Alienação Parental - Cláudia Mara
Alienação Parental - Cláudia Mara
Alienação Parental - Cláudia Mara
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A ALIENAÇÃO PARENTAL
1 – Considerações Iniciais
1
Bacharel em Administração de Empresas e Direito pela Universidade FUMEC. Especialista
em Direito Processual Civil pela Universidade Gama Filho. Especialista em Educação a
Distância pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Mestranda em Direito Privado
pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Especialista em Direito Público –
Ciências Criminais. Tutora em EAD de direito do consumidor. Advogada.
2
Bacharel em Administração de Empresas e em Direito pela Universidade FUMEC.
Especialista em Docência no Ensino Superior pela Pontifícia Universidade Católica do Estado
de Minas Gerais. Especialista em Direito Material e Processual do Trabalho pelo CEAJUFE -
Centro de estudos da área jurídica federal. Mestrando em Direito Público pela Universidade
FUMEC. Advogado do Núcleo de Prática Jurídica da Universidade FUMEC.
Dessa forma, a SAP consistiria num processo de “programar a criança para que
odeie um dos genitores, sem justificativa, de modo que a própria criança ingressa na
trajetória de desmoralização desse mesmo genitor” (TRINDADE, 2008, p.102).
As estratégias utilizadas pelo alienador são muitas e variadas, mas a SAP possui
um denominador comum que se organiza em torno de avaliações prejudiciais, negativas,
desqualificadas e injuriosas em relação ao outro genitor.
Torna-se comum às crianças envolvidas na SAP temerem somente o genitor alvo
(alienado), ficando receosas de deixar o genitor programador (alienante) para ir a outros
locais, como a casa de amigos ou de parentes. Para Gardner, “o medo da criança com
SAP é centrado sobre o genitor alienado; já a criança com distúrbio de ansiedade de
separação tem medos focados na escola, mas que se espalham a muitas outras situações
e destinos” (GARDNER, 2009).
São quanto aos critérios informadores do processo alienatório admitidos por
Richard A. Gardner e citado por François Podevyn:
1. A obstrução do contato: o alienador busca a todo custo obstaculizar o contato do não-
guardião com o filho e para tanto se utiliza os mais variados meios tais como
interceptações de ligações e de cartas, críticas demasiadas, também tomam decisões
importantes da vida do filho sem consultar o outro genitor;
2. As denúncias falsas de abuso: é a mais grave das acusações que o guardião pode fazer
seria incutir na criança a idéia de que o outro genitor estaria abusando sexualmente ou
emocionalmente fazendo com que a criança tenha medo de encontrar com o não-
guardião;
3. A deterioração da relação após o divórcio: o rompimento da relação conjugal faz com
que o alienador projete nos filhos toda a frustração advinda da separação, persuadindo a
criança a se afastar do não guardião, com a alegação de que ele abandonou a família;
4. A reação de medo: a criança passa a ser protagonista do conflito dos pais e por medo
do guardião voltar-se contrai si a criança se apega a esse e afasta do outro.
A Lei da Alienação Parental, após longo trâmite, já que o projeto de lei 4053 era
datado de 2008, foi sancionada no dia 26 de agosto de 2010, sob o número 12.318 e
prevê medidas que vai desde o acompanhamento psicológico, até a aplicação de multa,
ou mesmo a perda da guarda da criança a pais que estiverem alienando os filhos. Esta
lei altera o artigo 236 da lei 8.069/90 e estabelece a seguinte definição para a alienação
parental:
Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
O genitor alienador, muitas vezes, não leva em conta que a todo momento, está
descumprindo com o dever constitucional e fundamental de assegurar o bem estar e
desenvolvimento psicológico, espiritual, físico e mental do menor.
Ressalta-se que a alienação não acomete somente o genitor alienado, mas
também os familiares de ambos os lados. Os parentes do alienador chegam a contribuir
na tarefa de afastamento, uma vez que acolhem os sentimentos do guardião e acreditam
que essa é a atitude mais certa e justa.
Em contrapartida, os familiares do genitor alienado também são afastados da
criança, em especial, os avós que são, normalmente, os entes mais próximos dos pais,
incorrendo também o alienador em desrespeito ao direito dos idosos à convivência
familiar, consoante o que determina o art. 3º da Lei 10.741/2003, o Estatuto do Idoso.
Por fim, termina-se o relacionamento entre casais, mas não se pode esquecer o
afeto em relação aos filhos e isso deveria imperar nas atitudes dos pais ao separarem
bem esta situação de rompimento.
A SAP não é uma situação irreversível, desde que tratada de forma eficaz e com
a intervenção de profissionais especializados no assunto, por meio da adoção conjunta
de medidas legais e terapêuticas.
Nos casos em que o estágio alienatório seja leve, o mais recomendável é a
mediação, meio extrajudicial de resolução de conflitos em que as partes buscam o
diálogo com instrumento eficaz para se chegar a um senso comum, no caso em tela,
como se chegar ao melhor interesse da criança.
Entretanto, flagrada a presença da SAP e o menor apresentando-se num quadro
clínico mais grave, é indispensável à intervenção judicial para que, além de tentar
reestruturar a relação do filho com o não-guardião, imponha ao genitor guardião a
responsabilização pelas atitudes de violência emocional contra o filho e contra o outro
genitor.
O artigo 6 da Lei 12.318/10, institui as providências que o juiz poderá tomar
após detectar a alienação parental:
Art. 6o Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta
que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação
autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo
da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de
instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a
gravidade do caso:
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;
III - estipular multa ao alienador;
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua
inversão;
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;
VII - declarar a suspensão da autoridade parental.
Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização
ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a
obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do
genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de convivência familiar
5 - Considerações Finais
<http://www.alienacaoparental.com.br/textos-sobre-sap-1/o-dsm-iv-tem-equivalente>.
Acesso em: 8 set. 2009.
MATOS, Ana Carla Harmatiuk. União entre pessoas do mesmo sexo: aspectos
jurídicos e sociais. Belo Horizonte: Del Rey, 2004.
SOUZA, Raquel Pacheco Ribeiro de. A tirania do guardião. In: Jus Navigandi,
Teresina, ano 10, n. 1191, 5 out. 2006. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8999>. Acesso em: 05 fev. 2008, às
17h30.
TRINDADE, Jorge. Síndrome de Alienação Parental (SAP). In: DIAS, Maria Berenice.
Incesto e Alienação Parental. São Paulo: RT, 2008, p. 102.