Análise de Fissuras e Trincas em Estruturas de Concreto Armado - Estudo de Casos
Análise de Fissuras e Trincas em Estruturas de Concreto Armado - Estudo de Casos
Análise de Fissuras e Trincas em Estruturas de Concreto Armado - Estudo de Casos
LEONARDO GORZA
Prof. Msc. Centro de Pós-graduação FAESA
leonardo.gorza@faesa.br
RESUMO
O trabalho teve como objetivo expor os tipos de fissuras e trincas de maior incidência em algumas
situações reais (estudos de caso) de estruturas de concreto armado, e diagnosticar suas possíveis
causas e formas de reparos pertinentes. Devido a pandemia e um decreto nacional, o estudo de
campo foi totalmente inibido, tornando como única opção a busca de material teórico. Por isso,
foram utilizados três laudos e o material de um simpósio sobre casos de fissuração, com o objetivo
de agrupar melhores informações acerca do assunto proposto. Fissuras e trincas tem a possibilidade
de surgir a qualquer momento da obra ou vida útil de um imóvel, o que as tornam a manifestação
patológica mais comum nas edificações de nosso país. Muitas vezes são causadas por motivos
simples e de fácil resolução, porém algumas delas podem indicar sérios riscos a edificação e a vida
de todos que habitam nela.
ABSTRACT
The work aims to expose the types of cracks and cracks of greatest incidence in some real situations
(case studies) of reinforced concrete structures, and to diagnose their possible causes and forms of
relevant repairs. Due to the pandemic and a national decree, the field study was totally inhibited,
making the search for theoretical material the only option. Therefore, three reports and the material
of a symposium on cases of cracking were used, in order to gather better information about the
proposed subject. Cracks and cracks have the possibility of appearing at any time during the work
or useful life of a property, which makes them the most common pathological manifestation in
buildings in our country. They are often caused by simple and easy to resolve reasons, but some of
them can indicate serious risks to the building and the lives of all who live in it.
INTRODUÇÃO
O concreto é o segundo material de construção mais empregado no mundo, ficando atrás apenas
da água. É composto de cimento Portland, que é resultado da transformação de matérias primas
naturais como calcário e argila, em elevada temperatura, obtendo-se compostos que, após sofrerem
hidratação, apresentam resistência mecânica e boa estabilidade frente à ação da água (MEHTA;
MONTEIRO, 2008).
Devido ao fato de sua resistência à tração ser aproximadamente dez vezes menor que a sua
resistência a compressão, geralmente ele é empregado juntamente com uma armadura (aço), que
possui alta resistência a tração e a compressão. Essa união de materiais recebe o nome de concreto
armado.
As edificações possuem um valor social fundamental, pois são elas que promovem o suporte físico
para a realização de diversas atividades produtivas. Portanto, devem apresentar desempenho
adequado para anteder às necessidades dos seus usuários durante a sua vida útil (ABNT, 1999).
Fissuras e trincas tem a possibilidade de surgir a qualquer momento da obra ou vida útil de um
imóvel, o que as tornam a patologia mais comum na casa dos brasileiros. Muitas vezes são causadas
por motivos simples e de fácil resolução, porém algumas delas podem indicar sérios riscos a
edificação e a vida de todos que habitam nela.
Analisando de forma simples, podemos dizer que fissuras e trincas são como a “febre” em nosso
corpo quando começamos a ficar doentes, logo, é um sintoma de que algo está errado. É essencial
identificar tipos, tamanhos e causas, para providenciar o correto reparo e garantir a segurança.
De certa forma, as fissuras podem ocorrer devido a inúmeros fatores, sejam eles internos, como
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O concreto possui a resistência a tração aproximadamente dez vezes inferior à sua resistência a
tração. Tornando os esforços de tração a principal causa das fissuras em concreto. Mas é claro que
existem diversas causas de fissuração, o que não torna fácil e limitada a identificação da mesma.
A NBR 6118 (ABNT, 2014) estabelece critérios que devem ser observados e seguidos no
desenvolvimento de projetos. O projeto estrutural deve indicar o procedimento de manutenção,
conforme estabelecido pela NBR 6118 (ABNT, 2014), que diz em seu item 7.8, inspeção e
manutenção preventiva, que todo projeto estrutural deve levar em conta as estratégias que facilitem
a inspeção e manutenção preventiva da estrutura de concreto.
Segundo SOUZA e RIPPER (2009) em nível de qualidade exige-se, para a etapa de concepção, a
garantia de plena satisfação do cliente, de facilidade de execução e de possibilidade de adequada
manutenção; para a etapa de execução, será de garantir o fiel atendimento ao projeto, e para etapa
de utilização, é necessário conferir a garantia de satisfação do utilizador e a possibilidade de
extensão da vida útil da obra. O surgimento de problema patológico em dada estrutura indica, em
última instância e de maneira geral, a existência de uma ou mais falhas durante a execução de uma
das etapas da construção, além de apontar para falhas também no sistema de controle de qualidade
próprio a uma ou mais atividades.
Souza e Ripper (1998) diz que a fase de execução da construção civil tem que ser iniciada logo
após o fim da etapa de projeto e planejamento, que abrange todos os estudos prévios que devem ser
feitos. As manifestações patológicas podem aparecer devido a alguns erros que acontecem nessa
etapa como a falta de prumo, de esquadro, de alinhamento de sistemas estruturais, etc.
Tais erros ocorrem devido a causas diversas, podendo ser pela não capacitação profissional da mão-
de-obra, a não existência de um controle de qualidade de execução, a qualidade inferior dos
materiais utilizados, e até mesmo a irresponsabilidade do técnico responsável (SOUZA E
RIPPER,1998).
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A etapa de uso da edificação se inicia com o fim da execução e com a entrega da edificação para
o usuário, ficando para ele a responsabilidade de cuidar para que sejam mantidas as
características das estruturas durante a sua vida útil (IBRACON, 2011).
O usuário sendo o maior interessado na edificação pode também ser o agente de deterioração
causando problemas patológicos gerados pela má utilização, por esse motivo os usuários devem
ser informados sobre as possibilidades e limitações da edificação (SOUZA E RIPPER,1998).
As fissuras são manifestações patológicas que podem surgir nas edificações em geral. O
surgimento de fissuras pode ser um aviso de algum perigo estrutural (THOMAZ, 1989).
Segundo Duarte (1998), as fissuras são causadas por tensões de tração, que conforme as
condições de contorno podem acabar se tornando visíveis antes de se atingir aproximadamente
50% da carga última de compressão. A vibração que a edificação pode vir a sofrer devido a
movimentação de máquinas e veículos pesados em suas proximidades também é um dos fatores
de surgimento.
De acordo com Ambrósio (2004) deve-se executar a correta classificação de uma fissura, quanto
a sua origem, suas dimensões e a gravidade, isso para que possa ser escolhido e executado o
tratamento correto para determinada fissura.
As fissuras em paredes de alvenarias podem ser classificadas de acordo com a sua espessura e
sua atividade.
Geralmente as rupturas são causadas pelas tensões sofridas e as tensões específicas dos materiais
que compõem determinado elemento de uma edificação. As rupturas são divididas em cinco
tipos de anomalia como fissura, trinca, rachadura, fenda e brecha. Essa divisão se dá por meio
da espessura da ruptura como mostra a Tabela 1 (OLIVEIRA, 2012).
Fissuras ativas são aquelas que se encontram ainda em processo de aumento de sua espessura, isso
ocorre porque o elemento em questão ainda está sobre a influência de cargas superiores à sua
resistência mecânica. Isso pode ter como causa a variação de temperatura, que causa a dilatação e
contração nos componentes do elemento (THOMAZ, 1989).
As fissuras inativas ou passivas são aquelas que, ao contrário da anterior, não estão mais em
movimentação, ou seja, encontra-se estabilizada e tanto sua espessura quanto o seu comprimento
permanecerão os mesmos com o decorrer do tempo (THOMAZ, 1989).
Segundo Lança (2014), sempre deve ser executado um planejamento para que possa ser realizada
a fiscalização, controle e monitoramento das fissuras. Esses procedimentos são úteis para verificar
o risco, realizando uma análise criteriosa, de uma fissura para a edificação.
Após as análises de espessura e atividade das fissuras são identificados os tipos de tratamentos para
as fissuras. As fissuras inativas ou passivas devem receber tratamento de selagem rígida caso tenha
ocorrido devido à corrosão do aço. As fissuras ativas são consideradas juntas de movimentação
pelo fato de não ter cessado seu deslocamento. Para se ter um melhor controle de abertura das
fissuras existem os fissurômetros ou outros tipos de medidores de fissuras (LANÇA, 2014).
METODOLOGIA
- Pesquisa Descritiva
- Pesquisa exploratória
- Análise e Diagnóstico
- Pesquisa Descritiva
Na pesquisa descritiva você se propõe a investigar e descrever objetos e sujeitos em seu ambiente,
para estudo, sem a interferência do pesquisador. É um processo planejado e estruturado que utiliza
técnicas específicas na coleta de dados, como entrevistas, questionários, formulários, enquetes, e
observação sistemática. Nessa etapa da elaboração do estudo de fissuras e trincas em estruturas de
concreto armado foi realizado o levantamento bibliográfico em livros e trabalhos acadêmicos
semelhantes, com o objetivo de orientar o estudo. O levantamento bibliográfico é importante para
a obtenção de informações como as principais patologias que acometem uma estrutura de concreto
armado, mais precisamente em edifícios, e as falhas no processo construtivo como fatores
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- Pesquisa Exploratória
Devido ao impacto mundial nas vidas das pessoas decorrente da pandemia que nos assola nesse
ano de 2020, assim como todo o resto do mundo tivemos que nos adaptar, reinventar e usar a
tecnologia a nosso favor. A etapa de pesquisa exploratória foi feita através de um conjunto de
laudos de vistorias prediais e um simpósio de casos de fissuração, todos disponibilizados na internet
para uso de estudo e pesquisa, uma vez que as pesquisas de campo se tornaram inviáveis. A
pesquisa tem como elemento principal um relatório técnico do ano de 2015 que tinha como objetivo
realizar uma análise das condições da estrutura de um edifício para obter conhecimentos acerca das
condições de estabilidade e segurança estrutural. A edificação está localizada na rua Rio Grande
do Norte, bairro Praia da Costa, 2007, Vila Velha, Espirito Santo.
Dos laudos de vistoria secundários utilizados, foram reportados inúmeros tipos de fissuras e trincas,
e no simpósio foram apresentados 116 casos de fissuração, bem como suas causas e sua
recuperação, entretanto somente os mais convenientes para estudo e análise foram utilizados no
trabalho. E por fim, no relatório técnico de 2015, foram analisados dois pilares, uma viga e uma laje
que apresentavam falhas de concretagem, broca, armadura exposta, umidade, fissuras com indícios
de carbonatação e mofo.
Segundo o relatório técnico as causas destas patologias, são devido principalmente ao pequeno
cobrimento das armaduras (< 2,0 cm ) para pilares, vigas e lajes aparentes e qualidade do concreto,
que provocam a “corrosão das armaduras” associados a localização da edificação próximo ao mar,
que está exposta à intempéries com incidência considerável de névoas salinas. As patologias
ocorrem principalmente nos pontos “fracos” do “concreto aparente”, com os pontos de
concentração de umidade, ausência de impermeabilização de lajes, vigas, pilares. As piores
situações foram dos elementos que ficaram, diretamente expostos a estes ambientes, sendo que
devido a deficiência na impermeabilização a umidade foi transportada por gravidade até às faces
inferiores de vigas, lajes e reservatório de água. Outros fatores, de uma forma geral, também
contribuem para causas e agravamento das anomalias, são a não conformidades durante a execução
de estruturas de concreto, desaprumo e desalinhamento da estrutura, deficiências no desempenho
de formas, falhas de concretagem, vibração e pouco cobrimento da armadura também quanto mais
permissivo um concreto for ao transporte interno de água, gases e outros agentes agressivos, maior
será a probabilidade da sua degradação, bem como da armadura de aço que deveria proteger.
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Outro material utilizado na pesquisa exploratória foi o Relatório de Serviço Executado, contendo
todas as fotos do processo de recuperação de trincas e fissuras que foram localizadas através do
Relatório Técnico. Todo o material foi cedido pela empresa “X” para fins acadêmicos.
- Analise e Diagnóstico
Nesta última etapa, o objetivo foi observar as características das trincas e fissuras, como posição
em que se encontra (inclinada, vertical, horizontal), local em que se encontra, e por fim,
diagnosticar as possíveis causas das fissuras e melhores formas de se recuperar, visando
desempenho e baixo custo.
Ao analisar as trincas e fissuras observadas através do registro fotográfico dos laudos de vistoria e
no simpósio obtido nas etapas anteriores, foram comparadas com as informações obtidas através
da pesquisa descritiva com a finalidade de detectar seus mecanismos causadores.
- Trincas em Pilares
Segundo Ércio Thomaz 1989 as trincas por ação de sobrecargas em pilares são elementos bastante
raros pois os mesmos são projetados para trabalharem com taxas de solicitação que representam
pequenas parcelas das suas cargas resistentes. Porém pela ocorrência de falhas construtivas,
contudo, podem ocorrer trincas de esmagamento do concreto, sobretudo nos pés dos pilares, nesse
caso, os pilares devem ser imediatamente reforçados já que a estabilidade da estrutura estará
comprometida.
No entanto, baseado no Relatório Técnico onde consta que a maior parte das fissuras encontradas
no edifício são ocasionadas pela má execução no processo de recobrimento das armaduras e
também devido a sua localidade ser próxima do mar sendo assim exposta a intempéries com
incidência considerável de névoas salinas. De forma deliberada, as armaduras das peças de
concreto armado são quase que invariavelmente colocadas nas proximidades de suas superfícies;
no caso de cobrimentos insuficientes ou de concretos mal adensados, as armaduras ficarão sujeitas
à presença de água e de ar, podendo-se desencadear então o processo de corrosão, que tende a
abranger toda a extensão mal protegida da armadura (THOMAZ 1989).
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Figura 01
Figura 02
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Figura 03
Para a recuperação dos pilares que apresentam fissuras e oxidação da armadura, deve-se seguir os
seguintes procedimentos em cantos alternados dos pilares:
2º) Limpeza do aço para retirada da corrosão, deve ser manual, com escova
de aço.
3º) Verificação do grau de corrosão das armaduras. Se os diâmetros das barras estiverem inferiores
a 10% da bitola original, as barras corroídas deverão ser substituídas por armaduras de mesma
seção e categoria CA-50.
4º) Tratamento anticorrosivo das superfícies das armaduras com Sikatop 108
(Armatec) ou equivalente técnico.
5º) Reconcretagem com formas de madeira, sem utilização de vibrador: Argamassa Zentrifix CR
ou equivalente técnico, mantendo um recobrimento mínimo de 3 cm.
6º) A recuperação de outro trecho ou canto do pilar só deverá ser executada 72 horas (3 dias) após
o grauteamento do trecho ou canto anterior.
7º) Impermeabilização dos pilares, utilizando proteção (pintura) a base de epóxi, através de
empresa especializada. Confirmar as especificações com consultor de impermeabilização
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Figuras 04 e 05 - Recorte na área que apresentava armadura exposta no pilar 13 para execução do
lixamento.
Figura 07 Figura 08
Figura 09 Figura 10
Figuras 09 e 10 - Recorte do concreto na área que apresentava fissuras no pilar 04 para execução
do lixamento seguindo orientação normativa de encontrar 30cm de barra não oxidada.
Em análise aos registros fotográficos e ao relatório técnico foram observados diversos elementos
estruturais (pilares, vigas e lajes) com problemas de ninho de concretagem (brocas), falhas de
concretagem e armaduras expostas em processo de corrosão.
Figura 14
Figura 14 – Fissuras e lascamentos em vigas de concreto armado, particularmente nas posições dos
estribos (regiões com menor cobrimento das armaduras). Fonte: Thomaz 1989 (Adaptado pelo
autor).
Figura 15
Figura 15 – Teto de galeria de esgoto doméstico: corrosão generalizada das armaduras, fissurações
e lascamentos no concreto. Fonte: Thomaz 1989 (Adaptado pelo autor).
Figura 16
Para o processo de Recuperação estrutural de vigas e lajes é recomendado que sejam executados
os serviços do pavimento da face superior, em sequência para os pavimentos inferiores. Deve-se
primeiramente abrir a impermeabilização destas áreas (se houver), e tratar a corrosão das armaduras
negativas das lajes, próximo aos pilares.
1º) Escoramento das vigas e lajes dos trechos a serem recuperados, através de escora metálicas.
3º) Corte do concreto, nas regiões atingidas pela corrosão, ultrapassando 30 cm de onde
terminam as barras oxidadas.
Obs.: Nos pilares, cortar um canto de cada vez.
5º) Verificação do grau de corrosão das armaduras. Se os diâmetros das barras estiverem
inferiores a 10% da bitola original, as barras corroídas deverão ser substituídas por armaduras
de mesma seção e categoria CA-50.
6º) Tratamento anticorrosivo das superfícies das armaduras com Sikatop 108 (Armatec), ou
Zentrifix KMH da MC-Bauchemie ou produto com equivalência técnica.
7º) Reconcretagem sem formas (fundos de vigas e lajes): Aplicação de adesivo epóxi Sikadur
31 (Tix) ou Bautech Epóxi EP (Tix), e imediatamente Sikagrout Tix ou Bautech Grout especial
Plus Fibrado, ou produtos com equivalência técnica, completando o recobrimento das
armaduras de 3,0 cm.
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Figura 17
Figura 18
15
Figura 19 Figura 20
Figura 21
Figura 17 – Apresenta os recortes nas áreas que apresentavam armadura oxidada na viga 01 e laje
01. Reforço com uma barra de 1,2m (12mm) da viga 01
Também foi cedido, lido e estudado um laudo de inspeção predial de um condomínio “Y” situado
na região da cidade de Vitória-ES, onde diversas patologias e não conformidades com as normas
foram encontradas. O condomínio possui três torres de edificios com a idade de seis anos e três
meses no dia da vistoria. A utilização do edifício é residencial unifamiliar e as torres estão
localizadas aproximadamente a 270 metros do litoral.
Figuras 1 e 2 - Foi identificado em inspeções efetuadas nas lajes de concreto das tampas das dos
reservatórios superiores d’água, caracterizada pelo cobrimento com espessura inferior ao prescrito
no Projeto e também inferior à espessura mínima prescrita na referida Norma. Com consequência
observou-se a corrosão, expansão e desplacamento do cobrimento do lado inferior destas lajes. A
durabilidade das estruturas é altamente dependente da espessura do cobrimento da armadura, que
quando inadequada permitirá a despassivação das armaduras, por elevado teor de íon cloro (cloreto)
contidos nas águas tratadas presentes no reservatório, considerado como um dos mecanismos
preponderantes de deterioração das armaduras no interior de concreto.
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Figuras 3 e 4 - Patologia caracterizada pela identificação de trincas nas paredes que dão para
fachada, no encontro de alvenaria com pilares, com vigas e com lajes. Todas provenientes de
revestimento aplicado sobre base composta por diferentes materiais e submetidas a esforços que
geram deformações diferenciais consideráveis, enfim, que não resistiram às ações de variações
normais de temperatura e umidade do meio externo, assim como deformações devido ao esforço
de ventos, possibilitando infiltração de água, com consequentes manchas de umidade, fungos e
degradação generalizada dos revestimentos de reboco, de pintura e outros acabamentos instalados
nas paredes. Um dos problemas mais encontrados na vistoria, uma vez que em quase todos os
elementos de vedação foram encontradas trincas, infiltrações e desplacamento da pintura.
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Uma outra análise foi efetuada através de um outro laudo, com disponibilidade pública, de um
Edifício “Z” situado em Florianópolis – SC. O edifício citado é de uso comercial e possui 13
pavimentos tipo, além do térreo e sobre lojas, totalizando 78 salas comerciais. Ele possuía
aproximadamente 18 anos no dia da vistoria (10/08/2016), e se situa a aproximadamente 370m do
litoral. A vistoria trata-se de uma medida cautelar tomada pelo condomínio em razão da
necessidade da realização da manutenção preventiva e corretiva da edificação, com orientação
técnica acerca de eventuais anomalias de ordem estrutural e estética, e para obter-se um diagnóstico
e uma avaliação da manutenção predial necessária para a edificação.
Figura 4 (Direita) - Vista do muro de proteção da área descoberta apresentando manchas e fissuras,
indicando necessidade de manutenção corretiva.
dos elementos estruturais. Para tratar a corrosão de armadura deve-se remover revestimento em
argamassa e o concreto solto, de forma que a alcançar a toda a armadura em estado de corrosão.
Efetuar a escovação para remover a corrosão com cerdas de aço, em seguida proteger as ferragens
com fosfatizante tipo Armatec ZN. Reenquadrar com argamassa polimérica tipo SikaGrout TIX,
após 28 dias pintar o concreto aparente com tinta látex.
Como método destrutivo propõe-se a remoção do concreto carbonatado das peças atingidas
através do uso de ferramentas comuns e de grande utilização na Engenharia Civil, a remoção
das camadas de cobrimento e primárias das peças não trazem grandes dificuldades,
observando-se que o concreto carbonatado não apresenta muita resistência devido ao seu baixo
nível de pH. As figuras abaixo ilustram o processo de reparo localizado em peças estruturais
que apresentam quadro de corrosão de armadura longitudinal.
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SIMPÓSIO DE FISSURAÇÃO
No V Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto, realizado em 2003, foram apresentados 116
casos reais de fissuração em estruturas de concreto armado ou protendido, assim como suas
possíveis causas e seus possíveis métodos de recuperação.
Exemplo nº 11
Esquema:
Causa: as lajes lisas, se projetadas muito esbeltas, possuem grandes deformações quando carregadas
com as cargas variáveis de utilização. As alvenarias fissuram como indicado acima.
Solução: projetar lajes mais rígidas de modo a evitar as flechas excessivas. Em estruturas
existentes, a melhor solução é limitar as cargas de utilização dos pisos do edifício, uma vez que
qualquer reforço na estrutura é extremamente caro.
Exemplo nº 38
Esquema:
Causa: alguns prédios possuem grandes balanços como indicado na figura acima. Os grandes
deslocamentos verticais “Δ ” surgidos em consequência da deformação lenta da estrutura causam
fissuras inclinadas nas alvenarias. O efeito é semelhante a de um requalque de apoio.
Solução: projetar estruturas com grande rigidez de modo a reduzir a deformação imediata, e em
consequência a deformação lenta.
Observações: após alguns anos (cerca de 2 a 3 anos) quando a maior parte da deformação lenta da
estrutura já tiver ocorrido as fissuras podem ser reparadas, pois não são mais ativas.
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CONCLUSÃO
O estudo permitiu um mapeamento de diversas fissuras com causas repetidas, que não foram
mencionadas aqui, sendo que as fissuras de maior incidência foram aquelas devido a corrosão de
armadura e devido deformação das estruturas de concreto.
Dessa forma, foram expostas as diferentes manifestações patológicas com ocorrência nas estruturas
de concreto, com a total explicação de seus aspectos típicos, tipos de estrutura e suas causas. Com
os casos analisados neste trabalho foi possível exemplificar a ocorrência destas manifestações
patológicas, assim como a metodologia de identificação e a apresentação das soluções mais
apropriadas.
REFERÊNCIAS
LANÇA, Thabita. Trincas nas edificações: uma revisão prática baseada no processo de causa
x efeito. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal
de Minas Gerais, Minas gerais, 2014.