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Revisão Enem Literatura

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Revisão ENEM

Prof. Regina
O que mais cai em Linguagens no ENEM

Tendências contemporâneas (23,7%)


Preceitos básicos dos estudos literários (14,3%)
Modernismo no Brasil: primeira geração (9,5%)
Origens do realismo e realismo machadiano (4,8%)
Pré-modernismo (4,8%)
Principais Autores
Alguns dos principais nomes da Literatura aparecem com frequência
em questões do ENEM. Para melhor identificar cada um deles, você
deve se atentar ao estilo textual utilizado, o contexto histórico e político
e como sua obra foi recebida pelo público na época em que foi lançada.

•Carlos Drummond de Andrade


•Manuel Bandeira
•Ferreira Gullar
•Machado de Assis
•Mario de Andrade
•Oswald de Andrade
•Vinícius de Moraes
•Luís Fernando Veríssimo
•Clarice Lispector
•José Saramago
•João Guimarães Rosa
✓ Uma das características da literatura no ENEM é cobrar apenas
escritores brasileiros, o que elimina parte dos conteúdos exigidos em
outros vestibulares, como é o caso da literatura portuguesa, na figura
de Camões. A prova sempre deu ênfase ao período modernista,
movimento iniciado na primeira metade do século 20 e que tem
como principal marco a realização da Semana de Arte Moderna.
✓ Os autores mais valorizados pelo exame, são Manuel Bandeira,
Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto e Carlos Drummond de
Andrade. O candidato precisa ter familiaridade com as
características do Modernismo.
✓Nas questões envolvendo literatura, existem três modelos de
perguntas que são mais frequentes no ENEM.
➢O primeiro consiste em analisar um poema e compreender o texto
literário, para indicar sobre o que está tratando o exemplo.
➢O segundo apresenta o poema de um autor para que o aluno
analise e identifique suas principais características.
➢ O Enem também pede para o aluno relacionar dois textos: o
literário e uma crítica feita por um especialista.
Cronologia e características dos
movimentos literários
01) O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e
morte”, do poeta romântico Castro Alves:

Oh! eu quero viver, beber perfumes


Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh'alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n'amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma...
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
–– Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.
Mas uma voz responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fria.
(ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves. Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo:
Global, 1983.)
Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o
inconformismo do poeta com a antevisão da morte
prematura, ainda na juventude. A imagem da morte
aparece na palavra:

a) embalsama.
b) infinito.
c) amplidão.
d) dormir.
e) sono.
02) No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a
personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o
Romantismo.
“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou
dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa
raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já
lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do
tempo, porque isto não é romance, em que o autor
sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e
espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto
nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía
das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e
eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins
secretos da criação.”
(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro:
Jackson,1957.)
A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao
Romantismo está transcrita na alternativa:

a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às


sardas e espinhas ...
b) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça ...
c) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia
daquele feitiço, precário e eterno, ...
d) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis
anos ...
e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins
secretos da criação.
03) O texto abaixo foi extraído de uma crônica de Machado
de Assis e refere-se ao trabalho de um escravo.

“Um dia começou a guerra do Paraguai e durou cinco


anos, João repicava e dobrava, dobrava e repicava pelos
mortos e pelas vitórias. Quando se decretou o ventre livre dos
escravos, João é que repicou. Quando se fez a abolição
completa, quem repicou foi João. Um dia proclamou-se a
República. João repicou por ela, repicaria pelo Império, se o
Império retornasse.”
(MACHADO, Assis de. Crônica sobre a morte do escravo João , 1897)
A leitura do texto permite afirmar que o sineiro João:
a) por ser escravo tocava os sinos, às escondidas, quando
ocorriam fatos ligados à Abolição.
b) não poderia tocar os sinos pelo retorno do Império, visto
que era escravo.
c) tocou os sinos pela República, proclamada pelos
abolicionistas que vieram libertá-lo.
d) tocava os sinos quando ocorriam fatos marcantes
porque era costume fazê-lo.
e) tocou os sinos pelo retorno do Império, comemorando a
volta da Princesa Isabel.
Modernismo – 1ª Fase (Manuel Bandeira)
Texto para questão 04.
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto
expediente protocolo e
[manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o
[cunho vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas
............................................................................................
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
(BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa. Rio de
Janeiro. Aguilar, 1974)
04) Com base na leitura do poema, podemos afirmar
corretamente que o poeta:
a) critica o lirismo louco do movimento modernista.
b) critica todo e qualquer lirismo na literatura.
c) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
d) propõe o retorno ao lirismo do movimento romântico.
e) propõe a criação de um novo lirismo.
05) Oximoro (ou paradoxo) é uma construção textual que
agrupa significados que se excluem mutuamente. Nas
alternativas abaixo, estão transcritos versos retirados do
poema “O operário em construção”. Pode-se afirmar que
ocorre um oximoro em:
a) "Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão."
b) "... a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão."
c) "Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava."
d) "... o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário."
e) "Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão."
(MORAES, Vinícius de. Antologia Poética. São Paulo: Companhia das
Letras, 1992.)
Modernismo – 2ª Fase – Poesia (Carlos Drummond de Andrade)
A questão 06 refere-se ao poema A dança e a alma
A DANÇA? Não é movimento,
súbito gesto musical.
É concentração, num momento,
da humana graça natural.
No solo não, no éter pairamos,
nele amaríamos ficar.
A dança – não vento nos ramos:
seiva, força, perene estar.
Um estar entre céu e chão,
novo domínio conquistado,
onde busque nossa paixão
libertar-se por todo lado...
Onde a alma possa descrever
suas mais divinas parábolas
sem fugir à forma do ser,
por sobre o mistério das fábulas.
(Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar,
1964. p. 366.)
06) A definição de dança, em linguagem de dicionário, que
mais se aproxima do que está expresso no poema é:
a) a mais antiga das artes, servindo como elemento de
comunicação e afirmação do homem em todos os momentos
de sua existência.
b) a forma de expressão corporal que ultrapassa os limites
físicos, possibilitando ao homem a liberação de seu espírito.
c) a manifestação do ser humano, formada por uma
sequência de gestos, passos e movimentos desconcertados.
d) o conjunto organizado de movimentos do corpo, com
ritmo determinado por instrumentos musicais, ruídos, cantos,
emoções etc.
e) o movimento diretamente ligado ao psiquismo do
indivíduo e, por consequência, ao seu desenvolvimento
intelectual e à sua cultura.
Modernismo – 3ª Fase (Geração de 45)
07) Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano,
sobre a função de seus textos:
“Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta,
contato denso; falo somente do que falo: a vida seca, áspera e clara do
sertão; falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na
adversidade e na míngua. Falo somente para quem falo: para os que
precisam ser alertados para a situação da miséria no Nordeste.”
Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,
a) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve
denunciar o fato social para determinados leitores.
b) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve
ser imparcial para que seu texto seja lido.
c) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva
pessoal da perspectiva do leitor.
d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o
delator do fato social para todos os leitores.
e) linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do
escritor para convencer o leitor.
(Enem 2015)
Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte
como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento
que produzira seu fulgor?
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a
conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande
novidade do dia. Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo
saberemos a verdade, sem os comentos malévolos de que usam vesti-la os
noveleiros. Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D.
Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na sociedade. Mas essa
parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os
escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda
certa emancipação feminina. Guardando com a viúva as deferências devidas à
idade, a moça não declinava um instante do firme propósito de governar sua casa
e dirigir suas ações como entendesse. Constava também que Aurélia tinha um
tutor; mas essa entidade era desconhecida, a julgar pelo caráter da
pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade, do que a velha
parenta.
ALENCAR, J. Senhora. São Paulo: Ática, 2006.
O romance Senhora, de José de Alencar, foi publicado em 1875.
No fragmento transcrito, a presença de D. Firmina Mascarenhas,
como “parenta” de Aurélia Camargo assimila práticas e convenções
sociais inseridas no contexto do Romantismo, pois

A. O trabalho ficcional do narrador desvaloriza a mulher ao


retratar a condição feminina na sociedade brasileira da
época.
B. O trabalho ficcional do narrador mascara os hábitos sociais
no enredo de seu romance.7
C. as características da sociedade em que Aurélia vivia são
remodeladas na imaginação do narrador romântico.
D. o narrador evidencia o cerceamento sexista à autoridade
da mulher, financeiramente independente.
E. o narrador incorporou em sua ficção hábitos muito avançados
para a sociedade daquele período histórico.
-- Recusei a mão de minha filha, porque o senhor é... filho
de uma escrava.
-- Eu?
-- O senhor é um homem de cor!... Infelizmente esta é a
verdade...
Raimundo tornou-se lívido. Manoel prosseguiu, no fim
de um silêncio:
-- Já vê o amigo que não é por mim que lhe recusei Ana Rosa, mas é por
tudo! A família de minha mulher sempre foi muito escrupulosa a esse
respeito, e como ela é toda a sociedade do Maranhão! Concordo que seja
uma asneira; concordo que seja um prejuízo tolo! O senhor porém não
imagina o que é por cá a prevenção contra os mulatos!... Nunca me
perdoariam um tal casamento; além do que, para realizá-lo, teria que
quebrar a promessa que fiz a minha sogra, de não dar a neta senão a um
branco de lei, português ou descendente
direto de portugueses!
AZEVEDO, A. O mulato. São Paulo: Escala, 2008
Influenciada pelo ideário cientificista do Naturalismo, a obra
destaca o modo como o mulato era visto pela sociedade de fins
do século XIX. Nesse trecho, Manoel traduz uma concepção em
que a

A miscigenação racial desqualificava o indivíduo.


B condição econômica anulava os conflitos raciais.
C discriminação racial era condenada pela sociedade.
D escravidão negava o direito da negra à maternidade.
E união entre mestiços era um risco à hegemonia dos brancos.
(Enem 2017)
Dois parlamentos

Nestes cemitérios gerais


não há morte pessoal.
Nenhum morto se viu
com modelo seu, especial.
Vão todos com a morte padrão, em
série fabricada.

Morte que não se escolhe


e aqui é fornecida de graça.
Que acaba sempre por se impor
sobre a que já medrasse.
Vence a que, mais pessoal,
alguém já trouxesse na carne.
Mas afinal tem suas vantagens
esta morte em série.
Faz defuntos funcionais,
próprios a uma terra sem vermes.
MELO NETO, J. C. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997
(fragmento).
A lida do sertanejo com suas adversidades constitui um viés
temático muito presente em João Cabral de Melo Neto. No
fragmento em destaque, essa abordagem ressalta o(a)

A inutilidade de divisão social e hierárquica após a morte.


B aspecto desumano dos cemitérios da população carente.
C nivelamento do anonimato imposto pela miséria na morte.
D tom de ironia para com a fragilidade dos corpos e da terra.
E indiferença do sertanejo com a ausência de seus próximos.
(Enem 2016)
Poema tirado de uma notícia de jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro


da Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu
afogado.

BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de


Janeiro: José Olympio, 1980.
No Poema de Manuel Bandeira, há uma ressignificação de
elementos da função referencial da linguagem pela

A atribuição de título ao texto com base em uma notícia veiculada


em jornal.
B utilização de frases curtas, características de textos do gênero
jornalístico.
C indicação de nomes de lugares como garantia da veracidade da
cena narrada.
D enumeração de ações, com foco nos eventos acontecidos à
personagem do texto.
E apresentação de elementos próprios da notícia, tais como quem,
onde, quando e o quê.
Casamento
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
PRADO, A. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991.
O poema de Adélia Prado, que segue a proposta moderna de
tematização de fatos cotidianos, apresenta a prosaica ação de
limpar peixes na qual a voz lírica reconhece uma

A expectativa do marido em relação à esposa.


B imposição dos afazeres conjugais.
C disposição para realizar tarefas masculinas.
D dissonância entre as vozes masculina e feminina.
E forma de consagração da cumplicidade no casamento.
Famigerado
Com arranco, [o sertanejo] calou-se. Como arrependido de ter começado assim,
de evidente. Contra que aí estava com o fígado em más margens; pensava,
pensava. Cabismeditado. Do que, se resolveu. Levantou as feições. Se é que se
riu: aquela crueldade de dentes. Encarar, não me encarava, só se fito à
meia esguelha. Latejava-lhe um orgulho indeciso. Redigiu seu monologar.
O que frouxo falava: de outras, diversas pessoas e coisas, da Serra, do São Ão,
travados assuntos, insequentes, como dificultação. A conversa era para teias de
aranha. Eu tinha de entender-lhe as mínimas entonações, seguir seus
propósitos e silêncios. Assim no fechar-se com o jogo, sonso, no me iludir,
ele enigmava. E, pá:
— Vosmecê agora faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é:
fasmisgerado... faz-me-gerado...falmisgeraldo... familhas-gerado...?

ROSA, J. G. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.


A linguagem peculiar é um dos aspectos que conferem a
Guimarães Rosa um lugar de destaque na literatura brasileira.
No fragmento lido, a tensão entre a personagem e o narrador se
estabelece porque

A o narrador se cala, pensa e monologa, tentando assim evitar a


perigosa pergunta de seu interlocutor.
B o sertanejo emprega um discurso cifrado, com enigmas, como se
vê em “a conversa era para teias de aranha”.
C entre os dois homens cria-se uma comunicação impossível,
decorrente de suas diferenças socioculturais.
D a fala do sertanejo é interrompida pelo gesto de
impaciência do narrador, decidido a mudar o assunto da
conversa.
E a palavra desconhecida adquire o poder de gerar conflito e
separar as personagens em planos incomunicáveis.

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