IntArt U3
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Representação de
Conhecimento, Lógica
Proposicional e
Lógica de Primeira
Ordem
3
1. OBJETIVOS
• Conhecer, refletir e discutir os fundamentos relacionados
à Lógica e à Representação de Conhecimento.
• Aplicar os conceitos sobre Lógica e Representação de Co-
nhecimento.
• Conhecer, refletir e discutir os fundamentos da Lógica
Proposicional.
• Aplicar os conceitos sobre Lógica Proposicional.
• Conhecer, refletir e discutir os fundamentos referentes à
Lógica de Primeira Ordem.
• Aplicar os conceitos sobre Lógica de Primeira Ordem.
2. CONTEÚDOS
• Agentes racionais.
• Formalização do conhecimento.
110 © Inteligência Artificial
• Representação e inferência.
• Propriedades dos mecanismos para raciocínio formal.
• Lógica Proposicional: formalização, limitações, implemen-
tação computacional e utilização prática.
• Lógica Clássica de Primeira Ordem: formalização, limita-
ções, implementação computacional e utilização prática.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, estudamos técnicas de resolução de
problemas baseadas em buscas em espaços de estados. Já a par-
tir desta unidade, estudaremos técnicas de representação e reso-
© U3 - Representação de Conhecimento, Lógica Proposicional e Lógica de Primeira Ordem 113
5. AGENTES RACIONAIS
O objetivo da grande maioria dos sistemas em Inteligência
Artificial é a resolução de problemas "concretos", envolvendo
ações que manipulam objetos do mundo físico ou caracterizam
interações entre agentes inteligentes – por exemplo, entre seres
humanos e computadores ou entre sistemas computacionais au-
tomatizados e totalmente autônomos.
Alguns exemplos desses sistemas são programas para con-
trolar o comportamento de robôs autônomos, que se enquadram
na categoria de sistemas para manipular objetos físicos, e sistemas
para processamento de linguagem natural, que se enquadram na
categoria de sistemas que caracterizam interações entre pessoas
e, também, entre pessoas e computadores.
Os robôs autônomos são dispositivos computacionais capa-
zes de se locomover de forma autossuficiente em um ambiente, se
localizar nesse ambiente e decidir que ações devem executar em
cada momento, com base nas informações do ambiente coletadas
6. CÁLCULO LÓGICO
Um cálculo lógico é caracterizado por:
• um alfabeto – um conjunto de símbolos que podem ser
representados computacionalmente. Para a Inteligência
Artificial, de maneira geral, consideramos apenas alfabe-
tos enumeráveis, de forma que os símbolos sejam indexa-
dos por números naturais;
• uma sintaxe – determina como podemos combinar sím-
bolos em estruturas complexas;
• um mecanismo de inferência – determina como pode-
mos, a partir de estruturas de símbolos preexistentes,
fazer certas estruturas surgirem, serem alteradas ou de-
saparecerem.
7. LÓGICA PROPOSICIONAL
No tópico anterior, introduzimos as técnicas de representa-
ção e resolução de problemas baseadas em lógicas formais.
Neste item, estudaremos uma lógica específica, a Lógica Pro-
posicional, a qual permite um tratamento matemático e computa-
cional relativamente eficiente, embora comparada a outras lógicas
mais sofisticadas seja pouco expressiva. Isso implica que certos
problemas não possam ser representados e resolvidos utilizando
essa lógica.
A Lógica Proposicional Clássica é um cálculo lógico específi-
co, que apresenta poder expressivo e propriedades matemáticas e
computacionais interessantes para a utilização na representação
do conhecimento na Inteligência Artificial.
Embora essa lógica se mostre, em determinadas situações,
insuficientemente expressiva para descrever certos problemas
com um nível de detalhamento apropriado, em muitos casos prá-
ticos, ela é considerada suficiente.
© U3 - Representação de Conhecimento, Lógica Proposicional e Lógica de Primeira Ordem 123
g) ψ → ( ψ V φ)
h) (ψ → φ) → ((ξ → φ) → ((ψ V ξ) → φ))
i) (ψ → φ) → ((ψ → ┐φ) → ┐ψ)
j) ┐┐φ → φ
Vale ressaltar que os axiomas básicos se aplicam a sentenças
bem formadas genéricas, ou seja, cada um deles na verdade carac-
teriza não apenas um único axioma, mas toda uma classe – todas
as sentenças bem formadas que obedeçam ao padrão definido
para aquela classe.
A regra de inferência do sistema lógico hilbertiano determi-
na que, se tivermos uma sentença da forma (φ → ψ) e uma sen-
tença da forma φ, poderemos construir a sentença da forma ψ. Ou
seja, a regra de inferência cria novas sentenças lógicas a partir das
previamente existentes. Se as sentenças utilizadas como “matéria-
prima” na regra de inferência forem sentenças bem formadas, en-
tão a sentença resultante da aplicação da regra de inferência tam-
bém será bem formada. Adicionalmente, conforme veremos mais
adiante, uma regra de inferência bem definida deve preservar a
veracidade das sentenças, ou seja, se a sua "matéria-prima" for
composta por sentenças verdadeiras, a sentença criada pela regra
de inferência também deve ser verdadeira.
Esse cálculo lógico é correto e completo com relação a inter-
pretações que classificam as sentenças bem formadas da Lógica
Proposicional como verdadeiras ou falsas, desde que essas inter-
pretações satisfaçam algumas propriedades essenciais. As proprie-
dades que precisam ser satisfeitas são:
• Todas as sentenças precisam ser inequivocamente classi-
ficadas como verdadeiras (V) ou falsas (F), de maneira que
qualquer uma delas bem formada é rotulada com exata-
mente um dos rótulos dentre V ou F. Nenhuma sentença
recebe dois rótulos, e nenhuma fica sem rótulo nenhum.
• Os axiomas – tanto os próprios como os básicos – são
classificados como verdadeiros (V).
Exemplo
Um mecânico está com um automóvel que não dá a partida,
e em um determinado momento elimina todas as possibilidades
© U3 - Representação de Conhecimento, Lógica Proposicional e Lógica de Primeira Ordem 127
Exemplo
Consideremos um time de futebol composto por 11 jogadores
titulares e quatro reservas, totalizando 15 jogadores no time. Para
simplificar, não nomearemos os jogadores, identificaremos cada
um pelo número da camisa que usam. Assim, teremos os jogadores
1, 2,... 15. O técnico desse time pode querer construir um sistema
baseado em Inteligência Artificial – um agente inteligente – que o
auxilie na escalação. Ele pode, por exemplo, iniciar com a Lógica Pro-
posicional e construir regras na forma de sentenças lógicas.
Uma dessas regras pode determinar que se o jogador 1 esti-
ver com boas condições físicas, ele poderá jogar, ou seja, b1 → j1.
Da mesma forma, o técnico pode utilizar esse mesmo critério para
o jogador 2, produzindo a regra b2 → j2.
Mecanismo de inferência
O mecanismo de inferência da Lógica de Predicados de Pri-
meira Ordem apresentado nesta unidade é similar ao mecanismo
de inferência apresentado para a Lógica Proposicional na unidade
anterior.
Ele é composto por um conjunto de axiomas básicos que in-
duzem ao comportamento esperado para os conectivos e quantifi-
cadores – garantindo, assim, a sua coerência com as interpretações
formais propostas a seguir – e um conjunto de axiomas próprios
que caracterizam propriedades específicas de um problema que
esteja sendo resolvido. A esses dois conjuntos de axiomas, são
acrescentadas três regras de inferência, que permitem construir
novas sentenças a partir de sentenças anteriores.
Os axiomas básicos da Lógica de Predicados de Primeira Or-
dem são os seguintes:
a) φ → (ψ → φ)
b) (φ → (ψ → ξ)) → ((φ → ψ) → (φ → ξ))
c) φ → (ψ → (φ & ψ))
d) (φ & ψ) → φ
e) (φ & ψ) → ψ
f) φ → (ψ V φ)
g) ψ → (ψ V φ)
h) (ψ → φ) → ((ξ → φ) → ((ψ V ξ) → φ))
i) (ψ → φ) → ((ψ → ┐φ) → ┐ψ)
j) ┐┐φ → φ
k) ∀ x φ → φ (x/t), em que φ (x/t) indica a fórmula obtida
a partir da fórmula φ, substituindo cada ocorrência da
variável x em φ pelo termo t. Para que essa substituição
ocorra, exige-se ainda que x não esteja ligada a nenhum
quantificador em φ, e que x não ocorra no termo t.
l) φ (x/t) → ∃ x φ, em que φ (x/t) indica uma fórmula ob-
tida como no axioma anterior, no qual a variável x e o
termo t atendam as mesmas condições que no axioma
anterior.
© U3 - Representação de Conhecimento, Lógica Proposicional e Lógica de Primeira Ordem 137
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
As questões autoavaliativas foram propostas para que você
possa verificar sua aprendizagem e a necessidade de retomar os
estudos da unidade.
1) Os axiomas básicos servem, intuitivamente, para carac-
terizar as propriedades que queremos que sejam válidas
a respeito dos conectivos da:
a) Lógica do Analisador de Riscos.
b) Lógica de Inferência.
c) Lógica Proposicional.
d) Lógica de Atribuição.
e) Lógica Pura.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) c.
2) c.
3) a.
10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, estudamos técnicas de representação e reso-
lução de problemas baseadas em lógicas formais, que têm como
características a expressividade e a flexibilidade para representar
problemas e suas soluções. A maior dificuldade das técnicas base-
adas em Lógica reside em conseguir que elas sejam computacio-
nalmente eficientes.
Aprendemos que a Lógica Proposicional é bastante utilizada
na resolução de problemas práticos e tem a qualidade de admitir
um tratamento computacional relativamente eficiente. A sua ex-
pressividade, entretanto, é limitada, conforme estudaremos nas
unidades seguintes.
Também estudamos a Lógica de Predicados de Primeira Or-
dem. Outras lógicas podem ser definidas, ainda mais expressivas
que essa, porém, a dificuldade conceitual e notadamente a com-
plexidade computacional associada a essas lógicas podem ser
enormes. A Lógica de Predicados de Primeira Ordem, ademais,