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MATERIAL de APOIO - Improbidade Administrativa

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IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – LEI N. 8.

429/1992 (LIA)

DISPOSIÇÕES GERAIS
 INTRODUÇÃO: Improbidade administrativa é o ato ilícito praticado contra a Administração
Pública ou entidades incentivadas pela Administração Pública capaz de acarretar enriquecimento
ilícito, lesão ao erário ou violação aos princípios regentes da Administração Pública.

 BASE CONSTITUCIONAL:
O ART. 37, §4º:
 a suspensão dos direitos políticos,

 a perda da função pública, a


 indisponibilidade dos bens e o

 ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação


penal cabível.
O OBS: esse dispositivo é uma norma de eficácia limitada, portanto depende de norma
regulamentadora para produzir efeitos  a Lei nº 8.429/92
O OBS: Segundo o STF, o fato de a LIA ter ampliado o rol de sanções mínimas originariamente
previstas na Constituição Federal não representa inconstitucionalidade (AgRg no RE
598.588).

 COMPETÊNVIA PARA LEGISLAR SOBRE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:

 SUJEITO ATIVO:
o AGENTE PÚBLICO:
o AGENTES POLÍTICOS:
 STF: A visão tradicional do Supremo Tribunal Federal, adotada no julgamento da
Reclamação Constitucional n. 2.138, de 13-6-2007, sempre foi no sentido de que a
Lei de Improbidade não se aplica aos agentes políticos (PR, M. de Estado, PGR,
M. do STF, Governador e Secretário de Estado) quando a mesma conduta já for
punida pela Lei dos Crimes de Responsabilidade – Lei n. 1.079/50.
 Cabe destacar, todavia, uma importante mudança de orientação do STF quanto
à matéria. Embora a posição ainda pareça vacilante, no julgamento da Petição
3.240, em 10-5-2018, o STF passou a entender que os agentes políticos,
com exceção do Presidente da República, encontram-se sujeitos a um
duplo regime sancionatório, e se submetem tanto à responsabilização civil
pelos atos de improbidade administrativa quanto à responsabilização
político-administrativa por crimes de responsabilidade. “Não há qualquer
impedimento à concorrência de esferas de responsabilização distintas”, disse o

Direito Administrativo – Improbidade Administrativa 1


Ministro Barroso. Para o ministro, a tentativa de imunizar os agentes políticos
das sanções da ação de improbidade administrativa a pretexto de que essas
seriam absorvidas pelo crime de responsabilidade não tem fundamento
constitucional.
 STJ: É a mesma orientação já adotada pelo Superior Tribunal de Justiça. No
julgamento da Reclamação 2.790/2009, o STJ decidiu que “excetuada a hipótese de
atos de improbidade praticados pelo Presidente da República, cujo julgamento se dá
em regime especial pelo Senado Federal, não há norma constitucional alguma que
imunize os agentes políticos, sujeitos a crime de responsabilidade, de qualquer sanção
por ato de improbidade”. Assim, para o STJ os agentes políticos estão submetidos
integralmente à LIA, com exceção do Presidente da República.

o PARTICULAR:
 Nesse sentido, veja-se decisão constante do Informativo 535 do STJ:
DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
AJUIZADA APENAS EM FACE DE PARTICULAR.
Não é possível o ajuizamento de ação de improbidade administrativa exclusivamente em
face de particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da
demanda. De início, ressalta-se que os particulares estão sujeitos aos ditames da Lei
8.429/1992 (LIA), não sendo, portanto, o conceito de sujeito ativo do ato de improbidade
restrito aos agentes públicos. Entretanto, analisando-se o art. 3º da LIA, observa-se que o
particular será incurso nas sanções decorrentes do ato ímprobo nas seguintes circunstâncias:
a) induzir, ou seja, incutir no agente público o estado mental tendente à prática do ilícito; b)
concorrer juntamente com o agente público para a prática do ato; e c) quando se beneficiar,
direta ou indiretamente do ato ilícito praticado pelo agente público. Diante disso, é inviável o
manejo da ação civil de improbidade exclusivamente contra o particular. Precedentes
citados: REsp 896.044-PA, Segunda Turma, DJe 19/4/2011; REsp 1.181.300-PA, Segunda
Turma, DJe 24/9/2010. REsp 1.171.017-PA, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 25/2/2014.

 SUJEITO PASSIVO

 ELEMENTO VOLITIVO

 NATUREZA JURÍDICA DAS SANÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA : a


responsabilidade por atos de improbidade administrativa é de NATUREZA CIVIL

 DAS MODALIDADES DE ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA : a Lei n. 8.429/92


classifica os atos de improbidade administrativa em três espécies:
1. Atos que importam enriquecimento ilícito;
2. Atos que causam dano ao erário e;
3. Atos que atentam contra os princípios da administração pública;

2 Tamyres Borges Cardoso Macedo


4. atos de improbidade administrativa decorrentes de concessão ou aplicação indevida de
benefício financeiro ou tributário (art. 10-A): novidade trazida pela Lei Complementar n.
157/2016, tipifica como improbidade qualquer ação ou omissão visando conceder, aplicar ou
manter benefício financeiro ou tributário que reduza a alíquota do Imposto sobre Serviços de
Qualquer Natureza (ISS) para patamar inferior a 2% (dois por cento), nos termos do art. 8º-A
da Lei Complementar n. 157/2016, inclusive sobre o serviço proveniente ou cuja prestação se
tenha iniciado no exterior do País. Como o novo dispositivo não menciona a variação
culposa, conclui-se que a caracterização da nova figura de improbidade exige dolo.

 DOS ATOS QUE IMPORTAM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO – ART. 9º DA LIA:


constitui ato de improbidade administrativa auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em
razão do exercício de cargo, mandato, emprego, função ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1º
da LIA;
o Características principais
 Os atos de improbidade administrativa que importam enriquecimento ilícito são
caracterizados pelo fato de, em regra, implicarem um ganho patrimonial ao agente
ímprobo; todavia, pode configurar ato de improbidade administrativa o recebimento
de vantagem para terceiro;

DICA DE PROVA

Veja-se que todos os verbos dos dispositivos acima transcritos exprimem ações pelas quais o próprio
agente aufere vantagem econômica, direta ou indireta. Por isso, nunca esquecer: quando o próprio
agente aufere a vantagem econômica decorrente da ação ímproba, o ato de improbidade importa
enriquecimento ilícito.

DOS ATOS QUE CAUSAM PREJUÍZO AO ERÁRIO – ART. 10 DA LIA

o Características principais
 Os atos de improbidade administrativa que causam dano ao erário são caracterizados
pelo fato de, em regra, implicarem um ganho patrimonial a um terceiro que não o
agente ímprobo. O agente público autor do ato de improbidade proporciona a outrem
uma vantagem às custas da administração pública;

Direito Administrativo – Improbidade Administrativa 3


o COMPROVAÇÃO DE DANO: Exige-se para caracterizar a prática de improbidade nesses
casos a comprovação efetiva de dano ao erário (STJ: REsp 1.127.143), diante da
impossibilidade de condenação ao ressarcimento por dano hipotético ou presumido (STJ:
REsp 1.038.777).

DICA DE PROVA
 Os atos que causam prejuízo ao erário não ocasionam ganho patrimonial ao agente público,
mas sim uma vantagem a terceiro em decorrência do ato daquele;
 Configuram-se, em regra, por ações praticadas pelo agente público sem a observância de
exigências legais ou regulamentares para a prática do ato;

 DOS ATOS DECORRENTES DE CONCESSÃO OU APLICAÇÃO INDEVIDA DE


BENEFÍCIO FINANCEIRO OU TRIBUTÁRIO – ART. 10-A DA LIA: constitui ato de
improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício
financeiro ou tributário contrário ao que dispõe o caput e o § 1º do art. 8º-A da LC 116/2003

 DOS ATOS QUE ATENTAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


– ART. 11 DA LIA
o Características principais
 Os atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da
administração pública são bastante genéricos, já que qualquer ato ilegal ou até mesmo
imoral atenta contra esses princípios, devendo-se, por isso, analisar detidamente a
intenção do agente, não sendo possível a prática culposa desses atos;
 Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão que viole os
deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições;

DAS SANÇÕES PARA OS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – ART. 12 DA LIA


ELEMENT PRAZO DE OUTRAS
O PROIBIÇÃO
SUBJETIVO PRAZO DE DE
NATUREZA DO ATO DE SUSPENSÃO CONTRATAR
VALOR DA
IMPROBIDADE DOS COM OU DE
MULTA CIVIL
PRATICADO DIREITOS RECEBER
POLÍTICOS BENEFÍCIOS
DA ADM.
PÚBLICA
Atos que importem
enriquecimento ilícito
Atos que causem dano
ao erário

4 Tamyres Borges Cardoso Macedo


Atos que atentam
contra os princípios da
administração pública
Atos de improbidade
decorrentes de
concessão ou aplicação
indevida de benefício
financeiro ou
tributário

 PRESCRIÇÃO
o A ação prescreve em 5 anos.
o O prazo para políticos e comissionados não começa a fluir do ato em si, mas do desligamento
da função. Havendo reeleição, o prazo se inicia a partir do encerramento do último mandato
(STJ: REsp 1.107.833).
o Súmula 634-STJ: Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na Lei de
Improbidade Administrativa para os agentes públicos.

 A independência da ação de improbidade em face de outras instâncias de responsabilização é


reconhecida em dois dispositivos da LIA:
o a) art. 12: “independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na
legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato”;
o b) art. 21, II: “a aplicação das sanções previstas nesta lei independe: II – da aprovação ou
rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de
Contas”.

Direito Administrativo – Improbidade Administrativa 5

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