
pela otimização discreta, AG, obteve um custo superior. Portanto, o melhor resultado foi obtido
pela otimização contínua, com uma diferença percentual de 65,1% quando comparado com a
solução dada no dimensionamento.

4.3 Pilar misto preenchido de perfil tubular circular


Neste exemplo, é dado um pilar misto preenchido composto por perfil tubular circular
submetido a uma compressão axial e a flexão oblíqua no eixo x, Figura 10, de solução dada por
Canales (2014) utilizando a NBR 16239:2013. Dados do problema:
Diâmetro do perfil tubular = 323,80mm
Espessura do perfil tubular = 10,3mm
Comprimento do pilar misto = 4000mm
Resistência do concreto (𝑓𝑐𝑘 ) = 30MPa
Limite de escoamento do aço (𝑓𝑦𝑘 ) = 250MPa
Carregamento vertical (𝑁𝑆𝑘 ) = 1428,57kN
Momento na direção x (𝑀𝑥,𝑆𝑘 ) = 9428,57kN
Figura 10 – Pilar misto circular
Momento na direção y (𝑀𝑦,𝑆𝑘 ) = 0kN

Na Tabela 4 é apresenta os resultados tanto para o dimensionamento quanto para as


soluções obtidas aplicando as formulações de otimização para o problema.

Tabela 4- Resultados das restrições dos softwares para o exemplo 3

D t 𝑓𝑐𝑘 𝑁𝑅𝑑 𝑀𝑥,𝑅𝑑 𝑀𝑦,𝑅𝑑 CT


Método FS3
(mm) (mm) (MPa) (kN) (kN.cm) (kN.cm) (R$)
Canales (2014) 328,3 10,3 30 3430 26006 26006 0,88 -
Dimensionamento 323,8 10,3 30 3722 26006 26006 0,75 2008
IP 286,4 5,7 90 4377 13200 13200 1,00 1165
SQP 286,4 5,7 90 4377 13200 13200 1,00 1165
AG 273,0 6,4 90 4070 13234 13234 1,00 1212
O dimensionamento realizado pelo programa apresentou um aumento de 8,5% no resultado
da força resistente de compressão axial quando comparado com o dimensionamento realizado
por Canales (2014) e uma diminuição no fator de segurança devido a força de resistente de
compressão.
Além disso, os métodos IP e SQP mostraram que não houve diferença nas soluções obtidas
quando realizado o dimensionamento otimizado. Já o resultado encontrado pela otimização
discreta, AG, obteve um custo mais alto devido a utilização de perfis estabelecidos por
catálogos de tubos estruturais. Novamente, o melhor resultado foi obtido pela otimização
contínua, chegando numa redução no custo final de 41,98%.

4.4 Pilar misto preenchido de perfil tubular quadrado


Um pilar misto preenchido composto por perfil tubular quadrado submetido a compressão
axial e flexão oblíqua no eixo x, Figura 11, de solução dada por Canales (2014) utilizando a
NBR 16239:2013. Dados do problema:
Base do perfil tubular = 290,00mm
Altura do perfil tubular = 290,00mm
Espessura do perfil tubular = 9,5mm
Comprimento do pilar misto = 4000mm
Resistência do concreto (𝑓𝑐𝑘 ) = 30MPa
Limite de escoamento do aço (𝑓𝑦𝑘 ) = 250MPa
Carregamento vertical (𝑁𝑆𝑘 ) = 1428,57kN
Momento na direção x (𝑀𝑥,𝑆𝑘 ) = 9428,57kN Figura 11 – Pilar misto quadrado
Momento na direção y (𝑀𝑦,𝑆𝑘 ) = 0kN
De forma similar ao exemplo anterior, a Tabela 5 apresenta os resultados para o exemplo
proposto.

Tabela 5- Resultados das restrições dos softwares para o exemplo 4

b/h t 𝑓𝑐𝑘 𝑁𝑅𝑑 𝑀𝑥,𝑅𝑑 𝑀𝑦,𝑅𝑑 CT


Método FS3
(mm) (mm) (MPa) (kN) (kN.cm) (kN.cm) (R$)
Canales (2014) 290,0 9,5 30 3400 27612 27612 0,89 -
Dimensionamento 290,0 9,5 30 3664 27612 27612 0,77 2063
IP 239,8 5,9 90 3784 13200 13200 1,00 1221
SQP 239,8 5,9 90 3784 13200 13200 1,00 1221
AG 240 6,4 70 3341 13862 13862 0,95 1252
O dimensionamento realizado pelo programa apresentou um aumento de 7,7% no resultado
da força resistente de compressão axial quando comparado com o dimensionamento realizado
por Canales (2014) e uma diminuição no fator de segurança devido a força de resistente de
compressão. Isso pode ter ocorrido devido ao fato de consideramos o valor do raio externo e
interno dos perfis tubulares como sendo duas vezes a espessura e uma vez a espessura,
respectivamente.
De forma similar aos exemplos anteriores, os resultados encontrados pelo IP e SQP
mostraram que não houve diferença nas soluções e o resultado encontrado pelo AG obteve um
custo mais alto devido a utilização de perfis estabelecidos por catálogos de tubos estruturais.
Assim, a otimização contínua obteve uma redução final no custo do pilar de 41,66%.

5 CONCLUSÕES

Conforme os exemplos apresentados, os resultados encontrados pela otimização contínua,


método dos pontos interiores e programação quadrática sequencial, convergiram para uma
mesma solução em todos os exemplos, apontando que a solução encontrada em torno dessas
dimensões é a solução otimizada do problema. Já a otimização discreta obteve soluções com
custos superiores aos encontrados pela otimização contínua, devido a utilização de catálogos
de tubos estruturais para a escolha do perfil tubular. Além disso, prevê-se a adequação do
programa a mais catálogos de perfis comerciais, a fim de buscar o dimensionamento otimizado
nas mais variadas situações.
No mais, realizar o dimensionamento otimizado de pilares mistos preenchidos frente as
solicitações impostas ao mesmo, possibilita ao profissional uma análise mais analítica para a
escolha do tipo de perfil tubular, bem como as dimensões deste elemento estrutural e a
resistência do concreto, garantindo assim uma redução de valores expressivos para o seu custo
total.

REFERÊNCIAS
Associação Brasileira De Normas Técnicas. ABNT, NBR 8800: Projeto de estruturas de aço
e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios, 2008.
Associação Brasileira De Normas Técnicas. ABNT, NBR 16239: Projeto de estruturas de aço
e de estruturas mistas de aço e concreto de edificações com perfis tubulares, 2013.
Caldas, R. B; Fakury, R. H.; Souza Jr; J. B. M. PilarMisto 3.04.11: verificação de pilares
mistos de aço e concreto segundo a ABNT NBR 8800:2008 e a NBR 14323:2010. Belo
Horizonte: UFMG, Departamento de Engenharia de Estruturas. Acesso em: 26 julho 2018.
Canales, A. F. 2014. Estudo do dimensionamento de pilares de aço tubulares e pilares mistos
de perfis tubulares preenchidos com concreto de acordo com a ABNT NBR 16239:2013.
Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Civil) – Engenharia Civil,
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão.
Fernandes, J. 1997. Pilares mistos: tubos de aço com seções quadradas e retangulares e
núcleo de concreto de alta resistência. Dissertação (Mestre em Engenharia Civil) –
Engenharia Civil, Universidade Estadual de Campinas.
De Nardin, S. 1999. Estudo téorico-experimental de pilares mistos compostos por tubos de
aço preenchidos com concreto de alta resistência. Dissertação (Mestre em Engenharia Civil)
– Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
De Nardin, S. 2003. Pilares mistos preenchidos: estudo da flexo-compressão e de ligações
viga-pilar. Tese (Doutor em Engenharia Civil) – Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo.
Gomes, H. 2015. Análise numérica de pilares mistos de aço e concreto tubulares circulares
com concreto de alto desempenho. Dissertação (Mestre em Engenharia Civil) – Engenharia
Civil, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória.
Oliveira, W. 2008. Análise teórico-experimental de pilares mistos preenchidos de seção
circular. Tese (Doutor em Engenharia de Estruturas) – Engenharia Civil, Universidade de São
Paulo, São Carlos.
Vallourec Tubos Do Brasil: Tubos estruturais seção circular, quadrada e retangular. Minas
Gerais: Belo Horizonte, 2017. 56 p. Catálogo estrutural.

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