Diagnóstico e Terapias Analíticas
Diagnóstico e Terapias Analíticas
Diagnóstico e Terapias Analíticas
Sumário
Introdução ........................................................................................................ 4
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 24
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FACUMINAS
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Diagnóstico e Terapias Analíticas
Introdução
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mentais inconscientes; uma teoria da estrutura e funcionamento da mente humana e
um método de análise dos motivos do comportamento; uma doutrina filosófica e um
método terapêutico de doenças de natureza psicológica supostamente sem
motivação orgânica.
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médico neutro, ou um observador passivo, ele nos fala do encontro analítico como a
possibilidade de, ao ser atingido pela pessoa ali a sua frente, o psicoterapeuta ser o
instrumento do seu próprio trabalho. É ele que recebe em si as informações que lhe
estão sendo passadas.
Como aliar esse modelo à visão psicológica que trabalha com testes?
Presume-se que este tipo de instrumento tem, como na Medicina, o papel do
laboratório ajudando a classificação diagnóstica e facilitando o encaminhamento a
um determinado tipo de tratamento. Isso parece antagônico a uma Psicologia que
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busca o envolvimento intuitivo com o outro como sua fonte mais rica de
conhecimento.
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A pessoa deve ser olhada em todos os seus aspectos: intelectuais,
emocionais e físicos. O corpo é uma experiência que deve ser ouvida pelo
terapeuta, tanto quanto seus sonhos, suas fantasias e suas palavras.
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tornando os eventos prenhes de significado, por intermédio da ampliação." (idem, p.
170).
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O Diagnóstico Psicanalítico
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pertinência do diagnóstico só receberá confirmação após certo tempo”(DOR, 1991,
p. 13).
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O sintoma, ele é posto em suspenso e o sujeito delegado a um devir. Para se
obter uma determinação de diagnóstico no campo da psicanálise se torna
impossível pela razão da própria estrutura do sujeito, sendo que “a única técnica de
que o analista dispõe é a escuta”(DOR, 1991, p. 14), base fundante de seu trabalho
e estratégia chave para o direcionamento do tratamento.
O Diagnóstico em Freud
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etiologia destes. Ou seja, diagnóstico não apenas baseado nos sintomas
(diagnóstico sintomático), mas principalmente na etiologia (diagnóstico etiológico).
No entanto, nessa tarefa constata que é muito difícil obter uma visão clara de
um caso de neurose antes de tê-lo submetido a uma análise minuciosa – uma
análise que, na verdade, só pode ser efetuada pelo uso do método de Breuer; mas
a decisão sobre o diagnóstico e a forma de terapia a ser adotada tem de ser tomada
antes de se chegar a qualquer conhecimento assim minucioso do caso. (Breuer &
Freud, 1893-1895/1997, Cap. 4, Parte 1).
Resistência à reprodução de
lembranças, que Freud vai considerar estando
também na origem da amnésia histérica, como
defesa: Uma nova compreensão pareceu abrir-
se ante meus olhos quando me ocorreu que
esta sem dúvida deveria ser a mesma força
psíquica que desempenhara um papel na
geração do sintoma histérico e que, na época,
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impedira que a representação patogênica se tornasse consciente. (Breuer & Freud,
1893-1895/1997, Cap. 4, Parte 2).
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Excluindo, além das psicoses, o que nomeia como “ condições narcísicas,
como nessa passagem: Já sabem os senhores que o campo de aplicação da
terapia analítica se situa nas neuroses de transferência – fobias, histeria, neurose
obsessiva – e, além disso, anormalidades de caráter que se desenvolveram em
lugar dessas doenças. Tudo o que difere destas, as condições narcísicas e
psicóticas, é inevitável [inadequado]1em grau maior ou menor. Seria inteiramente
legítimo acautelar-nos dos insucessos, excluindo cuidadosamente esses casos. Tal
precaução levaria a uma grande melhora nas estatísticas da análise. Todavia, aqui
há uma armadilha. Nossos diagnósticos são feitos após os eventos... Não podemos
julgar o paciente que vem para tratamento (ou, igualmente, o candidato que vem
para formação), senão depois de havê-lo estudado analiticamente por algumas
semanas ou meses. De fato, estamos comprando nabos em saco. O paciente traz
consigo aspectos doentios indefinidos e gerais que não comportam um diagnóstico
conclusivo. (Freud, 1933/1997, Conf. 34).
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incongruente com o sintoma nos músculos das pernas (Breuer & Freud, 1893-
1895/1997, Caso 5).
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‘ de onde’ e seu ‘ para quê’ ou sua ‘ finalidade’ – ou seja, as impressões e
experiências das quais surgiu e as intenções a que serve. Assim, o ‘ de onde’ de
um sintoma se reduz a impressões que vieram do exterior, que uma vez foram
necessariamente conscientes e podem, a partir daí, ter-se tornado inconscientes
através do esquecimento. O ‘ para quê’ de um sintoma, seu propósito, no entanto,
é invariavelmente um processo endopsíquico, que possivelmente teria sido
consciente, no início, mas pode igualmente não ter sido jamais consciente e ter
permanecido no inconsciente desde o início. (Freud, 1916-17/1997, Conf. 18).
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principalmente nos sintomas individuais e no que há de individual no típico, na
busca de seus sentidos conectados às experiências do sujeito.
A questão que fica em aberto para Freud é a da origem dos sintomas típicos,
mais numerosos que os individuais. Que ele propõe estar em conexão com a
experiência do que é comum aos seres humanos, como também a possibilidade de
ser decorrente da alteração do psiquismo devida ao quadro. Algo que, em sua
opinião, estaria para além do alcance da análise, ao menos no momento em que
escreve esse texto, a uma distância de mais de vinte anos dos Estudos sobre a
histeria (1893-1895/1997).
Diagnóstico em Lacan
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método psicanalítico. Nesse juízo, entram em causa, da mesma maneira que em
Freud, questões referentes ao funcionamento psíquico e ao caráter do candidato.
É possível, tal como propõe Leite (2000, p. 35), a clínica de Lacan ser
distinguida em dois modelos: primeiramente, um modelo estrutural, onde continua
presente a nosografia freudiana composta por Neurose, Perversão e Psicose, e,
posteriormente, um modelo borromeano em que as estruturas são subordinadas ao
modo de enlaçamento dos registros Real, Simbólico e Imaginário, as três dimensões
da experiência que comparecem no termo abreviado R.S.I.
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estrutura (Lacan, 1938/2001, p. 71) e nomeadas por Freud como recalque
(Verdrängung), negação (Verneinung) e rejeição (Verwerfung), sendo esta última
ressaltada na psicose e nomeada como forclusion por Lacan (1955-1956/1981, pp.
94-102). Defesas que cristalizam estruturas psíquicas, isto é, modos de ser. A
distinção entre neurose e psicose é feita pela presença ou não da função paterna,
ou seja, o destino do Nom-du-Père (Lacan, 1957-1958/1998).
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sintoma, isto é, que se implique em relação ao próprio sofrimento, para que seja
tratável pela psicanálise, ou seja, é condição necessária para uma análise que se
constitua o sintoma psicanalítico, tal como propõe Lacan (1962-1963/2004, pp. 324-
326).
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Diagnóstico e tratamento: a análise do particular
Para além dos tipos de sintoma, está a estrutura. “ Que os tipos clínicos são
marcados pela estrutura, eis quem pode já se escrever ainda que não sem
hesitação” (Lacan, 1973/2001, p. 557, tradução nossa). Mas o diagnóstico
estrutural não é suficiente e decisivo para a prática, pois “ o que emerge da mesma
estrutura, não tem forçosamente o mesmo sentido. É nisso que não há análise que
do particular: não é absolutamente de um sentido único que procede uma mesma
estrutura” (p. 557, tradução nossa). Assim, “ os sujeitos de um tipo são, portanto,
sem utilidade para os outros do mesmo tipo” (p. 557, tradução nossa). Ou seja,
como diz Freud, há que se tomar cada caso como se fosse o primeiro, colocando
em suspensão todo o conhecimento prévio. É a condição que possibilita a escuta do
particular. Como exposto acima, o que Freud nomeia como análise do individual
(Freud, 1916-17/1997, Conf. 17). Pois, como também ressalta Lacan, em uma
psicanálise se busca dispor ao analisante “ o sentido de seus sintomas” (Lacan,
1973/2001, p. 556, tradução nossa). Isto é, o sentido dos sintomas daquele sujeito
em particular.
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particular, com alguém que faça uma tatuagem, pois mesmo que inédita, é uma
particularidade na série de outros que também fizeram tatuagem. A partir disso,
defende a proposta de que na análise deve-se buscar o singular, sendo que “ o
singular é o intransferível, por vezes inexplicável” (p. 4).
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REFERÊNCIAS
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