Ações de Controle Da Malária
Ações de Controle Da Malária
Ações de Controle Da Malária
Ações de Controle da
Malária
Manual para Profissionais de Saúde na Atenção Básica
Versão Preliminar
Brasília – DF
2005
2005 Ministério da Saúde.
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e não seja para
venda ou qualquer fim comercial.
Série A. Normas e Manuais Técnicos
Tiragem: Versão preliminar – 2005 – 50 exemplares
1. Malária – Prevenção e controle. 2. Malária – Epidemiologia. 3. Vigilância epidemiológica. I. Título. II. Série.
NLM WC 765
Catalogação na fonte – Editora MS/OS 2005/0001
APRESENTAÇÃO .....� 7
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................9
4 TRATAMENTO ..................................................................................................................................33
4.1 Considerações Gerais ..................................................................................................................... 33
4.2 Esquemas de Tratamento para Malária Recomendados pelo Ministério da Saúde .......................... 33
4.3 Noções sobre Malária Grave e Complicada.................................................................................... 39
4.4 Resistência dos Plasmódios aos Antimaláricos ............................................................................... 41
5
TABELA 7 – Tratamento alternativo das infecções por Plasmodium falciparum com quinina em 7
dias ............................................................................................................................37
TABELA 8 – Esquema alternativo para tratamento das infecções por Plasmodium falciparum em
crianças, com cápsulas retais de artesunato em 4 dias, dose única de mefloquina
no 3.º dia e primaquina no 5.º dia.......................................................................... 38
TABELA 9 – Esquema alternativo para tratamento das infecções mistas por Plasmodium vivax +
Plasmodium falciparum com quinina em 3 dias, doxiciclina em 5 dias e primaquina
em 7 dias .............................................................................................................. 38
TABELA 10 – Esquema de prevenção de recaída da malária por Plasmodium vivax, com cloroquina
em dose única semanal, durante 3 meses ................................................................ 39
6
APRESENTAÇÃO
7
INTRODUÇÃO
9
a telagem das casas, a distribuição de quinina aos indivíduos sãos, o tratamento dos doentes e a realização
de inquérito epidemiológico relativo ao caso.
Em 1930, o Anopheles gambiae, procedente do continente africano, infestou a cidade de Natal, no
Rio Grande do Norte, provocando surtos de malária. Posteriormente se dispersou pelo litoral, chegando
aos vales dos rios Assú e Mossoró (1938), onde provocou violenta epidemia. O Departamento Nacional de
Saúde (DNS) assumiu a responsabilidade das ações contra esse mosquito que vinham sendo desenvolvidas
pelos estados. Em 1939, foi criado o Serviço de Malária do Nordeste (SMN), apoiado pela Fundação
Rockefeller; ambas instituições desenvolveram um programa que erradicou o Anopheles gambiae do
território brasileiro.
Estimulado pelo êxito da luta contra o citado transmissor, foi criado o Serviço Nacional de Malária
(SNM), em 1941, ocasião em que a malária afetava milhões de brasileiros, segundo estimativa da época.
O SNM, que iniciou a utilização do DDT no combate aos anofelinos em áreas urbanas, foi mantido
até a criação do Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu), que foi uma instituição que
absorveu também os outros serviços nacionais de febre amarela (SNFA) e de peste (SNP).
O DNERu manteve o programa de malária que recebeu apoio do Instituto Nacional de Endemias
Rurais (INERu), encarregado de desenvolver estudos e pesquisas sobre as endemias no âmbito do
DNERu.
Em 1958, foi criada a Campanha de Erradicação da Malária (CEM), em que se iniciou a grande frente
de combate à doença. Essa estratégia logrou grande êxito, pois se conseguiu interromper a transmissão da
malária em toda Região Sul e Sudeste, em quase toda Região Nordeste e parte da Região Centro-Oeste.
Nessas regiões, as características das moradias, a estabilidade das populações e um maior grau
de desenvolvimento socioeconômico, facilitaram a efetividade do inseticida aplicado no interior das
residências, com a finalidade de eliminar o mosquito infectado.
Na Região Endêmica, em função da dificuldade de reduzir os fatores de risco de ordem social e
econômica, determinantes da incidência da doença, o que tornaria praticamente impossível a erradicação
da endemia na região, surge então, a necessidade de mudança dos objetivos do programa de luta contra a
malária na Amazônia, com conseqüente alteração das estratégias a serem adotadas.
Do ponto de vista conceitual, há consenso a respeito de que os problemas representados pela
malária já não comportam mais soluções que estabelecem, para todas as situações endêmicas, um único
conjunto de objetivos, estratégias e ações de combate. A experiência do esforço de erradicação demonstrou
que diferentes situações demandam o estabelecimento e a aplicação de distintos objetivos e medidas de
controle e que elas devem estar ajustadas às características epidemiológicas e entomológicas da endemia,
em cada local onde a malária se transmite.
Em outubro de 1992, em Amsterdã, na Holanda, a Conferência Ministerial patrocinada pela OMS
recomendou a adoção de uma nova estratégia global de luta contra a doença, com base na realidade
epidemiológica e social local, com incorporação de outras medidas de controle adequadas a cada situação,
ação multissetorial para redução da influência de fatores de risco de natureza socioeconômica, cultural,
política e ecológica e participação ativa da população.
O principal objetivo da luta contra a malária passa a ser o homem e não mais o mosquito, na
medida em que se busca primeiramente prevenir os casos graves e as mortes causadas pela doença. O
Controle Integrado da Malária (CIM), como uma ação conjunta do governo e da sociedade dirigida para
a eliminação ou redução dos riscos de morrer ou adoecer de malária, é a nova orientação da luta contra a
doença adotada pelo Brasil em consonância com as recomendações da Conferência de Amsterdã.
O princípio estratégico fundamental das ações de controle da malária no Brasil consiste na adoção
do diagnóstico precoce e tratamento imediato dos casos da doença, como prática geral do controle e
na escolha seletiva de objetivos, estratégia e métodos específicos de combate, ajustados às características
particulares de transmissão, existentes em cada localidade. Em virtude disso, e da diversidade das situações
maláricas existentes no território nacional, torna-se impossível definir objetivos e estratégias válidas para
todas as situações.
Além do diagnóstico precoce e o tratamento imediato dos casos, a estratégia do CIM prevê a
aplicação seletiva de medidas antivetoriais, orientadas para cada área específica que sejam de baixo custo,
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viáveis para que se possa obter uma eficaz, significativa e permanente redução da densidade de anofelinos
de uma determinada área.
As medidas antivetoriais disponíveis compreendem o manejo ambiental, o tratamento químico
do domicílio (borrifações intradomiciliares com inseticidas de efeito residual), o tratamento químico
de espaços abertos que compreendem as borrifações espaciais com aplicação de inseticida a Ultra Baixo
Volume (UBV) e nebulizações térmicas (fumacê), além do tratamento dos criadouros.
É importante ressaltar que todas essas medidas tem grande aplicabilidade no controle de vetores
quando indicadas com absoluta precisão. A avaliação entomo-epidemiológica é de grande importância na
seleção e indicação das medidas a serem utilizadas.
Portanto, o controle da malária, especialmente na Amazônia, é um desafio. Desafio este que deve
ser enfrentado e vencido, pois não há como concretizar um efetivo desenvolvimento socioecônomico
dessa região, que traga melhoria da qualidade de vida à população, sem reduzir este mal que assola as
comunidades amazônidas e que, ao longo dos anos, tem sido um poderoso obstáculo ao desenvolvimento
da região.
A partir de julho de 2000, foi implantado o Plano de Intensificação das Ações de Controle da
Malária (PIACM), que foi aplicado prioritariamente em 254 municípios da Amazônia Legal, visando, por
intermédio de um compromisso político das três esferas de governo, a apoiar a estruturação dos sistemas
locais de saúde, capacitando-os para a coordenação e execução das ações de controle da malária e, desta
forma, fortalecer o processo de descentralização e garantir a sua sustentabilidade.
Com a inserção dessas atividades na programação das equipes do Programa Saúde da Família e
Programa de Agente Comunitário de Saúde (PSF/PACS), espera-se, também, otimizar as ações básicas de
saúde dos municípios da Região Endêmica, onde esta doença é a primeira causa de morbidade.
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1 ATENÇÃO À
SAÚDE
Atenção Básica é um conjunto de ações, de caráter individual ou coletivo, situadas no primeiro nível
de atenção do sistema de saúde.
Compreender saúde, enquanto processo centrado na promoção de qualidade de vida, implica na
construção de uma nova lógica de assistência à saúde e organização do modelo assistencial.
Para atender essa concepção, o Ministério da Saúde (MS) elege a Estratégia de Saúde da Família,
reorganizando a Atenção Básica, na lógica da vigilância à saúde.
Historicamente, as ações de controle da malária foram executadas pelo governo em nível federal,
inicialmente com o DNERu, CEM, Sucam e pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), atividades
que eram planejadas de forma centralizada e executadas verticalmente por equipes especializadas dessas
instituições.
Respeitando as diretrizes de descentralização do SUS, a necessidade de organização dos serviços
de saúde, de forma hierarquizada, e a integralidade da atenção transfere a responsabilidade do controle
das endemias para os estados e municípios a partir do ano 2000 e, mais recentemente, essas ações foram
incorporadas às atividades da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde.
Ações executadas em forma de campanha ou de planos emergenciais nem sempre apresentam, ao
final, os resultados esperados pelo controle da malária ao longo dos anos.
Compreende-se que só mediante ações contínuas, inseridas nos serviços de saúde, nas diferentes
complexidades da atenção, poderiam reverter o grave quadro da malária na Amazônia Legal.
Considerando o conceito de integralidade da assistência, o controle da malária, enquanto ação
básica de saúde, passa a ser responsabilidade de toda a equipe de saúde.
1.3 Atribuições das Unidades Básicas de Saúde e dos Profissionais de Saúde no Controle da
Malária
As UBS devem garantir o atendimento integral e humanizado aos suspeitos de malária com meios
para:
a) diagnosticar e tratar precocemente;
b) realizar tratamento supervisionado quando necessário;
c) desenvolver ações educativas e de mobilização social relativas ao controle da malária em sua área
de abrangência;
d) viabilizar capacitações dos membros da equipe quanto ao manejo do paciente e ações relativas à
vigilância epidemiológica da malária;
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e) garantir o encaminhamento dos casos graves para Unidade de Referência, quando necessário;
f ) estabelecer o fluxo das informações epidemiológicas referentes à malária, promovendo análises
de incidência da doença na sua área de atuação para o planejamento das ações;
g) encaminhar lâminas para o controle de qualidade (todas as positivas e 10% das negativas);
h) articular e viabilizar as medidas de controle vetorial e outras ações de proteção coletiva.
MÉDICOS E ENFERMEIROS
AUXILIARES DE ENFERMAGEM
AGENTES DE ENDEMIAS
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AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE (ACS) – Portaria n.º 44, de 3 de janeiro de 2002
I- Em Zona Urbana:
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FLUXO DE ATENDIMENTO AO SUSPEITO DE MALÁRIA
Suspeitos de malária
Positivo Negativo
Positivo Negativo
Adotar conduta
recomendada pelo
supervisor
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1.4 Participação Comunitária e Mobilização Social
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2 EPIDEMIOLOGIA
DA MALÁRIA
2.1 Histórico
2.4 Reservatório
O ser humano, com micro e macro gametócitos se constitui na principal fonte de infecção de
importância epidemiológica.
2.5 Vetores
Os mosquitos transmissores da malária são insetos da ordem dos dípteros da família Culicidae e do
gênero Anopheles. Este gênero compreende cerca de 400 espécies das quais apenas um número reduzido tem
importância epidemiológica. No Brasil, cinco espécies são consideradas como vetores principais. São elas:
Anopheles (Nyssorynchus) darlingi, Anopheles (Nyssorynchus) aquasalis, Anopheles (Nyssorynchus) albitarsis,
Anopheles (Kerteszia) cruzi e Anopheles (Kerteszia) bellator, além de outros de menor importância.
O principal vetor da malária no Brasil é o Anopheles (N) darlingi. Seus criadouros freqüentemente
são de águas limpas de baixa correnteza e sombreadas. O Anopheles (N) aquasalis, predomina no litoral e
tem preferência por criadouros de águas salobras (figura 1).
No Brasil, são conhecidos também por carapanã, muriçoca, mosquito-prego, suvela e pernilongo. A
denominação de mosquito-prego diz respeito à forma como ele pousa na parede (figura 2).
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As fêmeas do anofelino põem seus ovos nesses criadouros e desses ovos saem as larvas que se
transformam em pupas, que, por sua vez, se transformam em adultos já dotados de asas. Portanto, o
anofelino tem uma fase de vida aquática (ovos, larvas e pupas) e uma fase aérea, o alado (figura 1).
Alguns fatores são necessários para que a espécie seja considerada como transmissora da malária
humana, por exemplo: ser suscetível à infecção pelo plasmódio humano; ser antropofílico, ou seja, ter
preferência por sangue humano; ter longevidade e alta densidade, dentre outros.
A maioria dos anofelinos tem hábitos crepusculares ou noturnos. Durante o dia, procuram lugares
onde ficam ao abrigo da luz excessiva, do vento e dos inimigos naturais (figura 3).
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2.6 Modo de Transmissão
Existe uma variação quanto ao período de incubação das diferentes espécies de plasmódios humanos
(figura 5).
Nos casos de infecção por transfusão sangüínea, o período de incubação geralmente é breve, variando
de acordo com o número de parasitos encontrados no sangue transfusionado.
O ser humano é considerado como fonte de infecção para o mosquito enquanto houver gametócitos
infectantes circulando no sangue em número suficiente, para que o mosquito, ao sugá-lo, possa ingerir
gametócitos de ambos os sexos.
As pessoas não-tratadas ou tratadas de forma inadequada podem ser fonte de infecção para o
mosquito por um período que varia de um a três anos, conforme a espécie. O mosquito, por sua vez,
permanece infectante enquanto ele viver. A transmissão por transfusão sangüínea pode ocorrer enquanto
permanecer no sangue circulante, formas assexuadas do parasito. O sangue armazenado pode continuar
infectante por cerca de 16 dias.
24
2.9 Suscetibilidade e Resistência
De um modo geral, todas as pessoas, independente de sexo, cor, raça, faixa etária, são suscetíveis à
infecção malárica. Os adultos em áreas de alta endemicidade, em que a exposição aos anofelinos infectantes
é contínua por muitos anos, desenvolvem uma certa tolerância ou resistência à infecção.
No Brasil, a distribuição geográfica da malária é extensa. A área endêmica original, delimitada nos
anos 50 por meio de estudos entomológicos e detecção de casos, abrangia cerca de 6,9 milhões de km2
do território brasileiro. Na Amazônia onde, ao final de 2004, viviam cerca de 22 milhões de habitantes,
verifica-se uma concentração crescente de casos de malária nos últimos anos, passando de 94,9% (1980)
para 99,7% dos casos em 2004, sendo que dos estados amazônicos, neste último ano, o Amazonas é o que
concentra o maior número absoluto de casos de malária.
Embora o País apresente uma extensa superfície de seu território onde há risco de transmissão de
malária, este não é o mesmo em todas as áreas geográficas, originando níveis endêmicos diferentes na
dependência da variedade e intensidade de associação dos fatores de risco.
A Amazônia possui características geográficas e ecológicas altamente favoráveis à interação do
parasito (plasmódio) e do mosquito vetor (anofelino), com os fatores socioeconômicos, políticos e
culturais, determinando um nível de endemicidade, classificados como áreas de baixo, médio e alto risco
malarígeno.
Já na área não-endêmica, as condições não são muito favoráveis à interação dos fatores que
determinam a malária. A baixa receptividade e vulnerabilidade, que são condições criadas pela presença
do anofelino vetor, pela presença de indivíduos portadores de parasitos e a existência de outros fatores que
favorecem a transmissão da doença, são desfavoráveis ao reestabelecimento da transmissão, o que impõe a
manutenção permanente de um sistema de vigilância para a malária, objetivando detectar precocemente
a introdução de casos novos da doença.
Considerando a capacidade de combinação entre os diversos fatores que participam do processo de
transmissão, pode-se identificar quatro estratos de risco com níveis endêmicos diferenciados: alto, médio,
baixo e áreas sem transmissão de malária.
Fator de risco para a malária é qualquer variável ou conjunto de variáveis que tenham relação direta
com a incidência da malária, ou seja, qualquer condição que aumente a probabilidade de surgimento,
agravamento e morte pela doença num determinado momento. Os fatores de risco podem ser classificados,
entre outros, como:
• Biológicos – relacionados à população suscetível, agente etiológico e presença do vetor;
• Ambientais – modificações do meio ambiente, temperatura, umidade e presença de criadouros;
• Econômicos – relacionados à baixa renda, ao desemprego e às condições de trabalho, moradia e
migrações;
• Socioculturais – relacionados ao nível educacional, hábitos e costumes culturais e religiosos;
• Infra-estrutura de Serviços de Saúde – relacionados à insuficiência de serviços de saúde.
Considera-se que o conhecimento dos fatores de risco determinantes de uma doença é condição
fundamental para a classificação dos estratos, levando em consideração as características epidemiológicas
destes, de modo a favorecer o desenvolvimento de ações de controle adequadas a cada situação.
Assim, em relação ao risco de vir a adoecer ou morrer de malária, o território brasileiro está dividido
em quatro situações distintas:
- Áreas de alto risco malarígeno (Incidência Parasitária Anual – IPA > 49,9 casos/1.000
habitantes)
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São áreas de transmissão intensa favorecida pelo tipo de ocupação das pessoas (extrativismo) ou
situações como assentamento ou invasões onde a população está muito exposta ao risco, em virtude de:
• populações migrantes com escassa imunidade;
• altas densidades de anofelinos;
• moradias precárias que não oferecem proteção;
• alta incidência com óbitos devido ao difícil acesso aos serviços de saúde;
• carência de serviços de saúde e infra-estrutura social;
• insuficiente participação da comunidade nas medidas de prevenção da doença;
• dificuldades operacionais para o desenvolvimento pleno de medidas de controle.
- Áreas de médio risco malarígeno (IPA de 10 a 49,9 casos/1.000 habitantes)
Este estrato é caracterizado por ocupações humanas mais estáveis, com populações e migrações
mais localizadas, com habitações em melhores condições, menores densidades de anofelinos, áreas de
transmissão bem delimitadas, melhores condições para o desenvolvimento de medidas de controle, melhor
infra-estrutura dos serviços de saúde e maiores facilidades de comunicação.
- Áreas de baixo risco malarígeno (IPA de 0,1 a 9,9 casos/1.000 habitantes)
Correspondem às áreas de ocupação estáveis, com baixa transmissão da malária, porém, continuam
sendo receptivas e vulneráveis, considerando o potencial malarígeno, o que eventualmente pode dar
origem a focos restritos. Nessa situação, é importante a manutenção de uma vigilância epidemiológica
eficiente pelos serviços de saúde existentes.
- Áreas não-endêmicas (IPA = zero)
O quarto estrato é caracterizado por áreas onde a transmissão de malária foi interrompida.
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3 ASPECTOS
CLÍNICOS
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formas sexuadas (gametócitos masculino e feminino), estas passarão por uma transformação no estômago
do mosquito. Há a fecundação dos gametos, originando o ovo ou o zigoto que se transforma em oocineto.
Este penetra na parede do estômago e cai na hemolinfa do mosquito, transformando-se em oocisto, o
qual dá origem a esporozoítos, que se alojam nas glândulas salivares do mosquito, quando a partir daí as
fêmeas tornam-se infectantes, estando, portanto, aptas a transmitirem a doença ao sugar o sangue de um
outro indivíduo, fechando assim, o ciclo evolutivo dos plasmódios.
O Plasmodium vivax tem a capacidade de, após instalação no hepatócito, permanecerem latentes,
originando os hipnozoítos (do grego hypnos = sono) permanecendo por um tempo variável, sendo os
responsáveis pelas chamadas recaídas da doença (figura 6).
A febre geralmente vem precedida por sinais e sintomas inespecíficos caracterizados por mal-estar,
cefaléia, cansaço e mialgia. O ataque paroxístico inicia-se com calafrios seguido por uma fase febril,
com temperatura corpórea podendo atingir até 41ºC. Após um período de duas a seis horas, ocorre
defervecência da febre e o paciente apresenta sudorese profusa e fraqueza intensa.
Após a fase inicial, a febre assume um caráter intermitente, dependente do tempo de duração dos
ciclos eritrocíticos de cada espécie de plasmódio: 48 horas para P. falciparum e P. vivax (malária terçã); e
72 horas para P. malariae (malária quartã). Entretanto, a constatação desta regularidade é pouco comum,
em decorrência de: a) tratamento precoce realizado ainda na fase de assincronismo das esquizogonias
sangüíneas; b) infecção por populações distintas de plasmódios e c) infecção em primo-infectados por
retardo da resposta imune específica.
Em áreas de alta endemicidade malárica, é comum encontrar pessoas portando o parasito da
doença sem manifestações clínicas. Enfim, o quadro clínico para todas as espécies de plasmódio é muito
semelhante, fazendo exceção para os casos graves e complicados de Plasmodium falciparum.
Em crianças lactentes e pré-escolares, a expressão clínica da doença costuma ser inespecífica,
podendo, inclusive, inexistir a febre, o mais importante sintoma da doença. Manifestações como astenia,
anorexia, tosse, náuseas, vômitos, diarréia, dor abdominal, tonteiras, artralgia e mialgia podem ser as
primeiras queixas da doença.
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Em crianças, é comum o aumento do fígado que pode se tornar palpável no final da primeira
semana a partir do início da sintomatologia, enquanto o baço poderá ser palpado com maior freqüência a
partir da segunda semana de doença.
A anemia também é um achado freqüente, podendo ser bastante acentuada, principalmente em
pacientes graves, crianças e gestantes. No entanto, o grau de anemia está na dependência de diversos
fatores, dentre os quais, a espécie do plasmódio (geralmente mais intensa nos casos onde o P. falciparum é
o causador da doença), o número de parasitos e a presença de outros fatores como desnutrição e parasitose
intestinal.
A icterícia geralmente só está presente em casos raros de malária, especialmente quando há demora
em iniciar a terapêutica específica. Outro sinal clínico observado com muita freqüência é a colúria,
determinando confusão diagnóstica com hepatite. Essa dúvida é facilmente esclarecida pela dosagem das
aminotransferases, que estão muito elevadas nos casos de hepatite e pouco elevadas ou mesmo em índices
normais na malária.
Na malária grave por P. falciparum, pode-se encontrar hiperparasitemia, anemia grave (hemoglobina
abaixo de 5g/dl), distúrbios hidroeletrolíticos e equilíbrio ácido-básico, edema agudo de pulmão, distúrbios
hemorrágicos, icterícia acentuada, insuficiência renal aguda, coma, convulsões, choque circulatório (malária
álgida) e hipoglicemia acentuada.
A insuficiência renal aguda pode ser decorrente de desidratação e/ou hipovolemia, sendo usualmente
reversível, desde que se realize a hidratação adequada e o tratamento específico da doença.
3.3 Diagnóstico
DIAGNÓSTICO EPIDEMIOLÓGICO
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
Por orientação dos programas oficiais de controle, em situações de epidemia e em áreas de difícil
acesso da população aos serviços de saúde, indivíduos com febre são considerados portadores de malária.
Entretanto, os sintomas da malária são extremamente inespecíficos, não se prestando à distinção entre
a malária e outras infecções agudas do ser humano. Além disso, indivíduos semi-imunes ao plasmódio
podem ter parasitos da malária, mas sem sintomas da doença (portador são ou assintomático). Portanto,
o elemento fundamental no diagnóstico clínico da malária, tanto nas áreas endêmicas como nas não-
endêmicas, é sempre pensar na possibilidade da doença. Como a distribuição geográfica da malária não
é homogênea nem mesmo nos países onde a transmissão é elevada, tornam-se importantes, durante a
elaboração do exame clínico, resgatar informações sobre a área de residência ou relato de viagens indicativas
de exposição ao parasito, confirmando a importância do diagnóstico epidemiológico.
Além disso, informações sobre transfusão de sangue ou uso de agulhas contaminadas podem sugerir
a possibilidade de malária induzida.
O diagnóstico clínico é baseado nas manifestações clínicas da doença associado aos achados
epidemiológicos. Contudo, o diagnóstico de certeza da malária é laboratorial, que, além da confirmação
clínica, identifica a espécie de plasmódio, fundamental para orientar o tratamento.
O diagnóstico laboratorial pode ser específico e inespecífico.
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DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Exames específicos:
- Gota Espessa
Essa é a técnica mais utilizada para o diagnóstico laboratorial da malária e continua sendo considerada
como o “padrão ouro” para a confirmação específica da doença.
Após coleta de sangue, por meio de punção digital e sua distribuição adequada em lâmina de vidro,
é realizada a coloração e leitura ao microscópio. Essa técnica é importante, pois permite a visualização do
parasito, identificação da espécie e o estágio de desenvolvimento e quantificação, imprescindíveis para a
avaliação clínica e controle de cura do paciente.
O exame da gota espessa deve ser de 100 campos microscópicos examinados com aumento de
600 a 700 vezes, o que equivale a 0,25ml de sangue. A avaliação da parasitemia pode ser expressa
semiqualitativamente em “cruzes” ou quantitativamente em mm3, conforme quadro a seguir.
Quadro 1. Avaliação semiquantitativa e quantitativa da densidade parasitária por plasmódio na gota
espessa de sangue
Parasitemia
Número de parasitos contados / Parasitemia quantitativa
semiquantitativa
campo (por mm3)
(cruzes)
40 a 60 por 100 campos + /2 200 a 300
1 por campo + 301 a 500
2 a 20 por campo ++ 501 a 10.000
21 a 200 por campo +++ 10.001 a 100.000
200 ou mais por campo ++++ > 100.000
Obs.: para exames com menos de 40 parasitos por 100 campos, expressar o resultado pelo número de parasitos contados.
- Esfregaço Sangüíneo
O diagnóstico parasitológico da malária pelo esfregaço sangüíneo tem a vantagem de facilitar a
identificação da espécie por permitir maior detalhe da morfologia dos plasmódios, mas, por outro lado,
em baixas parasitemias, há uma redução da sua sensibilidade cerca de dez vezes, se comparado à gota
espessa.
- Imunotestes
Também chamado de testes rápidos, os imunotestes para diagnóstico de malária vêm sendo
amplamente avaliados.
Recentemente, outro método de diagnóstico rápido foi desenvolvido. Tem a vantagem de capturar
antígenos de P. falciparum e não P. falciparum. Trata-se de um teste baseado em fitas de detecção por
imunocromatografia, o qual utiliza anticorpos monoclonais e policlonais, marcados com ouro e dirigidos
contra a enzima desidrogenase do lactato específica do parasito (pDHL) presente no sangue total do
paciente. É um método bastante rápido, de fácil manuseio e que, dependendo de seus resultados, poderá
ser aplicado no campo quando indicado, levando-se em consideração o seu custo benefício.
- Outros métodos
Existem ainda outros métodos que podem ser utilizados no diagnóstico da malária, como a
Imunofluorescência Indireta, Elisa e a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), de grande importância em
pesquisa, porém, não usados rotineiramente para diagnóstico laboratorial. O PCR é de grande importância
em laboratórios de referência para a malária.
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Exames inespecíficos:
Hemograma
Alterações Bioquímicas
Pode existir também elevação da uréia, da creatinina, das bilirrubinas e das enzimas, por exemplo,
aminotransferases (transaminases), 5’-nucleotidase e gama-transpeptidase (GAMA-GT). Os pacientes mais
graves estão acidóticos, com baixa concentração de bicarbonato e baixo pH plasmático nos capilares. As
alterações hidroeletrolíticas (sódio, potássio, cloro, cálcio e fósforo) variam. As concentrações de ácido láctico
no sangue e no líquido céfalo-raquidiano são altas tanto nos adultos como nas crianças.
Qualquer processo infeccioso, que tenha a febre como um dos elementos clínicos para nortear
o diagnóstico, se constitui em diagnóstico diferencial com a malária, como, por exemplo, hepatites,
leptospirose, pneumonia, infecção do trato urinário, septicemias, meningoencefalites, febre amarela,
calazar, dengue, etc.
Em crianças que podem apresentar quadros clínicos mais variados e menos típicos, há que excluir
as outras doenças febris, tais como doenças infecciosas do trato respiratório, urinário e digestivo, seja de
etiologia viral ou bacteriana. Daí a importância da confirmação diagnóstica, por meio da gota espessa, antes
da instituição do tratamento.
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4 TRATAMENTO
O tratamento imediato e adequado da malária tem como objetivo a prevenção de formas graves da
doença, bem como a redução da mortalidade, além de eliminar a fonte de infecção para o mosquito, e,
conseqüentemente, reduzir a transmissão da doença.
Para que o tratamento da malária possa ser realizado de forma adequada, é fundamental o
conhecimento do ciclo biológico do parasito no homem, pois há drogas que agem com maior especificidade
em certas formas evolutivas do plasmódio, além das drogas que apresentam maior efetividade conforme a
espécie que está parasitando o homem (figura 6).
Dependendo da espécie do plasmódio causador da doença, da ocorrência de resistência na área de
transmissão, da gravidade do quadro clínico e da idade do paciente, há drogas primariamente indicadas
para cada caso, e, portanto, seu uso poderá variar em função do conhecimento do profissional de saúde e
da disponibilidade dos medicamentos antimaláricos no local de atendimento.
Para maior aprofundamento, deve ser consultado o Manual de Terapêutica da Malária – MS, 6.ª
edição revisada – dezembro de 2001 ou o mesmo atualizado.
Condutas Gerais
Na febre causada pela malária, métodos físicos, como o uso de compressas de água morna
e ventilação, são mais eficazes na diminuição da temperatura corporal do que o uso de antitérmicos.
Entretanto, os antitérmicos poderão ser usados na tentativa de evitar que ocorram convulsões febris em
crianças suscetíveis. O tratamento de convulsões segue o padrão convencional.
Sendo a cefaléia decorrente da liberação de cininas, que são responsáveis pela vasodilatação, o uso de
bolsas de gelo traz um grande alívio aos pacientes, podendo, ainda, ser usados os analgésicos.
A transfusão de concentrado de hemácias, ou mesmo sangue fresco (nos casos de distúrbios
hemorrágicos com choque hipovolêmico), está indicada apenas nos casos de anemia grave, quando o
hematócrito está abaixo de 20% e a hemoglobina abaixo de 5g/100ml.
Na hipoglicemia, pode-se administrar injeção endovenosa “em bolo” de 50 ml de glicose a 50% (1
ml/kg nas crianças) e a seguir manter infusão endovenosa de glicose a 5 ou 10%.
Após a reidratação adequada, não havendo restabelecimento da função renal nos pacientes que
evoluíram de oligúria para anúria, havendo condições, deve-se realizar diálise peritoneal ou hemodiálise.
Há contra-indicações dos corticosteróides e outros agentes antiedematosos no coma malárico, assim
como o uso da heparina nos pacientes.
33
ao peso do paciente. Entretanto, como nem sempre é possível dispor de uma balança para a verificação
do peso, apresenta-se no quadro abaixo a relação do peso segundo a idade. Chama-se atenção para a
necessidade de sempre que surgirem dúvidas, recorrer-se ao Manual de Terapêutica de Malária ou outras
fontes de consulta do Ministério da Saúde.
TABELA 1
DROGAS e DOSES
1.º dia 2.º e 3.º dias 4.º, 5.º, 6.º e 7.º dias
GRUPOS
ETÁRIOS Primaquina Primaquina Primaquina
Cloroquina Comprimido Cloroquina Comprimido Comprimido
Comprimido Comprimido
Adulto Infantil Adulto Infantil Adulto Infantil
1 a 2 anos 1 - 1 1/2 - 1 - 1
3 a 6 anos 1 - 2 1 - 2 - 2
7 a 11 anos 2 1 1 1 e 1/2 1 1 1 1
15 anos ou mais 4 2 - 3 2 - 2 -
Primaquina: comprimidos para adultos com 15mg da base e para crianças com 5mg da base.
Cloroquina: comprimidos de 250mg contendo 150mg de cloroquina base.
A cloroquina e a primaquina deverão ser ingeridas preferencialmente às refeições. Não administrar primaquina para gestantes e crianças até 6
meses de idade (ver tabela 10). Se surgir icterícia, suspender a primaquina.
34
TABELA 2
DROGAS E DOSES
8 a 11 anos 1 e 1/2 1 1 1
15 anos ou mais 4 2 2 3
TABELA 3
DROGAS e DOSES
Menor de 6 meses * - - - -
3 a 4 anos 1 - 1/2 - 2
7 a 8 anos 1 e 1/2 - 1 1 1
9 a 10 anos 2 - 1 1 1
13 a 14 anos 3 - 2 1 e 1/2 -
15 anos ou mais 4 2 - 2 -
35
TABELA 4
DROGA e DOSES
GRUPOS Cloroquina
ETÁRIOS Comprimido
1.º dia 2.º dia 3.º dia
Menor de 6 meses 1/4 1/4 1/4
6 a 11 meses 1/2 1/2 1/2
1 a 2 anos 1 1/2 1/2
3 a 6 anos 1 1 1
7 a 11 anos 2 1 e 1/2 1 e 1/2
12 a 14 anos 3 2 2
15 anos ou mais 4 3 3
- ESQUEMAS ALTERNATIVOS
TABELA 5
DROGAS e DOSES
1 a 2 anos 1 1 - 1
6 a 9 anos 3 (B) 1 - 2
Cápsula retal com 50mg. A cápsula retal pode ser conservada à temperatura ambiente.
Primaquina infantil e adulto com 5mg e 15 mg de primaquina-base, respectivamente.
A dose de primaquina é de 0,50 mg/kg de peso deve ser ingerida, preferencialmente, às refeições.
(A) Administrar uma cápsula retal de 12 em 12 horas.
(B) Administrar uma cápsula retal de 8 em 8 horas.
Para menores de 1 ano e maiores de 12 anos, usar a Tabela 1 deste manual.
Obs.: não usar este esquema para crianças com diarréia.
36
TABELA 6
DROGAS e DOSES
Menor de 6 meses * - -
6 a 11 meses 1/4 - 1
1 a 2 anos 1/2 1/2 -
3 a 4 anos 1 1 -
5 a 6 anos 1 e 1/4 1 -
7 a 8 anos 1 e 1/2 1 e 1/2 -
9 a 10 anos 2 1 e 1/2 -
11 a 12 anos 2 e 1/2 1 e 1/2 -
13 a 14 anos 3 2 -
15 anos ou mais 4 3 -
TABELA 7
DROGA e DOSES
GRUPOS
ETÁRIOS Quinina Comprimidos
(Dose diária durante 7 dias)
Menor de 6 meses 1/4
6 a 11 meses 1/2
1 a 2 anos 3/4
3 a 6 anos 1
7 a 11 anos 1 e 1/2
12 a 14 anos 2
15 anos ou mais 3
A dose diária de quinina deve ser fracionada em três tomadas de 8 em 8 horas.
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TABELA 8
DROGAS e DOSES
GRUPOS 1.º e 2.º dias 3.º dia 4.º dia 5.º dia
ETÁRIOS
Artesunato Artesunato Mefloquina Artesunato Primaquina
Cápsula Retal Cápsula Retal Comprimido Cápsula Retal (Adulto)
TABELA 9
DROGAS e DOSES
1.º, 2.º e 3.º dias 4.º dia 5.º dia 6.º ao 11.º dia
GRUPOS
ETÁRIOS
Primaquina Primaquina
Quinina Doxiciclina Doxiciclina Doxiciclina
Comprimido Comprimido
Comprimido Comprimido Comprimido Comprimido
(Adulto) (Adulto)
8 a 11 anos 1 e 1/2 1 1 1 1 1
15 anos ou mais 4 2 2 2 2 2
A dose diária de quinina e de doxiciclina devem ser fracionadas em duas tomadas de 12 em 12 horas.
Não usar doxiciclina e primaquina em gestantes. Nesses casos, usar a tabela 7 e ver a tabela 10.
Para menores de 8 anos, usar as Tabelas 2 ou 6 deste manual.
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TABELA 10
15 a 18 kg 3 a 4 anos 3/4
19 a 35 kg 5 a 10 anos 1
36 kg ou mais 11 anos ou + 2
* Esquema recomendado para pacientes que apresentam recaídas, após o término do tratamento correto, para gestantes e para crianças
menores de 1 ano. Só deve ser iniciado após o término do tratamento com cloroquina em 3 dias.
Cloroquina: comprimidos de 250mg contendo 150mg de cloroquina base.
Adultos não-imunes, crianças, gestantes e idosos constituem os grupos que mais comumente evoluem
de forma desfavorável, podendo apresentar manifestações clínicas mais graves da infecção e chegar ao
óbito mais freqüentemente quando a infecção se dá por P. falciparum. A hipoglicemia, o aparecimento
de convulsões, vômitos incoercíveis, icterícia, hipertermia contínua e distúrbios da consciência, são
indicativos de mau prognóstico, necessitando de uma ação imediata no sentido de realizar a terapêutica
adequada ou, quando não for possível, providenciar o encaminhamento do paciente com urgência para
uma Unidade de Referência.
O paciente com malária grave ou complicada pode apresentar alteração do nível de consciência,
prostração, fraqueza extrema e icterícia. Além disso, podem ocorrer as seguintes complicações:
• malária cerebral;
• convulsões generalizadas;
• anemia normocítica;
• insuficiência renal;
• distúrbio hidroeletrolítico e ácido-básico;
• colapso e choque circulatório (malária álgida);
• sangramento espontâneo (coagulação intravascular disseminada);
• hipertermia contínua;
• parasitemia elevada;
• hemoglobinúria;
• edema agudo de pulmão;
• hipoglicemia.
É importante notar que essas manifestações graves podem ocorrer isoladamente ou – o que é mais
comum – combinadas, no mesmo paciente.
39
Conduta Geral
As seguintes medidas devem ser aplicadas a todos os pacientes com suspeita de malária grave:
• na ausência de confirmação parasitológica de malária, deve-se preparar uma lâmina de sangue e
começar o tratamento com base no quadro clínico;
• a quimioterapia antimalárica deve ser administrada por via parenteral (endovenosa ou
intramuscular), devendo ser substituída pelo tratamento oral quando se julgar adequado;
• as doses devem ser calculadas com base em mg/kg de peso, por conseguinte, é importante pesar
o paciente sempre que for possível, especialmente as crianças;
• não se deve confundir as doses de sal e de base;
• os pacientes devem ser admitidos em unidade de tratamento intensivo, sempre que for possível;
• quando estão sendo administradas soluções por via endovenosa, deve-se dispensar cuidadosa
atenção ao equilíbrio hídrico, a fim de evitar a hiper-hidratação;
• quando possível, é importante fazer um rápido exame inicial para determinar o nível de glicose
sangüínea para detectar hipoglicemia e monitorá-lo, quando não for possível, administrar
glicose;
• os pacientes que estiverem inconscientes devem receber cuidadosa assistência de enfermagem. As
sondas vesicais de demora devem ser removidas, assim que não forem mais necessárias;
• outras eventuais causas de coma devem ser esclarecidas ou tratadas;
• é importante monitorar a resposta terapêutica, tanto parasitológica como clínica;
• identificar e controlar qualquer infecção associada;
• monitorar a diurese e observar a coloração da urina;
• é imperativo observar regularmente a temperatura corpórea, a freqüência respiratória, a pressão
sangüínea, a pressão venosa central quando possível, o nível de consciência e outros sinais
vitais;
• deve-se colher sangue para hemocultura, se o paciente entrar em choque durante o tratamento,
e iniciar antibioticoterapia empírica enquanto se aguarda o resultado da hemocultura;
• acompanhar o paciente com os seguintes exames, como hematócrito, glicemia, uréia, creatinina,
eletrólitos e exame de urina;
• o precoce exame oftalmoscópico do fundo do olho é importante porque a existência de hemorragia
da retina tem alta significância para o diagnóstico e o prognóstico da malária grave;
• evitar o uso de drogas que aumentem o risco de sangramento gastrointestinal (aspirina,
corticosteróide);
• uma monitoração mais sofisticada pode ser útil, se aparecerem outras complicações. Obviamente
dependerá da disponibilidade local de equipamentos e experiência;
• para maior aprofundamento, sugerimos consultar o Manual de Tratamento de Malária Grave e
Complicada – Condutas Práticas – 2.ª edição – OMS.
40
Quadro 3. Tratamento de malária grave e complicada
Esquema recomendado para malária grave por P. falciparum
Obs.: os derivados da artemisinina têm se mostrado muito eficazes e de ação muito rápida na redução e eliminação da parasitemia. Assim,
é necessário que estes medicamentos sejam protegidos de seu uso abusivo e indicados fundamentalmente para casos graves e complicados.
Em gestantes, o esquema terapêutico específico preferencial é a associação quinina e clindamicina endovenosa (item 3), pela sua eficácia e
inocuidade para a mãe e para o feto.
41
A importância do conhecimento dos padrões de respostas às drogas e, principalmente, a avaliação
de cada caso tratado, é fundamental para que a vigilância epidemiológica seja capaz de definir as áreas
onde há maior ou menor resistência aos antimaláricos rotineiramente usados.
Esta gradação, aplicável em resposta às drogas antimaláricas, encontra-se no quadro a seguir.
Quadro 4. Perfil de resposta dos parasitos assexuados do Plasmodium falciparum às drogas esquizonticidas
sangüíneas
As recaídas são definidas como o reaparecimento das manifestações clínicas do paciente que
podem ocorrer nas infecções pelo P. vivax. Ocorrem provavelmente por uma reinvasão das hemácias por
forma exoeritrocíticas, podendo ser assintomáticas ou sintomáticas, dependendo do grau de imunidade
desenvolvido contra a doença, e do intervalo de tempo decorrido para o diagnóstico.
A recrudescência, ao contrário, constitui-se no reaparecimento a curto prazo dos sintomas,
provavelmente pelo não-desaparecimento completo dos parasitos na circulação. Ocorrem na malária por
P. falciparum e P. malariae (neste último, raramente).
42
5 VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA
5.1 Objetivos
a) Suspeito
Área endêmica: toda pessoa com quadro febril, que seja residente
ou que tenha se deslocado para área onde haja transmissão de
malária, no período de 8 a 30 dias antes dos primeiros sintomas.
Área não-endêmica: toda pessoa que apresente quadro de
paroxismo febril com os seguintes sintomas: calafrios, tremores,
cansaço, mialgia e que seja procedente de área de transmissão
malárica, 8 a 30 dias antes dos primeiros sintomas.
b) Confirmado por critério clínico laboratorial
Todo caso suspeito com presença de parasitos no sangue, cuja
espécie e parasitemia tenham sido identificadas, por intermédio do
exame laboratorial. Nas regiões não-endêmicas, sem transmissão
de malária, os casos confirmados devem ser classificados, por
intermédio da investigação epidemiológica, de acordo com o item
5.3 abaixo.
43
dá a idéia de que é possível situar, com certeza, a origem da infecção numa zona malárica
conhecida.
• Caso introduzido: caso secundário direto quando se pode provar que o mesmo constitui o
primeiro elo da transmissão local após um caso importado conhecido.
• Caso induzido: caso de malária que pode ser atribuído a uma transfusão de sangue ou a outra
forma de inoculação parenteral, porém não à transmissão natural pelo mosquito. A inoculação
pode ser acidental ou deliberada e, nesse caso, pode ter objetivos terapêuticos ou de pesquisa.
• Caso críptico: caso de malária diagnosticado em área com transmissão interrompida quando não
se consegue comprovar o local de infecção.
Para a manutenção da vigilância é necessário:
A malária é uma doença de notificação em todo País, na área não-endêmica, além de ser uma
doença de notificação compulsória é de investigação obrigatória, visando à adoção de medidas de controle
para manter essa parte do território brasileiro livre da doença. Na área endêmica, a notificação é feita por
meio do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica – Malária (Sivep–Malária). Para alimentar
o sistema de informação, os casos são notificados por meio da Ficha de Notificação que cada notificante
preenche e encaminha para o setor competente para o processamento (anexo I – Ficha de Notificação de
Malária).
Na Região Não-Endêmica, todo caso suspeito ou confirmado de malária deve ser investigado com
o objetivo de:
• instituir o diagnóstico precoce e o tratamento imediato e de modo adequado;
• prevenir surtos, caso haja mosquitos transmissores na área.
Na investigação deve-se buscar:
• confirmação laboratorial do caso;
• preenchimento da ficha de notificação;
• classificação do caso como autóctone ou importado;
• avaliação entomológica quando for indicada;
• desencadeamento das medidas de controle de acordo com a situação apresentada.
44
• identificação da situação;
• diagnóstico precoce e tratamento imediato dos casos;
• medidas de controle seletivo de vetores;
• desenvolvimento de ações educativas por meio da participação da comunidade e mobilização
social visando à prevenção de novos casos.
Nas áreas classificadas, como de médio risco malarígeno, o aparecimento de surtos correspondem a
focos novos de malária, estando indicado as medidas de controle adequadas à situação.
Na Região Não-Endêmica, há necessidade de determinar a natureza e extensão do surto, e desenvolver
as medidas de controle que o caso requer.
45
6 MEDIDAS DE
CONTROLE
47
tratamento químico de espaços abertos e o tratamento de criadouros, os quais exigem pessoal capacitado
para a aplicação das mesmas.
O manejo adequado ao meio ambiente pode reduzir a densidade de anofelinos, eliminando criadouros
por meio de aterro, drenagem ou limpeza da vegetação. As obras de saneamento são medidas de eficácia
indiscutíveis e resultados permanentes para o controle da malária, em que é possível a sua aplicação.
Por isso, devem ser medidas de escolha quando o objetivo do controle é a redução e/ou eliminação da
transmissão em áreas urbanas e periurbanas. Em áreas de alta transmissão da Região Endêmica, esta medida
é de suma importância e deve ser indicada e executada sempre que possível, mediante a participação da
comunidade.
O tratamento químico domiciliar foi a principal medida de intervenção na estratégia de erradicação
e, ainda hoje, é um importante instrumento de controle de vetores em uso. Contudo, a borrifação
intradomiciliar deve ter sua indicação avaliada, mediante os aspectos entomo-epidemiológicos da
localidade, pois a aplicação desta medida sem uma indicação precisa pode comprometer sobremaneira sua
eficácia. Quando indicada, a borrifação intradomiciliar deve ser feita com inseticidas de contato e longo
efeito residual.
O tratamento químico de espaços abertos deve ser indicado em situações especiais onde a densidade
anofélica é bastante elevada e quando o tratamento químico domiciliar e manejo ambiental não for eficaz
para a redução dos anofelinos. Nessa situação, a aplicação espacial de inseticida a Ultra Baixo Volume
(UBV) e nebulização térmica (FOG ou fumacê) pode ser indicada, levando em consideração que é uma
medida de alto custo, de baixa efetividade e produz impacto ecológico desfavorável. Seu uso deve ser bem
avaliado e monitorado.
O tratamento de criadouros é uma medida de uso limitado e deve ser usado quando não for possível
a eliminação definitiva do criadouro. Para a sua indicação, deve-se levar em conta, principalmente na
Amazônia, as características físicas, químicas e biológicas dos criadouros.
Na avaliação entomológica, é importante considerar o vetor em sua fase imatura (larvas e pupas) e
na fase adulta.
Para o combate ao vetor na fase adulta há que se considerar:
• densidade;
• quando e onde picam;
• hábitos de repouso;
• suscetibilidade aos inseticidas.
Na fase imatura é necessário:
• caracterizar os criadouros e identificar a espécie de anofelinos existentes;
• mapear os criadouros.
O comportamento das pessoas tem um papel igualmente importante na seleção das medidas a
serem utilizadas para o controle da malária.
Isso diz respeito aos fatores sociais que estão relacionados ao maior ou menor contato homem/vetor,
determinando sobremaneira a dinâmica de transmissão da doença. Alguns desses fatores estão relacionados
a seguir e devem ser criteriosamente analisados.
• Tipo de habitação.
• Distribuição dos casos de malária na localidade.
• Uso de medidas de proteção individual.
• Atividades crepusculares ou noturnas.
• Deslocamentos humanos (migrações).
• Tipo de ocupação.
• Participação comunitária.
48
• Vias de acesso.
• Educação e escolas.
De forma resumida, são apresentados os principais métodos utilizados no controle da fase imatura
do vetor.
Ordenamento do meio, por meio de:
• drenagem de criadouros;
• aterro;
• aumento do fluxo da água;
• limpeza da vegetação aquática;
• uso de larvicidas químicos e biológicos;
• borrifação intradomiciliar de efeito residual;
• aplicação espacial por meio da termonebulização (FOG ou fumacê); e
• aplicação a Ultra Baixo Volume (UBV).
As aplicações espaciais de inseticidas devem ser utilizadas em áreas de alta incidência de malária,
urbana ou aglomerados populacionais das áreas rurais, onde o uso fica restrito ao redor da casa, pressupondo
que este seja o local de repouso do mosquito.
Não se recomenda o uso dessa medida em áreas rurais onde as casas são dispersas, pois o impacto
da medida é mínimo e não produzirá o efeito desejado. Esses métodos devem ser monitorados e avaliados
regularmente. Além do mais, os equipamentos devem estar absolutamente calibrados.
As medidas de proteção individual e familiar têm como finalidade proteger o indivíduo, sua família
ou sua comunidade e leva em consideração as características das atividades humanas, mas, de um modo
geral, os métodos mais indicados são:
• uso do repelente;
• uso de roupas e acessórios apropriados;
• uso de mosquiteiros impregnados ou não com inseticidas;
• telagem de portas e janelas das casas;
• melhoria das habitações.
O setor Saúde não pode, sozinho, melhorar a qualidade de vida das pessoas. Problemas ligados a
saneamento, alimentação, produção econômica, escolarização e condições de trabalho constituem grandes
dificuldades e só poderão encontrar soluções efetivas, a partir de decisões políticas e da integração de
esforços de outros setores da sociedade. Pensar a saúde como prática social é o que se propõe devido à
configuração das relações entre os “atores sociais”, o que implica em reconhecer a possibilidade de sua
alteração na medida em que podemos intervir concretamente sobre os fatores multicausais da relação
saúde/doença. Discutir com as pessoas, as famílias e as populações a história natural, real, das doenças
que mais as afligem, considerando todas as variáveis de causa e efeito que interferem na situação de saúde
– função importante do setor Saúde, e fortemente ligado à área de Educação em Saúde. A educação passa
a ser repensada como um processo capaz de desenvolver nas pessoas a consciência crítica das causas dos
seus problemas e, ao mesmo tempo, criar prontidão para atuar no sentido de mudança.
As ações educativas no controle da malária são de suma importância e devem ser buscadas e
valorizadas permanentemente. Devem estar inseridas em todas as ações, de modo a garantir a eficiência e
a eficácia das atividades desenvolvidas.
49
Componentes como, reuniões, seminários, encontros, palestras, planejamento participativo,
conferências e oficinas de educação em saúde e mobilização comunitária podem ser utilizados para o
desenvolvimento de práticas educativas relativas ao controle da malária, como forma de trocar experiência,
aprimorar idéias e avançar em novos conhecimentos de forma integrada.
Mediante componentes educativos, a população busca melhores condições de vida a partir do
conhecimento da realidade malárica em que ela vive e participa de:
• discussão da situação de saúde de sua comunidade;
• análise dos determinantes da doença; e
• programação e execução de medidas que venham a melhorar a qualidade de vida das pessoas e
da comunidade.
A participação da comunidade e o desenvolvimento de ações de informação, educação e comunicação deverá
produzir mudanças de condutas e hábitos da população, respeitada a sua identidade cultural e antropológica, capaz
de melhorar a eficácia das ações de controle da malária.
50
7 DIRETRIZES
TÉCNICAS DO
CONTROLE
INTEGRADO DA
MALÁRIA
51
do conhecimento técnico-científico relacionado à malária, incluindo levantamento dos aspectos
ecológicos, sociais e econômicos que determinam o aparecimento da doença.
No entanto, para a implementação dessa estratégia é necessário:
• existência de compromisso político no controle da malária em todas as esferas de governo;
• existência de recursos humanos e financeiros suficientes para o enfrentamento da luta contra a
malária;
• que as ações de controle da malária estejam integradas ao SUS, sendo suas atividades desenvolvidas
em toda rede de serviços de saúde;
• que a participação comunitária e mobilização social sejam componentes efetivos da luta contra
a malária;
• que o SUS, por meio do fortalecimento progressivo do Sistema Local de Saúde, possa:
− identificar, delimitar e caracterizar as distintas situações de transmissão entomo-epidemiologica
existentes no País;
− estabelecer os objetivos específicos e os níveis de controle a serem perseguidos, em cada local,
onde há transmissão de malária, conforme as características epidemiológicas e o potencial de
resolução disponível;
− estabelecer estratégias locais com sistemas de monitoramento e avaliação;
− avaliar periodicamente o impacto das medidas de intervenção aplicadas em cada realidade
epidemiológica, promovendo as devidas correções, se for o caso.
As ações de controle da malária, na Amazônia, pressupõem a adoção de instrumentos ágeis e flexíveis
capazes de:
• identificar, delimitar e caracterizar as inúmeras situações de transmissão existentes;
• estabelecer os níveis de controle e os objetivos a serem alcançados;
• selecionar e aplicar medidas de controle ajustadas à realidade entomo-epidemiológica;
• articular com outros setores públicos e/ou privados, a fim de estabelecer controle sob fatores
entomo-epidemiológicos que estão fora do alcance do setor Saúde.
De um modo geral, constituem objetivos da ação de controle da malária na área endêmica:
• reduzir a incidência da malária;
• reduzir a mortalidade por malária;
• reduzir as formas graves da doença;
• reduzir a transmissão da malária em áreas urbanas nas capitais;
• manter a ausência da transmissão da doença nos locais onde ela tiver sido interrompida.
Para a área não-endêmica, onde a transmissão foi interrompida há algum tempo, mas ainda continua
a presença de mosquitos vetores, a entrada de pessoas infectadas procedentes de áreas endêmicas podem
reintroduzir a transmissão. Portanto, é necessária a manutenção nos serviços de saúde, de uma vigilância
epidemiológica eficiente, capaz de detectar e tratar precocemente qualquer evento inusitado relativo à
malária. As medidas de controle consistem no diagnóstico precoce e tratamento oportuno e correto dos
portadores do parasito de malária, com a finalidade de reduzir a fonte de infecção para os mosquitos, e na
aplicação de medidas de controle de vetores mais adequadas à situação.
Enfim, para que esta estratégia seja efetivamente aplicada, é necessário que exista compromisso das
diferentes esferas governamentais; que a luta contra a malária seja parte integrante do sistema de saúde
e que se articule com os programas de desenvolvimento afins de outros setores; que as comunidades
participem plenamente das atividades de controle e que se mobilizem os recursos humanos e financeiros
adequados. As atividades antimaláricas devem estar adaptadas às condições epidemiológicas locais e seus
objetivos devem ser tecnicamente viáveis e financeiramente sustentáveis.
52
8 REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
53
Técnico Assessor da OPS/OMS.
ESTADO DO PARÁ. Secretaria-Executiva de Saúde Pública. Diretrizes técnicas do programa de controle da
malária no Estado do Pará. [S. l.: s. n.], 1994.
ESTADO DO PARÁ. Secretaria-Executiva de Saúde Pública. Núcleo Estadual de Endemias. Manual do
agente comunitário de saúde. Belém: [s. n.], 2000.
GERÊNCIA TÉCNICA DE MALÁRIA. Grupo Técnico Assessor em Malária da OPS; OMS. Projeto
para controle da malária nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Maranhão, Rondônia, Roraima e
Tocantins. [S. l.: s. n.], 1993.
INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL À SAÚDE NO MUNICÍPIO.
Organização e Gestão. Rio de Janeiro: [s. n.], 1992.
LEÃO, R. N. Q. Doenças infecciosas e parasitárias: enfoque amazônico – 645-670. Belém: [s. n.], 1997.
MARQUES, A. C. Situação atual do controle da malária no Brasil: relatório da gerência técnica de malária.
Brasília: [s.n.], 1993.
––––––. GUTIERREZ H. C. Combate à malária no Brasil: evolução situação e perspectivas. Revista da
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. [S. l.: s. n.], n. 27, p. 91-108, 1994. Suplemento 3.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Tratamento da malária grave complicada: condutas práticas.
Brasília: [Ministério da Saúde], 1995. Versão adaptada.
ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD; ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA
SALUD. Diagnóstico de malária. Publicación científica, n. 512, 1998.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global malaria control strategy. In: MINISTERIAL
CONFERENCE IN MALARIA – AMSTERDAM, October, 26-27, – CTD/MCM/92.3.
54
A coleção institucional do Ministério da Saúde
pode ser acessada gratuitamente na
Biblioteca Virtual em Saúde:
http://www.saude.gov.br/bvs
EDITORA MS
Coordenação-Geral de Documentação e Informação/SAA/SE
MINISTÉRIO DA SAÚDE
(Normalização, revisão, editoração, capa, impressão, acabamento e expedição)
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Brasília – DF, julho de 2005
OS 0001/2005