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PMMAArmacaodos Buzios

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Plano Municipal

de Conservação
e Recuperação
da Mata Atlântica

Armação
dos Búzios
GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Luiz Fernando de Souza, governador


Francisco Dornelles, vice-governador

SECRETARIA DE ESTADO DO AMBIENTE (SEA)

Antônio Ferreira da Hora, secretário interino


André Corrêa, secretário licenciado

SUBSECRETARIA DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS


E GESTÃO AMBIENTAL (SUBCLIM)

Rafael Ferreira, subsecretário

SUPERINTENDÊNCIA DE BIODIVERSIDADE E FLORESTAS (SUPBIO)

Fernando Matias, superintendente


Plano Municipal
de Conservação 2
e Recuperação
Região Lagos São João
e Rio das Ostras

da Mata Atlântica

Armação
dos Búzios
Rio de Janeiro, 2017

Organizadores:
Renata de Souza Lopes,
da Superintendência de Biodiversidade e Florestas (Supbio/SEA)
Janete Abrahão,
da Associação Estadual de Municípios do Rio de Janeiro (Aemerj)

Coordenação geral:
Superintendência de Biodiversidade e Florestas (Supbio)
Fernando Matias, superintendente

Associação Estadual de Municípios do Rio de Janeiro (Aemerj)


Anderson Zanon, presidente
Dilma Lira, secretária executiva

Instituto de Estudos da Religião (Iser)


Pedro Strozenberg, secretário executivo
Coordenadores do projeto: Instituições parceiras:
Renata de Souza Lopes, bióloga da Supbio/SEA Instituto Estadual do Ambiente (INEA)
Janete Abrahão, coordenadora de Meio Ambiente Fundação SOS Mata Atlântica
e Sustentabilidade da Aemerj Ministério do Meio Ambiente/GIZ – Projeto
de Biodiversidade e Mudanças Climáticas
Equipe técnica:
Parceiro regional:
Alba Simon, bióloga, coordenadora do Diagnóstico
de Conflitos Ambientais, pós-doutoranda em Conflitos ConsórcioIntermunicipalLagosSãoJoão(CILSJ)
Ambientais em Áreas Naturais Protegidas (PPGSD/UFF) Ricardo Senra, presidente
Denise Spiller Pena, sanitarista, especialista em Adriana Saad, secretária executiva
Planejamento Estratégico e Gestão Participativa e
Integrada de Bacias Hidrográficas (ênfase na Bacia
Lagos São João)
Gustavo Melo, com pós-doutorado em Tecnologias
em Apoio à Gestão de Recursos Naturais (Cirad)
Janete Abrahão, bióloga, pós-graduada em Meio
Ambiente (Coppe/UFRJ)
Juliana Vasconcellos Baptista, geógrafa,
mestre em Geografia, especialista em Geotecnologias
Aplicadas à Análise Ambiental e em Planejamento
Urbano
Julieta Matos Freschi, ecóloga, mestre em Política
e Gestão Ambiental (UnB). Atuante na área socioambiental
Mariana Oliveira do Prado, psicóloga
e mestranda em Psicossociologia de Comunidades
e Ecologia Social (Eicos/UFRJ)
Marina de Oliveira Mendonça, geógrafa (UFRJ),
mestre em Ciência Ambiental (USP), especialista em
Planejamento e Uso do Solo Urbano (IPPUR/UFRJ)
Pedro Guillon Ervilha, engenheiro florestal e
especialista em Análise e Avaliação Ambiental
Renata de Souza Lopes, bióloga,
pós-graduada em Gestão Ambiental
Rodrigo Tavares da Rocha, engenheiro florestal,
com MBA e especialização em Gestão e Controle
Ambientais
Vladimir da Franca Fernandes, geógrafo,
com MBA em Planejamento e Gestão Ambiental e
especialista em Geotecnologias Aplicadas
à Análise Ambiental
Município de Armação dos Búzios:
André Granado Nogueira da Gama, prefeito

Secretaria de Meio Ambiente e Pesca


de Armação dos Búzios:
Cássio Heleno Cunha Oliveira, secretário

Conselho Municipal
de Meio Ambiente – CMMA

Grupo Local da Mata Atlântica


de Armação dos Búzios:

André Costa Siqueira Leonardo Kotaki


Cleide Santos Leonardo Sandre Oliveira
Cristiano F. da Costa Luana Andrade
Dalila Silva Mello Luana Bastos de Oliveira
Daniel Lopes Marcina Oliveira
Denise Morand Marco Antônio da Costa
Estevão de Oliveira Marcos Vinicius Ribeiro
Eduardo Rodrigues Moreira Mônica Casarim F. Elsen
Felipe Simas Paolo Henrique Rego
Gabriel Saraiva Pacheco Raphael F. Mendes
Igor B. Gomes Ricardo Atte
Ivacy Maia Silva Roberto Campolina
Joni Amorin Rogéria C. Lopes de Castro
Júlia Lamounier Tulio V. S. Vicente
Karlane Tartaglia
Direitos desta edição da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA)
Av. Venezuela, 110 - 5º andar – Saúde
CEP 20081-312 – Rio de Janeiro – RJ

Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida,


desde que citada a fonte.
Disponível também em: www.pmmarj.org.br

Revisão:
Gabriel Demasi
Lilianny Keila da Silva

Fotos:
Roberto Todor

Projeto gráfico/diagramação:
Pérola Gonçalves
Ivan Bezerra

Projeto desenvolvido com recursos da Câmara de Compensação


Ambiental do Estado do Rio de Janeiro. Processo: E- 07/001.702/2013
  Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Inea

R585p Rio de Janeiro (Estado). Secretaria de Estado do Ambiente.


Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata
Atlântica de Armação dos Búzios / Secretaria de Estado do
Ambiente ; organizadores: Renata de Souza Lopes, Janete
Abrahão. – Rio de Janeiro, 2017.

156 p. : il. col. – (Planos da Mata Atlântica Região Lagos


São João e Rio das Ostras ; 2)

1. Mata Atlântica – Conservação – Armação dos Búzios


(RJ). 2. Mata Atlântica – Proteção – Armação dos Búzios (RJ).
3. Recuperação ecológica – Armação dos Búzios (RJ). I.
Lopes, Renata de Souza. II. Abrahão, Janete. III. Título. IV.
Série.

CDU 631.614(815.3)
Apresentação

A elaboração dos Planos Municipais de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica


no Estado do Rio de Janeiro – PMMA/RJ – parte de uma estratégia regional motivada pela
diretriz política e técnica da equipe gestora do PMMA/RJ de se estimular o olhar voltado para
os contextos regionais da Mata Atlântica, para além dos limites municipais, incorporando,
dentre outros aspectos, o conceito dos corredores ecológicos como orientador para a
elaboração das estratégias de conservação e recuperação do bioma.

A elaboração regionalizada dos PMMAs na região Lagos São João foi viabilizada através
de um arranjo interinstitucional entre a Superintendência de Biodiversidade e Florestas
da Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro (SEA) e a Associação Estadual de
Municípios do Rio de Janeiro (AEMERJ), firmado em 2012, tendo como base um projeto
anterior que havia elaborado Planos Municipais de Conservação e Recuperação na região
Noroeste fluminense, envolvendo um total de 14 municípios.

Neste contexto, o Instituto de Estudos da Religião (Iser) compôs o arranjo supracitado na


condição de instituição executora do projeto de elaboração dos PMMAs que contou ainda
com parceiros político-institucionais estratégicos como o Projeto de Proteção da Mata
Atlântica II (MMA/GIZ/KFW), a ONG SOS Mata Atlântica, a Anamma-RJ, e o Conselho de
Secretários Municipais de Meio Ambiente do Noroeste – Cosemma-NF –, que atuou como
correalizador, já que representa um organismo de articulação intermunicipal na região
Noroeste do Estado do Rio de Janeiro.

A experiência bem-sucedida de funcionamento do arranjo institucional estabelecido para


fins de elaboração dos PMMAs no Noroeste fluminense e o desejo de aprimoramento
das ferramentas metodológicas relacionados à sua elaboração impulsionaram a mesma
equipe técnica para o desenvolvimento de um novo projeto, visando à elaboração
regionalizada de um PMMA, desta vez tendo como área de atuação a região Lagos São
João e o município de Rio das Ostras – promovendo o PMMA Lagos São João e Rio das
Ostras –, tendo como correalizador regional o Consórcio Intermunicipal Lagos São João.
Institucionalidades para elaboração dos
PMMAs Lagos São João e Rio das Ostras

Função Instituições Atividades

Superintendência de Elaboração de todo o planejamento, definição de con-


Coordenação
Biodiversidade e ceitos norteadores, definição de perfis de consultorias
técnica e
Florestas/SEA e necessárias, articulação com a região e desenvolvimen-
política
Coordenação de Meio to das etapas de execução do projeto.
Ambiente e
Sustentabilidade
(AEMERJ)

Instituto de Estudos
Coordenação Coordenação e gestão administrativa e financeira do
da Religião (ISER)
administrativa projeto, operação da logística e participação em eventos
/financeira estratégicos na região.

Articulação dos Consórcio Comunicação com os municípios para sensibilização, mo-


municípios e Intermunicipal bilização e estímulo para realização dos PMMAs; contri-
outros atores Lagos São João buição na formação dos grupos locais da Mata Atlânti-
regionais (CILSJ) ca; compartilhamento de informações técnicas e base
de dados cartográfica existente e acompanhamento de
eventos como seminários e encontros regionais, além
de atuação no processo participativo através das ofici-
nas locais.

Contribuição nas articulações político-institucionais


Articulação SOS Mata Atlântica,
para fortalecer a estratégia integrada entre as esferas
com as MMA/GIZ e Anamma
nacional, estadual e municipal, e também mobilizar a
políticas
sociedade de forma ampla sobre o bioma, seu status de
nacionais
conservação e ameaça e sobre a sua importância para
as sociedades nele instaladas e as consequentes ações
para sua proteção.
A definição dos municípios contemplados pelo projeto de elaboração dos PMMAs
considerou a Região Hidrográfica Lagos São João e sua organização política através
do Consórcio Intermunicipal Lagos São João, compondo um universo de 11 muni-
cípios, ampliado com Rio das Ostras (por solicitação desta prefeitura), totalizando
12 municípios, conforme o quadro abaixo:

Araruama
Armação dos Búzios
Municípios Arraial do Cabo
Cabo Frio
abrangidos pelo Casimiro de Abreu
projeto PMMA Iguaba Grande
Maricá
Lagos São João Rio Bonito
e Rio das Ostras Rio das Ostras
São Pedro da Aldeia
Saquarema
Silva Jardim

No início da implementação do projeto, os municípios de Saquarema e Maricá não


se mobilizaram para a formação do Grupo Local da Mata Atlântica, manifestando
desinteresse em fazerem parte do processo. Assim, dos 12 municípios envolvidos
inicialmente no escopo do projeto, foram implementadas de forma efetiva todas as
etapas previstas para a elaboração dos PMMAs em um total de 10 municípios, onde
foram realizadas todas as atividades que compõem o escopo metodológico do pro-
jeto de elaboração do PMMA Lagos São João e Rio das Ostras entre março de 2014
e maio de 2016.
Sumário
1. Introdução ............................................................................................................................... 10

2. Metodologia .......................................................................................................................... 12

3. Localização e Caracterização da Região ......................................................30

4. Ameaça à Mata Atlântica ............................................................................................48

5. Unidades de Conservação ........................................................................................ 50

6. Caracterização do Município .................................................................................. 62

7.Mapeamentos produzidos.................................................................80

8. Áreas Prioritárias para Conservação e Recuperação ....................... 89

9. Estratégias para a Mata Atlântica na Região: Corredores Ecológicos ......109

10. Plano de Ação ................................................................................................................. 116

Anexo 1 - Relação dos Dados Cartográficos .................................................... 149

Anexo 2 - Ata de Aprovação...................................................................................................... 151

Referências Bibliográficas .................................................................................................... 153


1 Introdução

O município de Armação dos Búzios, com a elaboração deste PMMA passa a


integrar o conjunto de municípios inseridos neste bioma que avançam na cons-
trução de estratégias e políticas capazes de ampliar as suas oportunidades e po-
tencializar as ações de proteção da Mata Atlântica em seu território e na região
do Estado onde se insere.
Dessa forma, o município avança no cumprimento da Lei Federal nº 11.428/2006 –
Lei da Mata Atlântica – e no seu Decreto regulador nº 6.660/2008, ambos conquistas
sociais essenciais para proteção e gestão do bioma Mata Atlântica.
O PMMA de Armação dos Búzios é um instrumento de planejamento territorial mu-
nicipal que sistematiza oportunidades e desafios para um ordenamento dos usos da
Mata Atlântica local e suas interdependências regionais, contribuindo para a implan-
tação de estratégias de proteção, sustentabilidade e conservação dos fragmentos da
Mata Atlântica que resistem no território municipal.
A abordagem metodológica considerada para a elaboração do plano de Armação
dos Búzios teve como referência central a participação dos diversos segmentos so-
ciais com inserção no município e na sua região nas etapas de diagnóstico da Mata
Atlântica local e de planejamento das ações. A participação ativa dos atores sociais
locais teve como base a importância da elaboração de propostas de ação integra-
das à realidade local e com viabilidade para implementação por parte dos gestores
municipais em curto e médio prazo. Neste sentido o Conselho Municipal de Meio
Ambiente, que como preconiza a Lei da Mata Atlântica, é a instância que aprova o
PMMA e que certamente tem um papel relevante no acompanhamento de todo o
processo de implementação do PMMA em Armação dos Búzios e esteve envolvido
nas principais etapas metodológicas desenvolvidas para a sua elaboração.
A presente publicação sistematiza atividades e informações produzidas ao longo das
etapas de elaboração do PMMA de Armação dos Búzios. Desta forma, são descritos

10
os processos metodológicos participativos e apresentados os seus resultados que se
expressam em grande parte através do Mapa Falado da Mata Atlântica de Armação
dos Búzios. Além disso, são disponibilizadas diversas informações cartográficas pro-
duzidas a partir de mapas temáticos, definição de áreas prioritárias para conserva-
ção e para recuperação da Mata Atlântica e projeção de corredores ecológicos. Por
fim, apresenta-se um do Plano de Ação cujas propostas foram elaboradas com o en-
gajamento de todos os atores sociais envolvidos ao longo das oficinas participativas
realizadas no município. Para a elaboração do Plano de Ação foi considerado como
instrumento de referência o Mapa Falado da Mata Atlântica de Armação dos Búzios,
associando-se cada uma das ações a um local ou região identificada no Mapa Falado.
É importante frisar que para a implementação do PMMA de Armação dos Búzios
considera-se essencial a integração dos gestores municipais e a articulação entre
as diferentes políticas, programas e projetos da administração local. Nesse sentido,
este documento de planejamento carrega um enorme potencial e um enorme de-
safio, já que, para lograrem êxito, as estratégias de conservação e recuperação da
Mata Atlântica necessitam da interface, da integração da articulação e do compro-
metimento dos diversos setores da sociedade.
Esse é o convite que o PMMA de Armação dos Búzios faz aos gestores públicos de
forma geral, e especialmente aos gestores da área ambiental: que utilizem-no como
referência para o diálogo, planejamento e execução de políticas que busquem o en-
volvimento das instâncias de governança local, associando proteção do bioma, qua-
lidade de vida e práticas sustentáveis.

11
2 Metodologia

2.1 Etapas de elaboração do PMMA


Lagos São João e Rio das Ostras

–– Apresentação do projeto às prefeituras –– Preparação do processo participativo


e secretarias (Oficinas Locais)
–– Evento de lançamento do projeto –– Primeira Oficina local
–– Assinatura dos termos de –– Segunda Oficina local
compromisso da prefeitura com a –– Terceira Oficina local
realização do PMMA em Armação dos
Búzios –– Sistematização dos dados colhidos no
diagnóstico participativo e cruzamento
–– Diálogos com os(as) prefeitos(as) e com dados técnicos.
secretários(as) municipais de Meio
Ambiente –– Apresentação da sistematização
de minutas do PMMA e envio aos
–– Elaboração da identidade visual do municípios para discussão junto aos
projeto conselhos municipais e aprovação dos
–– Realização do Seminário de PMMAs.
Nivelamento de Gestores e –– Revisão, edição, diagramação e
Conselheiros publicação dos PMMAs Lagos São João
–– Elaboração dos mapas temáticos (APPs, e Rio das Ostras.
uso do solo, vertente, declividade) de –– Seminário de encerramento.
mapas de áreas prioritárias, projeções
de corredores ecológicos

12
Registro fotográfico do Seminário de Nivelamento

2.1.1 Reunião com secretá-


Mesa de abertura: rios(as) municipais de Meio
Mário Flávio Moreira
(Sec Exec do CILSJ); Ambiente
Mário Mantovani (Diretor
da ONG SOS Mata Atlântica);
A inserção de Armação dos Búzios ao projeto
Denise Rambaldi
(Então Superintendente dos Planos Municipais da Mata Atlântica
de Biodiversidade e Florestas da SEA); da região Lagos São João e Rio das Ostras
Maurício Madruga (Subsecretário ocorreu em reunião com gestores locais,
de Ambiente de Araruama)
e Janete Abrahão (Coord. de Meio
oportunidade em que também foi acordada
Ambiente da AEMERJ) a data do seminário de lançamento do
projeto na região – 27 de maio de 2014, dia
nacional da Mata Atlântica.

2.1.2 Seminário para nivela-


mento de gestores e conse-
Presentes no Seminário
de Nivelamento na Casa
lheiros municipais de Meio
de Cultura do município
de Araruama
Ambiente
O encontro de nivelamento de gestores
e conselheiros ambientais integra o con-
junto de ações correspondentes à etapa
metodológica de mobilização de atores
sociais para o projeto de forma geral e
para a consolidação dos Grupos Locais
Representantes dos da Mata Atlântica (GLMA) em cada um
municípios falando sobre
trabalhos realizados voltados
dos municípios envolvidos.
para a Mata Atlântica Neste sentido, o seminário foi articula-
do durante a atividade de diálogos com
Registro fotográfico da prefeitos e secretários e realizado em
reunião com secretários de
Meio Ambiente e CILSJ
27/08/2014, sediado pela Prefeitura de
Araruama.

13
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

2.1.3 Abordagem metodológica participativa:


realização de oficinas e a formação dos GLMA

A abordagem metodológica do projeto PMMA Lagos São João e Rio das Ostras tem como pro-
cesso participativo a realização de oficinas (denominadas Oficinas Locais) que possuem como
objetivo a geração de informação e produção de instrumentos orientadores para a elabora-
ção do diagnóstico e planejamento associado ao PMMA.
As oficinas participativas são conduzidas por um moderador que tem como responsabilidade,
dentre outras funções, favorecer a integração dos participantes buscando garantir oportuni-
dades equânimes de expressão dos envolvidos nas atividades propostas aos atores sociais.
A mobilização para a realização das oficinas participativas no âmbito do projeto PMMA Lagos
São João e Rio das Ostras teve como ponto de partida o Conselho Municipal de Meio Ambien-
te e, de forma complementar, atores sociais, que por mais que não estejam representados
oficialmente no conselho, são envolvidos diretamente com o tema da gestão ambiental mu-
nicipal, constituindo-se desta forma um colegiado denominado como Grupo Local da Mata
Atlântica de Armação dos Búzios, conforme detalhamento a seguir:

A formação dos Grupos Locais —— Mobilização de prefeitos e secretáriosde Meio Ambiente


da Mata Atlântica considera —— Mobilização dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente
—— Identificação de outros atores sociais no processo
quatro principais etapas —— Consolidação dos Grupos Locais da Mata Atlântica
metodológicas, sendo estas:

Mobilização de prefeitos e secretários de Meio Ambiente

Esta etapa envolve a realização de diálogos junto aos prefeitos e secretários municipais de
Meio Ambiente para a sensibilização dos mesmos em relação ao projeto e sobre a importân-
cia do engajamento institucional da prefeitura nas atividades desenvolvidas neste sentido.
Um aspecto importante na sensibilização dos prefeitos e secretários de Meio Ambiente está
relacionado à mobilização dos demais secretários municipais, por meio dos próprios secretá-
rios ou dos técnicos atuantes nas secretarias, para que estes integrem os processos participa-
tivos para a elaboração dos PMMAs.
Os secretários municipais de Meio Ambiente, por sua vez, são sensibilizados sobre a impor-
tância da mobilização das outras secretarias municipais estratégicas, para que estas atuem

14
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

nos processos participativos no âmbito do projeto, como é o caso das secretarias municipais
de Agricultura, Planejamento, Turismo, entre outras.
No caso específico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, um aspecto trabalhado foi a
definição de um técnico como interlocutor direto entre a prefeitura/secretaria de Meio Am-
biente e a equipe técnica de elaboração dos PMMAs.

Mobilização dos conselhos municipais de Meio Ambiente

A mobilização dos conselheiros é realizada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente.


Desta forma, reafirma-se no âmbito do projeto a importância do fortalecimento dos Con-
selhos Municipais de Meio Ambiente e seu papel central na elaboração e aprovação dos
PMMAs, e também no Sistema Municipal de Meio Ambiente.

Identificação de outros atores sociais no processo

Além dos representantes das instituições que compõem o Conselho Municipal de Meio Am-
biente, é avaliada por parte da equipe do projeto PMMA a importância da participação de
representantes de outras instituições diretamente ligadas à pauta ambiental local com ên-
fase em ações de conservação e recuperação da Mata Atlântica, indo-se além das represen-
tações formais já inseridas no Conselho Municipal de Meio Ambiente.
Dentre as institucionalidades sensibilizadas para as atividades de elaboração dos PMMAs
são consideradas, de forma preliminar, representantes de instituições como Inea, Emater,
Defesa Civil, ICMBio, universidades, Agendas 21, entre outras.

Consolidação dos Grupos Locais da Mata Atlântica

Após as reuniões com os prefeitos e secretários de Meio Ambiente, análise daformação do


Conselho Municipal de Meio Ambiente e mobilização de outros atores sociais, são definidos os
principais atores sociais para a composição do Grupo Local da Mata Atlântica (GLMA).
A mobilização dos atores sociais enfatiza que o Grupo Local da Mata Atlântica deve estar em
todas as atividades participativas do projeto PMMA Lagos São João e Rio das Ostras de forma
contínua.
O processo de mobilização considerou para a formação do GLMA cerca de 20 a 25 atores
sociais, visando permitir a condução das oficinas de forma estruturada em relação aos seus
aspectos metodológicos, e também deu ênfase à necessidade de continuidade dos represen-
tantes do GLMA em todo o processo participativo composto pelas três oficinas locais.

15
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Desafios para a mobilização dos GLMAs


—— Mudanças no quadro de lideranças locais e de técnicos que exerciam
o papel de interlocução com a equipe gerencial.
—— Mudanças na constituição do GLMA em cada uma das oficinas – a não
continuidade de participantes das oficinas implicou um trabalho de recorrente
resgate e revisão das ações, o que fez com que o tempo ficasse limitado para
se avançar no aprofundamento de informações durante os encontros.
—— Dificuldades político-institucionais vivenciadas pelo Consórcio
Intermunicipal Lagos São João, que perdeu equipe técnica e de gestão,
dificultando a sua atuação como mobilizador regional dos municípios.

A formação dos GLMAs e a realização das oficinas locais são consideradas processos inovado-
res em relação aos aspectos metodológicos na elaboração dos PMMAs. No caso das oficinas,
as metodologias desenvolvidas para serem aplicadas tiveram como orientação o estímulo dos
atores sociais locais para que estes pensassem o município tendo como referência inicial os di-
versos elementos da Mata Atlântica, em um exercício em que além de identificarem áreas im-
portantes para a conservação e recuperação do bioma fossem capazes de explicitar conflitos
abordados muitas vezes de forma limitada em outros instrumentos de planejamento local.
Em termos de inovação é importante considerar ainda a forma utilizada para se realizar o
cruzamento dos dados técnicos com as informações levantadas junto aos GLMAs, gerando-
-se desta forma um conteúdo técnico-participativo que serviu de base para a elaboração das
áreas prioritárias para a conservação e recuperação da Mata Atlântica, assim como para a
elaboração das propostas que compõem o Plano de Ação deste PMMA.

2.1.4 Elaboração do diagnóstico municipal da Mata Atlântica

2.1.4.1 Levantamento dos dados secundários

Considerando a multiplicidade de informações relacionadas ao uso da Mata Atlânti-


ca, foram definidas algumas fontes principais para o levantamento e sistematização
de dados secundários, sendo estas:

16
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Plano Diretor: instrumento da política urbana instituído pela Constitui-


ção Federal de 1988, que o define como “instrumento básico da política
de desenvolvimento e de expansão urbana”, regulamentado pela Lei
Federal n.º10.257/01, (conhecida como Estatuto da Cidade), pelo Códi-
go Florestal (Lei n.º4.771/65) e pela Lei de Parcelamento do Solo Urbano
(Lei n.º 6.766/79).
Plano da Bacia Hidrográfica Lagos São João: plano de natureza es-
tratégica e operacional que tem por finalidade fundamentar e orientar
a implementação da Política Estadual de Recursos Hídricos de forma
regionalizada, compatibilizando os aspectos quantitativos e qualitativos
do uso das águas, de modo a assegurar as metas e os usos neles pre-
vistos na área da bacia ou região hidrográfica considerada.
Lei Estadual de Mudanças Climáticas: legislação que estabelece
princípios, objetivos, diretrizes e instrumentos aplicáveis para prevenir
e mitigar os efeitos e adaptar o estado às mudanças climáticas, em be-
nefício das gerações atuais e futuras, bem como facilitar a implantação
de uma economia de baixo carbono no Estado do Rio de Janeiro. Tem
como instrumentos o Zoneamento Ecológico Econômico e o Inventário
Florestal Estadual, que são vertentes “verdes” da lei.
Outros planos regionais: planos de gestão de mosaicos de Unidades
de Conservação, nos casos pertinentes.
Dentre os principais instrumentos de gestão e planejamento públicos foram considerados
ainda, como fonte de dados:
CBLSJ 2005: Plano da Bacia Hidrográfica da Região dos Lagos e do Rio
São João; Comitê das Bacias Hidrográficas da Região dos Lagos e do rio
São João; Consórcio Intermunicipal para Gestão das Bacias Hidrográfi-
cas da Região dos Lagos, Rio São João e Zona Costeira.
CBLSJ 2014: Subsídios à elaboração do Plano Decenal e Planos Pluria-
nuais da Região Hidrográfica Lagos-São João. Documento técnico. Maio
de 2014. Autor: Paulo Bidegain.
MMA 2008: Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Bacia
do Rio São João/Mico-leão-dourado. Brasília.
PETROBRÁS, MMA, SEA-RJ: Agenda 21 COMPERJ. Agenda 21. Julho de
2011. Disponível em: www.agenda21riobonito.com.br

17
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

A organização das bases de dados geográficos e cartográficos utilizados se deu a partir daque-
les disponibilizados por órgãos oficiais, sendo estes:
• Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
• Secretaria Estadual do Ambiente (SEA);
• Instituto Estadual do Ambiente (Inea);
• Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos
do Rio de Janeiro (Ceperj);
• Ministério do Meio Ambiente (MMA);
• Prefeituras municipais.

Principais dificuldades —— Escalas não integradas entre as fontes


encontradas para —— Ausência de shapes disponíveis, em especial dos Planos Dire-
obtenção de dados tores e das Unidades de Conservação municipais.
secundários

2.1.5 Diagnóstico participativo da Mata Atlântica


O Mapa Falado se constitui como principal ferramenta utilizada nos PMMAs para a
obtenção de dados primários e envolvimento dos atores sociais locais nos proces-
sos de diagnóstico e planejamento de ações de recuperação e conservação da Mata
Atlântica municipal.
Assim, considerando a importância do papel proativo dos atores sociais locais no
processo de elaboração dos PMMAs Lagos São João e Rio das Ostras, os resultados
gerados ao longo das oficinas participativas de elaboração do Mapa Falado são in-
corporados de forma substancial no conteúdo dos PMMAs Lagos São João e Rio das
Ostras e são considerados como conteúdo fundamental para a definição das áreas
prioritárias para a conservação e recuperação, projeção de corredores ecológicos e
elaboração das propostas que compõem o plano de ação destes PMMAs.
Ao todo foram realizadas três oficinas participativas:

18
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Primeira Oficina Local Participativa

A primeira oficina participativa possui como


objetivo central a elaboração do diagnósti-
co participativo da Mata Atlântica municipal
através da elaboração de Mapas Falados.
Nesta etapa, portanto, é realizada uma
apresentação geral do Projeto dos PMMAs
Lagos São João e Rio das Ostras, seu con-
texto, sua estrutura e atividades associadas
para a sua implementação, e, na sequência,
é elaborado o Mapa Falado.
Para a construção do Mapa Falado foi ela-
borado um Mapa-Base em tamanho A0
com informações preliminares sobre o ter-
ritório municipal, sendo estas:

• Hidrografia (destacando as Microba-


cias Hidrográficas quando possível)
• Remanescentes florestais e ou-
tras áreas (mangues, dunas etc.)
• Estradas e vias, corpos hídricos e Mapas Falados produzidos pelo Grupo
1 e pelo Grupo 2 (respectivamente)
toponímia (nomes de serras, vias,
rios, distritos etc.)
• Delimitação de Unidades de Con-
servação (Municipais, Estaduais e
Federais)
• Informações sobre o Pacto da
Restauração da Mata Atlântica
• Também quando possível, a in-
serção de informações do Zone-
amento do Plano Diretor do Mu-
nicípio (arquivo shape) e do Plano
de Bacias Hidrográficas

19
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Registro fotográfico da Primeira Oficina Participativa,


que tem como principais produtos dois Mapas Falados (Grupo 1 e 2)

20
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

A metodologia de elaboração do Mapa Falado prevê a formação de dois subgrupos


que identificam as informações no Mapa Base para posterior integração das infor-
mações em um Mapa Falado consolidado, sendo estas:

• Identificação, referência geográfica e nomeação dos remanescentes florestais


e outras áreas de interesse para conservação como: mangues, dunas, lagunas,
brejos, demais áreas úmidas etc.
• Identificação de pontos para conservação e recuperação da Mata Atlântica com des-
crição sobre os problemas ambientais e conflitos associados aos pontos indicados.
• Identificação das principais formas de uso do solo e atividades econômicas
como: agricultura, piscicultura, silvicultura, mineração, atrativos turísticos, práti-
cas agroflorestais, vetores de expansão urbana, despejo de resíduos, pastagem,
voçorocas etc.
• Caracterização dos principais corpos hídricos. Identificação através de pontos no
mapa e qualificação quanto ao seu estado de conservação e/ou degradação.
• Identificação, através de pontos, de áreas onde ocorrem desastres naturais,
além de sua caracterização.

Segunda Oficina Local Participativa

A segunda oficina participativa possui como objetivo geral a elaboração de propostas de


ação de conservação e recuperação da Mata Atlântica, a partir das informações do diagnós-
tico produzido na primeira oficina. Dessa forma, é feita uma apresentação dos dados gera-
dos e consolidados pela equipe técnica do projeto a partir da primeira oficina e, de forma se-
quencial, é conduzida uma dinâmica participativa para a elaboração das propostas de ação.
Desta forma, é levada ao Grupo Local de Armação dos Búzios uma devolutiva dos dados
participativos de forma integrada com as informações produzidas pela equipe técnica do
projeto, consolidando-se um Mapa Falado da Mata Atlântica Local, que se constitui como
instrumento central de trabalho por parte do Grupo Local da Mata Atlântica para a elabora-
ção das propostas de ação, conforme ilustração abaixo (mapa em página inteira a seguir).

21
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Figura 2.1.5.1 Mapa Falado consolidado de Armação dos Búzios

Assim, tendo como base as informações técnicas e participativas expressas no Mapa Falado,
os atores sociais são estimulados a realizarem uma análise territorial integrada frente aos de-
safios de conservação e recuperação da Mata Atlântica para a elaboração de propostas neste
sentido para a construção de uma Matriz de Plano de Ação do PMMA.
Para orientar a formulação das propostas de ação são utilizadas Fichas de Caracteri-
zação de áreas territoriais municipais (figura 2.1.5.1), elaboradas a partir das carac-
terísticas da Mata Atlântica local identificadas de forma participativa no Mapa Falado
e complementadas com informações oriundas do levantamento de dados secundá-
rios, com ênfase naquelas inseridas no Plano Diretor da Cidade.

22
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

23
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Ficha 01

01 Conservação 01 Recuperação
Área com fragmento florestal próximo à
Área de loteamento Hípica de Búzios potencial
Praia Gorda e ao Mangue de Pedra.
para estratégia de formação de corredor.
02 Conservação 03 Recuperação
Área com fragmento florestal próximo à
Ponta do Pai Vitório, área de restinga com Área de restinga para recuperação na Praia Gorda.
reserva de Pau Brasil. Apresenta um levantamento florístico já realizado.

03 Conservação
Área com vegetação densa e brejo (INEFI).

Propostas de Ação
Programa de Criação, Implementação e Gestão de Unidades de Conservação
Realizar estudo para subsidiar proposta de criação de uma unidade de conservação com in-
dicativo para categoria de manejo Parque Natural Municipal na região do Mangue de Pedras,
considerando a inclusão dos fragmentos florestais C01, C02, C03, C04 (P13);
Realizar estudo para subsidiar proposta de criação de uma unidade de conservação na área marinha,
com indicativo para a categoria de manejo RESEX marinha, com o objetivo de promover a conservação
dos recursos pesqueiros e o fortalecimento dos pescadores artesanais (P8);
Elaborar o Plano de Manejo da APA Marinha de Búzios prevendo-se medidas de conser-
vação desta região (P8).

Programa de Conservação e Recuperação Ambiental


Elaborar e executar projeto de recuperação com o enriquecimento de espécies nativas visando pro-
mover a conexão entre os fragmentos florestais pontos C02 e C04 de conservação (P1);
Promover a sinalização, o isolamento e a retirada de espécies exóticas que ocorrem no en-
torno do Mangue de Pedra visando à recuperação da vegetação local (P1).

Gestão do PMMA
Apoiar as organizações da sociedade civil que desenvolvem atividades de educação am-
biental e mobilização social na região (P2);
Elaborar e implementar um projeto integrado de turismo ecológico e cultural envolvendo
os quilombolas e pescadores da Praia Rasa com ações de educação ambiental e mobilização
social, no âmbito do fortalecimento da proposta de criação da unidade de conservação no
Mangue de Pedra (P5).

24 Figura 2.1.5.2 Exemplo de uma Ficha de Caracterização


de áreas territoriais municipais de Armação dos Búzios
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

O processo de elaboração das propostas de ação no âmbito do GLMA de Armação


dos Búzios foi estruturado de forma que, preliminarmente, em pequenos grupos de
trabalho, os atores sociais pudessem estudar as informações disponíveis nas fichas
visando à construção conjunta de propostas consideradas importantes para a con-
servação e recuperação da Mata Atlântica, tendo como base o cenário apresenta-
do em cada ficha e sua área territorial correspondente. Na sequência, as propostas
foram escritas em tarjetas e apresentadas em plenária para a montagem de uma
Matriz de Plano de Ação.

Quadro síntese da atividade da Segunda Oficina Local

Formação Elaboração
do GT das Propostas

Tarjetas
Apresentação
no Painel

25
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Registro fotográfico da segunda Oficina Local de Armação dos Búzios

A segunda oficina participativa tem como principal produto uma Matriz preliminar
de ações para o PMMA de Armação dos Búzios.

Terceira Oficina Local Participativa

A terceira oficina participativa teve como objetivo apresentar os estudos realizados para a identifi-
cação das áreas a serem consideradas prioritárias para a implementação de propostas de conser-
vação e recuperação da Mata Atlântica no município e a validação e priorização das propostas ela-
boradas na segunda oficina, além da elaboração de novas propostas no sentido de complementar
as estratégias de ação.
Para a validação da Matriz de Plano de Ação estratégico de Armação dos Búzios, a equipe técnica
realizou estudos no sentido de identificar as ações referentes aos pontos de conservação e recu-
peração sobrepostos às áreas prioritárias e aos protocorredores (ambos mapeamentos técnicos
sobrepostos às informações participativas - que serão descritos em capítulos específicos neste do-
cumento).
Assim, foram consolidadas na terceira Oficina Local as ações cujo recorte territorial continha os
pontos de conservação e recuperação do Mapa Falado que se sobrepuseram aos polígonos das
áreas prioritárias e protocorredores regionais definidos para os PMMAs. Este cruzamento foi reali-
zado através do software ArcGis 10.2, utilizando-se da ferramenta Select by location, que possibilitou
a identificação dos pontos que interceptam os polígonos das áreas prioritárias e protocorredores
nos municípios. O esquema abaixo ilustra este processo metodológico:

26
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Figura 2.1.5.3 Processo de localização dos pontos sobrepostos às áreas prioritárias e aos protocorredores.

27
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Figura 2.1.5.4 Registro fotográfico da terceira Oficina Local de Armação dos Búzios

2.1.6 Aprovação do Plano Municipal da Mata Atlântica


Esta etapa do processo metodológico de elaboração do PMMA de Armação dos Bú-
zios consiste na aprovação do PMMA pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente e
inclui os passos descritos abaixo:

• Entrega de versões preliminares dos PMMAs aos secretários municipais de


Meio Ambiente e solicitação de providências para apresentação ao Conselho
Municipal de Meio Ambiente;
• Realização de reuniões extraordinárias do Conselho Municipais de Meio Am-
biente para apreciação do PMMA de Armação dos Búzios;
• Realização de reunião ordinária do Conselho para aprovação do PMMA de
Armação dos Búzios;
• Divulgação e publicação em Diário Oficial do instrumento de aprovação do PMMA:
ata e/ou resolução do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Armação dos Búzios.

A seguir, figura que ilustra o fluxo completo da metodologia de elaboração do Plano


Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios.

28
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Formação do Grupo 1ª Oficina Local


Local da Mata
Atlântica: GLMA Seminário
Consolidação do GMMA
Elaboração de Mapas Falados

• Definição do perfil
• Sensibilização
das prefeituras
Dados Técnicos

1. Elaboração - Macro
estratégias e Propostas
de Ação: Conservação
e Recuperação da MA

2. Construção - 2ª Oficina Local


Cenário atual e »» Aprovação
cenário futuro da do CMMA
Mata Atlântica »» Publicação
»» Implementação

Dados Técnicos

3. Consolidação -
Cenário atual e futuro
da Mata Atlântica Consolidação
dos PMMA

4. Detalhamento -
Descrição das propostas
3ª Oficina Local
PMMA
de ação, priorização
e cronograma de
implementação

Figura 2.1.6.1 Fluxograma metodológico completo do PMMA de Armação dos Búzios

29
3
Localização
e Caracterização
da Região

Figura 3.1.1 Mapa de localização da região de incidência do PMMA


Lagos São João e Rio das Ostras, e do município de Armação dos Búzios

30
3.1 Caracterização da Região
Lagos São João
A Região Lagos São João foi identificada como área estratégica para a implementa-
ção do projeto de elaboração dos PMMAs tendo como base a articulação político-ins-
titucional existente (SEA / Aemerj / Iser e CILSJ) e a importância de se desenvolver,
por parte da equipe técnica e dos atores sociais envolvidos, um olhar regional sobre
o bioma, buscando-se, desta forma, uma interpretação ecossistêmica dos territó-
rios municipais, o que pode estar associado futuramente a uma maior eficácia em
termos de recuperação e conservação da Mata Atlântica diante de cenários de alto
índice de fragmentação florestal.

Área
da Unidade POPULAÇÃO RESIDENTE
Municípios
Territorial
(km²) 1970 1980 1991 2000 2010
Araruama 638,02 40.031 49.822 59.024 82.803 112.008

Armação dos Búzios 70,28 4.108 5.354 8.604 18.204 27.560

Arraial do Cabo 160,29 10.974 15.362 19.866 23.877 27.715

Cabo Frio 410,42 29.297 50.239 76.311 126.828 186.227

Casimiro de Abreu 460,77 10.132 11.936 15.650 22.152 35.347

Iguaba Grande 51,95 4.153 4.131 8.074 15.089 22.851

Maricá 362,57 23.664 32.618 46.545 76.737 127.461

Rio Bonito 456,46 34.434 40.036 45.161 49.691 55.551

Rio das Ostras 229,04 6.667 10.235 18.195 36.419 105.676

São Pedro da Aldeia 332,79 23.568 33.371 42.400 63.227 87.875

Saquarema 353,57 24.378 28.194 37.888 52.461 74.234

Silva Jardim 937,55 17.190 16.832 18.141 21.265 21.349

TOTAL 4.463,71 228.596 298.130 395.859 588.753 883.854

Fonte: Fundação Ceperj – Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro – 2013


(Estado do Rio de Janeiro, 2012; Fonte primária de dados: IBGE, Censos Demográficos)

31
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

3.2 Dados populacionais


da região de abrangência do projeto
Os doze municípios da região de atuação do PMMA Lagos São João e Rio das Ostras
somam 4.463,71 km² (aproximadamente 10% da área estadual), e reúnem um total
de 883.854 habitantes (aproximadamente 5,5% da população estadual), sendo que
89,3% deste contingente encontra-se nas áreas urbanas municipais (IBGE, 2010).
Dentre os doze municípios, Cabo Frio é o terceiro município mais antigo do Estado,
tendo sido criado depois do município do Rio de Janeiro e de Angra dos Reis. As-
sim, historicamente o território atual dos outros onze municípios pertencia basica-
mente ao território original de Cabo Frio, que foi sendo desmembrado em outras
municipalidades ao longo do tempo. A maioria deles foi criada ainda no século XIX,
à exceção de Arraial do Cabo, Rio das Ostras e Armação dos Búzios, que se eman-
ciparam mais recentemente, em 1985, 1992 e 1995, respectivamente.
De forma geral, os ciclos de crescimento na região foram bastante desiguais. Segun-
do Bergallo (2009, p. 42/43), a exemplo da Região Turística dos Lagos Fluminenses,
formada por nove dos doze municípios envolvidos nesse projeto, entre 1940 e 1970
a população residente nesta região aumentou em cerca de 100.000 habitantes, e,
entre 1970 e 2000 registra-se um aumento três vezes maior. A partir de 1991, foi
considerada uma das regiões mais dinamizadas do interior do Estado do Rio de Ja-
neiro, com crescimento demográfico superior ao do próprio estado.
Tendo como meta a elaboração de estratégias e ações para a conservação da biodi-
versidade no Estado do Rio de Janeiro, o Instituto Biomas (2009) considerou a delimi-
tação de um recorte que fosse útil ao estudo para se pensar a preservação de ecos-
sistemas levando-se em conta as formas de ocupação do território e a distribuição
espacial da população e das suas atividades econômicas, assim como as tendências
de mudança, pautando-se por uma divisão regional que agregasse municípios que
partilham de um conjunto similar de características territoriais, econômicas, sociais
e ambientais. Com base nesta referência, o recorte territorial do projeto PMMA La-
gos São João e Rio das Ostras é bem próximo ao da Região Turística dos Lagos Flumi-
nenses, que inclui nove municípios (Araruama, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo,
Cabo Frio, Iguaba Grande, Maricá, São Pedro da Aldeia, Silva Jardim e Saquarema).
No caso de Casimiro de Abreu e Rio das Ostras, estes pertencem à Região de Petró-
leo e Gás; já Rio Bonito está incluída na Região Urbano-Industrial.

32
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

3.3 Caracterização ambiental


da região da Bacia Lagos São João

De acordo com Bergallo, a Região Turística dos Lagos Fluminenses caracteriza-se por colinas,
maciços costeiros e baixadas. Nestas últimas, observam-se formações diversas tais como pla-
nícies aluviais, em muitos trechos “embrejadas”, e planícies costeiras, compostas de praias,
dunas e restingas, cujos cordões represaram parte das águas do mar, originando inúmeras
lagunas, como as de Maricá, Saquarema e Araruama, que são as de maior extensão dentre
todas. A marcante presença dessas lagunas responde pela denominação corrente de Região
dos Lagos, dada aos municípios que as contêm. A cobertura vegetal original do território des-
sa região era constituída principalmente por Mata Atlântica e por formações típicas das áreas
aluviais (vegetação herbácea) e das praias, dunas e restingas (vegetação arbórea e herbácea).
Atualmente, os remanescentes da Mata Atlântica encontram-se distribuídos em expressivos
fragmentos florestais, manchas significativas de vegetação secundária em estágio de sucessão
avançado, nas colinas e nos maciços costeiros, especialmente nos municípios de Maricá, Saqua-
rema e Silva Jardim. A vegetação de restinga vem sendo profundamente alterada e, em muitos
casos, suprimida em decorrência da intensa ocupação urbana que se processa há três décadas.

3.4 Uso e ocupação do território e cobertura vegetal


Com base em um breve resgate histórico, por volta do ano 1500 as florestas cobriam de
60 a 70% desta região, sendo o restante ocupado pelos campos naturais temporariamen-
te inundados e brejos por sobre planície aluvial alagada, seguido de restingas e savanas
estépicas. A partir da chegada dos colonizadores europeus, as florestas foram sendo der-
rubadas para a extração de madeira e para possibilitar o cultivo de cana de açúcar, café,
laranja e, nos ciclos econômicos mais recentes, para dar lugar à pecuária e a expansão das
áreas urbanas. De acordo com o CILSJ, estima-se que entre 50 a 70 % das terras da região
tenham se transformado em pastos, cidades e plantações (CBLSJ. 2005, p. 28).
As florestas próximas ao mar eram ricas em pau-brasil (Caesalpinia echinata), que foi inten-
samente explorado até sua quase exaustão, restando apenas duas pequenas manchas,
sendo uma na Serra das Emerências, com cerca de 300 árvores, e outra no Parque Muni-
cipal da Boca da Barra, junto à foz do canal de Itajuru. Com apenas 38 hectares, ele abriga
uma população de cerca de 100 árvores de pau-brasil.

33
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

A região se destaca pela presença de grandes maciços florestais remanescentes da


Mata Atlântica na porção serrana, e importantes fragmentos de restinga na região
costeira, e por estas características abriga milhares de espécies da flora e fauna.
Dados do Ministério do Meio Ambiente (PROBIO, 2009) atestam que a bacia Lagos São
João abriga também um dos mais altos índices de endemismos de peixes de água doce
e de aves endêmicas e ameaçadas, sendo considerada área prioritária para a conserva-
ção (Área Prioritária para Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios
da Biodiversidade Brasileira – MMA, 2003), estando seus municípios inseridos na área de
abrangência da zona costeira e marinha.
A fragmentação da Mata Atlântica ao longo dos anos na região contribuiu para a perda de
significativas áreas de floresta, com importância para a conservação dos recursos hídricos
da bacia hidrográfica Lagos São João. Entretanto, quanto mais próximo da região costeira,
maior a fragmentação da paisagem, sendo estas áreas de baixada ocupadas pelas ativi-
dades agropecuárias mais ao interior e por áreas urbanizadas nas proximidades do litoral
(MMA, 2008).
A manutenção do maciço florestal da região serrana e o estabelecimento da conectivida-
de entre este e os fragmentos existentes na baixada e na região litorânea é fundamental
para a conservação não apenas dos recursos naturais, mas, principalmente, dos ecossis-
temas aquáticos. Porém, a conservação e a conectividade dos fragmentos florestais vêm
sendo prejudicadas pela ocupação irregular das margens dos rios e lagoas, pela supres-
são da mata ciliar em grande parte dos cursos d’água da bacia, causada principalmente
pela expansão urbana, da agropecuária/pastagem e na zona costeira pela especulação
imobiliária (MMA, 2008).
A partir da década de 1970, a região experimentou um intenso crescimento populacio-
nal, impulsionado principalmente pelo turismo, em especial na zona costeira. A ocupação
de áreas marginais dos corpos hídricos e de áreas de preservação ocorreu com planeja-
mentos limitados ou de modo irregular, sem o preparo adequado das redes de água e
esgoto, o que acabou gerando impactos negativos com relação à qualidade ambiental, e
principalmente sobre a qualidade das águas das lagoas e de seus rios, com significativa
degradação ambiental (LIMA GREEN, 2008).
A precariedade dos serviços de saneamento nos municípios da baixada litorânea, soma-
da a um alto crescimento populacional e ocupação do território de forma desordenada,
ocasionou uma grande degradação dos recursos naturais, e principalmente das águas. A
contaminação e a consequente perda da qualidade dos corpos d’água gerou não apenas
consequências ambientais, mas também sociais e econômicas graves. A sinergia desses

34
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

impactos alterou o cenário da região, sendo o principal símbolo deste passivo ambiental
a Lagoa de Araruama.
Não diferente da bacia da Lagoa de Araruama, a bacia do Rio São João tem um histórico de
carência de serviços de abastecimento de água e principalmente de saneamento. Grande
parte dos rios da bacia está degradada, principalmente aqueles que atravessam os nú-
cleos urbanos, onde além das obras de canalização, retificação e concretagem, recebem
uma alta carga de efluentes domésticos sem tratamento prévio, e em alguns casos são o
destino final de resíduos sólidos.
Após um longo período de problemas ambientais, em 1998 os serviços de suprimento
de água e de esgoto passaram a ser operados por duas empresas privadas, a Águas de
Juturnaíba (atua em Araruama, Saquarema, Silva Jardim) e a Prolagos (Iguaba Grande,
Cabo Frio, São Pedro da Aldeia, Arraial do Cabo e Armação dos Búzios), pela CEDAE
(que opera em Barra de São João – Distrito de Casimiro de Abreu, Rio Bonito, Cacho-
eira de Macacu e Rio das Ostras) e pelo Serviço Autônomo de Águas e Esgoto SAAE –
atual Águas de Casimiro (que opera Casimiro de Abreu).
A priorização dos serviços de abastecimento de água e o aumento da malha de distri-
buição e atendimento ocasionaram a geração de mais efluentes, e consequentemente
a transposição de um maior volume de águas servidas para as lagoas costeiras. Como
medida emergencial, para controle da poluição e contaminação dos corpos d’água,
foram implantados sistemas de coleta de esgoto em tempo seco, além da construção
de estações de tratamento de efluentes. Esses sistemas consistem no barramento
(através de comportas) dos rios contribuintes, coleta de esgoto à montante destas
estruturas, e transporte destes efluentes para as estações de tratamento. A adoção
desta medida possibilitou a recuperação ambiental da Lagoa de Araruama, por exem-
plo. Contudo, ainda não representa o ideal, por utilizar o leito dos rios como corpo
receptor de efluentes, sendo a coleta e o tratamento de esgoto ainda um desafio para
os gestores da região.
Esses sistemas, como o próprio nome já faz referência, são adequados para regiões que apre-
sentam baixos índices pluviométricos, como é o caso da Região dos Lagos, cujo clima pode ser,
em alguns locais, comparado ao de semiárido. Em eventos de chuva, as comportas são aber-
tas, liberando o fluxo para as lagoas e demais corpos de água. Desta forma, ocorre um aporte
de água doce, somado à matéria orgânica acumulada no leito dos rios, o que na Lagoa de
Araruama, por exemplo, ocasiona em muitos casos a mortandade de peixes, além de outros
impactos ambientais. Os eventos de chuvas intensas são cada vez mais frequentes na região,
e como vem sendo observado e registrado, “trazem a urgência de novas medidas de controle
ambiental”. (Ribeiro 2012, p. 51 a 53)

35
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Principais usos e cobertura do solo na região dos PMMA LSJ e Rio das Ostras

Uso / Cobertura do Solo Conceito

Área Agrícola (AA) Terra utilizada para a produção de alimento

Área Inundável (AI) Terrenos que margeiam rios e sujeitos a inundação no período de cheia

Área com alta declividade ou topo de morro e vegetação composta de


Afloramento Rochoso (AR)
gramíneas, bromélias e pteridófitas

Compreendem áreas de uso intensivo, estruturadas por edificações e


Área urbana (AU)
sistema viário
Vegetação típica dos ambientes montano e alto montano, com estrutu-
Campos de Altitude (CA) ra arbustiva e ou herbácea que ocorre no cume de serra com altitudes
elevadas
Áreas destinadas ao pastoreio do gado, formadas mediante plantio de
Campo/Pastagem (CP) forragens perenes. Nestas áreas o solo está coberto por vegetação de
gramíneas ou leguminosas
Estrutura florestal com perda das folhas dos estratos superiores duran-
Floresta Estacional (FE)
te a estação desfavorável – seca e frio

Floresta que ocorre em ambientes sombreados onde a umidade é alta e


Floresta Ombrófila (FO)
constante ao longo do ano (Resolução CONAMA 012/94)

Ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e mari-


Mangue (M)
nho, característico de regiões tropicais e subtropicais;

Praia (P) Faixa de areia na orla marítima

Conjunto das comunidades vegetais, fisionomicamente distintas, sob


Restinga (R)
influência marinha e fluvio-marinha

Reflorestamento (RF) Plantio de espécies florestais nativas e exóticas

Rios, Lagos (RL) Curso de águas naturais

Salinas (S) Área destinada a produção de sal

Solo Exposto (SE) Solo degradado, não possui a camada orgânica

Vegetação secundária com predomínio de espécies pioneiras, área pró-


Vegetação em recuperação (VR)
xima a fragmentos florestais

Vegetação de várzea (VV) Vegetação localizada nas planícies de inundação

Fonte: CILSJ, 2007

36
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Sobre o uso do solo, de acordo com os dados produzidos em escala 1:100.000 para
todo o Estado do Rio de Janeiro pela Fundação CIDE em 1998 (GEROE-98), ocorrem
os seguintes usos do solo na Região Lagos São João:

Uso/Cobertura Solo Legenda Hectares Uso/Cobertura Solo Legenda Hectares

Área Agrícola AA 32179 Mangue M 272

Área Inundável AI 6064 Praia P 595

Afloramento Rochoso AR 126 Restinga R 13968

Área Urbana AU 29957 Reflorestamento RF 1499

Campos de Altitude CA 45 Rios, Lagos etc RL 29419

Campo para Pastagem CP 166295 Salinas S 2768

Floresta Estacional FE 620 Solo Exposto SE 3275


Vegetação
Floresta Ombrófila FO 57798 VR 28478
em Recuperação

3.5 Fisionomia vegetal da região


A vegetação da Região Lagos São João constitui-se por um conjunto de diferentes frag-
mentos, refletindo a inclinação e a orientação das encostas, a profundidade do solo e
mesmo o tempo decorrido desde a última perturbação (corte, fogo etc.). Há ainda tipos
rasteiros de vegetação, que aparecem em tufos sobre as escarpas, assim como restingas
e mangues (CBLSJ 2005, p. 27 a 29).
A cobertura vegetal nativa atual da região compreende (CBLSJ 2005, p. 28):

• Pequena área de campo de altitude nas cercanias da Pedra do Faraó, que fica no
divisor dos municípios de Nova Friburgo, Silva Jardim e Cachoeiras de Macacu.
• Manchas de variados tamanhos de florestas do bioma da Mata Atlântica, princi-
palmente nas montanhas e serras de Silva Jardim, Rio Bonito, Casimiro de Abreu e
Saquarema. Há remanescentes de matas com pau-brasil em Armação dos Búzios e
Cabo Frio. Lá também se encontra a mata aluvial em melhor estado de conservação
no Estado do Rio de Janeiro (matas do baixo São João).
• Vegetação de restinga, em especial nos arredores de Jaconé, na restinga de Mas-
sambaba e de Cabo Frio e em Itapebussus, em Rio das Ostras. A vege-
tação de restingas e dunas varia de herbáceas e rasteiras na beira da

37
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

praia até florestais nos cordões arenosos mais antigos, incluindo a típica formação
arbustiva aberta das dunas de Massambaba, Dama Branca (Arraial do Cabo) e Peró.
Os dois remanescentes de mata de restinga (não inundada ou seca) mais bem preser-
vados na região são encontrados em Jacarepiá, na extremidade oeste da restinga de
Massambaba e na Estação de Rádio da Marinha, em propriedade da Base Aeronaval
de São Pedro da Aldeia (Plano de Bacias). A flora da restinga da região de Búzios/Cabo
Frio é mais rica em espécies que as demais no Estado, contendo 26 das 32 espécies
endêmicas conhecidas para as restingas do Rio (Lacerda, Araújo e Maciel 1993).
• Um tipo peculiar chamado de “savana estépica”, ocorre nos morros costeiros de São
Pedro de Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo e Armação dos Búzios. A característica prin-
cipal desta “savana estépica” é a grande quantidade de cactos que atingem até 4 metros
de altura; caracteriza-se por mata baixa (3m de altura, em média) nas vertentes mais
expostas ao spray marinho e aos ventos, composta de árvores com copas adensadas e
troncos finos. Este tipo de vegetação, tecnicamente chamada de “Estepe Arbórea Aber-
ta”, é exclusiva da região dos Lagos São João. Em locais mais protegidos do vento, em
grotões úmidos ou nas serras mais afastadas do mar, como por exemplo na Serra de
Sapiatiba e das Emerências, a vegetação assume um porte mais robusto. Uma espécie
marcante destes morros litorâneos é o cacto endêmico, Pilosocereus ulei, encontrada
somente na região de Cabo Frio, ao lado do pau-brasil, Caesalpinia echinata.
• Manguezais, na foz dos rios São João e das Ostras e ainda em alguns trechos das mar-
gens das lagoas de Araruama e Saquarema.
• Brejos espalhados por toda a região, em especial nas baixadas, bastante reduzidos.
Dados do CILSJ estimam a presença de mais de setecentas espécies de árvores e arbustos
nativos e mais de 3.000 espécies de outras plantas, como palmeiras, cipós, trepadeiras, bro-
mélias, cactos, orquídeas e ervas, além de espécies de algas, liquens, musgos e samambaias.
Segundo Araújo, disponível em http://www.reservataua.com.br/vegetacao_flora_cabo_frio.
htm a região de Cabo Frio é muito especial no contexto do Sudeste brasileiro, tanto em
termos de clima quanto de vegetação e flora, razão pela qual foi escolhida pelo WWF/IUCN
como um dos 12 Centros de Diversidade Vegetal do Brasil (ARAÚJO, 1997). É a região do lito-
ral fluminense onde chove menos anualmente (ca. 900mm), em parte, devido ao fenômeno
da ressurgência.
Este Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio engloba principalmente vegetação de res-
tinga, da mata atlântica e do tipo arbóreo-baixo que recobre os maciços litorâneos com-
preendidos entre Arraial do Cabo e Armação dos Búzios, bem como mangues e ambientes
inundáveis (brejos e margens de lagoas).

38
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

3.6 Remanescentes de vegetação nativa

Dados da Fundação SOS Mata Atlântica e do INPE (in BERGALLO et al 2009, p. 23) atestam
que, no Brasil, o Rio de Janeiro é o estado federativo que preserva a maior porcentagem
(20,33%) de remanescentes florestais do bioma Mata Atlântica, em uma área aproximada
de 900.000 hectares, destacando-se como território estratégico para a conservação, consi-
derando-se sua elevada biodiversidade e os endemismos de diversos grupos animais e ve-
getais (ROCHA et al. 2003; JENKINS; PIMM 2006 in BERGALLO et al, 2009, p. 23) com diversas
áreas consideradas como de “extrema importância biológica” (BRASIL, 2000, in BERGALLO
et al 2009, p. 23).
A cobertura vegetal original da região em foco é constituída principalmente por Mata Atlântica
e por formações típicas das áreas aluviais (vegetação herbácea), e das praias, dunas e restin-
gas (vegetação arbórea e herbácea). Hoje, pouco resta da Mata Atlântica, mas ainda é possível
encontrar expressivos fragmentos florestais, bem como manchas significativas de vegetação
secundária em estágio avançado de sucessão, nas colinas e nos maciços costeiros, especial-
mente nos municípios de Maricá, Saquarema e Silva Jardim (BERGALLO et al, 2009, p. 36).
O estudo desenvolvido pelo Instituto Biomas (2009), identifica os estoques de áreas a serem
conservadas em função da proporção de remanescentes, vegetação secundária e corpos
de água em cada município. Os municípios foram agrupados em três categorias de estoque
(até 20%, mais de 20% até 50% e mais de 50%) e tais estoques foram divididos em dois ní-
veis, para a construção de cenários de pressão: alto – o estoque perfaz mais de 50% da área
do município; baixo – o estoque perfaz até 50% da área do município.
Nesse sentido identifica-se que a Região Turística dos Lagos Fluminenses basicamente apre-
senta índices de 20 a 50 % de áreas passiveis a preservar e conservar, o que é considerado
um estoque baixo, crítico até no sentido da iminência de um possível colapso dos últimos
fragmentos existentes. Assim, de acordo com o estudo, os estoques florestais dos municí-
pios em foco estariam em situação de muito alta ou alta vulnerabilidade.
Embora os dados sejam preocupantes, o Estado do Rio de Janeiro, em comparação aos es-
tados de São Paulo, Alagoas, e Espírito Santo, aparece como destaque positivo deste estudo,
com redução de desmatamento de 72%. De acordo com a SOS Mata Atlântica, a preocupação
neste caso, sobretudo, no Rio de Janeiro e em São Paulo é com o que se denomina “efeito
formiga”, que é representado não pelos desmatamentos de grandes proporções, mas pelas
supressões de vegetação para a expansão de moradias e infraestrutura, sendo que os efeitos
destas ações não são identificados no levantamento da SOS Mata Atlântica em função de es-
tes ocorrerem em áreas inferiores a três hectares.

39
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Os estudos mais atualizados da Fundação SOS Mata Atlântica (2014), apresentam o


percentual de vegetação nativa por município.

Porcentagem de Mata Atlântica em municípios abrangidos pela floresta (Lei da Mata


Atlântica), ano-base 2014¹

%
Área Área % Veg. de Veg.
Municípios Mata Restinga Mangue de Veg.
municipal da Lei Lei Várzea Natural
Natural

Araruama 63.405 63.405 100% 1,744 288 352 2.384 4%

Armação
7.093 7.093 100% 413 1.134 1.547 22%
dos Búzios
Arraial
15.396 15.396 100% 163 811 974 6%
do Cabo

Cabo Frio 40.275 40.275 100% 1.162 1.660 83 293 3.198 8%

Casimiro
46.226 46.226 100% 14.059 51 90 14.200 31%
de Abreu
Iguaba
5.162 5.162 100% 51 47 98 2%
Grande

Maricá 36.365 36.365 100% 7.637 369 8.006 22%

Rio Bonito 46.154 46.154 100% 6.877 6.877 15%

Rio
23.141 23.141 100% 3.172 105 74 32 3.382 15%
das Ostras
São Pedro
34.154 34.154 100% 778 1.154 221 2.153 6%
da Aldeia

Saquarema 35.612 35.612 100% 4.653 302 907 5.862 16%

Silva Jardim 93.846 93.846 100% 31.517 253 31.769 34%

¹ Os procedimentos metodológicos adotados na extração de informações dessas imagens foram exatamente os mesmos
que vinham sendo adotados anteriormente de forma a garantir a comparação entre os resultados e sua consistência. Desta
forma, a publicação indica que os dados foram gerados com a sobreposição dos limites municipais gerados pelo Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE, 2007), em escala 1:2.500.000 com limites da Mata Atlântica de acordo com o Mapa de
Aplicação da Lei 11.428/06 do IBGE 1:5.000.000. Todos os valores de áreas são calculados com base nos mapas em projeção
POLYCONICA, DATUM SAD69 e meridiano central -45. Não são utilizados os valores oficiais de área dos municípios para melhor
compatibilização com as áreas calculadas pelo mapeamento realizado no Atlas da Mata Atlântica.

40
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Considerando a área dos municípios envolvidos no PMMA Lagos São João e Rio das
Ostras, tem-se aproximadamente 446.829 hectares. Da mesa forma, considerando
o total de vegetação natural tem-se aproximadamente 80.450 hectares. Assim, apli-
cando-se uma regra de três simples, o percentual de vegetação natural da região é
de aproximadamente 18%. Conforme apresentado abaixo:

446.829 – 100%
x% = 8.045,000/446.829 x = 18,00%
80.450 – x%

3.7 Relevo
O relevo na região hidrográfica Lagos São João apresenta duas sub-regiões dis-
tintas, conforme descrito por Perrin (1999 apud PEREIRA, 2004): uma que cor-
responde a uma antiga superfície de erosão baixa e ondulada, que incorpora
principalmente a laguna hipersalina de Araruama e sua bacia de drenagem com
poucos tributários, e outra que corresponde a um pequeno maciço montanhoso
íngreme, localizado entre a costa e a Serra do Mar. Essas duas sub-regiões dis-
tinguem a bacia principalmente pela altitude, que varia de áreas com mais de
1.000 m de altura, na porção serrana, a áreas abaixo do nível do mar, na zona
costeira (RIBEIRO, 2012, p.47).
Apesar de pequena, a região surpreende por exibir uma paisagem extraordinaria-
mente diversificada de serras, planaltos, colinas, baixadas e restingas:

• SERRA DO MAR: delimita a área ao Norte, apresentando montanhas cujas


altitudes alcançam de 500 a mais de 1.000 metros, sendo estes valores ul-
trapassados nas serras de Santana, São João, Taquaruçu e Boa Vista, onde
as altitudes se elevam a mais de 1.400 metros. Nela está o ponto culminan-
te, a Pedra do Faraó, com 1.719 metros.

41
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

• PLANALTO: desenvolve-se na região entre o rio São João e os rios Bacaxá e Capivari, apre-
sentando altitudes mínimas de 100m, que aumentam até 908m na serra do Sambê, in-
cluindo ainda as serras de Monte Azul, Lavras de Gaviões, Cachoeira Grande e das Antas.
Manchas isoladas de planalto com altitudes em torno de 60- 70m aparecem ainda na
parte norte da bacia do rio São João, nos vales dos rios Indaiaçu, Lontra e Dourado.
• MONTANHAS E MACIÇOS ISOLADOS: Serras de Jundiá, Careta, Seca e do Pote, em Rio
das Ostras; Serra das Emerências em Armação dos Búzios; Serra de Sapiatiba em São Pe-
dro da Aldeia; Serra de Jaconé, Serra do Mato Grosso, Serra do Boqueirão, Serra do Amar
e Querer, Portela e Catimbau Grande em Saquarema e Rio Bonito; Palmital e Castelhana
em Saquarema e Araruama; o morro de São João, um antigo vulcão extinto que desponta
com seus 781 metros de altitude em Casimiro de Abreu e os morros do Forno e Atalaia
em Arraial do Cabo.
• ÁREAS DE COLINAS: extensas áreas com colinas de topo redondo e altitudes inferiores
a 100 m, em especial nas bacias dos rios São João, do Una, das Ostras e da lagoa de Ara-
ruama.
• BAIXADAS E RESTINGAS: amplas baixadas constituídas pelos rios e pelo mar, notada-
mente nas bacias das lagoas de Saquarema, Jaconé e Jacarepiá e dos rios Una, São João
e das Ostras; as restingas costeiras são chamadas de Jaconé-Itapetinga, Massambaba,
Cabo Frio, Barra de São João-Unamar e de Rio das Ostras-Itapebussus.

3.8 Recursos Hídricos


A Região Hidrográfica Lagos São João é formada por cinco Bacias Hidrográficas:

ABRANGÊNCIA RH ÁREA (KM²)

BH do Rio São João


Rio São João e seus afluentes 2.160
e Represa de Juturnaíba

BH do Rio Una Bacia do Rio Una, o Cabo de Búzios e as terras à reta-


626
e do Cabo de Búzios guarda das praias do Peró
Bacia da Lagoa de Araruama, as restingas de Mas-
BH da Lagoa de Araruama
sambaba e Cabo Frio e o acidente geográfico chama- 572
e do Cabo Frio
do de Cabo Frio
BH das Lagoas de Saquarema, Jaco- Bacias das Lagoas de Saquarema, Jaconé e Jacarepiá e
310
né e Jacarepiá área de restinga entre as lagoas e o mar

Bacia do Rio das Ostras e as microbacias das Lagoas


BH do Rio das Ostras 157
do Iriry, Salgada e Itapebussus

ÁREA TOTAL 3.825

42
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

A Bacia do Rio São João, onde se localiza o divisor de águas, a Serra do Mar, pos-
sui grande parte do seu território coberto por fragmentos e maciços florestais
remanescentes da Mata Atlântica, além de abrigar importantes ecossistemas
de água doce. Cobre uma extensa área com aproximadamente 2.120 km² de
superfície, sendo a maior parte ocupada por amplas planícies fluviomarinhas,
sobre grande influência do mar, permitindo assim, a penetração da cunha sa-
lina por vários quilômetros para o interior do Rio São João, maior rio da Bacia
Hidrográfica Lagos São João.
A Bacia da Lagoa de Araruama tem como principais contribuintes os rios das
Moças, Mataruna, Limão, Salgado, Cortiço, Iguaçaba e Ubá (BIDEGAIN e BIZER-
RIL, 2002). Destacam-se os rios das Moças e o Mataruna, únicos rios perenes
com uma vazão aproximada de 1,5 m³/s, sendo, portanto, as principais fontes
de água doce e nutrientes para a lagoa. O rio Mataruna nasce na zona rural
do município de Araruama, passando por sua sede e desaguando na Lagoa de
Araruama no centro da cidade, e grande parte dos seus 1,5 km está com as mar-
gens ocupadas por habitações e demais usos.

A Bacia da Lagoa de Saquarema, que abrange ainda as lagoas de Jaconé e Jaca-


repiá, cobre uma área aproximada de 310 km², onde se encontra a cidade de
Saquarema, e as áreas urbanas de outros quatro núcleos, além de povoados na
zona rural. Essa bacia caracteriza-se pela presença de um importante maciço flo-
restal, a Serra do Matogrosso, na porção serrana, e nas baixadas dominam as
lagoas e extensos brejos, em grande parte drenados pelo governo do Estado do
Rio de Janeiro nos anos 1950 e, posteriormente pelos proprietários rurais e em-
presas imobiliárias (Bidegain e Pereira, 2005).
A Bacia do Rio Una e do Cabo de Búzios é caracterizada pelo rio Una e seus contri-
buintes, e a região do Cabo de Búzios com unidades de drenagem em sua grande
maioria voltada para o oceano. “O rio Una sofreu com as obras de retificação, que
transformaram uma grande área brejosa em uma área drenada pelo próprio rio,
que desagua no mar” (RIBEIRO 2012, p. 48, 49).
A maioria dos rios da região localiza-se na bacia hidrográfica do rio São João. De
maneira geral há poucos rios nas bacias costeiras, sendo a grande maioria inte-

43
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

mitente, ou drenagens formadas no período chuvoso, concentram um grande


número de lagoas costeiras. Os recursos hídricos são utilizados principal-
mente para o abastecimento público, irrigação, suprimento de pequenas in-
dústrias, produção de sal, recreação e lazer, e para a navegação de peque-
nas embarcações.
Os ecossistemas aquáticos da Bacia Hidrográfica Lagos São João foram muito
alterados pelas obras hidráulicas executadas pelo Departamento Nacional de
Obras e Saneamento (DNOS) na região na década de 1970, para a construção
da represa, nas intervenções para a drenagem nas regiões de baixada, criando
diversos canais, e na retificação dos rios, principalmente os Rios São João e Una.
As obras executadas pelo DNOS não tinham apenas como objetivo a constru-
ção da represa de Juturnaíba, mas também realizar obras de macrodrenagem e
para fins de irrigação agrícola.
Quando ocorre uma intervenção humana de grande intensidade, como é o caso
das construções de grandes barragens, há o rompimento do equilíbrio longi-
tudinal do rio (COELHO, 2008). Segundo Cunha (1995), em seu estudo sobre
impactos das obras de engenharia na bacia do rio São João, a construção da Re-
presa de Juturnaíba ocasionou várias alterações hidrológicas e geomorfológicas
sobre o ambiente da bacia (calha fluvial) e adjacências, além de não atender de
fato sua finalidade.
Parte da água captada na Represa de Juturnaíba pelas empresas de saneamen-
to e distribuída à população costeira tem como destino final a Lagoa de Araru-
ama, Saquarema e outras lagoas costeiras (BIDEGAIN et al, 2002), que além das
águas dos rios contribuintes, recebem uma quantidade adicional de água doce
devido à transposição das águas do Rio São João. As águas servidas e o esgoto,
lançados diretamente na Lagoa de Araruama sem tratamento prévio, alteraram
seu aspecto natural hipersalino, fundamental para a manutenção das funções
ecológicas deste sistema.
Além disso, a crescente demanda pela água, tanto para consumo humano quan-
to para outros fins, vem exercendo uma forte pressão sobre os mananciais da
bacia, principalmente ao reservatório de Juturnaíba e consequentemente Rio
São João e demais contribuintes. Desta forma, os objetos da paisagem hídrica
da região (a barragem, o sistema de captação e distribuição), além de conecta-
rem municípios que não compartilham a mesma bacia hidrográfica, também in-
dicam uma significativa transposição de recursos hídricos (DRUMMOND, 2008).

44
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

A extração de areia, seja no leito dos rios ou nas margens, atividade recorrente
em vários municípios da bacia, é também um fator de intensa degradação dos
recursos hídricos, principalmente pelo fato de grande parte desta ser exercida
de forma irregular e abandonada sem a devida mitigação dos passivos ambien-
tais gerados. A atividade modificou o perfil e a profundidade natural de alguns
rios da bacia, além da velocidade e da vazão, contribuindo ainda para a erosão
das margens e consequente assoreamento da calha fluvial. Logo, nos eventos
de chuvas, as planícies adjacentes rapidamente inundam áreas ocupadas ora
pela atividade agropecuária e por núcleos urbanos, periurbanos e rurais (RIBEI-
RO, 2012, p.49-50).

De acordo com o CBLSJ (2005), contam-se mais de uma centena de rios, riachos
e córregos perenes e intermitentes na região. Os principais são:

• Rios São João, Bacaxá e Capivari;


• Afluentes do Rio São João, como os Rios Aldeia Velha, Dourado, Bananei-
ras, Pirineus, Maratuã, Indaiaçu, Lontra, Valas do Consórcio e Jacaré.
• Afluentes dos Rios Bacaxá e Capivari, como os Rios do Ouro, Vermelho,
Catimbau Grande, Boa Esperança, Jaguaripe, Piripiri e das Onças.
• Rio Una, seu formador, o Rio Godinho e seus afluentes – os Rios Papicu e
Frecheiras;
• O Rio das Ostras e seus formadores – rios Iriry e Jundiá;
• Os Rios das Moças e Mataruna que deságuam na lagoa de Araruama;
• Os Rios Roncador ou Mato Grosso, Tingui, Mole, Jundiá, Seco, Padre e Ba-
caxá, que alimentam a lagoa de Saquarema.

O Censo preliminar realizado pelo CILSJ revelou a existência de 38 lagoas, sendo


uma extinta - a lagoa de Juturnaíba, que hoje é uma represa. Destaca-se a lagoa
de Araruama, com 220 km², que é o maior corpo de água costeiro hipersali-
no em estado permanente do mundo. Seguem-se as lagoas de Saquarema (24
km²), Jaconé (4 km²) e Vermelha (2,5 km²).

45
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

As 38 lagoas da área de atuação do Comitê de Bacia Lagos São João são:

MUNICÍPIO(S
LAGOA DE ABRANGÊNCIA

Lagoa de Jaconé Maricá e Saquarema

Ecossistema Lagunar de Saquarema


(Lagoas de Urussanga ou Mombaça, Jardim,
Boqueirão e de Fora ou Saquarema)
Lagoa das Marrecas
Lagoa Nova Saquarema
Lagoa do brejo do Mutum
Lagoa de Jacarepiá
Lagoa de Ipitangas
Lagoa de Jaconé Pequena

Saquarema
Lagoa Vermelha
e Araruama

Saquarema,
Lagoa de Araruama Araruama,
Iguaba Grande,
São Pedro da Aldeia,
Arraial do Cabo, Cabo Frio

Lagoa Pitanguinha
Araruama
Lagoa Pernambuca

Lagoas dos Brejos do Arraial do Cabo


(Restinga
Pau- Fincado, Espinho, Grande e Mosquito
de Massambaba)
Lagoa Azul

46
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

MUNICÍPIO(S)
LAGOA
DE ABRANGÊNCIA

Lagoa da Prainha ou Verde


Lagoa de Beber Arraial do Cabo
Lagoa Barra Nova

Lagoa do Iriry (ou Coca-Cola, Iodada ou Doce)


Lagoa Salgada Rio das Ostras
Lagoa de Itapebussus

Lagoa do Meio
Lagoa Rasa
Lagoa Última Cabo Frio
Lagoas da Duna Dama Branca
Lagoa do Peró

Lagoa da Praia de Caravelas


Lagoa do Canto
Lagoa da Ferradura
Lagoa de Geribá
Lagoa dos Ossos ou da Usina
Armação dos Búzios
Lagoa do Brejo da Helena
Lagoa do Brejo do Vinvím
Lagoa do Brejo de Tucuns
Lagoa do Brejo da Rasa
Lagoa do Brejo da Fazendinha

Cabo Frio e
Lagoas dos Brejos do Rio Una
Armação dos Búzios

Lagoa de Juturnaíba (EXTINTA) Silva Jardim

Lagoa de Ipuca Casimiro de Abreu

47
4 Ameaça à
Mata Atlântica

Segundo Bergallo (2009) o incremento das taxas de crescimento demográfico na re-


gião em foco, como em todo o Brasil, aumentou as exigências impostas ao ambiente
já que, historicamente, o adensamento na ocupação dos espaços não foi acompa-
nhado de políticas públicas adequadas, nem de infraestrutura básica e menos ainda
de preservação do ambiente, com destaque para o tratamento dos resíduos sólidos
e o saneamento básico (BIOMAS 2009, p. 45). Para ser ter uma ideia, até 2005, ape-
nas Macaé e Rio das Ostras tinham aterros sanitários licenciados pela então FEEMA,
na região (CIDE 2007 in BIOMAS 2009, p. 45).
O crescimento populacional na Região Turística dos Lagos Fluminenses ocorreu,
conforme já mencionado, de forma mais ou menos linear até meados da década de
1960 quando a partir daí passa a apresentar uma ascendência mais expressiva que
permanece até os anos 2000 (BIOMAS 2009, p. 43).
As elevadas taxas de crescimento demográfico que a região tem experimentado nas
últimas décadas, na faixa costeira e marginal das lagunas, além de afetar os ecos-
sistemas de restinga, vêm acarretando, devido à ausência de saneamento, índices
crescentes de poluição desses sistemas lagunares (BIOMAS p. 36).
As planícies aluviais, por sua vez, sofreram drásticas mudanças (principalmente na
área de abrangência da Bacia do Rio São João) com a retificação de rios a jusante da
Represa de Juturnaíba (que se tornou fundamental para o abastecimento de água
aos municípios da região) e diversas obras de drenagem para a agricultura.
A vegetação de restinga vem sendo profundamente alterada e, em muitos casos,
suprimida, dando lugar à intensa ocupação urbana que se processa há pouco mais
de três décadas (BIOMAS 2009 p. 36).

48
Em trechos mais restritos, entre Araruama e Armação dos Búzios, pode-se encontrar
savana estépica, associada às restingas e cobrindo morros costeiros e planícies com
solos areno-argilosos. A savana estépica também vem sendo fortemente alterada
pela urbanização (BIOMAS 2009 p. 36).
A atividade econômica de destaque está associada à expansão do turismo de vera-
neio, e mais recentemente, à extensão da zona de influência da Região de Petróleo e
Gás Natural, embora ainda prevaleça no interior da Região Lagos São João a ativida-
de rural (BERGALLO et al, 2009 p. 36/37).
A manutenção do maciço florestal da região serrana e o estabelecimento da conecti-
vidade entre este e os fragmentos existentes na baixada e na região litorânea é fun-
damental para a conservação não apenas dos recursos naturais, mas principalmente
dos ecossistemas aquáticos (RIBEIRO, 2012). Porém, a conservação e a conectividade
dos fragmentos florestais vêm sendo prejudicadas pela ocupação irregular das mar-
gens dos rios e lagoas, pela supressão da mata ciliar em grande parte dos cursos
d’água da bacia, causada principalmente pela expansão urbana, da agropecuária/
pastagem e na zona costeira pela especulação imobiliária (MMA, 2008).

49
5 Unidades
de Conservação

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (Lei nº 9.985/2000), define Uni-


dades de Conservação (UCs) como espaços territoriais nos quais recursos ambientais com
características naturais relevantes, incluindo as águas jurisdicionais, são legalmente insti-
tuídos pelo poder público, com limites definidos e objetivos de conservação específicos,
sob regime especial de administração. Abrange o conjunto de UCs federais, estaduais e
municipais. Temos de forma sucinta as 12 categorias distribuídas em dois Grupos: o de
Proteção Integral (PI) e o de Uso Sustentável (US), cujos objetivos específicos se dife-
renciam quanto à forma de proteção e usos permitidos: aquelas que precisam de maiores
cuidados, pela sua fragilidade e particularidades, e aquelas que podem ser utilizadas de
forma sustentável e conservadas ao mesmo tempo.
O esquema abaixo informa as categorias em seus respectivos grupos de proteção,
já com a adequação da categoria RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural –
para a legislação do Estado do Rio de Janeiro, onde a mesma passa do US para a PI,
conforme tabela abaixo.

Proteção Integral (PI) Uso Sustentável (US)

Estação Ecológica Área de Proteção Ambiental;

Reserva Biológica Área de Relevante Interesse Ecológico

Parque Nacional Floresta Nacional

Monumento Natural Reserva Extrativista

Refúgio de Vida Silvestre Reserva de Fauna

Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN Reserva de Desenvolvimento Sustentável

50
A região do PMMA Lagos São João e Rio das Ostras conta com um número significativo de
UCs das três esferas de gestão. As informações sobre as federais e estaduais estão mais dis-
poníveis, por possuírem seus limites oficiais bem definidos, shapes, decretos, informações
nos sites oficiais, dentre outros. Além disso, estão cadastradas no Cadastro Nacional de Uni-
dades de Conservação (CNUC). Vide http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/cadastro-na-
cional-de-ucs. Este cenário é bem diferente com relação às UCs municipais, o que dificulta a
obtenção de dados.
Na esfera federal, temos as seguintes UCs influenciando a região e os respectivos territórios
municipais dos PMMAs (com seus instrumentos de criação, de gestão e área):

Reserva Biológica de Poço das Antas – Influencia diretamente o município de Silva Jardim
e indiretamente o município de Casimiro de Abreu.
• Decreto de criação nº 73.791, de 11 de março de 1974 e Decreto nº 76.534
de 03 de novembro de 1975 – 5.052,48 hectares.
• Plano de Manejo, Portaria nº 029/05N, de 29 de abril de 2005.

Reserva Extrativista Marinha do Arraial do Cabo – Influencia diretamente os municípios


de Arraial do Cabo e Araruama.
• Decreto de criação s/nº, de 03 de janeiro de 1997 – 51.601,46 hectares.

Reserva Biológica União – Influencia diretamente os municípios de Casimiro de Abreu, Ma-


caé e Rio das Ostras.
• Decreto de criação s/nº, de 22 de abril de 1998 – 2.547,95 hectares.
• Plano de Manejo, Portaria nº 31, de 21 de maio de 2008.

Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio São João/Mico-Leão-Dourado – Influencia


diretamente os municípios de Araruama, Cabo Frio, Casimiro de Abreu, Rio Bonito, Rio das
Ostras e Silva Jardim. Além do município de Cachoeiras de Macacu, não contemplado nesta
fase dos PMMAs/RJ.
• Decreto de criação s/nº, de 27 de junho de 2002 – 150.373,03 hectares.
• Plano de Manejo, Portaria nº 66, de 10 de setembro de 2008.

51
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Na esfera estadual, temos as seguintes UCs influenciando a região e os respectivos ter-


ritórios municipais dos PMMAs (com seus instrumentos de criação, de gestão e área):

Área de Proteção Ambiental de Maricá – Influencia diretamente o município de Maricá.


• Decreto de criação nº 7.230, de 23 de abril de 1984 – 970 hectares.
• Plano de Manejo, Instrução Normativa nº 4.854, de 19 de julho de 2007.

Área de Proteção Ambiental de Massambaba - Influencia diretamente os municípios de


Araruama, Arraial do Cabo e Saquarema.
• Decreto de criação nº 9.529-C, de 15 de dezembro de 1986 -
10.647,03 hectares.
• Plano de Manejo, Decreto nº 41.820, de 17 de abril de 2009.

Área de Proteção Ambiental da Serra de Sapiatiba – Influencia diretamente os municípios


de Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia.
• Decreto de criação nº 15.136, de 20 de julho de 1990 - 6.000,00 hectares.
• Plano Diretor da APA Sapiatiba, Deliberação CECA nº 4.512 de 2004.
• Plano de Manejo, Decreto nº 41.730, de 06 de março de 2009.

Parque Estadual da Serra da Tiririca – Influencia diretamente o município de Maricá. Além


do município de Niterói, não contemplado nesta fase dos PMMAs/RJ.
• Lei de criação nº 1.901, de 29 de novembro de 1991; Perímetro definitivo na
Lei nº 5.079 de 3 de setembro de 2007; Ampliação Decreto nº 41.266, de 16
de abril de 2008; Ampliação Decreto nº 43.913 de 29 de outubro de 2012 –
3.493 hectares.
• Plano de Manejo, Resolução nº 107, de 10 de fevereiro de 2015.

Área de Proteção Ambiental Macaé de Cima - Influencia diretamente os municípios de Ca-


simiro de Abreu, Silva Jardim e Macaé. Além dos municípios de Bom Jardim, Cachoeiras de
Macacu e Nova Friburgo não contemplados nesta fase dos PMMA/RJ.
• Decreto de criação nº 29.213, de 14 de setembro de 2001 - 35.037,89 hectares.

52
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Área de Proteção Ambiental do Pau-Brasil – Influencia diretamente os municípios de Arma-


ção dos Búzios e Cabo Frio.
• Decreto de criação nº 31.346, de 06 de junho de 2002 - 10.564 hectares.
• Plano de Manejo, Decreto nº 32.517, de 23 de dezembro de 2002.

Área de Proteção Ambiental Bacia do Rio Macacu – Influencia diretamente o município de


Cachoeiras de Macacu.
• Lei nº 4.018, de 05 de dezembro de 2005 - 19.508 hectares.

Parque Estadual dos Três Picos – Influencia diretamente os municípios de Silva Jardim. Além
dos municípios de Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Nova Friburgo, e Teresópolis, não con-
templados nesta fase dos PMMAs/RJ.
• Decreto de criação nº 31.343, de 05 de junho de 2002 e Decreto nº 41.990, de
12 de agosto de 2009 - 58.790,90 hectares. Redefinição de limites, Lei nº 6.573
de 31 de outubro de 2013.
• Plano de Manejo, Resolução nº 09, de 09 de setembro de 2009.

Parque Estadual da Costa do Sol – Influencia diretamente os municípios de Araruama, Ar-


mação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, São Pedro da Aldeia e Saquarema.
• Decreto de criação nº 42.929, de 18 de abril de 2011 - 9.841 hectares.
• Plano de Manejo, Portaria nº 21, de 15 de fevereiro de 2012.

Fonte: http://www.icmbio.gov.br/portal/unidades-de-conservacao., Acesso em 30 mar.2016

53
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Quanto às UCs estaduais, a APA do Pau-Brasil ocupa aproximadamente 1.378 hecta-


res, cerca de 13% de sua área, no território municipal, e o Parque Estadual da Costa
do Sol possui aproximadamente 1.371 hectares, cerca de 14% de seus limites em
Armação dos Búzios. Há sobreposição entre estas UCs, conforme demonstrado na
figura abaixo:

Na esfera municipal, o levantamento de informações compreendeu a realização


de consultas aos sites das prefeituras e contatos com as secretarias municipais
de Meio Ambiente; ao banco de dados do Programa de Apoio à Unidades de
Conservação Municipal (ProUC), ao banco de dados do ICMS Verde, ao banco de
dados do CNUC etc.
Diversas UCs municipais foram criadas antes da publicação da Lei do SNUC, sen-
do estas citadas em artigos de Leis Orgânicas, ou artigos das Leis de Uso e Ocu-
pação do Solo, sem que tenha havido um instrumento jurídico específico para
sua criação.

54
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Representa um desafio para as gestões municipais a adequação de termos e nomen-


claturas das referidas leis ao SNUC, uma vez que são recorrentes inadequações como
a consideração de termos de zoneamento similares às categorias do SNUC, tais como
“área de relevante interesse ecológico, e área de proteção ambiental” enquanto catego-
ria de UC, quando na realidade trata-se de um termo utilizado em processos de zone-
amento territorial. Neste contexto ocorrem ainda casos nos quais as UCs possuem leis
ou decretos, mas não possuem limites definidos através de memoriais descritivos, e
consequentemente, é limitada a sua espacialização no território sem que seja possível
estabelecer as áreas exatas a elas correspondentes.
Dentre os principais desafios para a gestão das UCs municipais pode-se considerar a
não implantação destas, apesar da criação formal; a sobreposição de UCs de diferentes
categorias de gestão e diferentes esferas de gestão pública; conflitos territoriais, por
conta de limites mal definidos e trabalhados em escalas e projeções e datum diferentes
(alguns invadem outros municípios); ausência de gestão (pessoal específico, Plano de
Manejo, Conselho Gestor) e infraestrutura.
O cadastramento de uma UC no CNUC não é obrigatório, mas é um mecanismo im-
portante de localização e de divulgação das características relevantes da UC, tais como:
informações sobre espécies ameaçadas; sobre a situação fundiária; dados abióticos;
aspectos socioculturais e antropológicos, que servem como base de informações para
diferentes usos e públicos.
Já no cadastro do ICMS Verde do Estado do Rio de Janeiro, há a questão do ressarci-
mento aos municípios pela restrição do uso de seu território, principalmente no caso
de unidades de conservação e mananciais de abastecimento. O critério utilizado é
45% para unidades de conservação; 30% para qualidade da água; e 25% para gestão
dos resíduos sólidos.
Só estarão habilitados a receber recursos os municípios que dispuserem de sistema
municipal de Meio Ambiente composto por órgão executor de política ambiental, um
conselho e um fundo de Meio Ambiente, além de guarda ambiental.
Os repasses são proporcionais às metas alcançadas nessas áreas: quanto melhores os
indicadores, mais recursos as prefeituras recebem. Entretanto, mesmo municípios que
inscrevem suas UCs não são habilitados, ou seja, não pontuam, pois as mesmas não
atendem aos critérios técnicos mínimos exigidos.
Desta forma lista-se abaixo o resultado deste levantamento. Contudo, ressalta-se que
em várias ocasiões das oficinas participativas as informações relevantes sobre as UCs
municipais foram anotadas e consideradas em todos os mapeamentos produzidos.

55
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Instrumento Área
Unidade de Conservação
legal de criação (hectares)

Araruama
Área de Relevante Interesse Ecológico
Decreto nº 063 de 05/06/2008 0,3
Municipal Restinga Viva*

Área de Proteção Ambiental Municipal


Decreto nº 033 de 25/03/2011 58,99
do Morro de Igarapiapunha*

Área de Proteção Ambiental Municipal


Decreto nº 034 de 25/03/2011 385,6
do Morro de Boa Vista*

Armação dos Búzios


Área de Proteção Ambiental
Lei nº 086 de 19/08/1998 14,8
da Praia da Azeda e Azedinha*

Parque Municipal da Lagoinha* Decreto nº 067 de 08/08/2004 16,85


Área de Proteção Ambiental
e da Pesca Artesanal Lei nº 032 de 01/09/1997 Não Informado
do Município de Armação dos Búzios
Área de Proteção Ambiental Marinha de Búzios Decreto nº 135 de 06/11/2009 20.830

Parque Natural dos Corais


Decreto nº 135 de 06/11/2009 56
de Armação dos Búzios*

Parque Municipal da Lagoa de Geribá* Decreto nº 103 de 18/11/2004 14

Arraial do Cabo
Parque Natural Decreto nº 1.907 de 17/03/2010
476
da Restinga da Massambaba* Decreto nº 1.815 de 29/03/2010

Lei nº 602-A de 23/04/1992


Área de Proteção Ambiental
e Lei nº 1.512 de 30/03/2007 Não Informado
do Município de Arraial do Cabo
(Lei de Uso e Ocupação do Solo)

Área de Proteção Ambiental do Morro Lei nº 1.512 de 30/03/2007


Não Informado
da Cabocla (Lei de Uso e Ocupação do Solo)

Área de Relevante Interesse Ecológico


Lei Orgânica 602,5
Ponta de Massambaba

Área de Relevante Interesse


Lei Orgânica Não Informado
Ecológico do Morro do Telégrafo

Área de Relevante Interessante


Lei Orgânica Não Informado
Ecológico do Morro do Vigia

Área de Relevante Interesse Ecológico


Lei Orgânica 110,55
do Morro do Miranda*

Área de Relevante Interesse Ecológico


Lei Orgânica Não Informado
do Morro do Forno

Reserva Biológica da Lagoa Salgada Lei Orgânica Não Informado

56
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Instrumento Área
Unidade de Conservação
legal de criação (hectares)

Reserva Biológica do Brejo do Espinho* Lei Orgânica 64,26


Reserva Biológica do Brejo Jardim* Lei Orgânica 0,64
Reserva Biológica das Orquídeas* Lei Orgânica 142,31
Reserva Ecológica da Ilha de Cabo Frio Lei Orgânica Não Informado

Lei nº 602-A de 23/04/1992


Parque Municipal da Fábrica Não Informado
(Lei de Uso e Ocupação do Solo)

Parque Municipal Natural Lei nº 602-A de 23/04/1992


Não Informado
do Combro Grande (Lei de Uso e Ocupação do Solo)

Lei nº 602-A de 23/04/1992


Parque Municipal da Praia do Pontal* 20,72
(Lei de Uso e Ocupação do Solo)

Parque Municipal da Praia do Forno Lei Orgânica Não Informado

Lei nº 1.512 de 30/03/2007


Reserva Biológica Pontal do Atalaia* 18,1
(Lei de Uso e Ocupação do Solo)

Cabo Frio
Parque Ecológico Municipal
Decreto nº 2.401 de 27/03/1997 645,42
do Mico-Leão-Dourado*

Parque Municipal Ecológico


Lei nº 072 de 22/08/2001 Não Informado
Dormitório das Garças (sem polígono)

Casimiro de Abreu
Área de Proteção Ambiental Grotão Decreto nº 1.186 de 29/12/2011 1,13

Parque Natural Municipal


Decreto nº 042 de 18/03/2010 107,29
Córrego da Luz*

Parque Natural Municipal


Lei nº 1.581 de 29/08/2013 1,14
Vale do Indaiaçu*

Reserva Particular do Patrimônio Natural


Estadual – Portaria nº 228 de 11/05/2011 41,13
Sítio da Luz*

Reserva Particular do Patrimônio Polígono sem


Federal - Portaria nº 16N de 19/02/1993
Natural Fazenda Córrego da Luz* precisão

Reserva Particular do Patrimônio Natural Matumbo* Federal – Portaria nº 13 de 11/10/2007 31,26

Reserva Particular do Patrimônio


Portaria ICMBIO nº 27 de 10/05/2011 192,34
Natural Morro Grande*

Reserva Particular do Patrimônio Natural


Federal – Portaria nº 27 de 08/03/2004 508,3
Três Morros*

57
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Instrumento Área
Unidade de Conservação
legal de criação (hectares)

Iguaba Grande
Área de Proteção Ambiental do Morro das Canellas* Decreto nº 151 de 22/04/2000 23
Área de Proteção Ambiental do Morro do Governo* Decreto nº 152 de 22/04/2000 148,48

Área de Proteção Ambiental da


Decreto nº 153 de 22/04/2000 27
Ponta das Andorinhas*

Área de Proteção Ambiental do Morro do Peró* Decreto nº 154 de 22/04/2000 23,27

Área de Proteção Ambiental do Morro


Decreto nº 157 de 22/04/2000 68,63
de Igarapiapunha*

Área de Proteção Ambiental dos Guimarães* Decreto nº 158 de 22/04/2000 41,067

Maricá
Monumento Natural da Pedra de Inoã* Lei nº 2.368 de 16/05/2011 181,61

Monumento Natural
Lei nº 2.326 de 16/04/2010 109,35
da Pedra de Itaocaia*

Refúgio de Vida Silvestre 8.938,27


Lei nº 2.368 de 16/05/2011
das Serras de Maricá*

Área de Relevante Interesse Ecológico


Lei nº 2.122 de 23/06/2005 919,92
da Cachoeira do Espraiado*

Área de Proteção Ambiental


Lei nº 416/1984 Não Informado
das Lagoas de Maricá*

Área de Proteção Ambiental Municipal Lei nº 2.368 de 16/05/2011


3.378,70
das Serras de Maricá*

Rio Bonito
Parque Natural Municipal
Decreto nº 424 de 12/11/2009 26,083
Três Coqueiros*

Parque Natural Municipal


Decreto nº 280 de 26/05/2008 0,78
Parque da Caixa D’água*

Parque Natural Municipal Verde Vale* Decreto nº 279 de 26/05/2008 12,71

Parque Embratel 21* Decreto nº 726 de 04/11/2002 3,1

58
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Instrumento Área
Unidade de Conservação
legal de criação (hectares)

Parque Natural Municipal


Decreto nº 281 de 26/05/2008 6,12
Morada dos Corrêas*

Parque Natural Municipal


Decreto nº 664 de 24/01/2012 4,26
Rio dos Índios*

Área de Proteção Ambiental 3.153


Decreto nº 479 de 05/05/2010
Serra do Sambê*

Parque Natural Municipal


Decreto nº 50 de 2013 3,19
Morada da Jacuba*

Parque Natural Municipal da Jacuba* Decreto nº 49 de 2013 3,59


Parque Natural Municipal Olivio Osório* Decreto nº 81 de 2013 10,32
Parque Natural Municipal Monte Azul* Decreto nº 178 de 2014 96,31

Rio das Ostras


Parque Municipal dos Pássaros* Decreto nº 091 de 29/11/2002 6,88

Área de Relevante Interesse Ecológico


Decreto nº 038 de 13/06/2002 986,76
de Itapebussus*

76,03
Área de Proteção Ambiental Lagoa Iriry* Decreto nº 028 de 27/07/2000

Monumento Natural
Decreto nº 054 de 25/07/2002 36,87
dos Costões Rochosos*

Saquarema
Reserva Particular do Patrimônio Natural Mato
Estadual – Portaria nº 63 de 19/08/2009 53,50
Grosso II*

Reserva Particular do Patrimônio Natural Mato


Federal – Portaria nº 72 de 23/05/2001 26,11
Grosso*

São Pedro da Aldeia

Parque Municipal
Decreto nº 116 de 13/09/2013 268,51
da Mata Atlântica Aldeense*

59
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Instrumento Área
Unidade de Conservação
legal de criação (hectares)

Silva Jardim
Parque Natural Municipal
Lei nº 1.403 de 06/07/2008 0,68
de Biquinha-Gruta Santa Edwiges*

Reserva Particular do Patrimônio


Federal – Portaria nº 103 de 29/09/1994 45,86
Natural Fazenda Arco-Íris*

Reserva Particular do Patrimônio 472 (Polígono


Federal – Portaria nº 47-N de 15/04/1993
Natural Fazenda Bom Retiro* sem precisão)

Reserva Particular do Patrimônio


Federal – Portaria nº 153 de 24/10/2001 380,90
Natural Floresta Alta*
Reserva Particular do Patrimônio Natural Gaviões* Federal – Portaria nº 69 de 21/05/2001 117,39
Reserva Particular do Patrimônio
Federal – Portaria nº 72 de 05/09/1996 33,80
Natural Granja Redenção*

Reserva Particular do Patrimônio


Federal – Portaria nº 026 de 10/05/2011 22,11
Natural Mico-Leão-Dourado*

Reserva Particular do Patrimônio


Federal – Portaria nº 20 de 20/04/2009 10,64
Natural Neiva, Patrícia, Claúdia e Alexandra*

Reserva Particular do Patrimônio


Federal – Portaria nº 18 de 04/03/2004 108,00
Natural Serra Grande*

Reserva Particular do Patrimônio


Federal – Portaria nº 171 de 29/12/1997 14,00
Natural Cachoeira Grande*
Federal – Portaria nº 110 –N de
Reserva Particular do Patrimônio Natural Santa Fé* 14,31
29/11/1996
Reserva Particular do Patrimônio Natural União* Federal – Portaria nº 68 de 17/10/2000 343,10
Reserva Particular do Patrimônio
Estadual – Portaria nº 22 de 12/03/2009 62,67
Natural Rabicho da Serra*

Reserva Particular do Patrimônio


Estadual – Portaria nº 19 de 12/03/2009 23,58
Natural Cachoeirinha*

Reserva Particular do Patrimônio


Estadual – Portaria nº 18 de 12/03/2009 5,52
Natural Cisne Branco*

Reserva Particular do Patrimônio


Estadual – Portaria nº 20 de 12/03/2009 16,20
Natural Quero-Quero*
Reserva Particular do Patrimônio Natural Boa Esperança* Estadual – Portaria nº 21 de 12/03/2009 39,60
Reserva Particular do Patrimônio
Estadual – Portaria nº 49 de 01/07/2009 12,57
Natural Águas Vertentes*
Reserva Particular do Patrimônio Natural Lençóis* Estadual – Portaria nº 72 de 20/10/2009 17,33
Reserva Particular do Patrimônio Natural Fargo* Estadual – Portaria nº 180 de 14/12/2010 11,8
Reserva Particular do Patrimônio Natural Taquaral* Estadual – Portaria nº 206 de 21/03/2011 16,83
Reserva Particular do Patrimônio
Estadual – Portaria nº 467 de 05/08/2013 7,07
Natural Estância Rio do Ouro*

*UCs habilitadas no ICMS Verde (2016 – Ano Fiscal 2017)

60
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Do total de UCs Municipais identificadas, somente sete UCs públicas estão cadastra-
das no CNUC (consulta em 18/03/2016). São elas o Parque Natural dos Corais de Ar-
mação dos Búzios, em Búzios; o Parque Natural Municipal Três Coqueiros, o Parque
Natural Municipal Parque da Caixa D’água, o Parque Natural Municipal Verde Vale, o
Parque Natural Municipal Morada dos Correas e a Área de Proteção Ambiental Serra
do Sambê, estas sob gestão municipal de Rio Bonito, e por fim o Parque Municipal da
Mata Atlântica Aldeense, em São Pedro da Aldeia. Já as UCs cuja gestão é particular, as
RPPNs, estão todas cadastradas no CNUC.
O Programa de Apoio às Unidades de Conservação Municipais (ProUC), desenvol-
vido pela Superintendência de Biodiversidade e Florestas da Secretaria de Estado
do Ambiente, é um programa estratégico para a implementação dos PMMAs. Ele
apoia e orienta os municípios na criação e implementação de suas UCs, incluindo
as indicadas pelos PMMAs, sendo um articulador juntos às ações de conservação e
recuperação desenvolvidas pelo Estado em parceria com os municípios.

61
6
Caracterização
do Município
de Armação
dos Búzios
6.1 Análise integrada dos dados
secundários levantados e do Mapa Falado
Ao se constatar a relevância da Mata Atlântica e seu status atual de fragmentação e
degradação, é comum fazer uma associação entre degradação e ausência de plane-
jamento territorial por parte do poder público. A ideia do desordenamento territorial
como algo dado não traduz ou não problematiza a existência de outra ordem ou
lógica de desenvolvimento perseguido pelo município desde o seu surgimento.
Nesse sentido, para se compreender a dinâmica socioespacial do território e os pro-
cessos de degradação da Mata Atlântica associados a essa dinâmica é necessário
explicitar os conflitos socioambientais que são inerentes aos distintos projetos, a
lógica do desenvolvimento, distintas formas de usos e sentidos dos sujeitos sociais
frente ao território. Portanto, é impossível visualizar a conservação ou recuperação
da Mata Atlântica sem a contribuição dos atores que vivenciam, conhecem, têm po-
der de decisão sobre o mesmo.
Esse módulo constitui-se em uma análise da situação atual da Mata Atlântica, os
problemas, conflitos e desafios associados à recuperação e conservação dos rema-
nescentes a partir da leitura do Mapa Falado elaborado pelo Grupo Local da Mata
Atlântica de Armação dos Búzios.
O Mapa Falado, conforme já mencionado na metodologia, foi a ferramenta utilizada
para captar e representar a complexidade da realidade da Mata Atlântica no municí-

62
pio, a partir da percepção de um grupo que não se pretende representativo de todas
os segmentos sociais do município. Dessa forma, o mapa falado não retratou apenas
o espaço físico municipal, mas auxiliou as diretrizes do PMMA no entendimento dos
“modos de vida” ou de desenvolvimento daquele território frente ao ecossistema
Mata Atlântica, evidenciando dessa forma o que se considera a “trama territorial”. A
esta “trama” acrescentam-se agora dados oficiais que foram levantados como contri-
buição à caracterização da situação atual da Mata Atlântica em Armação dos Búzios.

6.2 Ordenamento territorial frente à caracterização am-


biental do município

A cidade de Armação dos Búzios tem um único distrito-sede, ocupando uma área
total de 7.093ha. Limita-se com o município de Cabo Frio e com o Oceano Atlântico.
O principal acesso à cidade é feito pela rodovia estadual RJ-102, que alcança Cabo
Frio, ao Sul, e ao Norte, em direção à Barra de São João, distrito de Casimiro de Abreu
(TCE, 2013).
O povoado de Búzios, considerado 3º distrito de Cabo Frio se emancipou política e
administrativamente do município de Cabo Frio em 1995, a partir da iniciativa de um
movimento emancipacionista financiado pelo empresário Umberto Modiano, pro-
prietário da Marina Porto Búzios e do Hotel Nas Rocas, com adesão de diversas lide-
ranças comunitárias e políticas de Armação dos Búzios. O histórico de emancipação
explica em parte o modelo de desenvolvimento privilegiado pelo grupo político que
o idealizou, cuja concepção era transformar Búzios em destino ecoturístico interna-
cional e paraíso de hotéis e os condomínios de luxo do país.
Segundo o portal da prefeitura de Armação dos Búzios, a transformação de área
rural para balneário de veraneio se deu partir dos anos 1950, quando as antigas fa-
zendas foram cedendo espaço às casas de veraneio atraindo famílias da burguesia
brasileira e francesa, “em função da geografia paradisíaca, exuberância da caça sub-
marina e proximidade relativa da cidade do Rio de Janeiro”. Essas famílias herdaram
ou compraram e reformaram os antigos imóveis senhoriais da enseada portuária.
Nas praias da Ferradura, Ossos, José Fernandes, Praia Brava e Forno, as terras foram
loteadas, ruas foram abertas e calçadas, e a fragmentação da paisagem se tornou
definitiva. Assim, a ocupação urbana foi consolidada e cresceu, ocupando inicial-

63
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

mente as áreas de acesso mais fácil e progressivamente os locais de relevo mais


acentuado.
Nos anos 1980, a região da Rasa foi objeto de um grande projeto imobiliário, a
criação da Marina Porto Búzios. Para possibilitar a abertura de canais, toda a dre-
nagem dos terrenos adjacentes foi modificada, eliminando a cobertura vegetal que
tivesse se recuperado no breve período de tempo entre o abandono das planta-
ções e o empreendimento em questão. Atualmente, a ocupação do município na
parte oeste, até o limite com o município de Cabo Frio, é ainda predominantemen-
te rural, as áreas central e leste são urbanas.
O impacto do modelo de desenvolvimento adotado pelo município foi sentido
sobre os remanescentes de Mata Atlântica, ainda existentes, de forma geral, mas,
sobretudo sobre as restingas e brejos onde a primeira foi totalmente suprimida,
devido à proximidade do mar e o segundo pela localização, quase que totalmente
aterrado para construção imobiliária. Na região da baixada do Peró, região entre
a praia das Conchas e a Serra das Emerências, existiam extensos brejos perifé-
ricos, drenados em grande parte pelo DNOS, Prefeituras e posteriormente por
proprietários rurais e empresas imobiliárias.
Nesse sentido, importa registrar que o município de Armação dos Búzios está to-
talmente inserido na região definida como Centro de Diversidade Vegetal da Re-
gião de Cabo Frio (CDVCF). O CDVCF é considerado como um dos centros de diver-
sidade de plantas mais importantes da América do Sul (www.nmnh.si.edu/botany/
projects/cpd/sa/sa14.htm), de acordo com as informações obtidas pelo Jardim Bo-
tânico e pela UFRJ sobre a flora da parte sul de sua região (in: Plano de bacia).
Mesmo preliminar, o levantamento da flora da região de Cabo Frio (ARAUJO; HEN-
RIQUE, 1984) realizado em 1984 pelas instituições citadas registrou mais de seis-
centas espécies de vegetação nas restingas e cerca de trezentas espécies nas
encostas dos morros. Segundo esses estudos, a flora da restinga da região de
Búzios/Cabo Frio é mais rica em espécies que as demais restingas do Estado,
contendo 26 das 32 espécies endêmicas conhecidas para as restingas do Rio (LA-
CERDA; ARAÚJO; MACIEL 1993).

64
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Comparando-se os mapas de uso do solo para pastagens de 1976 com o mapa de


2003, ambos no âmbito de estudos realizados também pelo Centro de Diversida-
de Vegetal de Cabo Frio, observou-se que não houve um aumento significativo de
área de pastagem, porém ocorreu um acréscimo das áreas com espécies invasoras,
causada, sobretudo pela abertura de ruas, entre o meio-fio das ruas e a vegetação
remanescente, o solo exposto foi invadido por espécies oportunistas como o ca-
pim colonião. Assim, além da perda de cobertura vegetal natural de 8,26%, ocorreu
também a fragmentação da vegetação remanescente, não reveladas pelos números,
com o consequente aumento das áreas de borda. Esses dados revelam os impactos
indiretos da urbanização sobre os ecossistemas naturais que frequentemente apre-
sentam fragmentação e consequentemente invasão por espécies exóticas e invaso-
ras, colocando em risco a biodiversidade.

65
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Em Armação dos Búzios, vários mecanismos, instrumentos e órgãos de um sistema de plane-


jamento municipal foram previstos – alguns até regulamentados no Plano Diretor, no Código
Ambiental e demais legislação pertinente. No entanto, foi possível observar pelos participan-
tes do GLMA que os principais instrumentos tais como o Plano Diretor e o Código Ambiental
do Município, encontram-se parcialmente regulamentados e as Áreas Especiais de Interesse
Ambiental – AEIAS, que são áreas estratégicas e sobrepostas ao zoneamento ambiental – não
foram regulamentadas. A regulamentação do Plano Diretor e do Código Ambiental é estraté-
gica para a conservação e recuperação da Mata Atlântica no município.
A ausência de regulamentação destes instrumentos de ordenamento ambiental cria varia-
das demandas para o licenciamento de empreendimento imobiliários, sobretudo à secretaria
municipal de Meio Ambiente, que com sua limitação de recursos humanos e financeiros é
obrigada a gerir os inúmeros conflitos relacionados ao licenciamento principalmente do setor
imobiliário.
De forma geral, boa parte do solo municipal já se encontra loteado, e considerando o altíssimo
valor comercial e imobiliário dessas áreas – principalmente as que dispõem de acesso ou vista
para o mar – a tendência provável é a ocupação cada vez maior de áreas de grande importân-
cia cênica, paisagística, com alto valor para a biodiversidade, caso não haja uma mudança na
concepção atual de desenvolvimento.
Em 2010, a população de Armação dos Búzios era correspondente a 3,4% do contingente da
Região das Baixadas Litorâneas. A densidade demográfica era de 392,1 habitantes por km²,
contra 160,4 habitantes por km² de sua região. A taxa de urbanização correspondia a 100%
da população. Em comparação com a década anterior, a população do município aumentou
51,4%, o sexto maior crescimento no Estado. Segundo o levantamento, o município possuía
17.842 domicílios, dos quais 37% eram de uso ocasional, demonstrando o forte perfil turístico
local (TCE 2013).

População residente no município de Armação dos Búzios

Município de Armação dos Búzios - População Residente

1970 1980 1991 2000 2010

10.974 15.362 19.866 23.877 127.715

Fonte: Fundação CEPERJ: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro – 2013

66
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Características da população residente no município de Armação dos Búzios

População residente, por sexo e situação do domicílio, segundo


as Regiões de Governo e municípios Estado do Rio de Janeiro 2010

Situação
Sexo
de Domicílio

Total
Homens Mulheres Urbana Rural

27.538 13.737 13.737 27.538 -

Fonte: Fundação CEPERJ: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro – 2013

O município de Armação dos Búzios apresenta forma geográfica de península com


relevo e formação geológica diversificados. Dantas apresenta informações sobre a
geologia, o solo e o relevo do município: os maciços da unidade geológica Búzios,
que predominam na parte leste da Península, apresentam relevo suave nas faces
voltadas para o interior, raramente passando de 20% de declividade. Nas faces volta-
das para o mar, porém, os morros apresentam uma declividade mais acentuada, na
forma de costões rochosos que terminam no mar. A altitude média destes morros
varia em torno de 20 metros, podendo chegar a 80 metros perto da Praia Brava e
Praia do Forno. O ponto mais alto do município, a Serra das Emerências, apresenta
declividade acentuada, atingindo 180 metros de altitude. Os terrenos a oeste da Ser-
ra das Emerências são levemente ondulados ou quase planos, apresentando maior
declividade nas faces voltadas para o mar e em alguns morrotes isolados perto da
localidade da Rasa (Dantas, 2005).
Quanto à hidrografia, de acordo com o GLMA, Armação dos Búzios caracteriza-se por
ter inúmeros canais de drenagens artificiais e lagoas. Abaixo são destacadas as prin-
cipais lagoas do município, com uma breve análise da situação atual, de acordo com
a avaliação do GLMA. É válido destacar que por causa da ocupação e da perda da per-
meabilidade do solo, mais a supressão de corpos hídricos como as lagoas e brejos que
estão sendo aterrados, as enchentes estão sendo mais evidenciadas e seus estragos
consequentemente também.

67
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Lagoa da Ferradura ou Helena: de água salobra, está abandonada; foi aterrada para
loteamento, e depois reaberta, quando recuperou o espelho d’água; recebe esgoto do
bairro da Ferradura; precisa de manejo para retirada de vegetação (taboa) do seu inte-
rior; a vegetação de seu entorno está em recuperação lenta, mas possui espécies inva-
soras e exóticas, contudo algumas espécies de plantas nativas e representativas como
cactos e bromélias ainda estão no local; é um dormitório de aves; tem projeto de virar
uma unidade de conservação (parque).
Lagoa da Usina: fragmentada (por conta de uma estrada), urbanizada; o Horto e
a Secretaria Municipal de Meio Ambiente ficam no seu entorno; também utilizada
como abrigo para aves, em especial o frango d’água; recebe esgoto do Morro do
Humaitá, pois o tratamento atual é do tipo tempo seco; o seu entorno ainda é uti-
lizado para a prática de atividades como caminhadas e corridas. Foi cadastrada na
antiga SERLA, tem faixa marginal de proteção definida.
Lagoa dos Ossos: seu entorno é densamente ocupado; recebe muito esgoto do bair-
ro Ossos e dos empreendimentos de João Fernandes; ainda tem pouca mata ciliar
em uma de suas margens é colada à APA Azeda.
Lagoa do Canto: extravasa para o mar; está tomada por gigogas; maior parte de sua
margem tem mata ciliar; há registro de jacaré; recebe esgoto da Vila Caranga e do
portal da Ferradura; está dentro do Parque Estadual da Costa do Sol.
Lagoa de Geribá: é um parque municipal; possui a maior ocupação no entorno;
recebe a maior carga de esgoto; está assoreada; tem um programa estadual para
revitalização e estabelecimento da rede coletora do seu entorno (primeira parte do
projeto já está sendo executada); tem uma trilha pouquíssimo utilizada.
O GLMA enfatizou a questão das áreas alagadas do município, estas atuam como es-
ponjas: são elas José (Zé) Gonçalves, Golf e Cem Braças. E destaca que a recuperação
da Lagoa Cem Braças seria importante pela questão de drenagem do território.

6.3 Remanescentes de vegetação


e Unidades de Conservação
Um dos episódios recentes que demonstram a dimensão dos conflitos ambientais em
Armação dos Búzios diz respeito ao processo de criação do Parque Estadual da Costa
do Sol em 2012, que suscitou reação por parte dos proprietários de terras inseridas
em seus limites (áreas com cobertura florestal significativa já protegidas da ocupação

68
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

por Unidades de Conservação estaduais e municipais e por legislações estaduais e


federais). A pressão pela não criação com o governador do Estado não foi exitosa em
face de várias outras forças políticas favoráveis e também pelo fato de o parque ser
visto como incremento ao turismo na região.
Nesse sentido, sob o ponto de vista da conservação da Mata Atlântica, o Parque Esta-
dual da Costa do Sol (PECS) e a APA do Pau-Brasil são fundamentais para assegurar
os remanescentes de Mata Atlântica e ecossistemas associados mais importantes do
município que estão constantemente sobre pressão para ocupação.
A tabela a seguir indica a porcentagem dos remanescentes florestais de Mata Atlân-
tica do município de Armação dos Búzios no Rio de Janeiro, segundo o Atlas dos
Remanescentes Florestais da Mata Atlântica2.

Porcentagem dos remanescentes florestais de mata atlântica

% de
Vegetação
Município Mata Restinga Vegetação
Natural
Natural

Armação dos Búzios 413 1.134 1547 22%

Fonte: Relatório técnico – Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica (2013-2014)

Importa registrar que o maior fragmento de Mata Atlântica no município está inseri-
do nos limites do PECS (criado em 2011) e sobreposto à APA Estadual do Pau-Brasil.
É nesse fragmento que o bosque de pau-brasil está inserido e justificou a criação da
APA Estadual em 2002, que já se sobrepôs à área da APA Municipal da Praia de Azeda
e Azedinha (criada em 1998) e que ficou sobreposta à UC municipal Parque Natural
Municipal da Lagoinha (criado em 2004). A Área de Proteção Ambiental do Pau-Brasil
abrange também áreas nos limites do município de Cabo Frio. Além de áreas inseri-
das na APA do Pau-Brasil, o PECS foi criado sobre ilhas e áreas já consideradas pro-
tegidas pelo Plano Diretor, Lei do uso do solo e Lei orgânica, relacionadas a seguir.
Como se pode observar, o PECS suscitou não só conflitos junto aos proprietários de
área inseridos em seus limites, mas também conflitos de competência entre a ges-
tão da prefeitura e gestão do Inea, órgão gestor do PECS, necessitando, portanto, de
articulações institucionais para o estabelecimento da cogestão do parque, que na
época da criação foi largamente debatida com as prefeituras.
² O Atlas da Mata Atlântica, monitora o bioma há 29 anos, utiliza a tecnologia de sensoriamento remoto e geoprocessamento
para avaliar os remanescentes florestais acima de 3 hectares (ha), com base em imagens geradas pelo sensor OLI a bordo do
satélite Landsat 8.

69
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Nesse sentido, as áreas do PECS no município de Armação dos Búzios (Núcleo Pau-Brasil) são:
• Área 28 – 1,55 ha – Ilha “sem nome”;
• Área 29 – 25,95 ha– Ilha da Âncora;
• Área 30 – 20,96 ha – Ilha da Gravata;
• Área 31 – 3,46 ha – Ilha Branca;
• Área 32– 0,27 ha – Ilha Laje Criminosa;
• Área 33 – 21,42 ha – sobreposta à APA Azeda;
• Área 34 –141,52 ha - sobreposta à ZCVS5(1);
• Área 35 – 0,4 ha – Ilha do Caboclo;
• Área 36 – 89,60 ha -sobreposta à ZCVS5(3) e AEIA 3;
• Área 37 – 141,6 ha - sobreposta à ZCVS5(2) e ZCVS 7,5(6);
• Área 38 – 2,81 ha – Ilha “sem nome”;
• Área 39 - 3,97 ha – Ilha “sem nome”;
• Área 40 –sobreposta à APA do Pau Brasil.

Além das UCs estaduais, Armação dos Búzios possui oito UCs municipais, sendo duas
delas inseridas, conforme já relatado, nos limites do PECS. Importa chamar atenção
ao fato de que mesmo inserida nos limites do PECS estas UCs não foram extintas
por lei como preconiza o SNUC – Lei 9985/2000, tendo ainda, portanto, existência
concreta na concepção da prefeitura municipal. As UCs municipais são:
1. Parque Natural Municipal Lagoa do Geribá
2. Parque Natural Municipal da Lagoinha
3. Parque Natural Municipal da Ponta do Criminoso
4. Parque Natural Municipal da Boca da Barra
5. Área de Proteção Ambiental da Azeda
6. Parque Natural Municipal dos Corais
7. Área de Preservação Ambiental e da Pesca Artesanal do Município de Armação dos Búzios
8. APA Marinha – Litoral Buziano

70
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Sobre as UCs municipais, algumas não constam nos cadastros oficiais (CNUC e ICMS Ver-
de), como é o caso dos Parques da Ponta do Criminoso e da Boca da Barra. Assim, estas
UCs apareceram somente na fase do levantamento bibliográfico e ou quando citadas
pelos participantes do GLMA. Além disso, algumas UCs não possuem arquivos espaciais
de seus limites, ou os mesmos não estavam disponíveis, assim dificultando a análise de
sobreposição das mesmas.
As UCs que dispunham de limites espaciais e que constam no Mapa Falado são
o Parque Natural Municipal Lagoa do Geribá, o Parque Natural Municipal da La-
goinha, a Área de Proteção Ambiental da Azeda e o Parque Natural Municipal dos
Corais. A análise que segue é sobre estas UCs.
• Há sobreposição da APA da Azeda e do Parque da Lagoinha com o Parque
Estadual da Costa do Sol;
• Há justaposição do Parque dos Corais com o PECS.
• Duas UCs influenciam trechos marítimos, são elas a APA do Pau-Brasil e o
Parque dos Corais.
• O Parque da Lagoa de Geribá não está sobreposto a nenhuma outra UC.

6.3.1 Zoneamentos e Plano Diretor municipal


frente aos pontos de conservação e recuperação
apontados pelo Mapa Falado

Com relação ao ordenamento ambiental instituído pelo Plano Diretor, a lei que ins-
tituiu o Plano Diretor (Lei Complementar nº13/2006) estabelece sete categorias de
zonas voltadas ao ordenamento municipal (Art. 32):
• Zonas de Conservação da Vida Silvestre
• Zonas de Ocupação Controlada
• Zonas Residenciais
• Zonas Comerciais
• Zonas Urbanas Tradicionais
• Zonas Especiais
• Zona Econômica Ecológica

71
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Analisando-se a sobreposição do PECS sobre o ordenamento municipal, em es-


pecial sobre as Zonas de Conservação da Vida Silvestre (ZCVS) 5 e 7,5, instituí-
das pelo Plano Diretor, observa- se conflitos de usos entre o zoneamento mu-
nicipal e os objetivos da categoria Parque, uma vez que são consideradas ZCVS
pelo Plano Diretor as áreas que abrigam sítios naturais raros e de grande beleza
cênica, ou ecossistemas naturais de importância regional ou local, na qual o
parcelamento da terra e a ocupação urbana estão condicionados ao licencia-
mento ambiental e serão, obrigatoriamente, objeto de Relatório de Impacto
de Vizinhança. Ou seja, pelo Plano Diretor essas áreas são passiveis de uso
desde que devidamente licenciadas. Nesse caso, no PECS, a região da praia do
Forno/Brava e da Ponta da Ferradurinha (excluída a Ponta de Geribá), as Praias
da Tartaruga/Amores, são áreas consideradas ZCVS 5(1) e ZCVS 7,5(6) e a AEIA
2 – Ponta Boca da Barra-Ponta Ferradurinha e a AEIA 3 – Tartaruga – também
se encontram nos limites do PECS. Além da sobreposição total do PECS à APA
Municipal Azeda.
Fica claro, na teoria, mas não na prática, que ao inserir áreas da ZCVS nos li-
mites do PECS cessa-se o direito de uso e ocupação nesta área, na medida em
que, pela Legislação do SNUC (Lei 9985/2000), está dito que as áreas inseridas
em Parques Naturais não são passiveis de uso direto e nem ocupação, sen-
do necessário proceder a desapropriação, exigindo por parte do poder público
municipal atitudes relativas ao não licenciamento de obras ou ampliações nes-
sas áreas. Com isso há uma “transferência” dos conflitos inerentes à categoria
parque, que no caso do PECS é gerido pelo Estado, para o município.
Pelo art. 76 do Plano Diretor, a Zona de Conservação da Vida Silvestre 5 (ZCVS
5) inseridas em duas áreas do PECS tem como diretriz: a) preservar o patrimô-
nio ambiental e paisagístico; b) criar ou ampliar parques municipais, com vistas
a garantir a fruição da paisagem e a valorização do ecoturismo ou turismo de
aventura; c) incentivar a ocupação por empreendimentos e equipamentos as-
sociados à atividade turística, visando democratizar a fruição desse patrimônio;
d) promover ocupação de baixíssima densidade, preservando a paisagem e o
cenário, através do lote mínimo de grandes dimensões e da instituição de dis-
tância mínima obrigatória entre as unidades construídas; e) garantir a preserva-
ção das trilhas e acessos consolidados aos espaços protegidos, em especial as
praias, lagoas e costões rochosos, e promover sua qualificação para a visitação
turística e o acesso público; f) valorizar a identidade arquitetônica através da
redução da área edificada no segundo pavimento das edificações. Ou seja, a

72
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

ZCVS 5 é uma zona de harmonização da ocupação com parâmetros urbanísticos


adequados a ocupação de baixo impacto considerando que as áreas inseridas
na ZCVS5 são de sítios raros, beleza cênica e ecossistemas naturais, mas sem
proibição de ocupação. Já a Zona de Conservação da Vida Silvestre 7,5 (ZCVS 7,5)
instituída pelo Plano Diretor difere da ZCVS 5 apenas na questão da promoção
da ocupação mais esparsa, através da baixa taxa de ocupação. O art. 77, § 2º,
do Plano Diretor é taxativo ao afirmar que “fica estabelecido o número máximo
de 8 (oito) unidades autônomas, para o grupamento de edificações, em condo-
mínio, localizado na Zona de Conservação da Vida Silvestre 5 (ZCVS 5) e na Zona
de Conservação da Vida Silvestre 7,5 (ZCVS 7,5)”, revelando de fato o conflito de
usos estabelecidos entre o Plano Diretor do Município e o PECS.
Fazendo-se uma leitura mais apurada do Plano Diretor do Município de Arma-
ção dos Búzios percebe-se claramente uma enfática preocupação com regras e
regulamentos que visem à preservação ambiental, que por sua vez é entendida
como uma estratégia para consolidar e manter a vocação turística do municí-
pio. Em outras palavras, a preservação ambiental não só é indissociável como
é a força-motriz para o desenvolvimento econômico, já que é a partir da pre-
servação do ambiente natural e, por consequência, da valorização da paisagem
característica do município, que se teria garantido, segundo o Plano Diretor, o
turismo e, portanto, o desenvolvimento econômico.
É interessante salientar que a preocupação com a preservação ambiental já se
fazia presente, pois quatro anos após a emancipação do município, em 1999,
foi contratado o IBAM para a elaboração da Lei de Uso e Ocupação do Solo,
que vigorou até 2006. O artigo 5º do Plano Diretor de Armação dos Búzios,
aprovado em 2006, determinou que “as estratégias relativas à preservação
ambiental e cultural visam proteger como patrimônio os atributos ambien-
tais, ecológicos e cênicos do município e transformar Armação dos Búzios em
uma cidade referência da preservação do Meio Ambiente (FGV / PMAB, 2006)”.
Uma questão imprescindível de ser analisada é a urbanização vinculada ao
turismo e à incorporação de novas áreas para uso exclusivamente sazonal. A
principal característica observada é a total desvinculação dos donos das habi-
tações sazonais com o município. Tais ocupações são voltadas para a máxima
exploração dos valores paisagísticos ligados à praia e ao mar, causando a eli-
minação dos demais valores paisagísticos e ambientais, como barras de rios,
manguezais e matas (Revista Eletrônica Sistemas & Gestão Volume 6, Número
3, 2011, pp. 347- 365).

73
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

A maior parte das áreas apontadas como prioritárias para a conservação e


recuperação da Mata Atlântica em Armação dos Búzios já é considerada Áre-
as Especiais de Interesse Ambiental (AEIA) pelo Plano Diretor Art. 33 ou está
inserida em Zona de Ocupação Controlada (ZOC) ou em Zonas Especiais (ZE).
Ainda de acordo com o documento, as ZOCs estão relacionadas à ocupação
de encostas e dos morros cobertos de vegetação já comprometidos com ocu-
pação urbana, onde, segundo o Plano Diretor, deverão ser minimizados pos-
síveis impactos negativos das edificações na paisagem e no meio ambiente,
podendo ser exigidos estudos de impacto ambiental e de vizinhança.
Segundo a percepção dos participantes do Grupo Local da Mata Atlântica, a
ZOC em Armação dos Búzios está em sua imensa maioria na mão de parti-
culares e sob pressão para ocupação total e, apesar de respeitar “condicio-
nantes ambientais”, não prevê em alguns casos desapropriação, dificultando
muito o cumprimento dos parâmetros estabelecidos.
As Zonas Especiais são constituídas por quatro subdivisões, correspondem
a áreas que contêm sistema de alagados e brejos, nas quais a aprovação de
projetos de loteamento será submetida ao EIA/RIMA, e os demais parcela-
mentos da terra, bem como empreendimentos situados em lotes superiores
a 1000 m², estarão condicionados ao Licenciamento Ambiental (LA), nos ter-
mos do disposto neste Plano Diretor.
Já a Área de Especial Interesse Ambiental (Art. 33 P.D.) é aquela que abriga
concentração de áreas protegidas por legislação ambiental e outras áreas
que, dentro do conceito de mosaico, possibilitarão a formação de corredores
ecológicos, potencializando a preservação ambiental no município, devendo
ter seus instrumentos de gestão regulamentados no Código Ambiental, com
parâmetros urbanísticos mais restritivos.
Desse modo, constituem estratégias para as áreas identificadas como de
especial interesse, para intervenção urbanística ou preservação ambiental
(Art. 13) as seguintes ações:

I. Recuperação de áreas degradadas;


II. Estabelecimento de restrições específicas quanto à preservação ambien-
tal das áreas;
III. Implantação de equipamentos ou espaços de interesse coletivo;

74
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

IV. Exploração do potencial turístico;


V. Criação de novos polos de atratividade comercial;
VI. Implementação de programa de regularização fundiária de interesse social.
VII. Interligação dos componentes do sistema de áreas verdes.

Segundo o art.78 do Plano Diretor, que “institui diretrizes e programas de


ações para as Áreas de Especial Interesse para fins de preservação e recupe-
ração das áreas e fortalecimento de um desenvolvimento urbano equilibra-
do e sustentável do Município”, todas as AEIA têm em comum as seguintes
diretrizes e programas:

• Valorização do raro patrimônio geológico, arqueológico, natural e am-


biental protegido por legislação federal, estadual e municipal;
• Implantação de trilhas e mirantes;
• Recuperação de áreas degradadas;
• Criação e/ou implantação de Parques Naturais Municipais;
• Elaboração de Plano de Manejo dos PNMs.

Analisando-se o Mapa Falado produzido pelo Grupo Local da Mata Atlântica,


os pontos 1 e 2 de Conservação e os pontos 1 e 3 de recuperação eleitos pelo
GLMA como estratégicos, são respectivamente a área da Praia Gorda, o Man-
gue de Pedra e a Ponta do Pai Vitório (restinga, reserva de Pau-Brasil). Esses
pontos foram considerados estratégicos para a conservação e recuperação
conforme já mencionado e já são considerados pelo Plano Diretor do municí-
pio como AEIA-4 (Arpoador da Rasa/Praia Gorda), tendo como diretriz a cria-
ção/implantação do Parque Municipal da Praia Gorda-Ponta do Pai Vitório e
a regularização fundiária, urbanística e edilícia. Nesse sentido, o GLMA veio
enfatizar o cumprimento do Plano Diretor.
Segundo o GLMA, o conflito evidenciado se arrasta desde que o proprietá-
rio da maior área, cerca de 350.000m², área que abriga o mangue de pedra
na Praia Gorda, mais especificamente no Arpoador da Rasa, apresentou o
projeto de um grande empreendimento imobiliário, que foi licenciado, mas
logo depois teve a licença caçada pelo próprio município apesar do parecer

75
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

favorável do Inea. Os proprietários conseguiram derrubar o embargo muni-


cipal. As ONGs locais denunciaram o empreendimento ao Ministério Público
exigindo que no local fosse criada uma Unidade de Conservação de Proteção
Integral.
Uma parte da área é considerada área quilombola e está em processo de
titulação. Além disso, é a área também é considerada um importante ponto
de pesca. Tanto os quilombolas quanto os pescadores são favoráveis à cria-
ção de uma Unidade de Conservação da categoria Reserva Extrativista. Há
indicação também, por parte de pesquisadores da UERJ, de reconhecimento
da área como geoparque e patrimônio da Unesco.
O conflito mencionado ilustra bem os desafios para a conservação da Mata
Atlântica no município que possui a quase totalidade dos remanescentes nas
mãos de particulares, como é o caso também do Alto da Marina (Ponto de
Conservação nº 06), área de mata fechada com alto grau de biodiversidade
com presença de maritacas e alvo de projetos de loteamento.
Segundo o GLMA, apesar de a legislação municipal ser avançada, ela tem se
mostrado pouco eficiente em função da pressão do setor imobiliário. Além
desse fator, há também a insuficiência de recursos, a ausência de incentivos
econômicos para conservação de áreas naturais privadas, a ausência de ar-
ticulação entre os órgãos públicos envolvidos, conflitos de legislação e com-
petências, juntos colaboram para o enfraquecimento da gestão ambiental.
O GLMA percebe também que a conservação dos recursos hídricos pelo Pla-
no Diretor e Lei do Uso do solo não é suficiente para assegurar a conserva-
ção dos brejos, áreas alagadas, lagoas e demais corpos hídricos dos municí-
pios, que vêm sofrendo drenagens e ocupações.
Nesse sentido, a maior parte das áreas para a conservação indicadas pelo
GLMA são as áreas brejosas, como o brejo da área do Instituto Federal e o
da praia de Manguinhos; as lagoas de Armação dos Búzios, algumas trans-
formadas em Unidade de Conservação mas sem efeito na gestão; as áreas
alagadas, como a lagoa intermitente e a área alagável que leva água doce
para o mangue de pedra; área de alagados como os alagados da Marina
que recebe a água de Cem Braças; os alagados da área da Universidade
Veiga de Almeida que ainda possui mata fechada e lagoa (ou seja 90%
APP); os alagados estratégicos para a drenagem dos bairros Tucuns e Cem
Braças, dentre outros.

76
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

As áreas de brejos, alagados e lagoas do município estão em áreas privadas


e são alvos de grandes empreendimentos, que investem em condomínio em
formato de ilhas com lotes de 360m² e 70% de taxa de ocupação pelo Plano
Diretor. O empreendimento apontado pelo GLMA está em fase de licencia-
mento no Inea e, se for aprovado, segundo o GLMA, salinizará a água doce
do brejo (vide Ponto de Conservação nº 07 no Mapa Falado). Ainda de acordo
com o GLMA, existe uma ação civil pública, apresentada por ONGs ao Minis-
tério Público, que caso a mesma seja concedida, caçará a licença do referido
empreendimento.
A pressão para ocupação dos recursos hídricos do município e a incapacida-
de de assegurar a conservação destes através apenas do Zoneamento am-
biental junto ao Plano Diretor ou mesmo pela legislação estadual ou federal
chamam a atenção, uma vez que o próprio Plano Diretor instituiu diversas
categorias de AEIAs, com indicação de criação de parques, com o objetivo de
institucionalizar a conservação dos recursos hídricos conforme já relatado.
Nesse sentido, o Plano Diretor instituiu a AEIA-1 que corresponde à Ponta
da Lagoinha/Ponta do Criminoso, com indicação de implantação do Parque
Natural Municipal da Lagoinha; a AEIA-2 que corresponde à Ponta Boca da
Barra/Ponta da Ferradurinha com indicação de criação e Implantação dos
Parques Naturais Municipais das Poças e Ponta da Boca da Barra; a AEIA-3,
que corresponde ao Canto e à Tartaruga, com indicação de implantação do
Parque da Lagoa do Canto, prevendo inclusive a implantação de projeto de
recuperação e requalificação da Lagoa do Canto e seu entorno e recuperação
e revitalização do Mangue da Ponta do Barreiro; a AEIA-6, que corresponde à
Lagoa de Geribá, com indicação de implantação do Parque Lagoa de Geribá
e recuperação da vegetação de mata ciliar.
Grande parte das indicações apontadas no Plano Diretor foi reforçada pelo
GLMA frente às ações de conservação e recuperação da Mata Atlântica. Os remanescen-
tes existentes em áreas de condomínios implantados e fazendas na região da
APA do Pau-Brasil foram também alvos de preocupação do GLMA, por serem
considerados estratégicos para a conservação, como por exemplo, o Condo-
mínio Caravelas (Pinta/ Nina/Santa Maria) que possui vegetação semelhante
à da Serra das Emerências, e os remanescentes da Fazenda Coqueiral com
presença da espécie de jaguarundi, considerada inclusive área indicada para
corredor da Mata Atlântica Municipal, ambas as áreas inseridas nos limites
ZCVS pelo Plano de Manejo da APA do Pau-Brasil.

77
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Para o GLMA, a Zona de Conservação da Vida Silvestre da APA do Pau-Brasil


deveria ter demarcação física para evitar invasões de grileiros e ou projetos
de adensamento dos próprios proprietários, como ocorre com as áreas par-
ticulares (vide Ponto de Conservação nº 14 e Ponto de Recuperação nº 11),
que são alvo de invasões ou ocupações irregulares muitas vezes promovidas
por milícias da região. Um caso emblemático segundo o GLMA é a ocupação
de uma área estratégica para a conservação na Serra das Emerências por
onze famílias de colonos agrícolas, como consequência de partilha entre os
filhos. A Serra das Emerências é considerada ZCVS da APA do Pau-Brasil.
Essa ocupação vem ocasionando adensamento/loteamento informal e venda
para pessoas de fora, gerando ocupação ilegal. Segundo o GLMA, o PECS foi
criado sobre áreas consideradas ZPVS da APA do Pau-Brasil, gerando uma
interpretação de que a ZCVS da APA estaria liberada para a ocupação.
Ainda segundo o GLMA, prefeitura necessita de uma ação integrada com
outros órgãos para atualizar na fiscalização e controle, principalmente nos
casos de invasão, em função da complexidade do conflito que envolve milícia
e tráfico. Além disso, e por entender também que a gestão da área fica sob
responsabilidade do Inea a partir da criação do Parque Estadual da Costa do
Sol, o município não tem pessoal suficiente para fiscalizar e nem atribuição
legal para autorizar sozinho construções em ZCVS, segundo o Plano de Ma-
nejo da APA, as autorizações em ZCVS devem passar pela anuência do Inea.
Outra indicação do GLMA como estratégica para a conservação foi o Costão
da praia de João Fernandes formado por estepe arbórea aberta. O GLMA
sugeriu a criação de um parque municipal ou um monumento natural, ou
ainda a revisão do Plano Diretor, estabelecendo-o como uma ZPVS. A área já
é tombada pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (Inepac) e não há
legislação municipal que assegure a conservação de costões rochosos.
Sob o ponto de vista da conservação da Mata Atlântica, observando-se as
propostas do GLMA, percebe-se que não houve preocupação em delinear um
grande corredor, e sim em assegurar alguns núcleos de fragmentos próxi-
mos com possibilidade de conexão, formando aglutinações de áreas.
Com relação à recuperação, percebe-se de uma forma geral uma grande preocupação em
indicar áreas estratégicas no entorno ou nas bordas dos fragmentos apontados para a con-
servação. Nesse sentido, três destas áreas apontadas chamam atenção: o alagado da Ma-
rina, que foi indicado para criação de uma UC, há uma grande preocupação por parte dos
participantes desta área vir a se tornar um empreendimento; o brejo da Malhada, onde

78
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

ocorria extração de areia, e para o qual, segundo o GLMA, tem que ser cobrado o Plano de
Recuperação de Área Degradada; e o chamado de Ponta da Sapata, que é um fragmento
com aproximadamente 100 hectares que não foi inserido nos limites do PECS.

6.4 Outras considerações sobre o cenário atual da Mata


Atlântica em Armação dos Búzios
As áreas apontadas para conservação são os fragmentos existentes no município
que ainda não estão sob proteção de unidades de conservação; já as áreas apon-
tadas para recuperação estão sempre nas bordas destes fragmentos.
O GLMA apontou como pontos ou atrativos turísticos os seguintes locais ou ati-
vidades: Praia de João Fernandes; Ilha Branca; Praia Brava; Mirante Praia Brava;
praias do Forno e da Foca; Ponta da Lagoinha (caminho Himalaias); Praia da Fer-
radura; Praia da Ferradurinha; Praia de Geribá; Lagoa da Helena; Praia da Azeda/
Azedinha; Praia dos Ossos e Igreja de Sant’Ana; Praia da Armação; Orla Bardot,
rua das Pedras, praia do Canto, praça Santos Dumont e píer do centro; Praia da
Tartaruga;; Centro gastronômico Porto da Barra e praia de Manguinhos; Praia
Rasa; Praia Gorda, Ponta do Pai Vitório e Mangue de Pedras; Praia Tucuns; Praia
Olho de Boi (naturismo); Serra das Emerências; Praia de Zé Gonçalves; Praia Ca-
ravelas e Igreja de Nossa Senhora Desatadora dos Nós.
Ainda na análise do GLMA, são potenciais pontos ou atrativos turísticos alguns
mirantes, como o de João Fernandes e o de Geribá, além dos identificados como
pontos i09 e i11 (vide Mapa Falado); as trilhas ecológicas (vide pontos i12, i22,
i35); o Lago do Canto; o Píer Ponta da Sapata; a Ilha Rasa; a comunidade quilom-
bola (potencial turístico e cultural); o Campo de Golf; o Centro Hípico e o Centro
de Velas (prometido).

79
7
Mapeamentos
produzidos na
elaboração do
PMMA de Armação
dos Búzios

7.1 Uso do Solo


Os mapas de uso do solo indicam como se encontra a cobertura do terreno em
relação à sua ocupação e sua evolução ao longo do tempo. Apontam como ocorre
o crescimento das cidades através do zoneamento urbano, o aumento ou dimi-
nuição da área de cobertura florestal, a expansão ou encolhimento de áreas agrí-
colas, instalação de novos empreendimentos ou como anda a situação de uma
determinada atividade econômica, dentre várias outras informações.
No caso dos PMMAs, esses mapas auxiliam o conhecimento das áreas com ou sem
floresta que podem ser utilizadas para fins de conservação de forma planejada pela
identificação de áreas potenciais para Unidades de Conservação ou de implantação
de Corredores Ecológicos e áreas para recuperação.

80
Figura 7.1.1 – Mapa de Uso do Solo do município de Armação dos Búzios

81
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

82
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

7.2 Áreas Preservação Permanente


Essas áreas são consideradas não edificantes e não aconselháveis para a agricultura
e outras atividades devido à sua reconhecida importância pela função ecológica e
ambiental na preservação de nascentes, rios e encostas; por garantirem a biodiver-
sidade através da flora e da fauna, fazendo com que sementes dispersas regenerem
novas matas ou sirvam de alimento para animais; pela garantia de água no subsolo;
e por evitar que corpos d’água sejam assoreados pela erosão.
As APPs são relevantes para a elaboração dos PMMAs, uma vez que são prioritárias
no planejamento e criação de Unidades de Conservação e Corredores Ecológicos,
peças fundamentais de interligação entre as APPs.

Figura 7.2.1 – Mapa de APP do município de Armação dos Búzios

83
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

84
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

7.3 Vertentes
Os mapas de vertentes são importantes quando associados aos mapas de uso do
solo e de declividade em função do tipo de cobertura vegetal – se florestal ou de
pastagem, por exemplo – e quando associados a informações como tipo de solo e
exposição ao sol ao longo do dia, pois indicam quais áreas potencializam o sucesso
do reflorestamento e quais áreas possuem maior risco de incêndio florestal. Essas
informações são consideradas fundamentais quando se planeja a criação de áreas
de florestas para conservação ou outras a serem recuperadas.

Figura 7.3.1 – Mapa de vertentes do município de Armação dos Búzios

85
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

86
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

7.4 Bacia Hidrográfica


O conceito utilizado para definição de microbacias hidrográficas, segundo o Programa Rio-Rural é:
“do ponto de vista físico, uma microbacia é uma unidade geográfica delimitada por uma rede de
drenagem (córregos e águas subterrâneas) que deságua em um rio principal. Sob o aspecto es-
tritamente geográfico, pode ser classificada como uma pequena bacia hidrográfica. No entanto, o
conceito de microbacia tem como diferencial uma abordagem voltada para a inclusão social e o
exercício da cidadania, a partir da gestão sustentável dos recursos naturais, principalmente da água”.
Já para Castro da Costa (2008), sub-bacias são compartimentos para o gerenciamento ambiental, pos-
sibilitando o monitoramento hidrológico, a conservação do solo e a disciplina do uso da terra, para
produção de água em qualidade e quantidade, proteção da biodiversidade e a produção sustentável.
Para a área de análise dos PMMAs Lagos São João e Rio das Ostras, utilizou-se das bacias hidrográ-
ficas disponibilizadas pelo Programa Rio-Rural. No entanto, os municípios contemplados por este
programa são Silva Jardim, Saquarema, Rio Bonito, Casimiro de Abreu, Cabo Frio e Araruama. A fim
de complementar as análises nos municípios restantes (São Pedro da Aldeia, Rio das Ostras, Maricá,
Iguaba Grande, Arraial do Cabo e Armação dos Búzios) foram utilizadas as sub-bacias geradas pelo
estudo de Castro da Costa (Castro da Costa, Thomaz C. et. al. Um indicador de vulnerabilidade para
sub-bacias hidrográficas (Geografia – v.17, n.2, jul./dez. 2008 – Universidade Estadual de Londrina,
Dep. de Geociências).

Figura 7.4.1 - Mapa de Bacia Hidrográfica do município de Armação dos Búzios

87
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

88
8
Áreas Prioritárias
para Conservação
e Recuperação

8.1 Identificação, classificação e mapeamento


das áreas prioritárias para conservação
e recuperação da Mata Atlântica

Identificar as áreas para a conservação é um exercício voltado para o reconhecimen-


to daqueles locais ou regiões que possuem atributos naturais bastante expressivos
e, por vezes, únicos. A definição de uma área como prioritária para a conservação
deve estar baseada na ideia de manutenção, no cuidado de preservar as caracte-
rísticas existentes e proteger a atual função ambiental desempenhada. São áreas
normalmente bem preservadas, que devem ser mantidas para que o equilíbrio eco-
lógico seja resguardado.
As áreas para recuperação possuem características bem distintas das indicadas para
conservação, pois são áreas que possuem algum grau de degradação e preconizadas
para que sejam reparadas. De acordo com o SNUC (Lei nº 9.985/2000), a recupera-
ção de uma área visa a restituição de um ecossistema e/ou uma população silvestre
a uma condição de não degradada, que pode ser diferente da sua condição original.
O importante é sanar a condição de degradação, restaurando o equilíbrio e a função
ambiental da área.
O processo participativo utilizado para a elaboração dos Planos Municipais de Mata
Atlântica na Região Lagos São João e Rio das Ostras provocou os participantes do

89
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

GLMA nas oficinas a identificarem em seus municípios as áreas prioritárias para


conservação e recuperação através dos Mapas Falados, o que contribuiu para um
diagnóstico cada vez mais real da situação atual e da realidade local. O cruzamento
dessas informações com os dados secundários integrando a metodologia técnica
utilizada para a validação das áreas prioritárias acabou por representar um com-
plemento importantíssimo para o resultado final e uma ferramenta de tomada de
decisão por parte dos gestores públicos.
Sendo assim, as Áreas Prioritárias para Conservação e Recuperação da Mata Atlân-
tica no âmbito dos PMMAs foram identificadas em dois momentos distintos. O pri-
meiro, a partir do Mapa Falado construído nas oficinas participativas; o segundo, a
partir do cruzamento de vários dados e informações secundárias utilizando técnicas
de geoprocessamento e análise multicritério, conforme será descrito a seguir. As
duas metodologias são complementares, criando resultados que representam a re-
alidade dos municípios.
Com o objetivo de construir uma base de dados geográficos para identificar, clas-
sificar e mapear as áreas prioritárias para conservação e recuperação da Mata
Atlântica, para subsidiar os PMMAs, utilizou-se o software ArcGis, que faz o ma-
peamento e o cruzamento das informações.
Para construção da base de dados foram utilizados materiais cartográficos que pos-
suíssem temas referentes à Mata Atlântica, disponibilizados pela Coordenação do
PMMA Lagos São João e Rio das Ostras e por órgãos oficiais, cujos relacionamentos
em ambiente SIG (Sistema de Informações Geográficas) possibilitassem o proces-
samento capaz de permitir análises multicritério que resultassem na definição das
áreas prioritárias. Trata-se de uma ferramenta que pode ter grande utilidade nos
processos decisórios em políticas públicas, em situação em que as decisões preci-
sam se pautar por critérios técnicos objetivos e transparentes, conforme descrito a
seguir. A metodologia proposta será descrita em quatro etapas, além do resultado e
das conclusões finais.

1ª ETAPA: Organização das bases de dados geográficos


e cartográficos disponibilizados por órgãos oficiais

Conforme anteriormente exposto, as fontes de dados e informações cartográficas


e espaciais foram o IBGE, a SEA, o Inea, a Fundação Ceperj, o MMA e as prefeituras

90
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

municipais. Foram utilizados ainda os seguintes materiais: Ortofotos do Estado do


RJ – Ano 2005 e 2006, e Ortofotos do Projeto de definição do Plano de Alinhamento
e Orla e Faixa Marginal de Proteção da Lagoa de Araruama - Ano 2009.
As ortofotos são fotografias aéreas que passam por um processo chamado de reti-
ficação, o que a isenta de distorções devido à geometria (posição e inclinação) e do
deslocamento devido ao relevo. Trata-se de um material cartográfico bastante pre-
ciso, pois nelas são corrigidas todas as deformações presentes na fotografia aérea,
além disso equivalem geometricamente ao mapa de traço, onde todos os pontos se
apresentam na mesma escala, podendo seus elementos serem medidos e vetoriza-
dos com precisão. É possível medir distâncias, posições, ângulos e áreas, como num
mapa qualquer, também sendo georreferenciada e projetada cartograficamente.

• Imagens Orbitais do Satélite RapidEye adquiridas para o Inventário Florestal do ERJ- ano 2012

As imagens de satélite são importantes ferramentas para o planejamento, moni-


toramento e gestão do uso do solo. Aquelas utilizadas neste trabalho são imagens
ortorretificadas, com composição colorida, que representam as cores reais visíveis
ao olho humano. Estas imagens, após a ortorretificação, possuem uma resolução
espacial de 5m, resultando em imagens corrigidas com precisão de detalhes com-
patível com escala 1:25.000. Formam a base de informações mais atualizada que o
Estado do Rio de Janeiro possui disponível.
• Base Cartográfica 1:25.000 – Em andamento
• Base Cartográfica 1:50.000 – Décadas de 1960 e 1970
• Base Cartográfica 1:100.000

As bases cartográficas são uma representação do espaço real em um meio em


que esse espaço possa ser visualizado. Constituem a representação gráfica dos as-
pectos do ambiente, como relevo, vegetação, hidrográfica, edificações, arruamen-
to etc. Quanto maior a escala, mais detalhes podem ser percebidos. No presente
trabalho, optou-se por utilizar as bases disponíveis no estado e que se tornaram
fontes de informação complementares para diferentes análises.
• Unidades de Conservação da Natureza/ICMBio – Ano 2013
• Unidades de Conservação da Natureza/INEA – Ano 2014

91
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

• Unidades de Conservação da Natureza/prefeituras – Ano 2014


• Temas gerados para o projeto Estado do Ambiente – Ano 2010
• Temas gerados para o mapa de Áreas Prioritárias para Conservação, Uso
Sustentável e Repartição dos Benefícios da Biodiversidade Brasileira do Mi-
nistério do Meio Ambiente – Ano 2007
• Áreas de Preservação Permanente – Ano 2014
• Dados e informações geográficas e cartográficas secundárias, disponíveis em
meio digital, por diferentes projetos do governo federal, estado e municípios

Os limites das unidades de conservação, os temas produzidos para os projetos e


as Áreas de Preservação Permanente mapeadas especificamente para os PMMAs
estavam disponíveis em formato shape file nativo do software ArcGis 10.2, utilizado
no desenvolvimento deste trabalho.

Nota sobre escalas de origem e saída dos produtos


Em relação à escala cartográfica, o Mapeamento das Áreas Prioritárias partiu da de-
finição da escala que disponibilizava a maior quantidade de informações que poderiam
interagir em ambiente SIG (Sistema de Informações Geográficas). A escala de 1:50.000,
intermediária entre as de 1:100.000 e 1:25.000, atendeu inicialmente a esta condição.
As informações mapeadas em estudos anteriores, cujas escalas apresentavam menor
detalhe (1:100.000, por exemplo) foram inseridas no mapeamento através da tabela de
atributos. Desta forma, quando no mapeamento de menor detalhe (1:100.000) havia
indicação de área prioritária em um polígono gerado com menor detalhe, essa infor-
mação foi introduzida no mapeamento de maior detalhe (1:25.000), mesmo que o po-
lígono sem detalhe tenha sido representado/sobreposto por dois ou mais polígonos.
A generalização foi o processo cartográfico utilizado em situação inversa, ou seja,
quando houve necessidade de levar informações das geometrias que foram mape-
adas em escala de maior detalhe para polígonos delimitados em escala de menor
detalhe.
Sobre a escala de impressão, ou seja, de representação dos mapas, é impor-
tante ressaltar que, mesmo que a informação tenha sido produzida em uma escala
de 1:50.000 (acordada pelos organizadores do PMMA), optou-se por reduzir a escala
para a representação mais adequada, satisfatória e legível das informações, de acor-
do com o tamanho da prancha da impressão.
Percebe-se no Estado do Rio de Janeiro uma carência de material cartográfico,
principalmente bases, em uma escala de maior detalhe (1:10.000, 1:5.000 e 1:2.000)
ideais e mais adequadas para o planejamento municipal.

92
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Optou-se por utilizar o mesmo pano de fundo para representar os temas produzi-
dos, para isso foi gerado um mapa base utilizado em todas as figuras e mapas pro-
duzidos. O mapa base é composto pela camada de limite municipal oficial do Estado
do Rio de Janeiro, produzido pela Fundação CEPERJ, a camada de hidrografia (rios,
córregos, lagoas) da base cartográfica 1:100.000 do IBGE, os modelos digitais de ele-
vação de terreno do ERJ elaborado pelo Inea e o Aster-Gdem RJ.

Imagem 8.1.1 Mapa base da área dos 12 municípios dos PMMAs Lagos São João e Rio das Ostras

2ª ETAPA: Seleção de temas para análise multicritério


e definição das áreas prioritárias

Nesta etapa foram escolhidos os temas que seriam empregados para análise e iden-
tificação das áreas prioritárias, considerando as escalas disponíveis, a temática rela-
cionada à Mata Atlântica e às áreas protegidas.
Foram utilizados:

93
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

• Vegetação do bioma Mata Atlântica do mapeamento contínuo – Base Cartográ-


fica 1:25.000, produzida pelo SEA/IBGE;
• Áreas Prioritárias de Conservação e Recuperação do Estado do Ambiente/INEA;
• Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição dos Benefí-
cios da Biodiversidade Brasileira - Ministério do Meio Ambiente;
• Unidades de Conservação da Natureza Federais, Estaduais e Municipais -
ICMBio, INEA e prefeituras municipais;
• Áreas de Preservação Permanente - Código Florestal (Lei nº 12.651/2012).
A metodologia utilizada considerou técnicas de geoprocessamento para sobreposi-
ção, cruzamento e análise espaciais dos temas selecionados, melhor representada
na figura abaixo e descrita na sequência.

Esquema descritivo da metodologia utilizada


Polígono Polígono Polígono - 1ª Área Prioritária do PMMA

+
• Fragmentos de cobertura

=
MATA/FLORESTA ÁREAS PRIORITÁRIAS vegetal (conservação)
MANGUE CONSERVAÇÃO E • Áreas com potencial para recuperação
RESTINGA RECUPERAÇÃO
BREJO • Classificação a partir de estudos do INEA e MMA

Base cartográfica - 1:25.000 Estado do Ambiente - INEA

Extremamente Alta

Muito Alta Muito Alta


Informação
Tabular Alta Alta
Estado do Ambiente - INEA Ministério do Meio Ambiente

Em um primeiro momento, os polígonos da cobertura vegetal da base 1:25.000


(Figura 8.1.2) cujas classes se referiam à Mata Atlântica foram unidos aos polígo-
nos de áreas prioritárias para conservação e recuperação do Estado do Ambiente
(Imagem 8.1.3). Essa união gerou um polígono, chamado de 1ª Área Prioritária do
PMMA (Imagem 8.1.5), que foi sobreposto ao polígono de Áreas Prioritárias para
Conservação, Uso Sustentável e Repartição dos Benefícios da Biodiversidade Bra-
sileira do MMA (Imagem 8.1.6). Como resultado dessa sobreposição, foi produzida
uma camada que, devido à agregação das informações dos polígonos anteriores,

94
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

pode ser classificada de acordo com as prioridades de ação definidas pelo Minis-
tério do Meio Ambiente, assim como pelas ações de recuperação ou conservação
definidas no Estado do Ambiente, por conter essas descrições na tabela de atribu-
tos dos polígonos originais.
É importante entender que quando se trabalha em ambiente SIG (Sistema de Infor-
mações Geográficas) utilizam-se tanto as informações das geometrias (pontos, linhas
e polígonos que representam cartograficamente a localização dos dados) quanto as
informações tabulares que estão agregadas a estas geometrias.
Dessa forma, obtivemos as seguintes representações espaciais:

Imagem 8.1.2 Vegetação do bioma Mata Atlântica (Mata/Floresta, Mangue, Restinga e Brejo)

95
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Imagem 8.1.3 Áreas Prioritárias (AP) para Conservação e Recuperação do Estado do Ambiente

Imagem 8.1.4 Cruzamento entre vegetação do bioma Mata Atlântica


+ AP para Conservação e Recuperação

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Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Imagem 8.1.5 Primeiro polígono de Áreas Prioritárias do PMMA

Imagem 8.1.6 Áreas Prioritárias para conservação, uso sustentável


e repartição dos benefícios da biodiversidade

97
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Imagem 8.1.7 Cruzamento do primeiro polígono de Áreas Prioritárias do PMMA + Áreas


Prioritárias para conservação, uso sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade

Para refinamento das Áreas Prioritárias dos PMMAs, o primeiro polígono gerado
foi submetido à redução de sua área a partir da sobreposição com as Unidades de
Conservação da Natureza (UC) criadas pelas três esferas de governo, para o Grupo
de Proteção Integral de acordo com o SNUC (Lei Federal 9.985/2000), conforme es-
quema abaixo: ICMBio
UC de Geometria/Polígono
Proteção Integral Área Prioritária PMMA

- =
• Fragmentos de cobertura vegetal INEA
(conservação) UC de CONSERVAÇÃO
Proteção Integral E
• Áreas com potencial para recuperação RECUPERAÇÃO
• Classificação a partir de estudos
do INEA e MMA Prefeituras
UC de
Proteção Integral

Figura 8.1.1 Esquema descritivo da redução das áreas


das unidades de conservação de proteção integral

98
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Entende-se que as UCs de Proteção Integral, que têm como objetivo básico preser-
var a natureza, admitindo apenas o uso indireto dos recursos naturais, dispõem de
mecanismos de maior “protetividade” para o território, sendo então subtraídas das
Áreas Prioritárias (Imagens 8.1.8 e 8.1.9). O objetivo da redução foi separar estas
áreas, entendendo que este instrumento de proteção do território é mais completo,
principalmente por exigir a gestão da área protegida. Nesse sentido, permaneceram
as UCs de Uso Sustentável, que tem como objetivo básico compatibilizar a conserva-
ção da natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais, sendo
classificadas com base nas ações indicadas como prioritárias para conservação ou
recuperação (Imagem 8.1.10).
Embora, no Estado do Rio de Janeiro, as Reservas Particulares do Patrimônio Natural
(RPPNs) sejam consideradas como Unidades de Conservação de Proteção Integral,
optou-se por não as retirar, tendo em vista representarem pequenas porções do
território e não ter disponível todas as delimitações dessas áreas.

Imagem 8.1.8 Unidades de Conservação da Natureza


do grupo de Proteção Integral (federais, estaduais e municipais)

99
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Imagem 8.1.9 Unidades Cruzamento do 1º polígono de Áreas Prioritárias


com Unidades de Conservação da Natureza de Proteção Integral

Imagem 8.1.10 Áreas Prioritárias dos PMMA – Resultado dos cruzamentos e análise

100
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

O mapeamento das Áreas de Preservação Permanente (APPs), elaborado em base


cartográfica na escala 1:50.000, foi utilizado como referência para a caracterização
e validação das Áreas Prioritárias dos PMMA, tendo em vista as APPs serem um ins-
trumento essencial à política de preservação ambiental e corresponderem a locais,
que por indicação de normativas federais (leis e resoluções), estaduais e municipais,
devem ser preservadas e recuperadas quando estiverem degradadas.

3ª ETAPA: Classificação das Áreas Prioritárias dos PMMAs

Como resultado, tendo em vista que foram incorporadas à tabela de atributos as


informações oriundas das camadas de áreas prioritárias do Estado do Ambiente,
que as classifica como prioritárias para conservação ou recuperação e também as
informações originárias do Ministério do Meio Ambiente que caracteriza as áreas
em relação a prioridade de ação, foi possível classificar os polígonos das Áreas Prio-
ritárias dos PMMA, como sendo de Conservação (representadas em verde) ou de
Recuperação (representadas em amarelo) da Mata Atlântica, tendo assim o seguinte
resultado (Figura 8.1.11).

Imagem 8.1.11 Áreas Prioritárias dos PMMAs classificadas


(Conservação em verde e Recuperação em amarelo)

101
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Como forma de refinamento e incremento qualitativo das informações incidentes


sobre a área, foi possível classificar o polígono de Áreas Prioritárias dos PMMA utili-
zando, de maneira associada, as informações do MMA, sendo possíveis subdivisões
e a hierarquização das áreas prioritárias (Figura 8.1.12).

Imagem 8.1.12 Áreas Prioritárias associadas às informações do PMMA

4ª ETAPA: Validação da metodologia e complementação


das informações com base nas Oficinas Participativas

Com o objetivo de validação da metodologia descrita e complementando o processo


de identificação/mapeamento das Áreas Prioritárias utilizou-se as informações con-
tidas nos Mapas Falados, originárias das indicações feitas pelos participantes das
Oficinas Participativas nos municípios, para cruzamento com os polígonos de Áreas
Prioritárias PMMA.
Entende-se que a construção de uma percepção mais detalhada sobre a área, em
suas diversas dimensões, partiria do conhecimento empírico e técnico dos envolvi-
dos nas oficinas e que, a partir da soma de aprendizados e conhecimentos da reali-
dade local, detalharia melhor a escala de planejamento e análise dos planos.

102
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

As indicações de Áreas Prioritárias para Conservação e Recuperação foram georrefe-


renciadas para que pudessem ser cruzadas, utilizando técnicas de geoprocessamen-
to, e relacionadas espacialmente, conforme esquema a seguir:

Figura 8.1.13 Indicações de Áreas Prioritárias para Conservação e Recuperação georreferenciadas

Resultados e conclusões

O resultado do cruzamento dos três dados citados (Indicação dos Mapas Falados,
Áreas Prioritárias PMMA e Unidades de Conservação de Proteção Integral) mostrou
que aproximadamente 95% dos pontos indicados nos Mapas Falados estão contidos
nos polígonos das áreas prioritárias definidas a partir dos critérios técnicos, nas áreas
protegidas por unidades de conservação de proteção integral ou ainda, nas Áreas de
Preservação Permanente (Figura 8.1.14), caracterizando a legitimidade do método uti-
lizado e da escolha dos temas analisados.
Também foi possível observar que há maior intensidade de indicações de Áreas
Prioritárias para Recuperação nas margens dos rios, compreendendo o entendi-

103
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

mento de que as Faixas Marginais de Proteção (FMPs) / Áreas de Preservação Per-


manente (APPs) devem ser recuperadas de forma a garantir a qualidade ambiental
do corpo hídrico e criar conexões entre os fragmentos vegetais.
É importante salientar as indicações para ações de conservação e recuperação de
Áreas Úmidas. Essas, por força da dinâmica geo-hidroecológica que as constitui, de-
sempenham importante função ecológica na região.

Imagem 8.1.14 Resultado do cruzamento entre Áreas Prioritárias (APs), Unidades de Conservação (UC),
Indicações dos Mapas Falados (MF) e Áreas de Preservação Permanente (APPs)

O resultado desta análise intensifica o entendimento de que o conhecimento e o


reconhecimento do recorte do território, cujas ações de Conservação e Recuperação
devam ser priorizadas, estão postos.

8.2 Análise quantitativa da distribuição


das áreas prioritárias por município
Para representar de forma quantitativa a distribuição das Áreas Prioritárias, organizou-se
uma tabela com o total de Áreas Prioritárias para Conservação e Recuperação, para cada
município. Os dados quantitativos auxiliam o gestor público a mensurar suas ações no
território, sendo uma ferramenta essencial para o planejamento e execução de projetos.

104
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Quadro de áreas (ha) por Municípios dos PMMAs Lagos São João e Rio das Ostras

Áreas Prioritárias para Conservação e Recuperação por Município

Área Área Prioritária Área Prioritária Área Prioritária


Territorial Total Conservação Recuperação
Municípios
Hectares Hectares Hectares
Hectares (ha) (%) (%) (%)
(ha) (ha) (ha)

Araruama 63.731,60 27.285,51 42,81 6.915,08 10,85 20.370,44 31,96

Armação
6.988,16 1.464,68 20,96 1.252,12 17,92 212,56 3,04
dos Búzios

Arraial do Cabo 15.762,16 2.201,55 13,97 1.441,27 9,14 760,27 4,82

Cabo Frio 40.811,35 24.104,90 59,06 4.669,12 11,44 19.435,78 47,62

Casimiro de
46.413,42 38.743,18 83,47 16.374,51 35,28 22.368,67 48,19
Abreu

Iguaba Grande 4.960,36 423,59 8,54 420,84 8,48 2,74 0,06

Maricá 36.268,00 6.172,26 17,02 6.055,85 16,70 116,41 0,32

Rio Bonito 46.190,53 20.706,68 44,83 14.588,25 31,58 6.118,43 13,25

Rio das Ostras 22.978,83 4.815,98 20,96 4.583,47 19,95 267,98 1,17

São Pedro
33.825,88 14.666,64 43,36 3.749,88 11,09 10.916,76 32,27
da Aldeia

Saquarema 35.328,21 10.069,93 28,50 9.553,08 27,04 516,85 1,46

Silva Jardim 93.817,23 61.396,07 65,44 30.442,83 32,45 30.953,24 32,99

TOTAL 447.075,73 212.050,98 47,43 100.046,30 22,38 112.040,14 25,06

Observou-se que 47,43% da área total do território dos PMMAs Lagos São João e
Rio das Ostras é indicado para algum tipo de intervenção, seja ela de Conservação
(22,38%) ou Recuperação (25,06%).
Em todos os municípios há recomendações de Áreas Prioritárias para Conservação
e Recuperação, indicadas na tabela (pág 107). Casimiro de Abreu é o município com
maior área indicada como prioritária (83,47%) enquanto que Iguaba Grande foi o que
apresentou menor indicação de áreas, apenas 8,54% do total territorial.

105
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

O gráfico 8.2.1 apresenta a mesma informação, de forma mais didática e de fácil


comparação. Percebe-se que, na contabilização total, a porcentagem média de áreas
a serem recuperadas e conservadas são quase as mesmas, embora haja uma grande
diferença se comparadas aos municípios isoladamente.
É importante ressaltar que embora nos municípios de Iguaba Grande e Maricá as Áreas
Prioritárias para Recuperação não cheguem a 1%, isso não quer dizer que não tenham
que ser recuperadas outras porções do território. Conforme descrito na metodologia,
as Áreas de Preservação Permanente (principalmente as indicadas nas margens dos
rios), embora não constem como polígonos de recuperação, devem ser levadas em
consideração, não só por sua natureza, mas também por terem sido indicadas nas
oficinas participativas, através dos Mapas Falados.

Gráfico 8.2.1 Comparativo das Áreas Prioritárias para Conservação e Recuperação por município dos PMMAs

O município de Armação dos Búzios possui uma área territorial de 6.988,16ha, onde
20,96% são áreas indicadas como Prioritárias para Conservação e Recuperação. Des-
te total, 17,92% para Conservação e 3,04% são indicadas para Recuperação. A distri-
buição espacial dessa informação pode ser vista no mapa anexo e na figura a seguir.

106
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

Imagem 8.2.1 Distribuição espacial das Áreas Prioritárias do Município de Armação dos Búzios

Distribuição das Áreas Prioritárias para conservação


e recuperação de Armação dos Búzios

Áreas Prioritárias para Conservação e Recuperação por Município

Área Área Prioritária Área Prioritária Área Prioritária


Territorial Total Conservação Recuperação
Municípios
Hectares Hectares Hectares Hectares
(%) (%) (%)
(ha) (ha) (ha) (ha)

Armação
6.988,16 1.464,68 20,96 1.252,12 17,92 212,56 3,04
dos Búzios

107
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Imagem 8.2.2 Mapa de Áreas Prioritárias do município de Armação dos Búzios

108
9
Estratégia para
a Mata Atlântica
Região Lagos São
João e Rio das
Ostras: Corredores
Ecológicos
A opção pela projeção de corredores ecológicos é a estratégia priorizada no âmbito dos PMMAs
Lagos São João e Rio das Ostras para eficácia no desenvolvimento de ações de conservação e
recuperação do bioma Mata Atlântica em âmbito regional e municipal.
A projeção de corredores, portanto, atribui ao PMMA de Armação dos Búzios um papel de
destaque relacionado a outros instrumentos de planejamento do território, já que se torna
capaz de sinalizar as áreas prioritárias para orientar a adoção de políticas públicas municipais
no sentido da recuperação e conservação da Mata Atlântica, além de fortalecer as políticas
intermunicipais nesse sentido.
A noção de corredores ecológicos adotada no âmbito do plano tem como referência a con-
ceituação expressa no texto que institui o SNUC, que os considera como sendo “porções de
ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam
entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a re-
colonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam
para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais”
(BRASIL, 2000).

109
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

A projeção dos corredores regionais e microcorredores municipais considera a existência de


mosaicos de unidades de conservação e demais áreas protegidas nas regiões de influência do
PMMA Lagos São João e Rio das Ostras; a ocorrência de significativos fragmentos florestais; e
informações sobre o deslocamento de espécies nas áreas necessárias para o suprimento de
suas necessidades vitais e reprodutivas, além de informações sobre o uso humano dos recur-
sos naturais, dentre outros critérios que serão especificados adiante.
De acordo com o conceito de conservação, um importante aspecto nesse sentido está ligado
ao manejo do uso humano da natureza e ao fortalecimento de políticas que possam contri-
buir para a utilização sustentável dos recursos naturais. Assim, as áreas com uso humano po-
dem, também, estar associadas a práticas conservacionistas e contribuir para o fluxo gênico e
movimento da biota.
Nesse contexto, pode-se considerar que o corredor ecológico “ideal” criado no âmbito do
PMMA Lagos São João e Rio das Ostras, seria aquele capaz de orientar os municípios na imple-
mentação de ações de conservação e recuperação da Mata Atlântica de forma integrada com
as políticas locais de desenvolvimento econômico e social.
Dessa forma, a questão central no âmbito do PMMA é a identificação de áreas com potencial
para a criação de Corredores Ecológicos regionais e microcorredores ecológicos municipais.
Para tal, o trabalho conduzido nesse sentido pela equipe técnica do projeto mantém estreita
interação com o processo participativo realizado durante as oficinas locais, através dos re-
presentantes dos Grupos Locais da Mata Atlântica, em cada município envolvido, neste caso,
Armação dos Búzios.
Esse cruzamento utilizou os resultados da primeira Oficina Local (Mapa Falado), integrando
informações e conteúdos técnicos com inputs e percepções dos atores sociais locais acerca
do tema.

9.1 Definição de corredores ecológicos regionais


A seguir descrevemos a metodologia utilizada para definição de corredores ecológicos e apre-
sentamos os corredores projetados.
Ocorreu a seleção dos seguintes critérios para a definição dos corredores regionais:
• Fragmentos Florestais de Mata Atlântica (Floresta, Mangue, Restinga, Áreas Úmidas)
• Domínios Geomorfológicos
• Bacias Hidrográficas e Hidrografia
• Fitofisionomia

110
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

• Índice de Permeabilidade das Matrizes


• Índice de Conectividade Estrutural dos Remanescentes de Floresta
• Indicação do MMA
• Pontos de Conservação e Recuperação indicados no Mapa Falado
Posteriormente foram feitas as seguintes análises: I) Separação dos fragmentos florestais
visualmente contínuos, que apresentassem uma grande extensão e proximidade entre eles;
II) Análise da representação destes fragmentos nos domínios geomorfológicos e a relação
deles com o relevo, segregando os fragmentos que em sua maior parte estavam no mesmo
domínio e constituíam áreas com características geohidroecológicas semelhantes; III) Cruza-
mento desses fragmentos com as áreas definidas no projeto Estado do Ambiente como de
Permeabilidade Alta e Muito Alta, pois representam áreas onde a distância entre os frag-
mentos e a favorabilidade da matriz a tornam mais adequadas para a criação de corredores
e áreas com maior facilidade de regeneração; IV) Eliminação de fragmentos que não se en-
contravam nessas duas categorias, estavam isolados e com áreas menores do que 10ha; V)
Análise em relação à hidrografia, entendendo esta como elemento conector de biodiversi-
dade; VI) Cruzamento com a classificação da fitofisionomia, entendendo as particularidades
destes fragmentos em determinada região; VII) Cruzamento e análise comparativa com as
áreas de Conectividade Estrutural dos Remanescentes classificadas como Alta e Muito Alta,
entendendo que quanto mais alta conectividade, maior o interesse para a conservação, pois
possuem menores barreiras ao movimento da fauna; VIII) Avaliação das indicações de prio-
ridade definidas pelo Ministério do Meio Ambiente; IX) Pontos de Conservação e Recupera-
ção indicados pelo Grupo Local da Mata Atlântica de Armação dos Búzios no Mapa Falado.
Como resultado foram definidos três grandes corredores regionais na área de execução do
PMMA Lagos São João e Rio das Ostras, que servirão como subsídios para a definição dos
micros corredores ecológicos e municipais.
Corredor - C1: Abrange os Maciços Costeiros nas Bacias Hidrográficas do Complexo Lagunar
de Maricá e Guarapina e do Complexo Lagunar de Saquarema. Corresponde aos fragmen-
tos que mantêm preservadas áreas de cabeceiras de drenagem dos principais contribuintes
do Sistema Lagunar nos municípios de Maricá e Saquarema. As Lagunas representam um
importante papel na conectividade entre os fragmentos localizados ao norte e ao sul delas.
Corredor - C2: Corresponde aos fragmentos florestais das Bacias Hidrográficas do Rio São
João em sua maior parte, também estando nas Bacias do Jundiá, Caceribu e Macaé. Predo-
mínio de fragmentos no Domínio Montanhoso, caracterizado por montanhas, maciços, etc.
que fazem conexão nas cabeceiras de drenagem dos principais rios contribuintes dessas
bacias, e conectam-se ao longo da bacia por meio das planícies fluviais e fluviomarinhas.

111
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

Esse corredor se encaixa predominantemente na fitofisionomia Floresta Ombrófila Densa


Submontana e de Terras Baixas.
Corredor - C3: Fragmentos importantes de remanescentes de restinga ainda preservadas
localizadas nas Bacias Hidrográficas do Rio Una, Contribuintes à Laguna de Araruama e Lito-
ral de Armação dos Búzios. Os principais elementos de conexão dos fragmentos são hidro-
gráficos, a Laguna de Araruama e o Rio Una, que desempenham um importante papel. Este
protocorredor encontra-se inserido no Domínio de Planícies Costeiras Fluvio- Marinhas e é
correspondente à Floresta Estacional Decidual de Terras Baixas.

Imagem 9.1.1 Corredores regionais definidos na área de execução do


PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

112
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

9.2 Definição de corredores


ecológicos municipais – Armação dos Búzios
Foram definidas três áreas para implantação de Corredores Municipais, somando
uma área de 1.180,20 hectares do município.

Corredores municipais de Armação dos Búzios

APC Município Área (ha)


AC29 Armação dos Búzios 44,66

AC30 Armação dos Búzios 99,39

AC31 Armação dos Búzios 1.036,15

Total = 3 corredores 1.180,20

A AC29 e a AC30 são a ligação de dois


segmentos do Parque Estadual da
Costa do Sol. Já a AC29, liga através
dos remanescentes florestais existen-
tes nas áreas de Miras e Odeon (in-
dicadas no mapa falado, nas oficinas
participativas) no entorno da Lagoa
da Ferradura, e a AC30 pela mancha
de vegetação que vai desde a Praia da
Tartaruga até o segmento do Parque
Estadual da Costa do Sol, ao sul desta
praia, passando pelo Alto de Búzios.
A AC31 é um corredor compartilha-
Imagem 9.2.1 Corredor municipal
do com o município de Cabo Frio e de Armação dos Búzios
se estende por este município e pelo
município de Armação dos Búzios, co-
nectando fragmentos de vegetação
através da área úmida de um contri-
buinte do Rio Una, na localidade da
Baía Formosa, ao PECS e Área de Pro-
teção Ambiental (APA) do Pau-Brasil.

113
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

9.2.1 Relação dos Corredores Municipais


com as Áreas Prioritárias

Em um cruzamento entre as Áreas Prioritárias para Conservação e Recupe-


ração definidas pelos PMMAs Lagos São João e Rio das Ostras e as Áreas In-
dicadas para Implantação de Corredores Municipais, foi possível identificar
que a maioria dos corredores estão em áreas prioritárias. Esse resultado
demonstra que os critérios e atributos utilizados, inclusive dos mapas fala-
dos nas oficinas participativas, validam a metodologia para a definição dos
corredores.

Imagem 9.2.1.1 Áreas prioritárias e Corredores Municipais dos PMMA Lagos São João e Rio das

114
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

9.3 Implementação dos Corredores Ecológicos

A maioria dos fragmentos florestais existentes nos municípios encontra-se isolada


por barreiras naturais ou antrópicas e precisa ser conectada para que haja a integra-
ção dos ecossistemas. Os Corredores Municipais exercem funções ambientais impor-
tantes para a conservação da biodiversidade, potencializando a conectividade entre
os fragmentos e, consequentemente, minimizando efeitos da fragmentação em pai-
sagens submetidas a ações antrópicas. Nas áreas urbanas também desempenham
um importante papel para a qualidade de vida da população, criando áreas com
maior conforto ambiental, melhorando o sombreamento e a ventilação, contribuindo
para a melhora no microclima e no regime hidrológico das microbacias hidrográficas,
além de aumentar a biodiversidade e a regeneração natural da flora e fauna local. O
aumento de áreas verdes nos municípios proporciona abrigo e alimentação para a
população de pequenos mamíferos, répteis e espécies da avifauna.
A escala de representação das áreas indicadas para implantação dos Corredores Mu-
nicipais é considerada intermediária, pois o nível de detalhe usado em sua definição é
compatível com a escala da cartografia utilizada no estudo. O resultado foi satisfatório
na medida em que conseguiu indicar aos municípios, por meio do mapeamento re-
sultante, as áreas onde prioritariamente serão concentradas ações de implementação
de conexões entre fragmentos florestais, Unidades de Conservação, corpos hídricos,
áreas úmidas e ecossistemas associados.
A implementação de Corredores Municipais, por meio do desenvolvimento de pro-
jetos específicos, requer, por parte dos municípios, um nível de detalhe compatível
com as escalas de planejamento territorial da municipalidade. É necessário conhecer
e reconhecer o território. Levantamentos fundiários, das áreas públicas municipais,
dos usos e ocupação das áreas urbanas, além da delimitação das reservas legais e das
áreas de preservação permanente, são elementos essenciais e norteadores para o de-
talhamento dos corredores, principalmente nas áreas urbanas dos municípios. Nesse
sentido, devem ser produzidos e representados em mapeamentos que se utilizem da
cartografia, de maior detalhe, usada pelos municípios.

115
10
Plano de Ação
de Armação
dos Búzios

O Plano de Ação do PMMA de Armação dos Búzios tem como referência central os pontos de
conservação e recuperação, assinalados no Mapa Falado pelo Grupo Local da Mata Atlântica.
Cada ponto, ou conjunto de pontos, está associado a uma determinada área do mu-
nicípio, para a qual são apresentadas propostas de projetos, programas de gestão,
políticas municipais, e outras ações relacionadas com os objetivos de conservação e
recuperação da Mata Atlântica e seus ecossistemas associados.
Desta forma, as propostas foram elaboradas para serem implementadas em deter-
minada área/região do município, apontada de forma específica no Mapa Falado. E,
para a apresentação do Plano de Ação, considera-se de forma prioritária os pontos
de conservação e recuperação que estão sobrepostos às Áreas Prioritárias do PMMA.
Para a leitura do Plano de Ação são consideradas quatro categorias de propostas,
que representam base para a criação de programas municipais relacionados com os
objetivos de conservação e recuperação da Mata Atlântica:

1. Criação, implementação e gestão de unidades de conservação;


2. Conservação e recuperação ambiental;
3. Controle e fiscalização;
4. Gestão do PMMA.
Além das propostas formuladas para áreas específicas do município são consi-
deradas também aquelas para serem implementadas no contexto político- ad-

116
ministrativo institucional, de forma abrangente, considerando o cenário muni-
cipal em sua totalidade, sem que se referira a um local específico no Mapa Falado,
apresentadas no final do Plano de Ação.
Para fins de implementação, todas as propostas de ação devem ser consideradas no
escopo de um cronograma executivo e, na medida do possível, planejadas conside-
rando o grau de prioridade atribuído pelo GLMA, sinalizado ao final de cada propos-
ta pelo número associado à letra (P).
Todas as propostas de ação são apresentadas, de forma complementar, em uma
matriz, por categoria, em anexo.

10.1 Apresentação dos programas


Cada um dos temas-base para a elaboração dos programas municipais associados à
implementação do PMMA Lagos São João e Rio das Ostras é descrito a seguir.

10.1.1 Programa de Criação, Implementação


e Gestão de Unidades de Conservação
Este programa está relacionado ao desenvolvimento e incentivo de ações relaciona-
das à criação, implementação e gestão de unidades de conservação em áreas públicas
e privadas, acompanhadas da elaboração dos seus respectivos planos de manejo e
formação dos conselhos de gestão, bem como processos educativos e sociais asso-
ciados à gestão da biodiversidade e participação social que garantam a efetiva imple-
mentação das unidades de conservação.
As ações previstas por este programa deverão estar pautadas pela necessidade de
informação para os diferentes setores da sociedade sobre a temática da criação e
gestão de unidades de conservação, visando desenvolver mecanismos para a faci-
litação destes processos no município.

10.1.2 Programa de Conservação e Recuperação Ambiental

Este programa tem como objetivo promover políticas de conservação e recuperação


da Mata Atlântica, projetando-se ações em áreas do município que não são unidades
de conservação, mas possuem atributos relevantes do bioma.

117
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

As ações deste programa podem ainda estar relacionadas com os objetivos de pro-
gressiva regularização de propriedades rurais e demais usos conflitantes com a con-
servação do ambiente no território municipal, de modo que as atividades produtivas
possam ter minimizados os impactos provenientes de manejo não controlado.
Os ecossistemas de transição, tais como áreas úmidas, cabeceiras de mananciais,
zonas de recarga de aquíferos e zonas de alta fragilidade do meio físico, juntamente
com os atributos histórico-culturais específicos, foram também referências para a
elaboração das ações previstas neste programa.

10.1.3 Programa de Controle e Fiscalização Ambiental


Este programa está voltado para ações preventivas, corretivas e educativas. Visa ao
controle e à fiscalização de atividades econômicas ou não, com potencial para gerar
impactos ambientais negativos ao município, e deve ser executado com ênfase na
proteção da Mata Atlântica, potencializando as ações do PMMA.
O programa também deve auxiliar na formação continuada dos atores sociais lo-
cais em temas como legislação ambiental, conservação da biodiversidade e conflitos
de uso envolvendo o ambiente natural no seu conjunto. Assim, ressalta-se que os
processos educativos e a promoção do diálogo são ferramentas essenciais para um
controle e uma fiscalização adequados às realidades locais.
Outro ponto importante é a integração dos variados órgãos de controle am-
biental, assim como uma atuação conjunta de municípios vizinhos, de modo a
potencializarem ações locais de fiscalização ambiental.

10.1.4 Programa de Gestão do PMMA


Este programa está associado a ações estruturantes que possam fortalecer a execução das
propostas de ação do PMMA de Armação dos Búzios.
As propostas de ação abrangem um amplo leque de temáticas, dentre as quais a estrutura
do sistema municipal do meio ambiente, as estratégias de articulações político-institucionais
em âmbito municipal e regional, o sistema de informações geográficas associado à imple-
mentação do PMMA, a Participação Social, a comunicação social, os estudos ambientais e
pesquisas, e monitoramento e avaliação estratégica para acompanhamento da execução
das ações estratégicas e prioritárias estabelecidas pelo PMMA.

118
Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Armação dos Búzios 2

As propostas de ação estão relacionadas também com a perspectiva de se for-


talecer os instrumentos de gestão ambiental do município, sua secretaria muni-
cipal de meio ambiente, o conselho municipal de meio ambiente, o sistema de
fiscalização e controle e o fundo municipal de meio ambiente.
Este programa considera ainda propostas para o fortalecimento da cooperação
institucional de diferentes esferas de poder público, da articulação municipal junto
ao Consórcio Intermunicipal Lagos São João e aos Comitês de Bacia Hidrográfica
Lagos São João e Macaé e das Ostras, instituições de pesquisa, organizações da
sociedade civil, associações locais, entre outras instituições envolvidas e compro-
metidas com o processo de conservação e recuperação da Mata Atlântica.

119
Série Planos da Mata Atlântica - PMMA Lagos São João e Rio das Ostras

10.2 Plano de Ação

Exemplo de Ficha de Caracterização de áreas territoriais municipais dos municípios


da região Lagos São João e Rio das Ostras.

Exemplo de Ficha Fichas indicadas em verde são fichas que


indicam ações nos pontos sobrepostos às
Áreas Prioritárias para a Conservação ou
Recuperação.

as áreas
territoriais
indicadas nas
fichas
estão destacadas
do mapa

Programa de Conservação e Recuperação


Ambiental

Ações indicadas para este programa estarão


00 Conservação destacadas pela cor laranja.

00 Recuperação Programa de Controle e Fiscalização


Ações indicadas para este programa estarão
Descrição das áreas indicadas no mapa.
destacadas pela cor vermelha.

Gestão do PMMA
Ações/Programas/Cores Ações indicadas para este programa estarão
destacadas pela cor roxa.

Programa de Criação, Outras observações


Implementação e Gestão Ações destacadas em cinza são ações que podem ser
de Unidades consideradas de uma forma mais ampla pela gestão
de Conservação municipal, abrangendo suas políticas e programas de
Ações indicadas para este programa gestão.
estarão destacadas pela cor verde. A indicação de prioridades de cada ação sugerida
nos planos foi definida nas oficinas locais. A menor
prioridade é 1, indicada nas fichas por (P1). Quanto
maior foi considerada a prioridade de determinada
ação, maior é o número.

120
Ficha 1 Área Prioritária PMMA

01 Conservação 01 Recuperação
Área com fragmento florestal próximo à Área de loteamento Hípica de Búzios potencial
Praia Gorda e ao Mangue de Pedra. para estratégia de formação de corredor.

02 Conservação 03 Recuperação
Área com fragmento florestal próximo à Área de restinga para recuperação na
Ponta do Pai Vitório, área de restinga com Praia Gorda. Apresenta um levantamento
reserva de Pau Brasil. florístico já realizado.

03 Conservação
Área com vegetação densa e brejo (INEFI).

Propostas de Ação Programa de Conservação e Recuperação Ambiental


Elaborar e executar projeto de recuperação com
o enriquecimento de espécies nativas visando pro-
Programa de Criação, Implementação
mover a conexão entre os fragmentos florestais
e Gestão de Unidades de Conservação
pontos C02 e C04 de conservação (P1);
Realizar estudo para subsidiar proposta
Promover a sinalização, o isolamento e a re-
de criação de uma unidade de conserva-
tirada de espécies exóticas que ocorrem no en-
ção com indicativo para categoria de ma-
torno do Mangue de Pedra visando à recupera-
nejo Parque Natural Municipal na região
ção da vegetação local (P1).
do Mangue de Pedras, considerando a in-
clusão dos fragmentos florestais C01, C02,
C03, C04 (P13); Gestão do PMMA
Realizar estudo para subsidiar proposta de Apoiar as organizações da sociedade civil
criação de uma unidade de conservação na que desenvolvem atividades de educação am-
área marinha, com indicativo para a categoria biental e mobilização social na região (P2);
de manejo RESEX marinha, com o objetivo de
Elaborar e implementar um projeto integra-
promover a conservação dos recursos pes-
do de turismo ecológico e cultural envolvendo
queiros e o fortalecimento dos pescadores
os quilombolas e pescadores da Praia Rasa
artesanais (P8);
com ações de educação ambiental e mobili-
Elaborar o Plano de Manejo da APA zação social, no âmbito do fortalecimento da
Marinha de Búzios prevendo-se medi- proposta de criação da unidade de conserva-
das de conservação desta região (P8). ção no Mangue de Pedra (P5).

121
Ficha 2 Área Prioritária PMMA

04 Conservação Propostas de Ação


Área de vegetação com brejo, falésia e
restinga (última da praia de Manguinhos), Programa de Criação, Implementação e Ges-
com relato de avistamento de maritacas, tão de Unidades de Conservação
cachorro do mato, tamanduá, teiú, ouriço
Realizar estudo visando caracterizar o frag-
caixeiro e coruja buraqueira “vermelha”.
mento e a sua relevância ecológica para a in-
clusão da área na proposta de criação do Par-
que Natural Municipal do Mangue de Pedra,
considerando as informações e estudos sobre
vegetação realizados por Kátia Mansur e Helo-
ísa Ribeiro Dantas (P10);
Sensibilizar o proprietário sobre a possibi-
lidade de criação de uma RPPN nas áreas em
que ocorrem os fragmentos de vegetação (P3);
Elaborar um programa municipal voltado
para apoiar os processos de criação e gestão de
RPPN’s (P3).

Programa de Controle e Fiscalização


Realizar ações de prevenção e combate a in-
cêndios florestais (P1);
Realizar ações de controle da expansão urba-
na sobre áreas ambientalmente relevantes para
a conservação e/ou recuperação (P1).

122
Ficha 3

05 Conservação Propostas de Ação


Área alagável que aporta água doce para o mangue Programa de Conservação
de pedra e minimiza alagamentos em áreas
ocupadas com formação de lagoa intermitente. e Recuperação Ambiental
Realizar estudos sobre as características
ecológicas das áreas úmidas, priorizando a
Lagoa de Acumulação nos estudos, devido
ao aporte de água doce para o Mangue de
Pedra (P2).

123
Ficha 4

06 Conservação 02 Recuperação
Alto da Marina, área da Fazenda Cunha Bueno, Alto da Marina, área da Fazenda Cunha Bueno,
com mata fechada e presença de maritacas. alagados e vegetação sobre pequenos morros.

Propostas de Ação Programa de Controle e Fiscalização


Propor a revisão da tipologia de zoneamento
no Plano Diretor para a região com o objetivo de
Programa de Criação, Implementação estabelecer uma tipologia mais restritiva/proibi-
e Gestão de Unidades de Conservação tiva em relação ao processo de parcelamento do
solo, com indicativo para a tipologia ZPVS, visan-
Realizar estudo para subsidiar propos-
do o controle da expansão urbana sobre áreas
ta de criação de uma Unidade de Con-
potenciais para a conservação e/ou recuperação
servação em âmbito municipal ou inser-
da Mata Atlântica (P5);
ção da área na proposta de criação da
APA da Rasa (P2); Realizar um estudo de caracterização do lotea-
mento Baía Blanca (com análise de topografia e
Programa de Conservação e Recupe- drenagem) considerando que o que existe é an-
terior à elaboração do Plano Diretor (P1);
ração Ambiental
Realizar ações de prevenção e combate a in-
Elaborar e executar projeto de geor-
cêndios florestais (P1);
referenciamento e demarcação dos ca-
minhos de água que ocorrem na região
Gestão do PMMA
(P3);
Criar um Grupo de Trabalho no âmbito do
Conselho municipal de Meio Ambiente para
Elaborar e implementar projeto de re-
planejar ações mais específicas para a prote-
cuperação que pode incluir ações como
ção dos fragmentos C06 e R02 (P1);
condução da regeneração natural e em-
prego de técnicas eu visem atrair ani- Elaborar um mapa de vegetação de Arma-
mais dispersores de sementes, além de ção dos Búzios com a caracterização da Mata
plantios de espécies nativas (P1); Atlântica que ocorre no município (P1).

124
Ficha 5

07 Conservação
Alagado da Marina, local com aves
migratórias e que recebe água do
alagado Cem Braças.
Programa de Controle e Fiscalização
Executar projeto técnico visando eliminar a con-
08 Conservação
taminação por esgoto da área (P6);
Área relatada de propriedade do Promover a instalação de placas informativas
Búzios Golf Club na margem de área sobre a relevância ecológica do entorno da área
alagada com vegetação densa.
alagada (P1);
Exigir o EIA/RIMA da estrada do DER (já sinalizada,
12 Recuperação em construção, licença do Inea) (P1);
Área relatada de propriedade do Búzios Golf Realizar ações de fiscalização ambiental de forma inte-
Club de cerca de 10 hectares no entorno dos grada entre a Prefeitura Municipal e o Inea (P1);
alagados. Realizar ações de prevenção e combate a incên-
dios e queimadas (P1);
Propostas de Ação
Gestão do PMMA
Programa de Criação, Implementa- Realizar o monitoramento, no âmbito da SEMAP, do
ção e Gestão de Unidades de Con- Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) imple-
servação mentado pelo empreendimento Búzios Golf Club (P1);
Realizar estudo para subsidiar pro- Propor a revisão do zoneamento da área no Plano Di-
posta de criação de uma Unidade de retor e alteração no Código Ambiental municipal incluin-
Conservação na área alagada, com in- do a área como de preservação (P1);
dicativo para a tipologia de Proteção
Realizar ações de comunicação social visando
Integral (P1);
divulgar a importância ambiental das espécies de
fauna e flora que ocorrem na região e estimular a
visitação turística (P1);
Programa de Conservação e Recupera-
Articular com o Comitê de Bacias a discussão sobre os
ção Ambiental
impactos gerados pela emissão dos efluentes na área
Elaborar e executar projeto para des- alagada (P2);
construção de canais artificiais de drena-
Realizar a apresentação do PMMA de Armação dos Bú-
gem e introdução de espécies típicas de
zios para Prefeito, Secretários e Câmara de Vereadores vi-
áreas úmidas (P2);
sando obter apoio político para a sua implementação (P1).

125
Ficha 6 Área Prioritária PMMA

09 Conservação Propostas de Ação


Área com fragmento próximo a Baía
Formosa – caatinga. Programa de Conservação e Recuperação Am-
biental
04 Recuperação Elaborar e executar projeto específico de reme-
Área com extração de saibro, de acordo diação do lixão, recuperação de áreas degradadas e
com o GLMA o licenciamento do Inea esta- elaborar o Plano de Controle Ambiental (PCA) e mo-
ria vencido, cobrar PRAD. nitorar o seu cumprimento (P6);

06 Recuperação Programa de Controle e Fiscalização


Área próxima à Usina para recuperação Realizar ações de prevenção e combate a in-
(chorume – prédio abandonado). cêndios florestais (P1);
Realizar ações de controle da expansão urbana
sobre áreas potenciais para a conservação e re-
cuperação da Mata Atlântica. (P1).

126
Ficha 7

Propostas de Ação
10 Conservação
Baía Formosa, relato de ocorrência de Programa de Conservação e Recuperação
Pau Brasil e caminho de mico leão dourado.
Ambiental
Elaborar e executar projeto específico de re-
05 Recuperação
mediação do antigo lixão e ações de recuperação
Área do antigo lixão. ambiental na região (P1);

07 Recuperação Programa de Controle e Fiscalização


Área potencial para formação de corredor
Realizar ações de notificação de prevenção e
ligando o fragmento à APA do Pau Brasil. combate a incêndios (P1);
Recuperação da vegetação onde hoje é pasto. Realizar ações de fiscalização ambiental de
forma integrada entre a Prefeitura Municipal e o
Inea (P1);
Realizar ações de controle da expansão urba-
na sobre áreas ambientalmente relevantes para
a conservação e/ou recuperação (P1).

127
Ficha 8 Área Prioritária PMMA

11 Conservação Propostas de Ação


Área com vegetação no Condomínio
Programa de Conservação e Recuperação Ambiental
Caravelas.
Promover ações de reflorestamento para recu-
peração e implementação de um “cinturão verde”
09 Recuperação visando o controle do crescimento urbano no li-
mite municipal (P1);
Área de pasto a ser recuperada com potencial
para formação de corredor na Baía Formosa, Criar um corredor a partir de projeto de recu-
conforme aponta estratégia do Plano Diretor, peração de áreas degradadas e o cercamento das
protegendo a ocupação na divisa do município. áreas visando impedir a entrada de gado (P3).

Programa de Controle e Fiscalização


Verificar se há mecanismos no estatuto das
cidades que respaldem a solicitação de revisão
da configuração do loteamento Vila André (lote-
amento aprovado há 30 anos, com lotes não ocu-
pados e dificuldades de acesso) (P1);
Verificar dívidas de IPTU da(s) propriedade(s) e a
possibilidade de amortecimento destas em troca
de doação de áreas para a município (C11) (P1);

128
Ficha 9 Área Prioritária PMMA

Propostas de Ação
Programa de Conservação e Recuperação Ambiental
12 Conservação Promover a revisão do zoneamento do Plano
Área de fragmento com relato da presença Diretor em relação à ZC20 visando estabelecer
de mico-leão-dourado (centrinho). uma tipologia de zoneamento de uso mais res-
tritivo e favorecer a perspectiva de criação de um
corredor. Para os pontos: C09 a C12 incluindo os
pontos R7 e R9 (P1);

Programa de Controle e Fiscalização


Realizar ações de controle da expansão urba-
na sobre áreas potenciais para a conservação e/
ou recuperação da Mata Atlântica (P1).

129
Ficha 10

13 Conservação Programa de Conservação e Recuperação


Ambiental
Área da Fazenda Coqueiral, com relato de Realizar o cercamento e ações de reflorestamento
avistamento de puma (jaguarundi). para a recuperação da área (P1);

Identificar empreendimentos e medidas compen-


satórias correspondentes visando associá-las com
as ações de recuperação de áreas degradadas apon-
tadas no PMMA (como a reposição florestal prevista
em casos de supressão de vegetação) (P1).

Programa de Controle e Fiscalização


Promover ações de controle da expansão imobiliária
na comunidade próxima à área (P1);
Propostas de Ação
Gestão do PMMA
Solicitar ao Inea a demarcação e sinalização da
Programa de Criação, Implemen- zona de amortecimento do Parque Estadual da
tação e Gestão de Unidades de Costa do Sol (P1);
Conservação
Promover fiscalização ambiental Criar rubrica no Fundo Municipal de Meio Ambien-
de forma integrada entre a Prefeitu- te visando à destinação de recursos específicos para
ra e o Inea na área da APA do Pau- a implementação de ações do PMMA;
-Brasil (P1); Estabelecer um mecanismo no sentido de asso-
ciar as ações estabelecidas pelo MP (TAC ou não)
Identificar a viabilidade para criação
e pelos empreendedores com as áreas prioritá-
de corredor da Mata Atlântica muni-
rias apontadas pelo PMMA para ações de conser-
cipal considerando a importância da
vação e recuperação.
ZCVS da APA do Pau Brasil (P1);

130
Ficha 11

14 Conservação Gestão do PMMA


Criar um circuito oficial de turismo,
Região da Serra das Emerências, na APA do Pau-Brasil,
com relatos de invasões, ocorrência de milícias e em âmbito municipal, na região da Ser-
expansão residencial desordenada. Área próxima da ra das Emerências, considerando o Pla-
alagada José Gonçalves. no de Uso Público do Parque Estadual
da Costa do Sol (PECS), prevendo-se a
demarcação e o manejo de trilhas eco-
Propostas de Ação lógicas (P1);
Programa de Criação, Implementação Oficializar e normatizar o turismo ligado ao
e Gestão de Unidades de Conservação voo livre na Serra das Emerências, no bairro
Realizar a demarcação e a sinalização da APA José Gonçalves como estratégia de Uso Públi-
do Pau-Brasil, na sua Zona de Preservação da co do Parque Estadual da Costa do Sol PECS
Vida Silvestre (ZPVS), visando conter a expansão (P1);
da ocupação urbana (P1); Apoiar ações para a reativação do conse-
lho da APA do Pau-Brasil (P1);
Programa de Controle e Fiscalização
Realizar ações de prevenção e combate a in- Levantar informações sobre o recurso
cêndios florestais (P1); destinado à APA do Pau-Brasil em função
Identificar possíveis ações de recuperação am- de compensação ambiental relacionada ao
biental que podem estar associadas à mitigação de empreendimento Breezes para aplicação
deslizamentos que ocorrem nos limites do Parque em projetos de recuperação e conservação
Estadual da Costa do Sol (P1). ambiental da região (P1);

131
Ficha 12 Área Prioritária PMMA

15 Conservação Propostas de Ação


Região do condomínio Jardim do Lago, área Programa de Controle e Fiscalização
com fragmentos e vegetação exuberante. Criar uma legislação específica para o condo-
mínio “Jardim do Lago” visando estabelecer me-
didas de proteção dos remanescentes florestais
de restinga (P1);

132
Ficha 13 Área Prioritária PMMA

16 Conservação Propostas de Ação


Área relatada de propriedade da Veiga de
Almeida com mata fechada e área alagada Programa de Conservação e Recuperação Ambiental
Cem Braças.
Solicitar que o projeto de loteamento seja refei-
to respeitando-se os pareceres da Semap e obser-
vando-se o PMMA. O projeto deverá considerar a
Lagoa do Bosque II (SERLA) como área de drena-
gem dos bairros do entorno, sendo este o último
resquício de fragmento de mata paludosa (P1).

133
Ficha 14

Propostas de Ação
17 Conservação
Ponta do Marisco, vegetação com ocorrência de in-
vasões, caracterizada como estepe arbórea aberta. Programa de Criação, Implementação
e Gestão de Unidades de Conservação
18 Conservação Promover a criação e ações de implementação
Área com fragmentos próximos de áreas alaga- do Parque Natural Municipal das Dunas com base
das e próximos às Dunas de Tucuns com relato de nas diretrizes estabelecidas pelo do Plano Diretor
bando de micos-estrela (espécie exótica invasora), (P4);
água doce e gato do mato.
Programa de Conservação
13 Recuperação e Recuperação Ambiental
Tucuns do Morro do Marisco, área próxima ao Realizar estudo para subsidiar proposta de reconheci-
loteamento brises. mento da área como um Campo de Dunas (P1);
14 Recuperação Elaborar e executar projeto de demarcação e
Vegetação de restinga das Dunas de Tucuns, área recuperação da área de restinga (P1);
próxima ao loteamento brises, com relato de
descaracterização ambiental da região de dunas.
Programa de Controle e Fiscalização
Fortalecer as ações da Guarda Marítima Am-
biental e dos Guarda Parques na proteção do
bioma de restinga (P1);
Identificar a situação legal do loteamento “Nova
Geribá” visando solicitar oficialmente a sua anula-
ção (P1);
Realizar ações de controle da expansão urbana
sobre áreas potenciais para a conservação e/ou
recuperação da Mata Atlântica (P1);
Realizar ações de prevenção e combate a incên-
dios florestais (P1);
Identificar ações de recuperação ambiental que
podem estar relacionadas com a mitigação da
ocorrência de enchentes D01 (P1).

134
Ficha 15 Área Prioritária PMMA

19 Conservação Propostas de Ação

Área alagada com importância para drenagem dos


bairros Tucuns e Cem Braças. Programa de Criação, Implementação e Gestão
de Unidades de Conservação
Realizar estudos para subsidiar proposta de
criação de uma unidade de conservação com in-
dicação para categoria de manejo Parque Fluvial
(P1);

Programa de Controle e Fiscalização


Elaborar e executar um plano de regulamentação
fundiária e remoção de construções irregulares (P1);
Realizar ações de controle da expansão urba-
na sobre áreas ambientalmente relevantes para a
conservação e/ou recuperação nos limites da APA
do Pau-Brasil e do Parque Estadual da Costa do
Sol (P1).

Gestão do PMMA
Realizar estudos sobre as características eco-
lógicas visando estabelecer medidas de proteção
para a área (como a restrição total de ocupação).
Verificar normas previstas no Plano de Manejo do
Parque Estadual da Costa do Sol (P1);

135
Ficha 16 Área Prioritária PMMA

20 Conservação
Área com vegetação na Ponta da Sapata,
enseada do gancho, entorno de área
do Parque Estadual da Costa do Sol.

21 Conservação
Alto de Búzios (topo de Morro).

15 Recuperação
Programa de Conservação e Recuperação Am-
Área urbana potencial para conexão de
vegetação entre o alto de Búzios e a Ponta biental
da Sapata (corredor ligado ao parque). Elaborar projeto de arborização urbana e re-
cuperação ambiental das áreas desflorestadas e
parcialmente ocupadas por edificações visando
Propostas de Ação facilitar a conexão entre os remanescentes flores-
tais (P5);
Programa de Criação, Implementa-
ção e Gestão de Unidades de Conser- Implementar um projeto experimental demonstra-
vação tivo para execução das “diretrizes ambientais em lote-
Realizar estudo para subsidiar pro- amentos” considerando a possibilidade de criação de
posta de inclusão da área com vegeta- pequenos corredores (P1);
ção e da da Praia da Tartaruga no PECS
ou proposta de unidade de conser- Programa de Controle e Fiscalização
vação com indicativo para a tipologia Definir diretrizes ambientais e elaborar um manu-
RPPN (P1); al para controle do parcelamento de solos em lote-
Implementar o Parque Natural Mari- amentos, considerando a proteção das APPs e não
nho dos Corais (P1). adensamento de lotes (P2);

136
Ficha 17 Área Prioritária PMMA

Propostas de Ação
22 Conservação
Área de loteamento (ECIA – ODEON) com taxa
Programa de Criação, Implementação e Gestão
de ocupação baixa, lotes grandes, área próxima
ao Parque Natural Municipal da Lagoinha e ao
de Unidades de Conservação
PECS. Área próxima da Lagoa da Ferradura. Realizar estudos para subsidiar proposta de cria-
ção de uma unidade de conservação, com indica-
tivo da categoria de manejo APA no ECIA (local co-
nhecido pelo nome do empreendimento) (P1);
Realizar a revisão dos estudos já existentes e es-
tudos complementares para subsidiar proposta de
criação da unidade de conservação Parque da La-
goa da Ferradura (P3);

Programa de Conservação e Recuperação Ambiental


Promover o reflorestamento das áreas degra-
dadas (Ponto D2) visando à erradicação do capim
colonial (P1);

Programa de Controle e Fiscalização


Realizar ações de fiscalização na região conside-
rando as normas do zoneamento do Plano Diretor
(ZCVS) (P1);
Realizar ações de prevenção e combate de incên-
dios florestais (P1).

137
Ficha 18 Área Prioritária PMMA

23 Conservação Propostas de Ação


Área do Costão de João Fernandes, com Programa de Criação, Implementação e Ges-
estepe arbórea aberta, tombada pelo Inepac.
tão de Unidades de Conservação
Realizar estudo para subsidiar proposta de cria-
ção de unidade de conservação com indicativo
para categoria de manejo Parque Natural Muni-
cipal ou Monumento Natural, identificando-se os
proprietários da região (P1);

Programa de Controle e Fiscalização


Elaborar proposta de alteração do zoneamento
estabelecido pelo Plano Diretor, tornando a área
uma Zona de Preservação da Vida Silvestre ZPVS
considerando os riscos de ocupação em costões
rochosos (P2);
Implantar sinalização informativa em conjunto
com Inepac (P1);

Gestão do PMMA
Estruturar um banco de dados ambientais ge-
orreferenciados no âmbito da Semap, integrado
com informações e planejamento das demais se-
cretarias municipais (P5).

138
Ficha 19 Área Prioritária PMMA

24 Conservação
Propostas de Ação
Área alagada perene de vegetação paludosa,
relato de presença de peixes e pássaros raros, Programa de Criação, Implementação e Gestão
relato de propriedade do Búzios Golf Club. de Unidades de Conservação
Realizar estudos para subsidiar proposta de cria-
ção de uma unidade de conservação (P1);

Programa de Controle e Fiscalização


Identificar com o Inea informações que rati-
fiquem a relevância ecológica da área e solicitar
ao órgão que seja feita a demarcação da sua FMP
(P1);
Estabelecer como condicionante dos empreen-
dimentos licenciados próximos a corpos hídricos
a demarcação física e a realização de ações de re-
cuperação das suas FMP (P2);

Gestão do PMMA
Consolidar os estudos já existentes e compi-
lar informações secundárias a respeito das áreas
úmidas e alagadas que ocorrem no município (P1);
Fortalecer o Conselho Municipal de Meio Am-
biente para que ele acompanhe e fiscalize os pro-
cessos de licenciamento ambiental e cumprimen-
to dos EIA-RIMA (P4).

139
Ficha 20 Área Prioritária PMMA

25 Conservação Propostas de Ação


Ilha Rasa. Programa de Conservação e Recuperação Am-
biental
Ampliar e fortalecer a implementação projeto
visando o fortalecimento da prática de maricul-
tura artesanal, considerando a importância da
preservação das condições físicas e biológicas
do entorno da Ilha Rasa (P2);
Elaborar e executar projeto de recuperação da
vegetação (P1).

Gestão do PMMA
Estabelecer um canal de diálogo com repre-
sentantes da Secretaria do Patrimônio da União
(SPU) e Grupo Modiano visando o conhecimento
e acompanhamento das condicionantes ambien-
tais da concessão (P1);

140
Ficha 21 Área Prioritária PMMA

26 Conservação Propostas de Ação


Ilha Feia.
Programa de Conservação e Recuperação Am-
biental
Identificar instituição que possa dar apoio téc-
nico para projeto de erradicação de espécies exó-
ticas invasoras na Ilha Feia (P1);
Elaborar e executar projeto de recuperação da
vegetação (P1).

Programa de Controle e Fiscalização


Fazer constar no Plano Diretor Municipal de
Turismo o estudo para capacidade de carga de
visitação pública e estabelecimento de usos sus-
tentáveis da Ilha (P2);

141
Ficha 22

04 Recuperação Propostas de Ação


Área com extração de saibro, areia e argila. Programa de Controle e Fiscalização
Identificar a situação do licenciamento do em-
preendimento e sua compatibilidade ou não com
as normas estabelecidas pelo Plano Diretor Muni-
cipal (P1);
Acompanhar e monitorar a execução do PRAD,
no âmbito da Secretaria Municipal de Meio Am-
biente (P2).

142
Ficha 23

17 Recuperação Propostas de Ação


Área potencial para conexão da mata da área
da Miras (PECS) e área da ECIA – ODEON. Área Programa de Conservação e Recuperação Ambiental
próxima ao entorno da Lagoa da Ferradura. Realizar ações de recuperação da Faixa Margi-
nal de Proteção da Lagoa da Ferradura (corredor
com a área da ECIA) (P1);
Elaborar e implementar projeto de arborização
urbana com espécies nativas da Mata Atlântica, vi-
sando fortalecer as ações de conexão de fragmen-
tos florestais (P1);

Programa de Controle e Fiscalização


Promover a anulação dos lotes situados no es-
pelho d’água da Lagoa da Ferradura (P1).

143
Ficha 24

Lagoa da Usina

Propostas de Ação

Programa de Conservação e Recuperação Ambiental


Realizar ações de demarcação física da FMP da
Lagoa da Usina (P1);
Elaborar e implementar um programa de re-
cuperação do complexo lagunar da Usina que
preveja ações para a conexão dos fragmentos,
ordenamento dos diferentes usos, implementa-
ção de sinalização educativa e criação de circuitos
turísticos (P1);

Programa de Controle e Fiscalização


Promover a anulação dos lotes situados no es-
pelho d’água da Lagoa da Usina (P1);

144
Ficha 25

Lagoa dos Ossos

Propostas de Ação

Programa de Conservação e Recuperação Ambiental


Realizar ações de recuperação e conservação
da Lagoa dos Ossos (P1);

Gestão do PMMA
Atualizar as informações do estudo técnico do
Grupo Mil, identificando as principais fontes de
degradação ambiental da Lagoa (P1);
Promover ações de educação ambiental relacio-
nadas com a recuperação e conservação da Lagoa
dos Ossos (P1).

145
Ficha 26

Lagoa do Canto

Propostas de Ação
Programa de Controle e Fiscalização
Executar ação de recuperação no espelho d’água
com retirada de vegetação flutuante (Gigogas) que
impede a passagem da luz (P1);
Implantar emergencialmente um sistema de co-
leta (em tempo seco) no bairro da Vila Caranga, vi-
sando bloquear o despejo de esgoto na Lagoa do
Canto (P1).

146
Ficha 27

Lagoa de Geribá

Propostas de Ação

Programa de Criação, Implementação e Ges-


tão de Unidades de Conservação
Verificar a existência do decreto de criação de
um Parque Municipal projetado na área da Lagoa
de Geribá e no caso da regularidade da unidade
de conservação elaborar o seu Plano de Manejo
considerando informações de estudo técnico re-
alizado (P1);

Programa de Conservação e Recuperação Ambiental


Acompanhar a implantação do cinturão de con-
tenção de esgotos (em curso), ratificando a função
de conectividade entre as unidades de conserva-
ção de fora da península (P1).

147
Ficha 28

Programa de Conservação e Recuperação Ambiental


(R16 - Praia Brava): Elaboração e implementa-
ção de projeto de recuperação baseado na condu-
ção da regeneração natural e métodos que visem
atrair animais e sementes, a partir dos isolamento
de novos distúrbios (P2);
(R10 - Área Lili Marinho): Elaborar e implemen-
tar projeto de recuperação de áreas degradadas
na área de importância em virtude de favorecer a
continuidade do maior remanescente florestal do
município (PECS). (P2);
Elaborar e implementar um programa municipal
de recuperação da caatinga extra sertaneja (P2)

Gestão do PMMA
Promover a revisão da composição do Conse-
lho Municipal de Meio Ambiente visando inserir
representantes de setores da Prefeitura e da so-
ciedade civil;
Promover ações de estruturação e fortaleci-
mento da SMMA (ampliação do número de téc-
nicos e criação de fluxos operacionais de gestão)
visando aperfeiçoar o atendimento às relaciona-
das ao licenciamento ambiental, fiscalização e
planejamento (P9);

Programa de Controle e Fiscalização


Promover a reestruturação da fiscalização
da Semap com técnicos efetivos, viaturas,
plantões etc.
Criar uma brigada de combate a incêndios flo-
restais tendo como base a equipe da Guarda
Marítima Ambiental e a integração de ações com
os gestores do Parque Estadual da Costa do Sol
(PECS) (P8);

148
Anexo I – Relação dos Dados Cartográficos

A base de dados, utilizada no decorrer do projeto, foi formada pelos seguintes materiais:
• Ortofotos do Estado do RJ – Ano 2005 e 2006;
• Ortofotos do Projeto de definição do Plano de Alinhamento e Orla e Faixa Mar-
ginal de Proteção da Lagoa de Araruama – Ano 2009;
• Imagens Orbitais do Satélite RapidEye adquiridas para o Inventário Florestal
do ERJ – Ano 2012. Estas imagens, após a ortorretificação, possuem uma re-
solução espacial de 5 m, resultando em imagens corrigidas com precisão de
detalhes compatível com escala 1:25.000. Formam a base de informações
mais atualizada que o Estado do Rio de Janeiro possui disponível;
• Base Cartográfica IBGE e SEA 1:25.000 – Em andamento;
• Base Cartográfica 1:50.000 – Décadas de 1960 e 1970;
• Base Cartográfica 1:100.000;
• Unidades de Conservação da Natureza/ICMBio – Ano 2013;
• Unidades de Conservação da Natureza/Inea – Ano 2014;
• Unidades de Conservação da Natureza/Prefeituras – Ano 2014;
• Temas gerados para o projeto Estado do Ambiente – Ano 2010;
• Temas gerados para o mapa de Áreas Prioritárias para Conservação, Uso
Sustentável e Repartição dos Benefícios da Biodiversidade Brasileira do Mi-
nistério do Meio Ambiente – Ano 2007;
• Áreas de Preservação Permanente – Ano 2014;
• Dados e informações geográficas e cartográficas secundárias, disponíveis em
meio digital, por diferentes projetos do governo federal, estado do Rio de Janeiro
e municípios;
• Os limites das unidades de conservação, os temas produzidos para os proje-
tos e as Áreas de Preservação Permanente mapeadas especificamente para
os PMMAs estavam disponíveis em formato shape file nativo do software ArcGis
10.2, utilizado no desenvolvimento dos mapas e estudos para definição de áre-
as prioritárias.

149
Anexo II – Ata de Aprovação

150
151
152
Referências Bibliográficas
ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Rio de Janeiro: Fundação
CEPERJ, 2013. Disponível em: <http://www.ceperj.rj.gov.br/ceep/anuarios.html>.
Acesso em: abril de 2015

BERGALLO, H. G. et al. Estratégias e ações para a conservação da biodiversidade


no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Instituto Biomas, 2009.

BIDEGAIN, P. Subsídios à elaboração do plano decenal e planos plurianuais da Região


Hidrográfica Lagos São João: documento técnico. Rio de Janeiro: CBLSJ, 2014.

BOHRER, C. B A. et al. Mapeamento da vegetação e uso do solo no Centro de Diversidade Vegetal de


Cabo Frio, Rio de Janeiro, Brasil. Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 60, n. 1, p. 001-023, 2009.

CASTRO, D. G. Desenvolvimento, políticas públicas e regionalização: algumas reflexões


a partir do território fluminense. In: ENCONTRO DE GEÓGRAFOS DA AMÉRICA LATINA,
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CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL LAGOS SÃO JOÃO. Resolução n° 013/2007. Aprova a


criação do Fundo de Boas Práticas Socioambientais em Microbacias e seu regulamento.

______. Diagnóstico físico, biótico e socioambiental para a criação de unidades


de conservação na região de abrangência do CILSJ: relatório final: produtos P-04,
P-05 e P-06: espaços territoriais protegidos. Rio de Janeiro: Associação Ecológica
EcoMarapendi/CILSJ/PDA-MMA, 2007.

______. Diagnóstico físico, biótico e socioambiental para a criação de unidades


de conservação na região de abrangência do CILSJ: segundo relatório técnico:
produto P-02: cobertura vegetal e uso atual das terras. Rio de Janeiro: Associação
Ecológica EcoMarapendi/CILSJ/PDA/MMA, 2007.

153
______. Diagnóstico físico, biótico e socioambiental para a criação de unidades
de conservação na região de abrangência do CILSJ: terceiro relatório técnico:
Produto P-03. Brasília: Reserva Biosfera; Rio de Janeiro: Associação Ecomarapendi,
2006. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/sdi/ea/documentos/legis/
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