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Livro Como Chegamos Aqui - Ramon Tessmann

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RAMON ESSMANN

DIREITOS AUTORAIS
Este material está protegido por leis de direitos autorais. Todos os
direitos sobre a obra são reservados. Você não tem permissão
para vender este material nem para copiar/reproduzir o conteúdo
em sites, blogs, jornais ou quaisquer outros veículos de
distribuição e mídia.

Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará sujeita a


ações legais. Caso você acredite que alguma parte deste material
deva ser removida ou alterada, por favor, entre em contato
conosco através do e-mail contato@ramontessmann.com.br.

Copyright © Todos os direitos reservados.

HISTÓRICO DE ATUALIZAÇÕES
09/04/2020 Finalização da produção textual.
17/04/2020 Revisão e produção final.
25/04/2020 Lançamento da versão 1.0.

Caso você encontre alguma incorreção no material, por favor,


envie um e-mail para contato@ramontessmann.com.br.

IMPRIMA ESTE MATERIAL


Para facilitar o estudo você pode imprimir uma cópia desta obra
para uso pessoal. A leitura no papel será mais confortável e
prazerosa.
O AUTOR
Ramon Tessmann é casado com Amanda e pai da Laura.
Formado em administração de empresas, já estudou diversos
cursos nas áreas de teologia, filosofia e sociologia. Com dez
livros publicados, é palestrante, músico e pastor na Igreja
das Nações em Criciúma. Já empreendeu vários projetos na
internet, mas hoje se dedica ao Evangelho, servindo na igreja
local e produzindo conteúdos sobre vida cristã nas redes
sociais. Ramon tem como missão despertar as pessoas para
o seu propósito para que elas vivam uma vida intensa,
relevante e abençoada, debaixo da vontade de Deus.

AGRADECIMENTOS
Agradeço ao pastor Leonardo Teixeira que me ajudou na
revisão deste material.

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ÍNDICE

1. O divórcio na Lei 09
2. O contexto de Malaquias 12
3. A primeira exceção? 15
4. O ideal divino 18
5. Uma só carne 23
6. Remédio ruim 26
7. A conversa improvável 29
8. A segunda exceção 33
9. O contexto de Corinto 35
9.1. A separação da mulher 36
9.2. Casamentos mistos 37
9.3. A terceira exceção 38
9.4. O abandono 39
9.5. Que vivam em paz 40
10. Questões atuais 42
10.1. Consequências do divórcio 47
10.2. As quatro principais posições 48
11. Considerações finais 50
11.1. A corrupção humana 51
11.2. A correção de Cristo 51
11.3. A mulher samaritana 52
11.4. A visão paulina 53
11.5. Os problemas atuais 55
11.6. As consequências 56
12. Resumo 57
13. Fontes bibliográficas 61
INTRODUÇÃO
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 6

O que Deus pensa sobre o divórcio? O que a Bíblia fala


sobre adultério? Um casal crente pode se divorciar? Se o
casamento for "misto", pode haver rompimento? Depois
de um divórcio, posso me casar novamente? O que fazer
em caso de violência doméstica? Se eu for abandonado?
Se meu cônjuge vier a falecer? O que acontece?

Perguntas como essas são mais comuns do que você


imagina. O tema "divórcio" sempre foi muito controverso
no meio cristão. Em certos lugares, é um assunto
praticamente intocado, o que dá vazão para infindáveis
dúvidas e "achismos".

Se você for para o campo da teologia, encontrará


diversas correntes de pensamento. Multiplique isso por
igrejas, culturas e épocas da história, e você facilmente
se afogará em um mar de interpretações diferentes.
Todas elas alegando estarem fundamentadas na Bíblia!

Depois que retomei meu canal no Instagram e comecei


a responder diversas dúvidas, passei a receber uma
enxurrada de perguntas sobre casamento e divórcio.
Então, decidi enfrentar o tema e fazer um estudo
minucioso dos textos bíblicos que o abordam.

Neste material, me propus a "passear" pelas Escrituras


apresentando e comentando todos os textos
relacionados na ordem em que eles aparecem na Bíblia.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 7

Minha missão é pura e simplesmente trazer mais


conhecimento e esclarecimento para o povo cristão de
modo que as pessoas possam tomar decisões mais
sábias (e bíblicas).

Antes de iniciarmos a jornada eu gostaria de fazer


algumas observações importantes.

OBSERVAÇÕES
Primeiro, este material não é sobre minha opinião ou
sobre alguma "solução bíblica" que descobri para os
complexos problemas do casamento. Meu desejo é
trazer ao seu conhecimento algumas das interpretações
mais comuns que pude encontrar para enriquecer o
debate.

Mesmo onde há considerações pessoais, isso não


significa que daqui a um, dois ou dez anos eu não possa
mudar minha opinião ao estudar com maior
profundidade. O pastor John Piper, um dos mais
renomados de nossa era, após mudar de opinião sobre o
tema, escreveu:

"Eu não afirmo que encontrei ou disse a última palavra nesta


questão, nem que eu estou além de correção caso prove-se
que estou errado. Estou ciente de que homens mais piedosos
que eu tiveram opiniões diferentes".

Segundo, um tema tão importante como esse não pode


ser estudado de forma imprudente, sem os devidos
cuidados.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 8

Uma das práticas que mais causa confusão é a pessoa


ler um ou outro versículo isolado e julgar que
compreendeu o divórcio.

Basta você entrar nas redes sociais e ver como as


pessoas "cospem" versículos decorados totalmente fora
de contexto para defender suas opiniões.

Se cremos que as Escrituras são divinamente inspiradas,


então vale a pena dedicarmos tempo e esforço para um
estudo mais amplo e cuidadoso (ver 2 Timóteo 3:16-17).

Vale aqui uma citação do bispo e pesquisador William


Coleman: 

"A questão da separação de um casal sempre foi um tanto


nebulosa... O temperamento e a formação de cada um de nós
pesa muito quando interpretamos essas passagens...
Contudo, acima de nossos preconceitos e sentimentos
pessoais deve estar o desejo de fazer uma interpretação
séria e honesta, seja qual for o texto focalizado".

Terceiro, não se baseie apenas nesse material para


"formar sua opinião".

Procure livros e artigos, procure conhecer a posição de


teólogos, mestres e pastores reconhecidos, que têm
autoridade na Palavra.

Por último, se você faz parte de uma igreja biblicamente


saudável, procure seus pastores para conhecer a
opinião deles sobre o assunto e receber conselho
matrimonial, se necessário.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 9

Não use este material como direção pastoral para sua


vida. Ele é apenas mais um estudo disponível sobre o
tema. Se você precisa de acompanhamento específico
para o seu caso procure os líderes de sua igreja.

Valorize-os e busque com sinceridade o conselho deles,


conforme Hebreus 13:17.

Vamos começar o nosso "passeio" pelas Escrituras


abordando o tema divórcio. Listarei os principais textos
(na ordem em que eles aparecem na Bíblia) e farei os
respectivos comentários.

Ao final, trarei um resumo revisando os principais pontos


do material, o que facilitará seus estudos.

Espero de coração que seja útil para você!


CAPÍTULO #1

O DIVÓRCIO NA
LEI
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 11

"Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se


ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa
indecente nela, e se ele escrever uma carta de divórcio e a
entregar à mulher, e a mandar embora; e se ela, saindo da
casa dele, for e se casar com outro homem; e se este passar
a odiá-la, e escrever uma carta de divórcio e a entregar à
mulher, e a mandar embora de sua casa ou se este último
homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer, então
o primeiro marido dessa mulher, que a mandou embora, não
poderá casar-se de novo com ela, depois que foi
contaminada, pois é abominação diante do Senhor. Assim,
vocês não farão pecar a terra que o Senhor, seu Deus, lhes dá
por herança". - Deuteronômio 24.1-4

No contexto da lei mosaica, o homem podia pedir o


divórcio seguindo um processo legal, escrevendo uma
carta de divórcio e mandando a mulher embora.

Todavia, era necessário ter um motivo. Como se tratava


de uma sociedade que supervalorizava o homem em
detrimento da mulher, os motivos do divórcio foram se
tornando cada vez mais fúteis, como, por exemplo, ter
"mau cheiro", ser má cozinheira ou não ter um cabelo tão
bonito.

Os judeus "torciam" o texto da Lei a seu favor para


dissolver um casamento sempre que quisessem,
banalizando o casamento sem qualquer temor. A lei
mosaica permitia que a mulher, uma vez divorciada, se
casasse novamente, como se o primeiro casamento
nunca tivesse acontecido.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 12

A única restrição era que o primeiro marido não poderia


casar-se novamente com essa mulher, caso o segundo
casamento dela fracassasse.

Tal situação tornava a mulher impura, como se fosse de


uma classe inferior. Essa é a permissão mosaica que os
fariseus vão mencionar em Mateus 19:7 (como abordarei
em breve).

É importante ressaltar que essa ideia de inferiorizar a


mulher não encontra respaldo bíblico, apesar de haver
certas restrições para as mulheres que não existiam para
os homens.

O texto de Malaquias, que será o próximo a ser


abordado, mostra o cuidado que a Bíblia tem com a
mulher.

Logo, a inferiorização da figura feminina era fruto do


preconceito cultural e da má interpretação da Lei, e não
da vontade divina.

Vamos ao próximo texto, que está lá em Malaquias.


CAPÍTULO #2

O CONTEXTO DE
MALAQUIAS
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 14

"O Senhor eliminará das tendas de Jacó aquele que fizer isso,
seja ele quem for, mesmo que apresente ofertas ao Senhor
dos Exércitos. Há outra coisa que vocês fazem: cobrem de
lágrimas o altar do Senhor, com choro e gemidos, porque ele
já não olha para a oferta nem a aceita com prazer. E vocês
perguntam: “Por quê?” Porque o Senhor foi testemunha da
aliança entre você e a mulher da sua mocidade, a quem você
foi infiel, sendo ela a sua companheira e a mulher da sua
aliança. Não fez o Senhor somente um, mesmo que lhe
sobrasse o espírito? E por que somente um? Porque buscava
uma descendência piedosa. Portanto, tenham cuidado para
que ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade.
Porque o Senhor, o Deus de Israel, diz que odeia o divórcio e
também aquele que cobre de violência as suas roupas, diz o
Senhor dos Exércitos. Portanto, tenham cuidado e não sejam
infiéis". - Malaquias 2:12-16

O contexto de Malaquias 2:12-16 aborda o divórcio


dentro de um cenário de corrupção generalizada da
sociedade. Nessa época, o povo lamentava porque o
Senhor não aceitava as ofertas e o profeta Malaquias
revela alguns motivos.

Os judeus aparentavam ser zelosos no templo, mas


banalizavam o casamento. Tratavam o divórcio com
trivialidade. Eles maltratavam suas esposas e as trocavam
facilmente por mulheres pagãs (casamentos corruptos).
Trocavam mulheres mais "velhas" por mulheres mais
"jovens", às vezes, acumulando mais de uma esposa (em
relações poligâmicas). Quando as mulheres se sentiam
injustiçadas iam para o templo pedir ajuda, mas os
sacerdotes praticavam as mesmas maldades.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 15

O Senhor condenou toda essa afronta e no versículo


dezesseis o profeta vai deixar claro que Ele odeia o
divórcio.

Para Deus, o divórcio indevido transmite a ideia de um


"ato de violência" e uma grande injustiça. Por isso, o
alerta do profeta: "...tenham cuidado e não sejam infiéis".

Lembrando que até aqui o divórcio foi abordado dentro


da realidade judaica. Não tire nenhuma conclusão
apressada com base nos textos do Antigo Testamento.
Eles servem para que você compreenda um pouco mais
sobre o contexto da época.

Agora, vamos viajar até o livro de Mateus para começar a


ver como Cristo aborda o tema.
CAPÍTULO #3

A PRIMEIRA
EXCEÇÃO
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 17

"Também foi dito: 'Aquele que repudiar a sua mulher deve


dar-lhe uma carta de divórcio.' Eu, porém, lhes digo: quem
repudiar a sua mulher, exceto em caso de relações sexuais
ilícitas, a expõe a se tornar adúltera; e aquele que casar com
a repudiada comete adultério". - Mateus 5:31,32

Aqui, encontramos o primeiro relato de Cristo abordando


a questão do divórcio. Antes de comentá-lo, preciso
tornar o contexto mais familiar para você.

Como vimos antes, a lei mosaica permitia o divórcio entre


judeus, mas os homens passaram a interpretar a Lei de
maneira excessivamente liberal, favorecendo seus
desejos carnais. Existia um "duplo padrão", em que os
homens eram beneficiados em detrimento das mulheres.
Eles podiam se divorciar das mulheres por qualquer
motivo (fútil ou não).

Um pouco antes de Cristo, viveram dois rabinos famosos


que originaram duas escolas que ainda estavam vigentes
no tempo de Cristo: Shammai e Hilel.

A escola de Shammai permitia o divórcio somente em


caso de infidelidade conjugal.

A escola de Hilel, muito mais liberal, permitia o divórcio


por qualquer motivo.

Os fariseus se dividiam entre essas duas escolas e o


divórcio era oficializado mediante formulação da carta de
divórcio.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 18

A "carta de divórcio" foi criada por Moisés para inibir o


número de casamentos e divórcios, já que dava algum
trabalho para os judeus consegui-la. Era uma espécie de
certificado de abandono. Isso dava à mulher permissão
para casar-se novamente.

A grande questão é que tudo isso era uma concessão


mosaica e não uma "ordenança de Moisés", como os
judeus descaradamente pareciam defender.

A dissolução do matrimônio era uma permissão mosaica


e não um mandamento, como alguns gostavam de
pensar.

Nesse texto, Cristo não defende, nem encoraja o


divórcio, apenas menciona uma "permissão" em caso de
infidelidade.

Algumas traduções trazem os termos adultério,


imoralidade ou relações sexuais ilícitas. Há um debate
sobre se o pecado cometido é no "noivado" e não no
casamento, o que não configura adultério, mas
fornicação.

No entanto, deixo registrado que o pensamento mais


comum aponta para Cristo estar se referindo a
casamento, não a algum tipo de noivado ou namoro. Dito
isso, vamos expandir um pouco mais o debate com outro
texto de Mateus.
CAPÍTULO #4

O IDEAL DIVINO
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 20

"Alguns fariseus se aproximaram de Jesus e, testando-o,


perguntaram: — É lícito ao homem repudiar a sua mulher por
qualquer motivo? Jesus respondeu: — Vocês não leram que o
Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e que
disse: 'Por isso o homem deixará o seu pai e a sua mãe e se
unirá à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne'? De
modo que já não são mais dois, porém uma só carne.
Portanto, que ninguém separe o que Deus ajuntou. Os
fariseus perguntaram: — Então por que Moisés ordenou dar
uma carta de divórcio e repudiar a mulher? Jesus respondeu:
— Foi por causa da dureza do coração de vocês que Moisés
permitiu que vocês repudiassem a mulher, mas não foi assim
desde o princípio. Eu, porém, lhes digo: quem repudiar a sua
mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e
casar com outra comete adultério". - Mateus 19:3-9

Neste contexto, os fariseus fazem uma pergunta capciosa


para testar Cristo. Eles queriam saber como o Senhor se
posicionaria sobre o tema, ao lado da escola de Hilel
(mais liberal) ou segundo a escola de Shammai (mais
estrita).

Essa era a armadilha: se Jesus defendesse uma das


escolas, ofenderia a outra.

Surpreendentemente, para responder à questão, Cristo


não se dirige à lei mosaica. Ele volta à Gênesis, lançando
luz sobre o plano original de Deus em relação ao
matrimônio. Deus não havia criado a união entre homem
e mulher de maneira arbitrária. O plano original era que a
união fosse permanente, com o homem e a mulher
criados um para o outro.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 21

Não se trata apenas de uma união física, mas emocional,


intelectual e espiritual. Isso implica que o rompimento
dessa "uma só carne" só acarretaria más consequências,
não só para os cônjuges, mas para os filhos, família,
comunidade, sociedade por aí vai.

Não por acaso, um divórcio sempre acaba causando


sérios prejuízos para o progresso espiritual dos
envolvidos.

Assim, Cristo abordou o tema de uma perspectiva muito


mais elevada que as duas escolas judaicas.
Basicamente, o povo nem deveria estar discutindo sobre
divórcio porque num mundo ideal ele não existiria. Por
isso, alguns defendem que o divórcio, na sociedade civil,
é uma espécie de "mal necessário", fruto da dureza do
coração humano.

Isso é citado no versículo oito. Jesus "corrige" os fariseus


ao dizer que Moisés permitiu repudiar a mulher, mas que
não era assim no princípio. A lei mosaica não ordenou o
divórcio, mas o "permitiu" para dissolver casamentos
impossíveis e impedir crueldades contra as mulheres.

Nesse aspecto, Cristo estava discordando da escola de


Hilel, que fazia do divórcio quase uma "ordenança". O
divórcio nunca seria um "bem", mas um "mal" menor em
relação aos possíveis frutos da dureza do coração do
homem.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 22

No versículo dezenove, Cristo apresenta a famosa


"exceção" para o divórcio, no caso, a infidelidade. Fica
claro que um judeu casado não poderia simplesmente
abandonar sua mulher atual para se casar com outra,
sem o motivo citado e sem o devido processo legal.

Perceba que Cristo está respondendo a homens, mas o


princípio se aplicaria também às mulheres. De fato,
Cristo parece estar sempre elevando a importância da
mulher, tirando-a de uma posição de inferioridade para
uma posição mais igualitária (os fariseus chegavam a
debater sobre as mulheres terem alma ou não).

Preciso deixar claro que aqui não está em discussão se a


parte culpada teria o direito de casar novamente. Alguns
entendem que sim, outros entendem que não.

Há ainda outros que não admitem novo casamento para


nenhuma das partes. Essas são especulações dificílimas,
fruto de interpretações pessoais.

Tal assunto (recasamento) não parece estar em discussão


nesse debate com os fariseus. A discussão parece girar
em torno da banalização do matrimônio.

Outro esclarecimento que faço é a respeito do final do


versículo nove, onde Cristo diz "comete adultério". Alguns
defendem que quando uma pessoa divorciada se casa
novamente, o "possível" adultério seria um ato singular
(ato isolado, não um estado contínuo).
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 23

Ou seja, a pessoa segue com o novo casamento


legitimado, mas, ao ter consciência do seu ato, se
arrepende, pede perdão e recomeça a vida. Isso aliviaria
o problema de um casal já estar em uma nova união há
um tempo, com estabilidade, civilmente legalizado, com
filhos e tudo mais.

Nesse caso, seria um enorme transtorno caso se optasse


por um novo rompimento. Ademais, lembre que adultério
não é um pecado imperdoável, como muitos parecem
pensar.

Há mais um comentário que preciso fazer. Alguns


teólogos defendem que a palavra "divórcio" no contexto
judeu representava, de fato, um matrimônio cem por
cento encerrado.

Lembre-se que a discussão de Jesus com os fariseus se


baseia no texto de Deuteronômio 24.1, onde o divórcio
era uma dissolução completa. Nesse caso, segundo o
texto, um novo casamento seria permitido.

Outros argumentam que quando Cristo revisitou as


passagens de Gênesis, ele estava rejeitando a leitura dos
fariseus de Deuteronômio 24.1, concluindo que:
"...ninguém separe o que Deus ajuntou".

Novamente, todas essas interpretações são conjecturas


pessoais e de dificílimas análises.
CAPÍTULO #5

UMA SÓ CARNE
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 25

"E, aproximando-se alguns fariseus, o puseram à prova,


perguntando: — É lícito ao marido repudiar a sua mulher?
Jesus respondeu: — O que foi que Moisés ordenou a vocês?
Eles disseram: — Moisés permitiu escrever uma carta de
divórcio e repudiar. Mas Jesus lhes disse: — Foi por causa da
dureza do coração de vocês que Moisés deixou escrito esse
mandamento. Porém, desde o princípio da criação, Deus os
fez homem e mulher. 'Por isso o homem deixará o seu pai e a
sua mãe e se unirá à sua mulher, tornando-se os dois uma só
carne.' De modo que já não são mais dois, porém uma só
carne. Portanto, que ninguém separe o que Deus ajuntou. Em
casa, os discípulos voltaram a fazer perguntas sobre esse
assunto. E Jesus lhes disse: — Quem repudiar a sua mulher e
casar com outra comete adultério contra aquela. E, se ela
repudiar o seu marido e casar com outro, comete adultério". -
Marcos 10:2-12

Neste texto, diferente dos outros, não há nenhuma


cláusula de exceção para o divórcio. As exceções
aparecem na lei mosaica, em Mateus, em Romanos e em
1 Coríntios, mas não aparecem em Marcos e Lucas. Aqui,
algumas perguntas podem surgir: O texto de Marcos
10:2-12 é exaustivo? Ele esgota o assunto? O texto é
prescritivo? Ele está fixando uma resposta definitiva
sobre o assunto? Se trata de um texto referencial? Cristo
está respondendo apenas com base nos assuntos de
Deuteronômio 24 ou se refere a todas as situações? São
boas perguntas para os estudiosos.

No versículo seis, Cristo novamente realça o livro de


Gênesis, colocando o plano original de Deus acima da
exceção da lei mosaica.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 26

O teólogo Russel Champlin argumenta que Cristo parece


não ver o "mesmo nível" de verdade em todas as
revelações.

Assim, a permissão para o divórcio, apesar de estar na


Lei, não era um princípio eterno, mas uma questão
prática, uma espécie de "band-aid" contra a queda
humana.

A ordenança de Deus para "uma só carne" estava acima


da formulação de qualquer carta de divórcio, portanto,
não adiantaria se referir ao divórcio ligando-o à vontade
de Deus. Desse modo, qualquer rompimento do
matrimônio revelaria a impossibilidade do ser humano
de viver de acordo com os padrões divinos.

Se você se basear apenas nesse texto para estudar o


divórcio, ignorando o restante das Escrituras, você não
encontraria exceções mencionadas. Jesus apresenta o
matrimônio em uma realidade espiritual pura, sem
possibilidade de rompimento.

Se os cônjuges tivessem uma espiritualidade elevada


jamais considerariam o divórcio. Por isso, as exceções
eram "permitidas" não porque Deus quis, mas por causa
da fraqueza humana.

Outro texto que vai na mesma linha é o de Lucas 16:18.


Vejamos.
CAPÍTULO #6

REMÉDIO RUIM
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 28

"Quem repudiar a sua mulher e casar com outra comete


adultério; e aquele que casa com a mulher repudiada pelo
marido também comete adultério." - Lucas 16:18

O texto de Lucas 16:18, assim como o de Marcos, não


apresenta nenhuma exceção para o divórcio. Dentro do
contexto, o objetivo do autor é a comparação entre Lei e
Evangelho, sendo que a Lei era "moldada" de acordo
com a situação. A Lei poderia ser interpretada de forma
tendenciosa, mas Cristo deixa claro que o "matrimônio
ideal", sem possibilidade de divórcio, era o plano original
de Deus. As exceções seriam um "remédio ruim" em
meio a um povo duro de coração.

Em uma posição mais estrita, o pastor John Piper usa


esse texto para rejeitar novos casamentos (com exceção
da morte do cônjuge, como veremos mais adiante).

Segundo ele, o texto mostra que Cristo não reconhece o


divórcio como o término de um casamento. Portanto, um
novo casamento seria um ato de adultério.

Um fator que pesa contra essa ideia é o texto da mulher


samaritana, onde Cristo parece reconhecer os cinco
maridos dela (abordaremos isso adiante).

Outra posição acrescenta que o conceito de adultério em


Jesus não é sobre um estado que você entra quando se
divorcia, mas, uma forma de se relacionar com o próximo.
O adultério seria o olhar e o desejar de forma
desfigurada e impura.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 29

Nesse pensamento, quem é denunciado no texto é quem


está permitindo que o desejo desconfigure tanto a
relação quanto o próximo.

Não fosse assim, o desejo perverso poderia se


transformar em uma arma de manipulação no
casamento.

Imagine um homem dizendo para a mulher:

"Você está nas minhas mãos! É melhor fazer o que


quero senão vou embora. Já pensou se você vira uma
mulher divorciada? O que vão pensar?".

Outra consequência é que o desejo impuro poderia ser


usado como pretexto para o homem não se
comprometer. É um desejo oculto que poderia fazê-lo
"pular" de relacionamento em relacionamento, buscando
cada vez mais satisfação. Isso banalizaria a profundidade
do compromisso no casamento.

Assim, para alguns, o texto de Lucas 16:18 estaria


apontando para essas situações relacionadas à
banalização do compromisso, fruto de desejos impuros
que só causam destruição e desfiguram a ideia divina
para o casamento.
CAPÍTULO #7

A CONVERSA
IMPROVÁVEL
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 31

"Jesus disse: — Vá, chame o seu marido e volte aqui. Ao que


a mulher respondeu: — Não tenho marido. Então Jesus disse:
— Você tem razão ao dizer que não tem marido. Porque já
teve cinco, e esse que agora tem não é seu marido. O que
você disse é verdade". - João 4:16-18

O evangelho de João traz uma situação que não fala


diretamente sobre divórcio, mas que lança luz sobre a
forma como Cristo tratou uma mulher que, ao que tudo
indica, banalizou o casamento e o divórcio (e ainda era
samaritana!).

A mulher samaritana já tinha tido cinco maridos e estava


no sexto caso. Ao chamar os cinco primeiros homens de
maridos, Jesus parece estar reconhecendo os cinco
casamentos, o que não aconteceu com o sexto caso: "...e
esse que agora tem não é seu marido". Portanto, tudo
aponta para a legitimidade dos casamentos da mulher.

Dito isso, Cristo tocou na mais dolorosa ferida da vida


dela, um passo necessário para a cura. Jesus apontou o
pecado para que ela "abrisse os olhos", mas não fez isso
de uma forma condenatória. Ele não disse: "Já se
divorciou cinco vezes? Misericórdia! Está tudo errado aí!".

Ele simplesmente mostrou que a satisfação que ela tanto


buscava não estava nos homens e casamentos, mas na
vida que só ele poderia dar. As necessidades dela não
eram físicas, mas na alma. Ela foi curada, perdoada,
restaurada e no mesmo dia passou a levar a mensagem
messiânica de Cristo em sua região.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 32

Por que citei essa história? Primeiro, para você perceber


a diferença entre a forma como Cristo respondeu os
fariseus e a forma como ele tratou a mulher samaritana.
Segundo, para você notar que os casamentos e divórcios
dela não a impediram de ser perdoada, restaurada e
ainda se tornar uma "missionária" de Cristo.

Outra coisa interessante é que Jesus não mandou a


mulher voltar para o passado e se reconciliar com o
primeiro marido. Aquilo tudo havia ficado no passado.
Isso pode significar que relacionamentos passados
devem ficar para trás. Quando a pessoa vem para Cristo
o que importa é o matrimônio atual. O esforço do novo
convertido é fazer essa união seguir em obediência a
Deus.

Na atualidade, é comum que alguns cristãos tratem uma


pessoa divorciada como se ela tivesse alguma doença
contagiosa ou como se tivesse cometido algum pecado
imperdoável e não pudesse ser restaurada.

No caso da mulher samaritana, Cristo não trouxe a ela


mais culpa do que o necessário para o arrependimento e
o perdão. Em nenhum momento, ele a condena ao
inferno por estar no sexto caso. Cristo traz a ela
consciência do pecado, perdão e restauração.

Naturalmente, há casos e casos. Nem todo mundo se


comporta como a mulher samaritana, com sinceridade e
humildade.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 33

Todavia, não cabe a nós oprimirmos as pessoas,


fazendo-as sofrer com peso e culpa desnecessários.

Não parece razoável rejeitar, como membros de uma


igreja, um casal com um matrimônio firme, com filhos,
uma vida construída, cujos cônjuges originais já casaram
e constituíram outras famílias.

Não parece razoável rejeitar essas pessoas devido a


complicações em casamentos do passado, antes de
conhecerem a Cristo.

Certamente, a abordagem de Jesus com a "mulher do


poço" tem muito a nos ensinar sobre como tratar alguém
que enfrentou problemas com o matrimônio.
CAPÍTULO #8

A SEGUNDA
EXCEÇÃO
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 35

"Ou vocês não sabem, irmãos — pois falo aos que conhecem
a lei —, que a lei tem domínio sobre uma pessoa apenas
enquanto ela está viva? Por exemplo, a mulher casada está
ligada pela lei a seu marido, enquanto ele vive; mas, se o
marido morrer, ela ficará livre da lei conjugal. De modo que
será considerada adúltera se, enquanto o marido estiver vivo,
ela se unir com outro homem. Mas, se o marido morrer, ela
estará livre da lei e não será adúltera se casar com outro
homem". - Romanos 7:1-3

Nesse texto, Paulo introduz mais exceção para o divórcio:


a morte do cônjuge.

Se o cônjuge morrer a pessoa está livre para seguir com


a vida. O que não pode é haver "duas lealdades"
simultaneamente.

A pessoa não pode simplesmente se casar com outra


pessoa se o cônjuge original estiver vivo e com o
casamento vigente.

Se uma mulher se unir a outro homem, tendo o marido


vivo, estará cometendo adultério. O mesmo parece valer
para o homem.

Veremos o que Paulo falará em Corinto.


CAPÍTULO #9

O CONTEXTO DE
CORINTO
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 37

"Aos casados, ordeno, não eu, mas o Senhor, que a mulher


não se separe do marido. Mas, se ela se separar, que não se
case de novo ou que se reconcilie com o seu marido. E que o
marido não se divorcie da sua esposa. Aos outros, digo eu,
não o Senhor: se algum irmão estiver casado com uma
mulher não crente, e esta concorda em morar com ele, não se
divorcie dela. E se uma mulher estiver casada com um
homem não crente, e este concorda em viver com ela, que
ela não se divorcie do marido. Porque o marido não crente é
santificado no convívio da esposa, e a esposa não crente é
santificada no convívio do marido crente. Se não fosse assim,
os filhos de vocês seriam impuros; porém, agora, são santos.
Mas, se o não crente quiser separar-se, que se separe. Em
tais casos, não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem a
irmã; Deus chamou vocês para viverem em paz". - 1 Coríntios
7:10-15

9.1 A SEPARAÇÃO DA MULHER


No texto de 1 Coríntios 7:10-15, antes de Paulo adicionar
mais uma exceção para o divórcio, ele reforça que a
mulher não se separe do marido.

Se houver separação (Paulo parece saber que


separações serão inevitáveis), que haja luta pela
reconciliação.

Por que ela desejaria se separar? Na sociedade coríntia,


as mulheres podiam se divorciar de seus maridos,
diferente da sociedade judaica. O motivo da separação
(versículos dez e onze) não parece estar relacionado
necessariamente a adultério, mas também a outros
motivos.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 38

Um deles estaria ligado ao partido dos ascetas, que


viviam como celibatários. Algumas mulheres casadas
poderiam sentir mais desejo em viver assim, do que em
continuar casadas. Por isso, se separavam dos maridos.
Paulo parece ordenar a reconciliação, caso a mulher não
conseguisse se manter celibatária.

9.2 CASAMENTOS MISTOS


Quanto aos casamentos "mistos" (crentes com não
crentes), se o incrédulo concordar em morar com o
crente, que o crente não busque o divórcio (versículos
doze e treze). O esforço do cônjuge crente, como um
sincero seguidor de Cristo, é tentar conservar o
casamento, tolerando ao máximo as dificuldades que
aparecem, pois, o cônjuge não crente pode ser levado
aos pés de Cristo. Deve haver um esforço honesto na
evangelização do cônjuge incrédulo.

O versículo catorze parece legitimar os casamentos


"mistos", embora não seja recomendado que o crente
procure cônjuge não crente. Diferentemente dos judeus,
que consideravam o casamento com pagãos inválidos,
na igreja primitiva os casamentos "mistos" tinham
validade. Portanto, tais casamentos, que são
devidamente reconhecidos perante a lei civil também
devem ser legítimos perante os olhos da igreja.

Agora, abordarei mais uma exceção paulina para o


divórcio.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 39

9.3 A TERCEIRA EXCEÇÃO


Alguns defendem que a exceção que Paulo adiciona no
versículo quinze permite a um crente casar-se de novo,
se o cônjuge incrédulo o tiver abandonado ou quiser
dissolver o matrimônio.

Se o incrédulo desejar o divórcio, o cônjuge crente ficaria


desobrigado desse matrimônio e, após o processo legal,
estaria livre para casar novamente, mas dessa vez, "no
Senhor", ou seja, com outro cônjuge crente (versículo 39).

Outros argumentam que o versículo não menciona


nenhuma "permissão" para um novo casamento, apenas,
que desobriga o cristão a lutar pela união. Ou seja, o
crente não é obrigado a viver com incrédulo, caso o
incrédulo deseje se apartar.

O que aconteceria se o cônjuge crente quisesse se


divorciar do cônjuge incrédulo? Nesse caso, a exceção
paulina não se aplica. Não deve ser o crente a dar início
a um processo de divórcio.

E, se os dois cônjuges forem crentes?

Nesse caso, a ordenança é que não se separem.

Paulo parece proibir novo casamento, tanto para o


homem como para a mulher, quando se trata de um casal
crente.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 40

9.4 O ABANDONO
Outras perguntas surgem. Se o cônjuge crente é
abandonado por outro cônjuge crente, sem um forte
motivo, como, por exemplo, o adultério? E, se o cônjuge
crente deseja se divorciar de outro crente? O crente
"rejeitado" fica livre para se casar novamente?

Há uma corrente de pensamento que diz que sim. O


argumento é que um crente que deseja o divórcio sem
motivo (ou por motivo fútil) possivelmente não se trata de
um crente genuíno.

O reformador Martinho Lutero defendia que até mesmo


o casamento de "crentes aparentes" poderia ser
dissolvido, quando ficasse evidente que um dos
cônjuges não era um crente sincero, considerando os
seus frutos.

Isso fica claro quando um suposto crente se separa de


outro crente e logo cai no mundo de pecado, se
desligando da igreja e buscando novo(s) parceiro(s),
revelando suas reais intenções. Melanchton, teólogo e
colega de Lutero, também admitia o divórcio em caso de
deserção. Obviamente, se a situação não for tão clara,
pode-se cometer erros de julgamento e alguns crentes
abusarem dessa "exceção".

Em uma posição oposta, John Piper nem considera essa


ideia porque para ele o crente abandonado não deveria
sequer cogitar um novo casamento.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 41

De qualquer forma, se um crente banalizar essas


questões, aí será entre ele e Deus.

9.5 QUE VIVAM EM PAZ


No final do versículo quinze, Paulo diz que Deus nos
chamou para a paz. Possivelmente, isso significa que
temos um chamado para termos paz com Deus e com
nossos semelhantes. Em Corinto, como em outras
regiões, a nova fé em Cristo estava causando muita
confusão, especialmente quando apenas um dos
cônjuges se convertia. Era normal haver perseguição e
abusos dentro de casa por causa da fé, o que perturbava
a paz com Deus e com os semelhantes.

A cláusula de exceção pode ter aparecido por causa


desse cenário de "guerra", desobrigando o cônjuge
crente a viver em um ambiente tão opressor,
especialmente se todas as tentativas de ganhar o
incrédulo para Cristo falharam.

Fica claro, porém, que a exceção não é o ideal paulino.


Para Paulo, o melhor caminho é lutar com todas as
forças pelo casamento, transformando o lar num campo
missionário. Nesse campo, como em qualquer outro,
existe luta e perseguição. A persistência sob opressão,
ao mesmo tempo em que o crente tem uma vida piedosa
em meio às lutas, pode amolecer até o mais duro
coração. Por isso, para Paulo vale a pena dar
oportunidade para o casamento funcionar.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 42

Agora, esgotadas todas as possibilidades, um "mal


menor", como o divórcio, poderia ser a "saída" paulina
para um "mal maior". Para alguns, isso poderia incluir
também os abusos extremados, violência física, risco de
morte entre outros.

Entretanto, todas essas tentativas de trazer as aplicações


da época para os problemas de hoje são conjecturas
pessoais extra-bíblicas e motivos para debates
intermináveis.

Existem correntes de pensamento para todos os lados.


CAPÍTULO #10

QUESTÕES ATUAIS
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 44

A sociedade judaica não era uma tão complexa quanto a


sociedade atual. Conforme a humanidade foi crescendo
e as sociedades evoluindo, novos problemas foram
surgindo. Na época de Cristo, era muito mais fácil
"enfrentar" um casamento que não estava indo bem
porque existia um relacionamento muito estreito entre as
famílias dos cônjuges, o que provavelmente contribuía
para diminuir os casos de separação. Era muito mais fácil
encontrar amparo emocional para continuar no
matrimônio. Por esta razão, não encontramos nas
Escrituras aplicações claras sobre alguns dos
problemas que enfrentamos hoje. São contextos muito
diferentes.

Dito isso, quero levantar mais algumas questões. O que


fazer quando há violência no casamento, quando o
marido espanca a mulher ou vice-versa? E, se houver
situações extremas como estupro da mulher e/ou filhos?
E, quando um dos cônjuges cai num vício que
impossibilita a convivência pacífica na família? E, se, após
o casamento, o marido ou a esposa começar a
apresentar algum problema psicológico sério (psicopatia,
dupla personalidade entre outros)? E, se houver risco real
de morte? E, se um dos cônjuges alegar que "não há
mais amor"? Nestes casos, o casamento pode ser
dissolvido?

O fato é que a Bíblia não aborda esses casos


especificamente. A escola de Shamai era mais rígida, já a
escola de Hilel, mais liberal.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 45

Com os fariseus, Cristo abordou o casamento do ponto


de vista do ideal divino.

Todavia, ao tratar com a mulher samaritana (com seus


prováveis cinco divórcios), a questão veio à tona de uma
maneira muito diferente, com Cristo "tocando na ferida"
apenas o necessário para ela se arrepender, ser curada e
recomeçar a vida.

Dentro do contexto da igreja primitiva, Paulo vai ampliar


um pouco mais o debate, trazendo algumas supostas
exceções para o rompimento.

Contudo, nenhum dos textos bíblicos aborda os


problemas atuais com clareza. Por isso, há tantas
discussões e correntes diferentes de pensamento. De
fato, teólogos e sociólogos enfrentam um grandioso
desafio para aplicar os princípios aos complexos
problemas atuais.

O que fazer diante disso? Alguns admitem que o


casamento pode ser dissolvido se problemas extremados
aparecerem: violência grave, risco de morte, problemas
psicológicos sérios entre outros. Nesses casos, o
divórcio seria um "mal" menor em troca de um "mal"
maior.

Como já tratado anteriormente, para alguns, a exceção


paulina poderia ser aplicada aqui porque mesmo que o
cônjuge frequente a igreja, se ele leva uma vida
completamente contrária aos ensinamentos bíblicos,
estaria "provando" ser um incrédulo.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 46

Mesmo assim, a ordenança de Paulo é que o cônjuge


crente lute pelo casamento até esgotar todas as
possibilidades. Isso deve envolver no processo muita
oração e aconselhamento pastoral. Posteriormente,
havendo abandono irreversível ou desejo firme do
incrédulo de se separar, o cônjuge crente estaria livre da
servidão e poderia recomeçar a vida.

O maior problema com essa interpretação é cometer o


mesmo erro da escola de Hilel, que se tornou liberal,
banalizado o casamento. Fora os cenários extremados,
não se costuma abrir exceções porque as pessoas são
"duras de coração" e passarão a buscar o divórcio por
problemas banais. Assim é a natureza humana.

Outra corrente de pensamento, mais estrita, não permite


o divórcio, a não ser em caso de adultério, conforme os
textos de Mateus.

Nesse caso, o que aconteceria em caso de risco de


morte? Alguns aconselham simplesmente o afastamento
para um local seguro.

Por exemplo, uma mulher que é agredida pelo marido


bêbado, poderia pedir ajuda aos familiares, líderes
religiosos e autoridades civis. Para sua própria
segurança, ela poderia morar em outro lugar por um
determinado período ou, em casos extremos, pediria
divórcio e seguiria com sua vida sem se casar
novamente, vivendo "para o Senhor".
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 47

Naturalmente, toda essa situação provavelmente


"forçaria" o marido a decidir, ou pela mudança de vida, ou
por seguir com sua vida de pecado.

Para alguns, havendo a possibilidade de mudança, nesse


caso, o conselho é que haja restauração e que vivam
em paz.

Caso não haja arrependimento, possivelmente, o homem


escolherá a vida de pecado. Na experiência humana, a
vida de pecado do homem provavelmente incluirá a
relação com uma nova mulher, o que "permitiria" à
esposa original estar livre para recomeçar a vida.

Nesse processo, o ideal é que a mulher nem pense em


um novo marido ou algo parecido, mas sim, que se volte
para o Senhor e se dedique a Ele.

Há pessoas que só ficam esperando o cônjuge original


adulterar, para se divorciar e, no minuto seguinte,
encontrar um novo caso. Não custa repetir: não banalize
o casamento!

Em caso de violência e, especialmente, risco de morte,


muitos aconselham que o cônjuge recorra também às
autoridades civis. Onde há violência doméstica a aliança
da família foi quebrada (Provérbios 31:8,9).

Se uma pessoa cometer um crime, ela pode ser


denunciada e, de acordo com a lei, ser julgada e
condenada.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 48

Em Romanos 13:4, Paulo fala que as autoridades são


"ministros de Deus" para o bem social.

A "espada" não é mera decoração, mas um castigo


contra a maldade. Aqueles que estão em posição de
autoridade civil devem julgar e punir o mal, com verdade
e justiça. Portanto, em situações extremas, deve-se
recorrer às autoridades civis.

10.1 CONSEQUÊNCIAS DO DIVÓRCIO


Apesar dos mais variados problemas que um casamento
pode ter, é necessário ficar claro que o divórcio nunca
fez parte do plano original de Deus. A união
permanente sempre foi o ideal divino. Por isso, quando
esse "desenho" de Deus é quebrado vem dor e
sofrimento.

O pecado traz consequências ruins. Toda vez que o ser


humano "erra o alvo" enfrenta problemas com Deus. O
rompimento de um casamento, apesar das supostas
"permissões" que vimos, é uma quebra de um padrão
divino, como Cristo ensinou.

Por isso, você deve ficar ciente que um divórcio


normalmente é acompanhado por tribulação, estresse,
sofrimento, pressão emocional, feridas na alma, confusão
entre outros problemas.

Se há filhos, eles também são envolvidos em duro


sofrimento.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 49

A família inteira pode ser abalada, pois, é comum que


também sejam envolvidos os sogros, irmãos, avós e até
tios e primos. Não é incomum que pessoas divorciadas
carreguem "marcas" para a vida inteira.

Portanto, reforço a seguinte mensagem: não banalize o


casamento. Não banalize o que Deus tanto preza.

Evite com todas as forças passar por um processo de


divórcio. Se o divórcio é um "mal permitido", para se
evitar um "mal" maior, mesmo assim, ele continua sendo
mal. Apesar das "permissões" bíblicas, a união
permanente sempre foi o desejo de Deus.

10.2 AS QUATRO PRINCIPAIS POSIÇÕES


Depois de tudo o que vimos, quero apresentar as quatro
correntes de pensamento em que os cristãos
normalmente se dividem:

1. O divórcio não deve permitido sob nenhum aspecto


(posição estrita).

2. O divórcio é permitido em caso de adultério,


abandono inevitável e morte do cônjuge.

3. O divórcio é permitido, caso a caso, sem incluir casos


menores, sendo permitido em caso de adultério,
abandono, morte e situações extremas (narcisismo
patológico, psicopatia, doenças mentais, patologias
sociais, violência doméstica entre outros).
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 50

4. O divórcio é permitido, caso a caso, o que pode incluir


motivos "menores" como incompatibilidade, "o amor
esfriou" entre outros (posição mais liberal e incomum).

Se você frequenta alguma igreja cristã, ela


provavelmente se encaixa em uma dessas quatro
correntes.

Procure conhecer mais sobre as posições da sua igreja.


CAPÍTULO #11

CONSIDERAÇÕES
FINAIS
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 52

11.1 A CORRUPÇÃO HUMANA


Vimos que o ideal de Deus para o matrimônio é a união
permanente. Com o casamento, homem e mulher se
tornam "uma só carne" (Gênesis 2:24). Contudo, por
causa da maldade humana, a lei mosaica passou a
permitir o divórcio.

O problema é que os homens "torciam" o texto da lei a


seu favor em detrimento das mulheres.

Eles banalizavam tanto o casamento que mandavam a


esposa embora por motivos fúteis como "queimar a
massa do pão" ou "ter um cheiro estranho".

No contexto de Malaquias, encontramos um cenário de


corrupção generalizada. Os homens trocavam suas
esposas mais "velhas" por mulheres mais "jovens", e isso
também incluía os sacerdotes. O povo escolhido estava
afundado em profunda desobediência. É aqui que o
profeta deixa claro que Deus odeia o divórcio.

11.2 A CORREÇÃO DE CRISTO


Para tentar Jesus, os mal-intencionados fariseus fazem a
pergunta sobre divórcio, para ver de que lado ele se
posicionaria (mais liberal ou mais estrito).

Surpreendentemente, Cristo não toma nenhum partido,


mas "corrige" a visão dos fariseus lançando luz sobre o
plano original de Deus para o casamento.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 53

O Senhor apresentou uma visão muito mais elevada


sobre o assunto, de forma que, se os judeus fossem
realmente obedientes e piedosos, nem cogitariam o
divórcio. Com sabedoria, ele revisitou a ideia original de
Deus para o matrimônio (que ficava muito acima do
pensamento judeu).

A única suposta "exceção" de Cristo para o rompimento é


apresentada em Mateus: relações sexuais ilícitas.

Todavia, fica claro que não era uma "ordenança", mas


uma  excepcionalíssima "permissão". O divórcio nunca
seria um "bem", mas um "mal" originado na dureza do
coração humano. Vale lembrar que, em caso de traição
acompanhado por arrependimento, o perdão é um
instrumento de restauração, sendo o caminho preferível
a ser trilhado.

11.3 A MULHER SAMARITANA


João traz uma situação que não fala diretamente sobre
divórcio, mas revela como Jesus tratou uma mulher com
cinco divórcios no seu passado. O que chama a atenção
nessa passagem é a diferença entre a conversa de Cristo
com os fariseus e a conversa com a mulher samaritana.

Com os judeus, Cristo parece duro e inflexível, não sem


razão: eles faziam perguntas não porque estavam
sinceramente atrás da verdade, mas, porque queriam
"pegar" Jesus em polêmicas ou contradições.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 54

A mulher samaritana, por outro lado, foi sincera e humilde


para se arrepender e receber a cura. O fato de ela ter
tido cinco maridos, cinco divórcios e um sexto "caso
impróprio" não foi motivo para Cristo colocar sobre ela
peso e culpa desnecessários. Aliás, não existe nenhum
versículo dizendo que os divorciados vão para o inferno
ou que o divórcio é um "pecado imperdoável".

Isso é importante porque em alguns círculos cristãos as


pessoas divorciadas são tratadas com desprezo, como se
fossem "impuras" ou como se tivessem cometido algum
pecado sem perdão. Cristo não agiu assim. Portanto,
pessoas sinceras com problemas nessa área devem ser
tratadas com amor, em um ambiente que promove o
arrependimento, a cura e a restauração.

11.4 A VISÃO PAULINA


Lembre-se que até aqui o divórcio está sendo abordado
no contexto judaico. Paulo vai ser o apóstolo a abordar o
tema no contexto da igreja primitiva, especialmente em
Romanos 7:1-3 e 1 Coríntios 7:10-15.

Nessas passagens, Paulo vai adicionar mais algumas


informações sobre casamento e divórcio dentro da
"borbulhante" igreja do primeiro século.

Em Romanos, ele menciona mais uma exceção para o


divórcio: morte do cônjuge. Em Coríntios, ele adiciona
mais exceções e aplicações práticas, fruto do contexto da
igreja de Corinto.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 55

Primeiro, Paulo ordena que a mulher não se separe do


marido. Se houver separação, que haja luta pela
reconciliação.

Segundo, Paulo "permite" o divórcio em casamentos


"mistos", apenas quando o incrédulo deseja o
rompimento. Todavia, isso seria em último caso, após um
esforço sincero do crente em levar o cônjuge incrédulo
aos pés de Cristo. Caso o incrédulo esteja firme em sua
decisão pelo divórcio, o crente estaria livre para se casar
novamente, dessa vez, "no Senhor", ou seja, se casando
com outro crente (2 Co 6:15). Naturalmente, todo o
processo civil deve ser respeitado.

Terceiro, um casal de crentes não teria "permissão" para


o divórcio. Eles devem se esforçar com humildade e
piedade para manter firme o casamento. Vale lembrar a
interpretação de alguns sobre o termo "crente", pois uma
pessoa pode se dizer crente, mas os seus frutos dizerem
o contrário e ela desejar abandonar o cônjuge para viver
segundo os padrões do mundo.

Segundo Lutero, um casamento com um "crente


aparente" poderia ser dissolvido, porque "crentes
aparentes", na verdade, são considerados incrédulos.

Contudo, devemos ter cuidado com essa interpretação


para evitar abusos e banalizações, afinal, cada caso é um
caso. Por isso, os cônjuges devem ser acompanhados
por pastores locais e conselheiros capazes.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 56

11.5 OS PROBLEMAS ATUAIS


O que fazer em casos de violência no casamento? E, se
houver risco de morte? E, se um dos cônjuges cair em um
vício que impossibilita a convivência da família? E, se um
dos cônjuges se tornar uma pessoa completamente
diferente (o que pode incluir problemas psicológicos)
depois de casar? O que a Bíblia fala sobre isso?

Evidentemente, as Escrituras não trazem aplicações


práticas para todas as situações da atualidade. Ela não
aborda casos tão específicos como os citados acima, por
isso, surgiram e continuam surgindo vários correntes de
pensamento.

Alguns defendem que o casamento pode ser dissolvido


se problemas extremados aparecerem. Nesses casos,
seria um "mal" menor em troca de um "mal" maior. Outros
defendem que não haja divórcio, mas uma separação
física temporária (ou dependendo do caso, permanente).

Por exemplo, a mulher se afasta do marido violento por


um tempo para "incentivar" o arrependimento e mudança
de atitude. Posteriormente, ela poderia decidir de forma
definitiva. 

Nesses casos, a Bíblia parece não abordar novo


casamento. Não há clareza sobre isso. Em todo caso,
sabemos que nada disso é o ideal divino. Paulo reforça
que o cônjuge crente lute pelo casamento até esgotar
todas as possibilidades.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 57

Isso vai incluir muita oração, espírito piedoso e


aconselhamento pastoral.

Em casos de violência e risco de morte, é aconselhado


que a vítima recorra imediatamente aos familiares, líderes
religiosos e autoridades civis. No caso, as autoridades
civis são "ministros de Deus" para o bem social (Romanos
13:4).

11.6 AS CONSEQUÊNCIAS
Para finalizar, preciso relembrar as possíveis
consequências do divórcio. Isso porque toda vez que o
homem "erra o alvo" ele enfrenta consequências ruins.

O rompimento de um casamento, apesar das


"permissões", é uma quebra de um padrão divino. As
pessoas devem estar cientes que o processo do divórcio
normalmente é acompanhado por sofrimento e
tribulação.

Portanto, se você é casado, lute pelo seu casamento com


todas as forças possíveis. Não banalize o que Deus tanto
preza.

Apesar das supostas "exceções", o caminho do


rompimento é muito tortuoso e difícil.

O plano original de Deus sempre foi a união permanente


entre homem e mulher. Não há melhor motivo para você
lutar por essa causa.
CAPÍTULO #12

RESUMO
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 59

Para ser didático, finalizo este material com um resumo


do conteúdo em dez curtos pontos:

1) O projeto original divino para o casamento sempre


foi a união permanente, em "uma só carne" (Gênesis
2:24). Portanto, a existência do divórcio decorre da
"dureza de coração" e de nossa incapacidade de
viver os ideais divinos.

2) Nenhum casamento é perfeito. Todavia, a Bíblia


demanda uma luta honesta e incansável pelo
matrimônio. Deus deve ser suficiente para satisfazer
e fortalecer um cristão em tribulação. Ele nos capacita
a vencer as tentações (1 Coríntios 10:13). Por isso, o
conselho de um líder religioso sério raramente será
pelo divórcio. Deve-se esgotar todas as
possibilidades de restauração.

3) Dito isso, a maioria dos teólogos admite a


"permissão" para o divórcio em casos de adultério,
abandono irremediável e morte do cônjuge (entre
eles Lutero, Calvino e Melanchton). Alguns expandem
a "permissão" para outros casos extremos como
violência e risco de morte. Contudo, há divergência
sobre se o rompimento deva ser um afastamento
temporário ou divórcio.
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 60

4) O assunto "recasamento" também divide opiniões.


Uns entendem que o divórcio é a dissolução total do
matrimônio, possibilitando recasamento (e.g. Lutero e
Calvino). Outros defendem que a união feita por Deus
é inquebrável (e.g. John Piper). Ou seja, o divórcio é
possível, mas, não o novo matrimônio. Mesmo para
quem permite recasamento, ele só ocorreria em
casos excepcionalíssimos, inibindo a banalização do
matrimônio.

5) O caso da mulher samaritana lança luz sobre como


Jesus tratou uma pessoa divorciada. Há crentes
imprudentes que tratam um divorciado com desprezo,
como se ele tivesse cometido algum pecado
imperdoável. Jesus simplesmente "toca na ferida" da
mulher o necessário para gerar arrependimento e
restauração. Portanto, a igreja também é um lugar
para amar, receber e restaurar pessoas cujos
casamentos fracassaram.

6) Aos que tiveram outros casamentos no passado, mas


que hoje constituíram novo casamento e vieram para
Cristo, não devem tentar retornar ao primeiro
parceiro. A união atual deve ser legítima e santificada
a Deus. Sobre isso há consenso nas opiniões.

7) Submeta-se a teologia da sua igreja local. É lá que


você caminha na fé e presta contas. Conselho e
direção você deve tomar com seus líderes religiosos.
Honre o conselho deles (Hebreus 13:17).
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 61

8) Divórcio é caminho de dores. O rompimento do


matrimônio, apesar das supostas "permissões", é uma
quebra de um padrão divino. Por isso, o divórcio
normalmente é marcado por sofrimento. Se você
decidir por esse caminho enfrentará consequências
ruins. Não banalize o casamento.

9) Que não falte em sua vida oração persistente,


leitura bíblica diária e conselheiros sábios. Muitos
casamentos não deram certo por causa do baixo nível
espiritual dos cônjuges, o que provoca mais "dureza
de coração". Infelizmente, muitos não enxergam isso
e dão dezenas de outras desculpas.

10) Por último, que cada um forme sua opinião, mas só


depois de uma busca sincera e humilde. Não
condene outros por terem uma interpretação
diferente da sua. Teólogos muito mais capazes
divergiram sobre o tema ao longo da história. Como
disse John Piper: "... todas as pessoas e igrejas
devem ensinar e viver de acordo com o que dita sua
própria consciência informada por um sério estudo da
Bíblia".

Que o Senhor lhe abençoe!


FONTES BIBLIOGRÁFICAS
COMO CHEGAMOS AQUI?
| 63

O Antigo Testamento Interpretado Versículo por


Versículo. Autor: R.N. Champlin.

O Novo Testamento Interpretado Versículo por


Versículo. Autor: R.N. Champlin.

Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos. Autor:


William L. Coleman.

Artigo "Divórcio e Novo Casamento: Uma


Declaração". Autor: John Piper. Traduzido por Josaías
Cardoso (link do artigo).

Vídeo "O Cristão Pode se Divorciar?". Autor: Yago


Martins (link do vídeo).

Site "Respostas Bíblicas". Autor: diversos (link do


website).

Dicionário Internacional de Teologia do Novo


Testamento.
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