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Treino Força Andebol

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Universidade do Porto

Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física

Treino de Força em Andebol


Um estudo exploratório sobre o planeamento e periodização da

força em equipas da 1- Divisão Nacional

Rolando Jorge Costa de Freitas


Outubro de 1999
Universidade do Porto

Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física

Treino de Força em Andebol


Um estudo exploratório sobre o planeamento e periodização da força em
equipas da 1 a Divisão Nacional

Dissertação apresentada com vista à


obtenção do grau de mestre em
Ciências do Desporto, área de
especialização de Treino de Alto
Rendimento.

Rolando Jorge Costa de Freitas

Outubro de 1999
Agradecimentos

Um estudo desta natureza implica sempre a colaboração e a

disponibilidade de algumas pessoas. Neste momento gostaria de expressar a

minha total gratidão às mesmas.

Ao Prof. Doutor António Teixeira Marques pela orientação do trabalho,

pelas constantes revisões, pelo modelo de comportamento, pela credibilidade

outorgada e a responsabilidade transmitida, sem as quais não teria sido

possível realizar este trabalho.

Ao Prof. Doutor José António Maia pelas conversas pré-formulação do

problema, e pela orientação académica.

Ao Dr. Francisco Magalhães pela sua constante presença e interesse,

pelas importantes contribuições à elaboração deste estudo.

Aos treinadores dos clubes envolvidos que se disponibilizaram para serem

entrevistados, o meu sincero agradecimento.

À Dra. Isabel Carvalho pelas enriquecedoras correcções de texto.

I
Aos meus colegas João Paulo Barbosa e Francisco Ferreira pelo apoio,

interesse, amizade e profissionalismo.

Ao meu clube, CCD Macieira, pelos momentos de entusiasmo e motivação

proporcionados.

Aos meus amigos pelo tempo que lhes roubei.

Ao meu irmão Vitor pelo incentivo, interesse e carinho demonstrados.

Aos meus pais pelo grande incentivo, pelo apoio e por tudo o que sou hoje.

À Sofia porque sem ela nada valeria a pena e ela é o motivo de tudo o que

fazemos.

À Ana porque por trás de algo importante que se realize na vida, existe

sempre alguém mais importante que nos apoia, acarinha, comparte alegrias e

tristezas, incentiva, ajuda a prosseguir e sobretudo ama-nos.

II
Lista de Abreviaturas

CEE - Ciclo de Estiramento-Encurtamento

CN1D - Campeonato Nacional da 1 a Divisão

FT - Fast-Twitch Fibers

GA - Grupo A

GB - Grupo B

GC - Grupo C

JDC - Jogos Desportivos Colectivos

JDI - Jogos Desportivos Individuais

PC - Período Competitivo

PP - Período Preparatório

RM - Repetição Máxima

UT - Unidade de Treino

III
Resumo
O andebol português tem, ao longo dos anos, assumido uma crescente
importância no panorama desportivo nacional, como é exemplo a recente eliminação
da Jugoslávia, uma das maiores potências mundiais andebolísticas de todos os
tempos, da Fase Final do Campeonato da Europa de 2000 na Croácia.
Por outro lado, o que parece diferenciar os atletas de alto nível de rendimento
são os níveis de condição física alcançados. Neste aspecto particular parece existir um
déficit de preparação dos jogadores portugueses.
No preciso caso da força, reflecte, a par da resistência uma das capacidades
motoras fundamentais do jogo, manifestando-se sob várias expressões e em múltiplas
acções específicas do andebol.
Desta forma, o objectivo principal deste estudo empírico é identificar os quadros
de planeamento do treino de força nas equipas de alto rendimento de andebol em
Portugal e traçar as linhas de orientação do planeamento do treino de força no
andebol.
O conhecimento que temos da realidade portuguesa com a qual mantemos
contacto já há alguns anos permite-nos avançar para a formulação da seguinte
hipótese de estudo: os técnicos de andebol no seu planeamento do treino, não
atribuem à força a importância que ela justifica.
Assim, foram seleccionados os treinadores de andebol do CN1D de Seniores
Masculinos durante a época de 1998/1999, tendo sido entrevistados 8 técnicos,
através de uma entrevista estandardizada com questões fechadas primordialmente.
Dos dados recolhidos podemos afirmar que treinadores de equipas portuguesas
de alto rendimento valorizam o treino de força como componente importante do
processo de treino. No entanto, os tempos dedicados a este tipo de trabalho e os
meios de que se servem não permitem pensar em grandes evoluções nos níveis de
força dos jogadores mas sim, na manutenção dos actuais níveis de força dos atletas
ou, em alguns casos, na exponenciação da força deste ou daquele jogador.

IV
Summary
Portuguese handball has, to the long one of the years, assumed an increasing
importance in the national porting panorama, as the recent elimination of the
Yugoslavia is example, one of the biggest handball world-wide powers of all times, of
the Final Phase of the Championship of the Europe of 2000 in the Croácia.
On the other hand, what it seems to differentiate the athletes of high level
performance are the reached levels of physical condition. In this particular aspect it
seems to exist a deficit of preparation of the Portuguese players.
In the pointed case of the strenght, reflecte, the pair of resistance one of the
basic motor capacities of the game, disclosing itself under some expressions and in
multiple specific shares of handball.
Of this form, the main purpose of this empirical study is to identify the pictures of
planning of the trainings of strenght in teams of high performance of handball in
Portugal and to trace the strings of prompt of the planning of the trainings of strenght in
handball.
The knowledge that we have of the Portuguese reality with which we keep
contact already has some years allows us to advance for the formularization of the
following study hypothesis: the technician of handball in its planning of the trainings, do
not attribute to the strenght the importance that it justifies.
Thus, the trainers of handball of the Senior Male CN1D during the time of
1998/1999 had been selected, having been interviewed 8 trainers, through an interview
standardized with closed questions primordially.
Of the collected data we can affirm that trainers of Portuguese team of high
performance value the trainings of important strenght as component of the process of
trainings. However, the dedicated times to this type of work and the ways they serve do
not allow to think about great evolutions about the levels of strenght of the players but
yes, about the maintenance of the actual levels of strenght of the athletes or, in some
cases, the exponentiation of the strenght of this or that player.

V
Résumé
Le handball portugais a pris, au long des années, une importance croissante dans
le panorama sportif national, d'exemple on a la récent élimination de l'Yougoslavie, l'un des
plus grandes puissances mondiales de l'handball de tous temps, de la phase finale du
Championnat de l'Europe de 2000 dans le Croatie.
D' autre part, ce qui semble différencier les athlètes à haut niveau de performance
sont les niveaux atteints de l'état physique. Sous ce point de vue particulier il semble
exister un déficit de préparation des joueurs portugais.
Dans le cas precis de la force, elle réfléchit, de pair avec la résistance, l'une des
capacités motrices fondamentales du jeu, se révélant sous quelques aspects et dans de
multiples actions spécifiques de l'handball. De cette forme lá, le but principal de cette
étude empirique est d'identifier les images de la planification de l'entrainement de la force
chez les équipes de l'handball a haut performance au Portugal et de tracer les lignes
d'orientation de la planification de l'entrainement de la force dans le handball.
La connaissance que nous avons de la réalité portugaise avec laquelle nous
gardons le contact il y a déjà plusieures années nous permet d'aller en avant vers la
formulation de l'hypothèse d'étude suivante: les techniciens du handball dans leur
planification de l'entraînement, ne rend pas à la force l'importance qu'elle justifie.
Ainsi, pendant l'époque 1998/1999 ont été interviewé 8 techniciens. Les entraîneurs
du handball du Senior Mâle CN1D ont été choisis à travers une entrevue normalisée
constitué surtout de questions fermées.
Des données rassemblées, nous pouvons affirmer que les entraîneurs d'équipes
portugaises à haut performance mettent en valeur l'entraînement de la force comme
composant important du processus de l'entraînement. Cependant, les temps dédiés à ce
type de travail et les moyens dont ils se servent ne permettent pas de penser à de
grands progrés aux niveaux de force des joueurs, mais oui au maintien des actuels
niveaux de force des athlètes ou, dans certains cas, d'augmentation de la force de ce
joueur ou de célui-lá.

VI
Indice Geral

AGRADECIMENTOS

LISTA DE ABREVIATURAS

RESUMO

SUMMARY

RÉSUMÉ

ÍNDICE GERAL

ÍNDICE DE TABELAS

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

1. INTRODUÇÃO

CAPÍTULO n

REVISÃO DA LITERATURA _9

2. CARACTERIZAÇÃO DO ESFORÇO 11
3. IMPORTÂNCIA DA FORÇA NO ANDEBOL 14

VII
17
4. F O R Ç A
17
4.1 CONCEITO
4.2 FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA FORÇA 19
4.2.1 Força Máxima 19
2
4.2.1.1 Força Absoluta 1
4.2.1.2 Força Relativa 22
4.2.2 Força Rápida 22
4.2.2.1 Força Explosiva 24
4.2.2.2 Força Elástico-Explosiva 25
4.2.2.3 Força Elástico-Explosiva-Reactiva 25
4.2.3 Força Resistência 25
5. METODOLOGIA DO TREINO DE FORÇA 27
5.1 MÉTODOS DE TREINO PARA A HIPERTROFIA MUSCULAR 32
5.1.1 Método Standard I - Carga Constante 33
5.1.2 Método Standard II - Carga Progressiva 33
5.1.3 Método Culturista I (Extensivo) 33
5.1.4 Método Culturista II (Intensivo) 34
5.1.5 Método Isocinético 34
5.2 MÉTODOS DE TREINO PARA A FORÇA EXPLOSIVA OU VELOCIDADE DE
DESENVOLVIMENTO DA FORÇA 37
5.2.1 Método Quase Máximo 38
5.2.2 Método Concêntrico Máximo 38
5.2.3 Método Excêntrico Máximo 38
5.2.4 Método Concêntrico-Excêntrico Máximo 39
5.3 MÉTODOS MISTOS 41
5.4 MÉTODOS DE TREINO ELÁSTICO-EXPLOSIVO-REACTIVO 41
5.4.1 Saltos sem Progressão 43
5.4.2 Saltos com Progressão 43
5.4.3 Saltos em Profundidade 43
5.4.4 Métodos de Treino para Tronco e Braços 44
5.5 MÉTODOS DE TREINO PARA A FORÇA RESISTÊNCIA 46
5.6 MÉTODOS DE TREINO ESPECÍFICOS DO ANDEBOL 49
6 . 0 PLANEAMENTO DO TREINO DESPORTIVO 53
6.1 CONCEDI) DE PLANEAMENTO 53
6.2 PERIODIZAÇÃO DO TREINO DESPORTIVO 55
6.3 PLANEAR E PERIODIZAR EM JOGOS DESPORTIVOS COLECTIVOS 57
6.4 PLANEAR E PERIODIZAR A FORÇA NO ANDEBOL 61
6 5
6.5 MANUTENÇÃO DO TREINO DE FORÇA

CAPÍTULO m

METODOLOGIA DO ESTUDO 69

7. METODOLOGIA DO ESTUDO 71
7.1 OBJECTO DO ESTUDO 71
7.1.1 Problema 71

VIII
7.1.2 Objectivos e Hipóteses 72
7.2 MATERIAL E MÉTODOS 73
7.2.1 Caracterização da Amostra 73
7.2.2 Procedimentos 76
7.2.2.1 Considerações 76
7.2.2.2 O Formulário 77
7.2.2.3 A Entrevista 78
7.2.2.4 Limitações 79
7.2.2.5 Estatística 80

CAPÍTULO IV

RESULTADOS 81

8. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 83


8.1 CARACTERIZAÇÃO DO TREINO E COMPETIÇÃO 83
8.1.1 Planeamento e Periodização do Treino 84
8.1.1.1 Objectivos de Rendimento 84
8.1.1.2 Periodização Anual 85
8.1.1.3 Unidades de Treino 86
8.1.1.4 Treino de Força Durante os Períodos Preparatório e Competitivo 88
8.1.2 Formas de Manifestação da Força 90
8.1.3 Meios de Treino 93
8.1.3.1 Formas de Organização do Treino 95
8.1.3.1.1 Circuito-Treino 95
8.1.4 Cargas de Treino de Força 98
8.1.4.1 Intensidade e Volumes de Treino 98
8.2 PADRÃO DE TREINO DE FORÇA EM ANDEBOL 100

CAPÍTULO V

CONCLUSÕES J03

9. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 105


9.1 PLANEAMENTO E PERIODIZAÇÃO DO TREINO 105
9.2 FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DE FORÇA 106
9.3 MEIOS E MÉTODOS DE TREINO 106
9.4 CARGAS DE TREINO DE FORÇA 107
9.5 RECOMENDAÇÕES PARA A PRÁTICA DO TREPWO 107

IX
CAPÍTULO VI

BIBLIOGRAFIA

10. BIBLIOGRAFIA

CAPÍTULO vn

ANEXOS

FORMULÁRIO PARA GUIÃO DE ENTREVISTA


índice de Tabelas
TABELA 5-1- MÉTODOS DE TREINO PARA A HIPERTROFIA MUSCULAR 32
TABELA 5-2 - PARÂMETROS DE TREINO PARA A FASE DE HIPERTROFIA 35
TABELA 5-3 - MÉTODOS DE TREINO FORÇA MÁXIMA (HIPERTROFIA MUSCULAR) 36
TABELA 5-4 - MÉTODOS DE TREINO PARA A FORÇA EXPLOSIVA OU VELOCIDADE DE
DESENVOLVIMENTO DA FORÇA 37
TABELA 5-5 - MÉTODOS DE TREINO PARA A FASE DE FORÇA MÁXIMA 40
TABELA 5-6 - MÉTODOS DE TREINO NEURAIS 40
TABELA 5-7 - MÉTODOS DE TREINO ELÁSTICO-EXPLOSIVO-REACTIVOS 42
TABELA 5-8 - MÉTODOS DE TREINO DA FORÇA RESISTÊNCIA 48
TABELA 7.1 - CARACTERIZAÇÃO DOS TREINADORES ESTUDADOS RELATIVAMENTE À
IDADE, EXPERIÊNCIA TÉCNICA E PERMANÊNCIA NO CLUBE ACTUAL 75
TABELA 8-1- NÚMERO DE UT REALIZADAS DURANTE OS PERÍODOS PREPARATÓRIO E
COMPETITIVO 86
TABELA 8-2 - NÚMERO DE UT DE FORÇA DURANTE O PERÍODO PREPARATÓRIO:
FREQUÊNCIAS ABSOLUTA E RELATIVA, VALOR MÉDIO E INDIVIDUAIS POR
EQUIPA 88
TABELA 8-3 - NÚMERO DE UT DE FORÇA DURANTE O PERÍODO COMPETITIVO:
FREQUÊNCIAS ABSOLUTA E RELATIVA, VALOR MÉDIO E INDIVIDUAIS POR
EQUIPA 89
TABELA 8-4 - FREQUÊNCIA DO TREINO DE FORÇA DURANTE OS PERÍODOS
PREPARATÓRIO E COMPETITIVO E PROPORÇÃO PERANTE TOTAL DE UT
REALIZADAS 89
TABELA 8-5 - CARACTERIZAÇÃO DOS PARÂMETROS DO TREINO EM CIRCUITO
UTILIZADOS PELOS TÉCNICOS ESTUDADOS 96

XI
TREINO DE FORÇA EM
ANDEBOL

CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

1. Introdução
Já há alguns anos o andebol tem assumido um papel de relevante

importância na sociedade desportiva portuguesa.

Para tal, muito têm contribuído os diversos sucessos alcançados no

panorama internacional - Campeão do Mundo Grupo C em 1976, Campeão da

Europa de Sub-19 em 1992, Vice-Campeão da Europa de Sub-19 em 1994,

Vice-Campeão da Europa de Clubes em 1994, Medalha de Bronze no

Campeonato do Mundo de Sub-21 de 1995, apuramento para o Campeonato do

Mundo de Seniores de 1997 no Japão (eliminando a Alemanha - 2 vezes

campeã mundial e uma vez campeã olímpica), apuramento para o Campeonato

da Europa de Seniores de 2000 na Croácia (eliminando a Jugoslávia - uma vez

campeã do mundo e duas vezes campeã olímpica, actual medalha de bronze no

Mundial de Seniores de 1999).

A par dos sucessos, uma série de outros factores têm ajudado a que o

andebol se guinde a um dos patamares mais altos do desporto português, como

sejam:

♦ as organizações de provas internacionais - Campeonato do Mundo de

Juniores em 1981, Campeonato da Europa em 1994 e Campeonato da

Europa em Juvenis em 1999;

♦ a qualificação dos técnicos nacionais - criando melhores condições de

formação e exigindo melhor nível de formação;

3 I ntrodução
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

♦ a promoção e divulgação da modalidade, alargando estas acções às

escolas do 1 o ciclo do ensino básico;

♦ o aumento significativo do número de atletas e de equipas;

♦ a formação académica e a orientação dos recentes profissionais de

educação física até à área do treino - muito por via da Faculdade de

Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto.

Enfim, trata-se, como pode constatar-se de um enorme salto desportivo

dado pelo andebol.

O futuro, será a criação da elite do andebol, como via para o

profissionalismo, num programa a seguir em breve.

Desta forma, julgamos que é indesmentível a pertinência de elaborar

estudos de natureza académica junto desta modalidade.

A realização de estudos com vertente académica na área do andebol têm

sido, cada vez mais, uma realidade, como são exemplos os estudos de Maia

(1993) - vertente somática ou morfológica - Soares (1988), Pereira (1998) -

vertente de fisiologia - Borges (1996) - vertente de análise de tempo e

movimento - Oliveira (1996), Santos (1999), Fonseca (1998), Conceição (1998),

Biscaia (1998) - vertente de análise do jogo - Soares (1995), Barata (1992) -

vertente de aptidão motora.

No entanto, sobre uma realidade concreta - como é o caso do

planeamento e aplicação da força - na área do treino desportivo não existem

estudos semelhantes ao agora realizado por nós. Alguns estudantes, ao

4 I ntrodução
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

respeitarem o preceituado de realização, entrega e apresentação da monografia

para conclusão da licenciatura têm feito uma aproximação a estudos da força no

andebol, como são exemplos Silva (1994), Magalhães (1995), Leite (1996). No

entanto, estas incursões académicas têm tido como objecto apenas os escalões

de formação.

A escolha da força como objecto de estudo dentro de um quadro mais

vasto do treino desportivo tem várias justificações. Ao longo dos tempos, a força

tem sido objecto de estudo de vários investigadores, com ligação ou não ao

andebol. É uma área associada ao mito e à má-concepção (errada) segundo as

quais os atletas são expostos no treino a uma prática contraproducente e a

lesões.

Por outro lado, Soares (1988) afirma que o que diferencia os jogadores

portugueses de andebol dos restantes atletas estrangeiros são os níveis de

condição física e de força em particular. Uns anos após, o actual seleccionador

nacional afina pelo mesmo diapasão, quando confrontado com as principais

carências do andebol português: a..há limitações de condição física." (Cuesta,

1999).

Apesar da importância atribuída à condição física, até com a realização de

muitos seminários, clinic's e conferências versando o assunto, existe a crença

de que o atleta português é muito habilidoso, mas não gosta de trabalhar

fisicamente.

5 Introdução
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

Assim, qual é a realidade do treino de força no andebol em Portugal? A

descrita nos manuais da especialidade ou a adopção de algumas ideias-chave e

posterior adaptação à prática do andebol nacional?

Silva (1999) afirma que as adaptações realizadas por cada modalidade

relativamente ao modelo teórico de treino, não passam de modificações

conjunturais, não se assumindo elas próprias como um verdadeiro modelo de

organização do treino daquela especialidade.

Apesar disso, o certo é que essas adaptações existem. A necessidade de

resposta a questões como: quais são e como são?; e de que forma são

aplicadas pelos treinadores motivou-nos para a realização deste estudo na área

do alto rendimento desportivo.

As principais razões que justificam este estudo exploratório são, assim:

• o treino de força continua no seu processo de crescimento no âmbito de

treino desportivo;

• o treino de força aumenta o seu espaço de intervenção nos JDC;

• a ideia de que o treino de força é normalmente realizado na base da

experiência individual de cada técnico;

• a ideia de que o planeamento do treino de força é efectuado no

essencial tendo por base razões de ordem empírica;

• o cuidado que se deve atribuir ao planeamento do treino de força, no

que às consequências do rendimento desportivo diz respeito;

6 Introdução
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

• os benefícios que um adequado planeamento do treino de força terão

sobre o aumento do rendimento desportivo.

Assim, na 1 ã parte do nosso estudo (revisão bibliográfica) tentaremos

elaborar sobre:

1. a caracterização do esforço típico do andebol;

2. a aplicação da força ao andebol;

3. a estrutura conceptual do treino de força e do planeamento e periodização

do treino de força.

A revisão da literatura será orientada para a construção de um modelo de

referência para a análise dos resultados do nosso estudo de caracterização da

realidade portuguesa.

Na 2- parte do nosso estudo apresentaremos todo o quadro metodológico

em que se desenvolveu a nossa investigação: amostra, objectivos, hipóteses,

instrumentos de pesquisa, procedimentos estatísticos e limitações do estudo.

Na 3§ parte do nosso estudo serão apresentados, analisados e discutidos

todos os resultados, sendo traçado o modelo de referência para o andebol dos

quadros conceptuais antes traçados, com o delinear, final das conclusões deste

estudo.

Na 4- parte são apresentadas as conclusões e algmas recomendações para a

prática.

7 Introdução
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

Gostaríamos que o nosso estudo pudesse clarear o panorama do treino

das equipas de Andebol de alto rendimento desportivo em Portugal, e

promovesse o interesse de investigadores por esta área de estudo e de

trabalho, pois muito há ainda por enquadrar, analisar e modelizar.

E esperar que o andebol possa ficar mais rico e que o trabalho possa

servir de documento de reflexão aos técnicos nacionais.

8 Introdução
TREINO DE FORÇA EM
ANDEBOL

CAPÍTULO II
REVISÃO DA LITERATURA
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

2. Caracterização do Esforço

O andebol caracteriza-se como um jogo que engloba uma grande

diversidade de movimentos - com ou sem bola - concretizados com base em

velocidade, habilidade e força, e que depende do trabalho colectivo dos

jogadores e da sua luta directa com o adversário (Ghermanescu, 1978; Cercel,

1990).

Soares (1995) confirma o carácter diversificado do jogo, ao descrevê-lo,

em termos de esforço, por variações aleatórias de trabalho e pausa, o que lhe

confere um carácter intermitente (Santos, 1989; Soares, 1991; Alcaide, 1991;

Maia, 1993), alternando períodos de elevada com baixa intensidade. Assim, a

intermitência do esforço parece ser uma das suas características fundamentais

(Maia, 1989; 1993).

Em alto rendimento desportivo, os factores que diferenciam os

andebolistas parecem acentuar-se quando os níveis de preparação física

individual são superiores (Bompa, 1990; Latiskevits, 1991; Soares, 1995;

Borges, 1996). Toma-se, assim, importante conhecer as exigências do andebol,

para que se consiga determinar qual a preparação física específica a atingir

(Alcaide, 1991).

As acções relevantes do jogo desenrolam-se em regime de alta

intensidade - como já foi referido - e de curta duração, recorrendo a elevados

níveis de força e velocidade (Bayer, 1987; Malic e Tomljanovic, 1989; Alcalde,

11 Caracterização do Esforço em Andebo


Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

1991; Alonso, 1994), bem como de força máxima e resistência, do ponto de

vista muscular (Maia, 1989; 1993).

Também Ghermanescu (1978) faz referência à força e velocidade ao

caracterizar o andebol, sob o ponto de vista físico, pela utilização da velocidade

em todas as suas formas, da força específica aplicada aos remates, aos saltos e

à execução de todos os movimentos de ataque e defesa.

Por sua vez, Seirul-lo Vargas (1993) ao introduzir a preparação física

baseada no cognitivismo, refere duas capacidades fundamentais requeridas

para o andebol - a força e a resistência, o que é reiterado por Latiskevits (1991)

e Chirosa, Chirosa & Padial (1999), considerando-as como as principais

capacidades motoras específicas no andebol.

A Federação Romena de Andebol estabelece critérios de prestação motora

dos seus jogadores de elite, mediante testes em que a velocidade, a força e a

resistência são solicitadas (Marique, 1987). Estas mesmas capacidades

motoras são, de igual modo, tidas como fundamentais por Marques (1987),

quando afirma que no andebol moderno são necessários atletas resistentes,

com grande velocidade de execução dos deslocamentos e com grande potência

nos remates e saltos, sendo capazes de suportar contactos físicos extremos.

Face a este quadro, estamos de acordo com Soares (1995) quando este

afirma que a capacidade motora força têm um papel imprescindível na

realização de um nível elevado de "performance" desportivo-motora (Enoka,

1988; Sale, 1991; Kraemere Fleck, 1991; Bompa, 1994), nomeadamente no que

se refere às acções específicas do andebol.

12 Caracterização do Esforço em Andebo


Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

Andebol

Força

Remate Saltos
Força para Lançamento Força para Saltar

Deslocamentos Oposição 1*1


Força para Correr/Deslocar Força para Lutar

Figura 2-1- Acções específicas do andebol e variáveis de aplicação da força

As exigências do andebol moderno implicam assim (Figura 2-1) que o

jogador seja "potente" para rematar de modo rápido e forte, para saltar alto e

longe e para enfrentar o adversário na luta 1*1 (Bayer, 1987; Malic e

Tomljanovic, 1989; Alcalde, 1991; Cercel, 1990).

Em suma, o andebol apresenta constantes variações de ritmo, nas quais o

andebolista é solicitado a utilizar em regimes vários principalmente as

capacidades motoras de resistência e força, nas diferentes acções específicas

de jogo.

13 Caracterização do Esforço em Andebo


Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

3. Importância da Força no Andebol

A observação das grandes competições internacionais recentes permite-

nos constatar que os jogadores mais fortes na luta com o adversário, que se

exprimem ao nível dos saltos e dos remates de uma forma mais potente e que

se deslocam mais rápido, são os que têm mais sucesso. Esta constatação é

defendida por diversos metodólogos do treino, ao afirmarem que níveis

superiores de "performan ce" estão directamente relacionados com a expressão

mais elevada da potência (Harre & Lotz, 1988; Santos, 1989; Silva, 1990;

Janeira, 1994; Stone & Steingard, 1993; Santos, 1995; Magalhães, 1995).

Borges (1996) esclarece ainda que os incrementos da potência muscular

parecem melhorar alguns factores da "performan ce", como sejam a velocidade e

a "explosMdade", e que aos jogadores é pedido que utilizem toda a sua

capacidade, para gerarem elevados níveis de força em cada situação de jogo.

No que respeita ao papel da força no andebol, a potência de lançamento,

de aceleração e de desaceleração são, segundo Bompa (1999), os principais

tipos de força requeridos no andebol.

Alcaide (1991) salienta o facto de as acções relevantes do jogo

necessitarem de altos níveis de força para:

♦ vencer a inércia do corpo - deslocamentos, saltos, paragens;

♦ superar a resistência dos adversários - oposição física, choques;

♦ vencer a inércia da bola - lançamentos, imprimindo grande aceleração,

assim como:

14 I mportância da Força no Andebol


Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

• parar ou deter a bola - bloco; defesas do guarda-redes;

• combinar os diferentes elementos do jogo.

Aliás, estudos recentes sobre a análise motora do andebol (Alcaide,

1991; Álamo Mendonza, 1996) servem-se destas mesmas acções específicas

do jogo - deslocamentos, saltos, lançamentos e oposições utilizadas de uma

forma combinada - para tentarem definir e diferenciar o andebol em alto

rendimento.

Na sequência destas análises, Trosse (1993) referiu-se já à importância

da força como uma forma específica de condição física para os jogadores de

andebol, como, por exemplo, a força de salto e a força de lançamento.

Da mesma forma, Seirul-lo Vargas (1990; 1993) refere-se à sua presença

em todos os gestos técnicos específicos, aludindo assim à força para o

lançamento, para o salto, para as condições de deslocamento, para a corrida e

para a luta.

Cometti (1988), citado por Neri (1997), vai mais longe ao defender, neste

âmbito, a existência de uma única capacidade motora: a força. Afirma ser

resultado de uma contracção muscular e poder ser exercida de diferentes

formas - com maior ou menor amplitude (flexibilidade), numa sequência espaço-

temporal (coordenação), durante um tempo mais ou menos prolongado

(velocidade; resistência).

Para Ávila Moreno (1997), podemos observar num jogo de andebol todos

os tipos de contracção muscular, à excepção da isocinética. Para este autor, as

15 Importância da Força no Andebol


Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

diferentes situações de jogo exigem aplicações de força com diferentes ângulos,

bases de sustentação e velocidade de aplicação, e aparecem associadas a

elementos de coordenação. A importância da força absoluta e da força relativa

em diferentes momentos é por ele também salientada, apresentando o conceito

de força explosiva como substrato da velocidade em todas as acções do jogo.

As formas de manifestação da força que são salientadas na literatura são

as da força-velocidade e as da força-resistência (Marques, 1987; Latiskevits,

1991; Alcaide, 1991; Muller, Stein & Konzag, 1996).

Por último, uma referência à construção da forma desportiva, para a qual

a força-resistência, a força-máxima e a força-velocidade, por esta ordem, devem

ser particularmente solicitadas (Muller, Stein & Konzag, 1996). Noteboom

(1986) noticia que a musculação específica deverá sempre integrar de uma

forma harmoniosa o programa geral de treino.

Em resumo, podemos afirmar que a força assume um papel decisivo e

fundamental no alto rendimento em andebol, pois está presente em todos os

gestos técnicos específicos do jogo - saltar, lançar, lutar, correr, deslocar-se. As

formas de manifestação de força associadas à velocidade e resistência parecem

ser aquelas a privilegiar durante o processo de treino desportivo para o alto

rendimento.

16 Importância da Força no Andebol


Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

4. Força

4.1 Conceito

Existem diversas definições de força. Se encarássemos a força numa

vertente puramente física, as disparidades entre os vários conceitos seriam

menores. No entanto, como nos estamos a referir ao movimento humano,

existem diferentes interpretações, consoante os diferentes componentes.

Assim, a força de um músculo ou de um grupo muscular pode ser definida

como a máxima contracção gerada numa velocidade específica ou num ângulo

articular específico numa repetição (Knuttgen & Kraemer, 1987, 1996; Berdahl,

1998). Este conceito é um pouco reducionista ao fazer apenas referência às

variáveis velocidade e ângulo de aplicação, não mencionando a resistência a

ultrapassar.

A força pode ser ainda definida como a capacidade neuromuscular de

vencer uma resistência externa e interna (Bompa, 1990).

Outros autores definem ainda força muscular como a capacidade que o

músculo possui para vencer uma resistência ou opor-se a esta, mediante

contracções musculares (Latiskevits, 1991; Harre & Hauptmann, 1994;

Czerwinski, 1993; Staley, 1998).

Segundo Bompa (1983; 1999), a força pode ser dividida em geral e

específica. A primeira é entendida como a sustentação de todo o programa de

treino de força; a segunda, como a força apenas dos músculos que são

17 Força]
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

específicos dos movimentos de um determinado desporto, sendo assim, como o

próprio nome indica, específica de cada desporto.

Uma das formas de classificar a força poderá ser a sugerida por Ortiz

Cervera (1996). Esta clasificação poderá ser esquematizada da seguinte forma

(Figura 4-1):

♦ em função da existência de movimento

• estática

• dinâmica

♦ em função do tipo de contracção

• isométrica

• anisométrica

• concêntrica

• excêntrica

• combinada ou pliométrica

♦ em função da aceleração produzida

• explosiva

• rápida

• lenta/máxima

• resistência.

18 Força
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

FORÇA
Classificação

Existência de Movimento Tipo de Contracção

estática dinâmica isométrica anisométrica

I concêntrica I-*— excêntrica I

combinada ou pliométrica —

I Aceleração Produzida l-

explosiva rápida 1

lenta / máxima resistência I

Figura 4-1-Classificação da Força (Ortiz Cervera, 1996)

Desta forma, a força deve ser expressa sob um pressuposto fisiológico e

ser entendida como a capacidade neuromuscular de gerar tensões tais, capazes

de ultrapassar ou suportar resistências internas ou externas a um determinado

ângulo e a uma dada velocidade.

4.2 Formas de Manifestação da Força

4.2.1 Força Máxima

Força máxima é a maior força que pode ser exercida pelo sistema

neuromuscular durante uma contracção máxima (Letzelter, 1990; Bompa, 1999).

Esta força reflecte-se na carga máxima que um atleta pode levantar numa só
19 Força
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

tentativa, e é expressa como uma percentagem do valor máximo ou 1 RM - uma

repetição máxima (Bompa, 1999).

Esta forma de manifestação pode ainda ser definida como o valor mais

elevado de força que o sistema neuromuscular é capaz de produzir,

independentemente do factor "tempo" e contra uma resistência inamovível

(Schmidtbleicher, 1985; Ortiz Cervera, 1996).

Outros autores definiram força máxima como a mais elevada tensão

possível que o organismo pode desenvolver (Hahn, 1987), ou ainda, a maior

força que um atleta consegue desenvolver durante uma contracção muscular

(Harre, 1982).

Dos conceitos de força máxima atrás descritos ressalta a ideia de a força

máxima poder ser considerada sob várias formas:

♦ havendo encurtamento do músculo - força máxima concêntrica;

♦ havendo alongamento do músculo - força máxima excêntrica;

♦ não havendo modificação do tamanho do músculo - força máxima

isométrica.

Weineck (1986) e Staley (1998) sustentam igualmente uma diferenciação,

uma vez que, segundo eles, força máxima se subdivide em força máxima

dinâmica e força máxima estática, e depende da secção transversal do músculo

e da coordenação inter e intramuscular.

Bompa (1990), citado por I glesias (1995), refere que a força máxima

depende das características biomecânicas, da magnitude das contracções dos

20 Força
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

músculos envolvidos e é obtida em função da intensidade dos impulsos

nervosos e da frequência desses impulsos.

Bhurle (1990) define força máxima como a parte da força absoluta que

pode ser activada de forma voluntária.

A força máxima pode então ser entendida como a maior expressão de

força produzida pelo organismo, independentemente do tipo de contracção

muscular realizada. Está implícita a incapacidade de executar uma tarefa igual,

com a mesma dimensão de força, durante um dado intervalo de tempo.

4.2.1.1 Força Absoluta

Para entendermos melhor a referência de Bharle, será necessário

desenvolver as noções de conceito absoluto e relativo de força.

Assim, força absoluta poderá ser entendida como a capacidade potencial

teórica de força, dependendo da constituição do músculo - secção transversal e

tipo de fibra (Badillo & Ayestarán, 1995; Garcia Manso et ai., 1996).

Força absoluta poderá ainda ser definida como a capacidade de um

indivíduo produzir força, independentemente do seu peso corporal (Bompa,

1990 e 1999; Mil-Homens, 1996).

21 Força]
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

4.2.1.2 Força Relativa

Por outro lado, a força relativa é definida de forma diversa por alguns

autores. Garcia Manso et ai. (1996) entendem-na como a relação da força

máxima com o peso corporal; Bompa (1990 e 1999) define-a como a razão entre

a força absoluta e o peso corporal; já Mil-Homens (1996) a refere como o valor

de força produzido por um atleta por unidade de peso corporal.

Compreendemos assim que a força absoluta seja a maior quantidade de

força expressa por um indivíduo, estando a força relativa em relação directa

com o peso corporal e sendo a capacidade de produzir força em função desse

mesmo peso corporal.

4.2.2 Força Rápida

É talvez o conceito de manifestação de força mais complexo e que reúne

menor consenso na bibliografia existente. Ao longo dos tempos, temos ouvido

falar de força-rápida, sendo que esta é, talvez, apenas uma forma de expressão

englobadora das suas várias componentes. Esta, de acordo com Harre & Lotz

(1988), é a capacidade de um atleta vencer uma oposição com uma velocidade

de movimento elevada. Conceitos semelhantes são apresentados por Manno

(1984), Garcia Manso et ai. (1996) e Staley (1998), ao referirem-na como a

capacidade de o organismo ultrapassar uma resistência, efectuando uma

contracção o mais rápida possível.

22 Força]
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1a Divisão Nacional

Para Harre & Lotz (1988) a força rápida é determinada pelo tipo de

movimento, pela dimensão da resistência a vencer, pela posição do pico de

força e pela duração da expressão de força, no âmbito do seu pico.

No entanto, existem três expressões de força que, ocasionalmente, na

literatura, podem confundir-se - força-velocidade, força-rápida e força-explosiva.

O termo força-velocidade poderá significar uma leitura da curva força-

velocidade, ou simplesmente um treino misto de força e velocidade.

Por outro lado, Badillo & Ayestarán (1995) sustentam que as

denominações força rápida e força explosiva se identificam mutuamente,

podendo considerar-se como a melhor relação existente entre força e

velocidade. A identidade de ambos os conceitos poderá ser comprovada

através de um estudo apresentado pelos referidos autores, segundo os quais as

melhorias reflectidas na curva força-velocidade serão as mesmas que se

reflectem na curva força-tempo.

A força rápida apresenta vários componentes (Mil-Homens, 1996), como

sejam a força inicial isto é, a capacidade de desenvolver rapidamente uma força

externa no início do trabalho de contracção muscular - a força explosiva e a

força reactiva.

Em síntese, a força rápida deve ser entendida em função da curva força-

velocidade, depende da resistência a vencer e pode ser encarada como a

23 Força |
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

capacidade de movimentar um acessório - ou o próprio corpo - a uma alta

velocidade.

4.2.2.1 Força Explosiva

Outros autores definem esta forma de manifestação como sendo o produto

de duas capacidades - força e velocidade - considerando-a como a capacidade de

aplicar a máxima força no mais curto espaço de tempo (Zatsiorski, 1995; Bompa,

1999). Muito próximos estão outros metodólogos ao entenderem-na como a

capacidade do sistema neuromuscular de produzir a maior força possível num dado

período de tempo (Schmidtbleicher, 1992; Mil-Homens, 1996).

Segundo Schmidtbleicher (1992), a força explosiva depende da velocidade

de desenvolvimento da força, da força máxima atingida (Harre & Lotz, 1988; Staley,

1998) e da duração do efeito de força (Harre & Lotz, 1988). Estes autores

defendem ainda que a máxima velocidade de desenvolvimento da força - ou força

explosiva - revela a capacidade do sistema neuromuscular de desenvolver acções

à mais alta velocidade.

A força explosiva é, assim, a base de múltiplas acções técnicas. Existem

outros factores ainda não referidos, como a percentagem de fibras "Fast-Twich

Fibers" (FT) do músculo, a sincronização e frequência do impulso nervoso, a

coordenação neural, o ciclo de estiramento-encurtamento e as fontes energéticas

(Badillo & Ayestarán, 1995; Staley, 1998), que influenciam a força explosiva.
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

De uma forma geral, pode-se dizer que força explosiva é a capacidade que

o organismo tem de produzir a máxima força, no mais curto espaço de tempo e

à maior velocidade possível.

4.2.2.2 Força Elástico-Explosiva

Este tipo de força tem lugar quando a fase excêntrica não se executa a alta

velocidade (Garcia Manso et ai., 1996). Apoiando-se nos mesmos factores da

força explosiva, é-lhe acrescentada a componente elástica que actua por efeito

de estiramento prévio (Badillo & Ayestarán, 1995).

4.2.2.3 Força Elástico-Explosiva-Reactiva

Esta forma de manifestação da força é acrescida à anterior pelo ciclo de

estiramento-encurtamento (CEE), através do efeito do reflexo miotático (Badillo

& Ayestarán, 1995), ocorrendo quando o alongamento prévio à contracção

muscular é de amplitude limitada e de execução muito elevada (Garcia Manso

et ai., 1996).

4.2.3 Força Resistência

Segundo Bompa (1990 e 1999), a força resistência é definida como a

capacidade de manter um trabalho muscular por um período prolongado.

25 Força
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

Staley (1998) identifica-a como a capacidade de atrasar a fadiga perante

cargas sucessivas de longa duração, podendo praticar-se mediante um trabalho

muscular dinâmico ou estático.

Garcia Manso et ai. (1996) referem-na como a capacidade de manter uma

força a um nível constante, durante o tempo de realização da actividade

desportiva.

Para Mil-Homens (1996), representa uma capacidade mista de força e

resistência, manifestando-se na possibilidade de realizar esforços de força em

actividades de média e longa duração resistindo à fadiga e mantendo o

funcionamento muscular em níveis elevados.

Já Matveiev (1983) a define como a capacidade de resistir ao esgotamento

provocado pelos componentes de força e de sobrecarga da modalidade

desportiva praticada.

A força resistência não pode ser considerada indiferenciadamente da

disciplina desportiva a que se reporta, nem da forma de manifestação da força

envolvida.

Assim, a força resistência é particular de cada forma de expressão de

força, considerando-se como a capacidade de o organismo manter o trabalho

muscular por períodos de tempo prolongados, sem baixar o nível de prestação

desportiva.

26 Força
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

5. Metodologia do Treino de Força

O objectivo do treino de força é predispor o desportista a alcançar a

"óptima" manifestação de força nas actividades específicas (Badillo &

Ayestarán, 1995). No andebol, todos os conteúdos, dentro de treino da força,

estão subordinados a um lema -jogar andebol (Alcaide, 1991).

Se procurarmos, na literatura, uma terminologia comum para a

metodologia do treino de força, ficaremos desapontados, tamanha é a

diversidade existente. Esta mesma diversidade era também notória na

classificação das formas de manifestação da força, como vimos antes, e

estende-se até à nomenclatura dos respectivos métodos de treino. De uma

forma genérica, os métodos de treino podem ser definidos como a disposição

sistematizada dos conteúdos de treino, em função das leis do treino, e definem-

se sobretudo por uma disposição normativa das cargas em função dos

objectivos (Letzelter, 1990).

Anteriormente, falava-se do treino de força adaptado aos culturistas e

halterofilistas. Ainda hoje, associa-se à ideia de treinar força, o ir para uma sala

de musculação levantar pesos até à exaustão, com cargas elevadíssimas, o que

é bastante prejudicial ao rendimento desportivo - principalmente naquelas

disciplinas onde o aumento da massa muscular não se revela, por si só, um

factor decisivo.

No entanto, não é assim que sucede actualmente quando falamos de

treino de força.

27 Metodologia do Treino de Força


Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

Os esquemas tradicionais dos métodos de treino de força eram, como já foi

referido, originariamente, baseados na carga utilizada ou num desporto, como

são exemplos os métodos dos culturistas e halterofilistas (Schmidtbleicher,

1992).

Rompendo com o passado, o treino moderno de força tem duas

prioridades (Bahrle e Werner, 1984):

0 por um lado, o treino deve desenvolver a secção transversal de todas as

fibras musculares, e deste modo, a força absoluta;

0 por outro lado, este potencial, a força absoluta deve ser possível de

aplicar com o máximo efeito, de uma forma específica da modalidade.

Actualmente, um treinador deve questionar-se acerca de algumas factores

antes de tomar uma decisão quanto ao método a utilizar, como por exemplo

(Badillo & Ayestarán, 1995):

♦ quais os efeitos fundamentais das cargas, positivos e negativos;

♦ qual o nível de força que se pretende atingir;

♦ qual o ângulo em que se vai desenvolver e manifestar o efeito do treino

realizado;

♦ a que velocidades vai ser utilizada a força desenvolvida;

♦ quais os efeitos sobre o peso corporal;

♦ qual o tempo necessário para conseguir uma melhoria do rendimento;

♦ durante quanto tempo se deve ou se pode manter o programa de treino.

28 Metodologia do Treino de Força |


Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

Para além destes, poder-se-ia referir muitos outros factores, tão ou mais

pertinentes.

Assim, e com base na reflexão anterior, há que traçar um programa de

treino de força, definindo em primeiro lugar (Badillo & Ayestarán, 1995; Garcia

Manso et ai., 1996):

* os exercícios a utilizar - o número de exercícios e a sua ordem no

programa geral;

* o tipo de contracção muscular a utilizar - concêntrica, excêntrica ou

isométrica;

* o número de séries e repetições a utilizar;

* a velocidade de execução;

* o intervalo de recuperação - entre séries e entre exercícios;

* a intensidade a utilizar - a percentagem de uma repetição máxima (%

1RM).

A questão é saber o que se vai melhorar e como se vai processar essa

melhoria na capacidade de produção de força.

É consensual que a força se pode desenvolver através de duas vias

principais: a via hipertrófica e a via neural (Schmidtbleicher, 1992; Badillo &

Ayestarán, 1995; Garcia Manso et ai., 1996; Mil-Homens, 1996; Bompa, 1999).

No caso da hipertrofia, ela é desenvolvida através do aumento da secção

transversal do músculo (Schmidtbleicher, 1992; Badillo & Ayestarán, 1995;

Garcia Manso et ai., 1996; Mil-Homens, 1996; Bompa, 1999). Os indivíduos com

29 Metodologia do Treino de Força


Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

mais fibras FT têm mais potencial para desenvolverem processos de hipertrofia,

devido à melhor predisposição para tal daquelas mesmas fibras (Schmidtbleicher,

1992;MacDougall, 1992).

No caso das adaptações neurais, a força é desenvolvida através da melhoria

da coordenação neuromuscular - intra e intermuscular. A melhoria da coordenação

intramuscular poderá dar-se pelo processo de recrutamento das unidades motoras,

pela frequência do estímulo nervoso e pela sincronização das unidades motoras.

Para Badillo & Ayestarán (1995) e Bompa (1999), o aperfeiçoamento dos

movimentos de contracção e relaxação dos músculos agonistas e antagonistas

provoca uma melhor coordenação intermuscular. Berdahl (1998) sustenta esta

mesma ideia, ao afirmar que as adaptações neurais podem incluir aumentos da

actividade electromiográfica, sincronização, melhoria das co-contracções dos

antagonistas, activação selectiva dos músculos dentro de um grupo muscular e

activação selectiva das unidades motoras.

Desta forma, os métodos de treino da força podem ser agrupados segundo a

adaptação que provocam ou consoante as capacidades fundamentais sobre as

quais têm influência.

Badillo & Ayestarán (1995) dividem os métodos de treino segundo as

manifestações de força solicitadas. Assim, propõem:

♦ métodos para a melhoria da força máxima;

♦ métodos para a melhoria da força explosiva e elástico-explosiva;

♦ métodos para o treino da força reactiva;

30 Metodologia do Treino de Força


Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

♦ métodos para o treino da resistência de força.

Schmidtbleicher (1992), em oposição, divide os métodos de treino da força

segundo os efeitos que os mesmos provocam.

Afirma que, quando utilizamos um método de treino, as primeiras

adaptações são sempre ao nível da coordenação intermuscular, notando-se os

primeiros efeitos após duas semanas de treino, realizando 4 treinos por

semana. Adaptações neurais assumem um papel primordial após 6-8 semanas

de treinos - ainda efectuando 4 treinos por semana - com implicações mais

incisivas na capacidade de potência. No entanto, apenas os ganhos obtidos

através do aumento da massa muscular denotam assinaláveis melhorias ao

nível da expressão de força e de potência e permanecem durante anos,

mantendo o trabalho de força de acordo com o referido na literatura da

especialidade (Bayer, 1987; Alcalde, 1991; Schmidtbleicher, 1992; Zatsiorski,

1995; Garcia Manso et ai., 1996; Bompa, 1999).

Em síntese, poderemos conjugar as variáveis do treino (intensidade de

1RM, volume, repetições, intervalo de recuperação, velocidade de execução),

de forma a modificarmos o aspecto exterior da carga, dirigindo as adaptações

em função dos objectivos pretendidos. Estes serão sempre mais orientados para

a hipertrofia muscular - e consequente aumento da força máxima - e para as

31 Metodologia do Treino de Força


Treino de Força em Andebol
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adaptações neurais - com inevitáveis melhorias ao nível da força máxima e da força

explosiva.

5.1 Métodos de Treino para a Hipertrofia Muscular


Schmidtbleicher (1992), Badillo & Ayestarán (1995), Ortiz Cervera (1996) e

Bompa(1999) apresentam os métodos de treino para a hipertrofia muscular como

métodos caracterizados por um grande número de séries (4 a 6-8) e repetições (6

a 12), utilizando cargas sub-máximas (60-80%), com ritmos de execução

moderados, aumentando assim o déficit de força. Tomam-se, por isso, uma forma

de melhorar a força máxima.


Tabela 5-1- Métodos de Treino para a Hipertrofia Muscular

Método Standard I Método Standard Método Método Método


Carga Constante II Culturista I Culturistall Isocinético
Carga (Extensivo) (Intensivo)

Concêntrico s -/ •/ • ^
Excêntrico •
Intensidade 80 70, 80, 85, 90 60-70 85-95 70
(%1RM)
Repetições 8-10 12, 10,7,5 15-20 8-5 15
Séries 3-5 1,2,3,4 3-5 3-5 3
Pausa (min) 3 2 2 3 3

(Schmidtbleicher, 1992)

Um resumo dos métodos hipertróficos pode ser observado na Tabela 5-1-

Métodos de Treino paira a Hipertrofia Muscular passando-se de seguida à descrição

dos mesmos:
Treino de Força em Andebol
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5.1.1 Método Standard I - Carga Constante (Schmidtbleicher, 1992)

São executadas entre 3 a 5 séries de 8 a 10 repetições, com uma carga

constante em todas as séries e repetições de 80% de 1RM. Entre cada série

proceder-se-á a uma pausa de 3 minutos.

5.1.2 Método Standard II - Carga Progressiva (Schmidtbleicher, 1992)

Enquanto a intensidade da carga vai crescendo ao longo de 4 séries - 70,

80, 85 e 90% - as repetições, inversamente, vão decrescendo (12, 10, 7 e 5). O

intervalo de recuperação de série em série será de 2 minutos.

A execução das últimas repetições pressupõe um grande esforço, não

podendo ser realizadas, normalmente, sem assistência.

5.1.3 Método Culturista I (Extensivo) (Schmidtbleicher, 1992)

Um dos métodos mais utilizados pelos culturistas, como o nome indica.

Utiliza intensidades entre os 60 e 70% de 1RM, realizando 3 a 5 séries de 15 a

20 repetições, com 2 minutos de recuperação entre séries.

5.1.4 Método Culturista II (Intensivo) (Schmidtbleicher, 1992)

Também bastante utilizado pelos culturistas, serve-se de cargas mais

intensas - 85 a 95% de 1 RM - e, consequentemente, com um menor número de

repetições (5 a 8), em 3 séries com 3 minutos de recuperação.

33 Metodologia do Treino de Força


Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

Ambos os métodos culturistas preocupam-se com a completa e total

depleção das reservas energéticas e sobrecarga muscular. Têm pouca

aplicação ao desporto de alto rendimento.

5.1.5 Método Isocinético (Schmidtbleicher, 1992)

É um método que necessita de um equipamento próprio, onde a

resistência seja acomodativa, não variando durante a fase concêntrica e

excêntrica. Por isso, menos interessante para o andebol, excepto nas fases

iniciais de preparação ou na recuperação de lesões.

Os métodos de treino de força com objectivos de desenvolver a hipertrofia

muscular não devem ultrapassar as 10-12 semanas, pois estudos demonstram

que, após esse tempo, os efeitos começam a decair aceleradamente

(Schmidtbleicher, 1992; Badillo & Ayestarán, 1995). Bompa (1999) refere

mesmo que a duração média para os treinos de hipertrofia muscular deverá ser

de 6 semanas. Esta constatação de Bompa aplica-se mais aos desportos

individuais e às modalidades americanas (longos períodos preparatórios) de

alto rendimento, pois torna-se inviável, nos desportos de equipa europeus -

como é o andebol ■• a utilização de um método hipertrófico por 10 a 12 semanas.

Este autor sugere que os parâmetros a considerar no treino com

orientação para a hipertrofia sejam os que se podem observar na Tabela 5-2 -

Parâmetros de Treino para a Fase de H i p e r t r o f i a ( B o m p a , 1 9 9 9 ) .

34 Metodologia do Treino de Força


Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1a Divisão Nacional

Tabela 5-2 - Parâmetros de Treino para a Fase de Hipertrofia


Parâmetros Trabalho
Duração 4 a 6 semanas
Carga 70 - 80%
N° Exercícios 6-9
Repetições 6-12
Séries 4-6/8
Intervalo 3 a 5 minutos
Velocidade Lenta / Média
Frequência semana 2-4
(Bompa ,1999)

Respeitando os mesmos princípios estão outros autores como Badillo &

Ayestarán (1995), embora com algumas variantes na sua aproximação ao

trabalho de hipertrofia muscular.

Na Tabela 5-3 - Métodos de Treino Força Máxima (Hipertrofia Muscular),

podemos observar as sugestões dos referidos autores.

Tabela 5-3 - Métodos de Treino Força Máxima (Hipertrofia Muscular)


Método Repetições II Método Repetições I Método Repetições III
Intensidade (% 1RM) 70-80 80-85 60-75
Repetições 6-12 5-7 6-12
Séries 3-5 3-5 3-5
Pausa (min) 2-5 3-5 3-5
Velocidade Média ou Alta Média ou Alta Média
(Badillo & Ayestarán ,1995)

O método de repetições II é, entre os avançados pelos autores, aquele que

provoca maiores adaptações ao nível da hipertrofia muscular (Badillo &

Ayestarán, 1995). Os outros métodos desenvolvem processos hipertróficos


35 Metodologia do Treino de Força |
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médios, embora também com algumas adaptações (mínimas) sobre os factores

nervosos.

Em síntese, podemos afirmar que, para que se produzam efeitos ao nível

da hipertrofia muscular, será necessário utilizar cargas médias (entre os 60 e os

80% de 1RM), com poucas repetições, com aumento progressivo do número de

séries e curtos tempos de recuperação entre as séries.

5.2 Métodos de Treino para a Força Explosiva ou Velocidade de

Desenvolvimento da Força

São métodos de treino que têm por base as adaptações neurais

provocadas, aperfeiçoando quer a força máxima (melhoria dos processos

neuromusculares), quer a força explosiva, diminuindo assim o déficit de força.

Segundo Schmidtbleicher (1992), a adaptação "óptima" ocorrerá após 6 a

8 semanas, efectuando 4 treinos por semana.

Schmidtbleicher (1992) acrescenta ainda que a principal característica

destes métodos são acções extremamente rápidas de curta duração contra

cargas quase máximas. Para o êxito destes métodos, é fundamental que a

velocidade de execução seja explosiva, o que não deve ser confundido com

movimento explosivo. As estruturas interna e externa do movimento são

completamente diferentes, devido às cargas muito elevadas.

36 Metodologia do Treino de Força


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Tabela 5-4 - Métodos de Treino para a Força Explosiva ou Velocidade de Desenvolvimento da


Força

Método Quase Máximo Método Método Excêntrico Método Concêntrico -


Concêntrico Máximo Excêntrico Máximo
Máximo
Concêntrico •/ ■/ •
Excêntrico • •
Intensidade 90, 95, 97, 100 100 150 70-90
(%1RM)
Repetições 3 , 1 , 1,1+1 1 5 6-8
Séries 1,2,3,4+5 5 3 3-5
Pausa (min) 3-5 3-5 3 5

(Schmidtbleicher, 1992)

Na Tabela 5-4 - Métodos de Treino para a Força Explosiva ou Velocidade de

Desenvolvimento da Força, poderemos observar um resumo dos métodos descritos

a seguir.

5.2.1 Método Quase Máximo (Schmidtbleicher, 1992)

Neste método é adoptado o princípio do método de pirâmide. Na última

série, mais uma tentativa é realizada com o objectivo de estabelecer um novo

máximo e introduzir o princípio da progressão em cada sessão de treino.

Os intervalos de recuperação deverão ser de 5 minutos, podendo, no

entanto, outros grupos musculares serem solicitados em tempo mais reduzido.

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5.2.2 Método Concêntrico Máximo (Schmidtbleicher, 1992)

Já este método deverá ser apenas utilizado por atletas de elevado

rendimento. Em todos os treinos é tentado estabelecer um novo valor máximo

para cada exercício.

5.2.3 Método Excêntrico Máximo (Schmidtbleicher, 1992)

A carga utilizada neste método deverá ser supramaximal, não excedendo

os 150% de 1RM. Deverão ser utilizados outros membros da equipa para ajudar

na execução dos exercícios, uma vez que ultrapassam os máximos individuais.

No caso de alguns desportos que utilizam hiperextensões - como é o caso dos

remates no andebol - as cargas deverão ultrapassar apenas os 100%.

5.2.4 Método Concêntrico - Excêntrico Máximo (Schmidtbleicher, 1992)

Este método combina a capacidade das acções concêntricas máximas em

melhorar a velocidade de desenvolvimento da força, com as características dos

treinos excêntricos máximos.

A fase excêntrica do exercício realiza-se opondo a menor resistência

possível, quase deixando cair o peso livremente, até ao momento em que se

inicia a fase concêntrica. Esta transição entre as fases concêntrica e excêntrica

deverá ser a mais breve possível.

Alguns exercícios comuns a esta prática são o press de banca ou supino e

o agachamento.

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Outros métodos são ainda propostos por outros autores (Badillo &

Ayestarán, 1995; Ortiz Cervera, 1996; Bompa, 1999), sempre com o objectivo de

desenvolver a capacidade de expressão de força o mais rapidamente possível.

As melhorias situam-se nos aspectos neurais, com maior incidência sobre a

força explosiva ou sobre a força máxima.

Vários exemplos podem ser seguidos nas tabelas seguintes.

Tabela 5-5 ■■ Métodos de Treino para a Fase de Força Máxima


Parâmetros Trabalho
Carga 85-100%
N° Exercícios 3-5
Repetições 1 -4
Séries 6-10/12
Intervalo 3 a 6 minutos
Frequência semanal 2-3/4
(Bompa ,1999)

Badillo & Ayestarán (1995) sugerem os métodos indicados na Tabela 5-6 -

Métodos de Treino Neurais como aqueles que solicitam de uma forma

preponderante os factores nervosos, incidindo ora sobre a força máxima, ora

sobre a força explosiva.

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Tabela 5-6 - Métodos de Treino Neurais

Método Intensidades Método Excêntrico Método Repetições I Método Intensidades


Máximas I Máximas II

Intensidade 90-100 100-140 70-80 85-90


(%1RM)
Repetições 1-3 1 -6 6-12 3-5
Séries 4-8 4-5 3-5 4-5
Pausa (min) 3-5 2-5 3-5
Velocidade máxima / explosiva média / alta máxima possível
Efeito Principal Forçai Explosiva Força Máxima Força Máxima Força Máxima

(Badillo & Ayestarán ,1995)

Ortiz Cervera (1996) adianta que o treino de força explosiva deve ser

adequado ao período de preparação que o indivíduo ou a equipa atravessa. No

entanto, para melhorar a força explosiva ao nível das adaptações nervosas,

indica que se devem utilizar cargas pesadas - superiores a 80% de 1RM.

5.3 Métodos Mistos

O grande objectivo dos métodos mistos é desenvolver a força máxima e a

potência simultaneamente, poupando tempo.

Este processo realiza-se utilizando uma pirâmide, podendo começar-se,

por exemplo, com 70% de 1 RM e, série por série, vai-se decrescendo o número

de repetições e aumentando a carga, até atingir os 100% de 1RM.

Os métodos mistos não são, porém, muito aconselháveis para atletas de

alto rendimento desportivo.

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Schmidtbleicher (1992) defende que, num período de treino similar, a

utilização de métodos de hipertrofia muscular seguidos de métodos de força

explosiva ou velocidade de desenvolvimento da força parecem ser de mais

utilidade que os métodos mistos.

5.4 Métodos Treino Elástico - Explosivo - Reactivo

Tendo por base a utilização do Ciclo de Estiramento-Encurtamento (CEE),

todos estes métodos têm como principal alvo o sistema nervoso e as suas

adaptações. Basicamente consistem na realização de contracções com

intensidades máximas muito rápidas em regime pliométrico, com CEE's muito

curtos, em completa ausência de fadiga.

Bompa (1999) concretiza o treino pliométrico através de:

♦ rápida mobilização de maiores actividades de enervação;

♦ recrutamento da maior parte das unidades motoras - se não de todas - e

das suas correspondentes fibras;

♦ aumento da velocidade de descarga dos moto-neurónios;

♦ transformação da força muscular em força explosiva;

♦ desenvolvimento do sistema nervoso de forma a que ele reaja com a

máxima velocidade ao estiramento muscular: desta forma promover-se-

á a capacidade de encurtamento muscular rapidamente e com a máxima

força.

41 Metodologia do Treino de Força


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Um resumo dos principais métodos explicitados pode ser seguido na Tabela

5-7 - Métodos de Treino Elástico-Explosivo-Reactivos.

Tabela 5-7 - Métodos de Treino Elástico-Explosivo-Reactivos


Saltos sem Saltos com Saltos em Exercícios para

Progressão Progressão Profundidade Tronco e Braços

CEE ■/ S • ^
Intensidade 100 100 100 100
(%1RM)
Repetições 30 20 10 10-30
Séries 3-5 3 3-5 3-5
Pausa (min) 5 5 10 5

(Adaptado de Schmidtbleicher, 1992)

5.4.1 Sa ltos sem F>rogressão (Schmidtbleicher, 1992)

lncluem-se neste grupo os "saltitares" no mesmo lugar, com uma ou duas

pernas - a um ritmo pessoal, à máxima frequência ou à máxima altura. Estas

três formas deverão ser executadas em séries de 30 repetições, com 5 minutos

de intervalo, e podem ser combinadas na mesma sessão de treino. Os saltos

com uma perna deverão ser utilizados apenas em 10 repetições por série.

5.4.2 Sa ltos com Progressão (Schmidtbleicher, 1992)

São aqui descritos todos os saltos que incluam deslocamento horizontal,

como sejam - os multisaltos, os triplosaltos, os pentasaltos. A distância

alcançada funcionará como medida da adaptação do treino.

42 Metodologia do Treino de Força |


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É usual praticarem-se 3 a 5 séries de 10 a 20 repetições com 5 a 10 minutos

de pausa.

5.4.3 Saltos em Profundidade (Schmidtbleicher, 1992)

Este será o método mais importante tendo em vista o CEE. Os saltos são

praticados em 3 a 5 séries de 10 repetições, com intervalos de recuperação de 10

minutos.

O efeito dos saltos em profundidade poderá tomar-se pouco eficaz, se o

contacto com a superfície for demasiado longo ou demasiado curto. Os atletas

deverão simular um salto para um local "quente" e deverão reagir no mínimo espaço

de tempo possível. Um tempo de contacto longo poderá significar fadiga e o treino

deverá então ser interrompido. Não deverão ser utilizadas sobrecargas, nem ser

colocadas superfícies de amortecimento (colchões, por exemplo). A altura de

queda deverá ser adaptada individualmente. Alturas de queda de 25 a 35 cm são

consideradas de baixa intensidade, enquanto que alturas de queda acima de 35 cm

até cerca de 80 cm são definidas como de alta intensidade (Schmidtbleicher, 1992;

Badillo & Ayestarán, 1995; Bompa, 1999).

5.4.4 Métodos de Treino para Tronco e Braços (Schmidtbleicher, 1992)

Neste método de treino deverão ser usados materiais como bolas

medicinais, bolas lastradas, barras de musculação e outras pequenas

resistências. Lançamentos de bolas medicinais de 2 a 4 Kg. e de cargas ligeiras

43 Metodologia do Treino de Força


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são considerados de baixa intensidade, porquanto os de alta intensidade

passam por lançamentos de instrumentos pesados ou de bolas medicinais de 5

a 6 Kg.. Poderão ser utilizadas 4 a 6 séries de 6 a 10 repetições com 2 minutos

de recuperação entre séries.

Outros exemplos de métodos pliométricos poderão ser os propostos por

Verjoshanski (1990), Badillo & Ayestarán (1995) e Bompa (1999).

Para Verjoshanski, o trabalho pliométrico não deve incluir mais de 40

saltos em cada unidade de treino, nem deve ser realizado mais de duas vezes

por semana. As intensidades a utilizar podem ser divididas em:

♦ Baixa

• saltos no mesmo sítio

• saltos ultrapassando pequenos obstáculos

♦ Média

• saltos com pouco deslocamento

• "drop jumps" com alturas de queda de 20 a 40 cm

♦ Elevada

• multisaltos com grandes deslocamentos

• saltos ultrapassando grandes obstáculos

• "drop jumps" com alturas de queda de 50 a 80 cm

• saltos com cargas lastradas.

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O número de repetições por série deverá ser de 10, em 4 séries, com

recuperações amplas - de 4 a 10 minutos, e com intervalos de tempo entre

sessões de 48 a 72 horas.

Muito semelhante é a proposta de Badillo & Ayestarán (1995), não sendo

significativas as dissemelhanças com o método anterior.

Um pouco diferente parece a sugestão de Bompa (1999). Este autor

distingue exercícios pliométricos de baixa e alta intensidade. Nos primeiros engloba

- skipping; saltos à corda; saltos com passadas curtas e baixas, "hops" e saltos;

saltos sobre bancos de 25 a 35 cm; lançamentos de bolas medicinais de 2 a 4 Kg.

Quanto aos que considera de alta intensidade - saltos sem balanço e triplo saltos;

saltos com passadas altas e longas, "hops" e saltos; saltos sobre bancos com 35

cm ou mais; "drop jumps" de caixas de 35 cm ou mais; lançamentos de bolas

medicinais de 5 a 6 Kg; lançamentos de instrumentos pesados.

Bompa aconselha de 5 a 25 séries corn 1 a 30 repetições consoante os

objectivos e as intensidades utilizadas. As pausas também estão em dependência

do nível de esforço produzido, podendo variar entre 2 a 3 minutos para os

exercícios de baixa intensidade e de 8 a 10 minutos para os de alta intensidade.

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5.5 Métodos de Treino para a Força Resistência

Os métodos de treino da força resistência deverão ligar esta forma de

manifestação àquilo que é a competição propriamente dita, ou seja, estar de acordo

com as exigências da competição. Assim, o treino da força resistência também é

específico da modalidade em questão.

Como normas gerais, poderemos indicar as seguintes (Badillo & Ayestarán,

1995):

♦ a resistência a superar é superior à da competição;

♦ a duração do estímulo está directamente relacionada com a competição;

♦ o número de repetições por série supera o de qualquer outro método de

treino, e a pausa entre séries é a mais curta;

♦ a semelhança entre estímulo de treino e competição, deve ser mantida ao

nível do padrão de movimento;

♦ o estado da capacidade de força deverá ser constantemente controlado;

♦ um efeito fisiológico dirigido e controlado deve ser tido como um objectivo

a privilegiar.

Badillo & Ayestarán (1995) são apologistas de que quando se estabelece

um programa de treino de força resistência, dever-se-á ter em conta as várias

formas de manifestação da força e a capacidade de resistência que influenciam cada

modalidade desportiva. O trabalho a realizar será organizado em função destes

pressupostos.

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Os mesmos autores consideram ainda que nos desportos em que a força

máxima e a força explosiva - perante grandes resistências - jogam um papel

preponderante, deverão realizar-se 3 a 4 séries de 6 a 8 repetições.

Para a resistência da força rápida, Letzelter (1990) propõe, por seu lado, 3 a 5

séries de 8 a 20 repetições à máxima velocidade, com uma carga de 30 a 70% de

1 RM e intervalo de recuperação de 60" a 90" (método intensivo por intervalos);

para desportos de resistência com baixos níveis de força, propõe a realização de 3

a 5 séries de 20 ou mais repetições, com 30-40% de 1 RM e com recuperação

entre 30" e 60" (extensivo por intervalos).

Bompa (1999) sugere um quadro de treino de força resistência consoante a

duração dos eventos. Assim, teríamos força resistência da potência de curta, média

e de longa duração. A Tabela 5-8 - Métodos de Treino da Força Resistência descreve

os métodos utilizados em cada uma das referidas formas:

Tabela 5-8 - Métodos de Treino da Força Resistência

Força Resistência Força Resistência Força Resistência Força Resistência


Potência Curta Duração Média Duração Longa Duração
Intensidade 50-70 50-60 40-50 30-40
(%1RM)
Repetições 15-30 30" - 60"
Séries 2-4 3-6 2-4 2-4
Pausa (min) 5-7 60" - 90" 2e5 1 -4
s
N Exercícios 2-3 3-6 4-8 4-6
Velocidade Muito Dinâmica Média - Alta Média Média
Freq Semanal 2-3 2-3 2-3 2-3

(Bompa, 1999)

47 Metodologia do Treino de Força


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Um dos métodos mais referidos para a melhoria da força resistência é o

circuito-treino (Badillo & Ayestarán, 1995; Ortiz Cervera, 1996; Bompa, 1999).

Segundo este método a carga deve variar entre 40 a 80% da 1RM, com um

número de repetições entre 10 e 20/30 ou com um tempo para a tarefa (30" , p.

ex.) e completando 3 circuitos. A recuperação é inferior a um minuto.

5.6 Métodos de Treino Específicos do Andebol

Nesta parte do trabalho, gostaríamos de indicar alguns métodos de treino

utilizados para desenvolver os níveis de força referidos na bibliografia

específica. Porém, é importante referir que é bastante usual os treinadores

utilizarem esquemas de trabalho adaptados às suas realidades, possibilidades e

conhecimentos.

Latiskevits (1991) divide os métodos de treino em essenciais para a

preparação de força propriamente dita e essenciais para a preparação da força

rápida. Entre os primeiros, distingue o método dos esforços extensivos e o

método dos esforços intensivos; entre os segundos, figuram o método dos

esforços dinâmicos e o método das acções conjugadas.

♦ O método dos esforços extensivos consiste em utilizar cargas de 60 a

70% de 1RM com 8 a 12 repetições, se queremos aumentar a força

máxima e o peso corporal do atleta, ou cargas de 80% , com 3 a 5

repetições se não desejamos hipertrofia. Os tempos de repouso variam

48 Metodologia do Treino de Força


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entre 1 e 2 minutos. É um método de maior utilização no período

preparatório e princípios do PC;

♦ O método dos esforços intensivos usa uma carga de 75% e 2 a 4

repetições. O autor sugere que este método não deve ser utilizado mais

que uma vez por semana;

♦ O método dos esforços dinâmicos consiste na utilização de pequenas

cargas a velocidades extremas. A intensidade varia entre 20 e 50% de

1RM com 3 a 6 séries de 6 a 10 repetições. Os principais exercícios são

os de carácter explosivo;

♦ O método das acções conjugadas baseia-se na utilização de pequenas

cargas acrescidas na realização de exercícios de carácter predominante

técnico-táctico.

O mesmo autor faz ainda uma referência aos saltos, afirmando que devem

ser trabalhados os saltos em profundidade, uma vez por semana, em 4 séries

de 10 repetições cada.

Alcaide (1991) refere-se ao trabalho de força como estando dividido em

treino de força de base, treino de força máxima e treino de força explosiva.

O trabalho de força de base deve conter um volume médio e médio/alto,

com intensidades máximas e sub-máximas, visando quer a força máxima, quer a

força explosiva.

49 Metodologia do Treino de Força


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O mesmo autor preconiza um trabalho de força máxima com intensidades de

85 a 100% de 1 RM e de 1 a 3 repetições, com recuperação total entre séries e

velocidade permitida pela carga.

O trabalho de força explosiva serve-se de cargas mais baixas, entre 50 a

60% de 1RM, e o número de repetições varia entre 4 a 8, segundo o método de

pirâmide.

Relativamente aos saltos e lançamentos, avança com as seguintes propostas:

saltos - 8 a 12 séries de 8 a 10 repetições, com alturas de queda de 25 a 40 cm;

lançamentos - 5 a 12 exercícios com 8 a 12 repetições e bolas medicinais de 3 a 5

Kg.. Em ambos os casos, a pausa deve ser a suficiente para permitir recomeçar o

esforço com elevada intensidade.

Por sua vez, Maia (1989) preconiza uma proposta de trabalho na qual sugere

que o treino de força pode ser dirigido à força máxima, à força resistência ou à

potência. Preconiza para o trabalho de força máxima cargas entre 80 e 100% de

1 RM com a execução de 1 a 3 repetições, em 2 a 6 séries. Relativamente ao

trabalho de força resistência são aconselhadas cargas entre 50 e 60% de 1RM,

variando as repetições entre 20 e 40 e as séries entre 3 e 6. Por último, o treino de

potência, com uma intensidade variável de 75 a 85% de 1 RM, efectuando de 4 a 8

repetições e 2 a 6 séries.

Em síntese, os métodos de treino de força apontados pelos manuais de

andebol parecem "balançar" entre a necessidade de desenvolver os níveis de


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força e a "colisão" com a competição. Procuram trabalhar de uma forma clara as

formas de manifestação da força máxima e explosiva, sem deixarem de ter em

atenção as acções específicas do jogo como os saltos e os lançamentos.

51 Metodologia do Treino de Força


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6. O Planeamento do Treino Desportivo

O planeamento desportivo actual encontra muitas diferenças entre os

desportos colectivos e os individuais. Anteriormente, pela fácil mensuração dos

Jogos Desportivos Individuais (JDI) e, logo pela fácil projecção e modelização,

os Jogos Desportivos Colectivos (JDC) recolhiam neles informações e soluções,

uma vez que lhes era mais difícil fazer estudos ou extrapolar conclusões de uns

casos para outros.

A grande variabilidade existente de procedimentos associada aos JDC não

permite um transfer imediato de um método aplicado em JDI para os JDC.

No entanto, embora seja cada vez menos frequente, tal continua a

verificar-se. Ainda assim, e sendo certo que cada equipa é um caso

completamente diferente de outra, só porventura através de um factor de prévia

reflexão à elaboração do plano, e do calendário competitivo, se poderão

encontrar algumas semelhanças.

6.1 Conceito de Planeamento

O termo planeamento encerra vários conceitos expressos consoante as

matérias ou o fim a que se destina.

O planeamento pode ser entendido como a escolha racional dos seus

diferentes elementos constituintes e a sua articulação "óptima".

53 Planeamento e Periodização
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Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

Segundo Nadori (1987), o planeamento do treino é a projecção prática de

um esquema exequível de treino.

Para este autor, existem quatro condições essenciais à realização de um

planeamento:

♦ a clara delineação da estrutura do treino;

♦ a aceitação por parte dos atletas do programa de treino;

♦ a inclusão do controlo e possíveis modificações no projecto de treino;

♦ a co-existência harmoniosa entre conteúdo e métodos de treino.

Cercel (1990) entende por planeamento a organização, coordenação e

orientação das actividades para atingir objectivos pedagógicos e de rendimento

previamente estabelecidos.

Para este autor, o planeamento encerra várias funções, tais como:

♦ revelar e estudar as tendências fundamentais do desenvolvimento;

♦ avaliar, analisar multilateralmente as tarefas e distribuir adequadamente

os recursos;

♦ elaborar projectos de plano e escolher a variante definitiva;

♦ estimular e controlar o cumprimentos dos planos;

♦ corrigir os planos em função das novas situações emergentes da sua

aplicação, com vista a mobilizar recursos suplementares.

54 Planeamento e Periodização |
Treino de Força em Andebol
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Castelo (1996) define planeamento como um processo que analisa, define

e sistematiza as diferentes operações inerentes à construção e

desenvolvimento dos praticantes ou das equipas.

O planeamento, segundo Badillo & Ayestarán (1995) é uma actividade

orientada a estruturar optimamente um processo, no qual devem constar - como

notas específicas - os objectivos a alcançar, as técnicas e métodos a utilizar, os

procedimentos de controlo dos resultados e do processo em si.

Em síntese, podemos afirmar que o planeamento é um processo projectivo

de apoio à organização, coordenação e concretização dos objectivos

estabelecidos, com base nos conhecimentos actuais sobre o treino desportivo, a

modalidade em questão e os atletas visados, permitindo controlar e orientar

todo o processo de treino, bem como os resultados desportivos.

6.2 Periodização do Treino Desportivo

Ao longo dos anos, a teoria do treino desportivo foi evoluindo. Desde as

primeiras referências, passando por Matveiev um marco no treino desportivo

com o seu modelo de periodização da forma desportiva até aos tempos actuais,

a teoria do treino desportivo avançou de uma realidade "una e válida para tudo

e todos", para a necessidade de cada modalidade ter os seus próprios modelos

de organização do treino.

55 Planeamento e Periodização
Treino de Força em Andebol
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Gambetta (1991) define a periodização como o aspecto da programação

dedicado a sequenciar e temporizar as actividades. É uma aproximação sistemática,

sequencial e progressiva ao planeamento e organização do treino de todas as

capacidades motoras dentro de uma estrutura cíclica, para obter o óptimo

rendimento de um desportista ou equipa. Este enquadramento da periodização

pode ser questionável, pois a periodização não representa uma parte da

programação e sim a referenciação temporal, em períodos de todo o quadro de

planeamento.

Marques (1993) é mais preciso ainda quanto às referências temporais e de

conteúdo ao definir periodização como a definição dos limites temporais adequados

que permitam aos treinadores estruturar de forma objectiva o treino, em cada


momento da preparação desportiva. Estabelece, deste modo, uma associação

indissolúvel entre a periodização e as leis da forma desportiva1.

Tschiene (1987) refere modelos de treino diferentes para os JDI , para os

desportos de combate e para os JDC.

Verjhoshanski (1991) considerado o percursor da periodização dupla vai

abandonando a ideia do trabalho de carácter geral (Matveiev, 1990), para afirmar

que a base de qualquer desporto é a preparação especializada, devendo para

isso serem usadas, no treino, prioritariamente cargas especiais.

Por seu lado, Tschiene (1987) refere-se à carga como a categoria central do

treino e, devendo neste ser contemplados três pontos:

♦ a necessidade de pensar segundo um sistema de treino;

1
Estado de forma atlética determinado pelo nível de treino, durante o qual os
atletas podem alcançar resultados próximos à sua máxima capacidade (Bompa,
1983).

56 Planeamento e Periodização
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♦ o papel da carga psico-física na teoria do treino desportivo;

♦ a diagnose da prestação no treino e na competição, como transformação da

teoria em prática.

Tschiene (1990) propõe assim treinos de afta intensidade, com introdução de

intervalos profilácticos, para permitir recuperar, e bastante trabalho específico de

competição.

Este autor é um dos primeiros a ser seguido pelos treinadores das

modalidades colectivas, ao introduzir uma notável forma ondulatória da carga, com

mudanças frequentes dos aspectos quantitativos e qualitativos do treino.

Em resumo, consideramos a periodização como a divisão temporal de todo o

processo de treino desportivo, em estruturas cíclicas do treino. Estas podem ser

agrupadas por dias (sessões ou unidades de treino), semanas (microciclos), meses

(mesociclos) ou anos (macrociclos). A sequencialização destas estruturas, consoante

os objectivos pretendidos, traduz a forma de divisão do plano de preparação

desportiva.

57 Planeamento e Periodização
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

6.3 Planear e Periodizar em Jogos Desportivos Colectivos

Se houve tempos em que os técnicos dos JDC seguiram Matveiev, pela

sua referência no panorama do treino desportivo, de há uns anos a esta parte,

os mesmos têm constatado que é impossível atender a duas questões

simultâneas:

♦ manter a forma desportiva durante períodos de tempo muito alargados

(nove meses)

♦ seguir uma periodização do treino como a proposta por Matveiev.

Havia pois que encontrar novas soluções. É assim que para além de

Tschiene, já referido, surgem autores como Bompa e, mais recentemente,

Seirul-lo Vargas que são uma referência nesta área.

Para Bompa (1983), o processo de planeamento do treino desportivo

representa um procedimento bem organizado, metodológico e científico, o que

ajuda o atleta a atingir elevados níveis de rendimento. A questão do plano de

treino ser simples, sugestivo e, acima de tudo, flexível, é enfatizada por este

autor de forma a que os conteúdos do mesmo possam ser modificados de

acordo com os índices de progressão dos atletas. É exactamente esta "porta

aberta" que é sempre necessário existir em JDC.

Bompa (1983) diferencia ainda os estados de "alta forma" e de "forma

óptima". O primeiro sugere um patamar de rendimento desportivo com base

num trabalho prévio de forma geral, que permitirá, em cada momento, aceder a

um estado de "forma óptima", em alturas críticas da época. Ora, é este estado


58 Planeamento e Periodização
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

que é necessário atingir, o mais cedo possível, para que o nível de forma

desportiva possa ser o mais constante possível, durante todo o calendário

competitivo. No entanto, quanto mais extenso for o calendário competitivo,

menor terá que ser o nível médio de forma desportiva por razões evidentes e

que se prendem com as interacções sinergéticas que se estabelecem entre a

carga e a adaptabilidade.

Seirul-lo Vargas (1987) sintetiza algumas questões para o trabalho de

equipas de desportos colectivos, tais como todas as semanas existirem

competições e o controlo das cargas de treino, para além dos ciclos semanais,

ser muito difícil de conseguir nos JDC. Há que optar por micro-estruturas de

adaptação (os microciclos), sempre de acordo com os princípios de

supercompensação. O trabalho de carácter especial em concentração mantém o

atleta num estado de "alta forma" que deve ser sempre mantido. A passagem

para o estado de "forma óptima" é temporária e individual.

Justifica-se também realçar que a base de trabalho prévio, de forma geral,

não se aplica à ideia de um ano de trabalho, mas sim ao longo de uma carreira

desportiva.

Seirul-lo Vargas (1993) defende um modelo cognitivista, no qual existe um

processo dinâmico e interactivo, através do qual a informação é interpretada e

reinterpretada pela mente. Neste modelo, o que conta, mais do que tudo, é o

indivíduo que é levado a compreender a actividade e os sinais que o ambiente

envolvente lhe envia, de forma a poder interactuar. A aplicação deste modelo

59 Planeamento e Periodização
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

baseia-se em três níveis de aproximação da carga (Seirul-lo Vargas, 1993): a

geral, a dirigida e a especial.

Garcia Manso et ai. (1996) afirmam que os avanços realizados durante a

"fase tradicional" (até Matveiev) contribuíram de forma qualitativa no

aparecimento de propostas específicas para cada modalidade desportiva. Os

mesmos autores recordam que, neste momento, a duração das estruturas do

treino é um dos aspectos mais debatidos.

A teoria dos sistemas e das leis biológicas de adaptação são

determinantes na concretização de um plano de treino desportivo.

Desta forma, a periodização do treino desportivo assenta em três pilares

(Garcia Manso et ai., 1996):

♦ a adaptação funcional;

♦ o carácter das competições;

♦ os aspectos metodológicos e a sua aplicação.

Assim, e ainda segundo Garcia Manso et ai. (1996) o planeamento

contemporâneo aponta para:

♦ uma individualização das cargas de treino;

♦ uma concentração das cargas de trabalho de uma mesma orientação

em períodos curtos de tempo;

♦ uma tendência para um desenvolvimento consecutivo das

capacidades/objectivos, aproveitando o efeito residual de determinadas

cargas de trabalho;

60 Planeamento e Periodização
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

♦ o aumento do trabalho específico nos conteúdos de treino.

Podemos então concluir que o planeamento e periodização do treino para

desportos de equipa estão altamente condicionados pela longa duração do

quadro competitivo. Mais ainda, este factor, em co-existência semanal com uma

ou mais competições semanais, bem como do trabalho de base realizado

durante a etapa de formação desportiva e ainda a necessidade de, em

determinados momentos da época desportiva, se atingirem estados de forma

desportiva "óptimos", levam à utilização das estruturas semanais (microciclos)

como as fundamentais de todo o processo de treino e ainda à opção, pelo

trabalho de carácter específico e pela concentração de cargas de igual

orientação em períodos curtos de tempo.

6.4 Planear e Periodizar a Força no Andebol

Planear e periodizar o treino de força não é tarefa fácil, nomeadamente

nos desportos colectivos. Como já referimos, os períodos competitivos são

bastante longos, o que, de alguma forma, condiciona os programas de treino de

força. A duração do período competitivo condiciona, por conseguinte, a

manutenção dos ganhos de força, donde se poderá concluir que, quanto maior

for o PC, mais importante será a manutenção dos ganhos adquiridos (Bompa,

1999).

61 Planeamento e Periodização
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

Carvalho (1996) expõe uma sequência de trabalho das várias

manifestações de força:

♦ em primeiro lugar, deve solicitar-se a força resistência;

♦ logo a seguir, o objectivo deve ser a força máxima (em dois períodos -

um, dedicado à hipertrofia muscular; e outro, de seguida, para os

factores neurais);

♦ a força rápida e a força reactiva - segundo o mesmo autor - são as

formas de manifestação da força solicitadas a seguir.

Aliás, a sustentação da sequência do trabalho de força máxima é

assegurada por Badillo & Ayestarán (1995), ao afirmarem que a sequência do

trabalho hipertrófico seguido do neuro-muscular dá lugar à redução do Déficit

de Força2.

Um pouco diferente é a aproximação de Bompa (1999), para o qual a

duração da cada fase de treino depende muito do calendário de competições,

bem como do tempo preciso para melhorar os gestos técnicos e desenvolver as

capacidades biomotoras dominantes. Este autor refere-se a uma sequência de

trabalho de força, em que:

♦ a primeira fase é destinada a uma adaptação anatómica, que visa

preparar todas as componentes musculares para os esforços que se

irão seguir;

♦ a segunda tem como principal objectivo a força máxima;

2
Déficit de Força é a diferença entre a força máxima excêntrica e a força máxima isométrica
(Schmidtbleicher, 1992) ou a diferença entre força máxima isométrica e força dinâmica com
qualquer carga (Badillo & Ayestarán, 1995 citando Verjhoshanski, 1986).
62 Planeamento e Periodização
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

♦ a terceira consiste na transformação dos ganhos da fase anterior em

potência muscular;

♦ a quarta é de manutenção dos benefícios já conseguidos;

♦ a quinta e última fase consiste na transição de um plano anual para o

outro, eliminando a fadiga concentrada.

A duração destas fases varia conforme a especificidade de cada

modalidade desportiva.

Este mesmo autor reflecte, no entanto, uma realidade norte-americana

onde os períodos de preparação - nomeadamente os preparatório e competitivo

- são bastante diferentes dos dos campeonatos europeus, o que pode

condicionar a aplicação desta forma de divisão temporal do trabalho de força à

Europa.

Zatsiorski (1995), relativamente às necessidades de cada desporto e ao

tempo disponível para a colocação em prática deste ou daquele método de

treino, sugere que, se não houver tempo suficiente para aumentar os níveis de

força máxima, então o principal objectivo do treino deverá ser a velocidade de

desenvolvimento da força ou força explosiva.

Badillo & Ayestarán (1995) defendem o predomínio de uma forma de

manifestação da força perante as outras, sem, no entanto, haver uma fronteira

rígida entre as mesmas.

Para os mesmos autores, uma progressão adequada deve reflectir:

♦ um aumento progressivo da frequência semanal de treinos de força

entre os ciclos de trabalho;

63 Planeamento e Periodização
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

♦ um aumento progressivo do volume e da intensidade entre os ciclos e

dentro dos ciclos;

♦ a aplicação de exercícios cada vez mais específicos;

♦ a introdução progressiva de novos métodos de treino;

♦ a alternância da dinâmica de progressão das cargas.

Os ciclos de trabalho de força não devem ultrapassar as 8 a 12 semanas,

o que já foi constatado por Schmidtbleicher (1992).

A sequência do treino de força varia segundo o tipo de desporto praticado

(Badillo & Ayestarán, 1995). Nos desportos que necessitam desenvolver altos

níveis de força máxima e força explosiva, poder-se-ia diferenciar:

♦ força básica - hipertrofia - força resistência;

♦ força máxima;

♦ força explosiva.

Nos desportos com maior dependência da resistência:

♦ hipertrofia - força básica;

♦ força máxima;

♦ força explosiva;

♦ força especifica de resistência.

Ainda segundo Badillo & Ayestarán (1995), não existem fronteiras entre a

força máxima e a força explosiva, embora os tempos dedicados a cada uma

delas sejam diferentes.

64 Planeamento e Periodização |
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

Ortiz Cervera (1996), estruturando o planeamento do caso particular da força

explosiva, indica a necessidade de os métodos de treino utilizados durante o PP

visarem o desenvolvimento da força explosiva e os factores neurais; durante o

período pré-competitivo, de ser aplicado o factor hipertrofia e utilizar cargas ligeiras

(< 70-80% 1RM) e cargas pesadas (> 80% 1RM); no PC, de continuarem a ser

utilizadas as cargas ligeiras e pesadas. Ao longo dos dois períodos iniciais, devem

ser ainda considerados treinos que visem a força máxima.

A tendência do treino é de realizar microciclos e mesmo sessões de treino em

que sejam estimuladas várias formas de manifestação da força, o que reflecte um

pouco a ideia de "blocos", defendida por Bondarchuk, que realça a necessidade de

unir a técnica e o desenvolvimento físico numa mesma fase - microciclo e unidade

de treino (Badillo & Ayestarán, 1995).

6.5 Manutenção do Treino de Força

A manutenção dos níveis de força já alcançados só pode ser conseguida com

um ou dois treinos por semana, jogando-se uma ou duas vezes no mesmo espaço

de tempo, o que é sustentado por Bayer (1987), Alcalde (1991), Zatsiorski (1995),

Garcia Manso et ai. (1996) e Bompa (1999). Aliás, Soares (1991) confirma a

necessidade de manter o treino de força, ao afirmar que o treino é um

meio determinante para o aumento da força, e que a sua ausência induz

modificações profundas na funcionalidade muscular, como o comprovam

65 Planeamento e Periodização |
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

os estudos de Komi e Hakkinen (1983). Soares explica o fenómeno através da

relação anabolismo/catabolismo, estabelecida no PP - durante o qual foi elevada -

diminuindo com a paragem do treino de força. Embora não se possa considerar

uma situação de "destreino", situações semelhantes ao "destreino" ocorrem quando

as rotinas de treino de força da fase preparatória são abandonadas.

Alcaide (1991) afirma que interromper o treino de força durante mais de 3

semanas implica perdas claras ao nível da força máxima. Para evitar estas perdas,

devem ser mantidas, durante o PC e na sua primeira metade, sessões de treino

destinadas à força explosiva - com incidência nos trens superior e inferior - devendo

uma dessas sessões ser substituída por uma com o objectivo de força máxima,

pelo menos cada 3 semanas.

Existem algumas discrepâncias quanto ao tempo estritamente necessário para

que a competição não seja influenciada negativamente pelo treino de força,

nomeadamente o treino geral (squats, p.ex.). Enquanto Zatsiorski (1995) defende

que o mesmo deve parar 10 a 15 dias antes da competição, Garcia Manso et ai.

(1996) apontam para 10 a 12 dias e Bompa (1999) sugere apenas 5 a 7 dias.

Ortiz Cervera (1996), referindo-se à força explosiva, indica a necessidade de

realizar duas sessões semanais, com um intervalo de tempo para a competição não

superior a 5-6 dias.

Parece-nos que do atrás exposto ressalta a ideia de o trabalho de força não

ser interrompido durante o período de competições. Para além disso, este tipo de

esforço deve ser dirigido principalmente à força explosiva, sem esquecer

66 Planeamento e Periodização|
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

a força máxima, com uma ou duas sessões semanais, até cerca de 5 dias da

competição.

67 Planeamento e Periodização
TREINO DE FORÇA EM
ANDEBOL

CAPÍTULO III
METODOLOGIA DO ESTUDO
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

7. Metodologia do Estudo

7.1 Objecto do Estudo

7.1.1 Problema

Nos JDC e nomeadamente no andebol, a aplicação prática do

planeamento do treino de força parece colocar algumas dificuldades aos

técnicos da modalidade, pelas consequências negativas que os mesmos julgam

poderem advir sobre o rendimento desportivo.

Esta dificuldade de aplicação resulta da dualidade de sentimentos que um

treinador de andebol poderá manifestar: por um lado, existe a obrigação de

obter bons resultados desportivos; por outro lado, é sentida a necessidade de

melhorar os níveis de condição física geral e específica, mormente a força, com

os supostos malefícios que, erradamente são associados ao resultado do jogo

ou jogos seguintes.

Desta forma, ao nível do planeamento e periodização do treino de força

interessará saber:

1. qual a importância do mesmo no plano anual de treino para os

treinadores portugueses de andebol de alto rendimento;

2. como os técnicos de andebol de alto rendimento dividem a época

desportiva;

3. como é que situam o trabalho de força dentro do pano anual de treino.

71 Metodologia do Estudo
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

Justificar-se-á ainda saber quais as formas de manifestação da força

privilegiadas pelos mesmos treinadores.

Outras questões importantes a que se procurará dar resposta são: quais

os meios e métodos aplicados no treino de força e, finalmente, quanto tempo e

a que intensidades trabalham as equipas portuguesas de alto rendimento.

7.1.2 Objectivos e Hipóteses

Este estudo coloca-nos perante uma série de problemas quanto à

organização do treino de força, os quais pretendemos poder vir a clarificar.

Por um lado, sabemos que o espaço destinado ao treino de força é cada

vez maior, quer no âmbito dos JDC, quer no que à metodologia do treino

desportivo diz respeito; por outro lado, desconhecem-se as bases e ideias em

que se apoiam os técnicos portugueses na construção do planeamento do treino

de força.

Parece, ainda, que o planeamento da força deve ser cuidadoso quanto às

consequências negativas para o rendimento desportivo, assim como parecem

evidentes os benefícios para a melhoria do rendimento, como é referido na

generalidade da literatura.

Assim, será objectivo principal deste estudo identificar os quadros de

planeamento do treino de força nas equipas de alto rendimento de andebol em

Portugal e traçar as linhas de orientação do planeamento do treino de força no

andebol.

72 Metodologia do Estudo
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

Seguidamente traçamos os seguintes objectivos específicos:

♦ conhecer e descrever a realidade dos clubes de andebol de alto

rendimento desportivo quanto à realização do treino de força e seu

planeamento, especificamente:

• como dividem a época desportiva;

• quais as formas de manifestação de força mais valorizadas;

• quais os meios e métodos utilizados;

• com que cargas trabalham.

O conhecimento que temos da realidade portuguesa com a qual mantemos

contacto já há alguns anos permite-nos avançar para a formulação da seguinte

hipótese de estudo:

Os técnicos de andebol no seu planeamento do treino, não atribuem à

força a importância que ela justifica.

7.2 Material e Métodos

7.2.1 Ca ra cteriza ção da Amostra

O CN1D é disputado por 12 equipas sob um quadro competitivo dividido

em duas fases - a 1 a fase regular, disputada no sistema de "poule" a duas

voltas; e a 2a fase, repartindo os 12 participantes em 3 grupos de 4 (A, B e C),

de acordo com a ordem da sua classificação na 1 a fase regular.

73 Metodologia do Estudo |
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

O grupo A - grupo do título - apura o campeão nacional e duas equipas

para as competições europeias; o grupo B apura uma equipa - o 1 o classificado

- para uma "poule" com o objectivo de classificar mais uma equipa para uma

competição europeia; o grupo C - o grupo da permanência - permite ao melhor

classificado manter-se, na época seguinte, na 1 a Divisão Nacional e obriga o

pior classificado a descer à 2 a Divisão Nacional na época posterior, enquanto os

dois intermédios disputam "jogos de acesso" com as equipas da 2 a Divisão

Nacional.

A população alvo deste estudo são os treinadores das equipas

participantes no Campeonato Nacional de Andebol da 1 a Divisão (CN1D),

durante a época de 1998/1999. A razão da escolha recair sobre este grupo,

prende-se com o facto de se considerar que o mesmo representa a elite do

andebol português, logo, o alto rendimento desportivo em andebol, e por existir

ainda uma acentuada diferença qualitativa entre esta divisão e as restantes, o

que não permitiu englobar outras equipas.

Na época desportiva a que nos referimos deu-se o caso singular de um

dos clubes ter suprimido a modalidade, já após o começo da prova, o que levou

à sua desclassificação e, consequentemente, à redução de doze para onze

participantes no respectivo campeonato. No nosso estudo tivemos acesso à

informação de 8 treinadores o que representa 73% do total dos treinadores do

CN1D.

As equipas visadas estavam distribuídas por Portugal Continental e Ilha da

Madeira. Cinco das mesmas - 62,5%, tinham a sua equipa técnica constituída

74 Metodologia do Estudo
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

por duas pessoas, enquanto as restantes três dispunham somente de um

elemento. Eram dirigidas, na sua maioria, por técnicos portugueses, (seis, mais

concretamente, o que traduz 75% do total).

Relativamente às habilitações técnicas todos detêm o Curso Nacional de

Treinadores de Nível IV, o nível mais alto existente até à data em Portugal, o

que reflecte uma exigência federativa para poderem orientar equipas do CN1D.

De entre todos os técnicos estudados, 37,5% são professores de educação

física e outros 37,5% são treinadores profissionais, ainda que dois deles

trabalhassem, na sua equipa técnica, com profissionais de educação física. Os

restantes 25% tinham actividades profissionais diversas.

O corpo de treinadores seleccionados detinha uma idade média de 43

anos, com um nível de experiência cerca dos 12 anos, como treinadores de

andebol. A permanência média dos técnicos nos respectivos clubes era de 3

anos, com uma amplitude entre 1 e 9 anos (Tabela 7-1).

Tabela 7-1 - Caracterização dos treinadores estudados


relativamente à idade, experiência técnica e permanência no clube
actual
Média Mínimo Máximo

Idade 43±9 30 52

ExperiênciaTreinador 12±8 2 23

Anos Clube 3±2 1 9

75 Metodologia do Estudo
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

7.2.2 Procedimentos

7.2.2.1 Considerações

Passaremos a descrever os instrumentos e procedimentos adoptados para

a concretização dos objectivos de trabalho.

Inicialmente começou por se realizar uma revisão da literatura sobre a

força muscular e os seus conceitos adjacentes, bem como sobre o planeamento

e periodização do treino desportivo. Esta revisão foi elaborada com base em

manuais da modalidade, livros, revistas, publicações periódicas e pontuais e

internet.

A revisão da literatura permitiu-nos identificar, seleccionar e categorizar

quais os conteúdos que viriam a ser determinantes para a construção do

formulário que viria, posteriormente, a servir de guião à entrevista.

No estudo empírico utilizamos como instrumento de pesquisa a técnica de

entrevista. Esta - que consiste no desenvolvimento da precisão, focalização,

fidedignidade e validade de certo acto social como a conversação - tem como

objectivo principal a obtenção de informações do entrevistado sobre

determinado assunto (Lakatos, 1985 citado por Paiva, 1994).

Através da entrevista, procurou-se obter informações nomeadamente de

ordem cognitiva, mas também de ordem afectiva.

A entrevista utilizada pode ser classificada de directiva ou standardizada

(Ghiglione e Matalon, 1997), segundo a qual o entrevistador serve-se de um

guião ou formulário, estabelecido com antecedência, o qual contém um conjunto

76 Metodologia do Estudo
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

de questões e actua sobre sujeitos pré-seleccionados. A opção pela

estandardização da entrevista teve como objectivo o encontrar respostas para

as mesmas questões para posterior confrontação.

O conjunto de questões constantes do formulário foi dividido em quatro

categorias: planeamento e periodização do treino de força; formas de

manifestação da força; meios e métodos de treino de força; e cargas de treino

de força.

Os entrevistados foram primeiramente contactados por telefone ou

pessoalmente com o intuito de saber da sua eventual disponibilidade, sendo

posteriormente marcado local e hora para a realização da entrevista "face a

face". Esta resultou num processo moroso, em parte devido à pouca

disponibilidade dos entrevistados e também pelo facto de ser aplicada a uma

pessoa de cada vez. As mesmas decorreram de Maio a Julho de 1999, tendo a

duração das mesmas oscilado entre 30 e 90 minutos.

7.2.2.2 O Formulário

O formulário consta de um conjunto de questões que são colocadas ao

entrevistado e anotadas pelo entrevistador, numa situação "face a face" com o

registo imediato das respostas pelo entrevistador (Paiva, 1994).

O formulário em questão foi construído tendo por base os conteúdos

conhecidos e apreendidos, os contactos realizados com os técnicos da

especialidade e a experiência pessoal como treinador.

77 Metodologia do Estudo
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

Foi atendida a necessidade de o mesmo ser eficaz, válido, específico,

profundo, relevante e claro. Procurou-se não o tornar demasiado extenso,

tentando limitar-se ao máximo a quantidade de questões, as quais foram

agrupadas, como já foi anteriormente descrito.

Na validação do instrumento foi utilizado o método de peritagem, ou de

validação consensual, que consiste num processo de validação dependente da

opinião avalizada de peritos.

A primeira versão do instrumento foi apresentada a quatro técnicos da

modalidade com formação técnica específica - nível IV - e habilitação

académica superior - licenciatura ou mestrado, e a um especialista do assunto,

professor universitário.

A partir dessa observação, foi reelaborado e novamente presente aos

peritos, chegando-se então à versão final do documento.

A apresentação do mesmo foi cuidada, procurando causar boa impressão

perante os entrevistados.

7.2.2.3 A Entrevista

Antes de se dar inicio à entrevista, foi devidamente explicado ao

entrevistado qual o objectivo do estudo. A confidencialidade dos dados e

conteúdos da mesma foi salvaguardada, esclarecendo os treinadores sobre o

modus operandi relativamente ao tratamento posterior da informação.

78 Metodologia do Estudo
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

Foi solicitada a gravação da entrevista, o que não foi possível efectuar

com todos os técnicos, por razões várias invocadas, mormente de carácter

pessoal. A pretensão de gravar a conversação prendia-se com a tentativa de

registar todo e qualquer pormenor que se viesse a tornar relevante e efectuar

posterior confronto com as respostas registadas em formulário.

Foi mantido um ambiente cordial procurando descontrair o entrevistado,

utilizando como preâmbulo da entrevista um diálogo informal sobre o andebol.

Tentou-se utilizar uma linguagem acessível, dando explicações e

fornecendo conceitos de suporte à interpretação das questões colocadas, de

forma a que o tema se tornasse estimulante para o entrevistado e que a

informação fosse o mais alargada possível.

A entrevista foi estruturada de acordo com as quatro categorias descritas

para este estudo, incluindo-se na parte final uma grelha de imagens que

pudessem elucidar melhor os técnicos sobre quais os exercícios de força

realizados.

7.2.2.4 Limitações

Existiram algumas limitações a este estudo. Algumas delas inerentes aos

próprios técnicos, outras inerentes às condições de trabalho existentes.

O facto de não termos acesso aos documentos de treino - apenas num

caso isso foi possível - limitou este estudo. O trabalho foi realizado sobre a

79 Metodologia do Estudo
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

reconstituição de dados, em vez de ser sobre a análise dos dados, o que deverá

representar desde logo uma limitação importante.

Outra das principais limitações prendeu-se com a não disponibilidade de

todos os técncos permitirem a gravação dos conteúdos da entrevista, o que não

permitiu reter esta ou aquela informação que pudesse enriquecer o trabalho.

Ainda outra das limitações teve a ver com os conhecimentos dos

treinadores sobre o trabalho de força. Na realidade, em alguns casos pareceu

reflectir um conhecimento pouco actual sobre o moderno trabalho de força.

Por outro lado, este trabalho pretende contribuir com algo para o estudo do

problema, já que a análise e discussão dos dados recolhidos não é

acompanhada por outros estudos já realizados. Existe assim, pouca gente com

quem discutir os resultados.

7.2.2.5 Estatística

A análise dos conteúdos extraídos do formulário foi efectuada de uma

forma exploratória, recorrendo de maneira sistemática a contagens, frequências,

médias e gráficos, para que fosse possível transparecer a dimensionalidade

interactiva dos seus aspectos essenciais.

80 Metodologia do Estudo
TREINO DE FORÇA EM
ANDEBOL

CAPÍTULO IV
RESULTADOS
Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

8. Análise e Discussão dos Resultados

O não conhecimento de estudos empíricos que permitam servir de

comparação e melhor compreensão do estudo exploratório realizado, levou-nos

a interpretações decorrentes das experiências vividas em termos pessoais, dos

diálogos havidos com os técnicos e outros peritos nesta área, e ainda, a

referências havidas na literatura sobre o trabalho de força.

Decidiu-se utilizar uma apresentação, análise, interpretação e discussão

dos resultados de uma forma conjunta, de maneira a ganharmos parcimónia e

carácter substantivo para o estudo.

8.1 Caracterização do Treino e Com petição

A análise e discussão dos dados recolhidos assenta nas quatro categorias

inicialmente definidas:

♦ Planeamento e periodização do treino;

♦ Formas de manifestação da força;

♦ Meios e métodos de treino;

♦ Cargas de treino de força.

83 Análise e Discussão dos Resultados


Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

8.1.1 Planeamento e Periodização do Treino

8.1.1.1 Objectivos de Rendimento

De todas as equipas estudadas podemos verificar alguma disparidade de

objectivos, o que desde logo poderá significar diferentes orçamentos e,

consequentemente diferentes perspectivas de trabalho.

Assim, cinco delas (62,5%) aspiravam jogar para o Grupo A (GA) - grupo

de apuramento do campeão nacional - uma não tinha objectivos determinados e

duas, tinham como preocupação, manter-se apenas no Campeonato Nacional

da 1 a Divisão.

Para além destes objectivos de rendimento, respeitantes ao CN1D, outras

revelavam uma maior diversidade de interesses ao procurarem atingirem a

"Final-Four" da Taça de Portugal - quatro equipas (50%) - tendo apenas uma

traçado objectivos de vitória nas provas nacionais e objectivos nas provas

europeias. Desta forma, julgo que poderemos agrupar as equipas em dois

subgrupos distintos - os que aspiravam a participar no GA e os que procuravam

manter-se no CN1D.

Ainda assim, poderemos, subdividir estas mesmas equipas, de acordo com

a análise dos objectivos definidos, em outros três subgrupos, de forma

crescente de ambições, isto é, cinco demonstraram aspirações ao nível do

CN1D, enquanto que destas, só quatro também tinham objectivos ao nível da

segunda competição nacional mais importante - a Taça de Portugal - e apenas

uma planeou a época desportiva de acordo com as suas perspectivas de

84 Análise e Discussão dos Resultados


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rendimento, não só nas provas já referidas, como também, nas provas

europeias.

A análise da definição de objectivos pode ser um pouco subjectiva, em

virtude da não definição clara e explícita, por parte dos técnicos, das reais

ambições dos seus clubes, no entanto, dá-nos uma ideia próxima às vontades e

intuitos dos mesmos relativamente ao plantel formado, ao trabalho a realizar e

ao nível de concretização posterior dos referidos objectivos.

Os objectivos principais foram atingidos em 37,5% dos casos. Os

objectivos secundários foram concretizados em 37,5% das equipas visadas.

8.1.1.2 Periodização Anual

Relativamente à duração e divisão da época desportiva podemos observar

a opção por uma periodização dupla - 50% das equipas utilizam-na, dentro de

um macrociclo estruturado de Agosto a Junho. As competições decorreram

entre Setembro e Junho, terminando nalguns casos em Maio, em virtude da

precoce eliminação de algumas equipas da Taça de Portugal. Umas houve que,

independentemente das paragens produzidas nas provas nacionais,

mantiveram-se sempre no mesmo regime de trabalho - duas equipas (25%) -

optando por periodizações simples; outras duas optaram por uma periodização

tripla, com a inclusão de um terceiro período de preparação por altura da

segunda grande interrupção das provas nacionais.

Está inerente a esta divisão da época desportiva um quadro competitivo

longo, de Setembro a Junho, mas com bastantes e prolongadas interrupções,


85 Análise e Discussão dos Resultados
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principalmente para estágios e jogos da Selecção Nacional Absoluta. As

paragens produzidas nas competições variaram entre 3 a 4 semanas, o que

permitiu, em 75% dos casos, e de acordo com as leis dos treino desportivo, a

opção por uma periodização múltipla. Se, nalguns casos, esta opção estava já

assumida desde o plano inicial, em 75% dos casos estudados, os objectivos

principais ou secundários foram reformulados, ocorrendo em simultâneo, uma

reorganização do trabalho inicialmente previsto, daí, a ocorrência de novos PP

e PC, agora com objectivos bem mais focalizados.

8.1.1.3 Unidades de Treino

No que às unidades de treino (UT) semanais concerne podemos verificar

alguma disparidade entre o número de sessões de treino. Assim, durante o PP,

foi usual as equipas treinarem bi-diáriamente e nalguns casos - 25% - com três

treinos diários. Como se pode ver na Tabela 8-1, as equipas treinaram neste

período cerca de 12±2 vezes por semana, com uma amplitude entre 8 e 15

sessões de treino semanais.

Tabela 8-1- Número de UT realizadas durante os períodos preparatório e competitivo


A B C D E F G H Amplitude Média
Período 12 15 9-10 12 14 10-12 10-12 8 8-15 12±2
Preparatório
Período 5-6 9-11 5-6 8 5 7-8 5-6 5-6 5-11 7±2
Competitivo

No PC o nível de trabalho foi mais uniforme - 5 equipas (62,5%) treinavam,

invariavelmente 5 a 6 treinos por semana, em função do dia de jogo (sábado ou


86 Análise e Discussão dos Resultados
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domingo) - o que parece manifestamente insuficiente como defende Cuesta (1999)

ao afirmar que, actualmente não se consegue manter um bom nível internacional

treinando apenas uma vez por dia - e apenas três das equipas estudadas

mantiveram os treinos bi-diários durante o mesmo período. A amplitude variou

entre 5 e 11 sessões de treinos semanais.

Estes números são facilmente explicáveis pela seguinte ordem de razões:

♦ em primeiro lugar, o PP é um período de acumulação de cargas (Matveiev,

1986, 1990; Platonov, 1988; Garcia Manso et ai. 1996) onde é solicitado

um esforço adicional de trabalho aos atletas, tendo em vista o longo quadro

de competições, o que vem comprovar um número médio de 12 UT

semanais neste período;

♦ em segundo lugar, existe uma clara diminuição no número médio de UT

durante o PC, porque é suposto haver um decréscimo do volume de

trabalho durante este período (Matveiev, 1986, 1990; Platonov, 1988;

Garcia Manso et ai. 1996), para que a intensidade do treino possa

aumentar na orientação das cargas para as exigências do andebol, mas

também porque os atletas e os técnicos, não são, na sua maior parte,

profissionais e não lhes será exigido maior volume de trabalho;

♦ em terceiro lugar apenas 37,5% das equipas mantém treinos bi-diários

durante o PC, talvez por terem maior número de jogadores profissionais,

por terem maiores níveis de exigência, por deterem, supostamente,

melhores orçamentos.

87 Análise e Discussão dos Resultados


Treino de Força em Andebol
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8.1.1.4 Treino de Força Durante os Período Preparatório e Competitivo

Nas respostas obtidas sobre a manutenção do trabalho de força, quase

todos os treinadores afirmam manter o mesmo ao longo da época - 62,5% -

embora alguns o interrompam nos últimos dois meses - 25% - e uma equipa, por

razões internas, o tivesse parado em Dezembro.

Em média as equipas trabalharam força 3,4±1,2 dias/semana (Tabela 8-2)

durante o PP e 1,8±0,9 dias/semana ao longo do PC (Tabela 8-3).

Tabela 8-2 - Número de UT de força durante o período preparatório: frequências absoluta e


relativa, valor médio e individuais por equipa
PP A B C D E F G H Freq . Absol. Freq. Relat.
Segunda 1 1 1 1 1 1 1 7 87,5%
Terça 1 1 1 1 1 5 62,5%
Quarta 1 1 1 4 50,0%
Quinta 1 1 1 1 1 5 62,5%
Sexta 1 1 1 4 50,0%
Sábado 1 2 25,0%
Total UT 3 3 4 2 6 3 3 3 Valor Médio UT 3,4±1,2

Estes valores médios aproximam-se dos referidos na bibliografia (Bayer,

1987; Alcalde, 1991; Zatsiorski, 1995; Garcia Manso et ai., 1996; Ortiz Cervera,

1996; Bompa, 1999), que indicam 3-4 treinos semanais durante o PP e 2 treinos

semanais no PC. Os dias preferenciais, indicados pelos técnicos entrevistados,

para o trabalho de força são 2 a feira (87,5%), 3a feira (62,5%) e 5a feira (62,5%)

na fase de preparação e as 2 a e 3a feiras (75%) ao longo da fase de

competições.

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Tabela 8-3 - Número de UT de força durante o períodocompetitivo: frequências absoluta e


relativa, valor médio e individuais
por equipa
PC A B C D E F G H Freq. Absol. Freq. Relat.
Segunda 1 1 1 1 1 1 6 75,0%
Terça 1 1 1 1 1 1 6 75,0%
Quarta 1 1 12,5%
Quinta 1 1 12,5%
Sexta 0 0,0%
Sábado 0 0,0%
Total UT 1 2 2 1 1 2 2 3 Valor Médio UT 1,8±0,9

Como se pode observar na Tabela 8-4, a proporção dos dias de treino de

força relativamente às restantes UT, entre ambos os períodos de preparação,

não varia substancialmente, apesar de haver uma ligeira diminuição durante o

PC, situando-se no PP por volta dos 29-30% do total de UT realizadas e, cerca

dos 26-30% durante o PC. Paradoxalmente, ou talvez não, algumas equipas

viram a proporção de UT dedicadas ao treino de força aumentar durante a fase

de competições. Este pormenor pode ser explicado pela inadequada diminuição

do número de UT durante o PC ou pela valorização do treino de força

relativamente às outras componentes do treino.

Tabela 8-4 - Frequência do treino de força durante os períodos preparatório e competitivo e


proporção perante total de UT realizadas
A B C D E F G H
Período UT 12 15 9-10 12 14 10-12 10-12 8
Preparatório
UT Força 3 3 4 2 6 3 3 3
Freq Força 25% 20% 40-44% 17% 43% 25-30% 25-30% 38%
Período UT 5-6 9-11 5-6 8 5 7-8 5-6 5-6
Competitivo
UT Força 1 2 2 1 1 2 2 3
Freq Força 17-20% 18-22% 33-40% 13% 20% 25-29% 33-40% 50-60%
Direcção da Fequência ▼ T T Y ▼ • ▲ A

89 Análise e Discussão dos Resultados


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8.1.2 Formas de Manifestação da Força

Relativamente às formas de manifestação da força trabalhadas, das

respostas recebidas somos capazes de observar que a solicitação da força

elástico-explosiva-reactiva (pliometria) é indicada em 87,5% dos casos,

assumindo-se como a forma de manifestação da força mais trabalhada. Para tal,

os técnicos servem-se mais dos:

I. saltos para superar pequenos obstáculos (87,5%) - saltos à corda,

sobre bancos pequenos;

II. multi-saltos com grandes deslocamentos (75%) - triplossaltos,

pentassaltos, passadas saltadas;

III.saltos no mesmo sítio (62,5%) - a um pé, a dois pés, stoppings;

IV.saltos com pouco deslocamento (62,5%) - sem balanço, superando

espaços em profundidade;

V. saltos de profundidade com alturas de 20 a 40 cm (62,5%).

Os exercícios mais referidos podem classificar-se de intensidades baixas (I

e III), de intensidades médias (IV e V) e de intensidades altas (II) de acordo com

Schmidtbleicher (1992), Badillo & Ayestarán (1995) e Bompa (1999).

Também com ocorrências importantes surgem as formas de manifestação

da força denominadas de força explosiva e força resistência (75% cada). Estes

valores estão de acordo com a literatura principalmente no que à força explosiva

se refere (Maia, 1989; Alcaide, 1991; Badillo & Ayestarán, 1995; Carvalho,

1996; Ortiz Cervera, 1996), sendo atribuída menor importância ao treino de

90 Análise e Discussão dos Resultados


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força resistência na recolha bibliográfica realizada, embora Maia (1989) e

Carvalho (1996) a considerem também importante.

Muito longe do que indica a bibliografia aparece a frequência do trabalho

de força máxima - 25% - com uma das duas equipas que afirmam trabalhar esta

forma de manifestação, a abandonar este trabalho após o PP.

Justifica-se chamar neste ponto Bompa (1999), que referindo-se aos

desportos de equipa, impõe uma redução do treino pliométrico em comparação

com o volume de treino, desta forma de trabalho durante a última fase do PP. A

necessidade de reduzir o treino de pliometria durante o PC têm a ver com os

muitos saltos praticados durante os treinos e jogos. Segundo esta opinião,

podíamos pensar que os treinadores de equipas de andebol portuguesas de alto

rendimento estariam errados, o que não nos parece, como é sustentado por

Ortiz Cervera (1996) e Cometti (1998), embora o stress provocado por um

número excessivo de saltos deva ser bem ponderado, à medida que o PC se vai

prolongando. Ainda sobre a sugestão de Bompa, não podemos esquecer a

realidade que ele traduz - desportos de equipa norte-americanos - os quais

jogam duas vezes por semana frequentemente, o que não sucede na Europa,

como já foi referido anteriormente.

Podemos inferir daqui que, os técnicos de equipas portuguesas de alto

rendimento solicitam as principais formas de manifestação da força para o

andebol, descurando o treino de força máxima, o que pode influenciar os

ganhos ao nível da força explosiva e da força-explosiva-reactiva, sabido que

estas estão intimamente dependentes dos níveis de força máxima alcançados

91 Análise e Discussão dos Resultados


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(Schmidtbleicher, 1992; Zatsiorski, 1995; Badillo & Ayestarán, 1995; Ortiz

Cervera, 1996; Bompa, 1999).

8.1.3 Meios de Treino

No que aos meios utilizados se reporta todos os sugeridos foram indicados

com bastante frequência. No entanto, os multi-saltos e os multilançamentos

foram descritos em todas as respostas como uma forma de trabalho de força

privilegiada, sendo no caso particular das bolas medicinais e lastradas, entre as

respostas recebidas, os materiais mais referidos - todos os inquiridos as

apontaram como meio de treino indispensável. Imediatamente a seguir surgem

as barreiras, os bancos e a forma de trabalho em circuito-treino como as mais

referidas - 87,5% de ocorrências. Os pesos e haltères, os saltos em

profundidade e a utilização do próprio corpo como meio de exercitação da força

têm uma ocorrência de 75%. As máquinas de musculação, as escadas, os

saltos sem carga e/ou sem obstáculos apesar de menos indicados na amostra

global que os meios anteriores revelam frequências de 62,5% o que não pode

deixar de ser considerado como importante.

As cordas e outros meios, como os coletes lastrados ou os recursos

naturais foram os menos referidos, com quatro (50%), no caso das cordas, e

uma equipas (12,5%) nos restantes meios de treino de força.

Parece ressaltar da análise dos últimos dados que, de uma forma ou de

outra, os técnicos envolvidos no estudo servem-se dos meios potencialmente

capazes de desenvolver a força para a trabalharem. No entanto, merece realce


92 Análise e Discussão dos Resultados
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a pouca, relativamente aos restantes meios, utilização das máquinas de

musculação e, nalguns casos - 33% - relativamente aos utilizadores deste meio

de treino, apenas durante o PP. Isto pode revelar um deficiente apetrechamento

dos clubes envolvidos (são materiais de custo elevado) e a opção por meios de

treino paralelos ou similares que possam compensar esta ausência. Meios mais

móveis, de rápida e fácil utilização, menos dispendiosos como as bolas

medicinais e lastradas e as barreiras, parecem ser os mais utilizados, o que

poderá reflectir uma preocupação de maior aproximação e uma melhor

replicação das acções específicas do andebol - lançar e saltar (Seirul-lo Vargas,

1993; Soares, 1995); poderá ainda estar latente nas mentes dos técnicos

estudados, a ideia de o trabalho com máquinas de musculação ser prejudicial

ao rendimento, o que como já vimos, não é verdade (Alcaide, 1991; Latiskevits,

1991; Ortiz Cervera, 1996).

Com os meios atrás referidos, os treinadores de andebol de alto

rendimento utilizam uma larga variedade de exercícios para desenvolverem os

níveis de força dos seus atletas. Quase três dezenas são referidos nas

entrevistas realizadas e alguns com variantes. De entre os dez mais referidos

(62,5% ou mais), podemos dividi-los em exercícios para os ombros (2 -

elevações laterais dos braços e military press ), exercícios para os peitorais (2 -

pullover e press de banca), exercícios para os lombares e abdominais, com

muitas variantes (2 - dorso-lombares e abdominais), exercícios para as pernas

(4 - 1/2 squat, leg press, extensão joelho e elevações dos calcanhares). Os

mais usados podem ser vistos na Figura 8-1.

93 Análise e Discussão dos Resultados


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Elevações Military Press Pullover Dorso/Lorïftbdominaisl/2 Squat Leg Press Extensão Elevações
Laterais Press Banca ares Joelho Calcanhares

Figura 8-1- Distribuição dos exercícios de força mais utilizados (n>50%)

Muitos outros exercícios são referidos durante as entrevistas, dos quais

justifica-se destacar alguns como sejam, lat pull down, flexões/extensões dos

pulsos, leg curl e 1/2 squat com salto, com ocorrências relativas de 50%.

De entre os exercícios indicados podemos observar um predomínio

daqueles que podem ser adaptados quer à utilização de máquinas de

musculação, quer aos pesos e haltères, podendo ser praticados no espaço do

pavilhão, o que favorece uma mais fácil e mais frequente utilização dos

mesmos. Entre os dez exercícios referidos em 62,5% dos casos ou mais, nove

deles podem ser executados, com uma técnica correcta, embora com algumas

limitações - os pesos máximos são um problema pela provável instabilidade

94 Análise e Discussão dos Resultados


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provocada; será sempre necessário a ajuda de dois colegas, o que aumenta o

tempo de treino destinado a este trabalho.

É subjectivo estarmos a afirmar que a escolha destes exercícios poderá

estar ou não de acordo com a modalidade, até porque não existem muitas

referências a este fenómeno particular. No entanto, podemos reportar-nos às

indicações de Seirul-lo Vargas (1994) que sugere o pullover, o press de banca,

as flexões/extensões dos pulsos, os triceps, o squat e o 1/2 squat, a arrancada e

o dois tempos como os exercícios mais apropriados ao desenvolvimento da

força no andebol, ou ainda as de Hergl e Hofman (1999) ao sugerirem o leg

press, o press de banca, a extensão do joelho, o /eg curl, o arm curl, os triceps,

o lat pull down e os dorso/lombares e os abdominais como os mais específicos.

Da comparação dos exercícios indicados pelos técnicos de equipas

portuguesas de alto rendimento com as sugestões de Seirul-lo Vargas e Hergl e

Hofman podemos estabelecer alguma correspondência, no primeiro caso em

três exercícios - 1/2 squat, pullover e press de banca - e no segundo caso em

cinco exercícios. Esta correspondência pode estar associada ao conhecimento

real dos técnicos de equipas portuguesas de alto rendimento de quais os

exercícios julgados fundamentais, ou pode estar relacionada com a

disponibilidade dos meios utilizáveis.

Parece no fundamental, que os exercícios utilizados visam os ombros, os

peitorais, o tronco e as pernas, e que as diferenças entre este ou aquele

exercício pode estar associada, além das razões atrás descritas, à escolha

pessoal de quem dirige este tipo de trabalho.

95 Análise e Discussão dos Resultados


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8.1.3.1 Formas de Organização do Treino

8.1.3.1.1 Circuito-T reino

A forma de trabalho em circuito foi sugerida por 87,5% dos técnicos

inquiridos. O circuito-treino é uma das formas mais comuns de trabalho no

andebol, por poder solicitar-se simultaneamente as duas principais capacidades

motoras para o andebolista: a força e a resistência. Normalmente, são

empregues em estádios iniciais de preparação (Ortiz Cervera, 1996; Bompa,

1999). Devido aos poucos ganhos de força devem ser mais utilizados na

manutenção da força, em desportos como o andebol, em que a força não é a

capacidade motora dominante (Zatsiorski, 1995).

Tabela 8-5 - Caracterização dos parâmetros do treino em


circuito utilizados pelos técnicos estudados

Parâmetros Treino Valores


N° Estações Trabalho 6-12
N° Circuitos (Séries) 2-4
Repetições 1 0 - 1 5 ou 30"
Pausa 30"
Recuperação Séries 1 ' - 5'
Velocidade Máxima possível

O circuito-treino continha de 6 a 12 estações de trabalho, realizando-se

entre 2 a 4 circuitos. As repetições variavam entre 10 e 15, ou o esforço situava-

se nos 30". O tempo de pausa entre exercícios era igual ao esforço, se medido

96 Análise e Discussão dos Resultados


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por tempo, ou não controlado. A recuperação entre séries varia conforma a zona de

trabalho onde se incidia, podendo ir de 1 ' até aos 5'. Normalmente, eram fornecidas

indicações para execuções com velocidade máxima (Tabela 8-5).

A análise dos parâmetros referidos pelos técnicos de equipas portuguesas

para o treino em circuito peca por não fazer referência directa à carga utilizada,

embora seja possível deduzi-la através das indicações anteriormente efectuadas.

Desta forma, julgamos que a carga não se afasta dos valores apontados na literatura

(Ortiz Cervera, 1996; Bompa, 1999) - 40% a 60% de 1RM. O número de

repetições está em função da carga e situa-se um pouco abaixo dos valores

indicados por Ortiz Cervera (1996) - 10 a 30 - mas dentro dos referidos por

Bompa (1999) -10 a 15. Esta diferenciação está dependente da íntima direcção da

adaptação pretendida e da carga utilizada. Quanto maior a carga menos

possibilidades existem para se realizarem muitas repetições. Quanto mais se

procurar a adaptação junto da resistência muscular, maior número de repetições

serão necessárias.

Também o número de estações de trabalho indicadas e o número de circuitos

a executar está de acordo com os dados recolhidos em Ortiz Cervera e Bompa

(op. citados), o que parece indicar uma correcta utilização do circuito-treino.

A recuperação efectuada deve, também, estar em consonância com a

direcção da adaptação. No entanto, os intervalos realizados pelos técnicos

portugueses parece estar de acordo com a bibliografia consultada, que indica

97 Análise e Discussão dos Resultados


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por tempo, ou não controlado. A recuperação entre séries varia conforma a zona

de trabalho onde se incidia, podendo ir de 1' até aos 5'. Normalmente, eram

fornecidas indicações para execuções com velocidade máxima (Tabela 8-5).

A análise dos parâmetros referidos pelos técnicos de equipas portuguesas

para o treino em circuito peca por não fazer referência directa à carga utilizada,

embora seja possível deduzi-la através das indicações anteriormente

efectuadas. Desta forma, julgamos que a carga não se afasta dos valores

apontados na literatura (Ortiz Cervera, 1996; Bompa, 1999) - 40% a 60%. O

número de repetições está em função da carga e situa-se um pouco abaixo dos

valores indicados por Ortiz Cervera (1996) - 10 a 30 - mas dentro dos referidos

por Bompa (1999) - 10 a 15. Esta diferenciação está dependente da íntima

direcção da adaptação pretendida e da carga utilizada. Quanto maior a carga

menos possibilidades existem para se realizarem muitas repetições. Quanto

mais se procurar a adaptação junto da resistência muscular, maior número de

repetições serão necessárias.

Também o número de estações de trabalho indicadas e o número de

circuitos a executar está de acordo com os dados recolhidos em Ortiz Cervera e

Bompa (op. citados), o que parece indicar uma correcta utilização do circuito-

treino.

A recuperação efectuada deve, também, estar em consonância com a

direcção da adaptação. No entanto, os intervalos realizados pelos técnicos

portugueses parece estar de acordo com a bibliografia consultada, que indica

97 Análise e Discussão dos Resultados


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tempos inferiores a 30 segundos para as pausas entre exercícios e entre 1 2

minutos para as pausas entre séries (Ortiz Cervera, 1996; Bompa, 1999).

Assim, de uma forma geral podemos concluir que os técnicos de andebol

de equipas portuguesas de alto rendimento dominam a forma de trabalho em

circuito-treino, o que poderá estar associado à longa tradição que esta forma de

treino tem no nosso desporto, nomeadamente nos JDC.

8.1.4 Cargas de Treino de Força

8.1.4.1 Intensidades e Volumes de Treino

Relativamente às intensidades de treino, será mais complicado

analisarmos os dados obtidos, em virtude de a maior parte não controlar o treino

através da avaliação de 1RM. Apenas 37,5% das equipas estudadas indicam

como forma de trabalho a avaliação de 1RM e subsequente definição do

programa de treino. As restantes treinam com cargas médias adaptadas a todo

o plantel, ou aleatoriamente. Esta realidade parece estar em relação com a

ausência de estruturas de algumas equipas, falta de salas ou máquinas de

musculação, e com a pouca praticabilidade de testar 1RM com pesos livres,

devido à quantidade necessária exigível para estabelecer máximos individuais.

Por outro lado, não tivemos acesso aos documentos de treino informativos

sobre estas questões, o que veio dificultar as nossas análises posteriores.

No que se refere ao número de repetições utilizadas, 62,5% das equipas

em estudo serviram-se da sua quantificação como forma de trabalho, variando

estas entre 4 e 12 quer no PP, quer no PC. Das restantes equipas, 25%

98 Análise e Discussão dos Resultados


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utilizava como regra de controlo do esforço dos atletas o tempo de execução -

tempos de esforço entre 30" e 45" e pausas de 30" - e apenas 12,5% das

equipas não utilizava qualquer tipo de medição do esforço.

A análise destas duas variantes - intensidade da carga e número de

repetições - levanta algumas questões de ordem metodológica. Por um lado, os

treinadores não são ou não podem ser muito rigorosos com o trabalho

realizado. Os efeitos produzem-se sensivelmente dentro das áreas trabalhadas,

mas sem grandes certezas de estarem a ser muito correctos. Por outro lado, a

falta de tempo de trabalho e as limitações logísticas poderão condicionar todo o

esforço desenvolvido, imperando a regra de que mais vale pouco e mal

controlado, do que nada.

Ainda assim, equipas houve - 25% - que avaliaram 1RM, trabalhando com

cargas entre os 60% e os 70%, e entre os 75% e os 85%. Outras - 25% -

utilizaram pesos médios para todo o plantel - entre 40 e 55 Kg - e as restantes

faziam-no sem qualquer controlo ou aferição da carga.

O número de repetições que metade dos técnicos estudados se serviram

para controlar o esforço despendido variou entre as 9 e as 12 repetições. Este

número de repetições de acordo com Badillo & Ayestarán (1995), poderia

influenciar os níveis de força máxima e a força resistência para cargas médias -

intensidades referidas entre 60% e 70% de 1RM - e poderia solicitar a força

máxima, a força resistência para cargas altas e a velocidade de

desenvolvimento da força - intensidades referidas entre 75% e 85%.

99 Análise e Discussão dos Resultados


Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

Desta forma, podemos afirmar que os dois técnicos que utilizaram

avaliações de 1RM e definição subsequente do programa de treino, talvez

tenham influenciado a força máxima dos seus atletas e a velocidade de

desenvolvimento da força, num dos casos, tendo solicitado também, a força

resistência.

Relativamente, aos técnicos que se serviram de cargas médias fixas para

todo o plantel, as mesmas, pelos valores apresentados em alguns casos,

deverão, também em termos médios, situar-se abaixo dos 60% de 1RM. Este

grau de esforço associado ao número de repetições realizado - de 9 a 12 -

permite pensar em efeitos sobre a força rápida e resistência à força rápida.

8.2 Padrão de Treino de Força em Andebol

De forma a podermos estabelecer um padrão do treino de força das

equipas de alto rendimento de andebol que disputam o CN1D, nas linhas

seguintes tentaremos criar um modelo de referência com base nos dados

recolhidos.

Assim, teríamos que estas equipas elaborariam um planeamento tendo em

vista o apuramento para a disputa do GA, utilizando uma divisão da época

múltipla, preferencialmente dupla, iniciando-se o PP em Agosto - 1 a ou 2 a

semanas - e com uma duração do PC até Junho.

Durante o PP as equipas treinarão cerca de 12 vezes por semana - o que

equivale a dizer treinos bi-diários - dos quais 3 teriam como objectivo o

100 Análise e Discussão dos Resultados


Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

desenvolvimento da força. No PC os treinos seriam 7 - dois dias treinos bi-

diários - com um ou dois treinos dedicados ao trabalho de força.

Os treinadores actuavam de forma a que a adaptação fosse dirigida

principalmente para a força explosiva, onde se inclui o trabalho de pliometria,

sem esquecer o treino de força resistência.

Para tal serviam-se de bolas medicinais e lastradas e barreiras em

predominância, sem esquecer os bancos, os pesos e haltères e os saltos em

profundidade.

Como exercícios dominantes na utilização de pesos e haltères e ou

máquinas de musculação, surgem:

♦ para os ombros (2 - elevações laterais dos braços e military press );

♦ para os peitorais (2 - pullover e press de banca);

♦ para os lombares e abdominais, com variantes (2 - dorso-lombares e

abdominais)',

♦ para as pernas (4 - 1/2 squat, leg press, exten são joelho e elevações

dos calcan hares).

Outros exercícios podem ser utilizados um pouco em função do

conhecimento, acessibilidade e domínio das técnicas de execução pelo próprio

treinador e pelos atletas.

Em regra os técnicos de equipas portuguesas de alto rendimento definem

um peso médio para todo o plantel, e realizam de 9 a 12 repetições por cada

série executada.

101 Análise e Discussão dos Resultados


Treino de Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

Quando utilizam o circuito de treino servem-se dos valores já referidos na

Tabela 8-5.

Normalmente não organizam o treino de força em ciclos de trabalho,

adaptando o tipo de treino ao calendário de competições. Este parece ser o motor

real do processo de treino de uma equipa de andebol de alto rendimento.

O treino é pouco controlado se considerarmos os vectores de análise e

controlo do treino - testes de laboratório e de terreno - mas será controlado usando

"sinais de confiança", isto é, estabelecendo relações de confiança entre técnicos e

atletas, com base na coerência de atitudes, na honestidade de palavras, no gosto e

desejo de trabalhar (Araújo, 1999).

102 Análise e Discussão dos Resultados


TREINO DE FORÇA EM
ANDEBOL

CAPÍTULO V
CONCLUSÕES
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

9. Conclusões e Recomendações

Este estudo foi na sua essencialidade determinado pela necessidade de

estabelecer um quadro caracterizador objectivo sobre o treino de força nas

equipas de andebol portuguesas de alto nível.

Os resultados obtidos permitem evidenciar as seguintes conclusões:

1. É consensual entre os técnicos da modalidade a importância da força no

treino em andebol. No entanto, na aplicação prática do referido trabalho

os mesmos treinadores não parecem atribuir à força a importância que

ela justifica.

9.1 Planeamento e Periodização do Treino

1. Os treinadores de andebol de alto rendimento utilizam frequentemente

uma periodização múltipla. Mas, no que à periodização da força se

refere, não praticam qualquer divisão da época. Trabalham de acordo

com o calendário de competições, ou seja, se há jogos não trabalham,

ou fazem-no a um nível de importância baixo; se não há jogos

aproveitam para introduzir blocos de treino de força.

2. Durante o PP as equipas treinam bi-diariamente ou tri-diariamente, com

um valor médio de 12 UT. No período seguinte - PC - o número de UT é

105 Conclusões
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

drasticamente reduzido - o valor médio desce para 7 UT - e apenas

37,5% dos técnicos estudados mantêm treinos bi-diários.

3. Todos os técnicos estudados mantêm o trabalho de força ao longo do

PC, exercitando esta capacidade uma ou duas vezes por semana.

4. Durante o PC os dias preferenciais para trabalhar a força são a 2 a feira

e a 3a feira.

9.2 Formas de Manifestação da Força

1. Entre as formas de manifestação da força mais valorizadas pelos

treinadores de andebol de alto rendimento, a força elástico-explosiva-

reactiva (pliometria) lidera, sendo indicada pela quase totalidade dos

técnicos. A força explosiva e a força resistência são também referidas

como muito utilizadas.

2. A força máxima não é suficientemente valorizada.

9.3 Meios e Métodos de Treino

1. Os multissaltos e os multilançamentos são os meios de treino mais

utilizados pelos treinadores de andebol de alto rendimento estudados,

logo seguidos pelas bolas medicinais e lastradas, os bancos e as

barreiras.

2. O circuito-treino é a forma de organização do treino de força mais

utilizada pelos técnicos de andebol de alto rendimento estudados.

106 Conclusões
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

3. As máquinas de musculação têm uma utilização pobre.

4. O trabalho de força com máquinas de musculação e/ou pesos e

haltères utiliza preferencialmente exercícios para os grupos musculares

dos ombros, dos peitorais, do tronco e das pernas.

5. Os exercícios de musculação mais utilizados são as elevações laterais

dos braços , military press , pullover , press de banca , 1/2 squat, leg

press , extensão do joelho , elevações dos calcanhares e exercícios

para abdominais e dorso-lombares com muitas variantes.

6. Os exercícios de musculação parecem estar de acordo com a

especificidade do jogo de andebol.

9.4 Cargas de Treino de Força

1. Muito poucos técnicos servem-se da avaliação de 1 RM para desenhar

os programas de treino de força e controlar o seu desenvolvimento.

2. Frequentemente os técnicos utilizam cargas médias aproximadas para

todo o plantel.

3. A conjugação do número de repetições com as intensidades utilizadas

não parece contradizer as formas de manifestação de força a solicitar.

9.5 Recomendações para a Prática do Treino

No andebol, devido ao largo PC e reduzido PP - 4 a 5 semanas - justificar-

se-á utilizar os seguintes procedimentos no que ao treino de força diz respeito:

107 Conclusões
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

A. Aproveitar os períodos transitórios para desenvolver os níveis de força

máxima com base na hipertrofia muscular. Só esta opção de trabalho

poderá permitir realizar um programa de treino de força com a duração

mínima de 8 semanas.

B. Na altura do inicio do PP dever-se-á incluir um trabalho destinado à

força-resistência.

C. Durante a fase pré-competitiva e competitiva dever-se-á utilizar métodos

de solicitação da força explosiva.

D. Quem só começa a treinar força durante o PP, deverá utilizar métodos

que, solicitem os factores neurais de desenvolvimento da força - força

máxima e força explosiva - utilizando cargas sub-máximas.

E. Dever-se-á, sempre que possível, utilizar as máquinas de musculação,

principalmente, nas fases iniciais de desenvolvimento da força.

F. A manutenção do treino de força deverá ser conseguida através da

realização de 2 treinos semanais.

G. Estes dois treinos de força deverão solicitar, em alternância, a força

máxima e a força explosiva. Um exemplo poderia ser o seguinte: uma

sessão de força explosiva utilizando cargas pesadas - > 80% 1 RM - e

uma sessão de força explosiva utilizando cargas leves - < 70% 1 RM - ou

sessões de força explosiva com a inclusão, a cada 3 semanas, de uma

sessão de força máxima.

108 Conclusões
TREINO DE FORÇA EM
ANDEBOL

CAPÍTULO VI
BIBLIOGRAFIA
Treino da Força em Andebol
Estudo exploratório sobre o planeamento e periodização em equipas da 1 a Divisão Nacional

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117 Bibliografia
Treino da Força em Andebol
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* Referência Indirecta

118 Bibliografia
TREINO DE FORÇA EM
ANDEBOL

CAPÍTULO VII
ANEXOS
FACULDADE DE CIÊNCIAS DO DESPORTO E EDUCAÇÃO FÍSICA

MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO

TREINO DE ALTO RENDIMENTO DESPORTIVO

FORMULÁRIO PARA ENTREVISTA

TREINO DE FORÇA EM ANDEBOL

ROLANDO JORGE COSTA DE FREITAS


1999
Introdução

"Um dos avanços com respeito ao treino da força é que


quase ninguém duvida que a melhoria desta qualidade é
prioritária quando se quer conseguir o êxito na preparação
de quase todos os desportistas."
Badillo & Ayestarán, 1995

Nos desportos colectivos, e no andebol em particular, o treino de condição física


assume uma importância fundamental.
Dentro do treino de condição física, o treino de força parece emergir como um
factor crucial para a performance do atleta.
Sabendo que o andebolista é solicitado constantemente a executar as acções técnicas
e tácticas do jogo (rematar, sprintar, saltar, lutar) a um alta velocidade, e que os níveis de
força são extremamente importantes para a sua concretização, qual a sua opinião sobre os
aspectos a seguir referidos.

Entrevista

1. Quais os objectivos para esta época desportiva da sua equipa?

2. Em que meses do ano se distribuem as competições da sua equipa?


VIII IX X XI XII I II III IV V VI VII
3. Quantas sessões de treino faz, por semana a sua equipa?
PP PC

4. Quando estrutura o plano anual de treinos contempla:


periodização simples I I
periodização dupla I I
outra IJ

5. Na sua opinião, os treinadores de equipas portuguesas de alto rendimento utilizam, nas


suas rotinas diárias o treino de força?
Sim D Não D

6. No seu caso particular, utiliza o treino de força?


Sim D Não D

7. Se respondeu Sim, Quais os meios e métodos de treino que considera na planificação


anual do treino de força?

Máquinas de Musculação D
Pesos e Haltères D
Multilançamento s D
Bolas Medicinais D
Bolas lastradas D
Multissaltos D
Barreiras D
Escadas D
Cordas D
Bancos D
S/ carga e/ou obstáculos D
Saltos Profundidade D
Circuito Treino D
Próprio Corpo D
Outros D
8. Em que dias da semana?
Período Preparatório
2 3 4 5 6 S D

Período Competitivo
2 3 4 5 6 S D

9. A partir de que altura do ano e até quando?


VIII IX X XI XII I II III IV V VI VII

lO.Que exercícios utiliza?


Listagem de fotos e desenhos anexa.

1 l.Que formas de manifestação da força privilegia no treino de força?


Força Máxima f ] Força Explosiva [ |

80-90% 1RM 90-100% 1RM


4-5 Reps. 4-8 Reps.
3-5 sér. 1-3 Sér.
3'-5' 3'-5'
Méd./Máx. Max Exp.

Força Resistência D Pliometria D


30-70% 1RM Saltos mesmo sítio D
8-20 Reps. Saltos c/ pequenos obstáculos D
3-5 Sér. Saltos c/ pouco deslocamento D
Média Saltos profundidade 20-40 cm D
Multisaltos c/ grandes deslocamentos O
Saltos d obstáculos grandes [1
Saltos profundidade 50-80 cm Q
Saltos c/ cargas lastradas | J
12.Que cargas utiliza?
PP PC
30-60% 1RM D D
60-80% 1RM D D
80-90% 1RM D D
90-100% 1RM D D
D D
13.Qual o número de repetições?
PP PC
1-3 Reps. D D
4-8 Reps. D D
9-12 Reps. D D
+ 12 Reps. D D

14.0rganiza o treino de força por ciclos de trabalho?


Sim D Não D

15.Se Sim, como os organiza?


2 semanas LJ
3 semanas LJ
4 semanas |_J
6 semanas O
I I semanas O

16. Se utiliza circuito de treino, como o organiza:


estações O
séries O
repetições/esforço O
recuperação ex°s II
recuperação séries II
velocidade CU
OMBROS
LAT PULL DOWN

Intensidade
1^
as
N° Repetições

W TO
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

ELEVAÇÕES OMBROS

A Intensidade

i
:17 í N° Repetições

# > Séries

ÏJ
Pausa / Recuperação
Velocidade

MILITARY PRESSES

Intensidade
z1^
?
/ N° Repetições
K Séries

i l Jâ
Pausa / Recuperação
1 Velocidade

SEATED ROWS / UPRIGHT ROWS

Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

6
ELEVAÇÃO LATERAL

Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

ABERTURA DEITADO
Intensidade

Vf ^ \ N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

PEITORAIS

SUPINO INCLINADO
Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

AFUNDOS PARALELAS
Intensidade
% N° Repetições
Séries

I
l w Pausa / Recuperação
Velocidade
o
<&

7
PULLOVER
Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

ANTEBRAÇOS
FLEXÕES / EXTENSÕES PULSO
Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

ENROLAR
Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

8
TRONCO

DEAD LIFT (ARRANQUE ATÉ À CINTURA)

Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

POWER LIFT (ARRANQUE ATÉ AO PEITO)


Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade
ilíà

LOMBARES / ABDOMINAIS

BENT KNEE (FLEXÃO TRONCO A FRENTE)

Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

DORSO-LOMBARES
Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade
ABDOMINAIS

Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

PERNAS

ELEVAÇÕES CALCANHARES

Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

LEG PRESS INVERTIDO


Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

LEG PRESS
Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

10
AGACHAMENTO
Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

LEG CURL (FLEXÃO JOELHO)


Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

EXTENSÃO JOELHO
Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

JUMP HALF SQUATS (1/2 AGACHAMENTO COM SALTO)


Intensidade
N° Repetições
Séries
Pausa / Recuperação
Velocidade

11

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