Livro - Políticas Públicas em Educação
Livro - Políticas Públicas em Educação
Livro - Políticas Públicas em Educação
Organização:
1ª edição
Rio de Janeiro
2017
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
Procurador-Geral de Justiça
José Eduardo Ciotola Gussem
Reitor
Vice-Reitor
Pró-Reitor de Graduação
Pró-Reitor de Extensão
Marcos Marques
Equipe Responsável
Organização
Bianca Mota de Moraes
Clisânger Ferreira Gonçalves
Débora da Silva Vicente
Elionaldo Fernandes Julião
Autores
Bianca Mota de Moraes
Dayse Serra
Elionaldo Fernandes Julião
Evaldo Bittencourt
Hustana Vargas
Janaína Specht da Silva Menezes
Jane Paiva
Revisão
Elionaldo Fernandes Julião
Colaboração
Diogo Antunes Lemos Fernandes
P769 Políticas Públicas de Educação / Bianca Mota de Moraes ...[et al.]. – Rio de Janeiro, RJ:
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro;
Universidade Federal Fluminense, 2016.
113p.
ISBN: 978-85-93489-01-3
Edição: 1
CDD379.81
Os autores são responsáveis pela escolha e pela apresentação dos fatos contidos nesta publicação e pelas opiniões aqui
expressas, que não são necessariamente as do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e da Universidade Federal
Fluminense e não comprometem as Instituições. As designações empregadas e a apresentação do material não implicam
a expressão de qualquer opinião que seja, por parte do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e da Universidade
Federal Fluminense, no que diz respeito ao status legal de qualquer país, território, cidade ou área, ou de suas autoridades.
Sumário
Apresentação 8
Apresentação
Em alinhamento do papel da universidade pública na formação inicial e
continuada dos profissionais que atuam na área de educação no país para a melhoria
na qualidade do ensino com o do Ministério Público na defesa da ordem jurídica, do
regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, em 2016 a
Universidade Federal Fluminense e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
celebraram convênio de cooperação.
A parceria entre as duas instituições e a União Nacional dos Conselhos
Municipais de Educação – Seccional Rio de Janeiro viabilizou, no mesmo ano, a
realização do curso de “Políticas Públicas de Educação”, com uma primeira turma
destinada a conselheiros municipais de educação do Rio de Janeiro, representantes
dos Fóruns de Educação e integrantes do Ministério Público do Rio de Janeiro.
Com o objetivo de ampliar as discussões sobre as políticas públicas de educação
no Brasil contemporâneo, com fundamentação histórica e filosófica, o projeto procurou
possibilitar a reflexão sobre as formas de contribuição dos movimentos sociais para a sua
ampliação, as lutas pelo reconhecimento da diversidade dos seus sujeitos, assim como
levantar questões que condicionam as políticas de inclusão aos determinantes econômicos.
Tivemos a honra de poder contar com professores de diversas instituições
de ensino superior do Estado do Rio de Janeiro (Universidade Federal Fluminense –
UFF, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro – UNI-RIO, Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ e
Instituto Superior de Educação do Estado do Rio de Janeiro – ISERJ).
Membros e servidores do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
(MPRJ) e do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), componentes
da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação do Estado do Rio de Janeiro
(UNCME-RJ) e da União dos Dirigentes Municipais do Estado do Rio de Janeiro (UNDIME-
RJ) somaram-se na tarefa de conferir pluralidade às exposições e aos debates.
Espelho das discussões realizadas ao longo dos trabalhos, este livro é mais
um resultado da profícua colaboração entre as entidades e instituições envolvidas e
será utilizado como material didático para as próximas edições.
A obra inicia com o capítulo “Democracia e cidadania, público e privado na
educação”, de Hustana Vargas, que resgata os nexos entre democracia, cidadania e
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Políticas Públicas de Educação
Democracia e cidadania:
público e privado na
educação brasileira 1
1 Dedico este trabalho ao querido e valoroso colega professor Osmar Fávero, em cuja companhia,
ministrando a disciplina “Educação Brasileira” no Programa de Pós-graduação em Educação da
Universidade Federal Fluminense, amadureci alguns pontos da discussão ora apresentada.
2 Professora adjunta da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação
da Universidade Federal Fluminense. Vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade Federal Fluminense. Lidera o grupo de pesquisas “Laboratório sobre
Acesso e Permanência na Universidade - LAP” e integra o Centro de Estudos sobre Desigualdade
e Desenvolvimento (CEDE) e o Programa de Educação sobre o Negro na Sociedade Brasileira
(PENESB).
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Políticas Públicas de Educação
Introdução
Em linhas gerais, as relações entre democracia, cidadania e educação são
estreitas, imediatas e obrigatórias. Porém, se introduzirmos elementos mediadores,
nos defrontaremos com pormenores que poderão perturbar a previsibilidade dessas
relações. Nesse trabalho, inicialmente resgatamos os nexos entre democracia,
cidadania e educação, para em seguida problematizá-los, utilizando como mediação
os conceitos de “público” e “privado”.
Entretanto, parece-nos que mais importante que discutir, de partida,
acepções sobre público e privado, seja perceber as formas como ambos são
incorporados nas estruturas jurídico-política, social e institucional no país.
Acreditamos que o (re)conhecimento de algumas características, e especialmente
de algumas distorções dessa incorporação, contribuem para a compreensão do
quadro de indigente afirmação do conceito de público entre nós, comprometendo
severamente as relações entre democracia, cidadania e educação.
Após revisitarmos o lugar da educação em uma sociedade escolarizada,
e resgatarmos aspectos normativos brasileiros sobre educação, mobilizamos
elementos de teoria política para mostrar efeitos da cultura política na apropriação
do conceito de público, especialmente os relacionados a uma forma particular de
federalismo e a traços constitutivos do nosso Estado e sociedade – o patriarcalismo
e o clientelismo. Na sequência dessa discussão, será possível situarmos algumas
acepções e “reinterpretações” do conceito de público em educação em nosso país.
Tudo isso considerado, mostramos efeitos concretos sobre nossa educação
pública, com os casos do Plano de Ações Articuladas (PAR), do Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (FUNDEB), dos concursos e da carreira docente, dos desvios sobre sistema
de indicação de diretores de escolas e outros, referentes a elementos do cotidiano
escolar. Nossa abordagem, para além de identificar mazelas nos setores estatal e
governamental, busca introduzir uma visão de 360º (trezentos e sessenta graus),
atenta aos óbices à democracia e à cidadania no contexto da educação onde quer
que ocorram, inclusive nas práticas da vida privada e institucional.
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3 Observadas as médias salariais crescentes por cada ano a mais de escolaridade cursada.
4 Do maior para o menor retorno: Chile, Brasil, República Checa, Portugal, França, Finlândia,
Coréia, Canadá, Nova Zelândia, Dinamarca, Noruega e Suécia.
5 Com a consequente reserva profissional de mercado. O “fechamento” é um conceito Weberiano
que indica o processo pelo qual grupos sociais procuram maximizar seus ganhos, restringindo
a um círculo limitado de escolhidos, o acesso a recursos e oportunidades. Ao mesmo tempo,
monopoliza esses mesmos recursos e oportunidades (WEBER, 1991).
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mais éticas sobre a sociedade. Por exemplo: maior rejeição à regra do “jeitinho
brasileiro” e a práticas patrimonialistas6, maior intolerância à censura e à opressão
governamentais, maior tolerância religiosa e sexual (ALMEIDA, 2007). Se tomamos
as principais normativas nacionais, temos mesmo a impressão de que o Estado
encampa a educação com a seriedade e a abrangência aqui discutidas.
Na Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), o artigo 6º, ao
enunciar os direitos sociais, inicia com a educação, sob o argumento que este direito
é garantidor dos subsequentes:
São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,
a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados,
na forma desta Constituição.
6 Na estrutura estatal patrimonial, a burocracia e a elite política lidam com os recursos do Estado
como se fossem sua propriedade particular.
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Repercussões na educação
A integração das lógicas do Estado central e dos entes federativos
subnacionais decorre de uma boa ideia: a repartição de competências federativas
estaria atenta às peculiaridades regionais, em um movimento de compatibilização
entre a unidade e suas partes. Além disso, o pacto federativo estabelece uma
“soberania compartilhada, que deve garantir a autonomia dos governos e a
interdependência entre eles” (ABRUCIO, 2013, p. 207).
O “Regime de colaboração”, nomenclatura utilizada apenas para o caso da
educação em nossa Constituição, avançou na tentativa de minimização de problemas
de desigualdades no atendimento do direito à educação para todos, conciliando
prerrogativas de autonomia dos entes federativos com políticas de articulação e de
suplementação de verbas. Dentre elas, destacaremos o Plano e Ações Articuladas11
(PAR) e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação12 (FUNDEB). Esses programas materializam
a cooperação federativa, que “exige a ação combinada das várias esferas, uma soma
11 derivado do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), coloca à disposição dos estados,
dos municípios e do Distrito Federal, instrumentos de avaliação e implementação de políticas
de melhoria da qualidade da educação, sobretudo da educação básica pública. É apresentado
como um novo regime de colaboração, conciliando a atuação dos entes federados sem lhes ferir
a autonomia, envolvendo primordialmente a decisão política, a ação técnica e o atendimento
da demanda educacional, visando à melhoria dos indicadores educacionais. Compartilha
competências políticas, técnicas e financeiras para a execução de programas de manutenção e
desenvolvimento da educação básica. Os entes federados elaboram um diagnóstico da situação
educacional local e elaboram seu planejamento, contando com recursos público. Disponível em
http://portal.mec.gov.br/par. (Acesso em 3 outubro 2016).
12 É um fundo especial, de natureza contábil e de âmbito estadual (um fundo por estado e
Distrito Federal, num total de vinte e sete fundos), formado, na quase totalidade, por recursos
provenientes dos impostos e transferências dos estados, Distrito Federal e municípios, vinculados
à educação por força do disposto no art. 212 da Constituição Federal. Além desses recursos, ainda
compõe o Fundeb, a título de complementação, uma parcela de recursos federais, sempre que
no âmbito de cada estado, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente.
Pelo menos 60% dos recursos do Fundeb devem ser usados na remuneração de profissionais
do magistério em efetivo exercício, como professores, diretores e orientadores educacionais. O
restante serve para despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino, compreendendo,
entre outras ações, o pagamento de outros profissionais ligados à educação, bem como a
aquisição de equipamentos e a construção de escolas. Independentemente da origem, todo o
recurso gerado é redistribuído para aplicação exclusiva na educação básica. Disponível em http://
www.fnde.gov.br/financiamento/fundeb/fundeb-apresentacao. (Acesso em 3 outubro de 2016).
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de esforços, e, que todas elas devem aportar recursos e iniciativas concretas, para
que se realizem os objetivos constitucionais” (BUCCI e VILARINO, 2013, p. 130).
Entretanto, sua efetividade continua como um enigma a ser decifrado no cotidiano.
No caso do PAR, trabalhos apontam problemas crônicos relativos à baixa
capacidade técnica dos propositores municipais; à descontinuidade nos programas
pela rotatividade de gestores (há relato de um caso de alternância de quatro
secretarias de educação municipal em quatro anos); à existência de escritórios
técnicos contratados para elaborar os planos, que portanto não emergiriam da lavra
das comunidades educativas; ao cronograma implacável do Ministério da Educação
prejudicando um trabalho mais amadurecido, dentre outros (FERREIRA, 2015).
Com relação ao FUNDEB, situamo-lo no contexto maior do financiamento
da educação, onde encontramos repercussões severas e abrangentes das mazelas
aqui tratadas. A partir de Davies (2014), destacamos algumas:
1. o não-cumprimento da exigência constitucional do financiamento da
educação pelas diferentes esferas de governo (federal, estadual e
municipal) e sua impunidade;
2. o discutível papel desempenhado pelos órgãos fiscalizadores
(Tribunais de Contas) dessa aplicação;
3. o desvio dos recursos pela corrupção, pela burocratização e pelo clientelismo.
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13 As regulações para contratação por concurso público estão presentes na Constituição Federal
de 1988, na LDB de 1996, e nas Novas Diretrizes Nacionais para Carreira Docente do Magistério
Público da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CEB/CNE), de 2009.
Preveem o concurso público como condição de ingresso e reforçam o que é determinado no art. 85
da LDB: qualquer cidadão habilitado com a titulação própria poderá exigir a abertura de concurso
público de provas e títulos para cargo de docente de instituição pública de ensino que estiver sendo
ocupado por professor não concursado, por mais de seis anos.
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Políticas Públicas de Educação
setor público estadual. As outras formas de assunção dos cargos são por concursos,
eleição ou uma combinação de procedimentos.
Importante frisar que cerca de 77% dos estudantes matriculados nos
anos iniciais14, alvos dessa pesquisa, estão alocados em escolas municipais, contra
23% matriculados em escolas estaduais (CENSO, 2016). Vale dizer: a maior parte
dos estudantes do ensino básico público estuda em escolas cujos diretores foram
indicados politicamente.
A indicação de diretores para as escolas públicas brasileiras
(historicamente uma escolha política local, que pode não considerar
nenhuma capacidade educacional ou de gestão) é parte da tradição
patrimonial na administração pública brasileira. Estas práticas ainda
encontram um terreno fértil, especialmente no nível municipal,
criando espaço, muitas vezes, para um clientelismo político e partidário
(OLIVEIRA e PAES DE CARVALHO, 2015, p. 13).
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Políticas Públicas de Educação
Para concluir
Anísio Teixeira definia a escola pública como a raiz ou a fábrica de democracia.
Certamente à democracia se associa facilmente o conceito de cidadania. Mas apenas
por integrar a rede pública, a escola não traz consigo prerrogativas inatas acerca
de práticas democráticas e cidadãs. Muitos elementos correlatos à nossa cultura
política concorrem para perturbar o melhor sentido do público em nosso país. Nesse
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Políticas Públicas de Educação
sentido, procuramos demonstrar que a delimitação das esferas pública e privada nas
atribuições do Estado, mesmo que bem estabelecidas textualmente, são afetadas
pela conformação real do público e do privado entre nós.
As situações concretas que trouxemos para ilustração desse ponto de
vista, são recorrentemente analisadas por autores no âmbito da teoria política e
da pesquisa educacional, como tributárias de problemas relacionados ao nosso
débil pacto federativo, bem como às nossas heranças e práticas patrimonialistas e
clientelistas. Procuramos demonstrar que os nexos entre democracia, cidadania e
educação ficam absolutamente esgarçados sob essas influências.
Nosso objetivo foi contribuir para o alargamento da compreensão de alguns
processos, mas também de chamar à responsabilidade os agentes da educação
em nosso país. Se nosso sistema federativo previu para todas as esferas político-
administrativas, parcelas de poder normativo e executivo sobre a Educação, na
esfera dos “pequenos poderes”, também há muito espaço para o desenvolvimento
e a prática do espírito público, republicano, democrático e cidadão. A compreensão
mais acurada dessa articulação deve orientar a ação dos profissionais da Educação,
do Direito, da Política e da própria sociedade.
Por outro lado, assim como a ditadura militar perpetrada entre os anos 64 e
85 em nosso país foi reconhecida como civil-militar após vários estudos (DREIFUSS,
1981), o reconhecimento de que problemas na esfera educativa pública não decorrem
apenas a partir de desmandos do Estado ou dos governos, mas atingem também
as ações de grupos de interesse instituídos, das comunidades educativas e das
famílias, nos possibilitará melhores condições de evitar atitudes não republicanas
e estabelecer um plano de co-responsabilidades ou de responsabilidades cruzadas.
Costuma-se dizer, a esse respeito, que expor e reconhecer os problemas costuma ser
o primeiro e grande passo para superá-los.
Finalizamos com uma reflexão otimista, com a qual nos colocamos em acordo.
O de um Estado hipertrofiado, burocratizado e ineficiente, ligado
simbioticamente a uma sociedade debilitada, dependente e alienada.
É da superação deste padrão histórico e de suas consequências
que depende nosso futuro. E como o passado é contraditório e o
futuro aberto e pronto para ser construído, é possível ser otimista
(SCHWARTZMAN, 2007, p. 33).
Não há soluções prontas, e o processo está aberto. Ele é tão mais complexo
quanto incorpora elementos culturais, que, como sabemos, não se modificam por
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REFERÊNCIAS:
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Políticas de Educação
na atualidade como
desdobramento da
Constituição Federal e
da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação
Evaldo de Souza Bittencourt16
16 Mestre em Políticas Públicas e Formação Humana pela UERJ, Membro da Diretoria da União
Nacional dos Dirigentes Municipais do Estado do Rio de Janeiro (UNDIME/ RJ), do Fórum Estadual
de Educação do Rio de Janeiro (FEE/ RJ), do Conselho Estadual de Educação do Estado do Rio de
Janeiro (CEE/ RJ) e do Fórum Municipal de Educação do Município de São Pedro da Aldeia (FME),
onde também exerce a função de Secretário Municipal de Educação.
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Introdução
Os momentos de intensas expectativas no cenário de grandes transformações
sociais, políticas e econômicas no Brasil são evidentes, tendo como pano de fundo
as crises governamental e ética, a instabilidade financeira, a fragilidade das forças
convergentes para fortalecimento da garantia de direitos e, especificamente, um
grande abismo entre o que foi planejado para os avanços educacionais nas próximas
décadas e as medidas que estão sendo tomadas pelo Governo Federal, com graves
consequências para as esferas subnacionais – os Estados e os Municípios – que têm
grande responsabilidade com a educação básica. Neste contexto de profundas
mudanças, onde e como fica a educação e, mais ainda, como torná-la de qualidade
para a grande maioria ou mesmo a totalidade do povo brasileiro?
Em um cenário de incertezas conjunturais e fragilidades estruturais, o
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro – por meio do Centro de Apoio
Operacional (CAO Educação) – promove o debate para facilitar a compreensão
dos momentos atuais e apontar melhores decisões, tanto na esfera de atuação do
próprio Ministério Público, como dos gestores da educação e dos conselhos de
controle social no território fluminense.
Antes de prosseguir para alcançar, ainda que parcialmente, os objetivos
propostos pela discussão da temática, registro a satisfação de ter representado a
União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME/RJ) na condição de
membro de sua Diretoria e de Secretário Municipal de Educação de São Pedro da
Aldeia - RJ e de ter dividido uma das mesas de debate do Curso de Políticas Públicas
de Educação com a Professora Doutora Rachel Villardi da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro e com o Professor Doutor André Lázaro, ex-Secretário da Secretaria
de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação e
também Professor da UERJ. A possibilidade da troca sempre contribui para a ampliação
de visões, perspectivas, utopias e horizontes em momentos turbulentos e de baixa
coesão social, como os que estão em curso na sociedade brasileira, desafiando-nos à
constante construção coletiva da convergência republicana como alavanca democrática
de superação de tantos problemas, muitos deles já bem conhecidos e outros tantos
novos, que afetam sobremaneira a educação de nosso país.
Relevante esclarecer que este texto surge como uma contribuição reflexiva
e uma tentativa do registro das apresentações e considerações do autor naquele
evento, cujas bases de pesquisa estão alicerçadas na dissertação de Mestrado
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série insistem em retratar um país que, lamentavelmente, não conseguiu, até hoje,
fazer seu dever de casa, o que se pode comprovar com dados recentes do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira do Ministério da
Educação (INEP/MEC):
A meta do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) dos
anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º) para 2015 foi alcançada
por 74,7% das redes municipais. O resultado demonstra o esforço dos
municípios, que respondem por 82,5% das matrículas nesse nível de
ensino na rede pública. As metas não foram cumpridas nos anos finais
do Ensino Fundamental (6º ao 9º), apesar do índice ter evoluído. No
Ensino Médio, a meta do IDEB não foi alcançada e o índice permanece
estagnado desde 2011. O indicador relaciona o desempenho dos
estudantes em avaliações de larga escala, obtidas pela Prova Brasil/
Saeb, com dados do fluxo escolar, via Censo Escolar do Ensino
Básico. Os anos finais do Ensino Fundamental também melhoraram
no índice, passando de 4,2, em 2013; para 4,5, em 2015; embora não
tenham alcançado a meta para este ano, de 4,7. Nesse nível de ensino
as responsabilidades estão divididas: a rede estadual responde por
43,6% dos alunos e a rede municipal, por 41,7%. (BRASIL, 2016).
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Vinculação (%)
ENTES EC nº EC nº
FEDERADOS CF 1934 CF 1946 CF 1988
CF 1937 CF 1967 01 / 24 / ?
(Art.139) (Art.169) (Art.212)
1969 1983
União 10* 10 - 13 18
Revogou Revogou
Estados/DF 20 a 20 a - 25 25
vinculação vinculação
Municípios 10 20 20 25 25
(*)A Constituição de 1934 subvinculava 20% da alíquota da União para o ensino rural (art. 156).
Notas: (1) a Emenda Constitucional n°1, de 1969, associou a vinculação à receita tributária e não à
receita de impostos, conforme fizeram as demais Cartas Constitucionais; (2) poder-se-ia acrescentar
ao quadro as determinações: I) da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n° 4.024/1961),
que vinculou 12% dos impostos da União e 20% dessa mesma receita dos estados, Distrito Federal e
municípios à manutenção e desenvolvimento do ensino (art. 92), e; II) da Lei de Diretrizes e Bases do
Ensino de 1° e 2° Graus (Lei n° 5.692/1971), que repetiu a vinculação determinada pela EC n° 1/1969 e
acrescentou que os municípios aplicassem no ensino de 1º grau pelo menos 20% das transferências
recebidas do Fundo de Participação (art. 59).
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REFERÊNCIAS:
ARAUJO, Raimundo Luiz Silva. Desvendando o perfil dos gastos educacionais dos
municípios brasileiros. Educ. Soc., Campinas , v. 33, n. 121, p. 1215-1233, dez. 2012.
BITTENCOURT, Evaldo de Souza. Políticas públicas para a educação básica no Brasil,
descentralização e controle social. Dissertação (Mestrado em Educação) – UERJ-
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1988.
______. Congresso Nacional. Lei Federal n°.: 9.394/96 das Diretrizes e Bases da
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______. Congresso Nacional. Lei Federal n°.: 10.172/01. Aprova o Plano Nacional de
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O Plano Decenal e o
Sistema Nacional de
Educação
Elionaldo Fernandes Julião17
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Políticas Públicas de Educação
Introdução
Com a promulgação da Constituição Federal (CF) em 1988 e com a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN – Lei. 9394/1996), a educação
passa a ser reconhecida com um direito de todos no Brasil, “visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho” (CF, art. 205).
Conforme o art. 211 da CF, visando a assegurar educação com o mesmo
padrão de qualidade a toda a população do país, “a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas
de ensino”, estabelecendo normas e procedimentos comuns válidos para todo o
território nacional.
Como um conjunto unificado que articula todos os aspectos da educação
no país, esse sistema não pode ser compreendido como um grande guarda-chuva
com a mera função de abrigar sistemas (27 estaduais e 5.565 municipais) de ensino,
supostamente autônomos entre si, mas sim construir uma unidade dos vários
aspectos ou serviços educacionais mobilizados no país, intencionalmente reunidos
de modo a formar um conjunto coerente que opera eficazmente no processo de
educação da sua população.
Segundo a LDBEN, no seu Título IV (Da Organização da Educação Nacional), Art. 8º:
§ 1º. Caberá à União a coordenação da política nacional de educação,
articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função
normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias
educacionais.
§ 2º. Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos
desta Lei.
Conforme Saviani (2010, p. 382), o sistema nacional de ensino “não pode ser
uma unidade monolítica, indiferenciada, mas unidade da diversidade, um todo que
articula uma variedade de elementos que, ao se integrarem ao todo, nem por isso
perdem a própria identidade; ao contrário, participam do todo, integram o sistema
na forma de suas respectivas especificidades”.
No seu art. 214, a CF determina que:
A lei estabelecerá o plano nacional de educação (PNE), de duração
decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação
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Já o seu art. 212, § 3°, estabelece que “a distribuição dos recursos públicos
assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, nos
termos do plano nacional de educação”: aplicação de, no mínimo, 18% pela União e
25% pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, da receita resultante de impostos,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino.
Com o objetivo de cumprir ao que determinam o art. 214 da Constituição
Federal Brasileira e os artigos 9º, inciso I, e 87, parágrafo 1º da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, que não apenas preconiza o Plano Nacional de Educação,
mas também define como incumbência da União, elaborar o Plano “em colaboração
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios”, cabendo aos Estados “elaborar
e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e
planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e as de seus
municípios” (art.10, inciso III), a duração e o referencial desse plano estão assim
previstos: “a União, no prazo de um ano, a partir da publicação desta lei, encaminhará
ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas para
os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para
Todos” (Art. 87, § 1°).
Neste sentido, o Plano Nacional de Educação é um instrumento definido em
função da política educacional a ser implementada, da legislação que lhe dá suporte
e das condições humanas, materiais e financeiras à disposição da sociedade. Seu
principal objetivo é atender às necessidades educacionais da população.
Conforme Jamil Cury (1998, p. 164):
é um programa de realizações para ser cumprido e executado em um
certo período (definição cronológica), dentro de objetivos a serem
atingidos e para os quais se pleiteiam os meios, inclusive pecuniários,
necessários para a implementação adequada.
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METAS DESCRIÇÃO
Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola
para as crianças de 4 a 5 anos de idade e ampliar a oferta
Meta 1: Educação de educação infantil em creches de forma a atender, no
Infantil mínimo, 50% das crianças de até 3 anos até o final da
vigência deste PNE.
Universalizar o ensino fundamental de 9 anos para toda a
Meta 2: Ensino população de 6 a 14 anos e garantir que pelo menos 95%
Fundamental dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada,
até o último ano de vigência deste PNE.
Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a
Meta 3: Ensino população de 15 a 17 anos e elevar, até o final do período
Médio de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no
ensino médio para 85%.
Universalizar, para a população de 4 a 17 anos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação
Meta 4: Educação básica e ao atendimento educacional especializado,
Especial/Inclusiva preferencialmente na rede regular de ensino, com a
garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de
recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços
especializados, públicos ou conveniados.
Meta 5: Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º
Alfabetização ano do ensino fundamental.
Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50%
Meta 6: Educação das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25%
Integral dos alunos da educação básica.
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Políticas Públicas de Educação
Considerações Finais
Segundo o Ministério da Educação, através do seu Portal “PNE em Movimento”19,
até o presente momento (2016), 25 estados da federação sancionaram os seus planos
estaduais de educação. Somente o Rio de Janeiro e Minas Gerais ainda estão em processo.
O Rio de Janeiro somente está com o seu “Documento Base” elaborado e não realizou a
discussão para a sua aprovação no estado. Já Minas Gerais enviou a sua proposta para o
legislativo e aguarda a sua aprovação junto à Assembleia Legislativa.
Poucos também foram os municípios que não sancionaram os seus planos
municipais. Na região norte do país, por exemplo, somente 2 municípios no Maranhão20
não sancionaram. Na região nordeste, somente 7 municípios da Bahia21. E na região sudeste
somente 2 municípios do Espírito Santo22; 2 do Rio de Janeiro23; 5 de Minas Gerais24; e 10 de
São Paulo25 não sancionaram os seus planos.
Depois de mais de uma década de incentivo à participação social e de
empoderamento da sociedade civil nas discussões políticas e sociais, estamos vivendo
um dos momentos mais críticos da história da nossa democracia. Em um contexto de crise
política, econômica, institucional e ética como a que estamos vivendo hoje no Brasil, com o
golpe parlamentar e empresarial que aprovou o injustificado impeachment em agosto de
2016 orquestrado por uma parte da sociedade conservadora (e apoiado por instituições
que se afirmam republicanas), põe em risco conquistas históricas das classes populares e
trabalhadoras.
Os últimos acontecimentos no país – destacando-se o resultado das últimas
eleições em 2016 em várias capitais do Brasil, principalmente em São Paulo e Rio de
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Políticas Públicas de Educação
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REFERÊNCIAS:
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Financiamento da
educação básica: da
receita de impostos ao
FUNDEB
Janaina Specht da Silva Menezes26
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Políticas Públicas de Educação
Introdução
A existência do Estado se associa à consecução do bem comum, devendo
a sociedade constituir-se na destinatária dos recursos arrecadados pelos governos
(BRASIL, 2008). Sob essa perspectiva, a arrecadação de tributos tem por objetivo
subsidiar financeiramente o Estado no cumprimento de sua função social, relacionada
especialmente à garantia dos direitos sociais inscritos no texto constitucional27, entre
os quais a educação, não por acaso, está disposta em primeiro lugar no conjunto de
tais direitos.
Essas reflexões contribuem para o fortalecimento da compreensão de
que o direito de todos, e de cada um, à educação – determinado no Art. 205 da
Constituição Federal de 198828 (BRASIL, 1988) – associa-se, entre outros aspectos, à
concomitante garantia de fontes estáveis, regulares e suficientes de recursos. Logo,
possíveis fragilidades na estrutura de financiamento dos direitos sociais impõem,
como consequência, prováveis debilidades à garantia de tais direitos. Já a ausência
dessa estrutura, por sua vez, evanesce o dispositivo constitucional.
Em meio ao contexto de tais inquietações, o presente artigo tem por
objetivo apresentar alguns apontamentos sobre o financiamento da educação
básica no Brasil. Nesse sentido, abarca, em linhas gerais, sua principal fonte de
recursos, qual seja, a receita de impostos para, a partir dela, apresentar algumas
reflexões sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Seria desejável que também
fossem apresentados aqui alguns aspectos sobre a contribuição social do salário-
educação, bem como sobre os royalties do petróleo, a participação especial e o
fundo social do pré-sal. Todavia, as limitações associadas à dimensão da presente
publicação remetem tal apresentação a uma outra oportunidade.
27 De acordo com a Constituição Federal de 1988, com redação dada pela Emenda Constitucional
n° 90/2015, “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” (BRASIL, 2015, Art. 6°).
28 A Constituição de 1988 estabelece que “A educação, direito de todos e dever do Estado e
da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho” (BRASIL, 1988, Art. 205).
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Políticas Públicas de Educação
A receita de impostos
No que diz respeito à receita de impostos, principal fonte de financiamento
da educação no País, a Constituição Federal de 1988 determina que:
Art. 212. União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento,
no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino (BRASIL, 1988, Grifos meus).
A vinculação constitucional, disposta no Art. 212, busca garantir a destinação
de um percentual mínimo da receita resultante de impostos, compreendidas
as transferências, para a educação, por parte de cada um dos entes federados.
Resumidamente, a vinculação constitucional de recursos para a educação, doravante
nomeada vinculação, estabelece um limite mínimo de investimento em educação no País.
Sobre a vinculação, cumpre destacar, de início, alguns aspectos. O primeiro
diz respeito ao fato de incidir exclusivamente sobre a receita de impostos, e não
sobre a receita tributária29. O segundo se associa à necessária compreensão de que
incide sobre o volume total de impostos, incluindo, sob essa perspectiva, a receita
de: (1) impostos próprios da União, Estados, Distrito Federal e Municípios (BRASIL,
1996, Art. 68, Inciso I); (2) transferências constitucionais e outras transferências
que tenham por base os impostos (BRASIL, 1996, Art. 68, Inciso II); bem como (3)
receitas correspondentes à dívida ativa30, juros e multas, associados ao pagamento
de impostos.
O Quadro 01 busca possibilitar uma maior clarificação de quais sejam os
impostos próprios, segundo a esfera de arrecadação.
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Políticas Públicas de Educação
Esfera de
Impostos Sigla
arrecadação
Imposto sobre importação II
Imposto sobre exportação IE
Imposto sobre a renda ou proventos de qualquer natureza IR
Imposto sobre produtos industrializados IPI
União31
Impostos sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou
IOF
relativas a títulos ou valores mobiliários
Imposto sobre a propriedade territorial rural ITR
Imposto sobre grandes fortunas IGF
Imposto sobre a transmissão causa mortis e doação, de
ITCMD
quaisquer bens ou direitos
Estados e
Imposto sobre operações relativas à circulação de
Distrito mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte ICMS
Federal interestadual e intermunicipal e de comunicação
Imposto sobre a propriedade de veículos automotores IPVA
Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana IPTU
Imposto sobre a transmissão de bens imóveis e de direitos
Municípios reais inter vivos
ITBI
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O FUNDEB
Criado por meio da Emenda Constitucional n° 53/2006 (BRASIL, 2006) e
regulamentado pela Lei n° 11.424/2007 (BRASIL, 2007) e pelo Decreto n° 6.253/2007
(BRASIL, 2007), o FUNDEB teve sua vigência estabelecida para o período 2007-2020.
De natureza contábil34 e de âmbito estadual35, o Fundo direciona uma parcela dos
recursos integrantes da vinculação constitucional – 20% das receitas de alguns
impostos e transferências dos estados, Distrito Federal e municípios, bem como de
receitas correspondentes à dívida ativa, juros e multas relacionadas aos respectivos
impostos – para a educação básica, mais especificamente, para “a manutenção e ao
desenvolvimento da educação básica pública e à valorização dos trabalhadores em
educação, incluindo sua condigna remuneração” (BRASIL, 2007, Art. 2°).
Além desses recursos, relacionados no Quadro 4, é possível observar que
o FUNDEB também agrega em sua composição recursos federais, transferidos às
instâncias subnacionais, à título de complementação financeira.
34 Implica que o Fundo não tem personalidade jurídica, que não é órgão administrativo ou gestor,
correspondendo, apenas, a um sistema de contas bancárias, por meio do qual os recursos são
direcionados diretamente para o objetivo a que se propõe, qual seja, financiar a educação básica.
35 Temos 27 fundos no País (um por estado e um do Distrito Federal), os quais não se inter-relacionam.
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Políticas Públicas de Educação
Unidade da
Recursos que integram o FUNDEB
Federação
Fundo de Participação dos Estados (FPE)
Fundo de Participação dos Municípios (FPM)
Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias
e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação ICMS)
Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às
exportações (IPIexp)
Imposto sobre a transmissão causa mortis e doação, de quaisquer
Estados, bens ou direitos (ITCMD)
Distrito Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA)
Federal e
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (cota-parte dos
Municípios
Municípios) (ITRm)
Recursos relativos à desoneração de exportações de que trata
a Lei Complementar nº 87/1996 (“Lei Kandir”)
Arrecadação de imposto que a União eventualmente instituir no
exercício de sua competência (cotas-partes dos Estados, Distrito
Federal e Municípios)
Receita da dívida ativa tributária, juros e multas relativas aos
impostos acima relacionados.
União Complementação federal
36 A complementação foi fixada em, no mínimo, 2,0 bilhões de reais, 3,0 bilhões de reais e 4,5
bilhões de reais, do primeiro ao terceiro ano de vigência do Fundo, devendo tais montantes
serem atualizados, anualmente, de forma a preservar seu valor real (BRASIL, 2006).
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Políticas Públicas de Educação
3.Creche conveniada
0,80 0,95 0,95 1,10 1,10 1,10 1,10
em tempo integral
4.Creche conveniada
0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80
em tempo parcial
37 O texto original da Lei n° 11.494/2007 determinava que os repasses de recursos, por meio
do Fundeb, para a pré-escola conveniada deveria ocorrer apenas pelo período de quatro anos.
Todavia, vale observar que, se, em um primeiro momento, este prazo foi ampliado para o ano
2016, posteriormente o “cômputo das matrículas das pré-escolas, comunitárias, confessionais ou
filantrópicas, sem fins lucrativos, conveniadas com o poder público” passou a ser admitido “até a
universalização da pré-escola” (BRASIL, 2007, Art. 8°, §3°), prevista na Lei 13.005/2014 (BRASIL,
2014, Meta 1), que aprovou o Plano Nacional de Educação 2014-2024. No que tange à oferta de
educação infantil (creche e pré-escola) em instituições privadas conveniadas, convém destacar
que os recursos do Fundeb não são repassados diretamente a essas instituições, mas para os
municípios, “os quais não são obrigados a repassar integralmente o valor/aluno disponibilizado
pelo Fundo para essas instituições, devendo investir a diferença entre o valor recebido e o
repassado, na ampliação da rede própria” (PINTO, 2016, p. 142).
38 Tais ponderações, cuja determinação é de responsabilidade da Comissão Intergovernamental
de Financiamento para a Educação Básica de Qualidade (BRASIL, 2007, Art. 12), variam no
intervalo de 0,70 a 1,30, sendo que o ensino fundamental urbano adota como fator de referência
o valor 1 (um) (BRASIL, 2007, Art. 10, Inciso XIX, §§ 1° e 2°).
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Políticas Públicas de Educação
5.Pré-escola em tempo
0,90 1,15 1,20 1,25 1,30 1,30 1,30
integral
6.Pré-escola em tempo
0,90 0,90 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
parcial
7.Anos iniciais do
ensino fundamental 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
urbano
8.Anos iniciais do
ensino fundamental no 1,05 1,05 1,05 1,15 1,15 1,15 1,15
campo
10.Anos finais do
ensino fundamental 1,15 1,15 1,15 1,20 1,20 1,20 1,20
no campo
11.Ensino fundamental
1,25 1,25 1,25 1,25 1,30 1,30 1,30
em tempo integral
16. Educação especial 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20
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Políticas Públicas de Educação
Fonte: Com base nas resoluções aprovadas anualmente pela Comissão Intergovernamental de
Financiamento para a Educação Básica de Qualidade para os exercícios de 2007 a 2017.
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Políticas Públicas de Educação
Algumas considerações
A necessária atenção ao FUNDEB se faz associar ao concomitante
acompanhamento da vinculação constitucional de recursos para a educação. Nesse
sentido, tomando por base as seguintes considerações: (1) que a Constituição
Federal de 1988 vincula, no mínimo, 25% da receita de impostos e transferências
dos estados, Distrito Federal e municípios à MDE; (2) que o FUNDEB subvincula 20%
de algumas destas receitas (relacionadas no Quadro 4) à educação básica, e, ainda;
(3) que a instituição dos Fundos estaduais e distrital, por meio do FUNDEB, “não
isenta os estados, Distrito Federal e municípios da obrigatoriedade da aplicação na
manutenção e desenvolvimento do ensino” (BRASIL, 2007, Art. 1°, Parágrafo Único),
observa-se que, de modo a cumprir os percentuais mínimos dispostos no Art. 212 da
Constituição Federal de 1988, ainda deverão ser destinados à MDE: (I) pelo menos
5% dos recursos que compõem a “cesta” de recursos do FUNDEB, mas que ficam fora
dele; bem como (II) pelo menos 25% da receita dos demais impostos e transferências
(que não entram na composição do Fundo).
O entendimento de que a vinculação constitucional de recursos para a
educação e o FUNDEB encontram-se organicamente imbricados – haja vista que
este se constitui subvinculação daquela – conduz à compreensão de que o estudo,
o acompanhamento e a avaliação de um remete, naturalmente, ao outro. Sob essa
ótica, percebe-se que, mesmo que ambos tenham sido criados em épocas diferentes,
eventuais limitações à vinculação trarão como consequência modificações na
70
Políticas Públicas de Educação
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Lei nº 7.348, de 24 de julho de 1985. Dispõe sobre a execução do § 4º do art. 176 da
Constituição Federal, e dá outras providências. Diário Oficial da União [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 25 jul. 1985.
_____. Constituição [de 1988] da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 out. 1988.
_____. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Diário Oficial da União [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 dez. 1996.
_____. Lei Complementar n° 87, de 13 de setembro de 1996. Dispõe sobre o imposto dos Estados
e do Distrito Federal sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, e dá outras providências.
(LEI KANDIR). Diário Oficial da União [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 set.
1996b.
_____. Emenda Constitucional n° 53, de 19 de dezembro de 2006. Dá nova redação aos arts.
7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao art. 60 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias. Diário Oficial da União [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
DF, 20 dez. 2006.
_____. Lei n° 11.494, de 20 de junho de 2007. Regulamenta o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, de
que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei no 10.195, de 14
de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nos 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880,
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Políticas Públicas de Educação
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Políticas Públicas de Educação
O papel do Controle
Social na implementação
das políticas públicas
de educação no Brasil
contemporâneo
Bianca Mota de Moraes40
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Políticas Públicas de Educação
“Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que
prepara as democracias. Essa máquina é a da escola pública.”
Anísio Teixeira
Introdução
74
Políticas Públicas de Educação
41 Sob esta ótica são dignos de transcrição os incisos I, II, VI e o parágrafo único do art. 4º da Lei
Federal nº 13.257/16: As políticas públicas voltadas ao atendimento dos direitos da criança na
primeira infância serão elaboradas e executadas de forma a: I - atender ao interesse superior da
criança e à sua condição de sujeito de direitos e de cidadã; II - incluir a participação da criança na
definição das ações que lhe digam respeito, em conformidade com suas características etárias e
de desenvolvimento; (...) VI - adotar abordagem participativa, envolvendo a sociedade, por meio
de suas organizações representativas, os profissionais, os pais e as crianças, no aprimoramento da
qualidade das ações e na garantia da oferta dos serviços; (...) Parágrafo único. A participação da
criança na formulação das políticas e das ações que lhe dizem respeito tem o objetivo de promover
sua inclusão social como cidadã e dar-se-á de acordo com a especificidade de sua idade, devendo
ser realizada por profissionais qualificados em processos de escuta adequados às diferentes formas
de expressão infantil.
75
Políticas Públicas de Educação
Após ser espelhada no art. 3º, VIII c/c 14 da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação e pinçada como objetivo no Plano Nacional de Educação de 200142, a
democratização do ensino público não se fez acompanhar, por exemplo, sequer de
lei regulamentadora que consubstanciasse a diretriz então fincada no item 11.2 do
segundo documento:
(...) cada sistema de ensino há de implantar gestão democrática. Em
nível de gestão de sistema na forma de Conselhos de Educação que
reúnam competência técnica e representatividade dos diversos setores
educacionais; em nível das unidades escolares, por meio da formação de
conselhos escolares de que participe a comunidade educacional e formas
de escolha da direção escolar que associem a garantia da competência
ao compromisso com a proposta pedagógica emanada dos conselhos
escolares e a representatividade e liderança dos gestores escolares.
42 (itens I-2; II-1.3-16; 2.3-9; 3.3-13; 4.3-22; 4.4-32 e 11.3.1-21 da Lei Federal nº 10.172/01).
43 Art. 37. Os Municípios poderão integrar, nos termos da legislação local específica e desta Lei,
o Conselho do Fundo ao Conselho Municipal de Educação, instituindo câmara específica para
o acompanhamento e o controle social sobre a distribuição, a transferência e a aplicação dos
recursos do Fundo, observado o disposto no inciso IV do § 1º e nos §§ 2º, 3º , 4º e 5º do art. 24
desta Lei. (...) § 2º Aplicar-se-ão para a constituição dos Conselhos Municipais de Educação as
regras previstas no § 5º do art. 24 desta Lei.
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Políticas Públicas de Educação
buscariam o formato mais apropriado à sua realidade para organizar seus sistemas
democráticos de ensino, aprofundando-se em temas como os aqui em tela.
Esta era, inclusive, a proposta da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, no
inciso VIII do art. 3º44. Porém, não foi o que aconteceu.
Emergiu, então, em 2014, por intermédio da Lei Federal nº 13.005/14, o
Plano Nacional de Educação, atualmente em vigência, que renovou em seu artigo
2º, VI45 e na meta 19, o compromisso com a gestão democrática do ensino público.
Desta vez, o objetivo veio acompanhado de dois diferenciais no Plano: (a)
a previsão de um prazo, no artigo 9º46, especificamente para a elaboração de leis
estaduais e municipais sobre a gestão democrática do ensino público e (b) estratégias
mais claras para a sua consecução, como as dos itens 19.1 e 19.5 a 19.747.
Cabe salientar que, conforme proposto no Relatório do 1º Ciclo de
Monitoramento das Metas do PNE Biênio 2014-2016 apresentado pelo INEP-MEC:
(...) o conceito de gestão democrática da escola está ancorado no fato
de: a escolha de diretores ocorrer a partir de critérios técnicos de mérito
e desempenho, associados à participação da comunidade escolar;
a escola possuir autonomia pedagógica, administrativa e de gestão
financeira; a elaboração de projeto pedagógico, currículos escolares,
planos de gestão escolar, regimentos escolares e constituição de
44 Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: (...) VIII - gestão democrática
do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino.
45 Art. 2º. São diretrizes do PNE: (...) VI - promoção do princípio da gestão democrática da
educação pública.
46 Art. 9º. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão aprovar leis específicas para os
seus sistemas de ensino, disciplinando a gestão democrática da educação pública nos respectivos
âmbitos de atuação, no prazo de 2 (dois) anos contado da publicação desta Lei, adequando,
quando for o caso, a legislação local já adotada com essa finalidade.
47 19.1 - priorizar o repasse de transferências voluntárias da União na área da educação para
os entes federados que tenham aprovado legislação específica que regulamente a matéria na
área de sua abrangência, respeitando-se a legislação nacional, e que considere, conjuntamente,
para a nomeação dos diretores e diretoras de escola, critérios técnicos de mérito e desempenho,
bem como a participação da comunidade escolar; 19.2 - ampliar os programas de apoio e
formação aos(às) conselheiros (...); 19.5 - estimular a constituição e o fortalecimento de
conselhos escolares e conselhos municipais de educação, como instrumentos de participação
e fiscalização na gestão escolar e educacional, inclusive por meio de programas de formação
de conselheiros, assegurando-se condições de funcionamento autônomo; 19.6 - estimular a
participação e a consulta de profissionais da educação, alunos(as) e seus familiares na formulação
dos projetos político-pedagógicos, currículos escolares, planos de gestão escolar e regimentos
escolares, assegurando a participação dos pais na avaliação de docentes e gestores escolares;
19.7 - favorecer processos de autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira nos
estabelecimentos de ensino.
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Políticas Públicas de Educação
78
Políticas Públicas de Educação
48 A esse respeito, veja-se a Lei Federal nº 12.852/13 que institui o Estatuto da Juventude: Art.
4º O jovem tem direito à participação social e política e na formulação, execução e avaliação das
políticas públicas de juventude. Parágrafo único. Entende-se por participação juvenil: I - a inclusão
do jovem nos espaços públicos e comunitários a partir da sua concepção como pessoa ativa,
livre, responsável e digna de ocupar uma posição central nos processos políticos e sociais; II - o
envolvimento ativo dos jovens em ações de políticas públicas que tenham por objetivo o próprio
benefício, o de suas comunidades, cidades e regiões e o do País; III - a participação individual e
coletiva do jovem em ações que contemplem a defesa dos direitos da juventude ou de temas
afetos aos jovens; e IV - a efetiva inclusão dos jovens nos espaços públicos de decisão com direito
a voz e voto.
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Políticas Públicas de Educação
49 De acordo com a Lei Federal nº 12.852/13: Art. 12. É garantida a participação efetiva
do segmento juvenil, respeitada sua liberdade de organização, nos conselhos e instâncias
deliberativas de gestão democrática das escolas e universidades.
50 Neste ponto, cabe realçar também o disposto na estratégia 7.16, da meta 7 do PNE:
“fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do
fluxo escolar e da aprendizagem (...); 7.16 - apoiar técnica e financeiramente a gestão escolar
mediante transferência direta de recursos financeiros à escola, garantindo a participação
da comunidade escolar no planejamento e na aplicação dos recursos, visando à ampliação da
transparência e ao efetivo desenvolvimento da gestão democrática” (grifos nossos).
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Políticas Públicas de Educação
51 Em sintonia com o que estabelecem leis federais recentes, tal como a 13.146/15: Art. 28.
“Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar
e avaliar: (...) VIII - participação dos estudantes com deficiência e de suas famílias nas diversas
instâncias de atuação da comunidade escolar”.
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Fica claro que esses colegiados têm potencial para se tornarem esferas
privilegiadas de comunicação, deliberação e fiscalização da sociedade em relação
ao poder público, experiência que não deve nem pode ser desperdiçada no Brasil
contemporâneo.
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Políticas Públicas de Educação
REFERÊNCIAS:
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Políticas Públicas de Educação
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Políticas Públicas de Educação
Contradições na
formulação das políticas
de educação: inclusão/
exclusão, autonomia,
cidadania, qualidade
como consequência
dos fatores legais e de
financiamento
Jane Paiva53
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Políticas Públicas de Educação
Introdução
A discussão de formulação de políticas de educação tem sido um tema
bastante requerido em nossos estudos e pesquisas no campo da educação de jovens e
adultos (EJA). O movimento existente pós-Constituição de 1988 (CF) e a organização
da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD)54
no primeiro Governo Lula, no Ministério da Educação (MEC), para cuidar da área
estimulou — e até mesmo induziu — nos pesquisadores o desejo de compreender,
apreender e intervir nesse campo, pelo fato de haver, na sociedade em geral e em
movimentos em defesa da EJA, como os fóruns estaduais de EJA, um acúmulo de
conhecimentos e aprendizados da problemática dispostos a travar interlocuções com
os gestores institucionais, com vista a aperfeiçoar e melhor responder às demandas
dos sujeitos a quem as políticas se destinavam.
Nesse sentido, o desafio que cabia aos pesquisadores se ampliava, pois além
de propor questões de investigação e desenvolver pesquisas que as respondessem,
também mantinham-se em alerta militante para resistir e negociar as propostas
políticas que se formulavam com argumentos capazes de fazer frente às máquinas
administrativas que as conduziam e gestionavam. Nem sempre os movimentos
e a militância tinham êxito no que faziam, mas em muitos casos a qualidade das
interlocuções e dos diálogos qualificaram de tal maneira os gestores que a prática foi
se instituindo e possibilitando que o exercício coletivo da formulação política se desse
para muitos programas, projetos e defesas regulatórias de aspectos referentes a elas.
Portanto, o tema abraçado para esse texto se faz como resultante desses
percursos enlaçados e, entre as possíveis discussões que pode suscitar, a escolha
que fiz recai sobre aspectos da política que vieram conduzindo a formulação de
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que a EJA é uma modalidade — um modo próprio de garantir o direito a quem foi
interditado à educação no tempo da infância, cumprindo mais tarde a escolarização
desejada, ainda que não se possa garantir sua obrigatoriedade, feita segundo
necessidades de um público que não é mais criança, mas que não perdeu, por isso,
seu direito ao reconhecimento de que atingiu — e que a escola pode legitimar, pela
oferta de um modo de atendimento específico —, os níveis de escolaridade de EF e/
ou de EM — etapas a eles devidas como educação básica.
De posse desse entendimento, também a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDBEN, 1996) fixa marcos legais sobre como compreender a oferta para
sujeitos jovens e adultos, especialmente, mas que, na atualidade, passados quase 20
anos da promulgação dessa lei ordinária, não pode dispensar os sujeitos idosos, cuja
prevalência na composição do corte geracional da população brasileira vem mudando
o perfil piramidal que sempre nos caracterizou como uma população jovem, cuja base
ampla tinha a infância e a juventude em maioria no contingente total de habitantes.
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Se no país levamos tantos anos para assumir que a educação integra um rol de
direitos sociais, a advertência de Bobbio (1992) serve de alerta para compreender como
se constituem esses direitos: “os direitos nascem nem todos de uma vez, nem de uma
vez por todas”. Para Bobbio (1992, p. 5), este é um processo contínuo, e quanto mais
se experienciam direitos, mais se percebe que o horizonte para eles pode estar mais
adiante, e que muitos outros podem ser conquistados e reivindicados como tal. No caso,
então, da educação, pode-se assumir que a condição de direito à educação — defendida
desde 1948 na Declaração de Direitos Humanos como direito humano fundamental — é
um princípio que norteia e põe no eixo próprio toda e qualquer política de educação.
Nas escolas, portanto, o direito à educação precisa se traduzir pelo acesso, a
oferta de vagas — o que não basta. O direito só se faz se garantida a permanência e
o sucesso da aprendizagem, ou seja, pela ideia de que não basta garantir a matrícula,
a vaga, oferecendo um currículo que espante e afaste crianças, adolescentes, jovens
e adultos do gosto pelo conhecimento e pelo saber. Poder-se-ia dizer que a garantia
do direito, nesse plano cotidiano traduz-se pelo projeto político-pedagógico que as
escolas assumem, tornando visíveis e inegociáveis sua finalidade, seu compromisso
com quem servir e com o êxito da sua tarefa.
Como a educação não pode ser confundida com ensino, mas assumida como
ação intencional que humaniza os sujeitos porque visa à sua formação contínua,
ininterrupta, desde que nasce até o momento em que morre, fruto das suas vivências
e experiências nos mais distintos espaços e ambientes de aprendizagem, chega-se
a outro princípio básico na formulação de políticas públicas: o de que aprender é
a atividade que move os sujeitos no mundo. E gera-se, então, a contradição entre
a ideia de que políticas públicas de educação regram ou regulam o campo do
ensino — tão corrente e de tão fácil assimilação pela sociedade — versus a de que
políticas públicas levam a oportunidades de os sujeitos vivenciarem experiências
de igualdade social e de conhecimento, para que por meio delas possam aprender.
Portanto, aprender é o princípio que fundamenta a política, porque esta sim é a ação
do sujeito no mundo, diversa da que o pensa como ser passivo, que precisa “escutar”
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Fonte: Foto da autora feita em um mural em espaço cultural em Coyoacán, México, 2015.
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concorre com sua identidade para o bem viver coletivo e plural, pelo exercício da
democracia nas práticas cotidianas.
A relação entre direito e cidadania é recente na cultura humana. Três séculos
de tensões, proposições, novas tensões, direito e desigualdade. Lutas sociais e
avanços, mas também perpetração desigual de privilégios e de negação da igualdade
entre sujeitos marcaram essa história.
Cidadania compreendida pelo exercício da participação democrática e do
controle social – fundamentos da gestão democrática que possibilita o controle
do Estado nos inevitáveis avanços sobre a autonomia dos sujeitos e dos interesses
coletivos, representado não somente pela formulação e aplicação da política como
pensada pelos tecnocratas e/ou burocratas da administração; mas política pensada,
especialmente, como a que se conforma pelos gestores que, representando o
Estado em suas funções, em macro e micro espaços educativos, extrapolam por
vezes a autoridade a eles conferida e maculam o exercício da democracia — que as
pode controlar e assegurar o curso das políticas, em benefício dos destinatários.
A existência de conselhos representativos de agentes sociais e educacionais, de
estudantes, de comunidade, como vem sendo proposto e formulado pela legislação
que organiza os fundamentos da participação social é um dos dispositivos instituídos
que pode possibilitar o avanço do fazer da política pública. Entretanto, cabe destacar
que não é o único dispositivo, e seguramente a atuação de um servidor público
concursado, que serve à população, e não aos poderes constituídos em seu espaço
de trabalho — no caso das políticas de educação, primordialmente as escolas — é
também um poderoso dispositivo de oferecer a mão do Estado para cumprir seu
dever diante da população. Ou seja, cada um de nós, servidores, profissionais da
educação representamos o Estado quando em serviço, cabendo-nos atuar no sentido
de que políticas públicas — e seus princípios fundamentais — estejam assertivamente
garantidos, sem esperar a decisão de outrem, de superiores, de instâncias que não
chegam até nós. Somos, portanto, o Estado, e como tal é nosso dever cumprir com
determinação e engajamento os procedimentos que asseguram o direito à educação
para todos.
O sentido e a compreensão desse princípio se relacionam indelevelmente a
mais um outro: o da qualidade como horizonte da ação educativa (mais que educacional).
A polissemia do termo ultrapassa condições materiais; põe em jogo relações humanas
e afetos; implica necessariamente a condição do sujeito como aprendente por toda a
vida. A qualidade, portanto, não se faz apenas na dimensão dos sujeitos que estudam
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na escola, mas se enlaça com os que transitam e orbitam em torno deles, em todos os
espaços sociais e políticos que os conformam como sujeitos de direito para quem a
escola pode ser um poderoso dispositivo de formação humana e política.
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ações nefastas”. Sem democracia, enfatiza, esses direitos se confundem com as razões
do Estado, persistindo em forma de simulacro ou de rebeldia, desprovido do conteúdo
da cidadania, dos direitos humanos, dos direitos coletivos.
REFERÊNCIAS:
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro:
Campus, 1992.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão. Documento Nacional Preparatório à VI Conferência
Internacional de Educação de Adultos. Versão atualizada na CONFINTEA Brasil+6.
Brasília: MEC, 2016.
_______. Plano Nacional de Educação 2014-2024: Lei n. 13.005, de 25 de junho de
2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências.
Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2014.
PAIVA, Jane. Onde a vida pode ser outra. In: CECCON, Claudius, PAIVA, Jane
(coords.). Bem pra lá do fim do mundo. Uma experiência na Baixada Fluminense. Rio
de Janeiro: CECIP, 2000. p. 19-43.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do
cosmopolitanismo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Os direitos invisíveis. In: OLIVEIRA,
Francisco de, PAOLI, Maria Célia (orgs.). Os sentidos da democracia. Políticas do
dissenso e hegemonia global. Petrópolis: Vozes; Brasília: NEDIC, 1999. p. 307-334.
SPOSITO, Marília P. A ilusão fecunda. A luta por educação nos movimentos
populares. São Paulo: HUCITEC: EdUSP, 1993.
UNESCO. Marco de Ação de Belém. VI Confintea. Brasília: Unesco: MEC, abr. 2010.
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A Educação Inclusiva de
alunos com Transtorno
do Espectro Autista
Dayse Serra58
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Introdução
Durante o ano de 2016, através de uma importante parceria entre o
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e a Universidade Federal Fluminense,
foi realizado o curso “Políticas Públicas de Educação” para conselheiros municipais
de educação e promotores de justiça do MPRJ. A mesa que se realizou no dia 06
de julho do corrente ano abordou o tema “Políticas de educação e concepções sobre
diversidade”. Contou também com a presença dos professores Iolanda Oliveira (UFF)
e Rosana Glat (UERJ).
A professora Iolanda Oliveira abordou de forma brilhante como o racismo
é socialmente e culturalmente construído no Brasil, trazendo aos participantes o
processo histórico do preconceito e do estigma relacionado ao negro. A professora
Rosana Glat, de forma igualmente brilhante, nos honrou com a apresentação das
políticas públicas e legislações que envolvem a educação inclusiva de nosso país. A
mim coube apresentar e discutir com os participantes a educação inclusiva dos alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e é sobre este tema que pretendemos
abordar neste artigo.
Quando tratamos da inclusão do aluno com TEA pensamos em igualdade de
direitos e na sua aprendizagem e desenvolvimento. De acordo com o DSM5, publicado
no ano de 2013 (APA, 2013), o TEA é definido como especialmente um transtorno
neurobiológico que afeta principalmente o desenvolvimento da linguagem e da
interação social. Há níveis de gravidade e uma infinidade de combinações de sintomas
que fazem de cada quadro uma situação muito peculiar.
Temos um preocupante quadro no cenário mundial. Estamos trabalhando
com a proporção de 1:68. Isso significa, 1 caso para 68 nascimentos. Há quinze anos
falávamos na proporção de 5:10.000. O que pesquisadores do tema se perguntam
é se há de fato um aumento em progressões geométricas ou se estamos nos
aprimorando na forma de identificar o TEA. O fato é, independentemente de não
sabermos ainda as razões para um aumento tão preocupante, existe uma urgência
para que o Estado promova políticas públicas de atenção à pessoa com TEA e seus
familiares (TEIXEIRA, 2013).
Pretendemos com este artigo, discutir o cenário da educação inclusiva do
aluno com TEA e os desafios que encontramos no cotidiano das escolas.
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O aluno com TEA na escola regular
Por escola regular entendemos aquelas que possuem classes inclusivas, ou
seja, não trabalham com classes especiais nas quais os alunos são matriculados de
forma segregada e separados por suas deficiências. As escolas regulares têm sido
lugar de conflitos pelos desafios impostos a cada dia.
De um lado, os familiares falam da recusa da matrícula quando anunciam
na recepção que seus filhos possuem um diagnóstico de TEA, quando relatam as
angústias em relação ao futuro e das dificuldades que encontram em relação
ao acompanhamento da aprendizagem dos seus filhos. Há dúvidas sobre todo o
processo pedagógico e seus efeitos sobre o desenvolvimento de seus filhos.
Por outro lado, profissionais da educação que não se sentem preparados
para atuar no campo das deficiências, termo usado pela Lei Brasileira de Inclusão
(Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015), que passou a vigorar em 1 de janeiro de 2016.
Além das dificuldades no cotidiano, os profissionais de educação também falam do
número de alunos, da formação insuficiente para elaborar planos educacionais e
adaptar as atividades de maneira que tenham um mínimo de certeza de estar no
caminho certo (SANTOS, 2014).
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Para que inclusão educacional se torne uma realidade e que o aluno seja
sujeito desse processo, além do principal beneficiado, é necessário resignificar o
que é currículo, o que entendemos por aprendizagem, fazer escolhas sobre quais
conteúdos serão trabalhados, como serão ensinados e avaliados, se tais conteúdos
são realmente importantes para os alunos, o número de alunos por turma e os
profissionais que precisarão atuar. Além disso, como a inclusão se insere na proposta
pedagógica da escola e no projeto político-pedagógico.
A inclusão precisa representar um movimento da escola que faz como parte
da sua filosofia de educação e não algo que precisamos cumprir sob a forma da lei
para evitar as sanções legais (SERRA, 2016).
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A recusa dos alunos com necessidades especiais nas escolas ainda é muito
grande ou porque a escola não possui estrutura ou porque ainda é assustador realizar
um trabalho no campo das diferenças e, sem dúvida, como já citamos em outros
trabalhos, a pior das exclusões é a inclusão mal planejada e executada (SERRA, 2008).
Não podemos restringir a inclusão ao modelo no qual a matrícula é aceita,
mas a permanência da criança se resume à convivência social e a aprendizagem
sistemática não é concretizada (STAINBACK, 1999). É preciso que os familiares tenham
o direito da matrícula e a garantia que as instituições proverão a aprendizagem de
seus filhos.
É preciso que o Estado seja de fato assessor e gestor do processo de inclusão
educacional provendo recursos e apoios para que as instituições escolares se mantenham
e executem um trabalho de excelência com todos os alunos (MICHELS, 2016).
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Considerações finais
Necessitamos que haja uma articulação das políticas públicas que envolvem
saúde, educação e ação social. A saúde porque precisamos que os profissionais
médicos estejam aptos a reconhecer os sinais de riscos e atrasos no desenvolvimento
da criança com TEA.
Diante desse reconhecimento, encaminhar para as escolas infantis e creches
e, então, o melhor dos mundos é que o professor e equipe pedagógica como um
todo saiba de que forma agirá para educar adequadamente os alunos com TEA.
O domínio de técnicas e procedimentos fará toda a diferença na educação
desses alunos e poderá ser decisiva. Costumamos dizer que a escola é a “melhor das
terapias”. Embora não tenha uma finalidade clínica, é neste espaço que a criança
permanece por mais de quatro horas diárias, tem contato com os seus pares e é
estimulada por um espaço pedagógico que promove a aprendizagem.
Todo aluno com necessidades especiais precisa ter o Plano de Atendimento
Educacional Especializado. Este documento é um importante norteador para a
promoção da aprendizagem dos alunos que necessitam de atendimento especializado.
É necessário que ele represente o projeto político-pedagógico da instituição
e os princípios da inclusão. Deve representar as metas a alcançar com cada aluno,
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REFERÊNCIAS:
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