ARTIC Laje Protendida Com Cordoalhas Engraxadas LOUREIRO 2006
ARTIC Laje Protendida Com Cordoalhas Engraxadas LOUREIRO 2006
ARTIC Laje Protendida Com Cordoalhas Engraxadas LOUREIRO 2006
e-mail: giordano@giordano.eng.br
Resumo
Esse artigo é um guia para o projeto de pisos protendidos e inclui um conjunto de critérios baseados no ACI
318M-05 e na NBR 6118/2003.
Primeiro, são mostradas as vantagens dos pisos protendidos com cordoalhas engraxadas.
A seguir, são feitas algumas considerações em relação às juntas de construção, à contribuição das lajes
lisas à estabilidade global da estrutura e à disposição dos apoios em planta para evitar perda da pré-
compressão devido às restrições impostas,
Para os tipos mais comuns de lajes protendidas, são indicadas as geometrias, espessuras mínimas e as
relações vão/altura para o pré-dimensionamento.
Foram incluídos os métodos de análise das lajes armadas em duas direções, com ênfase no método do
pórtico equivalente, recomendado pelo ACI 318.
Foi usado o conceito de carga balanceada para representar a influência da protensão pelas cargas
equivalentes.
São apresentados os critérios básicos para o dimensionamento e distribuição dos cabos e armaduras
passivas mínimas.
Abstract
This paper is a guideline for the design of post-tensioned floors and includes a set of criteria based on ACI
318M-05 and NBR 6118/2003.
First, the advantages of post-tensioned floors with unbonded tendons are shown.
Some considerations are done regarding to joints of construction, contribution of the flat slabs to the whole
stability of the structure and the suitable arrangement of supports on plan, in order to avoid loss of pre-
compression due to restraining.
The most common two-way slab systems are presented with their geometries, minimum slab thickness and
preliminary sizing of members, with its typical span-depth ratios.
It was included the methods of analysis of two-way slab systems, with emphasis on the Equivalent Frame
Method, recommended by ACI 318.
The load-balancing concept was used to represent the influence of prestressing by equivalent loads.
The basic criteria for the design and layout of tendons and minimum passive reinforcement are presented.
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Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto.
1 Introdução
São poucas as publicações nacionais sobre o projeto de lajes lisas e cogumelos
protendidas com cordoalhas engraxadas.
O objetivo desse trabalho é apresentar os principais critérios atualmente adotados no
projeto dessas lajes, de acordo com o ACI 318-05 e a NBR 6118/2003.
As lajes protendidas com cordoalhas não aderentes têm sido executadas nos EEUU,
principalmente na Califórnia, desde o final da década de 50.
Milhões de metros quadrados de lajes construídas e em bom estado de serviço, atestam o
excelente desempenho desta tecnologia e dos métodos de cálculo e de detalhamento
utilizados no projeto das mesmas.
- Com relação à esbeltez (L/h), estas lajes são capazes de vencer grandes vãos utilizando
pequenas espessuras e apresentando fissuração e flechas reduzidas, pois, além da pré-
compressão, a protensão balanceia grande parte das cargas permanentes e somente
uma parte da carga total é que provoca flechas e tensões de tração no concreto. Como,
normalmente, essas tensões são inferiores à resistência do concreto à tração, o cálculo
das flechas pode ser feito adotando-se o momento de inércia da seção bruta de concreto,
que é de duas a três vezes maior do que o da seção fissurada.
- O uso de materiais de alta resistência, cordoalhas CP 190 RB e concretos com fck maior
ou igual a 30 MPa e, portanto, com maior módulo de elasticidade, contribui, também, para
um melhor desempenho em serviço e maior resistência no estado limite último.
- É importante notar que as lajes protendidas passam por um grande teste no ato da
protensão: a cordoalha está submetida a uma tensão máxima de tração, normalmente,
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Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto.
80% da sua tensão de ruptura e a força de compressão no concreto na região das
ancoragens também é máxima, quando a resistência do concreto ainda é da ordem de
65% de sua resistência última.
Logo após a transferência da força de protensão, existe uma perda devido a acomodação
nas ancoragens e, neste ponto, a tensão no cabo cai para 70% de fpu.
- Nos edifícios residenciais e comerciais o uso de lajes lisas protendidas permite grande
flexibilização na utilização dos espaços e o menor número de pilares pode aumentar as
vagas de garagem.
- Para vãos a partir de 6.50 m, a laje lisa protendida com cordoalhas engraxadas já é uma
alternativa estrutural competitiva com a solução convencional de lajes de concreto armado
apoiadas em vigas, principalmente se forem levadas em conta as diversas vantagens
enumeradas anteriormente.
Com essas características, as lajes protendidas se tornam adequadas para os locais das
classes de agressividade ambiental forte (marinha) e muito forte (respingos de maré), ou
seja, CAA III e IV.
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Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto.
3 Considerações sobre o projeto de lajes protendidas
3.1 Disposição dos apoios em planta
Para minimizar as perdas na força axial de compressão e evitar grandes momentos nos
pilares extremos, os elementos verticais de grande rigidez, como caixas de elevadores e
pilares paredes, devem estar situados próximo ao centro da laje.
Quando não for possível colocar os elementos rígidos de forma conveniente, recorre-se
ao uso de juntas ou faixas de concretagem (pour strips), que soltam a laje dos elementos
rígidos, permitindo que a mesma se deforme livremente por ocasião da protensão. As
lajes devem permanecer escoradas e as faixas só devem ser concretadas de 30 a 60 dias
após a protensão, para permitir que ocorra livremente parte das deformações devido à
retração e à deformação lenta.
Com o objetivo de manter as perdas de protensão na ordem de 20%, ou seja, para que a
força efetiva em uma cordoalha de φ=12.7 mm possa ser considerada igual a 120 KN,
devem ser atendidas as seguintes condições na execução da protensão:
a) Cabos de até 36,00 m podem ser protendidos somente por uma extremidade, ou
seja, pode-se usar ancoragens ativas/passivas;
b) Cabos com comprimento entre 36,00 m e 72,00 m devem ser protendidos pelas
duas extremidades, ou seja, deve-se usar ancoragens ativas/ativas;
c) Cabos acima de 72,00 m devem ter uma ancoragem intermediária, onde será feita
uma junta de construção.
Essas juntas, que são verticais, devem ser localizadas entre 1/5 e 1/4 do vão a partir do
apoio, no local em que o cabo corta o plano central da laje.
Devem ser previstas reentrâncias no concreto, que podem ser feitas deixando-se tarugos
de madeira na forma vertical, para melhorar a resistência ao cisalhamento na seção da
junta.
Outro tipo de junta de construção, quando se tem grandes comprimentos de laje, é a
chamada faixa de concretagem (pour strip).
A largura dessa faixa é normalmente de 1,00 m, de modo a permitir que se execute a
protensão dos cabos que ali terminam, tanto de um lado como do outro da laje.
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São deixadas armaduras passivas de espera, positivas e negativas, pois essa faixa de
laje vai ficar sem protensão.
Um dos problemas a ser resolvido no projeto de edifícios altos com lajes lisas protendidas
é a definição da largura efetiva da laje a ser considerada no cálculo da rigidez lateral dos
pórticos que contribuem para a estabilidade global da estrutura.
Uma prática comum é considerar como largura efetiva, para efeito de rigidez lateral, 1/3
da largura total do pórtico equivalente.
O ACI 318 recomenda que, no cálculo dos efeitos de segunda ordem, a consideração da
não-linearidade física pode ser feita adotando-se o valor de 25% da inércia bruta para o
cálculo da rigidez das lajes lisas e cogumelos.
Um artigo recente, publicado no ACI Structural Journal, traz as seguintes sugestões para
as larguras efetivas a serem adotadas no cálculo da rigidez de pórticos com lajes lisas
protendidas submetidos à ação de sismos: nos vãos e apoios internos, adotar 1/3 da
largura total; nos apoios externos, adotar uma largura reduzida igual a (c1+c2) num
comprimento de 1/6 do vão externo, onde c1 e c2 correspondem às dimensões do pilar
externo.
O capítulo 21 do ACI 318, que trata de provisões especiais para estruturas submetidas a
sismos, adota recomendações semelhantes para o dimensionamento de lajes lisas.
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Figura 1
Essas lajes são as mais vantajosas dos pontos de vista estético, funcional e construtivo,
sendo recomendadas para vãos até 8,00 m.
A NBR 6118, no seu item 13.2.4.1, recomenda uma espessura mínima de 16 cm para
lajes lisas.
ACI 318 não faz exigência de espessura mínima no caso de lajes protendidas, mas
estipula limites para as flechas das mesmas.
O ACI 318-05 recomenda as seguintes esbeltezas: L/h ≤ 42 para lajes de piso e L/h ≤ 48
para lajes de forro.
A NBR 6118 não faz referência a índices de esbeltez das lajes lisas protendidas. Fixa, no
entanto, valores limites para as flechas da laje.
A punção é um fator determinante na escolha da espessura das lajes lisas. Como existe
um limite para a tensão de punção, às vezes é necessário aumentar a espessura da laje
para atender à tensão máxima recomendada.
4.2 Lajes lisas com capitéis (Flat slab with drop caps or drop panels)
Figura 2
Para solucionar problemas de punção ou vencer grandes vãos, até 12,00 m, recorremos
ao uso de capitéis e temos, então, as lajes-cogumelo, conforme definição da NBR 6118.
O ACI define drop panel como sendo um engrossamento da laje que se estende, a partir
do eixo do pilar e em cada direção, a uma distância maior ou igual a um sexto do vão
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correspondente, com a finalidade de aumentar a resistência à flexão sobre o apoio,
reduzir a flecha da laje e, também, melhorar a resistência da laje à punção.
A espessura do engrossamento deve ser no mínimo 25% da espessura da laje.
4.3 Lajes com faixas chatas e largas (Slabs with wide shallow beams or banded
slabs)
Figura 3
Quando existe predominância dos vãos de uma direção em relação aos vãos da outra
direção, a espessura da laje deve ser calculada em função do maior vão. Para evitar um
consumo exagerado de concreto, adota-se, na direção dos vãos maiores, uma faixa de
concreto mais espessa e a espessura da laje passa a ser calculada em função do menor
vão, que deve ser considerado de eixo a eixo dos pilares e não de face a face das faixas.
4.4 Lajes nervuradas com trechos maciços sobre os pilares (Waffle slabs)
Para vãos grandes, até 13,00m, pode ser econômico utilizar este tipo de estrutura, uma
vez que existe uma redução significativa no peso próprio da laje (Figura 4).
Em torno dos pilares, utilizam-se trechos maciços de concreto para resistir aos momentos
negativos sobre os apoios e aos efeitos de punção.
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Esses trechos maciços devem se estender para cada lado do pilar, a partir do seu eixo, a
uma distância maior que 1/6 do vão na direção considerada.
Figura 4
A NBR 6118 permite que, para espaçamento entre eixos de nervuras até 90cm e largura
média das nervuras maior que 12 cm, a verificação das nervuras ao cisalhamento seja
feita como lajes. A espessura da mesa deve ser maior ou igual a 1/15 da distância entre
nervuras.
O PTI recomenda no caso de vãos contínuos: L/h=35 para lajes de piso e L/h=40 para
lajes de forro; e no caso de um só vão: L/h=30 para lajes de piso e L/h=35 para lajes de
forro.
4.5 Lajes nervuradas com faixas maciças sobre os apoios (Waffle slabs with solid
column lines)
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Figura 5
No Brasil, tem sido bastante utilizado o sistema estrutural constituído de lajes nervuradas
de concreto armado apoiadas em faixas maciças de concreto protendido (Figura 5).
Para vãos até 8m, pode-se utilizar nervuras trapezoidais, com distância de 65 cm entre
eixos, espessura média de 7cm e htotal = 25 cm, incluindo capa de concreto de 4 cm.
Adota-se para as faixas maciças uma altura igual a espessura da laje nervurada mais 2,5
cm, que corresponde à espessura da borda da caixa plástica, de modo que a forma
inferior do piso fique nivelada. A largura das faixas varia de 100 a 150 cm.
Para vãos maiores, até 10 m, é necessário utilizar nervuras trapezoidais com altura total
de 30 cm e espessuras médias maiores.
A rigor, não se pode considerar esse sistema estrutural como uma laje protendida em
duas direções (two-way slab), tendo em vista que o ACI 318-05 exige que, pelo menos em
uma direção, os cabos sejam distribuídos.
As faixas maciças devem ser calculadas como vigas protendidas, que recebem as lajes
nervuradas de concreto armado, devendo, portanto, obedecer às recomendações
referentes a estruturas armadas numa só direção.
O primeiro passo a ser dado, antes mesmo da escolha do método de cálculo dos
esforços, é a definição do caminho das cargas até os apoios (load path).
Normalmente, escolhe-se as linhas que unem os apoios, em cada uma das direções
longitudinal e transversal da laje, para indicar o caminho das cargas.
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A cada linha de apoio (support line) é associada uma área tributária. Os apoios e os
trechos de lajes correspondentes à área tributária constituem o que se chama de faixa de
projeto (design strip).
Pode-se, então, analisar a estrutura pelo Método dos Pórticos Equivalentes ou pelo
Método dos Elementos Finitos e usar as mesmas faixas de projeto para obter os esforços
nas seções, verificar as tensões e efetuar o dimensionamento das armaduras. As seções
transversais são consideradas com a largura total das faixas de projeto.
Nas Figuras 7 a 13, das páginas seguintes, mostra-se o traçado das linhas de apoio e a
construção das faixas de projeto para a laje mostrada na Figura 6.
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Linhas de apoio dir. Y - Figura 8 Marcação das tributárias - Figura 9
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Seções de projeto - Faixas B / E - Fig. 12 Planta da faixa de projeto B – Fig. 13
Na Figura 14, como resultado de uma análise pelo Método dos Elementos Finitos,
mostram-se as linhas de cortante nulo, que definem as faixas tributárias reais para a laje
em questão.
Na Figura 15, as faixas tributárias de projeto, definidas pelos pontos médios, são
superpostas às faixas tributárias reais. Pode-se constatar que existe uma boa
aproximação entre as duas faixas.
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Figura 14 Figura 15
Vários testes feitos nos EEUU em protótipos de lajes lisas confirmaram os resultados
obtidos por este método e os relatórios desses ensaios recomendaram a sua utilização
para o cálculo dos esforços nesse tipo de laje.
Para cálculo dos esforços devido às cargas verticais, os pórticos poderão ser
considerados isoladamente para cada piso, com os pilares superiores e inferiores
engastados nas extremidades, com o carregamento total atuando, separadamente, em
cada uma das direções, pois o mecanismo de ruptura de uma laje apoiada diretamente
sobre pilares é semelhante àquele de uma laje armada numa só direção.
O método do pórtico equivalente não consiste apenas em dividir a laje em pórticos planos,
nas direções longitudinal e transversal.
Na modelagem do pórtico equivalente, as rigidezes dos pilares são modificadas
para levar em consideração o funcionamento das lajes em duas direções.
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constituídos da porção da laje que tem a mesma largura do pilar na direção do vão, mais
a alma da viga transversal existente, se for o caso (Figura 16).
- A rigidez dos membros submetidos à torção pode ser calculada pelas equações:
Kt = ∑
9Ec C ⎛ x ⎞ x3 y
3 C = ∑ ⎜⎜1 − 0.63 ⎟⎟
⎛ c ⎞ ⎝ y⎠ 3
l 2 ⎜⎜1 − 2 ⎟⎟
⎝ l2 ⎠
Figura 16
1 1 1
= +
Kep Kpt Kt
onde Kpt é a soma das rigidezes à flexão dos pilares no nó considerado e Kt é a rigidez
dos membros submetidos à torção.
No caso de estruturas mais complexas, com geometria irregular ou com grandes vazios,
que não possam ser modeladas adequadamente pelo método anterior, pode-se utilizar o
método dos elementos finitos para a determinação dos esforços e das deformações das
lajes protendidas apoiadas diretamente sobre pilares.
Já existe no mercado programa de elementos finitos, específico para a análise de lajes
protendidas, que utiliza elementos de casca e permite considerar os efeitos da protensão
de acordo com a geometria e a força dos cabos em cada elemento.
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Para a verificação das tensões e para o dimensionamento das armaduras é necessário
definir faixas de projeto e escolher seções transversais ao longo da mesma (Veja Figura
12), de modo a obter os esforços totais nessas seções, o que é feito através da
integração dos esforços obtidos da análise feita pelo método dos elementos finitos, ao
longo da largura das seções transversais.
Outro processo utilizado para o cálculo dos esforços e das deformações das lajes
protendidas apoiadas diretamente sobre pilares, é a discretização da mesma como
grelha.
Novamente se faz necessário definir faixas de projeto, nas direções transversais e
longitudinais da laje, para a verificação das tensões e do dimensionamento das
armaduras ao longo das seções de cada faixa.
A consideração da protensão é feita através da aplicação do carregamento equivalente,
em função do perfil dos cabos na faixa considerada.
Nos casos mais comuns de cabos parabólicos ancorados no centro de gravidade das
seções extremas, as cargas equivalentes da protensão constituem-se de duas parcelas
(Figura 17):
Depois, por ocasião da verificação das tensões, acrescenta-se a parcela P/A, que
corresponde à pré-compressão introduzida no concreto pelas forças horizontais (P)
concentradas nas ancoragens.
Uma vantagem desse método é que os esforços calculados com o carregamento vertical
equivalente (w) já incluem, no caso das estruturas hiperestáticas, os esforços secundários
ou hiperestáticos de protensão.
w = 8.P.e/ L2
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Figura 17
O conceito de carga balanceada (load- balancing), introduzido por T. Y. Lin, tem como
princípio básico fazer com que as cargas verticais equivalentes da protensão w equilibrem
uma fração wb das cargas permanentes atuantes, ficando a estrutura, para esse nível de
carregamento, submetida somente a tensões de compressão (P/A).
Como conseqüência, elimina-se a flecha e a deformação lenta devido à parcela de carga
balanceada.
O ACI 318-05 estabelece dois critérios básicos que devem ser obedecidos no projeto de
sistemas de lajes armadas em duas direções, que incluem as lajes lisas e cogumelos:
1. Essas lajes só podem ser projetadas como Classe U (Uncracked), quer dizer,
não fissurada, com tensão de tração no concreto em serviço limitada a ft ≤
0,50√fc’ (MPa).
Esse valor é inferior à resistência a tração do concreto, que é considerada
pelo ACI igual a 0,62√fc’ (MPa).
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Essas duas exigências fazem com que a laje, sem fissuras ou com fissuração moderada,
funcione como uma placa elástica homogênea com o seu inerente comportamento em
duas direções.
Escolhido o sistema estrutural e definida a geometria dos elementos que compõem esse
sistema, ou seja, espessura da laje, dimensões dos pilares e capitéis, aberturas, etc., é
necessário definir os seguintes dados para o projeto:
- Concreto:
- Aço de protensão:
- A NBR 6118 não faz distinção entre lajes e vigas de concreto protendido e exige
para ambas os seguintes cobrimentos: CAA I – 30 mm, CAA II – 35 mm e CAA III
– 45 mm. Quando houver exigência de controle rigoroso, esses valores poderão
ser reduzidos para CAA I – 25 mm, CAA II – 30 mm e CAA III – 40 mm.
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Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto.
Estão excluídas dessa exigência as lajes armadas em duas direções, cujas
tensões de tração em serviço estejam limitadas a 0,5*√fc’ (equivalente à
protensão limitada pela NBR 6118).
É lógico e razoável que o cobrimento utilizado nas lajes com protensão limitada -
praticamente sem fissuras - seja menor que o cobrimento das lajes com protensão
parcial, que admitem fissuração.
Maior cobrimento não é substituto para um concreto de boa qualidade.
Por ocasião da protensão, os limites estabelecidos para a força de protensão visam evitar
que a mesma não ultrapasse o limite elástico do aço de protensão e, também, que não
haja ruptura de fios dos cabos.
Os limites fixados ao término da protensão objetivam menores tensões nas ancoragens e
menores perdas por relaxação do aço.
Nas cordoalhas engraxadas é usual se utilizar uma tensão inicial de protensão de 1500
MPa, que equivale a 0,79.fptk, sem causar problemas de ruptura de fios.
Tem-se, então, para a cordoalha de φ = 12.7 mm, Pi = 150 kN e para a cordoalha de φ =
15.2 mm, Pi = 210 kN.
Em princípio, os cabos devem ser lançados com as excentricidades máximas nos apoios
intermediários e no meio dos vãos, de modo a obter a flecha máxima, o que resulta num
maior valor da carga balanceada. Nas extremidades, as ancoragens devem ser colocadas
no centro de gravidade da laje, mesmo que existam capitéis ou vigas transversais.
Na Figura 18, tem-se o perfil de um cabo idealizado, que pode ser utilizado para o cálculo
das cargas balanceadas na fase do pré-dimensionamento das armaduras ativas.
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Figura 18
Na prática, adotamos para o perfil dos cabos, em cada vão, parábolas reversas com
pontos de inflexão a 0,10*L dos apoios ( Figura 19).
Figura 19
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Calculado o número de cordoalhas para atender ao percentual da carga a ser
balanceada, passa-se a verificar se elas são suficientes para atender às tensões
admissíveis e à pré-compressão mínima recomendada.
O ACI 318 exige uma pré-compressão média mínima de 0.9 MPa na seção transversal
da laje, após a consideração de todas as perdas de protensão.
A NBR 6118/2003 não faz nenhuma exigência com relação à pré-compressão média.
As armaduras passivas são calculadas e distribuídas nas lajes protendidas para cumprir
as seguintes finalidades:
a) Como complemento das armaduras ativas na verificação do estado limite último;
b) Como armaduras de combate à fissuração devido à flexão, onde as armaduras
ativas não foram capazes de evitá-las;
c) Como armaduras mínimas especificadas pelas normas, para combater os efeitos
da retração e da variação de temperatura.
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8.2.1 Armaduras positivas
- Segundo o ACI 318, não são necessárias armaduras mínimas positivas nas áreas onde
a tensão de tração em serviço, após a consideração de todas as perdas de protensão,
seja inferior a (1/6)√fc’.
Caso não seja atendida essa condição, a armadura passiva mínima deve ser calculada
pela expressão: As = Nc/(0,5*fy), onde Nc é a força equivalente à cunha de tração no
concreto e fy deve ser menor que 420 MPa.
Tanto o ACI 318 quanto a NBR 6118 recomendam que sobre os apoios, no topo da laje e
em cada direção, deverá ser colocada a seguinte armadura mínima:
As = 0,00075*Acf
Onde Acf é igual a maior seção transversal das duas faixas que se cruzam sobre o apoio.
Essa armadura deverá ser colocada numa faixa igual à largura do pilar mais 1,5*h
(espessura da laje ou capitel) para cada lado do apoio.
Deverão existir pelo menos quatro barras sobre os apoios, espaçadas de no máximo
30cm, em cada direção.
Essas barras deverão se estender pelo menos um sexto do vão para cada lado do apoio.
A colocação dessas armaduras mínimas numa faixa reduzida garante maior ductilidade e
reduz as fissuras sobre os apoios devido aos momentos de pico, contribuindo, também,
para a transferência dos momentos da laje para os pilares e para a resistência à punção.
Existem vários arranjos possíveis para o layout dos cabos em planta. Só não é permitido
concentrar os cabos nas duas direções.
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9.2 Espaçamento máximo entre cabos
Para os cabos distribuídos, o espaçamento máximo entre eles deve ser de oito vezes a
espessura da laje, não ultrapassando 150 cm, segundo o ACI.
A NBR 6118 exige o espaçamento máximo de seis vezes a espessura da laje, não
devendo ultrapassar 120 cm.
De acordo com o ACI, um mínimo de duas cordoalhas em cada direção deve passar
diretamente sobre os apoios.
A NBR 6118 exige somente uma cordoalha sobre os apoios.
Com esse mínimo de duas cordoalhas pode-se prescindir da armadura passiva contra o
colapso progressivo.
10 Referências
BIJAN O. AALAMI and ALLAN BOMMER. Design Fundamentals of Post-Tensioned
Concrete Floors. PTI Post-Tensioning Institute, April. 1999.
T. Y. LIN and NED H. BURNS. Design of Prestressed Concrete Structures. Third Edition,
1982.
Laurel M. Dovich and James K. Wight Effective Slab Width Model for Seismic Analysis
of Flat Slab Frames. ACI Structural Journal / November-December 2005.
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Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto.