Texto Complementar
Texto Complementar
Texto Complementar
31202020 4269
destaque highlight
na população adulta brasileira
Abstract We estimated the prevalence of the Me- Resumo Estimou-se a prevalência de Síndrome
tabolic Syndrome (MetS) and its components in Metabólica (SM) e seus componentes na popula-
the Brazilian population according to sociodemo- ção brasileira de acordo com fatores sociodemo-
graphic factors. This is a cross-sectional popula- gráficos. Estudo transversal, de base populacional,
tion-based study that used laboratory data from com dados laboratoriais da Pesquisa Nacional
the National Health Survey. We estimated the de Saúde. Estimou-se prevalência da SM e seus
prevalence of MetS and its components with 95% componentes com intervalos de 95% de confian-
confidence intervals and the unadjusted and ad- ça e Razão de Prevalência (RP) não ajustada e
justed prevalence ratio (PR) with the Poisson re- ajustada utilizando regressão de Poisson. A pre-
gression. MetS prevalence ratio was 38.4%. High valência de SM foi de 38,4%. A circunferência da
waist circumference (WC) (65.5%) and low HDL cintura (CC) alta (65,5%) e colesterol HDL baixo
cholesterol (49.4%) were the most prevalent com- (49,4%) foram os componentes mais prevalentes,
ponents, including in the youngest people. MetS inclusive nos jovens. A ocorrência de SM foi maior
and its components were more frequent among entre mulheres (41,8%), indivíduos com baixa es-
women (41.8%), individuals with low schooling colaridade (47,5%) e idosos (66,1%). Na análise
(47.5%), and older adults (66.1%). In the adjusted ajustada, sexo feminino (RP = 1,16; IC95% 1,08-
analysis, females (PR = 1.16; 95% CI 1.08-1.24), 1,24), idade avançada (RP = 3,69; IC95% 3,26-
older adults (PR = 3.69; 95% CI 3.26-4.17), and 4,17) e baixa escolaridade (RP = 1,32; IC95%
low schooling (PR = 1.32; 95% CI 1.17-1.49) were 1,17-1,49) associaram-se à ocorrência de SM. A
associated with MetS. MetS was prevalent in the SM foi muito prevalente na população brasileira,
Brazilian population, especially among women, principalmente entre mulheres, indivíduos com
individuals with low schooling, and older adults. baixa escolaridade e idosos. A CC alta e o coles-
1
Escola de Enfermagem, High WC and low HDL cholesterol were the most terol HDL baixo foram os componentes mais fre-
Universidade Federal prevalent components, with the aggravating high quentes, com o agravante de prevalências altas em
de Minas Gerais. Av.
Alfredo Balena 190, Santa prevalence factor in young adults. These findings adultos jovens. Esses achados revelam a necessi-
Efigênia. 30130-100 Belo reveal the need to consider laboratory data for a dade de considerar dados laboratoriais para uma
Horizonte MG Brasil. more accurate analysis of this condition, which análise mais precisa dessa condição, o que em âm-
marianafelisbino@
yahoo.com.br can be challenging at the national level. bito nacional pode ser um desafio.
2
Escola de Medicina, Key words Metabolic syndrome, Waist circumfe- Palavras-chave Síndrome metabólica; Circunfe-
Universidade Federal de rence, Dyslipidemias, Risk factors, Chronic disease rência da cintura; Dislipidemias; Fatores de risco;
Ouro Preto. Ouro Preto
MG Brasil. Doença crônica
4270
Oliveira LVA et al.
Tabela 1. Prevalência dos componentes individuais, número de fatores simultâneos e diagnóstico de síndrome
metabólica na população adulta brasileira de acordo com o sexo, PNS 2013 e PNS Laboratório 2014-2015.
Sexo
Total
Componentes da SM Feminino Masculino Valor-pb
n %a (IC95%) % (IC95%)
a
% (IC95%)
a
Pressão Arterial ≥ 130/85 mmHg 8.858 32,3 (31,0-33,6) 31,2 (29,6-32,9) 33,6 (31,6-35,6) 0,076
Circunferência da Cintura ≥ 80cm 8.854 65,5 (64,1-66,9) 74,1 (72,4-75,7) 56,0 (53,8-58,2) < 0,0001
feminino/ ≥ 90cm masculino
Colesterol HDL < 50mg/dl 8.512 49,4 (48,0-50,8) 55,2 (53,4-57,1) 42,9 (40,7-45,1) < 0,0001
feminino / < 40mg/dl masculino
Colesterol total ≥ 200mg/dl 8.526 32,8 (31,5-34,1) 35,1 (33,4-36,9) 30,1 (28,1-32,1) 0,0002
Hemoglobina Glicada (≥ 8.552 30,0 (28,7-31,3) 31,5 (29,8-33,2) 28,3 (26,4-30,3) 0,017
5,6mmol/L)
Número de fatores simultâneos 8.199 < 0,0001
0 12,1 (11,1-13,2) 7,6 (6,6-8,7) 17,2 (15,4-19,1)
1 22,3 (21,1-23,6) 21,3 (19,7-22,9) 23,5 (21,6-25,5)
2 27,2 (25,9-28,5) 29,4 (27,7-31,1) 24,8 (22,9-26,7)
3 22,2 (21,1-23,4) 22,9 (21,4-24,5) 21,5 (19,7-23,4)
4 13,0 (12,1-13,9) 14,5 (13,2-15,8) 11,3 (10,0-12,7)
5 3,2 (2,8-3,7) 4,4 (3,8-5,2) 1,8 (1,4-2,5)
Síndrome Metabólica 8.199 38,4 (37,0-39,8) 41,8 (40,0-43,6) 34,6 (32,5-36,7) < 0,0001
a
Estimativa populacional; b Teste qui-quadrado de Pearson; IC95%: Intervalo de 95% de confiança; HDL: High Density
Lipoprotein.
4273
1,63
Discussão
1,25 1,00 0,78
0,74 0,93 0,98
0,88 No presente estudo foi estimado que de cada três
brasileiros, um apresenta SM, sendo essa propor-
0,50 ção ainda maior entre as mulheres, os indivíduos
Branca Amarelo/ Preto/Pardo
Indígena com menor escolaridade e também aqueles com
idade mais avançada, mesmo após ajustes por
RP E todas as variáveis sociodemográficas estudadas.
2,00
Destaca-se ainda que o fator mais prevalente foi a
CC alta – marcador importante de obesidade ab-
1,63 dominal e de deterioração metabólica22,23, comu-
1,25 mente utilizado em estudos populacionais1,11,12,
1,00 0,98 0,94
seguido do colesterol HDL baixo, um importante
0,88
preditor de risco cardiovascular4.
0,50 A prevalência de SM neste estudo foi maior
Urbano Rural do que as encontradas em populações de outros
países da América Latina, como Colômbia, Ve-
Figura 1. Razão de Prevalência (RP) não ajustada
nezuela, Peru e México5, e da região Ásia-Pací-
(preto) e ajustada (cinza) para Síndrome Metabólica
fico24 , bem como foi superior à encontrada em
de acordo com sexo (A), e escolaridade (B), idade (C),
raça/cor (D) e local de moradia (E), PNS 2013 e PNS estudos locais com populações específicas em
Laboratório 2014-2015. nível nacional, segundo estudo com adultos do
4274
Oliveira LVA et al.
Tabela 2. Prevalência dos componentes individuais, número de fatores simultâneos e diagnóstico de síndrome
metabólica na população adulta brasileira de acordo com a faixa etária, PNS 2013 e PNS Laboratório 2014-2015.
Idade (em anos) Valor-pb
Componentes da Síndrome
18-39 40-59 60-110
Metabólica
%a (IC95%) %a (IC95%) %a (IC95%)
Pressão Arterial ≥ 130/85 mmHg 11,7 (10,2-13,4) 38,7 (36,6-41,0) 60,6 (58,0-63,1) < 0,0001
Circunferência da Cintura ≥ 80cm 50,4 (48,0-52,8) 73,7 (71,7-75,6) 80,4 (78,2-82,4) < 0,0001
feminino/ ≥ 90cm masculino)
Colesterol HDL < 50mg/dl 47,0 (44,6-49,5) 50,3 (48,1-52,6) 52,3 (49,6-55,0) 0,011
feminino / < 40mg/dl masculino
Colesterol total ≥ 200mg/dl 21,5 (19,7-23,5) 39,7 (37,5-41,9) 42,7 (40,1-45,4) < 0,0001
Hemoglobina Glicada ≥ 5,6mmol/L 13,5 (11,9-15,2) 33,0 (30,9-35,1) 56,4 (53,8-59,1) < 0,0001
Número de fatores simultâneos < 0,0001
0 21,7 (19,6-23,9) 7,4 (6,3-8,8) 2,3 (1,7-3,2)
1 33,0 (30,7-35,4) 17,4 (15,8-19,2) 10,6 (9,0-12,4)
2 28,6 (26,4-30,8) 29,4 (27,4-31,5) 21,0 (18,9-23,3)
3 12,9 (11,3-14,7) 27,1 (25,2-29,2) 31,4 (28,9-34,0)
4 3,4 (2,7-4,4) 15,1 (13,5-16,8) 27,1 (24,7-29,5)
5 0,4 (0,2-1,0) 3,5 (2,8-4,4) 7,7 (6,4-9,2)
Síndrome Metabólica 16,7 (15,0-18,6) 45,7 (43,5-48,0) 66,1 (63,5-68,6) < 0,0001
a
Estimativa populacional; b Teste qui-quadrado de Pearson; IC95%: Intervalo de 95% de confiança; HDL: High Density
Lipoprotein.
Tabela 3. Prevalência dos componentes individuais, número de fatores simultâneos e diagnóstico de síndrome
metabólica na população adulta brasileira de acordo com a escolaridade, PNS 2013 e PNS Laboratório 2014-
2015.
Escolaridade (em anos) Valor-pb
Componentes da Síndrome Metabólica 12 ou mais 9-11 0-8
%a (IC95%) %a (IC95%) %a (IC95%)
Pressão Arterial ≥ 130/85 mmHg 21,4 (18,6-24,4) 23,7 (21,7-25,9) 41,9 (40,1-43,7) < 0,0001
Circunferência da Cintura ≥ 80cm 64,3 (60,6-67,8) 63,0 (60,4-65,5) 67,2 (65,8-69,4) 0,0122
feminino/ ≥ 90cm masculino)
Colesterol HDL < 50mg/dl feminino / < 42,2 (38,6-45,8) 48,2 (45,6-50,9) 52,7 (50,9-54,6) < 0,0001
40mg/dl masculino
Colesterol total ≥ 200mg/dl 29,3 (26,1-32,6) 30,3 (28,0-32,7) 35,7 (33,9-37,4) 0,0002
Hemoglobina Glicada ≥ 5,6mmol/L 21,0 (18,3-24,1) 23,8 (21,7-26,1) 37,3 (35,5-39,1) < 0,0001
Número de fatores simultâneos < 0,0001
0 16,2 (13,3-19,5) 14,0 (12,1-16,2) 9,4 (8,3-10,7)
1 26,9 (23,6-30,5) 26,2 (23,9-28,6) 18,1 (16,6-19,6)
2 29,5 (26,3-33,0) 29,2 (26,9-31,6) 25,0 (23,4-26,7)
3 18,1 (15,4-21,0) 19,5 (17,5-21,6) 25,6 (24,0-27,3)
4 8,1 (6,4-10,0) 9,2 (7,8-10,8) 17,3 (15,9-18,7)
5 1,3 (0,7-2,2) 2,0 (1,4-2,7) 4,8 (4,0-5,5)
Síndrome Metabólica 27,4 (24,3-30,7) 30,6 (28,3-33,1) 47,5 (45,6-49,4) <0,0001
a
Estimativa populacional; b Teste qui-quadrado de Pearson; IC95%: Intervalo de 95% de confiança; HDL: High Density Lipoprotein
Sul do Brasil (24,3%)25, com população quilom- população brasileira10,11. Entretanto, a nossa es-
bola (25,8%)26 e rural (14,9%)13. Nossos achados timativa de SM foi próxima da encontrada pelo
também mostram uma magnitude superior a estudo ELSA (44%)9 e pelo consenso de harmo-
estudos prévios com amostras representativas da nização dos componentes da SM (35% e 40%)9.
4275
As diferenças encontradas poderiam ser jus- PNS já demonstaram alta prevalência de insufici-
tificadas pelos diferentes métodos utilizados para ência renal crônica30 e de diabetes15, em compara-
definir a SM27, mas principalmente pela utiliza- ção ao uso de medidas autorreferidas.
ção de dados aferidos e autorreferidos para esti- Os componentes mais prevalentes da SM fo-
mar os fatores componentes da SM. Sabe-se que ram a CC alta seguida do colesterol HDL baixo,
os dados autoreferidos estão sujeitos a subesti- em ambos os sexos, porém com maiores preva-
mação das prevalências dos fatores bioquímicos lências entre as mulheres e em qualquer grupo
componentes da SM e consequentemente desta. etário. Medidas altas da CC estão associadas a
Assim, tal fato poderia explicar a proximidade maior risco para doenças cardiovasculares e pre-
dos nossos achados com aqueles do estudo ELSA, ditores confiáveis de excesso de gordura visceral,
que também utilizou dados bioquímicos para como obesidade geral22. Níveis normais de coles-
avaliar o fenótipo. terol HDL podem promover transporte eficiente
Um aspecto relevante a se destacar neste estu- do excesso de colesterol circulante de forma que
do foi a coleta de material biológico com repre- seus baixos níveis aumentam o risco cardiovas-
sentatividade nacional. Consideramos um avan- cular31. A prática de atividade física é uma das
ço significativo para a avaliação da saúde em nível principais formas de aumentar os níveis plas-
nacional, pois muitos distúrbios metabólicos têm máticos de HDL32. Nas mulheres a proporção de
prolongada fase subclínica, enquanto que atra- CC alta e HDL baixo poderia ser explicado pela
sos no diagnóstico podem ser inoportunos na redução dos níveis de estrogênio com o avançar
prevenção de eventos mais graves. Por exemplo, da idade, o que influencia o aparecimento das
destaca-se que as dislipidemias que compõem a dislipidemias pela redução dos receptores hepá-
SM se relacionam a um maior risco de doenças ticos, e uma maior deposição de gordura abdo-
cardiovasculares (DCV), incluindo acidente vas- minal, com consequentemente aumento do risco
cular encefálico28,29. Estudos com dados laborato- cardiovascular33. Uma outra possível explicação
riais permitem estimar a prevalência de agravos para o HDL baixo seria as mulheres serem menos
à saúde em estágios subclínicos e em populações ativas fisicamente que os homens34.
com menor acesso ao serviço de saúde e, portan- Nosso estudo também encontrou maior
to, ainda sem diagnóstico e tratamento. A exem- ocorrência da SM nas faixas etárias mais avança-
plo, estudos recentes com dados laboratoriais da das, um resultado esperado, visto que o envelhe-
4276
Oliveira LVA et al.
cimento é um importante fator de deterioração dade e condições de manter hábitos de vida mais
metabólica, com acúmulo de fatores de risco2,6,10. saudáveis como uma alimentação rica em frutas,
Ressalta-se que neste estudo foi possível obser- verduras e legumes, e restrita em alimentos ul-
var no grupo mais jovem (18-39 anos) prevalên- traprocessados, bem como a adequada prática de
cia alta de dois componentes da SM, a CC alta exercícios42. As populações mais vulneráveis so-
e níveis de HDL baixos. Esse cenário prevê que cialmente têm apresentado em maior frequência
gerações futuras possam atingir prevalência alta condições crônicas43, tais como diabetes e hiper-
de SM mais precocemente. A promoção de um tensão, e também seus fatores de risco44, princi-
estilo de vida mais saudável, com dieta rica em palmente em mulheres43, assim como os compo-
frutas, verduras e legumes e prática de atividade nentes da SM incluídos no presente estudo e a
física regular em jovens, poderia impactar na re- própria síndrome metabólica42,45, corroborando
dução da prevalência de SM, por retardar o acú- nossos achados.
mulo dos fatores de risco32,35. Esse achado sinaliza Além disso, o ambiente socialmente vulnerá-
que políticas públicas de prevenção das doenças vel tem sido demonstrado como um importante
cardiovasculares e diabetes, quando ainda não determinante desses hábitos e condições46. Esses
se têm agravos estabelecidos, e também entre as achados reforçam a importância de considerar
mulheres, têm potencial de alcançar melhores essas desigualdades ao promover o cuidado em
resultados no enfrentamento das doenças cardio- saúde por meio de políticas públicas, uma vez
vasculares e diabetes. que os comportamentos não saudáveis exercem
Outro aspecto relevante neste estudo foi influência principalmente sobre o perfil lipídico
a maior prevalência de SM entre as mulheres, e a glicemia dos indivíduos47.
corroborando achados de outras pesquisas24,25. Nossos achados podem contribuir para a
Em quatro dos cinco componentes, as mulheres consolidação das políticas públicas de enfrenta-
apresentaram prevalências mais altas, excetuan- mento das doenças crônicas não transmissíveis
do-se a pressão arterial, considerada globalmen- e seus fatores de risco no contexto da prestação
te como uma condição mais prevalente entre os de serviços públicos de saúde, o que implica no
homens36. A pressão arterial alta se torna mais atendimento da vulnerabilidade social e forta-
frequente após a menopausa, o que pode ser par- lecimento do SUS e seus mais caros princípios.
cialmente atribuído ao efeito hormonal protetor Também demonstra a importância da PNS no
que o estrogênio confere durante a fase reprodu- monitoramento e na vigilância das doenças e
tiva36. agravos crônicos não transmissíveis, bem como
Além das alterações biológicas que se asso- nos seus fatores de risco.
ciam ao maior risco para doenças crônicas não
transmissíveis, foi possível observar a partir de Limitações
resultados de estudos recentes uma mudança nos
comportamentos de saúde entre as mulheres. A Uma potencial limitação deste estudo se re-
incoporação de estilo de vida menos saudável, fere ao uso de pontos de corte para a CC alta
como maior sedentarismo37 e consumo alimen- que podem não ser adequados para populações
tar não saudável38, são comportamentos cada vez da América Latina48, mesmo com a sua reco-
mais frequentes e que estão associados a altas mendação para comparabilidade internacional3.
prevalências de obesidade entre as mulheres39. Em uma análise de sensibilidade, ao comparar
Além disso, os papéis sociais do gênero feminino, a prevalência de CC elevada e de SM utilizando
que acumula as responsabilidades domésticas, os pontos de corte propostos pela NCEP4 com os
e o aumento da jornada de trabalho podem ter pontos de corte do consenso, utilizados nesse es-
uma forte influência no risco de adoecer40, prin- tudo, observamos, com o uso do consenso, um
cipalmente em relação às doenças crônicas não aumento de 21,8 % na prevalência de obesidade
transmissíveis, o que pode estar relacionado ao abdominal entre as mulheres e de 33,4% entre os
fato das mulheres ultrapassarem a ocorrência de homens, com aumento total de 27,3%, levando
SM já elevada entre os homens41. ao aumento de cerca de 5% da prevalência final
Neste estudo observamos diferenças de pre- da SM. Ou seja, a utilização do consenso aumen-
valência de SM em relação à escolaridade, em que ta consideravelmente a prevalência de CC alta,
indivíduos com baixa escolaridade apresentaram mas não impacta tanto na prevalência de SM.
piores condições metabólicas o que poderia re- Além disso, neste estudo, dois componentes
forçar a explicação de que as populações vulne- da SM foram usados em substituição à ausência
ráveis têm menos acesso a informações de quali- de dosagem de glicose e triglicérides, a hemoglo-
4277
Colaboradores
Agradecimentos Referências
BNSS agradece a bolsa de iniciação científica PI- 1. Neergaard JS, Laursen JM, Hansen HB, Christiansen
C, Beck-nielsen H, Karsdal MA, Brix S, Henriksen K.
BIC/CNPq/UFMG. GVM agradece à Fundação
Metabolic syndrome and subsequent risk of type 2
de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPE- diabetes and cardiovascular disease in elderly women.
MIG). Medicine 2016; 95:36(e4806).
Ao financiamento pelo Ministério da Saúde 2. Neto JCGL, Xavier MA, Borges JWP, Araújo MFM,
(Laboratório da Pesquisa Nacional de Saúde). Damasceno MMC, Freitas RWJF. Prevalence of Me-
tabolic Syndrome in individuals with Type 2 Diabetes
Mellitus. Rev Bras Enferm 2017; 70(2):265-270.
3. Alberti K, Eckel R, Grundy S, Zimmet P, Cleeman J,
Donato K, Fruchart JC, James WPT, Loria CM, Smi-
th Junior SC, International Diabetes Federation Task
Force on Epidemiology and Prevention; Hational
Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart
Association; World Heart Federation; International
Atherosclerosis Society; International Association for
the Study of Obesity. Harmonizing the metabolic syn-
drome: A joint interim statement of the international
diabetes federation task force on epidemiology and
prevention; National heart, lung, and blood institute;
American heart association; World heart federation;
International. Circulation 2009; 120(16):1640-1645.
4. Executive Summary of the Third Report of the Natio-
nal Cholesterol Education Program (NCEP). Expert
Panel on Detection, Evaluation, and Treat-ment of
High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment
Panel III). JAMA 2001; 285(19):2486-2497.
5. Márquez-Sandoval F, Macedo-Ojeda G, Viramontes
-Hörner D, Ballart JDF, Salvadó JS, Vizmanos B. The
prevalence of metabolic syndrome in Latin America:
A systematic review. Public Health Nutrition 2011;
14(10):1702-1713.
6. Vidigal FC, Bressan J, Babio N, Salas-Salvadó J. Pre-
valence of metabolic syndrome in Brazilian adults: a
systematic review. BMC Public Health 2013; 13:1198.
7. IHME. Global Burden of Disease Study 2017 (GBD
2017) Results [Internet]. The Institute for Health Me-
trics and Evaluation (IHME) 2020. [cited 2019 Dez
15]. Available at: Http://vizhub.healthdata.org/gbd-
compare%3E
8. Vieira EC, Peixoto MRG, Silveira EA. Prevalência e
fatores associados à Síndrome Metabólica em idosos
usuários do Sistema Único de Saúde. Rev Bras Epide-
miol 2014; 17(4):805-817.
9. Vieira BA, Luft VC, Schmidt MI, Chambless LE, Chor
D, Barreto SM, Duncan BB. Timing and type of al-
cohol consumption and the metabolic syndrome -
ELSA-Brasil. PLoS One 2016; 11(9):1-17.
10. Ramires EKNM, Menezes RCE, Longo-Silva G, Santos
TG, Marinho PM, Silveira JAC. Prevalência e Fatores
Associados com a Síndrome Metabólica na População
Adulta Brasileira: Pesquisa Nacional de Saúde – 2013.
Arq Bras Cardiol 2018; 110(5):455-466.
11. Sá NNB, Moura EC. Fatores associados à carga de do-
enças da síndrome metabólica entre adultos brasilei-
ros. Cad Saude Publica 2010; 26(9):1853-1862.
12. Bortoletto MSS, Souza RKT de, Cabrera MAS, Gonzá-
lez AD. Síndrome metabólica, componentes e fatores
associados em adultos de 40 anos ou mais de um mu-
nicípio da Região Sul do Brasil. Cad Saúde Coletiva
2016; 24(1):32-40.
4279
36. Malta DC, Santos NB, Perillo RD, Szwarcwald CL. 45. Blanquet M, Legrand A, Pélissier A, Mourgues C. So-
Prevalence of high blood pressure measured in the cio-economics status and metabolic syndrome: A me-
Brazilian population, national health survey, 2013. ta-analysis. Diabetes and Metabolic Syndrome: Clinical
Sao Paulo Med J 2016; 134(2):163-170. Research and Reviews 2019; 13(3):1805-1812.
37. Guthold R, Stevens GA, Riley LM, Bull FC. Worldwi- 46. Pessoa MC, Mendes LL, Caiaffa WT, Malta DC, Velás-
de trends in insufficient physical activity from 2001 quez-Meléndez G. Availability of food stores and con-
to 2016: a pooled analysis of 358 population-based sumption of fruit, legumes and vegetables in a Bra-
surveys with 1·9 million participants. Lancet 2018; zilian urban area. Nutr Hosp 2014; 31(3):1438-1443.
6(10):e1077-86. 47. Ferraz IAR, Pereira IG, Monteiro ML, Silva ML, La-
38. Schlindwein MM, Kassouf AL. Influência do custo de deia AM, Guimaraes A. Comparison of the energy
oportunidade do tempo da mulher sobre o padrão de and metabolic nutritional profile of women with
consumo alimentar no Brasil. PPE 2007; 37(3):489- central obesity of socioeconomic classes a/b vs c/d/e.
520. Nutr Hosp 2019; 36(4):819-825.
39. Araújo FG. Tendência da prevalência de sobrepeso, 48. Cardinal TR, Vigo A, Duncan BB, Matos SMA, Fon-
obesidade, diabetes e hipertensão em mulheres bra- seca MJM, Barreto SM, Schmidt MI. Optimal cut-o-
sileiras em idade reprodutiva, Vigitel 2008-2015 [dis- ff points for waist circumference in the definition
sertação]. Belo Horizonte: Universidade Federal de of metabolic syndrome in Brazilian adults: Baseline
Minas Gerais; 2018. analyses of the Longitudinal Study of Adult Health
40. Ortiz YM, Gustafsson PE, Chasco MSS, Céspedes (ELSA-Brasil). Diabetol Metab Syndr 2018; 10:49.
AXA, López JML, Velarde DEI, Méndez PAM. Under- 49. World Health Organization (WHO). Use of Glycated
pinnings of entangled ethnical and gender inequali- Haemoglobin (HbA1c) in the Diagnosis of Diabetes
ties in obesity in Cochabamba-Bolivia: an intersectio- Mellitus: Abbreviated Report of a WHO Consultation.
nal approach. Int J Equity Health; 18(1):153. Geneva: WHO; 2011.
41. Barros MBA, Francisco PMSB, Zanchetta LM, Cé-
sar CLG. Tendências das desigualdades sociais e de-
mográficas na prevalência de doenças crônicas no
Brasil, PNAD: 2003-2008. Cien Saude Colet 2011;
16(9):3755-3768.
42. Kim I, Song YM, Ko H, Sung J, Lee K, Shin J, Shin
S. Educational Disparities in Risk for Metabolic Syn-
drome. Metab Syndr Relat Disord 2018; 16(8):416-
424.
43. Bernal RTI, Felisbino-Mendes MS, Carvalho QH,
Pell J, Dundas R, Leyland A, Barreto ML, Malta DC.
Indicators of chronic noncommunicable diseases in
women of reproductive age that are beneficiaries and
non-beneficiaries of bolsa família. Rev Bras Epidemiol
2019; 22(Supl. 2):E190012.SUPL.2.
44. Medina LPB, Barros MBA, Sousa NFS, Bastos TF,
Lima MG, Szwarcwald CL. Social inequalities in the
food consumption profile of the Brazilian popula- Artigo apresentado em 15/08/2020
tion: National health survey, 2013. Rev Bras Epidemiol Aprovado em 17/08/2020
2019; 22(Supl. 2):E190011.SUPL.2 Versão final apresentada em 19/08/2020
CC BY Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons