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Cadeias Produtivas

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ELEMENTOS E DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DE CADEIAS PRODUTIVAS – O

CASO DA OLIVICULTURA EM MARIA DA FÉ, MINAS GERAIS


andremedeiros@unifei.edu.br

APRESENTACAO ORAL-Estrutura, Evolução e Dinâmica dos Sistemas Agroalimentares e


Cadeias Agroindustriais
ANDRÉ LUIZ MEDEIROS; MIGUEL RIVERA PERES JÚNIOR; LUIZ FERNANDO
CARVALHO; ADRIANO HIGINO FREIRE.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS, LAVRAS - MG - BRASIL.

Elementos e desafios na construção de cadeias produtivas – O caso da


olivicultura em Maria da Fé, Minas Gerais.

Grupo de Pesquisa: ANDRÉ LUIZ MEDEIROS – UNIFEI/UFLA; MIGUEL


RIVERA PERES JÚNIOR – IFMG/UFLA; LUIZ FERNANDO CARVALHO –
UFSJ/UFLA; ADRIANO HIGINO FREIRE – UFLA.

Resumo
Este trabalho apresenta a experiência embrionária de construção da cadeia produtiva de
azeite em Minas Gerais, a partir do esforço conjunto de três instituições empenhadas na
introdução da cultura da fruta da oliveira no país e do consequente processamento e
beneficiamento do produto e de sua comercialização. São discutidos aqui os papéis e
tarefas destas instituições, os desafios projetados para este empreendimento e o modelo
básico que dá curso á criação e desenvolvimento da cadeia, como também o modelo
teórico sobre cadeias produtivas proposto por Alencar (2001), que trata das relações entre
atores que integram uma cadeia agroindustrial como condutor das nossas observações de
campo. Como conclusão, apresentamos os indicadores e condicionantes da dinâmica deste
empreendimento, na perspectiva de que o otimismo em relação às possibilidades de
sucesso que se percebe nesta experiência, não é infundado.
Palavras-chaves: Cadeias produtivas; Olivicultura; Azeite; Maria da Fé/MG.

Abstract
This paper presents the early stages of construction experience in the production chain of
oil in Minas Gerais, from the joint effort of three institutions involved in introducing the
culture of fruit tree in the country and the subsequent processing and product processing
and marketing. We discuss here the roles and tasks of these institutions, the challenges this
new development designed for the basic model that gives way to the creation and
development of the chain, as well as the theoretical model of supply chains proposed by
Alencar (2001), which deals with the relationships between actors incorporating an
industrial chain as a driver of our field observations. In conclusion, we present the

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indicators and determinants of this dynamic development, in view of the optimism about
the possibilities of success is perceived in this experiment, is not unfounded.
Key Words: Supply chain; Olive; Olive oil; Maria da Fé/MG.

1. INTRODUÇÃO
Considerado como uma das bases de sustentação da economia brasileira e um dos
principais responsáveis pela entrada de dólares no mercado interno, o agronegócio
brasileiro perdeu força em 2009, devido principalmente a retração da demanda e à redução
dos preços internacionais das commodities, que são justificadas pela crise financeira
mundial. Especialistas afirmam que a queda nas exportações do agronegócio deve chegar a
US$ 20 bilhões, levando-as a um patamar próximo de US$ 50 bilhões (AZEVEDO, 2009).
De acordo com Macedo (2009), a balança comercial do agronegócio teve queda de
6,9%, se comparado o primeiro semestre de 2009 em relação ao mesmo período de 2008.
Enquanto, nos seis primeiros meses de 2008, o país tinha vendido US$ 33,785 bilhões em
produtos agropecuários, em 2009 o valor foi de US$ 31,443 bilhões. As informações, da
Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio, do Ministério da Agricultura,
também mostram que as importações no período foram 9,6% inferiores, ficando em US$
5,087 bilhões. Com o resultado, o saldo comercial do agronegócio caiu de US$ 28,155
bilhões, no primeiro semestre de 2008, para US$ 26,356 bilhões de janeiro a junho deste
ano.
Para Flôres Júnior (2009), há consenso que, a crise na economia mundial iniciada
por volta de setembro de 2008 dá força ao protecionismo, diminuindo, assim, o comércio
entre os países. Com isso, é necessário pensar em estratégias comerciais para os longos
tempos de crise, em que muitos mercados tradicionais (como o da soja, da carne bovina e
do café, por exemplo) sofrerão sensível contração. O autor afirma que o conteúdo
tecnológico pode ser um fator adicional para o crescimento estimulando a criação de polos
de pesquisa e também industrial. Ele complementa afirmando que esse é o grande desafio
para um país como o Brasil. Pois, com a crise, os parceiros comerciais do Brasil também
passaram a adotar medidas protecionistas, a saída, portanto, seria descobrir nichos
favoráveis ao agronegócio.
É nesse sentido, a que a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
(Epamig), em Maria da Fé / MG, vem trabalhando. Apesar da produção de azeitonas não
estar na pauta de produção agrícola do país, a Epamig, há quatro décadas, vem trabalhando
em pesquisas sobre a fruta e promovendo o melhoramento genético da planta. Uma das
justificativas do trabalho da Epamig é que, hoje, o Brasil é o quinto maior importador
mundial de azeitonas e terceiro de azeite. Todos os anos são gastos 400 milhões de dólares
com a compra desses produtos importados.

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Apesar de algumas tentativas produtivas terem sido feitas nos estados de São Paulo
e Paraná na década de 1960, elas não obtiveram sucesso em função das condições
climáticas, pois a oliveira exige clima frio e altas altitudes. Amparado no melhoramento
genétido que a Epamig conseguiu na planta, começam a surgir algumas outras iniciativas
no país. Em Maria da Fé, sul de Minas Gerais, um grupo de cerca de 50 produtores está
desenvolvendo uma área com com mais de 100.000 árvores, sendo que a primeira safra
comercial deverá ser colhida em 2010. As oliveiras mineiras deverão produzir em torno de
2.000 toneladas de azeitonas por ano – o que deve gerar em torno de 400.000 litros de
azeite.
Por outro lado, apenas avanço genético da planta, garantindo a produção da fruta no
Brasil, não é suficiente para a consolidação da cultura. É necessário criar condições
comerciais para os produtos, mesmo porque essa é uma atividade nova no país. Assim,
investir em pesquisas ligadas à gestão produtiva, custo de produção, formação de preço de
venda e estrutura comercial dos produtos é de fundamental importância. Pois, de nada
adianta produzir azeitonas e azeite se eles não tiverem condições de serem
comercializados.
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho é apresentar o caso da olivicultura na
região de Maria da Fé/MG, apresentar cadeias produtivas de outras regiões produtoras de
azeitona e azeite no mundo e propor uma estrutura de cadeia produtiva para a região
produtora de Maria da Fé/MG.

2. CADEIA PRODUTIVA
Ao longo de anos, vários autores tem discutido sobre complexos agroindustriais e
cadeias produtivas (Baggio et al., 1983; Batalha, 1997; Bellato, 1986; Belik, 1997;
Calegario, 1996; Delgado, 1985; Dias e Guimarães, 1997; Fonseca, 2000; Silva, 1996;
Kageyama et al., 1990; Lamounier, 1994; Lopes, 1992; Machado Filho et al., 1996;
Mezzomo, 1997; Müller, 1981; Müller, 1982; Ramos e Reydon, 1995; Silva, 2000; Sorj e
Wilkinson, 1983; Zylbersztajn e Neves, 2000). Entretanto, é no trabalho de Alencar et al.
(2001) que se tem uma visão geral e abrangente dos atores que fazem parte de uma cadeia
produtiva e ou de um complexo agroindustrial. A Figura 1, proposta por Alencar (2000)
resume as relações que podem ser estabelecidas entre os atores sociais que integram um
dado complexo e fornece os elementos gerais para a discussão dessas relações no interior e
fora de uma cadeia.

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Figura 1. Relações entre atores que integram uma cadeia agroindustrial
Fonte: Alencar (2000, p.79)
Analisando a Figura 1, Alencar et al. (2001), ao descreverem o fluxo da produção
de um bem, revelam a possibilidade de existirem situações de mercado típicas de
concorrência imperfeita. Ou seja, de acordo com os autores, no interior de uma cadeia,
podem-se identificar segmentos de mercado representando as relações comerciais que se
estabelecem entre o setor a montante e o agropecuário e entre este e o setor a jusante.
De modo geral, as empresas que atuam nos setores a montante e a jusante são
poucas, organizadas em associações de interesses e interagem com um grupo amplo,
heterogêneo e disperso de produtores. Além dessas características amplas dos setores a
montante e a jusante, outras específicas são comentadas nos trabalho de Alencar et al.
(2001), tais como:
− esses setores são amparados por eficientes estruturas administrativas que aliada aos
investimentos em novas tecnologias, permite que essas empresas concorram entre
elas e conquistem novos mercados, inclusive o internacional;
− além do investimento em tecnologia, destaca-se também outros tipos como: novos
processos de produção, contratação e manutenção dos serviços de bons executivos,
treinamento de pessoal em diferentes níveis, contratação de serviços de boas
empresas de consultoria e marketing.
Por outro lado, essas características das empresas que atuam nos setores a montante
e a jusante, de certa forma, limita a capacidade de ações coletivas dos atores localizados no
setor agropecuário. Este cenário, para Alencar et al. (2001) favorece a possibilidade de que
as relações entre os setores a montante e agropecuário assumam características de
oligopólio e as relações entre a agropecuária e o setor a jusante características de
oligopsônio. Além disso, outros pontos são destacados sobre o setor agropecuário, tais
como: (ALENCAR et al., 2001):

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− pelo menos teoricamente, os produtores rurais são os atores que dispõem de
menores recursos para negociar seus interesses no interior de uma cadeia (mesmo
que essa negociação seja entendida como uma aliança estratégica);
− a expressão “atores diferenciados” da Erro! Fonte de referência não encontrada.,
representa a heterogeneidade social existente no campo, identificada por diferentes
tipos de produtores e de trabalhadores rurais;
− embora muitas unidades de produção familiar possuam níveis relativamente
elevados de capital e comercialização, elas apresentam rendas líquidas baixas,
garantindo somente a permanência dos produtores e de suas famílias no processo
produtivo.
Mesmo sabendo que a categorização apresentada por Alencar et al. (2001)
apresenta limitações, ela cumpre o seu papel ao mostrar a existência de diferentes atores
sociais no campo, os quais podem ter (ALENCAR, 1997):
a) diferentes interesses, até mesmo conflitantes;
b) uma visão distinta de mundo;
c) diferentes problemas;
d) acesso diferenciado aos benefícios institucionais da sociedade (crédito, assistência
técnica, resultados de pesquisa, educação, serviço de saúde, etc.);
e) diferentes níveis de facilidade ou dificuldade para se organizarem;
f) diferentes dimensões de poder (acesso aos centros de decisões e capacidade de
influenciá-los).
Além da descrição dos setores a jusante, a montante e agropecuário, o trabalho de
Alencar et al. (2001) também examina a capacidade que tais atores possuem de influenciar
as decisões que são tomadas no âmbito das estruturas do Estado. E, para isso, eles
basearam-se no trabalho de Lamounier (1994). Assim, de acordo com os autores existem
atores ou grupos de atores que possuem maior e menor capacidade de influir no processo
de definição das políticas destinadas à agricultura. Há um conjunto de atores “efetivamente
significativos”, constituído por: (a) atores governamentais, (b) congresso nacional, (c)
médios e grandes produtores e (d) agroindústria. E outro conjunto de atores que “pouco
influi”, formado principalmente por: (a) pequenos produtores e (b) trabalhadores rurais.
O trabalho de Alencar et al. (2001) ressalta, ainda, a diversidade social no campo, a
situação de mercado e os recursos e limites de poder dos diferentes atores sociais,
mostrando que o padrão agrícola envolve o setor rural numa complexa rede de relações de
interesses. Esse trabalho é importante, por servir como pano de fundo das relações
estruturais que serão apresentadas pelas cadeias produtivas da azeitona e do azeite por
diferentes autores, relatando seus aspectos em diversas regiões produtoras, como segue.

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3. CADEIA PRODUTIVA DA OLIVICULTURA NO MUNDO
O trabalho de Tardáguila et al. (1996) além de destacar a notável importância do
setor de azeite tanto para a Espanha quanto internacionalmente. Faz também uma ampla
abordagem das estruturas produtivas e da qualidade do azeite. Além disso, como ponto alto
do artigo, os autores cobram uma estratégia de atuação tanto do setor privado quanto do
público.
Para eles, cabe ao setor privado uma definição mais clara das variáveis estratégicas
de longo prazo (principalmente produto e distribuição) e das variáveis táticas a curto prazo
(como preço e promoção) forçando, assim, as empresas a aumentarem sua competitividade.
Segundo o autor, as estratégias de atuação se justificam, principalmente:
− pela mudança na mentalidade da população, deixando de usar o azeite de oliva
apenas em saladas, como também para o cozer alimentos;
− em função da entrada de capital estrangeiro (principalmente no setor de
distribuição) e da perda do controle da indústria e dos canais de distribuição, vários
problemas podem surgir nas diferentes etapas da cadeia (produção,
industrialização, distribuição e até mesmo na comercialização), podendo destacar a
perda do poder de negociação e o surgimento de diferentes produtos (mudando,
consequentemente, o posicionamento das marcas e market share das diferentes
empresas);
− pelo tamanho do canal de comercialização do azeite de oliva na Espanha, que, em
muitos casos, são demasiadamente grandes (formados principalmente por:
agricultores, moinhos, corretores, refinarias, envasadores, atacadistas e varejistas),
o que dificulta ações de marketing do produto e diminui o poder de negociação dos
agentes da cadeia.
Por fim, Tardáguila et al. (1996) ressaltam que, o azeite, sendo um produto
tipicamente mediterrânico, considerando ainda o volume de produção e o emprego que
gera na Espanha, seria necessário realizar uma promoção genérica, principalmente por
instituições públicas, para defender os interesses do setor externamente, podendo, assim,
abrir e desenvolver novos mercados.
No mesmo sentido do trabalho anterior, o trabalho de Crescimanno et al. (2002)
analisa os principais fatores estruturais no setor de óleo de oliva orgânico na Sicília (Itália)
e os efeitos da Política de Desenvolvimento Sustentável Européia. Os autores concluem
que a acirrada concorrência, tanto no mercado local quanto no mercado externo, representa
uma ameaça para grande parte das empresas que cultivam oliveira na Itália. Podendo levar
a uma maior marginalização e perda de oportunidade do setor produtivo, principalmente
por estar excessivamente focado na qualidade do produto, deixando outros aspectos
importantes de lado. Ainda para os autores, a exceção de um pequeno número de empresas
grandes e bem gerenciadas que estão trabalhando para atingir um nicho de mercado que
absorva o produto de alta qualidade, as demais empresas que cultivam oliveira,
individualmente, encontrarão grandes dificuldades para atingir a capacidade necessária
para competir tanto no mercado doméstico quanto no internacional.
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Para evitar esse problema, os autores propõem uma integração horizontal dos
produtores de oliveira em bases totalmente diferentes das do passado, melhorando,
portanto, as estruturas de produção, cooperativas e associação (CRESCIMANNO et al.,
2002). Para os autores, esse tipo de integração mostrou bons resultados em outros países da
União Européia, sendo que o principal destaque deve ser dado na concentração de
fornecedores e na melhoria da coordenação dos produtores.
Em consonância com os trabalhos anteriores, o trabalho de Garcia Brenes (2005)
traz uma ampla abordagem da organização industrial do azeite de oliva na região de
Andalucía, na Espanha, que, em 2005, era responsável por quase 37% da produção de
mundial de azeite. De acordo com o autor, a organização industrial do azeite sofreu
transformações importantes nos últimos cinquenta anos, sendo que o resultado final dessa
evolução pode ser visto na Figura 2.
O autor comenta que os produtores passaram a ser organizar em cooperativas para
assumir a atividade agroindustrial dos moinhos (esmagadoras – almazaras). Além disso,
eles tem feito esforços para modernizar o processo de produção o que produziu uma
melhora na qualidade do azeite e do desaparecimento dos custos ecológicos que o sistema
tradicional causava. Por outro lado, os grandes investimentos dos moinhos tem causado o
desaparecimento de um número elevado de estabelecimentos e a concentração desta
indústria. Que, por outro lado, tem um papel secundário no mercado do produto final, que
é controlado pelos principais grupos alimentícios e de distribuição comercial de grandes
dimensões.

Figura 2. Cadeia agroalimentar do azeite de oliva


Fonte: Garcia Brenes (2005)

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Já no caso das refinadoras-envasadoras, Garcia Brenes (2005) detecta uma forte
concentração empresarial, acompanhada da eliminação das empresas menos competitivas.
Sendo que nos últimos anos esse setor tem passado por um processo de reestruturação
intenso onde as companhias multinacionais tem saído do mercado, frente as primeiras
empresas do setor de azeite da Espanha. Nesse caso, as empresas que atuam nesse setor
apresentam situação financeira mais favorável do que os moinhos, sendo o elo da cadeia
que apresenta maior rentabilidade.
Outro trabalho que merece ser destacado é o dos autores Anania e D’Andrea
(2007). Nesse trabalho os autores apontam tendências recentes no comércio mundial de
óleo de oliva e a atual estrutura de comercialização, avaliando os atores, as tendências, as
políticas, as perspectivas e a necessidade de pesquisas.
Dentre as principais conclusões de Anania e D’Andrea (2007), é que o fator chave
para o futuro do mercado mundial de azeite é a evolução da demanda. No trabalho, os
autores afirmam que a demanda agregada do produto continuará crescendo em muitos
países (desenvolvidos e em desenvolvimento). Entretanto a taxa em que o consumo
continuará crescendo dependerá da efetividade dos programas de promoção específicos em
dado país, sendo que a expansão do mercado deve levar em consideração vários fatores,
como características de consumo e diferenciação de produtos.
Outro ponto destacado pelos autores é a estrutura da indústria. Segundo eles, o
aumento na concentração e na multinacionalização do componente de engarrafamento da
indústria, com um número muito pequeno de empresas, que possuem rótulos mais valiosos,
e controlando a maior parte do azeite vendido nos maiores mercados, torna este mercado
imperfeitamente competitivo. Com isso, conflitos entre a indústria de engarrafamento (e
alguns exportadores estrangeiros), de um lado, e os produtores dos maiores países
produtores, por outro lado, existem e não são fáceis de serem resolvido em um futuro
próximo. Assim, a solução natural para os conflitos existentes seria a efetiva coordenação
horizontal e vertical (extensão de país para país) ao longo da “cadeia”, porém esta é
dificultada pela dispersão da produção de azeite e atividades de esmagamento (moinhos),
visto o elevado nível de concentração da indústria de engarrafamento, que permite a este
último exercer poder de mercado. Por fim, os regimes de proteção estrita, e a sua aplicação
eficaz nas devidas indicações geográficas são possivelmente a melhor maneira de fazer os
produtores de azeite aumentar seu poder de mercado dentro da “cadeia” e capturar os
consumidores que realmente atribuem valor à origem específica do produto.

4. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
Para o alcance dos objetivos estabelecidos neste trabalho, desenvolveu-se uma
pesquisa básica, a partir de uma perspectiva exploratória-descritiva. O estudo exploratório
visa proporcionar um maior conhecimento para o pesquisador acerca do assunto, a fim de
que esse possa formular problemas mais precisos ou criar hipóteses que possam ser
pesquisadas por estudos posteriores (GIL, 1999, p. 43). Já a pesquisa descritiva é um
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delineamento da realidade, pois descreve, registra, analisa e interpreta os processos atuais
mediante comparação e contraste (LAKATOS; MARCONI, 2001).
Como o objeto de estudo – a olivicultura em Maria da Fé, MG – é ainda
escassamente estudado, a abordagem exploratória se explica e justifica. Já a abordagem
descritiva fez-se necessária uma vez que era fundamental, para uma primeira aproximação
com o objeto, investigar e descrever de que forma se deu o processo de evolução da
olivicultura na região.
Com relação à forma de abordar o problema optou-se pela utilização da abordagem
qualitativa. Alguns aspectos básicos caracterizam a perspectiva qualitativa. De acordo com
essa abordagem, um fenômeno pode ser compreendido mais facilmente no contexto em
que ocorre e do qual é parte, devendo, assim, ser analisado de forma integrada. Para que
isso ocorra, é necessário que o pesquisador vá a campo para compreender o fenômeno a
partir da visão que as pessoas nele envolvidas têm dessa realidade (GODOY, 1995).
Como técnicas de pesquisas, optou-se por utilizar a pesquisa bibliográfica, a
pesquisa documental e o estudo de caso. A pesquisa bibliográfica foi empregada para
verificar, a partir de estudos, principalmente internacionais, de que forma se estruturam as
cadeias produtivas ligadas à olivicultura. Já a pesquisa documental, que consiste no exame
de materiais de natureza diversa que ainda não receberam um tratamento analítico ou que
podem ser reexaminados (GODOY, 1995), serviu para que se conhecesse melhor a
evolução histórica da olivicultura no Brasil e, em especial, na região de Maria da Fé.
Este trabalho se caracteriza, também, como um estudo de caso, que é uma estratégia
apropriada quando se quer lidar com condições contextuais – como é o caso do objeto
deste trabalho. Esse procedimento é adequado quando se quer examinar acontecimentos
contemporâneos, mas quando não se podem manipular comportamentos relevantes. É
importante destacar, ainda, que o estudo de caso não é uma técnica de coleta de dados, mas
sim uma estratégia de pesquisa abrangente (YIN, 2005).

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para melhor compreender o processo de estruturação da cadeia produtiva do azeite,
a partir da iniciativa que vem sendo desenvolvida em Maria da Fé, optou-se por analisar os
resultados obtidos em duas etapas. Na primeira, será empreendida uma análise da cadeia
produtiva do azeite à luz da proposta de Alencar et al. (2001) observando, além dos
aspectos relacionados diretamente ao setor agropecuário, também aqueles situados à
montante e à jusante.
Na segunda etapa, será feita uma análise comparativa entre a cadeia produtiva do
azeite em outros países, a cadeia produtiva da soja (apontada como uma referência
consistente para o caso) e o modelo de cadeia do azeite que vem se estruturando no país.
Entende-se que a análise de cadeias já consolidadas (do azeite e de outros produtos) traz
importantes subsídios para a compreensão dos possíveis caminhos que a atividade pode
trilhar no Brasil.

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5.1 Análise da emergente cadeia produtiva do azeite
Conforme salientado, a análise da cadeia produtiva do azeite será feita a partir da
proposta de Alencar et al. (2001). Na perspectiva dos autores, as cadeias produtivas devem
ser analisadas a partir da verificação da dinâmica dos agentes envolvidos, dividindo-os em
três grandes grupos: o setor agropecuário (elo central da cadeia) e os elementos à montante
e à jusante desse elo central. Além desses agentes, os autores destacam a importância do
estado e do setor financeiro para a dinâmica da cadeia.
A análise das cadeias estudadas permitiu inferir que há dois elementos que podem
ser assumidos como centrais de uma possível cadeia produtiva do azeite brasileira: o
produtor rural dedicado ao plantio das oliveiras e um agente processador e ou envasador
tanto dos frutos (azeitona de mesa) quanto do azeite.
No caso de Maria da Fé, o processo de produção dos frutos encontra-se em um
estágio inicial. Apesar disso, é prevista para 2010 a primeira colheita que permitirá uma
produção em escala comercial.
Um passo importante já foi dado na estruturação desta cadeia ao se criar na região a
associação de produtores. A Associação dos Olivicultores do Forte de Mantiqueira foi
fundada em fevereiro de 2009. Ela é uma sociedade civil, sem fins lucrativos que e tem
como objetivo o exercício de mútua colaboração entre os sócios, visando à prestação de
serviços que possam contribuir para o fomento e racionalização das atividades
agropecuárias e para melhorar as condições de vida de seus integrantes com especial
ênfase na produtividade no setor da olivicultura (PMMF, 2009).
A criação dessa associação pode ser o embrião para o futuro desenvolvimento de
uma cooperativa. A organização da produção olivícula em cooperativas, que é um modelo
de sucesso na Europa. Nos casos de leite e café, em Minas Gerais, ainda que com
problemas constantes, pode-se dizer que são experiências a serem seguidas.
Outro ator que tem desempenhado um papel importante na estruturação da
produção de azeitona em Maria da Fé é a Epamig. Por meio da Fazenda Experimental
Maria da Fé, na qual funciona o Núcleo Tecnológico Epamig Azeitona e Azeite, a
instituição vem desenvolvendo, desde 1998, pesquisa inédita com a cultura da oliveira,
para produção de azeitonas e azeite de oliva, buscando uma alternativa a mais para os
agricultores da região.
De acordo com o Dr. Emerson Dias Gonçalves (pesquisador coordenador do
projeto de olivicultura na Epamig) e o Dr. João Vieira Neto (pesquisador e integrante do
projeto de olivicultura na Epamig) o papel da instituição, em ordem à sua vocação e ao
instituído estatutariamente, é de realizar a pesquisa básica de plantio e de colocar à
disposição do mercado novas tecnologias. Outra função que, em seu entendimento, a
Epamig traz para si, é a de fornecer diretrizes para um possível modelo de produção. Essas
funções, a partir da perspectiva dos pesquisadores, têm sido bem desempenhadas pela
instituição.

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A articulação existente entre a Epamig, a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI)
e a Associação dos Olivicultores é outro aspecto que os pesquisadores vêm como positivo
nesse estágio inicial da cadeia. Segundo eles, essa parceria pode contribuir para a resolução
dos problemas decorrentes da estruturação da atividade. Um deles já é, inclusive, alvo de
projeto de extensão que busca auxiliar os olivicultores da gestão de custos das
propriedades – um aspecto crítico para a maioria dos produtores rurais.
Eles colocam, no entanto, que uma das questões centrais para o sucesso da
dinâmica de uma cadeia – a existência de uma coordenação institucional feita por um
órgão que assuma de forma definitiva e organizada este papel – ainda não está bem
equacionada na região. No momento, esta atribuição tem ficado a cargo da Epamig, que,
como já foi dito não tem, dentre seus objetivos, exercer essa função.
Outro problema importante que os pesquisadores enxergam nesses primeiros passos
da estruturação da cadeia produtiva do azeite é ausência de regulamentações específicas
para a atividade. Segundo eles, não há no Brasil legislação que padronize e regulamente a
produção (ou importação) de mudas e o cultivo de azeitona nem a produção de seus
derivados. O que existe atualmente são apenas regras para a comercialização do produto
importado. Questões de certificação, qualidade e rastreamento da produção também ainda
não estão previstas nas normatizações brasileiras. Esse é, no entendimento dos
pesquisadores, um dos maiores gargalos para a estruturação da cadeia produtiva do azeite
no país.
Percebe-se assim que, apesar de o Estado atuar no processo através da Epamig, há
ainda, conforme propõe Alencar et al. (2001), a necessidade de uma maior articulação dos
agentes no sentido de influenciar a instituição de um conjunto de ações públicas voltadas
para o incentivo da atividade.
Apesar das limitações apontadas pelos pesquisadores da Epamig, quando indagados
sobre as perspectivas de evolução da cadeia produtiva do azeite no Brasil, ambos se
mostraram otimistas. De acordo com eles, uma das possíveis configurações futuras dessa
cadeia, seria bastante semelhante àquela que caracteriza a produção de soja e derivados no
país, como apresentado na Figura 4.
A soja chegou ao Brasil, no final do século XIX, trazida dos EUA. Foi nas décadas
de 1960 e 1970, entretanto, que ocorreram a expansão e consolidação dessa cultura no país.
Incentivada pelas políticas públicas de subsídios agrícolas, a cultura da soja se firmou nos
três estados da região sul do país levando a produção nacional a superar a marca de 15
milhões de toneladas por ano, em 1979 (EMPRAPA SOJA, 2009).
Nas duas últimas décadas do século passado, a cultura da soja se expandiu para a
região central do país. Em um curto espaço de tempo, os estados da região Centro-Oeste
assumiram a liderança na produção de soja no país, sendo responsável, nos primeiros anos
do século XXI, por mais de 60% da produção nacional (EMPRAPA SOJA, 2009).
Para 2009, as estimativas apontavam uma produção de mais de 57 milhões de
toneladas. E para 2010, dando seqüência à escalada da produção da soja no Brasil, as

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projeções oficiais previam um crescimento de 13,8% na produção, o que a levaria a um
patamar de quase 65 milhões de toneladas (IBGE, 2009).
Para acompanhar esse dinâmico processo de desenvolvimento da cultura da soja no
país foi se estruturando uma complexa estrutura produtiva. Conforme se observa na Figura
3, essa cadeia conta atualmente com um repertório extenso de participantes que vai da
pesquisa até os consumidores finais (no Brasil e no exterior).
Em todos os níveis (antes da propriedade, na propriedade e depois da propriedade)
é possível vislumbrar semelhanças com a emergente cadeia produtiva do azeite no país. A
comparação entre a cadeia produtiva da soja, as cadeias produtivas de azeite de outros
países (discutidas no referencial teórico) e a embrionária cadeia produtiva do azeite
brasileira é o tema da próxima seção deste trabalho.

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Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Pesquisa / Melhoramento
Geração de tecnologias
Indústria de Indústria de
combustíveis, corretivos,
máquinas e T defensivos e
equipamentos sementes
Produção de fertilizantes

T
T
Revenda de insumos e
equipamentos
Antes da propriedade

Unidade produtiva Análise do solo / correção


Na propriedade Preparo do solo
Grão Semente Plantio / Tratos culturais
Colheita

Unidade armazenadora
Depois da propriedade T
(Coop./Estatais/Emp.priv.)
Limpeza
Secagem
Indústria Armazenamento

Farelo Óleo Óleo Classificação


T
refinado bruto
T
Atacado
Agente importador T
priv. (Draw Back) T Agente Coop.
exportador empr.
Varejo

T
T Grão
Consumo Consumo Farelo
interno externo Óleo

Animal Humano Industrial

Figura 3 - Cadeia produtiva da soja 13


Campo
Fonte: EMATER, PR, 1995 apud Roessing Grande,
et al, 2001, p.25
340a 28 de julho de 2010,
Obs.: T = transporte Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
5.2 Análise comparativa
Para realizar a análise comparativa das cadeias, optou-se por partir da proposição
de uma possível estrutura da cadeia produtiva do azeite no Brasil (Figura 4). Para
elaboração dessa proposta, tomou-se como base a cadeia produtiva da soja no Brasil e os
modelos de cadeia analisados na revisão teórica efetivada.
No setor a montante, a cadeia proposta pode ser representada de forma
absolutamente igual à configuração da cadeia da soja no Brasil. Os mesmos agentes que
atuam como fornecedores de insumos para o cultivo da soja têm que estar presentes na
olivicultura.
Nesse ponto, já se esbarra em um primeiro entrave para o desenvolvimento da
atividade no país. Conforme afirmam os pesquisadores da Epamig, ainda não há uma
produção de insumos específicos para o plantio de oliveiras. Obviamente que a
inexpressividade da produção olívicula no Brasil explica este fato. Acredita-se, no entanto,
que o alto grau de internacionalização da produção de insumos no país, com a presença de
empresas com atuação global, permitiria contornar este problema com rapidez.
Já no setor agropecuário – a olivicultura, propriamente dita – surgem possibilidades
distintas daquelas observadas na produção da soja. Mesmo porque, segundo o presidente
da Associação dos olivicultores, o perfil dos produtores é totalmente distinto dos
produtores tradicionais, formado principalmente por profissionais liberais (como médicos,
dentistas, engenheiros, agrônomos, entre outros) que veem a atividade como um
investimento e não esperam retorno em curto prazo. Não se prevê, em um primeiro
momento, a existência dos “mega produtores” de soja que atuam no Brasil. A tendência,
seria a prevalência de pequenos produtores, organizados ou não em cooperativas. Emerson
Gonçalves e João Vieira Neto (Epamig) ressaltam, contudo, que já na região de Maria da
Fé, alguns produtores plantando em áreas maiores. Segundo os pesquisadores essa
tendência deveria ser analisada com cuidado, uma vez que o retorno da atividade é de
médio ou longo prazo.
Sejam pequenos ou grandes, organizados em cooperativas ou não, o que se
observou com relação aos produtores olivículas é que, grosso modo, a produção é
repassada para unidades armazenadoras (cooperativas, empresas privadas ou estatais) na
forma in natura ou prensada. Quando vendido in natura, as azeitonas são comercializadas
com unidades extratoras. Já quando o fruto é prensado na unidade agrícola, a pasta
resultante é vendida para unidades refinadoras.
Uma possibilidade que existe – prevista no modelo – é a produção do azeite extra
virgem que, conforme aponta o modelo desenvolvido por Garcia Brenes (2005), não passa
pelo processo de refino.
Aqui aparece, mais um elo com problemas na cadeia do azeite brasileiro. Não há,
no Brasil, empresas consolidas que façam a extração e/ou o refino de. No país, há apenas
engarrafadoras que envasam azeites importados ou os misturam a óleo de soja produzindo
o azeite composto.

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Pesquisa / Melhoramento
Geração de tecnologia

Indústria de Indústria de
combustíveis, corretivos,
máquinas e Produção de fertilizantes
defensivos e
equipamentos sementes
Revenda de insumos e
equipamentos
Setor a montante

Setor agropecuário
Rejeitos Unidade produtiva
Azeitona em
conserva Consumidor
Fruto in Fruto Produção
final
natura prensado artesanal
Azeite (agroturismo)

Unidade armazenadora Setor a jusante


Indústrias diversas (Coop./Estatais/Emp.priv.)

Extratora
(Cooperativas/Empresas privadas)
Agente
exportador
Refinadora
(Cooperativas/Empresas privadas)

Consumo
Indústria externo
(óleo de oliva) Engarrafadora
(Cooperativas/Empresas privadas)

Agente importador
(azeite) Atacado

Varejo

Consumo
interno

Figura 4. Modelo parcial de cadeia produtiva de azeite no Brasil


Fonte: Proposta do trabalho

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No caso de Maria da Fé, a Epamig, vem assumindo, também, esse papel. Com a
aquisição de uma máquina de prensagem, a Fazenda Experimental é quem se encarrega de
processar a produção local. Mais uma vez, contudo, a instituição de pesquisa vê
desempenhado um papel que não lhe cabe. Como forma de incentivar a produção inicial –
ainda incipiente – a iniciativa é extremamente válida e a capacidade de processamento,
suficiente. No entanto, para o desenvolvimento de uma atividade de produção em escalas
maiores, a ausência dos agentes de extração e refino na cadeia, torna-se um obstáculo
substantivo
Os pesquisadores apontam outra possibilidade com relação aos produtores da região
de Maria da Fé. Segundo eles, a exemplo do que ocorre com a atividade vinícola no Rio
Grande do Sul, os olivicultores poderão agregar o agroturismo a seu negócio. Nesse caso,
eles poderão optar por produzir artesanalmente (toda sua produção ou parte dela), tanto a
azeitona em conserva quanto o azeite e comercializá-los diretamente junto aos turistas.
Experiências bem sucedidas nesse sentido são relatadas nos principais países produtores da
Europa.
Com relação ao agente extrator/refinador, uma alternativa prevista no modelo,
contempla a importação de azeitonas (in natura ou prensadas) como forma de dar escala à
produção. Em contrapartida, o modelo prevê também a exportação de matéria prima para
processamento em outros países.
Outro aspecto destacado pelos pesquisadores da Epamig que o modelo contempla é
o encaminhamento dado aos rejeitos do processo. O caroço da azeitona, a massa que sobra
do processo de prensagem e a água nele utilizada, constituem rejeitos apresentam um alto
potencial de dano ao meio ambiente. Ademais, a correta destinação desses rejeitos além de
contribuir com a preservação ambiental – um dos fatores críticos da atividade, segundo
Garcia Brenes (2005) – pode representar uma fonte de renda significativa para os
olivicultores e os produtores de azeite.
Por último, o setor a jusante do modelo, tem-se o consumidor final. Nesse ponto, há
uma carência de estudos sobre o comportamento do consumidor brasileiro de azeite. Não
se conhece ao certo, quais os atributos esses consumidores valorizam nesse tipo de
produto, muito menos o grau de aceitação que eles teriam a um produto nacional de
qualidade.
Esse também se configura como um problema uma vez que conforme afirmam
Emerson Gonçalves e João Vieira Neto, o preço de venda do azeite a ser produzido na
região, deve ficar em torno de R$ 20,00 a R$ 30,00. Nesse patamar, o produto nacional
concorreria na mesma faixa de preços dos azeites importados de países tradicionais e que,
supostamente, gozam de um reconhecimento de qualidade já consolidado junto ao
consumidor.
Na Figura 5, apresenta-se o que pode ser o sequenciamento de atividades e o
posicionamento dos agentes da cadeia, pelo “Esquema Básico da Cadeia do Azeite”, em
ordem ao que se pôde apurar na investigação, nas entrevistas e na análise de cadeias
similares, especialmente da soja. Nele se identificam os mais diversos agentes que
integram sua estrutura mínima de funcionamento e abrimos espaço para eventuais novos
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componentes que certamente surgirão pela extensão e amadurecimento de suas atividades.
O destaque fica por conta de dois agentes sempre presentes em atividades de cunho
econômico e social: o Estado e o Sistema Financeiro.

Pesquisa / Melhoramento
Geração de tecnologia

Indústria de
Indústria de
combustíveis,
corretivos,
máquinas e Produção de fertilizantes defensivos e
equipamentos
sementes

Revenda de insumos e
equipamentos
Setor a montante

Setor agropecuário
Rejeitos Unidade produtiva
SETOR FINANCEIRO

Azeitona em
Produção conserva Consumidor
Fruto in Fruto
artesanal final
natura prensado
Azeite (agroturismo)

ESTADO
Unidade armazenadora Setor a jusante
Indústria (Coop./Estatais/Emp.priv.)

Extratora
(Cooperativas/Empresas privadas)
Agente
exportador
Refinadora
(Cooperativas/Empresas privadas)

Consumo
Indústria externo
(óleo de oliva) Engarrafadora
(Cooperativas/Empresas privadas)

Agente importador
(azeite)
Atacado

Varejo

Consumo
interno

Figura 5. Esquema Básico da Cadeia do Azeite.


Fonte: Proposta do trabalho

Na configuração desta cadeia, ao Estado é reservado um importante papel, que


esquematicamente pode se dá em três vertentes: na pesquisa básica, no financiamento dos
agentes da cadeia e na institucionalização do setor.
Em relação à pesquisa, aponta-se o Estado como fomentador da atividade, em vista
da tradição brasileira de concentrar parte significativa da pesquisa básica nacional nas
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universidades e em institutos públicos criados para este fim. Neste caso especificamente,
em que se trata de uma experiência embrionária, entende-se que o papel do Estado se
reveste de importância ainda maior. Primeiro, porque poucos ou nenhum investidor
privado se adiantaria nesta iniciativa e se ocuparia desta atividade de alto custo, de grande
incerteza quanto a resultados e de longa maturação. Segundo, porque se assim for, este
investidor terá para si a propriedade dos resultados da pesquisa, monopolizando este elo
tão crucial para o desenvolvimento da cadeia.
Quanto ao financiamento, a situação toma outros contornos. Por sua aderência à
lógica de mercado, aquele agente financeiro que perceber vantagens de rentabilidade,
segurança e retorno mais imediato, se aproximará do membro da cadeia necessitado de
aporte financeiro. O papel do estado é justamente de (re)equilibrar as distorções operadas
pelo mercado e de “corrigir” as assimetrias entre os muitos agentes da cadeia, oferecendo
então o crédito que fomentaria aqueles empreendedores em condições de desvantagem.
Resta saber que condições são estas e onde se situam estes agentes ao longo da cadeia.
Já na institucionalização da cadeia, o Estado cumpre um de seus papéis mais
relevantes, tal qual se daria em outras atividades: o reconhecimento formal dos agentes; a
promulgação de normas, em forma de resoluções, leis, decretos e de outros dispositivos
reguladores da atividade; a garantia de equidade de direitos, pela fiscalização e auditagem
das ações dos componentes da cadeia, na produção, comercialização e no consumo. Não é
de mais lembrar que em diferentes situações, ou o Estado é chamado para intervir, como
em outras sua presença se faz como um agente interessado na dinâmica da cadeia.
Como anunciado acima, o outro agente de destaque é o Setor Financeiro (SF). Parte
de seu papel foi abordado quando ele se apresenta junto com o Estado para fomentar
financeiramente os empreendimentos. Só resta sublinhar uma participação de outra ordem
a ele reservada e que inclui o Estado, por meio de seus agentes financeiros, como os
bancos estatais. Embora o Setor Financeiro não esteja diretamente na cadeia, ele funciona
como um “termômetro” da dinâmica da cadeia, na medida em que é ou não procurado e na
medida em que contribui para o aumento ou diminuição das atividades, em vista do custo
do aporte financeiro e suas conseqüências no fluxo de transferências financeiras ao longo
da cadeia.

6. CONCLUSÃO
O otimismo que se percebe nas declarações dos atuais agentes envolvidos nesta
experiência, em relação às possibilidades de sucesso no desenvolvimento da cadeia da
azeitona e do azeite, não é infundado. Os dados e informações sobre os níveis atuais e
futuros de consumo são de tal sorte, que por si só emulam iniciativas e motivam os
investimentos financeiros, em pesquisas, equipamentos e trabalho.
Acompanhar de forma sistemática o nascimento da cadeia se mostra, neste estudo,
como de fundamental importância. O intuito, na verdade, foi descrever criticamente este
empreendimento que se inicia e indicar os limites das possibilidades do seu andamento.
Esta contribuição se faz necessária na medida em que avançam as pesquisas e que alguns
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agentes se dispõem a investir suas economias no rol de negócios que se apresentam como
promissores.
Pelo estudo de outras cadeias pode-se inferir que há dois elementos que podem ser
assumidos como centrais desta futura cadeia no país: o produtor rural dedicado ao plantio
das oliveiras e um agente processador e ou envasador tanto dos frutos (azeitona de mesa)
quanto do azeite. Esta centralidade deve ser vista como dois nós de uma rede que se
estende largamente e necessita da participação atenta e ativa de outros agentes.
O papel do Estado deve ultrapassar a simples regulamentação do setor e se projetar
para aquilo que hoje faz a EPAMIG na pesquisa básica, no melhoramento de espécies;
participa no incentivo e fomento financeiro dos empreendimentos e credencia os agentes,
para manutenção da qualidade indispensável dos produtos e serviços que transitam pela
cadeia até os consumidores finais. Sem o Estado, é certo que poderá haver um
retardamento da auto-suficiência na produção de azeitona e azeite, ou pelo menos a
concorrência menos desvantajosa do Brasil neste setor.
A semelhança com a cadeia da soja constitui-se em elemento norteador dos
próximos passos a serem dados na busca de estruturação definitiva da cadeia da azeitona.
As faltas e excessos naquela experiência, hoje tida como exitosa, são parâmetros valiosos
tanto para a coordenação das primeiras iniciativas quanto para qualquer outro provável
participante. Inclusive, como apuramos, no setor a montante, a cadeia proposta pode ser
representada de forma absolutamente igual à configuração da cadeia da soja no Brasil.
Problemas não faltarão, mas a dinâmica econômica e o amadurecimento das
instituições ligadas ao setor no país hão de dar conta destes entraves na direção do
desenvolvimento de uma atividade que mobiliza toda a economia e pode ser muito
promissora na criação de novos empregos e geração de renda no campo e na cidade.

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