SILVA, C.L. Recursos Didáticos e Ensino de Geografia
SILVA, C.L. Recursos Didáticos e Ensino de Geografia
SILVA, C.L. Recursos Didáticos e Ensino de Geografia
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Boa leitura!
APRESENTAÇÃO
RESUMO
INTRODUÇÃO
ÍNDICE
DESENVOLVIMENTO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
O presente e-book tem por base um artigo apresentado em
evento de Geografia da Universidade Estadual de Londrina, em 2015,
e constitui-se numa produção que busca analisar a necessidade
de serem utilizados, para o ensino, diferentes suportes/recursos
pedagógicos a fim de oferecer aos estudantes de licenciatura e
professores da rede caminhos metodológicos que valorizem o uso de
APRESENTAÇÃO materiais visuais e audiovisuais. Na forma de e-book, traz links que
apontam para materiais de acervos acessíveis na internet. De modo
geral, trata-se de um convite para a necessidade de experimentar o
uso de tecnologias para a representação espacial, discutindo mais a
fundo os audiovisuais.
Aborda-se aqui a importância da produção e uso de recursos
didáticos, em especial o uso de audiovisuais, para o ensino. As
reflexões apresentadas partem de práticas de ensino realizadas com
estudantes de Geografia, cujo objetivo central era problematizar as
possibilidades de criação e uso de recursos didáticos para o ensino.
Metodologicamente, os discentes foram convidados a experimentarem
RESUMO o processo de criação dos materiais didáticos a partir de temas por
eles escolhidos, que deveriam ser tratados a partir dos conhecimentos
prévios oriundos de seu cotidiano. Tal exercício de criatividade parece
fundamental, pois permite uma maior aproximação dos estudantes
com a teoria a partir de uma reflexão sobre o mundo e seu lugar nele.
Palavras-chave: Representação do espaço. Ensino. Audiovisuais.
INTRODUÇÃO
Biblioteca Municipal Mário
de Andrade
O presente texto tem por objetivo central discutir a importância da elaboração
e uso de recursos didáticos para o ensino de Geografia, tendo como principal
Fundação Pierre Verger
problemática a produção e o uso das tecnologias para a representação espacial.
Fundação Portinari Busca-se fazer uma reflexão sobre os diversos suportes que podem ser acionados
para o ensino/aprendizagem, entre eles a música, a poesia, a fotografia, as imagens
Museu Casa de Cândido (charges, tirinhas, caricaturas), audiovisuais. São muitos os meios que permitem a
Portinari transmissão de mensagens que podem auxiliar os estudantes a melhor conhecer sobre
si e o que os rodeia, ampliando também sua capacidade de expressar sua visão de
mundo. Entendendo que tais suportes são um meio de transmissão ou de produção
de saberes, busca-se aqui relatar experiências realizadas no contexto da formação de
professores licenciados no Departamento de Geografia da Unicentro (Universidade
Estadual do Centro-Oeste do Paraná), fundamentalmente na disciplina de Tecnologias
da Representação Espacial/Metodologias para o Ensino de Geografia , bem como
na disciplina de Estágio de Docência, tanto para o Ensino Fundamental quanto para
o Médio. Nessas oportunidades, nossos discentes foram convidados a pesquisarem e
produzirem recursos didáticos, utilizando os diversos suportes já apontados. A seguir,
serão apresentadas algumas das questões teóricas e metodológicas que permearam as
aulas e as práticas realizadas.
NOTAS
DESENVOLVIMENTO
NOTAS
gradativamente, parcelas do mundo subdesenvolvidos) um meio técnico em que
a ciência passou a ter um papel fundamental, ao qual, já nas décadas seguintes
da Segunda Guerra Mundial, se sucederá a construção do meio técnico-científico-
informacional (SANTOS, 1996).
NOTAS
Momentos pedagógicos do uso dos recursos didáticos
Alguns desafios se apresentam a todos os professores que produzem e/ou fazem uso
de recursos didáticos. Quando relacionados os recursos com a representação espacial,
isso se torna ainda mais complexo. Na educação universitária os estudantes, desde as
primeiras aulas, são acostumados a utilizarem o livro, o texto escrito, que resultam, ao
final de dado tempo, em nova produção textual (prova, trabalhos, seminários, etc.). No
entanto, na Educação Básica o objetivo nem sempre deve ser esse. Claro que em todos
os níveis educacionais os mais diversos suportes podem ser utilizados para a prática do
ensino-aprendizagem. Realizar a transposição didática é o principal desafio no uso de
recursos didáticos, implicando questões como: quando usar, o que usar (quais suportes
utilizar), produzir com ou para os estudantes, entre outras, que forçam o docente a
exercitar sua criatividade.
NOTAS
em que professor abre sua aula colocando uma música para audição dos estudantes,
sem maiores pretensões a princípio, apenas com o desejo de despertar o interesse
deles, deixando-os anotar, se for o caso. O mesmo vale para o uso de imagens, de um
trecho de documentário, ou outro suporte que o docente previamente tenha separado
a fim de aguçar a curiosidade de seus educandos.
Por fim, o momento mais importante e que exige maior esforço, que é a produção/
construção de um recurso didático num dado suporte. É extremamente rico ver os
estudantes se esforçando para produzirem um videodocumentário, uma mostra
de fotografias, ou outra forma de criação, que resultam de seu trabalho de pesquisa
e criação. Durante o processo criativo as dificuldades que têm que ser superadas
(localização de um problema, seu recorte teórico e metodológico, a escolha do suporte,
a divisão de tarefas, a busca pelos materiais que vão ser utilizados, a confecção do
produto em coletivo, a escolha da forma de apresentação e o público que vai prestigiar,
a avaliação constante e final do trabalho, etc.) constituem um rico caminho de produção
de conhecimento.
NOTAS
Seja em qualquer momento for, com o objetivo de introduzir, de ilustrar ou de
produzir, os docentes têm nos recursos didáticos um arsenal de ferramentas e técnicas
fundamentais para a criação de um ambiente de troca, de aprendizagem significativa,
em que todos são convidados a participarem de seu aprendizado, de modo que a
transposição didática não seja apenas a transmissão de conteúdos, mas a troca de
saberes e de estabelecimento do diálogo, atitudes vitais para a formação do ser humano.
NOTAS
A forma como o ensino ocorre é sempre mediada por algum material ou recurso,
incluindo os já consagrados quadro-negro e livro didático, passando por outros
suportes impressos, como as tirinhas, as charges, as caricaturas, os recortes de textos e
imagens de revistas e jornais, bem como outros textos como poesias, poemas e letras de
músicas, até meios mais modernos, como audiovisuais, a internet e os muitos softwares
educacionais ou não que podem ser utilizados para a realização de pesquisa ou para
ilustrar/exemplificar os temas e problemas tratados pelas diferentes disciplinas
curriculares ou não. Todos esses meios possuem características e formas de utilização
que devem ser exploradas com criatividade pelos docentes, ampliando assim o arsenal
de suportes para o ensino.
Não poucas vezes os suportes se encontram imbricados uns nos outros, cabendo
ao professor encontrar as formas de explorar ao máximo o conteúdo neles expresso.
A música é um exemplo disso, cujas letras expressam sentimentos, fatos históricos,
NOTAS
um posicionamento social, etc., que o autor/compositor/músico busca representar.
Por exemplo, a música Favela, uma composição dos anos 1920 de Padeirinho com
Jorginho, gravada, entre outros, por Jards Macalé é um exemplo bem rico de temáticas
que podem ser tratadas em sala de aula. Sua letra é uma “aula” de Geografia:
NOTAS
Segundo Diniz (2006), no Brasil, o termo favela se tornou popular no início do
século XX,
[...] após o retorno dos soldados que foram lutar no conflito de Canudos. Eles
haviam convivido, no sertão nordestino, com um arbusto local, o faveleiro –
mais popularmente favela. Quando voltaram, os soldados receberam recursos
para instalarem-se em casa própria no Rio de Janeiro. Foram nas abas do morro
da Providência que eles fizeram suas moradias – logo, por analogia, chamaram-
no de “favela carioca”. O nome foi designando outros conglomerados humanos
semelhantes, e a favela passou a ser residência de pessoas humildes nos morros
cariocas. Por sinal, foi local de construção mitológica do samba, puro, de raiz, a partir
dos anos 20 do século passado. Padeirinho (junto com Jorginho) homenageou-a
com propriedade com seu samba sincopado “Favela”. (DINIZ, 2006, p.102).
Não é difícil para o geógrafo encontrar nessa letra elementos para discussão: a
especulação imobiliária, a horizontalização das cidades e o acesso a serviços públicos,
as diferentes formas das favelas nas cidades, entre tantos outros temas que podem ser
explorados a partir dela, tanto de caráter histórico quanto propriamente geográfico.
Claro que a música por si só, como qualquer outro suporte que possa ser acionado
para o ensino, não é suficiente em si, ou seja, necessita ser trabalhado e traduzido pelo
professor, permitindo a criação de sua interpretação e aproximação ao contexto ou
problema tratado em sala de aula pelo professor com seus discentes.
NOTAS
Uma preocupação parece ser fundamental na metodologia de ensino e no processo
de aprendizagem que deve ser objeto de problematização quando discutimos a
formação dos professores, de modo geral, mas principalmente dos futuros docentes de
geografia: o que queremos que nossos discentes aprendam? Muitas respostas podem
ser elaboradas, mas uma questão central parece ser importante, que se refere ao
desejo de que eles não aprendam apenas conteúdos, mas também entendam seu papel
social, que se percebam como cidadãos atuantes, como seres pensantes que devem ser
instigados a serem criativos, a fim de conhecerem mais e melhor do mundo e de si.
Assim, uma primeira crítica deve ser dirigida ao conhecimento vazio, distante
do mundo real vivido pelo discente. Essa crítica se refere à concepção de educação
como mera memorização (decoreba) de dados e informações “frias”, desconectadas
do mundo real. Há muito tempo já se questiona na Geografia, bem como nas demais
ciências sociais, a importância para a formação do sujeito, de que ele deve ter um papel
ativo diante dos objetos que se propõe conhecer e estudar. Claro, a teoria não deve ser
deixada de lado, mas a escolha das representações da realidade (seus aspectos) deve
servir como meio no processo no qual o discente tem também papel fundamental para
a construção da aprendizagem.
NOTAS
Segundo Cavalcanti (1998), fazemos uso das representações para movermo-nos
na sociedade. A representação social, para essa autora, corresponde ao modo como o
discente vê a si mesmo e ao mundo:
O referencial teórico das representações sociais surgiu na pesquisa como um
recurso para a compreensão de concepções, ideias, conceitos e imagens sobre
Geografia, que crianças e adolescentes vão formando na sua vida cotidiana, na
qual se insere sua vida escolar. O propósito é o de verificar em que medida a
compreensão dessas representações pode indicar caminhos para a prática do
ensino de Geografia. (CAVALCANTI, 1998, p. 29).
[...] para que não nos distanciemos do ambiente em que está inserido o aluno.
Por isso, pensamos na televisão comercial que ele assiste todos os dias. É essa
que pode ser discutida em sala de aula. Quando a escola assume esse papel, está
aprofundando as críticas já realizadas pelas famílias e por outros grupos com
quem os alunos convivem. Dessa maneira, não deixamos de reconhecer o papel da
televisão no sistema capitalista, mas estaremos descobrindo o modo como nossos
alunos lidam com as informações fornecidas por esse meio, para, a partir do que
eles conhecem, incentivá-los a descobrir mais. (ALBUQUERQUE, 2006, p. 347)
NOTAS
Para Albuquerque (2006) o discente, ao chegar à escola, acaba tendo que desprezar
o que sabe em nome de uma cultura letrada, o que, para a autora, contribui para a
homogeneização cultural da população. Reintera essa autora que deixar de lado as
informações que os discentes trazem consigo para dentro da escola (que são adquiridas
também através dos veículos de comunicação de massa), termina por desprezar
conhecimentos que são deles, que fazem parte deles, inclusive dificultando que eles se
tornem capazes de criticar as informações adquiridas através da televisão.
Evidentemente, o que se propõe aqui vai além da utilização do audiovisual como fonte
ilustrativa dos conteúdos das aulas. A ideia é que se estimule os discentes, tanto em sua
formação para futuros professores, bem como posteriormente, quando já formados,
tais discentes procurem, em diálogo com seus alunos produzir com eles materiais que
traduzam sua situação geográfica e os contextos nos quais se inserem. A capacitação de
nossos discentes para a pesquisa, produção, uso e interpretação de universo de temas e
conceitos da geografia representados através de audiovisuais aparece como mais uma
ferramenta para a dinamização do estudo e das aulas de Geografia.
Para o que interessa apontar aqui, que é a importância da produção e utilização
de audiovisuais como recursos didáticos, em especial videodocumentários, a ideia é
lidar com problemas e situações concretas surgidas de temas/problemas propostos
NOTAS
pelos próprios discentes e nos quais eles estão imersos. Seria muito interessante se os
temas tratados em sala de aula deixassem de ser apenas um “conteúdo” planejado e
expresso em planos de aula e passassem a ser problematizados à luz de experiências
próprias, colocando os sujeitos do processo ensino-aprendizagem para pensar a partir
de seu lugar concreto de existência. Nesse sentido, o incentivo à produção e uso de
audiovisuais abre possibilidades para que os discentes busquem trazer para a aula
aspectos de seu mundo vivido ou de problemas que de certo modo lhes incomodam,
o que pode ainda auxiliar a tornar as aulas mais significativas, na medida em que a
informação produzida busca representar aspectos do mundo real por eles vividos.
NOTAS
Refletir sobre o uso dos recursos didáticos voltados ao ensino de Geografia
foi o objetivo do presente texto. Buscou-se aqui apontar a importância dos
estudantes de licenciatura do ensino acadêmico conhecerem e dominarem
o uso das variadas formas de representação espacial, possíveis pelo uso dos
muitos suportes educacionais presentes no atual período histórico. Utilizar
metodologicamente para a pesquisa o conhecimento prévio dos sujeitos
CONSIDERAÇÕES parece fundamental, ao mesmo tempo em que a representação espacial a
partir de audiovisuais permite a produção de informações que podem auxiliar
FINAIS
na construção de uma aprendizagem mais significativa.
Ainda na formação acadêmica, os licenciandos precisam ter acesso a
momentos em que são convidados a agir com criatividade, para o uso e/ou
criação de recursos didáticos. As tecnologias de representação do espaço
são importantes ferramentas para o ensino, sendo fundamental estimular a
prática de seu uso pelos futuros professores. A ideia é exercitar e substantivar
a reflexão sobre o ensino geográfico, tendo como suporte as ferramentas da
representação espacial.
ALBUQUERQUE, Maria Adailza Martins de. Escola e televisão. In: PONTUSCHKA,
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