Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

O Uraguai

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 5

4. Contextualização poética.

A obra Uraguai (1769) de Basílio da Gama é uma epopeia, um poema épico do


gênero literário épico narrativo. Composta por versos decassílabos brancos e
está dividida em cinco cantos, retrata a guerra pela conquista da terra de Sete
povos das missões causada pela divisão de terras do tratado de Madrid.

4.1 Gêneros literários.

A obra Uraguai por ser uma epopeia faz parte do gênero literário épico
narrativo, que tem como principal característica a narração de ações nobres
praticadas por representativos heróis. O gênero literário épico tem por
características estruturais a presença de uma narrativa em versos, versos
narrados em terceira pessoa, divisão em cantos ou livros, domínio da
objetividade e a divisão em partes, como: introdução, invocação, narração e
epilogo. O gênero épico possui como característica principal a presença de
elementos da mitologia greco-romana.

Segundo o critico literário Alfredo Bosi não há nada em Uraguai que lembre as
divisões de um poema épico e que pela estrutura do poema que melhor seria
dizer que Uraguai faz parte do gênero lírico-narrativo e não épico.

4.2 Estruturas da obra.

A obra Uraguai foge das características tradicionais do gênero literário que


pertence. A obra é formada por 1377 versos decassílabos com um balanço
entre os versos decassílabos heroicos e os sáficos, esses versos são versos
brancos, ou seja, não possuem rima, a obra não possui estrofação.

A divisão da obra é feita em cinco cantos, a obra não possui todas as divisões
características do gênero épico, porem são perceptíveis as seguintes divisões:
preposição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo.

A obra mantém a característica do maravilhoso, não baseado no recurso da


mitologia greco-romana, mas sim na mitologia indígena. Uma característica do
gênero épico não presente na obra é o distanciamento temporal necessário
entre o autor e o assunto da obra.

Segundo Alfredo Bossi a obra possui uma estrutura voltada para o gênero
lírico-narrativo, pois as características (subjetividade e emoção) do gênero lírico
estão presentes na obra, o sentimento amoroso aparece na historia de
Cacambo e Lindoia, e as emoções são provocadas ao leitor através da voz do
narrador e das falas dos personagens. As demais características do gênero
lírico presentes na obra: exaltação dos sentimentos, metáforas, hipérbato e
apostrofes.

A obra possui narração in medias res e narrador em terceira pessoa. A obra


traz a descrição dos elementos da natureza e dos cenários paradisíacos
remetendo as características da escola árcade.

A temática central da obra é a execução do tratado de Madrid, em acordo os


reis de Portugal e de Espanha decidiram que os territórios ocupados pelos
jesuítas no Uruguai deveriam passar da posse de Espanha para Portugal, o
território de Sete povos das missões era habitado por índios e jesuítas que
organizaram uma resistência aos portugueses. O poema é a narrativa da
guerra pela posse da terra com exaltação aos feitos do General Gomes Freire
de Andrade, o poema é uma repressão aos jesuítas.

4.3 Personagens da obra.

A obra possui basicamente três tipos de personagens: os europeus, os


indígenas e os jesuítas.

Os europeus são: General Gomes Freire de Andrade (chefe das tropas


portuguesas) e Catâneo (chefe das tropas espanholas).

Os indígenas são: Cacambo (chefe indígena), Lindoia (índia esposa de


Cacambo), Tatu –guaçu (guerreiro indígena), Sepé (chefe e gurreiro indígena),
Caitutu (índio gurreiro) e Tanajura (índea feiticeira).

Os jesuítas são: Balda (jesuíta administrador) e Baldeta (filho de Balda).


Balda, o jesuíta, é considerado o vilão da historia, já que a obra faz uma clara
aversão aos jesuítas. Lindoia é considerada a heroína da historia. Na relação
entre Cacambo e sua esposa Lindoia vemos uma espécie de pré-
caracterização do romantismo, pois a historia possui características como, por
exemplo: a personificação da beleza e do amor, o papel do indígena heroico e
a morte por sofrimento amoroso. Que são características do período romântico.

4.4 Enredo.

O enredo do poema trata da guerra entre portugueses e espanhóis contra os


indígenas e os jesuítas habitantes de Sete povos das missões.

O canto I: se encontra o campo de batalha coberto por corpos, em sua maioria


de indígenas, traz aqui a presença do personagem General Gomes Freire de
Andrade. Este canto primeiro traz uma narração do herói, no caso o herói
português que está na conquista do território.

O canto II: Este canto traz a narração de guerra, onde os personagens Sepé e
Cacambo se encontram com o português, como não há um acordo, indígenas e
as tropas entram em combate e os indígenas são derrotados.

O canto III: Este canto traz a narração da morte de Cacambo, causada pelo
personagem Balda que o faz traiçoeiramente.

O canto IV: Este canto traz a narração da morte de Lindoia esposa de


Cacambo, que estava para casar com o filho de Balda, com muito sofrimento
por ter perdido seu esposo, ela se suicida.

O canto V: Este canto traz a narração da visão do massacre dos indígenas.


Traz a opinião do autor, onde coloca os jesuítas como os responsáveis pelo
massacre.

O Uraguai é considerado o melhor poema narrativo do período neoclássico


brasileiro.
5. Intertextualidade.

Uma obra literária pode ser construída tomando outra como modelo ou
referencia. Assim quando um autor utiliza textos ou obras de outros autores
como referencia ou como modelo para a criação e desenvolvimento de sua
obra, esse fenômeno é chamado de intertextualidade.

A primeira intertextualidade conhecida é o uso da Obra de Luís de Camões, Os


lusíadas. A obra de camões é tida como modelo do gênero épico narrativo para
o desenvolvimento da obra de Basílio da Gama. A textualidade está mais
presente em seu conteúdo, já que as duas obras trazem heróis reais e a critica
ao custo da guerra. Apesar de pertencer ao neoclassicismo, o poema de
Basílio da Gama não segue a risca a estrutura de Camões.

O ciclo pombalino teve grande influencia na literatura brasileira, as obras e


manifestações artísticas deste período demostram o engajamento de seus
autores a influencia pombalina. A obra de Basílio da Gama, O Uruguai retrata a
luta pombalina contra os jesuítas e possui intertextualidade com as obras: O
Desertor de Silva Alvarenga e a obra O reino da estupidez de Francisco de
Melo Franco. Estas três obras refletem um momento importante e decisivo do
governo de pombal.

A obra Uraguay também possui uma intertextualidade com a obra Caramuru de


Santa Rita Durão, por trazer a figura do índio de forma realista e heroica, o
tornando símbolo máximo do nacionalismo. A morte de Lindoia em O Uraguay
e a morte de Moema em Caramuru traz ainda a relação lírica que provoca a
emoção dos leitores.
Referencias Bibliográficas

BOSI, Alfredo. Historia concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2006.

Análise da obra: “O Uraguai” de Basílio da Gama e “Caramuru” de Frei Santa


Rita Durão. Literaturavec, 2011. Disponível em :
http://literaturavec.blogspot.com/2011/03/analise-da-obra-o-uraguai-de-basilio-
da.html

Literaturas de Línguas Portuguesas III. Dedmd. Disponível em:


http://dedmd.com.br/validacao/2019_1/LITERATURAS%20DE%20L
%C3%8DNGUA%20PORTUGUESA%20III/Unidade%202/s3/

Epopeia. Mundo educação. Disponível em:


https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/epopeia.htm

GOMES, Sonia. Os gêneros literários empregados na obra Uraguai de Basílio


da Gama. Webartigos, 2013. Disponível em:
https://www.webartigos.com/artigos/os-generos-literarios-empregado-na-obra-
o-uruguai-de-basilio-da-gama/116496/

PÁDUA, Vilani. Uraguai – Análise do livro de Basílio da Gama. Educação uol.


Disponível em : https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/uraguai-o-
analise-do-livro-de-basilio-da-gama.htm

OLIVEIRA, Ellen. O ciclo pombalino na literatura brasileira: o uraguai (1769), o


desertor (1774) e o reino de estupidez (1818). Revista de estudos de cultura,
2016. Disponível em: https://seer.ufs.br/index.php/revec/article/view/5453

SANTANA, Sinval. O uraguai – Basílio da Gama. Guia de linguagens, 2016.


Disponível em: https://www.guiadelinguagens.com.br/vestibular/o-uraguai-
basilio-da-gama/

Você também pode gostar