Resp 107426 2001 04 30
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EMENTA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
RELATÓRIO
Documento: IT57717 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/04/2001 Página 4 de 17
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL N° 107.426 - RS (1996/0057519-3)
VOTO
VOTO
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Superior Tribunal de Justiça
Os danos a serem ressarcidos só poderiam dizer respeito àqueles
diretamente resultantes da quebra de exclusividade conferida à autora. Nem
tampouco poder-se-ia conceder- lhe as próprias comissões posteriores ao
rompimento da avença. De ressaltar-se que a presente ação não é uma ação de
cobrança de comissões em si devidas até o termo do ajuste. Não; o que se aqui
reclama é a indenização por perdas e danos, em conformidade com o estipulado
na cláusula 5a do contrato de mediação. Daí por que não se aplicam na espécie
dos autos as anotações feitas pelos ínclitos juristas Caio Mário da Silva Pereira e
Carvalho Neto no sentido de que. acertada a corretagem exclusiva, a comissão
passa a ser devida ainda que o negócio venha ser concluído diretamente pelo
comitente ou por outra mediadora.
Pois bem. Esses danos derivados diretamente da quebra de exclusividade
não foram demonstrados pela autora, como lhe incumbia. Precisava a
demandante comprovar a existência de um dano efetivo. "Para que ocorra o direito
aos lucros cessantes, a título de perdas e danos, deve-se comprovar haver, com
certeza, algo a ganhar, uma vez que só se perde 'o que se deixa de ganhar' (cf.
Pontes de Miranda, Tratado de Direito Privado, t. XXV, p, 23 j. Aliás, estabelece
o art. 1.059 do Código Civil, que a perda indenizável é o que razoavelmente deixa
de ganhar', sendo de se exigir venha o esbulhado demonstrar haver possibilidade
precisa de ganhos; sem o que não há que falar em lucros cessantes' (1o TACSP -
3º C. - Ap. 476.842/1 - Rel. Antônio de Pádua Ferraz Nogueira - j. 01.06.93)" (in
Responsabilidade Civil e sua Interpretação Jurisprudencial. Rui Stocco. pág. 748.4ª
ed. ).
Segundo observação do Prof. Álvaro Villaça Azevedo, "o lucro cessante
não se presume, não pode ser imaginário ". É ainda comentário do ilustre jurista
citado o que de "a prova da existência do dano é essencial, como, depois, a
extensão do seu exato valor" (Curso de Direito Civil. Teoria Geral das Obrigações,
pág. 242, 8ª ed. )- Para o saudoso Professor Washington de Barros Monteiro,
"referentemente aos lucros cessantes, porém, não serão atendidos se não ao
menos plausíveis ou verossímeis. Não se levam em conta benefícios ou
interesses hipotéticos, porquanto estes, pela sua própria natureza, não admitem
direta comprovação, tendo-se, pois, como inexistentes em direito" (Curso de
Direito Civil. Direito das Obrigações. 1ª parte. pág. 342, 30a ed. ). Confiram-se em
igual diretriz as lições de Aguiar Dias (Da Responsabilidade Civil, vol. II, pág. 719,
10a ed., 4ª tiragem) e de Caio Mário da Silva Pereira (Responsabilidade Civil, pág.
314, 4a ed. ).
A jurisprudência desta Casa harmoniza-se com os mencionados escólios
doutrinários. Quando do julgamento do REsp n° 20.386-0/RJ. relator Ministro
Demócrito Reinaldo. a Eg. Primeira Turma decidiu sob a seguinte ementa, no que
ora interessa:
"Para viabilizar a procedência da ação de ressarcimento de prejuízos, a
prova da existência do dano efetivamente configurado, é pressuposto essencial e
indispensável".
De igual teor são os julgados proferidos nos REsp's n°s 192.834-SP,
relator Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, e 159.793-SP, relator Ministro
Cesar Asfor Rocha.
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Além disso, a prova do dano deve ser produzida no processo cognitivo;
pode relegar-se para a liquidação tão-só o respectivo montante (cfr. Resp's nºs
35.997-0/RJ. relator Ministro Eduardo Ribeiro; 60.090-MS, relator Ministro Carlos
Alberto Menezes Direito: 36.784- SP e 263.443-SP, relator Ministro Ari Pargendler;
REsp's n°s 44.992-PR e 52.106-SP. por mim relatados).
Ressai, destarte, que à autora competia demonstrar em tempo hábil a
existência efetiva dos danos por ela suportados.
Na hipótese em apreciação, não se desincumbiu ela, contudo, do ônus de
comprová-los, não sendo admissível aqui simplesmente presumi-los. É que, a par
da falta de qualquer prova a respeito, a espécie presente conta com duas
peculiaridades salientadas pelo V. Acordao, quais sejam: a) o contrato de
corretagem aqui é unilateral, vale dizer, geraram-se encargos tão somente para o
sindicato-réu; a autora, beneficiada graciosamente com a exclusividade concedida,
não foram atribuídas obrigações mais sérias (tratar-se-ia de um serviço de
agenciamento de caráter rotineiro); b) a resolução da avença foi declarada de
maneira retroativa; como disse o voto condutor do Acórdão: efeito primordial da
resolução "consiste na dissolução retroativa do vínculo, 'como se 'o contrato
jamais existisse" (fls. 513/514).
Feitas estas colocações, chega-se à idêntica inferência emanada da
decisão recorrida: a inexistência, a não comprovação pela autora, dos danos (fls.
518). Contemplada com uma exclusividade desprovida de maiores encargos,
sendo, portanto, a maior e praticamente única beneficiária do ajuste, era de inteiro
rigor que restassem evidenciados os prejuízos de forma cabal, mormente no caso
em que a resolução do contrato se operou retroativamente.
Perquirir-se, a esta altura, na via angusta deste apelo especial, acerca da
eventual e remota possibilidade de que tenha a recorrente deixado de ganhar algo
em razão do rompimento da exclusividade, constituiria inobservância do
estabelecido no verbete sumular n° 07 desta Casa.
Não há falar, assim, em ofensa aos arts. 1.056, 1.059 e 1.092, parágrafo
único, do CC. nem tampouco em divergência interpretativa em relação aos
mesmos dispositivos legais nao somente em virtude dos aspectos próprios da
presente demanda, como também porque os arestos paradigmas invocados se
referem às situações fáticas distintas, concernentes à corretagem em negócios de
compra e venda de bem imóvel.
De resto, o decisório hostilizado nao atentou contra o princípio da força
obrigatória dos contratos (em atenção sobretudo ao art. 126 do Código Comercial).
A clásula 5a do pacto ora em foco reporta-se à norma do art. 1.059 do Código Civil,
sobre cuja aplicação se debruçou a turma julgadora do Tribunal Gaúcho. Negando
a reparação por perdas c danos a C. Câmara mais não fez do que aplicar o direito
à espécie debatida.
3. Apenas num ponto assiste razão ã recorrente.
Diz com a imposição da multa cominada no art. 538. parágrafo único, do
CPC. Primeiro, a incidência da pena condiciona-se a que o Tribunal justifique a
assertiva de que os declaratórios tiveram finalidade meramente protelatória. "In
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casu", os motivos expostos pelo Acórdão recorrido não evidenciam o intento de
procrastinar o desfecho da causa, visto que. inclusive, se trata a embargante da
autora do feito. Depois, os embargos de declaração tiveram por escopo precípuo o
prequestionamento das matérias alegadas, circunstância que torna pertinente a
invocação do enunciado na súmula n° 98-STJ.
4. Do quanto foi exposto, conheço, em parte, do recurso pela alínea "a" do
permissivo constitucional e, nessa parte, dou-lhe provimento, a fim de cancelar a
multa prevista no art. 538, parágrafo único, do CPC.
É como voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Min. BARROS MONTEIRO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Min. RUY ROSADO DE AGUIAR
Subprocurador-Geral da República
EXMO. SR. DR. WASHINGTON BOLIVAR DE BRITO JUNIOR
Secretário (a)
CLARINDO LUIZ DE SOUZA FLAUZINA
AUTUAÇÃO
SUSTENTAÇÃO ORAL
CERTIDÃO
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Min. BARROS MONTEIRO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Min. RUY ROSADO DE AGUIAR
Subprocurador-Geral da República
EXMO. SR. DR. WASHINGTON BOLIVAR DE BRITO JUNIOR
Secretário (a)
CLARINDO LUIZ DE SOUZA FLAUZINA
AUTUAÇÃO
SUSTENTAÇÃO ORAL
CERTIDÃO
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Superior Tribunal de Justiça
Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Aldir Passarinho Junior.
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RECURSO ESPECIAL N° 107.426 - RIO GRANDE DO SUL (1996/0057519-3)
VOTO VISTA
VOTO VISTA
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RECURSO ESPECIAL N° 107.426 - RS
VOTO
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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL N° 107.426 - RS
VOTO
Documento: IT57717 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/04/2001 Página 19 de 17
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL N° 107.426 - RS
VOTO
Documento: IT57717 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/04/2001 Página 20 de 17
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RECURSO ESPECIAL N° 107.426 - RS
VOTO
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Min. BARROS MONTEIRO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Min. RUY ROSADO DE AGUIAR
Subprocurador-Geral da República
EXMA. SRA. DRA. CLAUDIA SAMPAIO MARQUES
Secretário (a)
CLAUDIA AUSTREGESILO DE ATHAYDE BECK
AUTUAÇÃO
CERTIDÃO
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Min. BARROS MONTEIRO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Min. RUY ROSADO DE AGUIAR
Subprocurador-Geral da República
EXMA. SRA. DRA. CLAUDIA SAMPAIO MARQUES
Secretário (a)
CLAUDIA AUSTREGESILO DE ATHAYDE BECK
AUTUAÇÃO
CERTIDÃO
Documento: IT57717 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/04/2001 Página 23 de 17
Superior Tribunal de Justiça
Não participou da votação o Sr. Ministro Aldir Passarinho Junior, em virtude
de ausência ocasional à sessão de 05.09.2000.
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