Plano de Cargos e Salários
Plano de Cargos e Salários
Plano de Cargos e Salários
CARGOS, SALARIOS E
BENEFÍCIOS
Pablo Bes
Plano de cargos e salários
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Nas últimas décadas, ocorreram mudanças significativas no mercado de
trabalho ocasionadas pela globalização. Devido a essas transformações,
as organizações tiveram de se adaptar a um universo internacional de
maior competitividade. Nesse cenário, a gestão de pessoas passou a ser
essencial para a permanência e para o sucesso das organizações.
Dessa forma, as empresas passaram a encarar os colaboradores
como os principais responsáveis pelos resultados que almejam. Então,
nada mais coerente do que efetuar um planejamento que faça com que
esses trabalhadores se sintam reconhecidos, motivados e mantenham-
-se nas empresas por um período mais prolongado, não é? Para dar
conta dessa gestão dos colaboradores e, ao mesmo tempo, atender às
exigências deles e do mercado, atualmente as organizações procuram
desenvolver seus planos de cargos e salários deixando transparente o
que é exigido em cada cargo e a respectiva contrapartida salarial. Além
disso, como você vai ver, buscam definir os pré-requisitos para que seus
funcionários cresçam e avancem em suas carreiras.
2 Plano de cargos e salários
A elaboração do plano
Ao começar a aprender sobre o plano de cargos e salários, é conveniente que
você entenda que essa área é conhecida pelos teóricos que estudam a gestão de
pessoas ou a administração de recursos humanos pelo seu caráter tradicional
e conservador. Porém, particularmente nas duas últimas décadas, houve uma
inovação na área, propiciada pelo avanço e pela profissionalização da gestão
de pessoas. Essa mudança se reflete na utilização de formas mais estratégicas
e adaptativas dos planos de cargos e salários.
Hoje, o maior desafio da área de gestão de pessoas é alinhar suas
práticas com os objetivos estratégicos da organização, e para que isso
ocorra poderão ser necessárias adaptações nos cargos. Essas adaptações
se fazem necessárias em virtude de novas competências esperadas dos
profissionais que atuam no mercado, ou ainda em razão de mudanças
econômicas e legais que afetam o segmento da empresa. Além disso, são
motivadas pelo próprio desenvolvimento da concorrência nesses aspectos.
Sobre essa questão, Resende (1991, p. 27) comenta: “Nessa nova realidade,
os administradores de cargos e salários precisarão ser mais críticos, adap-
tativos e estratégicos. Deverão saber usar melhor os recursos disponíveis
que substituem tarefas operacionais a fim de que possam pró-agir, analisar,
diagnosticar, e formular proposições”.
Aqui, você já pode notar a importância de uma organização realizar a
construção de seu plano de cargos e salários. Afinal, esse plano vai possi-
bilitar que a empresa perceba como seus cargos se alinham com os cargos
similares existentes na concorrência. Além disso, vai oportunizar a realização
de ajustes nos requisitos ou nas competências necessárias aos ocupantes dos
cargos. Instituindo uma política salarial, as organizações podem manter seus
colaboradores mais motivados e cientes de suas possibilidades de crescimento
e avanço dentro da organização.
É fácil perceber que as exigências para que se ocupem cargos, mesmo
aqueles mais elementares, aumentaram e se modificaram bastante nos úl-
timos anos. Foram acrescidas muitas competências que antes não faziam
parte das descrições e especificações dos cargos, como a capacidade de
relacionamento interpessoal, a flexibilidade, a adaptação a mudanças, a
inteligência emocional, entre outras. Isso tudo acompanha uma tendência
de um mercado que se torna global e mais competitivo. Para realizar esses
ajustes entre os cargos e seus ocupantes, faz-se necessário um plano de
cargos e salários adequado.
Plano de cargos e salários 3
A avaliação de cargos, por sua vez, segundo Chiavenato (2010), tem como
objetivo atribuir um valor para cada cargo da organização, conforme o seu
grau de relevância. Além disso, busca inseri-los em uma hierarquia, que
posteriormente norteará a estrutura de salários.
A partir dessa explicação sucinta de algumas das etapas que compõem o
plano de cargos e salários, você pode perceber como ele é relevante para que
uma organização possa manter-se competitiva e atingir os objetivos a partir
da otimização de seus colaboradores, alocando-os nos cargos que melhor
se ajustem às suas características. Nesse sentido, são muito interessantes as
palavras de Oliveira (2006, documento on-line):
A partir dessa citação, você pode perceber que uma das importantes
colaborações da construção e da implementação do plano de cargos e salários
na organização é o aspecto estratégico. Afinal, o plano ajuda a preparar
a empresa para as mudanças que ocorrem no mercado em que ela atua,
definindo as competências necessárias aos seus colaboradores, bem como
mantendo aqueles que se encontram trabalhando na organização. Ou seja,
a rotatividade de pessoas também ocorre quando colaboradores pedem de-
missão e deixam a empresa para buscarem melhores condições de trabalho,
melhores remunerações e melhor ambiente de trabalho em outros locais.
Conhecendo bem como funcionam as regras que estão norteando o seu
trabalho e os possíveis rumos a seguir no futuro, os colaboradores podem
manter-se por mais tempo em uma mesma empresa.
Benefícios do plano
Investir na construção ou na renovação de um plano de cargos e salários é
uma decisão muito acertada para uma organização. Afi nal, como você viu,
essa atitude pode contribuir para equilibrar os interesses dos colaboradores e
da própria empresa. Os colaboradores sentem-se motivados e recompensados
pela organização quando percebem uma remuneração mais justa, condi-
zente com as tarefas que executam e com as responsabilidades envolvidas
no seu cargo. Por outro lado, o retorno em termos de resultados é benéfico
para a organização. Da mesma forma, ao acompanharem as tendências de
remuneração de seu cargo nas empresas concorrentes e perceberem que se
encontram no mesmo patamar, ou, melhor ainda, acima da média, os cola-
boradores ficam mais dispostos a cumprir as suas atribuições. Isso também
pode, segundo Tolfo e Piccinini (2001), melhorar o clima organizacional e
afetar a qualidade de vida no trabalho da organização. Já a organização, ao
traçar com mais acerto os requisitos para a ocupação eficaz de seus cargos,
acompanhando as tendências exigidas pelo mercado em termos de conhe-
cimentos, habilidades e atitudes, pode, tendo colaboradores motivados e
capazes, atingir seus resultados projetados com maior garantia.
Ao referir-se à importância do desenvolvimento de um plano de cargos
e salários a ser aplicado na organização, Pontes (2011, p. 33) comenta que
“[...] a preocupação central da Administração de Cargos e Salários é a ma-
nutenção do equilíbrio interno e externo” da organização. Para o autor, o
equilíbrio interno “[...] é conseguido pela correta avaliação dos cargos, de
forma a manter uma hierarquia” (PONTES, 2011, p. 33). Ele comenta ainda
que os colaboradores costumam comparar as suas remunerações com as
responsabilidades e exigências de seus cargos, o que pode gerar insatisfa-
ções. Já o equilíbrio externo “[...] é conseguido com a adequação salarial
da organização diante do mercado de trabalho” (PONTES, 2011, p. 33).
Nesse caso, os colaboradores costumam comparar e julgar se aqueles que
ocupam cargos semelhantes aos seus em outras empresas têm remuneração
equivalente à sua. Caso os valores sejam muito discordantes, a organização
tem grandes chances de perder seus colaboradores para a concorrência.
Existem algumas teorias, como a Teoria dos Dois Fatores de Herzberg
(1966) e a Hierarquia das Necessidades de Maslow (1970), que procuram
apontar que o dinheiro (salário) não é propriamente motivacional, embora
sirva de forma direta para satisfazer às múltiplas necessidades dos colabo-
radores. Segundo Pontes (2011, p. 29), é importante lembrar que:
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Benefícios para os
Benefícios para as empresas
colaboradores
Possibilidade de a organização
se manter atualizada e
competitiva no mercado
Partindo dessa citação, você pode compreender que esses papéis orga-
nizacionais são desempenhados nos cargos que a organização possui e que
são estruturados para que esta possa atingir seus objetivos. Imagine se as
pessoas chegassem para trabalhar em uma empresa e não soubessem exata-
mente o que fazer. Como o trabalho seria realizado? Provavelmente, haveria
inúmeros problemas nos processos da organização, pois os colaboradores
ficariam sem saber como agir, ou ainda não teriam condições de atuar em
algumas das tarefas. Eles poderiam não possuir a formação desejada, as
competências essenciais, enfim, os atributos que os qualificariam para
exercer aqueles cargos.
Dessa forma, você pode perceber que um plano de cargos e salários, ao
ser implementado, vai proporcionar que se atinjam dois pontos essenciais:
uma contratação assertiva e a manutenção da satisfação dos colabora-
dores na organização.
Você pode considerar que uma contratação realizada de forma assertiva
é aquela na qual existem especificações claras e corretas dos cargos, das
exigências em termos de requisitos físicos, intelectuais e competências de-
sejadas. Dessa forma, o plano proporciona que seja recrutado e selecionado
no mercado de trabalho o perfil do colaborador com maiores chances de
desenvolver bem suas atividades naquele cargo. Logo, a análise realizada
sobre os cargos que a organização possui, a descrição desses cargos e as
pesquisas salariais aumentam muito as possibilidades de que o subsistema de
provisão de recursos humanos realize suas ações em busca de colaboradores
mais apropriados e preparados.
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Ainda que você concorde com o autor e entenda que a motivação é pes-
soal, deve saber que os gestores podem (e devem) estar sempre procurando
multiplicar ideias que afetem a motivação dos colaboradores. Por meio do
conhecimento de suas equipes de trabalho, os gestores podem mapear como as
pessoas reagem, o que as motiva, o que as estimula a trabalhar. Enfim, com a
devida percepção, os gestores de pessoas acabam conhecendo as características
pessoais de cada um e, assim, podem ter atitudes motivadoras.
Organizações que possuem planos de cargos e salários podem proporcio-
nar melhores ambientes de trabalho, bem como melhoria no clima organiza-
cional a partir dos ajustes dos colaboradores aos cargos mais apropriados,
reconhecendo e valorizando suas características pessoais e competências.
Considere as pessoas que ocupam os cargos para os quais apresentam todos
os requisitos, que conhecem o que precisam conhecer, têm as habilidades
necessárias e, dessa forma, produzem atitudes exemplares ao realizar cada
atividade diária. Esses colaboradores costumam estar satisfeitos e felizes
com a organização, atuando na melhoria do clima organizacional.
Da mesma forma, ao propor um salário considerado justo, igual ou superior
ao praticado no mercado, as organizações atuam diretamente na satisfação dos
colaboradores, o que poderá motivá-los. A percepção dos pré-requisitos para
a ascensão profissional e das futuras faixas salariais a serem conquistadas,
como estabelecido no plano de cargos e salários, também poderá motivar os
colaboradores. Claro que, conforme você viu anteriormente, nem todos são
motivados pelo dinheiro (salário), assim como nem todos possuem a mesma
ambição de ascender profissionalmente. Porém, via de regra, na sociedade
atual, o dinheiro é essencial para que as pessoas supram suas necessidades. E,
de uma perspectiva econômica, as necessidades das pessoas são ilimitadas,
ou seja, sempre haverá novos desejos a serem atendidos.
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Você pode obter mais informações sobre os assuntos que viu neste capítulo no artigo
“Administração de Cargos e Salários”, de Flavia Nunes Flores. O estudo parte de um
diagnóstico do atual plano de cargos e salários de uma empresa de consultoria contábil.
Assim, a partir da descrição de atividades, processos, conhecimentos e atitudes, foi
desenvolvida uma política de cargos e salários. Acesse o artigo no link a seguir.
https://goo.gl/SGufj3
Leituras recomendadas
BACHA, E. L. Hierarquia e remuneração gerencial. Estudos Econômicos, v. 4, n. 1, p.
143-175, 1974. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/ee/article/view/143311>.
Acesso em: 27 mar. 2018.
CHANLAT, J. Quais carreiras e para qual sociedade? (I). Revista de Administração de
Empresas, v. 35, n. 6, p. 67-75, 1995. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/
v35n6/a08v35n6.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2018.
EMPRESAS S/A. Entrevista plano de cargos e salários. YouTube, 26 maio 2012. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=SVXFSMnspIA>. Acesso em: 1 abr. 2018.
PEDRO, W. J. A. Gestão de pessoas nas organizações. Revista Brasileira Multidisciplinar,
v. 9, n. 2, p. 81-86, 2005. Disponível em: <http://revistarebram.com/index.php/revis-
tauniara/article/view/268>. Acesso em: 27 mar. 2018.