Vidas Liquidas Helio Guerra 2021
Vidas Liquidas Helio Guerra 2021
Vidas Liquidas Helio Guerra 2021
Vidas Líquidas
Em busca de Horizontes
©Hélio Zyld Guerra, 2021
Título: Vidas líquidas
Autor: Hélio Guerra
Edição e paginação
Lucas Cassule
Design de capa
maltaimedia|ésobrenós Editora
Execução Gráfica
ésobrenós Editora
Revisão
Hélio Zyld Guerra
Marketing e publicidade
Alusapo | Julieta Nguenda | Lucas Cassule
Conselho Editorial
Victor Amorim Guerra | Elisabeth Lorena Alves | Youran Mandonga
ISBN: 978-989-53230-9-8
Edição digital: Setembro de 2021
_____________________________________________________
ÉSOBRENÓS EDITORA
Mutamba, R. Amílcar Cabral 170 – 1.° Apto. n.º 3 | Luanda – Angola
Zango I, Quarteirão F, R. 10 (paragem do parte-braço), casa n.º 415.
Capítulo II--------------------------------------------------26
CAPÍTULO III---------------------------------------------- 61
CAPíTULO IV --------------------------------------------- 75
Capítulo V-------------------------------------------------- 81
Capítulo VI-------------------------------------------------96
“Sonhando sóbrio
Subo ao alto
Da altivez
(…)
Semeando o sentido
Nem tido
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Nota do autor
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Capítulo I
O início
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talmente disponível.
– Sem problemas. Está combinado. Mas peço que
me ligues depois das 8, você sabe que odeio ser acordado.
Até lá.
– Eish! Há coisas que não mudam em você. Está
bem, até lá. Beijos…
Em algum momento foi difícil conter a raiva e a
vontade de dizer não ao convite, mas algo em mim não
permitia rejeitar as pessoas de exprimirem seus senti-
mentos e falarem o que lhes apoquentasse por mais triste
me deixasse. Terminada a ligação acedi a minha agenda
eletrónica para marcar o encontro solicitado, foi quando
percebi que mais uma vez importava-me com a minha
ex-amada. O engraçado foi que somente naquele instan-
te, comecei a perceber o quão era imprevisível a minha
vida e o carácter humano. E, como se não bastasse, o quão
sozinho me sentia por não a ter em minha vida.
Foi difícil aceitar e superar o fim do namoro e o pior,
o facto de que todos amigos e pessoas conhecidas culpa-
vam-me pelo sucedido. Foram capazes de afirmar que a
relação chegou ao fim porque era mulherengo, falso e não
a valorizava e, que foi decisão minha chegar a esse ponto.
Alguns vizinhos e desconhecidos tinham como fonte de
inspiração o “velho eu” por cuidar dela, por ter superado
todos preconceitos imaginários criados por pessoas infan-
tís, só porque Khelyn era de pele diferente. Seu tom de
pele era branco amarelado, cabelos loiros brilhando como
ouro e olhos trémulos decorados por um íris, verdes e pro-
fundos, como se de uma águia fossem. A sua pigmentação
fazia com que elaborassem preconceitos e mitos fazendo
com que alguns a considerassem desigual a nós.
Naquele dia, já desde cedinho iam acontecendo coi-
sas meio estranhas e fora do comum. Inicialmente estava
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teria falado em vão, pois ela era muito curiosa e não con-
seguia ficar sem bisbilhotar em coisas alheias; convenci-
-me que ela recebera a mensagem sem distorção alguma e
que faria o que lhe dissera.
Caminho até a cozinha para levar as taças e Maria lá
estava, preparando o almoço. Peguei nas taças que esta-
vam na estante. Abri a geleira e retirei alguns pedaços de
frango para descongelar e alguns salgados.
– Senhora Maria! – Dou-lhe um beijinho na face e
acrescento – Peço para fritar os salgados e quando os pe-
daços de frango estiverem descongelados, peço que pre-
pare um petisco gostoso que só você sabe fazer.
Pego nas taças, caminho em direcção ao quarto,
empurro a porta com os pés e entro. Paro em frente ao
computador e observo que Marisa estava mexendo em
minhas fotografias. Deixo as taças sobre a mesinha que
fica depois do pequeno sofá em meu quarto e vou até ao
computador. Saio da página de fotos e coloco um bom
jazz para acompanhar o bom vinho.
– Ya! Você tem problemas, eu disse para que não me-
xesses em nada que não lhe dissesse respeito. Sua doida!
– Falo para ela sorrindo e segurando numa garrafa Vinho
Rosé para abrir. Encho as taças, entrego uma à minha pri-
ma, seguro na minha e dedico um brinde a nossa amizade
e sucessos em todas situações da vida. – A nós, pela forte
amizade e sucessos em nossas vidas. Que esta conversa
seja super óptima.
– Agora podes falar, o que te deixou com ar de peixe
morrido e criança sem rebuçado?
– Você não desiste mesmo. Quando você quer saber
de algo até Deus aprende que não pode esconder.
– Hum priminho, chega de cerimónias. Conta logo.
– Responde ela.
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cou uma música agressiva dos “Fall out boy” com o título
“centuries” e não era adequada para a ocasião em que es-
távamos. Ao som de Phill Colins com o título “Both sides
of the story”, caminho até ao sofá e digo – apenas queria
saber como eu estava e que gostaria de conversar comigo.
– E antes que me pregunte o que ela precisa dizer,
não sei e acho que tenho raiva de quem sabe. – Acrescen-
to soltando uma intensa gargalhada.
– Meu bem, pelo que percebo ainda há fogo no ar.
Você Lyaki wa kha Sumbi, ainda é louco por ela. – Diz
ela olhando para mim cheia de total confiança e com ar
de quem conhece a peça.
– Não e não. Você está, totalmente, enganada sua
louca, não existe algo no ar. Parece-me que o vinho está
reagindo muito rápido em você, até começou a delirar e
inventar coisas.
– Nada a ver Lyani, você sabe que vinhos são minha
praia. É que vejo você falando dela com o olho brilhando,
juro que se fosse de raiva perceberia mas o teu coração e
sua forma de ser dizem outra coisa.
Solto um sorriso sarcástico por alguns segundos e
degusto novamente o briol que estava uma delícia. Em-
bora tenha rejeitado a prior, o vinho estava sendo uma
excelente companhia e a conversa com a Marisa estava
mudando o clima do dia. Pego o salgado e mastigo calma-
mente enquanto ela diz – não preciso perguntar se você
aceitou ou rejeitou o convite dela, porque tenho certeza
que irá correndo feito uma criança correndo atrás de uma
bola ou rebuçado. – Olhei para ela, ri e pensei em como
seria o maldito encontro da sexta.
– O que está pensando? – Pergunta ela se deliciando
dos salgadinhos e o briol. Volte que o planeta terra está
chamando você…
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Capítulo II
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Sexta-feira
MANHÃ DE SEXTA-FEIRA, o relógio marca
sete horas e trinta minutos, o sol brilhava anunciando um
novo dia. O termómetro indicava vinte e nove graus Cel-
cius, mas com tendência a aumentar durante o dia. Já dava
para perceber que o dia seria muito quente e bem agitado.
Ainda deitado na cama, o celular vibra anunciando uma
notificação, o encontro com a Khelyn seria mais tarde,
mas antes tinha de ir ao Colégio São Gabriel entregar
uma papelada ao Arnaldo Gonzales sobre a legalização
da nossa futura associação. Entrei no Whatsapp, mil e
duzentas mensagens não lidas. Tantas mensagens por ler,
só podem ser dos grupos a maioria delas – PENSO. En-
quanto tentava as ler uma chamada entra. Era a Khelyn.
De certeza ela estava ligando para recordar-me do encon-
tro e saber se estaria disponível para tal. Ensaio uma voz
audível e sem sinais de alguém que ainda está na cama,
atendo, mas a voz trai-me dando a perceber que acabava
de acordar.
– Olá, como está? – Enquanto esperava a resposta
dela, procuro o controlo remoto, seguro-o e ligo a televi-
são. O canal que aparece é o de desenhos animados, devo
ter sido o último canal que assisti durante a noite de on-
tem – penso.
– Oi, estou bem e você? – Ela responde – deu para
perceber que acaba de acordar ou ainda está na cama.
Desculpe-me por acordar você. – Acrescenta num tom de
voz que exprimia um sentimento de culpa pelo aconteci-
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dos.
– Quero a nacional, a típica de Moçambique. Mas
antes dela, uma água para acompanhar a refeição.
– Uma a nossa maneira, só pode ser a McMahon.
Certo, vou já providenciar.
A servente retirou-se em direcção a cozinha para
providenciar os pedidos feitos. Algo levou-me a olhar
novamente o jardim repleto de pessoas quando, do nada,
observo no acento em frente um casal de idosos senta-
dos e apreciando a paisagem do jardim. Naquele instante,
imagino em como seria caso um dia conseguisse encon-
trar o grande amor da minha vida, a pessoa que pudesse
partilhar as coisas mais importantes da minha vida, os
momentos mais alegres e tristes, a futura mãe dos meus
filhos e a patroa do nosso império. Vendo o casal de idosos
senti na pele a vontade e o significado do amor verdadeiro
e que já estava pronto para recomeçar. O irónico nisso
tudo é que sentia culpa de tudo que tinha acontecido en-
tre a gente, nada podia mudar o meu estado espiritual até
então no que diz respeito a uma relação.
Depois de uns dois minutos de espera, a garçonete
chega com o meu pedido e deseja-me um óptimo apetite.
A comida estava muito deliciosa, senti que a intensão do
cozinheiro era de aumentar o meu bem-estar. Naquele
momento senti que conseguiu em cheio e fez-me lembrar
dos cozinhados da Maria e da mamã, suas mãos nunca fa-
lham na doçura de suas refeições. Ao terminar de deliciar
o prato, a servente aproximou-se para recolher o prato e
os talheres.
– Como foi a refeição? – Pergunta a servente com
um olhar que convidava a sinceridade.
– Digamos que foi, muitíssimo deliciosa, amei a co-
mida.
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CAPíTULO IV
A praia
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Capítulo V
O primeiro Beijo
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ainda pensativo.
— Estás muito pensativo e quase distante, há algo
de mal acontecendo? – Pergunta a lindíssima mulher toda
preocupada.
— Não está acontecendo algo de mal… apenas estou
pensando em algo que não me deixa sossegado e estou
tentando agradecer a Deus por ter … – falo para ela apre-
ciando novamente o mar enquanto levanto a garrafa até
meus lábios.
— Agradecer a Deus pelo quê? — Pergunta a Paula
e acrescenta— fiquei curiosa e acho melhor você dizer e
procure soltar-se mais que não mordo ninguém. Levanta
sua cabeça sorrindo. O vento bate em seus cabelos longos
e pretos, lisos e bem húmidos.
Desta vez fico mais preocupado comigo mesmo,
pela primeira vez estava sem palavras para agitar a con-
versa. Paula ainda continua sentada sobre a minha perna
esquerda. Sinto um ligeiro formigueiro na mão direita.
Pouco me importo. Seguro novamente a garrafa e ensaio
mais um gole. Por sinal era o último. A garrafa estava
quase vazia. Olho para o lado procurando um plástico
para colocar o lixo, não vejo algum. Nesse momento estou
pensando em como responder a bela dama ao meu lado.
— Bem, agradece-lo por estar aqui com você e por
dar-me a vida e a força de viver — olho para seu rosto,
solto um sorriso— principalmente por conhecer pessoas
super boas e amorosas como você, Arnaldo e sua respeito-
sa namorada Christiane. A propósito, como você e Chris-
tiane se conheceram?
— Eu e a Christiane é a primeira vez que a gente
senta para trocar umas impressões. Na verdade ela conhe-
ceu-me no mesmo local em que nós dois conhecemo-nos,
no trabalho, claro. O Arnaldo deu-me o contacto dela
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forto na Paula.
— Deus é pai! Ouviu minhas preces, o que mais
desejava nestes últimos meses. – Grita Arnaldo.
— Possivelmente não resistimos ao calor.
Descobriram-nos amor! — Digo a Paula olhando para
seus olhos e bem baixinho. — Ambos sorrimos, suspiro.
— Melhor a gente dizer que estamos namorando se não
eles não largam no nosso pé. Conheço bem aquele casal
de doidos.
Paula inclina a cabeça e estica seus braços para o céu.
Suspira. — Realmente, não temos outra saída. Temos de
contar-lhes. — Umas gargalhadas vêm a tona — também
quem te mandou ser um gato, não pude resistir amor!
— Você é que foi mais forte, não deu para resistir a
sua beleza. — Digo olhando firme e feliz.
— Namorados de frescos, venham cá. Temos que co-
mer algo. — Grita Christiane toda alegre.
Namorados de fresco são pessoas que acabam de
iniciar um caso amoroso. Expressão que Christiane usa
desde que foi em um casamento. Tal designação nasceu
após ela ter escutando o mestre de cerimónia tanto falar
de casados de frescos referindo ao casal que celebrava sua
união matrimonial. A expressão ficou viral que ela usa em
quase tudo de forma subentendida. Lembro-me que uma
vez, quando voltávamos da casa da Marisa depois de uma
festa bombástica alusiva ao seu aniversário, fomos para-
dos por um polícia de trânsito que por coincidência ele
acabava de se formar. Devido a falta de experiência no
exercício do seu ofício, atrapalhava-se bastante e tinha de
recorrer sempre ao outro colega que já trabalhava há bas-
tante tempo por coisinhas que não importavam. Fez-nos
perder muito tempo, toda documentação estava legal e o
Arnaldo não havia consumido álcool acima do recomen-
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Capítulo VI
De volta à casa
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CAPíTULO VII
Bailando na lua
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Parte II
Na manhã seguinte, bem cansado e com o corpo do-
lorido, o sol brilhava emitindo luz forte pela janela do
quarto. Levanto da cama em direcção a cozinha para
preparar o pequeno-almoço para a belíssima rainha dos
olhos brilhantes. O dia de ontem foi bastante agradável
e prazeroso, Paula e eu tivemos uma solenidade á luz de
cantos dos anjos no culto do prazer da carne cuja ale-
gria fez com que acordasse disposto a surpreendê-la com
um pequeno-almoço na cama. Regresso ao quarto com a
travessa carregada de um copo de sumo, sandes de ovo e
queijo acompanhada de um pouco de salada portuguesa e
morangos, uma Rosa vermelha tirada no jardim de casa.
Paula ainda está dormindo como um anjo em nuvens
macias. Com o pé fecho a porta do quarto suavemente,
coloco a travessa sobre o sofá-cama, tento acordá-la com
carinho.
— Bom dia amor — Ela estica os braços bocejan-
do, olha para mim e dá-me beijo matinal mostrando sua
satisfação. — Como está meu anjo? — Ela sorriu alegre-
mente.
— Bem meu amor — Afasto-me para buscar a tra-
vessa — Seu pequeno-almoço vossa majestade.
Paula passa a mão pelo rosto até ao cabelo, se alegra,
olha para mim fixamente delirando de amor e surpresa
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Capítulo X
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meu convite?
Fico uns minutos no silêncio. O convite é interessan-
te. Vai dar para recuperar as energias, talvez pensar numa
forma de viver sem ela. – Penso. Suspiro. – Está bem pa-
dre, para quando é a viagem?
– Semana que vem, precisamente na segunda-feira.
Partiremos às seis e meia da manhã. Estaremos com al-
guns jovens vindo de Portugal e Brasil.
– Está certo! Suspiro exclamando.
– A gente passa te buscar em casa, não precisa inco-
modar-se em chegar até a Paróquia, filho.
– Está bem padre até segunda-feira.
Sem mais alguma coisa a falar, o padre diamantino
termina a chamada. No mesmo instante vejo minha mãe
entrando. Estaciona o carro e sai correndo até a varanda.
A chuva ainda está caindo. Agora cai mais devagar como
um camaleão caminhando sobre os ramos de uma árvore.
– Olá! Tudo bem, filho? – Ela pergunta sorrindo
alegremente.
– Sim – respondo olhando para o chão da varanda, o
silêncio invade o território por alguns minutos. – O padre
Diamantino acabou de ligar-me e convidou-me para um
acampamento nas matas do Parque Nacional de Goron-
gosa na próxima semana.
– Isso é bom, vai que te ajudará muito. Estou mui-
to preocupada consigo, por essa razão conversei com ele.
Coincidentemente quando conversava com ele, disse-me
que teria um passeio de férias para relaxar e estará com
um grupo de jovens, logo sugeriu que você participasse da
viagem uma vez que está de férias no trabalho. Acho bom
que você tenha aceitado o convite. Já falou com a Paula?
Fala com ela e não deixa a vossa história terminar assim.
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Capítulo XI
O SONHO DE PRIMAVERA
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Passou um ano e meio após o pedido de casamen-
to, a minha mansão já estava terminada. Toda mobiliada
e, pronta para habitar. Os preparativos para o nosso ca-
samento na primavera estavam terminadas. Tudo estava
pronto. As roupas, as bebidas, as comidas, estava tudo
comprado e colocados em algum lugar seguro. O salão
de festas para o banquete nupcial, seria no Aliança even-
tos. O casamento civil, na praia, onde tudo começou, a
praia em que o namoro começou. O religioso na Catedral
de Maputo. O religioso era o mais importante para nós.
Deus é o nosso fiel companheiro e testemunho da nossa
relação amorosa, o quanto nos amamos e que obstáculos
o nosso amor enfrentou. Só ele sabe, por isso seriamos
injustos se não nos casássemos primeiro em Sua casa na
presença de seus anjos celestiais cantando e festejando
com a gente.
São nove e meia da manhã, estou na casa do Senhor,
parado sobre seu sagrado altar e bem ansioso. O nervo-
sismo perfila em meu ser, mas tentando ficar calmo. O
coração estava fervendo, correndo numa velocidade de
um raio. Os convidados estão, todos, olhando aos mo-
vimentos que enceno sobre o altar. De um lado para o
outro, feito um pato tonto em busca de lucidez. Segundo
pós outro, num vai e vem sem rumo e razão. Passo a mão
pela cara suspirando em busca de calma e paz do espirito
levado pela preocupação. Suspiro novamente. Olho para
a porta da igreja e nada da minha futura esposa e mãe dos
meus filhos. Apenas alguns fotógrafos passeando à beira
da porta, outros tiravam fotografias a alguns convidados,
afinal mãe os contratou para esse serviço.
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vida,
Meu herói e meu rei
Dono do meu coração
Eu amo você
E neste altar do Pai jurarei amar-te para sempre
Aleluia! Você é meu bem-querer
Te amo para sempre”
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Fim
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sobre o autor
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