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Analise de Riscos Na Detonação de Explosivos - Trabalho

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Analise de riscos na detonação de explosivos

Resumo

A detonação de explosivos nas operações de desmonte de maciços rochosos


provoca impactos ambientais de diversos tipos que interessa analisar os riscos e
controlar de modo a não comprometer a eficácia dessas operações.
Dentre tais impactos figuram as vibrações transmitidas à atmosfera (mais
conhecidas por sobre-pressão, ruído, ou onda aérea), ultra-lançamentos de fragmentos,
poeiras, gases e aquelas que se propagam pelos terrenos próximos, umas e outras
susceptíveis de ocasionar desconforto às pessoas situadas na vizinhança, além de danos
físicos às estruturas adjacentes.
Neste trabalho abordamos a problemática destes fenômenos com base na
normatização existente, nos critérios geotécnicos de qualidade e na quantificação do
impacto ambiental que caracteriza os referidos riscos.

Introdução

Para a identificação e analise de riscos associados à determinada atividade e


empreendimento, deve-se procurar inicialmente, selecionar todas as atividades, produtos
e serviços relacionados à atividade, de modo a identificar o maior numero possível de
riscos gerados, reais e potenciais, benéficos e adversos, decorrentes de cada aspecto
observado, e conseqüentemente seu grau de importância na atividade.

Compreender os conceitos gerais relacionados aos procedimentos específicos de


detonação, compreender os benefícios individuais e coletivos da prevenção de acidentes
com a aplicação de procedimentos de segurança, desenvolver a percepção de riscos para
executar com segurança o planejamento e a execução de atividades envolvendo
detonação e manuseio de explosivos

Definição

Detonação

É uma reação de decomposição com a participação exclusiva do oxigênio


intrínseco da substancia explosiva, ocorrendo com velocidades que variam de 1.500 m/s
a 9.000 m/s. Em função da quantidade de energia envolvida no processo, far-se-á
sempre acompanhada de uma onda de choque. É esta onda de choque que, com sua
frente de elevada pressão dinâmica, confere a detonação um enorme poder de ruptura.
Sendo um processo de combustão supersônica em que a energia liberada na zona
inicial de reação propaga-se através do material na forma de uma onda de choque. Esta
onda de choque comprime as moléculas do material, elevando sua temperatura até o
ponto de ignição. A detonação difere da deflagração, que se propaga a uma velocidade
subsônica e não gera onda de choque ou grandes variações de pressão. Devido às altas

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pressões desenvolvidas, detonações costumam ser muito mais destrutivas que
deflagrações.
Explosivos

É uma substância, ou mistura de substâncias químicas, que tem a propriedade de,


ao ser iniciado convenientemente, sofrer transformações químicas violentas e rápidas,
transformando-se em gases, que resultam em liberação de grandes quantidades de
energia em reduzido espaço de tempo.

Classificação dos explosivos

Quanto à potência

Explosivos iniciadores – primários

São extremamente sensíveis e, por isso, adequados à detonação da massa de


explosivos da perfuração. Produzem um efeito de sopro intenso ou onda de choque
capaz de iniciar a detonação da mesma. Acessórios de detonação.

Altos explosivos – secundários

Detonam a velocidades entre 2500 e 7500m/s, acompanhados de quantidades


enormes de gases e pressões muito altas (100.000 atmosferas). A detonação dá origem à
formação de uma onda de choque que percorre o maciço rochoso, causando fissuras na
rocha. A onda de choque, aliada à pressão dos gases formados pela explosão, quebra a
rocha empurrando-a em direção à face livre.

Baixos explosivos

A reação de detonação consiste numa queima rápida sem a produção de onda de


choque de grande intensidade. Pólvora negra é usada para corte de rocha destinada à
produção de paralelepípedos, placas de revestimento, blocos de mármore, etc.

Composição dos explosivos :

Explosivos simples

São aqueles formados por um único componente químico. Nitroglicerina, nitro


glicol, nitro celulose, trotil e ciclonite.

Explosivos mistos

Formados por substâncias que consumem e produzem oxigênio, mas que não são
explosivos quando isolados. Pertencem a esta categoria os nitratos orgânicos, cloratos e
per cloratos. O mais importante é o nitrato de amônio que, misturado com óleo diesel, é
um explosivo de larga utilização (ANFO).

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Explosivos compostos

São resultantes da mistura de explosivos simples com substâncias capazes de


consumir e também produzir oxigênio. A maior parte dos explosivos comerciais
pertence a esta categoria, porque apresentam a vantagem de variando-se as proporções
ou tipo de componentes, serem obtidas determinadas qualidades desejáveis. Consegue-
se, dessa maneira, melhorar as propriedades do explosivo simples adicionando-se a uma
substância produtora de oxigênio.

Classificação de acordo com a consistência:

Explosivos plásticos e semi-plásticos: Adaptam-se a forma do furo, podendo


assim preencher maior volume.

Explosivos sólidos: São utilizados sob a forma de cartuchos contendo o explosivo


em pó.

Explosivos líquidos: Grande facilidade de carregamento.

Propriedades dos explosivos

Os diferentes tipos de explosivos apresentam características definidas que o


recomendam para algumas aplicações e desaconselham para outras. Por isso, é
necessário avaliar quais as propriedades desejadas para um determinado tipo de
trabalho, procedendo-se uma escolha criteriosa.

1. Força: traduz a quantidade de energia liberada na detonação e significa, portanto, a


capacidade de o explosivo produzir trabalho de desmonte de rocha. Relacionada com o
explosivo padrão – Nitroglicerina (100%).

2. Velocidade: é uma grandeza importante que deve ser levada em conta em vista do
tipo de rocha a explodir. É a velocidade da reação química da massa do explosivo –
onda da detonação (intensa luz, calor e gases a pressão elevada). Explosivos à base de
nitroglicerina – velocidade de 4000 a 7500ms. Explosivos à base de nitrato de amônio –
velocidade de 1500 a 3000m/s.

3. Resistência à água: é outra propriedade importante, pois em muitos casos,


haverá concentração de água nas perfurações. Se o explosivo utilizado tiver baixa
resistência à água, ficará neutralizado e não detonará. Normalmente os produtos
nitroglicerinados, quanto maior a quantidade de nitroglicerina maior a resistência à
água. Já os explosivos amoniacais normalmente tem pouca resistência à água sendo
reforçado a embalagem.

4. Segurança no manuseio: o explosivo, desde a sua produção até detonação


final nas perfurações, é armazenado, transportado, sofrendo uma série de transbordos e

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choques. Por isso é imprescindível que apresente segurança no manuseio, isto é, que não
detone com facilidade.

5. Densidade: um explosivo de alta densidade permite maior concentração, isto é,


possibilita introduzir maior número de kg por metro de perfuração. Quando se deseja
uma alta fragmentação da rocha é conveniente utilizar explosivo de alta densidade.

6. Sensibilidade: sensibilidade de explosivos secundários à detonação provocada


pelo acessório. Sensibilidade à iniciação e à propagação.

7. Volume de gases: ao longo do processo de explosão ocorre o desenvolvimento


de maior ou menor quantidade de gases.
Baixa expansão gasosa - < 800 l/kg.
Alta expansão gasosa - > 800 l/kg.

8. Gases tóxicos: sem grandes problemas nas explosões a céu aberto, alguns
explosivos podem causar intoxicações nas explosões subterrâneas, provocando náuseas ,
dores de cabeça. Os gases são chamados classe 1, 2 e 3, e os explosivos pelas categorias
A, B, C, respectivamente, conforme produzam –

. Categoria A : até 22,6 l/kg de gases classe 1;


. Categoria B: de 22,5 a 46,7 l/kg de gases classe 2; (qtde. elevada)
. Categoria C: de 46,7 a 94,8 l/kg de gases classe 3 (qtde. elevada)

9. Pressão de Detonação (gerada pela onda de frente) :Aproximadamente


calculada por
 PD = 4,499 . 106 . d . m / (1 + 0,8 d ) ,
Onde:
m = velocidade de detonação
d = densidade do explosivo

10. Pressão De Explosão : parâmetro para comparação entre explosivos de


mesma categoria ( categoria quanto à superfície específica e características físicas –
sólido, pasta, emulsão, lama, etc.)
PE = PD / 2

11. Energia Absoluta: quantidade de energia liberada por kg de explosivo.


Por exemplo, a do explosivo ANFO, onde:

NH3NO2 + CH2  N2+CO2+H2O + 912 kcal/kg


(912 kcal/kg é a energia absoluta do ANFO, no padrão AWS).

Pode ser expressa no padrão AWS – absolute weight strength(kcal/kg) ou no padrão


ABS – absolute bottle strength (kcal/litro).
Sendo d a densidade, ABS= d X AWS
No caso do ANFO, de densidade 0,81, a energia AWS = 912 x 0,81 = 739 kcal/litro

12. Energia Relativa: Expressa em percentagem a energia absoluta de um


explosivo, dividida pela energia do padrão (ANFO).

4
Energia relativa RWS = 0,10965 x energia absoluta AWS do explosivo ( % )
Energia relativa RBS = 0,1353 x energia absoluta AWS do explosivo ( % )

13. Razão Linear De Energia: Expressa a energia absoluta por metro linear de
furo : RLE = 0,5067.D2.d.AWS (kcal/m) ,
onde: D = diâmetro da carga explosiva em polegadas
d = densidade do explosivo (derramado, não adensado) em g/cm3 ;

14. Potência Disponível (W) : razão de energia liberada por metro linear de carga
explosiva no furo, à uma determinada velocidade. Sendo m a velocidade estabilizada do
explosivo, e T = 1/m
W = RLE/T = RLE . m = 0,5067 . d . D2 . AWX . m

Tipos de explosivos

1. Pólvora Negra: Baixa velocidade, baixo explosivo, higroscópica.


Tipo A : Nitrato de potássio, enxofre, carvão vegetal. Uso à céu aberto, em corte de
rocha. Não utilizada no desmonte intensivo.
Tipo B: Nitrato de sódio, enxofre, carvão vegetal. Mais lenta que a do tipo A ,
detonação de argilas e folhelhos.
Ambas: cartuchos cilíndricos, Æ 1 ¼ a 2" . Também chamada pólvora tubular. Não
usadas no desmonte de rocha.

2. Semi gelatinosos : Consistência plástica, densidade 1 a 1,3 g/cm3 .

3. Gelatinosos : Consistência plástica , caixas com 25 kg com 96 a 220 cartuchos, Æ


7/8" a 1 ½ " .

4. Anfos (Ammonium Nitrate + Fuel Oil) : Basicamente nitrato de amônio .


Precisam de escorva para detonar, geralmente semigelatinoso ou gelatinoso, explosão
inicial. Sem resistência à água, baixa densidade, baixo custo. Devido à baixa densidade,
usados em carga de coluna.

5. Granulados : Geralmente carbonitratos em forma de grãos, precisam explosão


iniciante(booster). Baixa densidade, sem resistência à água. Facilmente manuseáveis á
granel, e no carregamento pneumático ou por derrame nos furos. Principal uso em carga
de coluna.

6. Lamas explosivas: Pasta fluida, com nitroglicerina e água. Alta densidade e –


pela plasticidade – alta razão linear de carregamento. Uso: carga de fundo ou –
alternando com Anfo – em carga de coluna. Qualquer tipo de rocha. Cartuchos de
polietileno, Æ 2 a 5 ".

7. Pastas: (Aquagel) : Semelhantes à lamas explosivas, mas sem nitroglicerina. Tem


partículas metálicas finas que aumentam a quantidade de energia liberada. 32 a 96
cartuchos Æ 7/8 a 1 ½" por caixa de 25 kg . Fogachos, túneis, aplicação geral.

8. Emulsões: Líquidos, fácil carregamento por bombeamento. Densidade maior que a


da água, conseguem expulsá-la. Excelentes resistência à água e densidade de

5
carregamento. Exigem "booster" reforçador com diâmetro próximo do furo. Muito
estável ao atrito e choque. Iniciação com cordel detonante ou espoleta n.º 8 . alta
velocidade, cartuchos de polietileno em caixas de 25 kg .

9. Bombeados : Pastas explosivas, emulsões ou granulados, bombeados diretamente


de caminhões para os furos. Seguros no transporte, porque só se tornam explosivos após
mistura (nos furos). Exigem reforçador (booster) na explosão iniciante. Inconveniente:
vazam, quando a rocha é fraturada.

Acessórios de detonação

1. Acendedores: Para iniciar a detonação de espoletas ou dos reforçadores


(boosters) Podem ser: estopim de segurança, estopim ultra-rápido, conectores para
estopim, cordão ignitor, reforçadores.

2. Estopim de segurança: Aspecto de cordão. Núcleo de pólvora negra de nitrato


de potássio, revestido com tecido impermeabilizante. Queima com velocidade uniforme,
conhecida(145 m/s, ± 10%) . Para detonar pólvora negra, precisa espoleta, o mesmo
ocorrendo para gelatinas e dinamites. Usado para iniciar cargas a distancias curtas e
cordéis detonantes.

3. Estopim ultra-rápido: Para iniciar dinamites e nitrocarbonitratos. Alta


segurança contra impacto, correntes parasitas, eletricidade estática. Velocidade na
ordem de 2000 m/s. Conector numa ponta, e na outra espoleta instantânea ou retardo.

4. Conectores para estopim: Mesmo princípio do estopim, providenciam a


ligação destes com o cordão ignitor. Núcleo é um misto pirotécnico.

5. Cordão ignitor: Cordão fino e flexível , revestido com polietileno, que queima
com chama firme. Usado para acender linhas de estopins em qualquer quantidade.

6. Reforçadores (boosters): Cargas explosivas de alta potência usadas para


iniciar a explosão de explosivos de baixa sensibilidade, como anfos, pastas detonantes, e
para assegurar a continuidade da onda explosiva ao longo da coluna. Combinam alta
velocidade de detonação (VOD) com alta energia (AWS). Geralmente são iniciados
com cordel detonante, espoleta simples ou elétrica. Aumentam a segurança contra
detonações falhas.

7. Espoletas simples : Cápsulas de alumínio com tetranitrato de penta-eritritrol (ou


nitropenta) e carga iniciadora de azida de chumbo. Ligam o explosivo ao estopim
comum por pressão de alicate especial. Usadas quando se quer ou pode haver seqüência
de explosão, não quando o fogo é simultâneo. Acoplamento perigoso, porque a carga
explosiva está aberta ao ligar.

8. Espoleta elétrica: Permitem detonações simultâneas. Podem ser instantâneas ou


"de tempo" : As espoletas de tempo podem ser "regulares", com espera de 500
milisegundos, ou "rápidas", com intervalos de tempo de 25, 50 ou 100 milisegundos,
produzidas em 19 tempos de seqüência de detonação (são numeradas)

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9. Cordéis detonantes: Forma mais segura para a detonação de fogo a céu aberto.
São explosivos, e dispensam espoletas, funcionando como escorvas. Tem núcleo de alto
explosivo (PETN – tetranitrato de pentaeritritol) e revestimento (fibras de PVC ou
náilon) conforme a finalidade. Velocidade de detonação de 7000 m/s, superior à
dinamite e gelatinas. Fornecido em rolos, aspecto de cabo elétrico. Circuitos como os
elétricos. Ligações por nós padronizados ou fita isolante. Inicialização por espoleta
elétrica ou simples(n.º 8) ou por cordel de diâmetro igual ou maior.

Perfuração

A perfuração dentro do campo dos desmontes é a primeira operação que se


realiza e tem como finalidade abrir uns furos, com a distribuição e geometria adequada
para alojar as cargas de explosivos e acessórios iniciadores.
Quando se trabalha com perfuratrizes percussivo-rotativas, normalmente existem
alguns sistemas envolvidos:

Percussão: mecanismo responsável pelo fornecimento de energia (onda de


choque), que se transmite ao punho ® haste ® bit (coroa) ® rocha, fragmentando-a.

Avanço: mecanismo responsável pelo esforço sobre a coluna de seccionados ou


broca integral; mantendo a coroa sempre em contato com a rocha de modo a se
aproveitar ao máximo a energia percussiva. A força de avanço é transmitida
mecanicamente à perfuratriz por meio de corrente ou parafuso.

Rotação: Rotação e Trituração: a finalidade da rotação é virar o bit de forma que


o mesmo quebre continuamente novos pedaços de rocha no fundo do furo.
Rotação e Corte: nesse método, os cortadores quebram a rocha à
medida que o bit é girado e pressionado contra o fundo do furo.

Limpeza: sistema que tem por finalidade apresentar à coroa uma nova superfície
de rocha limpa através da remoção contínua, do interior do furo, da rocha fragmentada
(cavacos).

Plano de Fogo

Devido a grande heterogeneidade das rochas, o método de cálculo do plano de fogo


deve basear-se em um processo contínuo de ensaios e análises que constituem o ajuste por
tentativa.
As regras simples permitem uma primeira aproximação do desenho geométrico dos
desmontes e o cálculo das cargas. É óbvio que em cada caso, depois das provas e análises dos
resultados iniciais, será necessário ajustar os esquemas e cargas de explosivos, os tempos de
retardos até obter um grau de fragmentação, um controle estrutural e ambiental satisfatórios.

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Impactos associados a desmontes com uso de
explosivos

Os principais impactos decorrentes de desmontes com o uso de explosivos estão


associados à dissipação da fração de energia liberada pelo explosivo na detonação que
não é transformada em trabalho útil. Tal fração de energia dissipa-se, em sua maior
parte, através do maciço circundante sob forma de vibrações, e da atmosfera sob forma
de ruído e sobre-pressão atmosférica.

Os efeitos ambientais estão associados, de modo geral, às diversas fases de


exploração dos bens minerais, como à abertura da cava, (retirada da vegetação,
escavações, movimentação de terra e modificação da paisagem local), ao uso de
explosivos no desmonte de rocha (sobre-pressão atmosférica, vibração do terreno, ultra-
lançamento de fragmentos, fumos, gases, poeira, ruído), afetando os meios como água,
solo e ar, além da população local.

Segundo a NBR ISO 14001 (1996), o aspecto ambiental pode ser definido como
“elemento das atividades, produtos e serviços de uma organização que pode interagir
com o meio ambiente” e impacto ambiental como “qualquer modificação do meio
ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades,
produtos ou serviços de uma organização”.

As principais fontes de sobre-pressão numa detonação de bancada são:


deslocamento da rocha, decorrente diretamente do deslocamento físico da rocha;
vibrações na superfície rochosa, devido à reflexão das ondas sísmicas em faces livres,
onde uma parcela da energia é transmitida como um pulso para o ar; escape de gases,
decorrente do escape de gases pelas fraturas; ejeção do tampão, decorrente de gases
saindo com a ejeção do tampão e do sistema de iniciação, como uso de cordel detonante
e espoletas em superfície, não confinados.

Os efeitos da sobre-pressão, refletem-se nas estruturas civis através da vibração


das paredes, janelas e objetos no interior das residências. Nos indivíduos, a percepção se
expressa muito mais pelo susto no momento da detonação, do que pela interferência
com as atividades diárias.

No Brasil, o limite aceito para a sobre-pressão é de 134 dB, de acordo com


ABNT(2004).

As vibrações de terreno são um subproduto inevitável de qualquer detonação.


Causadas pelo uso dos explosivos, quebra e deslocamento da rocha. Os possíveis efeitos
das vibrações, nas construções civis, se verificam através de trincas e rachaduras nas
paredes e da vibração do terreno. Os moradores sentem a vibração do piso e das paredes
e confundem os efeitos das vibrações do terreno com os da sobre-pressão.

Os limites de vibração do terreno sugeridos pela NBR 9653 (2004) são divididos
em três faixas, de acordo com a freqüência das ondas sísmicas, medidas através da
velocidade de partícula: de 15 a 20 mm/s, para freqüências abaixo de 15 Hz, de 20 a 50

8
mm/s, para freqüências entre 15 e 40 Hz e acima de 50 mm/s, para freqüências acima de
40 Hz. No caso do Estado de São Paulo, a CETESB adota valor máximo de 4,2 mm/s,
para a componente resultante, e 3,0 mm/s, para a componente vertical.
Ondas de choque, ruídos e sobre-pressão atmosférica

Quando um explosivo é detonado no ar, a energia é liberada em torno do


material explosivo forçando o volume a se expandir, causando o “shock up” que forma
a onda de choque. Em geral, esta região de pressão alterada, iniciada normalmente em
forma hemisférica, desloca-se radialmente do centro da explosão (epicentro) com uma
velocidade que supera a do som, na medida que se afasta deste ponto central. Esta frente
de onda com velocidade supersônica é conhecida como onda de choque.

Atrás da onda de choque, o movimento das partículas de ar provoca uma pressão


dinâmica, formada pelos ventos gerados na explosão. No caso de grandes eventos, o
vento pode ser de fundamental importância na resposta das estruturas, porém não é fator
predominante para os casos menos severos, em geral com explosivos químicos. A onda
de choque possui uma forma que vai modificando em função da distância tomada ao
epicentro e onde a certa distância ao epicentro passa a apresentar inclusive sucção
pressão negativa depois do pico de sobre-pressão.

Na análise do efeito sopro de uma explosão é necessário avaliar os seguintes


fatores:

a) Pico de pressão (sobrepressão) - força máxima exercida pela onda de sopro.


É igual a quantidade de pressão exercida multiplicada pela área sobre a qual atua. Para
causar danos, o sopro deve ser grande o suficiente para vencer a resistência estrutural da
construção.

b) Duração do pico de pressão – Aspecto da capacidade da onda de sopro em


causar danos. A força deve agir durante um tempo suficiente para vencer a inércia e
deformar a construção suficientemente para causar o dano. O impulso é uma medida
combinada da pressão e da duração do sopro.

Essas duas grandezas combinadas proporcionam os efeitos destrutivos nas


estruturas. É claro que cada tipo de estrutura necessita de valores diferentes para serem
afetadas. Os vidros requerem uma curta duração da fase positiva e moderado pico de
pressão.

Quando acontece uma explosão e a conseqüente propagação da onda de pressão


ou de choque, muitos danos podem ser causados, seja em estruturas, solos, seres vivos
em geral. São duas as formas básicas que acabam atingindo pessoas resultantes de
explosões, os efeitos diretos e os indiretos. Admite-se que uma variação de pressão
inferior a 0,1 bar é suportada sem perigo. Uma variação de 1 bar causa lesões nos
ouvidos.
Tabela de efeito sobre as pessoas
Variação de Pressão
Dano Bar kPa Psi
Suportável (Não Até 0,0001 0,1 0,0015

9
causa danos)
Queda 0,07 – 0,1 7,0 – 10,0 1,05 – 1,5
Ruptura do 0,35 – 1,0 35,0 – 100,0 5,25 – 15,0
Tímpano

Tabela de efeito sobre as estruturas


Variação de Pressão
Dano Bar kPa Psi
Quebra de Janelas 0,01 – 0,015 1,0 – 1,5 0,15 – 0,22
Danos mínimos em 0,035 – 0,075 3,5 – 7,5 0,52 – 1,12
construções
Danos em Painéis 0,075 – 0,125 7,5 – 12,5 1,12 – 1,87
Metálicos

A poluição sonora provocada pelas detonações de explosivos é considerada


como a sobre-pressão situada na faixa de freqüências entre 20Hz e 20.000Hz e
considerada desagradável segundo algum critério humano. As sobre-pressões com
freqüência inferiores a 20Hz denominam-se infra-sons e aquelas freqüências superiores
a 20.000Hz, ultra-sons.

Suas condições de dispersão dependem das condições atmosféricas existentes


no local no momento da detonação, como direção e intensidade do vento, presenças de
inversões térmicas, nebulosidade, temperatura e pressão.

Seus efeitos se somam e se confundem com os das vibrações provocadas no


terreno e vão de incômodos à população vizinha a danos em edificações.

O limite de pressão acústica admitido pela ABNT é de 134dBL pico no


ambiente externo .

Poeiras e Gases tóxicos

Poeira ou material particulado em suspensão, é gerada em operações de


desmonte de rochas devido durante a perfuração do maciço pela ação das ferramentas
de corte aliados a limpeza dos furos com o uso de ar comprimido, e durante a detonação
com a ejeção do material constituinte do tampão e fragmentos gerados.

Detonações em condições atmosféricas que facilitem a dispersão da poeira


minimizam seus efeitos sobre a população.

Em condições ideais os gases gerados na detonação de explosivos constituir-


se-iam de vapor d’água, gás carbono e nitrogênio, conforme mostrado pela reação de
detonação de mistura de nitrato de amônio e óleo combustível – ANFO (3NH 4NO3 +
CH2 → 7H2O + CO2 + 3N2 ) ( Gregory, 1973) . Formulações inadequadas dessa mistura
provocam a geração de gases sob a forma de NOX e CO, considerados tóxicos.

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Dias(2001) cita ainda a possibilidade de ocorrência de gases sob a forma de
SOX decorrente da utilização de óleo combustível contendo enxofre em sua composição.
A geração de fuligem está associada ao excesso de óleo combustível.

Ultra-Lançamento

O ultra-lançamento de fragmentos é o que apresenta maior perigo direto, fase à


possibilidade de ocasionar acidentes com vítimas, fatais em alguns casos, e danos em
estruturas físicas. Eventos graves são raríssimos atualmente, face as novas técnicas
introduzidas no sistemas de desmonte dos maciços rochosos ( plano de fogo específicos
e ajustados ).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas, em sua norma NBR 9.653 , define


o ultra-lançamento como o “arremesso de fragmentos de rocha decorrente do desmonte
com uso de explosivos, além da área de operação” (ABNT, 2005)

Dele decorrem os maiores riscos pessoais e materiais passiveis de ocorrer em um


desmonte de rochas com explosivos. Sua prevenção dá-se através da elaboração de um
bom plano de fogo, não sendo entretanto, o suficiente para evitá-los.

Vibrações propagadas pelo terreno

Outro importante impacto ocasionado pela utilização de explosivos é a


geração de vibrações no solo, que causam um desconforto ambiental à população. A
propagação de vibrações através do terreno pode provocar trincas em construções, mas
geralmente seu efeito se reduz ao incomodo causado às pessoas pela sensação de
vibração ou tremor das edificações, marcadas algumas vezes pela oscilação e/ou queda
de objetos.

A fração da energia liberada pela detonação de cargas explosivas,


transmitidas ao maciço e não absorvidas pelo trabalho útil, provoca perturbações que se
manifestam pela movimentação de suas partículas constituintes em torno de sua posição
de equilíbrio, que será tão acentuada quanto maior for a intensidade da perturbação ,
dentro dos limites elásticos do meio. Essa movimentação de partículas é transmitidas
àquelas situadas em seu entorno, e assim sucessivamente, causando a propagação da
onda através do maciço. Manifesta-se inicialmente como ondas compressivas, às quais
seguem-se ondas secundárias ou cisalhantes, sua interação em interfaces com o ar
geram ondas de superfície.

A metodologia que deve ser utilizada para a caracterização das vibrações


resultantes das detonações envolve a utilização de uma rigorosa instrumentação de
registro. Deste modo, podem ser aferidas as variáveis determinantes no processo, como
sejam, a carga de explosivo por furo, as distâncias ao pontos de referência, o número de
furos e número de retardos e a carga instantânea a detonar.
Existem vários critérios para o controle de vibrações, sendo os mais usuais:

11
- U. S. Bureau of Mines;
- Escala de Reiher – Meister (Alemanha);
- Crandell (U.S.A);
- Tensões Dinâmicas ( ).

Os valores mais significativos destes critérios de dano estrutural estão indicados abaixo.

Tabela - Critérios para o controle de vibrações.

PARÂMETROS AUTORES CRITÉRIOS


Aceleração das Vibrações Thoenen & Windes < 0.1g – Segurança
(g – aceleração da gravidade) (1942) 0.1g a 1g – Precaução
> 1g - Perigo
Relação de Crandell < 3 – Segurança
Energia: RE = a / f 2 (1949) 3 a 6 – Precaução
> 6 - Perigo
Velocidade de Partícula Langefors (1958) < 5 cm/s – Segurança
Edwards (1960) 5 a 10cm/s – Danos pequenos
Duvall & Fogelson 10 a 16cm/s – Danos
(1962) moderados
16 a 23cm/s–Danos sérios
> 23 – Colapso

Os efeitos nocivos que as vibrações podem ocasionar em estruturas civis, estão


limitados pelo valor de pico da velocidade vibratória. A vibração de pico (ou
resultante), é calculada com base nas três direções da onda vibratória (transversal,
longitudinal e vertical).

VR = [(VTRANS )2+ (VLONG )2+ (VVERT )2 ] 0,5

A velocidade de vibração de pico VL (m/s), de acordo com a expressão:

VL = α ∙ β ∙ γ

Em que α é um fator numérico que diz respeito às características do terreno onde


se propagam as vibrações, β refere-se ao tipo e/ou sensibilidade das construções a
monitorizar e γ à freqüência diária de ocorrência de eventos causadores de vibrações. A
utilização desta expressão dentro da gama possível das constantes α, β e γ permite a
construção do quadro seguinte.

Valores limites de velocidade de vibração de pico [mm/s] (Moura Esteves, 1993).

Tipos de Solos incoerentes Solos coerentes muito Rocha e solos


Construção soltos, areias e duros, duros e de coerentes rigidos
misturas areia-seixo consistência média,
bem graduadas, solos incoerentes
areias uniformes, compactos; areias e
solos coerentes misturas areia-seixo
macios e muito bem graduadas,
macios areias uniformes
Construções que 2,5 5 10

12
exigem cuidados
especiais
Construções normais 5 10 20
Construções 15 30 60
reforçadas
Nota : Estes valores deverão ser corrigidos com um fator de redução 0,7, no caso de se efetuarem mais de três
explosões por dia.
Convém destacar que o limite de percepção humana se situa em torno de 0,3
mm/s.

As principais variáveis que determinam o efeito das vibrações nos terrenos


encontram se representadas na expressão proposta por Johnson (1971):

V = a ∙ Qb ∙ D-c

Onde: V – Velocidade de pico critica de partícula [mm/s];


Q – quantidade de explosivo por retardo [Kg];
D – distancia entre a detonação e o local de estudo [m];
a,b,c – constantes que dependem das características da rocha, tipo de
explosivo e técnica de desmonte

Segundo o critério do USBM (United States Bureau of Mines), utilizado como


primeira aproximação quando não existem registros de vibrações, a distância de
segurança D (m) deve estar relacionada com a carga de explosivo por retardo Q (kg), da
seguinte forma:

D ≥ 22,5 ∙ Q0,5

A expressão anterior deve ser apenas utilizada nas fases que antecedem as
detonações iniciais, uma vez que a metodologia recomendada neste tipo de estudos
impõe um critério de retro-análise de forma a serem determinados os valores das
constantes empíricas para o maciço em causa, isto é, estabelecer as constantes a, b e c
(Johnson, 1971), em função da melhor correlação possível.

Responsabilidade Técnica

A responsabilidade geral e cotidiana dos trabalhos com detonação de explosivos


em qualquer atividade (mineração, obras civis, demolições, barragens , etc) deve ser
confiada a uma pessoa especifica.
O responsável por esta atividade deve dispor de conhecimentos práticos e
teóricos, assim como experiência suficiente para iniciar o trabalho.
Para obter os conhecimentos teóricos necessários, o responsável deve pelo
menos ter concluído uma formação que abranja os seguintes pontos:

a) Perfuração e plano de fogo;


b) Vibrações, ultra-lançamentos, sobre-pressão e gases;
c) Técnicas de detonação.

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Um empreendimento mineiro pode necessitar de mais do que um responsável pelas
detonações com explosivos, para se ocupar da totalidade dos trabalhos, por exemplo
quando as detonações ocorrem em diferentes setores. Se uma tal medida for necessária
ao bom funcionamento do empreendimento, é importante garantir:

a) Que somente uma pessoa esteja a gerenciar a todo o momento na qualidade de


responsável pelos explosivos;

b) Que cada responsável pelos explosivos conheça todos os aspectos dos


procedimentos das detonações e dos locais associados a uma utilização segura dos
explosivos

c) Uma boa comunicação e uma boa coordenação entre os responsáveis pelos


explosivos, por exemplo, para gerir a passagem de ordens ou as questões de
manutenção.

Segurança

Os procedimentos de detonação devem ser fixados por escrito de forma a que no


decorrer das operações de detonação, estas não coloquem em perigo nem os operários
nem a população. Devem ter devidamente em conta o ambiente local, por exemplo,
eventuais riscos de disparo acidental, devido a transmissores de rádio, centrais elétricas
ou de linhas elétricas aéreas. Se tais riscos existem, deve ser escolhida uma técnica
apropriada de disparo.

Estes procedimentos (escritos) devem ser divulgados convenientemente por todo


o empreendimento e a todos que executam o trabalho, mediante a entrega de um
exemplar. O responsável deve tomar medidas de modo a executar o seu cumprimento.

Estes procedimentos devem considerar os seguintes pontos:

a) A nomeação e autorização do encarregado de detonação (Blaster), dos ajudantes


do Blaster, e de outras pessoas que trabalhem direta ou indiretamente com os
explosivos;
b) O controle, dos serviços pelo responsável:
• Uso de EPI;
• Cuidado com a Rede Elétrica;
• Nunca trabalhar com o equipamento em condições precárias de
estabilidade;
• Nunca Golpear peças de metal entre si sem protetores oculares;
• Evitar posicionar equipamentos nas proximidades dos taludes;
• Descarregar o explosivo com cuidado;
• Não permitir o acesso de equipamentos durante os carregamentos;
• Meios de evitar a queda de acessórios dentro do furo;
• Não deixar cair cartuchos dentro do furo;
• Controlar todos os acessos durante as detonações;
• Da adequação e segurança do material fornecido;

14
• Da conformidade das condições existentes no local com as prescrições das
detonações antes da utilização dos explosivos;
c) O período de tempo durante os quais são permitidos as detonações;
d) A delimitação da zona de perigo susceptível de ser criada por cada detonação
(que não comporte um refúgio seguro, de onde a detonação seja por exemplo
efetuada, visto que um tal dispositivo é deliberadamente excluído da zona de
perigo), a evacuação dessa zona e a colocação à disposição de abrigos eficazes em
caso de execução da detonação;
e) Os sistemas de alerta devem incluir se necessário:
• A utilização de bandeiras, barreiras ou de avisos;
• Um sistema de alerta sonoro que possa ser ouvido em toda a zona de
perigo, visando evacuar a mesma e assinalar o fim do alerta;
• A notificação direta e individual dos residentes locais;
• Inspeção do local após a detona dos explosivos para controlar o estado da
frente e a presença de eventuais falhas.
f) As medidas devem garantir a continuação da atividade normal unicamente quando
o encarregado “Blaster” esteja convencido de que as condições são seguras e que o
sinal de fim do alerta tenha tocado;
g) A proteção, no final da jornada, das minas e explosivos carregados, mas não
retirados que, depois de terem falhado, não foram recuperados. As medidas
tomadas devem garantir uma vigilância ou a presença de uma pessoa na
proximidade das minas carregadas para, se necessário, prevenir o roubo ou disparo
não autorizado de explosivos;
h) O tratamento das falhas e a descoberta de explosivos não retirados provenientes
de operações anteriores. Convém assegurar sempre a presença de uma pessoa
competente capaz de se ocupar da segurança das falhas;
i) As inspeções de controle devem permitir e garantir o andamento dos
procedimentos.

Segurança dos explosivos

O Acondicionamento, armazenamento e à segurança dos explosivos no


empreendimento devem reduzir a um mínimo o risco de perda ou roubo.

As chaves do Paiol de explosivos devem ser guardadas permanentemente em


condições seguras, seja por uma pessoa adequada – responsável pelos explosivos,
Blaster ou ajudante de Blaster, seja num lugar seguro.

Para garantir a prevenção e segurança dos explosivos devem ser adotados, para
todas as suas transferências em direção ao local de utilização, procedimentos
apropriados de manuseio e autorização. A autorização surge geralmente do responsável
pelos explosivos. Só as pessoas autorizadas devem manusear os explosivos.

Um encarregado deve ser designado pelo Blaster. As tarefas do encarregado


responsável pelos explosivos consistem entre outras:

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a) Garantir a segurança do armazenamento dos explosivos, incluindo os
detonadores;
b) Guardar as chaves do Paiol;
c) Ter os registros de cada lote de explosivos;
d) Entregar e recepcionar os explosivos;
e) Informar imediatamente a uma pessoa competente da perda ou roubo de
explosivos.

Armazenamento dos Explosivos

Os explosivos devem-se manter sob controlo de uma pessoa competente e


autorizada, tal como o Blaster ou o encarregado.

Os detonadores eletrônicos devem estar situados em caixas dotados de um sólido


sistema de fecho. Os detonadores eletrônicos devem ser conservados de forma a
beneficiar de um isolamento elétrico, nenhuma parte do detonador eletrônico ou da
haste devem estar expostos. As caixas devem ser cobertas por materiais anti- choque e
anti- estáticos, utilizados unicamente nos detonadores eletrônicos. Eles devem estar em
exposição o menor tempo possível.

Os outros explosivos devem ser transportados sob as condições do fabricante ou


em caixas adequadas e devem ser manuseados imediatamente antes do seu uso.

O nitrato de amoníaco deve ser conservado ao abrigo de intempéries num local


corretamente ventilado. Deve ser protegido de contaminação por óleo combustível ou
qualquer outra matéria orgânica. Para reduzir ao mínimo o risco de incêndio, a zona ao
entorno deve ser limpa de todo o tipo de vegetação, manchas de óleo combustível ou
outras matérias orgânicas.

Logo que os explosivos (incluindo detonadores) são entregues diretamente no


local da detonação, o Blaster ou encarregado deve controlar a “Guia ou Nota”,
assegurar-se que as quantidades estão corretas, assinar a “Guia ou Nota” e verificar que
os explosivos não são deixados sem vigilância. Os detonadores devem ser transferidos
para caixas adequadas o mais rapidamente possível. Para garantir a exatidão do
controle, a “Guia ou Nota” deve ser entregue ao responsável do Paiol de explosivos.

Transporte de explosivos

As partes dos veículos utilizados no transporte de explosivos devem ser


mantidos limpos e isentos de areia ou cascalho. Quando do seu transporte em veículos,
os detonadores eletrônicos devem ser conservados em caixas apropriadas e colocadas
num compartimento sólido e fechado à chave. Os explosivos devem ser carregados de
forma segura, de maneira a evitar qualquer risco de queda para fora do veículo.

16
Os veículos que transportam explosivos ou nitrato de alumínio não devem conter
nada que seja susceptível de provocar um incêndio ou uma detonação. Todos os outros
objetos transportados devem ser colocados de forma segura, normalmente em
compartimentos ou caixas separados e adequados. É útil controlar, de modo a que só o
material indispensável a detonação, sejam transportados no veículo.

O veículo transportador de explosivos no empreendimento mineiro deve ser


equipado com um número suficiente de extintores. Deve também ser facilmente
reconhecido ao longe, por exemplo por meio de sinais, luzes ou adesivos distintos.

Operações de detonação

O Blaster ou encarregado controlam se as etapas da detonação estão em


conformidade com os procedimentos previstos e as prescrições de detonação.

As misturas de explosivos efetuadas no local devem ser preparadas antes da sua


utilização e somente nas quantidades necessárias para o momento.

O Blaster deve ter a certeza que cada mina foi efetuada e carregada conforme
as prescrições. A colocação de explosivos nas minas deve ser controlada regularmente
para garantir o correto carregamento.

O Blaster deve estar presente no momento do carregamento. Os detonadores e


qualquer outro explosivo que não seja utilizado, não devem ser deixados sem vigilância.

Os explosivos em excesso (incluindo detonadores) devem ser retirados da área


de risco antes de ser efetuado a detonação. O Blaster deve controlar de modo a que estes
explosivos não sejam deixados sem vigilância. Estes são recolhidos para o Paiol o mais
rápido possível, ou mais tardar no fim do trabalho, e os registros em conseqüência são
modificados.

Se não for possível respeitar as prescrições ou se a área de risco parece diferente


da indicada, as operações de detonação devem ser suspensas até a eventual modificação
das prescrições pelo seu autor ou qualquer outra pessoa competente.

Falhas

Cada falha deverá ser sujeita a um inquérito para determinar a causa e impedir
que esta se repita. As prescrições da detonação, complementadas com os detalhes de
todas as falhas, pode constituir um registro adequado para evitar-se futuras falhas.

Minimização de impactos ambientais

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Recomendações para reduzir os níveis de vibração do terreno

• Reduzir a carga por espera


• Utilizar BoreTrak, Laser Profile e GPS no controle da perfuração para que as
malhas coincidam com as nominais
• Empregar sub-perfurações com as longitudes mínimas necessárias
• Selecionar esquemas e seqüências que evitem a sobreposição de ondas

Recomendações para reduzir os níveis de onda aérea

• Evitar o uso de cordel detonante (utilizar detonadores de linha silenciosa ou


eletrónicos).
• Aumentar o confinamento das cargas de explosivo com grandes longitudes de
tampão ou utilizar material inerte adequado (plugue).
• Não disparar os desmontes quando a direção do vento seja crítica.

Recomendações para reduzir o ultra-lançamento

• Perfeita execução dos esquemas de perfuração sobre tudo em terrenos com perfil
irregular (Laser Profile).
• Controle dos desvios e profundidades dos furos (BoreTrak).
• Verificação da existência de vazios no maciço rochoso (inspeção dos furos
através de uma câmara de vídeo).
• Execução cuidadosa do tampão, medindo sua longitude e utilizando material
adequado (plugue).

Recomendações para uma boa relação com a comunidade

• Não realizar detonações a partir das 16:00 h.


• Realizar programas assistenciais e de colaboração com a comunidade.
• Informar a comunidade (através de reunião com a associação de bairro) as
ações realizadas pela empresa para reduzir os problemas ambientais gerados
durante os desmontes de rochas.

Conclusões

A analise de risco na detonação de explosivos constitui-se numa atividade


técnico-científica essencial para a instalação do empreendimento mineiro, e para
monitoramento dos seus efeitos ambientais, fornecendo instrumentos para uma correta
gestão ambiental por parte da empresa, da administração pública e da comunidade
envolvida

18
A utilização de explosivos industriais requer uma cuidadosa preparação das
operações, onde a caracterização dinâmica dos maciços rochosos ocupa lugar
preponderante. A adequada seleção dos explosivos implica na igualdade (ou
proximidade) das inerentes características intrínsecas do explosivo e da rocha,
seguindo-se o normatização da lei de propagação de vibrações, através da detonação de
cargas teste, e o monitoramento sistemático de vibrações e ruídos, tendo em vista o
respeito pela legislação e a minimização de impactos ambientais.

É peculiar de esta operação constatar que esta minimização de impactos é uma


tendência acompanhada pela combinação de fatores que minimizam os custos unitários,
tornando muito importante a engenharia de otimização associada ao emprego de
explosivos para a exploração de maciços rochosos.

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