Pastoral Litúrgica CELAM
Pastoral Litúrgica CELAM
Pastoral Litúrgica CELAM
A PASTORAL LITÚRGICA
1. A AÇÃO PASTORAL DA IGREJA - SACRAMENTO DO BOM PASTOR
A palavra Pastoral remete à imagem bíblica do Pastor que guia as ovelhas e a
Jesus que diz de si "Eu sou o Bom Pastor... Eu dou a vida por minhas ovelhas" (Jo
10,11.15). Após a ressurreição, Jesus confia a missão de Pastor a Pedro: "Apascenta as
minhas ovelhas" (Jo 21, 15-18; CatIC 816). Por isso, são Pastores na Igreja os Bispos
entre os quais, o Bispo de Roma como Pastor supremo, o Pároco de uma paróquia
(CatIC 2179) porque participam da missão de guiar uma porção do rebanho de Cristo
em nome do Bom Pastor.
Mas Pastoral não é só ação dos pastores, é ação de toda a Igreja com os
pastores, é ação eclesial da qual todos são chamados a participar para tornar visível e
sensível, hoje, o pastoreio do único Pastor, para que as ovelhas "tenham vida e vida em
abundância" (Jo 10, 10). Por Pastoral, "entende-se a totalidade da ação da Igreja e dos
cristãos, a partir da práxis de Jesus, voltada para a implantação do Reino" 1. Em suma,
"Pastoral é toda a atividade da Igreja que, em relação com a vida, procura levar a bem a
missão que lhe foi confiada.2 ". Toda a missão da Igreja é de ordem pastoral e
evangelizadora porque é atualização da práxis de Jesus. A Teologia Pastoral, por sua
vez, é o campo da teologia que reflete sobre este agir pastoral da Igreja, no mundo, de
maneira orgânica e sobre as questões levantadas por ela. 3 Como ação do Pastor para
com as ovelhas, a Pastoral articula entre si dois aspectos: uma compreensão da Missão
pastoral, de Jesus, da Igreja, dos Pastores, com um conhecimento das ovelhas, um
diagnóstico da realidade, uma leitura da história, da sociedade, da cultura. Por isso,
uma compreensão diferente de um, como de outro aspecto leva a concepções diversas
do que seja Pastoral, inclusive a Pastoral Litúrgica. Daí a necessidade para o agente de
pastoral de clarear, continuamente, os pressupostos a partir dos quais faz pastoral e a
necessidade da Teologia Litúrgica Pastoral.
Hoje, entende-se Pastoral na Igreja como uma ação planejada, organizada em
diversas pastorais que correspondem a campos diversos, cada um com os seus agentes
próprios; pastorais diversas, mas articuladas entre si e integradas num Plano Pastoral de
Conjunto, elaborado em parceria participativa e que segue, muitas vezes, a metodologia
Ver - julgar - agir, e mais celebrar e avaliar. Puebla reconheceu a necessidade da
Pastoral planejada para a missão da Evangelização.
"A ação pastoral planejada é a resposta específica, consciente e
intencional às exigências da evangelização. Deverá realizar-se num
processo de participação em todos os níveis das comunidades e pessoas
interessadas, educando-as numa metodologia de análise da realidade,
para depois refletir sobre essa realidade do ponto de vista do Evangelho e
optar pelos objetivos e meios mais aptos e fazer deles um uso mais
racional na ação evangelizadora." (DP 1306-1307)
1
C. FLORISTÁN¸ Ação Pastoral em C. FLORISTÁN, J.J. TAMOYO, J. DE LA TORRE, A
HORTELANO, Dicionário de Pastoral, Santuário, Aparecida 1990,19-21.
2
F. FAVREAU, La pastorale liturgique em J. GÉLINEAU (org.), Dans vos Assemblées, Desclée, Tournai
1989, vol 1, 17.
3
J.B. LIBÃNIO, A. MURAD, Introdução à Teologia. Perfil, Enfoques, Tarefas¸ Loyola 1996, 202 e 207.
1
"Na Igreja, como unidade dinamizadora e em vista duma eficácia
permanente de sua ação, assumimos a necessidade duma pastoral
orgânica que compreenda, entre outras coisas: princípios orientadores,
objetivos, opções, estratégias, iniciativas práticas, etc." (DP 1222)
Mas, por mais planejada que seja, a pastoral, sempre deverá deixar transparecer,
de maneira clara, a atitude pastoral, a paixão do Bom Pastor pelas ovelhas e pelo Reino,
através da "presença fraterna junto às pessoas, a sensibilidade para comungar com elas
em seu sofrimento e em suas alegrias" 4; o que se busca é a vida das ovelhas e não
meramente o cumprimento administrativo de um plano por melhor que seja.
2.1 A PASTORAL LITÚRGICA NO CONJUNTO DA PASTORAL DA
IGREJA
No conjunto do Agir Pastoral da Igreja, a Pastoral litúrgica constitui um campo
específico de suma importância, articulado com as demais pastorais. O que afirma o
Concílio: "A liturgia não esgota toda a atividade da Igreja" (SC9), mas é "cume e fonte"
de toda a ação pastoral da Igreja (SC 10). "Antes que os homens possam achegar-se da
Liturgia, faz-se mister que os homens e mulheres sejam chamados à fé e à conversão"
pelo anúncio da Palavra (SC9). Depois da liturgia, segue "observar tudo o que Cristo
mandou e toda obra de caridade, piedade e apostolado." (SC9).
Os três eixos fundamentais da Missão Pastoral da Igreja5
A Liturgia vista como cume entre um antes e um depois remete à uma divisão
tradicional da Pastoral em três eixos fundamentais: a) A Pastoral da Palavra, b) A
Pastoral dos Sacramentos, c) A Pastoral hodogética (hodos caminho), ou ação Pastoral
da caridade6. Esta divisão corresponde à missão de Cristo como Profeta - Sacerdote -
Rei e ao tríplice múnus correspondente da Igreja: Ensinar - Santificar - Governar7. A
unção pós-batismal significa a cada batizado que ele é ungido como membro do Corpo
de Cristo para participar desta missão profética, sacerdotal e real. Uma fundamentação
bíblica para uma divisão da missão em três eixos essenciais se encontra quando o
Ressuscitado envia os Onze para a missão de fazer discípulos.
"Jesus, aproximando-se deles, falou: “Toda a autoridade sobre o
céu e sobre a terra me foi entregue. Ide, portanto, e fazei que todas as
nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai e do Filho e
do Espírito Santo, e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. Eis
que eu estou convosco, todos os dias, até a consumação dos séculos!".
(Mt 28, 18-20)
Uma leitura mais atenta permite perceber os três momentos essenciais da Missão
Pastoral 1. Anunciar a Palavra faz surgir a fé para tornar-se discípulo de Jesus. Assim,
Pedro, no dia de Pentecostes: "Deus constituiu Senhor e Cristo, a esse Jesus que vós
4
J.B. LIBÃNIO, A. MURAD, Introdução à Teologia. Perfil, Enfoques, Tarefas¸ Loyola 1996, 208.
5
J. GÉLINEAU, Em vossas assembleias, tomo 1: Teologia pastoral da missa, Paulinas, São Paulo 1973,
23-24; C. FLORISTÁN, J.J. TAMOYO, ( dir.), Diccionario abreviado de pastoral, Verbo Divino, Estella
1992,17-18; J.LÓPES MARTÍN, A Pastoral litúrgica em No Espírito e na Verdade,Vol II Introdução
antropológica à Liturgia, Vozes, Petrópolis 1997, 396-397.
6
C. FLORISTÁN, J.J. TAMOYO, J. DE LA TORRE, A HORTELANO, Dicionário de Pastora,
Santuário, Aparecida 1990, 21. O terceiro campo abrange a caridade como vida pessoal ética, a ação
socio-transformadora do serviço do Reino e a participação na missão da Igreja (apostolado - pastorais).
7
Cf. Vaticano II LG 17, CD2 e 12-16; PO 4-6.
2
crucificastes (At 2,36).2. Batizar. A fé desabrocha no sacramento, ação salvífica de
Jesus, e incorpora na comunhão fraterna dos discípulos. "Acolhendo a sua palavra,
receberam o batismo. E, naquele dia, foram agregadas mais ou menos três mil pessoas"
(At 2, 38-41). 3. "Ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei". É agir segundo
Jesus, a caridade.
"Pregando o evangelho, a Igreja atrai à fé e à confissão da fé os
ouvintes, dispõe-nos ao batismo, arranca-os da escravidão do erro e
incorpora-os a Cristo, para que através da caridade cresçam nele até à
plenitude. (LG 17)8
Esta divisão da Missão Pastoral da Igreja em três eixos oferece a vantagem de
ser clara e facilitar assim a compreensão do Povo, pois pode ser resumida em três
palavras de fácil memorização: Palavra - Sacramento – Serviço: Ação de caridade; ou
Anunciar - Celebrar -Viver a serviço.
"La evangelización es la misión fundamental de la Iglesia y
consiste en anunciar, celebrar y vivir en el servicio el misterio de Jesus
que 'murió por nuestros pecados y resucitó para nuestra justificación'."9
".Conforme o próprio Vaticano II a comunidade eclesial é
edificada pelo Espírito Santo, mediante o anúncio da Palavra
(Evangelho), a celebração da Eucaristia e dos outros sacramentos, a
vida de comunhão do povo de Deus com seus carismas e ministérios.10
Foram propostas outras divisões mais complexas da Ação Pastoral, mas elas
constituem uma maior especificação dos três eixos principais.
"Mais recentemente foram propostas outras divisões mais
complexas dos aspectos da missão da Igreja, que podem ser resumidos
desta maneira: a evangelização ou missão (kerigma), a catequese
(didascalia), a liturgia (leitourgia), a comunhão eclesial (koinonia) e o
serviço (diaconia). Na realidade subsistem as três funções anteriores,
uma vez que a koinonia é fruto tanto da pastoral da Palavra,
evangelização e catequese, como da pastoral litúrgica e constitui o
fundamento da pastoral do serviço. "11.
8
LG17 ; J.L. MARTÍN, No Espírito e na Verdade, Vol II, Introdução antropológica à Liturgia, Vozes,
Petrópolis 1997, 396. CNBB, Diretrizes Gerais da ação pastoral da Igreja no Brasil1991-1994 =
Documentos da cnbb 45, Paulinas, São Paulo nº 196.
9
CONFERENCIA EPISCOPAL MEXICANA - Proyecto pastoral de la CEM 1996-2000 "Jesus Cristo,
vida e esperanza de México" n. 23, em: Comunicado Mensal da CNBB (1996)1520.
10
CNBB, Diretrizes Gerais da ação pastoral da Igreja no Brasil1991-1994 = Documentos da cnbb 45, nº
196. Cf. A. LORSCHEIDER no Sínodo de 1977: "Na catequese, é preciso sempre ligar e nunca separar o
conhecimento da Palavra de Deus, a celebração da fé nos sacramentos e a confissão de fé na vida
quotidiana" em: J. GÉLINEAU, Em vossas assembleias, tomo 1: Teologia pastoral da missa, Paulinas,
São Paulo 1973, 23-35. É também o esquema seguido pelo Catecismo da Igreja Católica: I. A Profissão
de fé; II. A celebração do mistério de Cristo; III. A vida em Cristo. Prestando melhor atenção, se trata de
uma estrutura antropológica religiosa fundamental. Em toda religião se encontram: a) crenças específicas,
b) ritos próprios e c) Práticas de vida, características de viver segundo normas de acordo com a fé
professada.
11
J.LÓPES MARTÍN, No Espírito e na Verdade, Vol. II, Introdução antropológica à Liturgia Vozes,
Petrópolis 1997, 397. A CNBB Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil =
Documento da CNBB 54, Paulinas, São Paulo 1995, n.173, adotou os seguintes aspectos da ação
evangelizadora e pastoral: serviço, diálogo, anúncio e vivência comunitária da fé.
3
Os três eixos: uma estrutura - o risco das separações
(Quadro nº1 .Os 3 Eixos essenciais da Missão Pastoral e Evangelizadora da Igreja - equivalências
17
A.M. ROGUET, A pastoral litúrgica em: A. G. MARTIMORT, A Igreja em oração, Ora & Labora,
Singeverga 1965, 269.
18
C. FLORISTÁN, Pastoral litúrgica em: D. Boróbio (org.), A celebração na Igreja 1 Liturgia
esacramentologia fundamental, Loyola, São Paulo 1990, 431.
19
L. DELLA TORRE citado em J. LÓPES MARTÍN, No Espírito e na Verdade, Vol. II Introdução
antropológica à Liturgia, Vozes, Petrópolis 1997, 401.
20
J. LÓPES MARTÍN, No Espírito e na Verdade, Vol. II, Introdução antropológica à Liturgia, Vozes,
Petrópolis 1997, 401.
21
Definição inspirada da Definição da Pastoral Familiar em Pastoral Familiar no Brasil = Estudos da
CNBB 65, Paulus, São Paulo 1994, nº16.
7
Exigências para a Pastoral Litúrgica
"Pastoral litúrgica, é a ação organizada e corajosa da Igreja para levar o Povo de
Deus à participação consciente, ativa e frutuosa na Liturgia." 22 A participação plena
representa uma série de exigências que são tantos outros objetivos da Pastoral Litúrgica;
verificar as condições para que todas as celebrações litúrgicas "sejam verdadeiramente
significantes e comunicadoras das realidades divinas que têm o dever de expressar
sacramentalmente"23; cuidar de que a comunidade seja realmente o sujeito ativo da
celebração e não mero receptor passivo (celebração da comunidade e não para a
comunidade), o que significa também inculturação da liturgia; velar pela qualidade e
eficácia das celebrações, não só ao nível objetivo da validade dos ritos, mas ao nível
subjetivo das pessoas, procurando aproximar a tradição da Igreja da situação concreta
das pessoas, de sua cultura, história de fé, suas necessidades. Formar para arte de
Celebrar ministros qualificados para presidir a oração, proclamar a Palavra, animar,
ajudar no altar, servir pelo canto e pela música ou a dança.
"A PL é uma práxis eclesial, um saber fazer, uma arte de
celebrar e de guiar os fiéis para uma vivência mais profunda do mistério
da salvação. Celebrar é uma arte que exige ministros qualificados, nos
diversos ministérios e serviços: presidir a oração e a assembleia,
proclamar as leituras, exercer o ministério da música, do canto, da dança,
etc. A Pastoral litúrgica há de preocupar-se com a formação dos
responsáveis pelas celebrações "quer fornecendo a eles os
conhecimentos, quer neles aperfeiçoando os carismas e os dotes
necessários para uma ars celebrandi.24"
Ela requer, portanto, uns conhecimentos teóricos e práticos, a
teoria da prática, baseada na teologia litúrgica dum lado e no aporte das
ciências humanas do outro lado como psicologia, semiologia, lingüística,
estética, comunicação, etc.25
"A PL propicia aos que têm tarefas ministeriais nas assembleias
litúrgicas, e ao sacerdote que preside ordinariamente, a profissionalidade
exigida para o dever de agir e operar ritualmente de modo a significar as
complexas relações que os crentes cristãos mantêm com o Deus de J.C.
na Igreja impregnada do Espírito Santo. A competência doutrinal e a
capacidade operando de dirigir as celebrações litúrgicas, para que elas
sejam significantes e comunicantes das realidades divinas que têm a
obrigação de exprimir "sacramentalmente" e de educar os fiéis para a
cultura da fé que os torna capazes de interpretar e participar com frutos,
devem constituir a bagagem intelectual e prática dos que são chamados a
presidir assembleias litúrgicas, que reúnem as comunidades de que são
pastores."26
22
CNBB, Animação da vida litúrgica no Brasil = Documentos da cnbb 43, Paulinas, São Paulo 1989,n.
185.
23
J.LÓPES MARTÍN, No Espírito e na Verdade, Vol. II Introdução antropológica à Liturgia. Vozes,
Petrópolis 1997, 401.
24
L. DELLA TORRE, Pastoral litúrgica em: Dicionário de Liturgia, Paulinas, São Paulo 1992, 909.
25
J. GÉLINEAU, Em vossas assembleias, tomo 1: Teologia pastoral da missa, Paulinas, São Paulo 1973,
32.
26
L. DELLA TORRE, Pastoral litúrgica em Dicionário de Liturgia, Paulinas, São Paulo 1992, 913.
8
2.2.1 O âmbito da Pastoral litúrgica e suas diversas dimensões
A Pastoral litúrgica abrange, portanto, o campo imenso das celebrações
litúrgicas do Mistério Cristão de Cristo, mas também das celebrações que brotam da
religiosidade popular, tão importantes na experiência cristã das comunidades.
Procurando estar atento a tudo o que diz relação ao sacerdotal na celebração e na vida, a
Pastoral litúrgica preocupa-se com a formação para a oração pessoal (SC12) e
comunitária, e o que diz respeito à espiritualidade procurando a harmonização com a
liturgia que há de ser a primeira fonte de espiritualidade. (SC13)27.
Enumeram-se, a seguir, sem pretensão de esgotar o assunto, diversos campos da
Pastoral litúrgica remetendo aos respectivos capítulos desta obra para maior
aprofundamento. A exemplo dos Rituais, a pastoral procurará situar a Celebração
sacramental no contexto maior das situações humanas e cristãs, onde se insere. Diz um
canto religioso popular "amar como Jesus amou, rezar como Jesus rezou, etc.", a
pastoral da Igreja sujeito das ações litúrgicas considera os sacramentos como ações de
um Povo que, como Jesus, inicia, é batizado e ungido pelo Espírito, come a Páscoa
como Jesus comeu, cura, reconcilia, "casa" ( é grande este mistério Ef 5,32), conduz e
guia .28
1) Pastoral da Assembleia dominical para a Eucaristia ou Celebração da
Palavra (onde não há Eucaristia possível): mencionada aqui em primeiro, porque é a
celebração central na vida das comunidades que merece a melhor atenção da pastoral;
outras celebrações eucarísticas cotidianas ou circunstanciais.
2) A Igreja inicia: Pastoral da iniciação à fé e à vida cristã: A AL segue,
geralmente, um itinerário com as seguintes etapas: a) preparação e celebração do
batismo das crianças em colaboração com a pastoral familiar; b) iniciação à fé na
família através, também, de pequenas celebrações; 29 c) catecumenato pós-batismal e
preparação para a "Primeira Eucaristia" com a Pastoral Catequética; celebrações
catequéticas, celebrações eucarísticas com as crianças e suas famílias; 30 1ª celebração
do Sacramento do Perdão; d) a partir dos 14 e 15 anos, prolongando Catecumenato,
etapa para o Sacramento da Confirmação dos batizados quando a Igreja comunica o
Espírito de Pentecostes com seus dons e carismas diversificados em vista da Missão.
Numa AL jovem, a iniciação é um campo de intensa atividade. Desafios: valorizar a
iniciação como processo progressivo, global e unitário com a colaboração ativa da
comunidade nas diversas etapas; importância da experiência pessoal de Deus; não há
idade "normal" para tornar-se cristão: ver como atender com um catecumenato
suficientemente flexível para corresponder ao que cada um pode dar, em grupos novos
ou já existentes, a demanda dos jovens e adultos que, cada vez mais numerosos,
procuram o batismo. Desenvolver a Pastoral da Iniciação, em todas as etapas, numa
perspectiva de anúncio de Evangelização, com uma atitude acolhedora capaz de
27
"O campo desta ação pastoral litúrgica estende-se a âmbitos mais vastos do que as celebrações das
assembleias, ocupando também os espaços da ritualidade-oração pessoal, familiar, catequética, popular,
como as formas da devoção e da piedade..." L. DELLA TORRE, Pastoral litúrgica em NDL, 913. J.
GÉLINEAU, Em vossas assembleias, tomo 1: Teologia pastoral da missa, Paulinas, São Paulo 1973,33-
34.
28
J. M. BUNING, Liturgy as prophetic em: The new Dictionary of Sacramental Worship, Liturgical
Press, Collegeville 755a.
29
CNBB - PASTORAL DA CRIANÇA, Catequese do ventre materno aos seis anos, Vozes, Petrópolis
1996.
30
Diretório das Missas com crianças Pastoral dos sacramentos da iniciação cristã= documentos da cnbb
2a, Paulinas, São Paulo 1975.
9
discernir os sinais do Espírito que precede; saber confiar nos dons do Espírito que os
jovens recebem na Confirmação.
3) A Igreja cura. Pastoral dos Sacramentos de Cura: a) Penitência e
Reconciliação: situar a celebração sacramental no contexto mais amplo da missão de
Reconciliação e Penitência da Igreja no mundo, estimulando a corresponsabilidade de
todos para uma cultura da reconciliação e solidariedade" (DSD77); descobrir formas de
anunciar e celebrar a reconciliação e a paz num mundo mais sensibilizado aos
problemas de justiça, de exclusão social. Privilegiar o Tempo penitencial da Quaresma.
Num tempo de certa crise da celebração do Sacramento, redescobrir as possibilidades de
revalorizar a "confissão individual", mas também, as celebrações penitenciais não-
sacramentais, o atendimento para aconselhamento espiritual. 31 Reconciliar como Jesus
reconciliou (Parábolas do perdão), deixando de lado toda pastoral do medo e a tendência
inata ao farisaísmo. b) Unção e Assistência Pastoral dos enfermos integrada numa
pastoral da saúde mais ampla: visita, comunhão aos doentes, levada, às vezes, por
ministros depois da Missa Dominical, Celebração da unção dos enfermos também
comunitária, Celebrações de Bênçãos para doentes e outros necessitados onde ministros
leigos, para isso preparados, tomam o tempo de escutar e rezar individualmente pelas
necessidades das pessoas, etc.32.
4) Pastoral do matrimônio integrada na Pastoral familiar de educação para o
amor humano, sacramento do divino. Preparação (namorados firmes, noivos),
Celebração do sacramento do matrimônio com a participação de uma Equipe de
celebração para o canto, a animação, as leituras, etc. Incentivar a importância da
espiritualidade conjugal.
5) SERVIR como Jesus serviu. Os ministérios na Igreja toda ministerial. Mais
do que qualquer outra pastoral, a Liturgia é lugar de convergência da diversidade dos
ministérios para os quais se pede uma formação litúrgica específica: ministérios
ordenados dos Pastores e diáconos, ministérios particulares instituídos e
extraordinários, e os numerosos outros de que precisa a celebração (ajudantes, leitores,
comentaristas, membros do coral, da dança etc.(CatIC1143). Relação entre sacerdócio
ministerial e presidência da liturgia. Em colaboração com a Pastoral Vocacional,
Celebrações especiais como ordenação, aniversários, dia das vocações; subsídios
litúrgicos para encontros vocacionais a partir da vocação batismal, incluindo a vocação
da vida consagrada e do casamento.
6) A MORTE em Cristo e os ritos que a cercam: Constituição de equipe de
ministros, especificamente preparados para ser presença pastoral em velórios,
encomendação, funerais. Celebração eucarística, também comunitária, de 7º e 30º dia.
Inculturação das manifestações culturais latinas referentes à morte.
7) Celebração das horas em comunidades sob diversas formas com equipe
específica. O Ofício Divino das Comunidades!
8) Outras celebrações bem ao gosto do povo simples nas comunidades da AL
depois de Vaticano II, como as "Novenas de Natal " em grupos de famílias nas ruas,
"encontros" da Quaresma, do mês de Maria, do mês da Bíblia, das missões, da semana
da Família, etc. A Equipe de Pastoral litúrgica pode desempenhar um papel importante
na orientação da escolha ou confecção dos subsídios, na preparação dos coordenadores.
Estas reuniões são verdadeiras escolas de oração e de aprendizagem para dirigentes de
31
DSD 42, 46, 74, 151, 240.
32
Cf. D. ORMONDE, Bênção dos aflitos doentes em: Revista de Liturgia 131 (1995) 27-30.
10
celebrações. Existem estilos diversos, inspirados na liturgia da Palavra, ou num Ofício
de Louvor, ou ainda sob forma de Via Sacra, de Ladainhas, de Reza do terço ou do
Rosário. Podem incluir dramatizações de cenas da vida ou de passagens bíblicas. Em
geral, introduzem-se o uso de "símbolos" que comunicam melhor e ajudam a
concretizar a oração. Outras celebrações: ofícios de Nossa Senhora, Procissões,
Romarias de diversos tipos. Os exercícios de devoção popular renovados na linha do
Concílio ganharam um novo elã e alimentam a imensa maioria das comunidades mais
simples. Permitem integrar a reflexão sobre o Evangelho e a Bíblia e a vida concreta.
Aqui entram também as reuniões de louvor dos Grupos de Oração onde a ação da
pastoral litúrgica pode ajudar a fornecer critérios para o canto e a adaptação da oração
aos tempos litúrgicos, etc. 33Celebrações do culto eucarístico, com Bênção do
Santíssimo que continuam tendo forte apelo popular.
10) Pastoral da vida de oração e da espiritualidade. Numa comunidade
paroquial, cabe também à Pastoral Litúrgica tratar da formação à vida de oração
comunitária e pessoal, da espiritualidade e do aprofundamento da experiência de Deus.
Sente-se em toda parte um desejo de espiritualidade que não pode ficar restrita aos
participantes de alguns movimentos de leigos. A Pastoral Litúrgica Paroquial pode
programar dias de oração, experiências de retiros, etc. Deve constituir um desafio
permanente o fato de que cristãos dizem não encontrar na celebração litúrgica um
verdadeiro alimento espiritual34 quando a Liturgia é presença da própria fonte da
espiritualidade. "A liturgia acena para o escondido em símbolos e ações simbólicas... A
equipe de liturgia, mais pela atenção do que pelas palavras, ajuda a criar ou estreitar os
laços entre os presentes e o mistério." 35
11) O Espaço Litúrgico - arte litúrgica: orientações para a construção e
decoração de igrejas e capelas, organização do espaço litúrgico; atenção aos objetos
usados nas celebrações, iluminação, sonorização, etc. Perguntar-se qual a ideia de Deus
que comunica o local habitual da celebração.
12)Celebrar no tempo. Ao sabor do ritmo do ano litúrgico. Desafios da evolução
do tempo do Advento e da Quaresma na cidade 36. Santoral: Celebração da Páscoa dos
santos, Nossa Senhora, Padroeiros, Santos da devoção popular. A festa dos santos
sempre permitiu ao povo latino expressar ternamente os sentimentos de sua devoção.
Mistério pascal dos novos "santos" latino-americanos. Outros tempos especiais, a Igreja
celebrava outrora o tempo humano das estações, estações do trabalho e do lazer, as
Quatro Têmporas. Surgem na Pastoral Urbana e orientação de Pastores, outros
"tempos" que conhecem um certo sucesso: nova maneira de celebrar a Quaresma,
Meses, Semanas ou Dias da: Bíblia, Missões, Vocações; Família, Leigo, Paz,
Comunicação, etc. Diante do novo calendário, Liturgistas e Pastoralistas se
interrogam37. Mas também a ONU e sociedade civil criam novas datas: ano
internacional de ..., dias de cada categoria profissional. Na celebração das
comunidades, não faria sentido uma pastoral ignorar o dia das mães, dos pais, das
crianças, mas também o dia de Zumbi nas comunidades negras, da mulher, do
33
CNBB, Orientações pastorais sobre a Renovação Carismática Católica = documentos 53, Paulinas,
SãoPaulo 1994.
34
L. CHAUVET, Pratique sacramentelle et expérience chrétienne: em Christus 171 (1996) 275-287.
35
FREI ANGELINO, Pelos caminhos da Aliança, em Revista de Liturgia 136 ( Julho / Agosto 1996) 28.
36
Na cultura urbana, o advento já tem um ar de início de tempo de Natal. A Quaresma evolui com as
campanhas de Quaresma e produção de hinos com ritmos e arranjos musicais festivos.
37
A. ANTONIAZZI, O Projeto de Evangelização da CNBB "Rumo ao Novo Milênio"! Em Perspectiva
Teológica 29 (1997) 77-88, aqui 80: "Há um excesso de "dias", "semanas", "meses, dedicados a temas
específicos, que não combinam com a liturgia e distraem dela".
11
trabalhador; as festas nacionais. A ação de Deus, na Encarnação, se insere no humano
da história: desafio de operar um discernimento para que apareça o sentido do mistério
pascal de Cristo no hoje da história.
2.2.2 Quem faz e como faz: os Agentes e a organização da Pastoral Litúrgica
A Igreja reunida em assembleia celebra como sujeito da celebração (SC26). Se
a meta próxima da PL é favorecer a participação ativa, então, num 1º nível, cada um dos
membros da Assembleia litúrgica é agente. De maneira particular, todos os que nela
exercem um ministério a serviço da comunhão e participação na ação litúrgica, são os
agentes indispensáveis da pastoral litúrgica cujas atitudes vão permitir sensibilizar a
"presença escondida". Por isso, o Missal pede que, na preparação da Eucaristia, todos
sejam ouvidos.
"A escolha das diversas partes (da missa) deve ser feita de comum
acordo com os ministros e todos os que exercem alguma função especial,
inclusive os fiéis naquilo que se refere a eles de modo mais direto"
(IGMR 313).36
39
M. SIVINSKI, Pastoral litúrgica em Curso de especialização em liturgia = Cadernos de Liturgia 4,
Paulus, São Paulo 1995, 114.
14
lugar. Merece destaque como instrumento privilegiado de formação o Laboratório
litúrgico de que se fala mais adiante.
40
F. PALUDO, A. SOLDERA, Liturgia a serviço da vida e da esperança, O Recado, São Paulo 1996,
50-52.
15
Curso de liturgia Palestras (participantes e (datas e horário) (recursos) local
responsáveis)
prática no uso do
microfone e Equipes de
leituras em celebração
público
-Equipe
Diocesana da
Liturgia
16
compreender melhor que a liturgia não seria, em verdade, celebrar a Páscoa de Cristo se
não levasse às obras múltiplas da caridade.
"... o gesto litúrgico não é autêntico se não implica um
compromisso de caridade, um esforço sempre renovado para ter os
sentimentos de Cristo Jesus e uma contínua conversão... Esta celebração,
para ser sincera e plena, deve conduzir tanto às várias obras de caridade e mútua
ajuda como à ação missionária e às várias formas de testemunho cristão... Na
hora atual de nossa América Latina, como em todos os tempos, a
celebração litúrgica coroa e comporta um compromisso com a realidade
humana, com o desenvolvimento e com a promoção precisamente porque
toda a criação está inserida no desígnio salvador que abrange a totalidade
do homem" (Med 9,4).
A opção pelos pobres (DP 1134) influenciou a Pastoral Litúrgica e contribuiu
para valorizar a Religiosidade popular, fez surgir "um novo jeito de celebrar" com
gestos, símbolos, cantos vibrantes, testemunhos, partilha, etc. Aprendeu-se a celebrar
com os Pobres, sujeitos da ação litúrgica, e à maneira dos Pobres, sem deixar a
fidelidade à tradição. Hoje, no contexto de economias marcadas pela globalização e o
neoliberalismo,41 a celebração com os pobres continua sendo um lugar profético muito
importante de promoção humana (DSD43), de afirmação da dignidade da pessoa, de
solidariedade e de promoção da cidadania.
Contexto cultural. A IV Conferência Geral de Santo Domingo, com os temas de
evangelização inculturada e liturgia inculturada veio chamar a atenção sobre o contexto
cultural das pessoas com quem se celebra, levando a uma reflexão ulterior por parte dos
episcopados. Aparecem, assim, temas como modernidade, emergência da
subjetividade, pluralismo religioso, de grande importância para a pastoral litúrgica,
etc.42
Modernidade, Crise da Modernidade e Subjetividade. Com a modernidade
implode o modelo de unidade orgânica que caracterizava a era pré-moderna.
Sóciopolítico, Econômico, Cultural e Religioso coabitam doravante, lado a lado, em
unidades estanques entre si. É a secularização das estruturas e a privatização do
religioso. Deu-se a seguir a consciência da crise da modernidade. "Ela se revelou,
antes de tudo, na falência das promessas modernas de "liberdade e igualdade" ou de
"progresso em favor de todos" 43. Diante das estruturas despersonalizantes da
modernidade e da técnica, faz-se mais visível a Emergência da Subjetividade.
Formulada filosoficamente, a subjetividade significa a afirmação do sujeito livre, dono
de si mesmo, senhor da natureza e construtor do seu mundo44. Em termos culturais, é a
valorização da pessoa e da experiência subjetiva. A subjetividade traz novas questões
para a Pastoral Litúrgica45. A questão da subjetividade pode ajudar a redescobrir a
41
O Neoliberalismo na América Latina. Carta dos Superiores Provinciais da Companhia de Jesus da
América Latina. Documento de trabalho, Loyola, São Paulo 1996.
42
Cf. CNBB, Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil = Documento 54, Paulinas,
São Paulo 1995, nn. 112-172 ; os traços parecem válidos para toda a América Latina.
43
CNBB, Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil = Documento 54, Paulinas, São
Paulo 1995, 142
44
CNBB, Diretrizes gerais da ação pastoral da Igreja no Brasil = documentos da cnbb 45, Paulinas, São
Paulo 1991, nn.60 e 114. A subjetividade pode degenerar em "subjetivismo."
45
ASSOCIAÇÃO DOS LITURGIAS DO BRASIL - ASLI¸ Carta de Juiz de Fora sobre Subjetividade e
Liturgia em: Revista de Liturgia 141 (Maio / Junho 1997) 31-34. Os textos do encontro de 1997 serão
publicados num Caderno do Centro de Liturgia Assunção, São Paulo, no decorrer de 1997.
17
importância da Pessoa na estrutura do sacramento. Nos sete sacramentos a Igreja se
dirige de maneira personalizada a um TU: "Eu te batizo", etc. No entanto, no
contexto da "salvação pela fé " dos reformadores, a teologia sacramentária oriunda de
Trento, ao insistir sobre a eficácia objetiva dos sacramentos ex opere operato, não
considerou suficientemente as condições de fecundidade subjetiva. "Uma teoria
sacramentária que não integrasse as disposições do sujeito para sublinhar apenas a
gratuidade de Deus carece de objeto."46 Uma sadia Pastoral litúrgica deve ajudar a
refletir sobre o que se passa do lado das pessoas. Neste sentido, o Ritual da Iniciação
Cristã dos Adultos constitui uma referência obrigatória pela valorização da experiência
subjetiva da fé. A experiência de fé é uma história pessoal, com sua história própria.
"Como qualquer iniciação, a iniciação do cristão não pode ser
eficaz senão como um processo global que, a nível pessoal, se dirige
tanto e até mais ao coração, à memória e ao corpo como ao intelecto e
que, a nível coletivo, requer estar em osmose constante com a grande
Igreja - tanto a de ontem como a de hoje - pois é ela que "transmite" o
que "recebeu". 47
Contexto de Pluralismo religioso. O religioso está de volta, mas é um religioso
plural onde o catolicismo se defronta com as ofertas de novos grupos religiosos e,
sobretudo, o crescimento de numerosas igrejas evangélicas pentecostais especialmente
nos bairros populares. Muda a situação religiosa. O Vaticano II acentuou os valores de
respeito pela liberdade de consciência e o ecumenismo. A Nova Evangelização quer
promover o valor do diálogo ecumênico e inter-religioso. O fato é que muitos católicos
convivem com as ofertas religiosas de muitas igrejas evangélicas e se sentem, assim, na
liberdade de optar por uma ou outra. Por quê? Uns "foram buscar ... nas Igrejas
evangélicas pentecostais o reconhecimento da sua subjetividade, a possibilidade de uma
religião em que a pessoa do leigo vale, é reconhecida, pode expressar-se e agir" 48e
fazem, em outras Igrejas, a experiência religiosa que não fizeram no catolicismo. Hoje,
poucos católicos de bairros populares se sentem na "obrigação" de ir para uma missa
que não lhe agrada. Um comerciante se sentiria na obrigação de melhorar o seu
produto!
Alguns desafios para a liturgia
O novo contexto cultural apresenta desafios para a pastoral litúrgica. A.
Necessidade de iniciar à Experiência de fé. "O que falta à grande maioria dos católicos
tradicionais é uma experiência pessoal e imediata da fé".49 Em toda parte, afirma-se a
necessidade de fazer uma experiência de Cristo que "fale ao coração", experiência de fé
"emocionalmente envolvente, levando à conversão pessoal, a uma vivência de fé e a
uma mística profundas, nas quais a liberdade humana se abre à comunicação de Deus,
em Cristo."50 Desafio, portanto, para a pastoral de se colocar numa atitude
evangelizadora de iniciação cristã permanente para "possibilitar aos homens e mulheres
a experiência pessoal do Deus de Jesus Cristo. Em outras palavras, anunciar Jesus
Cristo, não como uma doutrina, mas como uma pessoa, através da qual o mistério de
Deus se torna próximo de nós."51
46
L. CHAUVET, A Liturgia no seu espaço simbólico em: Concilium 259(1995) 45-58, aqui p. 56.
47
L. CHAUVET, A Liturgia no seu espaço simbólico em: Concilium 259 (1995) 47.
48
J. COMBLIN, Cristãos rumo ao século XXI. Paulus, São Paulo, 1996, 43s.
49
J. COMBLIN, Cristãos rumo ao século XXI. Paulus, São Paulo 1996, 324-325.
50
CNBB, Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil =- Documento 54, Paulinas, São
Paulo 1995, nº 271.
18
B. Necessidade de trabalhar melhor o lugar do corpo na Liturgia. 52 Na cultura
de hoje se redescobre o corpo, a expressão pessoal através de gestos, atitudes. A liturgia
visa não a inteligência do mistério de Deus, (papel da teologia) mas a comunicação com
Ele, comunicação que se dá a nível da pessoa toda, da corporeidade a começar pelos
cinco sentidos. O que é solicitado na liturgia é o ser todo da pessoa (coração -
afetividade, memória, corpo). A Igreja reunida para a liturgia como Corpo de Cristo, é
também Corpo humano, Corpo social, Corpo cultural, Corpo histórico, Corporeidade
em desejo de Deus. Como as liturgias que são momentos simbólicos falam ao desejo
das pessoas às quais Cristo quer atingir53- A questão conduz ao ponto seguinte.
C. Necessidade de aprofundar o lugar da afetividade e das emoções na liturgia.
A modernidade tinha dado muito destaque ao racional. A pessoa humana é também
emoções, sentimentos, experiências espirituais. No dizer de um analista, católicos
sentem falta "das formas antigas do pietismo católico, do catolicismo popular, do
catolicismo dos leigos" que" lhes dava uma religião paralela de emoções, sentimentos e
reconhecimento de sua subjetividade" 54. Qual é o lugar dos sentimentos na liturgia?
Em 387, alguns dias depois do seu batismo, Santo Agostinho escreve um texto citado no
Catecismo da Igreja Católica, e cujos grifos mostram, de maneira até surpreendente, o
lugar da emoção na liturgia, na experiência de fé de Agostinho:
“Quanto chorei ouvindo vossos hinos, vossos cânticos, os acentos
suaves que ecoavam em vossa Igreja! Que emoção me causavam! Fluíam
em meu ouvido, destilando a verdade em meu coração. Um grande elã de
piedade me elevava, e as lagrimas corriam-me pela face, mas me faziam
bem.”(CatIC 1157)
60
IGMR 313.
61
CNBB, Animação da vida litúrgica no Brasil = Documentos da cnbb 43, Paulinas, São Paulo 1989, nn.
211 a 228. L. E. BARONTO, Preparando passo a passo a Celebração. Um método para as equipes de
celebração das comunidades, Paulus, São Paulo 1997.
20
celebração, conversar com algumas pessoas e colher delas o depoimento
de como se sentiram durante a celebração." 62
Quadro nº 4 Sugestão de roteiro para avaliação63
62
L. E. BARONTO, Preparando passo a passo a Celebração. Um método para as equipes de celebração
das comunidades, Paulus, São Paulo 1997, 21.
63
L. E. BARONTO, Preparando passo a passo a Celebração, Paulus, São Paulo 1997, 21 com
adaptações.
21
Algumas perguntas podem ajudar a reflexão: - O que diz o texto? Quem fala?
Com quem fala? Qual a mensagem para a comunidade daquele tempo? E hoje, como a
Palavra interpela a equipe, fala, toca, por quê? O que Deus quer realizar, hoje? O que
essa Palavra leva a dizer a Deus? Onde está a Boa Nova de salvação que se vai
celebrar ? Para concluir, resumir numa frase a reflexão. Hoje se celebra ------.
Observação: com grupo já experimentado, os participantes já percebem aqui como
poderão ser proclamadas as leituras: diversos leitores, cantada, encenada, etc.
3º Passo: Trabalhar a Comunicação - Criar a celebração
Liturgia não é reflexão como se viu, é comunicação. O que se estudou até agora
de maneira mais reflexiva, deve ser traduzido agora em linguagem celebrativa que
envolve a pessoa toda, corpo, mente, coração, imaginação, desejo etc. Começa-se com
fazer surgir ideias à maneira de tempestade mental para depois selecionar a respeito de
gestos, cantos, símbolos, decoração, ambientação, ritos, proclamação das leituras, etc.
Enfim, tudo o que vai permitir celebrar com todo o ser o mistério de Cristo, hoje, nesta
realidade concreta. As antífonas de comunhão são muitas vezes tiradas do Evangelho,
mostrando a relação entre Palavra e Rito sacramental. Procurar estabelecer correlação
que se poderia ver entre um elemento simbólico, uma imagem, uma frase de que fala
uma leitura dum lado e um rito correspondente da missa: ex.: no tempo pascal, o Cristo
ressuscitado fala de fé a Tomé (mistério da fé), de paz (rito da paz). Procurar definir a
cor "afetiva" da celebração, o estilo global que convém, a nota dominante que se vai
acentuar.
4º Passo: elaborar o roteiro numa folha
No fim de tudo, preencher a folha roteiro (exemplo no quadro nº 5) que servirá
de orientação para os ministros, presidente, animadores, cantores e música, dança, etc.)
É hora de decidir quem faz o quê e quando, distribuir as tarefas, e escrever as
introduções ou preces, etc. A experiência ensina a importância de um coordenador que,
por trás dos bastidores, vai se encarregar de que tudo funcione bem, e do ministério do
animador que, com o que preside, conduz a celebração estando atento a todo momento
ao que se passa do lado das pessoas para exercer a sua função.
Quadro nº 5: Exemplo de Folha roteiro:64
ROTEIRO DA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
Data / Tempo litúrgico / Equipe responsável / Para celebrar a partir da vida: acontecimentos
que marcaram a vida da comunidade e a levar em conta . Indicar se um acontecimento vai marcar a
celebração de modo particular: Ex.: dia da bíblia, das mães; falecimento, etc.
RESUMO DA REFLEXÃO: Qual é a Boa Nova do Domingo? O QUE QUEREMOS CELEBRAR?
SERVIÇOS E MINISTÉRIOS: Acolhida na chegada; quem preside; Animadores;
Coordenadores ; Leitores; ministros Eucaristia; Preces dos fiéis; Ofertas; Dança litúrgica; cantores;
instrumentos .
COISAS NECESSÁRIAS PARA A CELEBRAÇÃO.
64
Para facilitar o trabalho, o roteiro vem com sugestão de opções escritas, bastante sublinhar a que for
escolhida. Por falta de espaço, o modelo, aqui, não deixa lugar para as indicações como ministro, etc.
22
I : R I T O S I N I C I A I S - . Objetivo: reunir-se em nome do Senhor -
Acolhida dos participantes na chegada à igreja; Prelúdio musical; ensaio -
Animadores: boas vindas; introdução, eventualmente convite para momento de silêncio, refrão,
gesto;
Canto da entrada - Entrada dos ministros da celebração: procissão /simples/
dançada /com(sublinhar): cruz / velas / lecionário / água benta / incenso / círio pascal / cartazes; outras
pessoas; outros símbolos:
Saudação: a) sinal da cruz: rezado / cantado; b) saudação ritual: rezada / cantada / c)
saudação espontânea a seguir; deve-se saudar uma categoria especial hoje? saudação aos visitantes;
quem / como/ canto .
Rito penitencial: quem / como: / gestos / canto /; Glória: cantado nº / dançado/ rezado;
Oração do dia: atitude; amém: rezado / rezado e cantado
avisos / canto final, Bênção final: simples / solene / despedida saída dos ministros da Eucaristia e o que
preside que se despedem do povo na porta. Outras anotações:
23
4.2 Celebrar melhor: algumas orientações
Um roteiro ainda não é celebração. Falta vida. É preciso dar-lhe corpo e alma
para transformá-lo num acontecimento de salvação. É importante aqui a atitude pastoral
do que preside e do animador ou animadora. Animar (ánima) não é introduzir uma
"alma" de fora (um ânimo) para que a celebração seja vibrante, mas permitir que a
"alma" que já está na assembleia possa tomar "corpo", expressa-se; com as suas
possibilidades de vida e participação. Por isso, no decorrer da celebração, o animador,
introduz, sugere, incentiva (gesto, silêncio, aclamação, palmas) para facilitar a
expressão da assembleia em oração. Celebrar é uma arte pastoral de celebrar, um jeito
de fazer, ao mesmo tempo dom, e fruto de aprendizagem teórica e técnica.
A gramática da celebração. Um autor de texto literário para comunicar uma
experiência, sentimentos, emoção, não pode dispensar as leis da gramática. Quanto
melhor dominar a gramática e suas leis, tanto mais liberdade terá para se expressar. A
gramática nunca fez uma poesia; mas não existe poesia sem gramática. Assim também
a liturgia. Quanto melhor se conhecer a "gramática" da celebração ou seja a seqüência
ritual, o significado dos ritos e símbolos, as normas e rubricas, as leis da comunicação
simbólica, tanto melhor se poderá construir, com criatividade e liberdade, uma liturgia
comunicativa do belo do mistério de Deus, torná-lo transparente nos sinais do celebrar
juntos, e tocar o coração do homem e da mulher à escuta de Deus.
Desenvolver rotina. Parece até contraditório, mas a meta de qualidade passa
pelo desenvolvimento de rotinas; na liturgia, uma rotina é um jeito habitual de celebrar
com uma assembleia determinada, jeito bem assimilado, satisfatório e que dá esta
liberdade interior de celebrar que um rito bem conhecido permite. É a partir de tais
rotinas, jeito de fazer longamente habitado, que se pode dar um passo de qualidade para
melhorar e desenvolver uma nova rotina que atenda melhor às necessidades.
A Atenção às leis dinâmicas da comunicação ajudam no desenvolvimento de
uma celebração viva. A) num jeito habitual de fazer (rotina), introduzir pequenas
mudanças, desperta o interesse, por exemplo, cantar um rito não cantado habitualmente,
como a narração da instituição, convidar determinadas pessoas para rezar o Pai Nosso
em redor do altar etc. B) dar atenção às leis do ritmo.65 Um ritmo se dá pela
alternância, por exemplo, entre tempos fortes / tempos fracos, tensão / repouso,
contrastes e duração . a) tempos fortes / tempo ordinário: marcar bem o Ritmo anual do
ano litúrgico, celebrando de modo diferenciado os diversos tempos; cuidar do Ritmo na
sequência das partes da celebração. Lei dos contrastes: saber jogar com os contrastes
visuais na iluminação: luz/ trevas / cores quentes / frias; em atitudes: gestos amplos /
recolhidos; auditivos: som / silêncio / instrumentos, solista - assembleia / canto lento-
rápido; / tom maior - menor; / graves - agudos; / diversificar o gênero dos cantos. Leis
do equilíbrio entre as durações. Rito mais demorado / rápido. De modo geral sente-se
hoje a necessidade de desenvolver mais os ritos iniciais em geral antes das leituras
(acolhida - rito penitencial); dosar as durações, sabendo que se trata de tempo mais
psicológico do que real: uma celebração pode durar várias horas, sem cansar, enquanto
outra celebração de uma hora já cansou a todos. Descobrir que a liturgia tem muito a
ver com o lúdico que dá tempo ao tempo. "Liturgia são os filhos e filhas de Deus
brincando diante do Pai"66.
65
J. LEBON, Para viver a Liturgia, Loyola, São Paulo 1993, 154-156.
66
Citação de R. GUARDINI em R. VELOSO, Por uma liturgia cordial em: Revista de Liturgia 142
(1997) 29.
24
5. UM INSTRUMENTO DE FORMAÇÃO: O LABORATÓRIO LITÚRGICO
O laboratório litúrgico tem-se revelado um instrumento muito proveitoso na
formação litúrgica dos agentes de pastoral. Consiste em trabalhar apenas um momento
ou um rito da celebração. 67. Não é ensaio, nem representação mas a vivência
experimental de um rito determinado, realizado fora da celebração, como meio de
aprendizagem para celebrar melhor. Os laboratórios trabalham a unidade entre o rito, o
seu sentido, e a atitude subjetiva de quem o faz. O laboratório exige um mínimo de
uma hora e meia, mas pode ocupar um período todo. Obedece a uma seqüência
preparada previamente mas que possibilita a improvisação. É uma estrutura flexível que
pode ser adaptada de muitas maneiras. O essencial é que se trabalhe apenas um
momento ritual.
CONCLUSÃO:
“A Igreja faz a Eucaristia, mas a Eucaristia faz a Igreja”. A experiência mostra
que não se trata de um princípio apenas, mas de uma realidade; a renovação litúrgica
oriunda de Vaticano II faz surgir Comunidades vivas de Igreja, alegres e fraternas,
comprometidas nas diversas pastorais da Igreja e dá um testemunho evangelizador de
comunhão fraternal. A liturgia, de fato, possui também uma dimensão evangelizadora
de que nem todos se dão conta. O espaço litúrgico onde, de domingo em domingo,
acontece a celebração constitui um lugar iniciático, a matriz onde se gera o cristão. O
espaço litúrgico não são apenas alguns metros quadrados, mas um espaço simbólico,
investido psicologicamente e prenhe de uma linguagem do mistério. A organização do
espaço, a decoração, a relação dos ministros com a assembleia, iniciam o batizado a
uma imagem de Deus, da Igreja, de Cristo, do cristão e de sua missão.
Não há outra maneira de entrar no "mistério de Cristo" a não ser
deixar-se invadir, tomar por ele. Ser iniciado não é ter aprendido
"verdades que devemos crer", mas ter "recebido", de alguma forma,
através de todos os poros da pele, uma tradição“.
Durante os séculos de "cristandade", a iniciação se fazia por toda
parte através da lenta incubação, no corpo, na memória e no coração de
todos e de cada um, no ritmo dos domingos e das festas. Ainda hoje,
seria injusto negligenciar esta dimensão, em benefício exclusivo da razão
crítica” 68
A Igreja que celebra de modo participativo constitui o espaço iniciático onde
cada um é convidado a entrar e tomar o seu lugar que o espera como batizado e a
deixar-se invadir pelo mistério de Cristo aí celebrado. Celebrar a experiência da fé para
responder à Caridade recebida pela caridade doada do Serviço à Vida, como Jesus agiu.
SÍNTESIS
1- Toda a missão da Igreja é pastoral ou evangelizadora, porque confiada por
Cristo o Bom Pastor. É uma ação da Igreja toda, cada um segundo o seu ofício, sob a
orientação dos pastores.
2- É tradicional a divisão tripartite da ação pastoral em Pastoral da Palavra
(Kerigma e didaskalia), pastoral litúrgica, e pastoral do serviço da caridade,
correspondendo ao tríplice múnus de Cristo Profeta, Sacerdote e Rei.
67
D. ORMONDE, Laboratório litúrgico: o que é, como se faz, por quê? Em: Formação litúrgica. Como
fazer? = Cadernos de Liturgia 3, Paulus, São Paulo 1994, 36-41.
68
L. CHAUVET, A Liturgia no seu espaço simbólico em: Concilium 259 (1995) 47-48.
25
3. A divisão tripartite chama a atenção para três momentos distintos da missão
evangelizadora e da Pastoral, mais profundamente interligados entre si e indispensáveis.
4. Palavra, Liturgia e Agir a Serviço figuram uma estrutura da missão da Igreja e
ao mesmo tempo da identidade cristã. Uma Igreja que esquecesse uma dimensão seria
manca, assim como seria incompleta uma identidade que deixasse de lado um dos três
elementos.
5. A Pastoral litúrgica preocupa-se com a celebração do mistério cristão, mas em
interligação com o antes e o depois, a experiência da fé que vem do anúncio da Palavra,
e a vida de serviço na caridade de Cristo, pois a liturgia é fonte e cume de toda a
atividade pastoral da Igreja.
6- A Pastoral litúrgica, como pastoral específica, organizada e planejada, tem
como âmbito o vasto campo das celebrações do mistério cristão na comunidade, tanto as
celebrações propriamente litúrgicas quanto as da religiosidade popular. Mas a Pastoral
se estende também às formas de oração e à espiritualidade.
7- A meta imediata da Pastoral é a participação plena e frutuosa em celebrações
cada vez melhores e onde se tenha acesso ao mistério através das transparências dos
sinais. O objetivo final da Pastoral, no entanto, visa a edificação das comunidades da
Igreja, procura a santificação dos fiéis e a glória de Deus, de sorte que nutridos pelos
sacramentos de Cristo, os fiéis possam, como Cristo, viver o seu sacerdócio batismal
existencial. Através das celebrações sacramentais, a Pastoral almeja educar o olhar dos
fiéis a descobrir a ação de Deus, de Cristo e do Espírito, nos diversos níveis de
sacramentalidade, da criação, da história, da Igreja.
8- Agentes de pastoral. A Igreja toda é chamada a ser agente da Pastoral; pois
ela não é só destinatária da ação sacramental mas sujeito ativo da celebração unida a
Cristo. Em 2º lugar, de modo particular são agentes privilegiados os Pastores que tem a
responsabilidade pelo rebanho e todos os que exercem um ministério na liturgia. Mas,
em 3º lugar, para realizar a meta de fomentar a liturgia, a Pastoral precisa também de
agentes de pastoral, que constituindo - se em comissão ou equipes de liturgia assumam
o serviço particular de colocar-se a serviço da vida litúrgica do povo de Deus, a nível
nacional, Diocesano, Regional e Paroquial.
9- As principais funções de uma Pastoral litúrgica organizada são: animação,
organização, coordenação, formação, assessoria, com características próprias a cada
nível.
10- Um Plano de Pastoral Litúrgica, elaborado com a participação dos agentes,
e regularmente avaliado, é um instrumento recomendado por Puebla para fomentar a
liturgia de maneira progressiva e segura, através de projetos com duração limitada.
11- A contextualização da liturgia. O contexto no qual vivem os fiéis não é
indiferente ao modo de celebrar e perceber o amor de Cristo hoje. A situação econômica
e cultural apresentam desafios para uma pastoral preocupada pelo bem das ovelhas; dum
lado, os dados preocupantes da pobreza, do neoliberalismo doutro lado, fatores culturais
como emergência da subjetividade, pluralismo religioso, juventude. Em todo lugar
sente-se o desejo de viver uma experiência de fé personalizada como encontro com um
Cristo vivo. A liturgia, como presença de Cristo em sacramento, tem o desafio de
responder à esta sede.
26
12. A Pastoral da assembleia dominical reunida em redor da Eucaristia / ou da
Palavra de Deus está no coração da Pastoral litúrgica e merece a melhor preparação
possível.
13- A presença maciça de cristãos leigos e leigas nos ministérios litúrgicos é um
fato novo que aponta para a necessidade de investir em recursos materiais e humanos,
na formação dos leigos e leigas, de todas as maneiras possíveis. A liturgia é também
uma prática, uma arte de celebrar que necessita uma aprendizagem prática. O
laboratório litúrgico é um instrumento novo e privilegiado de formação, ao lado dos
outros.
14. A celebração litúrgica possui uma força evangelizadora que se deve
redescobrir no modo de celebrar. O espaço litúrgico, onde de semana em semana se
celebra, é a matriz da iniciação permanente à fé e à vida cristã. Para uma pastoral
litúrgica, cuja missão é de revelar o invisível no visível, não é indiferente o modo como
se celebra, os gestos, os objetos e, sobretudo, as atitudes dos pastores e ministros que
vão ajudar a tornar visível, hoje, a ternura do Bom pastor que dá a vida pelas ovelhas.
EXERCÍCIOS
27
O que as celebrações de nossa comunidade dizem de Deus? da Igreja? do
homem e da mulher? da Eucaristia?
Pode-se fazer estas perguntas em relação às diversas celebrações.
O nosso jeito de celebrar o batismo de crianças "fala" o quê sobre a importância
do sacramento, a Igreja, que modificação traz em relação à imagens que elas já tem e
que lhes vieram da tradição?
A nossa celebração penitencial diz o quê de Deus, da Igreja, da comunidade, do
pecado, do perdão, da conversão ?
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