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Quais São As Principais Ideias de Santo

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07/11/2021 Artigos :: Brasil Paralelo

Quais são as principais ideias de Santo


Agostinho? Veja as 5 mais conhecidas

“Quem é mais feliz do que aquele que goza da verdade inconcussa, e


incomutável e excelentíssima?” As principais ideias de Santo Agostinho
evidenciam que, seja pela razão, seja pela fé, ele buscou a verdade.

Santo Agostinho foi um dos maiores filósofos e teólogos dos primeiros séculos do
cristianismo na antiguidade. Foi considerado uma autoridade no desenvolvimento
do pensamento medieval e de toda a filosofia e teologia ocidental.

O que você vai encontrar neste artigo?


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Introdução
Santo Agostinho escreveu em estilo muito rebuscado em comparação ao estilo
atual. Seu pensamento é vasto e complexo, seus escritos são temas de
estudos de inúmeros doutores que dedicaram anos de suas vidas a entender ao
menos um pouco do que esse grande pensador legou para o mundo.

As principais ideias de Santo Agostinho são, na verdade, as mais


divulgadas tendo-se em vista o ensino de filosofia nos colégios e as
palestras de introdução à sua filosofia.

Como este artigo é apenas um resumo introdutório, basta dizer que as principais
ideias de Santo Agostinho envolvem a fé e a razão, a primeira certeza racional, a
Iluminação divina, o problema do mal e o livre arbítrio.

Todas elas estão explicadas no final deste artigo.

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Religião e Filosofia no Ocidente


Santo Agostinho costuma ser referido como o “último dos antigos” e o “primeiro
dos modernos”. Ele assistiu à queda do Império Romano e de todos os padrões
morais da época.
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Ele assistiu o fim gradativo do Império Romano ao longo de gerações. Viu os


bárbaros tomarem conta e os romanos culparem os cristãos por isso, motivo que
o levou a escrever A Cidade de Deus.

No mundo latino, Santo Agostinho integrou a filosofia grega no


cristianismo.

Todavia, antes do aprofundamento nesses tópicos, é necessário saber como sua


trajetória de vida influenciou sua busca pela verdade na filosofia e seu
encontro com a fé católica.

Quem foi Santo Agostinho?


A biografia de Santo Agostinho ilumina suas principais ideias.

Aurélio Agostinho, em latim Aurelius Augustinus, nasceu em 13 de novembro de


354 d.C em Tagaste, na África. Sua mãe, Mônica, era uma piedosa católica, tanto
que foi canonizada e é hoje venerada como santa. Seu pai, Patrício, era pagão e
converteu-se apenas no leito de morte.

Como se sabe, Agostinho hoje também é considerado santo. Mas apesar das
virtudes que o levaram a esse patamar, o início de sua vida foi turbulento,
tendo experimentado a devassidão por muitos anos.

Antes de ser católico, Agostinho já era um gênio da filosofia. Ensinou retórica,


gramática e chegou a ocupar os maiores cargos que um professor poderia ter
naquela época.

Também é importantíssimo ressaltar que ele se envolveu com o maniqueísmo


antes de construir os pilares da filosofia cristã.

Veja a descrição de como Jesus morreu pela explicação de um cirurgião.

Maniqueísmo
Para os membros da seita maniqueísta, o mundo é governado por dois
poderes, dois princípios iguais em possibilidades e que se equilibram no
universo. Há um princípio bom, um deus bom, que produz as coisas boas; e um
princípio mau, um deus mau, que produz as coisas más.

Quanto mais Santo Agostinho se aprofundou no maniqueísmo e quanto mais ele


estudou algumas teorias neoplatônicas, mais ele se decepcionou com essa forma
de explicar a presença do bem e do mal no mundo.

Pela própria razão, ele foi se afastando do maniqueísmo.

Santo Agostinho e a influência platônica


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Santo Agostinho possui em sua filosofia muitas semelhanças com o pensamento


de Platão, bem como fortes divergências. Mas, como um todo, ressignificou o
pensamento platônico no cristianismo.

Platão ensinou que as almas aprendiam por reminiscência, isto é, já


sabiam o que precisavam antes de encarnarem no mundo. Após adquirirem o
corpo, a vida consistia em relembrar o que já sabiam.

Antes de virem ao mundo, as almas contemplavam a forma perfeita de todas as


coisas. Segundo Platão, elas viam o mundo das ideias. Na terra, a filosofia as
ajudava a se recordarem dessas formas, já que tudo alcançado pelos sentidos era
imperfeito.

É parte das principais ideias de Santo Agostinho defender a forma perfeita das
coisas, porém, não a reminiscência. Diferente de Platão, ele explicou que a
forma perfeita de todas as coisas existe apenas na mente de Deus.

Por essa razão, as almas não se recordam, mas aprendem cada vez mais à
medida que se aproximam de Deus. E foi o que aconteceu com ele.

Essas 19 técnicas de leitura vão te ajudar a se lembrar do que você leu.

A conversão de Santo Agostinho impactou sua


filosofia?

As principais ideias de Santo Agostinho são o reflexo de um homem já maduro e


convertido, segundo ele mesmo.

Seus estudos filosóficos e o abandono do maniqueísmo, que ele entendeu não


fazer sentido, uniram-se à sua aproximação de um outro grande nome de seu
tempo: Santo Ambrósio, bispo com quem sua mãe muito conversava e a quem
pedia que conversasse com o filho para que se convertesse.

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Santo Agostinho era um gênio da retórica, mas Ambrósio ainda o


superava. Ele tinha uma sabedoria que Agostinho ainda não tinha descoberto.

Sendo assim, quando ele ouviu Ambrósio pela primeira vez, foi impossível não
admirá-lo e querer ouvi-lo ainda mais.

Outro episódio marcante se lê em Confissões, livro onde Agostinho narra sua


vida. Ele relatou que ouviu uma voz dizer “Toma e lê”. Tendo ouvido isso,
pegou a bíblia, abriu-a e leu a primeira passagem que encontrou:

“Andemos honestamente como de dia, não em orgias e bebedices, não em


impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor
Jesus Cristo, e não vos preocupeis com a carne para não excitardes as suas cobiças”.
(Romanos 13, 13-14)

Essas palavras caíram como uma luva, iluminando sua vida, que era promíscua.

A conversão de Santo Agostinho foi um longo processo, não foi imediata. Não fez
com que ele deixasse de pensar na sua antiga vida. Ele precisou retomar a
consciência da vida inteira.

Sua consciência o acusava de ter feito certas coisas humilhantes de que


preferiria nem relembrar, mas precisava.

A conversão na vida adulta não anula todos os pecados passados.


Agostinho sondou as suas mais profundas memórias.

Uma vez convertido, foi batizado. Posteriormente, tornou-se sacerdote, bispo e


santo.

Santo Agostinho morreu em Hipona, em 28 de agosto de 430.

Esse pequeno resumo de sua vida faz sentido, porque ele mesmo diz que, depois
da castidade, sua inteligência foi iluminada. Em outras palavras, disse que ficou
mais inteligente depois que abandonou seu desregramento da carne.

Por essa razão, as principais ideias de Santo Agostinho estão relacionadas com
sua vida religiosa.

Conheça também as principais ideias de Aristóteles.

As principais ideias de Santo Agostinho

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Em resumo, as principais ideias de Santo Agostinho são agrupadas


assim:

A fé e a razão;
A primeira certeza e suas confissões;
A Iluminação divina;
O problema do mal;
O livre arbítrio.

1 – Fé e razão
Para Santo Agostinho, a razão natural é concedida por Deus aos homens
para que conheçam a verdade. Outro meio mais elevado é a Revelação. Assim
se conhece a verdade pela fé, meio que alcança o que a racionalidade não dá
conta.

De acordo com Étienne Gilson, importante filósofo e historiador da filosofia, o


pensamento agostiniano possui uma premissa fundamental: a verdadeira
filosofia, ou seja, a busca sincera pela verdade, busca necessariamente
se aderir à ordem sobrenatural.

Mesmo tendo se convertido, ele não usou os dogmas da fé para pensar sobre a
desordem do mundo. Santo Agostinho buscou fundamentos para crer e foi
tipicamente filosófico nisso.

“Crê para compreender, compreende para crer”.

Ele também problematizou a fé:

Ela apresentou um problema cognitivo de credibilidade da fonte. Ter fé é ter


mais conteúdos sobre os quais pensar, são mais problemas. O homem mal
entendeu sua vida na terra e já precisa pensar sobre o juízo final e a eternidade.

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Além disso, a fé não é uma constante, ela vai e vem, pois é uma atitude
subjetiva. Não se alcança de uma vez para sempre. A história dos santos
católicos mostra que a fé é constantemente pedida e traz novas dúvidas.

Em nenhum momento ele confundiu o conteúdo da fé religiosa com as condições


de credibilidade da alma humana.

Mesmo que a Revelação tenha seus critérios de certeza, isso não resolve
o problema do homem:

Porque ter fé nisso?


Por que aceitar esse padrão de certeza?

A certeza objetiva da fé não resolve o problema humano da certeza subjetiva. É


possível saber que algo está certo e continuar duvidando.

Santo Agostinho tenta organizar a certeza do conhecimento em vista da ordem


interna da própria alma.

A fé é um dado, um dos elementos. Crer em algo por causa da autoridade de


Deus é diferente de acreditar por ter as condições de certeza daquilo.

Fé é admissão de credibilidade e motivo de credibilidade.

A presença de Jesus era um motivo, mas e depois? Com esse motivo acredita-se
no restante. A fé não acontece sem motivo e, precisamente, esse motivo
é racional.

O cristianismo vem depois da filosofia, provoca uma continuidade mais do que


uma escolha. Somente unindo fé e razão, filosofia e cristianismo, é
possível fazer teologia.

Teologia
A teologia é o resultado da articulação e defesa dialética da fé. Trata-se da
organização e explicitação racional do conteúdo da fé em discussões
dialéticas. Isso só aconteceu no Ocidente.

A doutrina ocidental teve que unificar filosofia grega e doutrina. O ensino


religioso no Ocidente não se desligou da vida intelectual.

Na Igreja Ocidental, unificar o conhecimento era uma tarefa cristã. A vida


intelectual foi também a base da vida monástica.

O conteúdo e as técnicas da filosofia grega surgem como portadores da


mensagem cristã no ensino e na estruturação da alma. Assim nasce a
escolástica, onde a vida cristã envolvia estudos e o exercício de filosofia era
também uma prática de santidade.
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O ensino era organizado de forma que o estudioso buscava a verdade


como quem salva a própria alma.

Considerando tudo isso e muito mais, Santo Agostinho buscou um fundamento


indestrutível, uma certeza racional inegável.

2 – A primeira certeza e suas confissões


Mais de mil anos antes de Descartes, Agostinho já havia buscado um fundamento
inabalável para o conhecimento, uma certeza inquestionável.

A partir de uma análise existencial, iniciou seu projeto filosófico a partir da


certeza de que era uma alma pensante.

Diferentemente de Descartes, que pensou um “Eu” filosófico e conceitual,


separado de tudo, Santo Agostinho pensou um “Eu” existencial, com uma história
e com responsabilidade pelos atos.

Entenda o erro de paralaxe cognitiva que Descartes cometeu.

Primeiro, ele chega a ter certeza de que existe. Ao mesmo tempo, tem
certeza de que não é seu próprio fundamento. Ele sabe, pela sua história de
vida, que não se criou e que não se sustenta na existência.

Por isso, sabe também que ele não é a explicação de si mesmo. Ele sabe que
existe, mas não sabe por que existe, o que fazer com sua vida ou quem
o trouxe à vida.

Em Confissões, por exemplo, Agostinho conta a sua história porque quer saber
quem ele é. As confissões são uma sondagem em profundidade do seu “Eu”,
remontando-se ao começo da existência.

Ele enfrenta sua consciência desde a memória mais distante, de seu “Eu” mais
infantil.

Santo Agostinho percebe que só toma consciência de seu “Eu” se tomar


consciência de sua vida inteira. Essa centralidade do “Eu” foi novidade na
Antiguidade.

Toda a filosofia grega parte de um cosmos ordenado, no qual estamos inseridos.


A alma não era ainda o centro da atenção filosófica.

Ele descobre o fundamento subjetivo da certeza. A alma adquire certeza


de si mesma apenas se assume sua própria história.

3 – Iluminação divina

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A doutrina da iluminação divina está entre as principais ideias de Santo


Agostinho. Ela também é responsável por unir fé e razão, de forma que elas
juntas não se contradizem, mas apontam o mesmo caminho conforme suas
possibilidades.

Sobre a razão, Santo Agostinho alegou que se percebeu mais inteligente


por viver uma vida virtuosa, como se a imundície em que se encontrava
bloqueasse sua razão de alguma forma, cegando-o para a verdade.

Com retidão de vida, disse que passou a entender o que antes não
entendia. Disso surge o nome iluminação divina, já que acreditava que Deus
vem em auxílio do homem para ajudá-lo a alcançar um conhecimento verdadeiro.

Entre as principais ideias de Santo Agostinho, essa foi uma das que mais
influenciou a filosofia medieval. Contrariamente ao que Platão ensinou, a
iluminação divina diz ao homem que ele deve buscar a verdade com ajuda de
Deus em seu interior e não em um mundo à parte.

É preciso oração e estudo. Para ele, a vontade, movida pela graça,


desvencilha-se da concupiscência da carne; a inteligência, iluminada
pela luz da Revelação, liberta-se do ceticismo.

4 – O problema do mal
Esse tema da filosofia de Santo Agostinho está diretamente ligado ao seu
envolvimento com os maniqueus. Pela lógica, ele percebeu que não fazia
sentido acreditar na existência de um princípio mau criador de coisas
más.

Isso gerou um problema.

Afinal, de onde vem o mal então? Basta viver para perceber em si e no mundo
muitas coisas más. Se nada cria isso, porque os homens lidam com o mal no
decorrer da vida?

Se existe apenas um Deus que é bom e ele é a origem de todo o bem…

O que é o mal?
De onde vem o mal?

Para responder a essas perguntas, é inevitável considerar o tema da liberdade,


do livre arbítrio e a retomada do que alguns neoplatônicos pensaram.

Confissões é um dos livros onde Santo Agostinho explica que Deus não é autor
do mal e que o mal é uma ausência de Deus. Segundo sua filosofia, o mal
não possui essência, é um nada.

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Analogamente, o frio não possui essência, é ausência de calor. A escuridão não


possui essência, é ausência de luz. Esses exemplos mostram que não existe uma
origem para o frio ou para a escuridão senão a subtração de calor ou
luminosidade.

O mesmo se dá com o mal. A única forma dele se fazer presente é


mediante a ausência do bem.

Nada produz o mal diretamente, sendo ele sempre um fruto indireto.

O aprofundamento deste tema se encontra de forma espalhada em sua obra A


Cidade de Deus. Com mais abrangência, Santo Agostinho explica que a
ausência do bem teve seu início com a liberdade dos anjos.

Assim o mal começou, quando anjos livres escolheram não obedecer a Deus e
d’Ele se afastaram. O mal está intrinsecamente ligado ao livre arbítrio, já
que Deus não obriga nenhuma criatura racional ao bem, embora as
convide.

E porque Deus concede a liberdade se é onisciente e já sabe que muitas


escolherão o mal?

Porque, segundo Santo Agostinho, a liberdade é essencial para que haja


amor. Se as criaturas racionais, anjos e homens, não forem livres para decidir,
não amarão verdadeiramente.

Por fim, Santo Agostinho explica que todo o mal que Deus permite não supera o
bem que Ele consegue mesmo com essa permissão.

5 – Livre arbítrio
É comum pensar que o livre arbítrio é um tipo de liberdade concedida para que
se escolha entre o bem e o mal. Mas isso é um equívoco no escopo do
pensamento agostiniano.

O livre arbítrio não é concedido para que se escolha o mal, mas sim uma
condição para escolher o bem. Aqueles que escolhem o mal, usam errado a
liberdade recebida e serão mais infelizes. Em A Cidade de Deus, é essa a situação
dos demônios.

Aqueles que escolherem o bem, terão usado corretamente a liberdade recebida e


serão felizes. Essa é a situação dos santos anjos.

O mesmo se aplica aos homens.

Na verdade, Santo Agostinho explica que a função do livre arbítrio é garantir que
nenhuma criatura racional seja obrigada a amar a Deus. Não existe amor sem

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liberdade e, por isso, se o livre arbítrio for mal utilizado, afasta-se do


amor.

Comente e compartilhe. Quem você acha que vai gostar de ler sobre as
principais ideias de Santo Agostinho?

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