Relatório Hipertensão Arterial
Relatório Hipertensão Arterial
Relatório Hipertensão Arterial
Prevalência e Incidência de
Hipertensão arterial
na população portuguesa
Âmbito da atividade de investigação
e Evolução das tendências
Departamento de Epidemiologia
01-01-2014
Paulo Victorino
Rita Roquette
Ausenda Machado
DEP
Departamento de
Epidemiologia
Índice
1 Introdução ............................................................................................................................. 3
2. Objectivos.............................................................................................................................. 5
3. Métodos ................................................................................................................................ 5
3.1 Revisão de âmbito ......................................................................................................... 5
3.3 ECOS ............................................................................................................................ 10
3.4 Médicos Sentinela ....................................................................................................... 12
4. Resultados ........................................................................................................................... 14
4.1 Revisão de âmbito ....................................................................................................... 14
4.3 ECOS ............................................................................................................................ 21
4.4 Médicos Sentinela ....................................................................................................... 22
5. Discussão ............................................................................................................................. 23
5.1 Resultados sobre Prevalência de Hipertensão na população
portuguesa………………………….. ................................................................................................. 23
5.2 Resultados sobre Incidência da Hipertensão na população
portuguesa…………………………….. .............................................................................................. 27
6. Conclusões........................................................................................................................... 28
7. Limitações ........................................................................................................................... 29
8. Referências Bibliográficas ................................................................................................... 30
2
1. Introdução:
A hipertensão arterial (HTA) tem vindo a ser descrita como o fator de risco mais
relevante para as doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, nomeadamente o
Enfarte agudo do Miocárdio e o Acidente Vascular Cerebral, as quais se encontram
entre as mais importantes causas de morbilidade e mortalidade em todo o mundo 1.
A tensão arterial (TA) pode ser definida como a força ou pressão produzida pelo fluxo
sanguíneo contra a parede das artérias. Essa aumenta quando o coração bate (pressão
sistólica) e diminuí quando o coração se encontra em repouso, ou seja, entre batidas
(pressão diastólica) 2.
A hipertensão arterial tem sido definida como a tensão arterial com valores superiores
ou iguais a 120mmHg de tensão arterial sistólica, e 80mmHg de tensão arterial
diastólica. Os valores de tensão arterial estratificados em classes (TA normal, TA
normal alta, HTA graus 1, 2 e 3) encontram-se definidos no Quadro 1, de acordo com
as recomendações da Sociedade Europeia de Hipertensão (ESH) 3 e a norma da Direção
Geral de Saúde dirigida aos profissionais de saúde 2.
Quadro 1 – Definição dos valores de tensão arterial estratificados em classes definidas pela
Sociedade Europeia de Hipertensão.
3
A nível mundial, em 2008, a prevalência de hipertensão arterial em adultos com idade
igual ou superior a 25 anos era cerca de 40%, após ocorrência de uma diminuição
entre 1980 e 2008 6. No entanto, estima-se que o número de pessoas com hipertensão
não controlada aumentou de 600 milhões em 1980 para quase 1 bilhão (10 9) em 2008
7
.
Durante os últimos 30 anos, Portugal tem sido descrito como um dos países com os
mais elevados níveis de tensão arterial média 8 e em 2008, estima-se que as doenças
cardiovasculares fossem responsáveis por cerca de um terço de todas as mortes 9.
Nesse mesmo ano, em Portugal, a prevalência de hipertensão arterial ou de uso de
medicamentos anti-hipertensores em adultos com idades superiores ou iguais a 25
anos foi estimado em aproximadamente 41,9% (46,5% nos homens e 37,4% nas
mulheres) 10. Entre 1980 e 2008 verificou-se um decréscimo da tensão arterial sistólica,
mais acentuado nas mulheres do que nos homens 10.
O conhecimento não só da evolução das tendências bem como a situação atual das
medidas de frequência de hipertensão arterial (incidência, prevalência e mortalidade)
assume elevada importância em Saúde Pública, designadamente, ao permitir a
obtenção de informação acerca do peso dessa doença nas populações, assim como um
melhor e mais adequado planeamento em saúde com base nessa evidência 11.
Em Portugal, tanto quanto sabido, nunca foi realizado um estudo somente com o
propósito de descrever a atividade de investigação num determinado domínio,
utilizando o método de scoping review. No âmbito da hipertensão arterial, essa
descrição é algo que assume elevada importância, nomeadamente, ao facultar-nos
informação quanto a possíveis lacunas de conhecimento e prioridades de investigação.
4
Apesar de não ter sido encontrada uma designação em português para scoping review,
propõe-se daqui por diante denominar “revisão de âmbito”.
2. Objetivos:
Com vista a melhorar o conhecimento sobre a epidemiologia da doença de
hipertensão arterial em Portugal, assim como da atividade de investigação realizada
nesse domínio, foram estabelecidos os seguintes objetivos:
3. Métodos
5
Todavia, a pertinência crescente das revisões da literatura na área da saúde, fez com
que fosse desenvolvido recentemente o método de elaboração de scoping reviews que
tem vindo a tornar-se cada vez mais popular, particularmente, na investigação em
Saúde Pública. As scoping reviews, apesar de apresentarem uma configuração mais
simples, mantêm a organização e transparência necessárias para a concretização de
13
uma revisão da literatura . São descritas como o processo de mapeamento da
literatura existente sobre um tema de forma a obter uma fotografia geral do estado da
arte sobre o mesmo 14 e são principalmente utilizadas para identificação de lacunas de
conhecimento e, ou, para a simples elaboração de resumos dos principais estudos
15
existentes sobre determinada matéria . A principal diferença entre as revisões
sistemáticas da literatura e as scoping reviews reside no facto de que as primeiras
visam uma avaliação da qualidade dos estudos e uma síntese quantitativa e qualitativa
dos resultados, enquanto as segundas não pretendem fazer uma avaliação da
qualidade dos estudos, mas apenas uma síntese qualitativa dos resultados 16.
A revisão de âmbito sobre prevalência e incidência de HTA foi realizada durante o mês
de Junho de 2013, simultaneamente, por dois investigadores do Departamento de
Epidemiologia do Instituto Nacional Doutor Ricardo Jorge. Um grupo consultivo
composto por um painel de 3 peritos, investigadores do mesmo departamento com
experiência em investigação em saúde, foi responsável pela validação das opções
metodológicas (palavras-chave, critérios de inclusão/exclusão, fontes de informação
usadas, resumo e análise dos resultados) 14.
6
Scoping Review
Pergunta de Investigação: Qual o âmbito (quantidade, foco e
natureza) da atividade de investigação sobre incidência e
prevalência de hipertensão arterial em Portugal?
Critérios de Inclusão:
-Estudos na língua portuguesa e na língua inglesa;
-Estudos de prevalência de hipertensão em Portugal cujo ano de recolha de dados
seja posterior a 2005, ou omisso, com data de publicação de 2006 a Junho de 2013.
- Estudos de prevalência de hipertensão em Portugal cujo ano de publicação seja
posterior a 2011, independentemente do ano de recolha dos dados.
- Estudos de incidência de hipertensão em Portugal cujo ano de publicação esteja
compreendido entre 1995-Junho 2013.
- Estudos que não investiguem a frequência de hipertensão em amostras com
características específicas (tais como em diabéticos, pessoas que tenham sofrido
AVC, entre outros).
Metodologia:
•Pesquisa nas fontes de informação
- B-on;
-Pubmed
•Palavras-chave :
-Na B-on :“Prevalência” AND “hipertensão”; “Incidência” AND “hipertensão”;
-Na Pubmed: “Prevalence” AND “hypertension” AND “Portugal”; “Incidence“ AND
“hypertension” AND “Portugal”.
Pesquisa
Relatório Final
Estratégias de pesquisa
Tais critérios devem-se ao facto de ter-se pretendido obter informação que não fosse
totalmente uma repetição da obtida no estudo de Pereira et al., (2012), sobre
tendências de prevalência de hipertensão arterial em Portugal de 1990-2005, e que de
7
certa forma pudesse representar um contributo para a atualização deste, embora
usando uma metodologia de revisão da literatura diferente 12.
Por não ter sido encontrada nenhuma revisão da literatura sobre incidência de
hipertensão arterial em Portugal, e por isso justificar a elevada pertinência da
obtenção dessa informação, foram incluídos estudos cujo ano de publicação estivesse
compreendido entre 1995 e Junho de 2013, de forma a abranger um maior número de
publicações.
A preferência pela pubmed residiu no facto de existir evidência de que representa uma
boa fonte de informação para pesquisa de estudos relevantes na área das doenças
20
crónicas . A escolha da b-on, apenas com o uso das palavras-chave em português,
relacionou-se com a preocupação de inclusão de estudos publicados em revistas
portuguesas que não constassem na pubmed, uma vez que essa fonte de informação
possui poucas revistas nacionais indexadas.
Devido ao facto de ser ter pretendido encontrar publicações sobre hipertensão arterial
que incidissem especificamente na população portuguesa, foram pesquisados estudos
somente nas línguas portuguesa e inglesa. Outro dos critérios de inclusão foi a
pesquisa de estudos que não investigassem a frequência de hipertensão arterial em
amostras com características específicas, tais como diabéticos, obesos, entre outros.
Nenhum critério de inclusão foi estabelecido quanto ao tipo de desenho de estudo
(descritivo, analítico), ao tipo de publicação (poster, artigo original, entre outros), e aos
8
grupos etários das populações em estudo. Também não foi usado como critério de
inclusão a qualidade dos estudos, tal como é recomendado tipicamente na condução
de revisões de âmbito 16, apesar de ter sido recolhida informação sobre esses aspetos,
mas apenas com a finalidade de descrever e compreender a natureza dos métodos
usados nos estudos selecionados.
Seleção de estudos
Recolha da informação
Para recolha de informação dos estudos que obedeceram aos critérios de inclusão, foi
usado um quadro padrão com dados sobre os autores, ano de publicação, local de
estudo, população em estudo, dimensão da amostra, métodos de medição da tensão
arterial e principais resultados desagregados por sexo e idade. Esse quadro foi
preenchido à medida que os estudos foram sendo selecionados e guardados o que
tornou, posteriormente, mais fácil a elaboração do resumo da informação em i)
quantidade (nº de estudos); ii) foco (em que populações, em que grupos etários, com
medição da hipertensão auto-declarada, diagnosticada ou consumo de anti-
hipertensores, entre outros); iii) e natureza (origem) da atividade de investigação na
prevalência e incidência de hipertensão arterial na população portuguesa 16, 17.
9
Resumo e comunicação da informação
Usou-se uma abordagem descritiva qualitativa para resumir a informação obtida nos
estudos que obedeceram aos critérios de inclusão tal como acontece
caracteristicamente na concretização de revisões de âmbito 16.
Como tal, foi realizado um resumo descritivo do âmbito (quantidade, foco e natureza
16,17
da investigação) , assim como um resumo dos principais métodos e resultados
obtidos nos estudos selecionados.
3.2. ECOS
O Departamento de Epidemiologia tem em desenvolvimento, desde 1998, um
instrumento de observação designado ECOS (Em Casa Observamos Saúde) que tem o
objetivo de obter dados sobre saúde, através de entrevista telefónica utilizando uma
amostra de Unidades de Alojamento de Portugal continental, com telefone da rede
fixa.
A Amostra ECOS teve, até 2010, como população alvo as unidades de alojamento de
Portugal continental possuidoras de telefone fixo registado nas listas telefónicas da
Portugal Telecom. Em 2010, integraram-se unidades de alojamento do Continente,
contactáveis por telefone móvel (UAM).
População-alvo
Amostragem
A Amostra assim criada é estratificada pelas 5 Regiões de Saúde com uma distribuição
homogénea das unidades de alojamento. Esta opção metodológica fundamenta-se na
10
necessidade de obter estimativas com semelhante precisão para cada uma das Regiões
de Saúde, o que não seria possível se a distribuição das UA fosse proporcional à
distribuição da população pelas Regiões de Saúde.
Dimensão da amostra
Colheita de dados
Representatividade
Renovação da Amostra
11
3.2. Médicos Sentinela
A Rede Médicos-Sentinela (MS) é constituída por médicos de Medicina Geral e Familiar
(MGF) cuja atividade profissional é desenvolvida, na sua maioria, em Centros de Saúde
do Serviço Nacional de Saúde.
A PMSO pode ser calculada para a totalidade da Rede ou, especificamente, para um
distrito ou conjunto de distritos.
12
População sob observação efetiva
A população sob observação efetiva (PSOE) de cada período de tempo varia com o
número de médicos que estão em atividade nesse período (semana, total do ano) e é
sempre inferior à “população máxima sob observação”.
A PSOE de uma dada semana obtém-se pelo somatório das listas de utentes dos
médicos ativos nessa semana, isto é, que nesse período, enviaram, pelo menos, uma
notificação, ou declararam, expressamente, não terem casos a notificar.
A PSOE de um dado ano é a média dos valores das PSOE das 52 semanas do ano.
Numa dada semana t, a população total sob observação efetiva é calculada por:
em que:
Itm é uma variável que toma o valor 1 se o médico m esteve ativo na semana t e 0 caso
contrário.
Para um dado ano, a população sob observação, utilizada como denominador das
taxas de incidência, representa o valor médio das PSOE nas 52 semanas do ano, ou
seja:
13
4. Resultados:
Por outro lado, foram obtidas um total de 232 publicações na pesquisa de estudos
sobre incidência de hipertensão arterial na população portuguesa, dos quais foram
selecionadas 2 publicações.
14 Publicações 2 Publicações
14
Das 2 publicações sobre incidência de hipertensão selecionadas, uma foi adquirida
através da pesquisa na pubmed e outra através da pesquisa na b-on (Tabela 4).
Apenas 3 estudos têm âmbito nacional, sendo os restantes de âmbito regional. Desses
estudos de âmbito regional, 5 são da região Norte; 3 da região Centro e 3 da região de
Lisboa e Vale do Tejo.
Relativamente à data de recolha dos dados sobre hipertensão, em 1 estudo foi entre
1999-2003; em 2 estudos foi entre 2005-2006; em 2 estudos foi em 2006; em 2
estudos foi entre 2006-2007; em 1 estudo foi em 2007; em 1 estudo foi em 2009; em 1
estudo foi em 2011; e em outros 4 estudos essa informação encontra-se ausente.
Quanto aos 9 estudos sobre prevalência de hipertensão arterial em adultos (Tabela 3),
2 mediram a prevalência de hipertensão arterial auto-reportada, e os restantes 7
mediram a tensão arterial considerando hipertensão a tensão arterial sistólica e, ou,
diastólica ≥140/90 mmHg. Desses 7 estudos, 4 consideraram como hipertensão não
somente a tensão arterial superior ou igual à linha de corte dos 140/90 mmHg, mas
também o consumo de anti-hipertensores. Do total dos 7 estudos nos quais foi medida
a tensão arterial, 3 utilizaram um aparelho digital, 2 usaram um aparelho a mercúrio, 1
utilizou um aparelho aneroide e 1 utilizou ambos os aparelhos digital ou a mercúrio.
Quanto à informação relativa ao braço onde é medida a tensão arterial, encontra-se
ausente em 6 estudos, sendo que apenas 1 estudo revela a ocorrência de medição no
braço direito. No que respeita ao número de medições, em 4 desses 7 estudos é
realizada a média de 2 medições, em 2 estudos é realizada a média de 2 e, ou, 3
medições, se a diferença entre as 2 primeiras for igual ou superior a 5mmHg e em 1
estudo essa informação encontra-se ausente (Tabela 3).
16
42,62%; em pessoas com idade ≥40 anos variou entre os 23,5% e os 54,80%; e, por
último, no único estudo em pessoas com idade ≥65 anos foi de 48,4%. O estudo de
Loubão et al., (2010) não apresenta estimativas de prevalência totais para a amostra
da população em estudo, apresentando apenas essas estimativas desagregadas em
fumadores e não fumadores, facto que justifica a ausência dessa informação na tabela
3 27.
17
Tabela 1 – Resultados da pesquisa de estudos sobre prevalência de hipertensão arterial apresentados
por ordem crescente dos grupos etários em estudo.
Ano
Tipo Ano de Local recolha dos Grupos etários em
Referencia Bibliográfica Recolha de Local do estudo Desenho de Estudo População em estudo Dimensão da amostra
publicação Publicação dados estudo
Dados
Oliveira-Martins, S. - Obesidade e
hipertensão Infantil juntas na
Pandemia. Porto: Faculdade de
Ciências da Nutrição e Alimentação da
11 Escolas públicas do Crianças nascidas em 2001 a
Universidade do Porto; [serie de
Tese de Freguesia da Ensino Básico (EB1) da Estudo, observacional, frequentarem o 2ºano do 1º ciclo do
internet] 2009 citado 24 Out 2013. 2009 2009 8 anos 339
Licenciatura Campanhã - Porto Freguesia de transversal ensino básico das 11 escolas públicas
Disponível em
Campanhã da freguesia de Campanhã – Porto
http://repositorioaberto.up.pt/bitstrea
m/10216/54692/2/130835_0952TCD5
2.pdf.
Laboratório de
Brandão M, Pimentel FL, Silva CC, et al. Enfermagem da Escola
Estudantes a frequentar a
Fatores de Risco Cardiovascular numa Superior de Saúde Estudo, observacional, 18-25 anos
artigo original 2005-2006 2008 Aveiro Universidade de 378
população Universitária Portuguesa. (ESSUA) da transversal
Aveiro no ano 2005/2006
Rev Port Cardiol, 2008 ; 27:7-25. Universidade de
Aveiro
60 farmácias das 5
Oliveira-Martins S, Oliveira T, Gomes J,
regiões de saúde de Utentes de 60 farmácias de cinco
et al. Factores associados à
Portugal Portugal(Norte, Estudo, observacional, regiões de saúde de Portugal (Norte,
hipertensão arterial nos utentes de artigo original 2005-2006 2011 ≥ 40 anos 1042
Continental Centro, Lisboa e Vale transversal Centro, Lisboa e Vale do
farmácias em Portugal. Rev Saude
do Tejo, Alentejo e Tejo, Alentejo e Algarve)
Publica, 2011; 45:136-44.
Algarve)
Norte,
Perdigão C, Rocha E, Duarte JS, et al.
Centro, Lisboa e Vale Indivíduos de ambos os sexos,
Prevalência, caracterização e
do Tejo , Alentejo, residentes em Portugal Continental ou
distribuição dos principais factores de Estudo, observacional,
artigo original 2006-2007 2011 Portugal Algarve, Região nas Regiões Autónomas dos Açores e ≥ 40 anos 38 893
risco cardiovascular em Portugal. Uma transversal
Autónoma da Madeira da Madeira, com idade igual ou
análise do Estudo AMÁLIA. Rev Port
e Região Autónoma superior a 40 anos.
Cardiol, 2011 ; 30:393-432.
dos Açores
Alves L, Silva A, Barros H.
Socioeconomic Inequalities in the
Moradores do Porto (Amostra
Prevalence of Nine Established Estudo, observacional,
artigo original 1999-2003 2012 Porto Porto representativa da comunidade do ≥ 40 anos 2000
Cardiovascular Risk Factors in a transversal
Porto)
Southern European Population. PLoS
ONE, 2012; 75: 1-9.
Mendes E, Preto L, Novo A, et al.
Obesidade e hipertensão arterial numa
amostra de idosos institucionalizados
do Concelho de Bragança. Poster
apresentado nas II Jornadas de
Concelho de 7lar de idosos do Estudo, observacional, Pessoas idosas institucionalizadas em
Farmácia Essa-IPB; [serie de internet] Poster 2011 2012 ≥ 65 anos 91
Bragança Conselho de Bragança transversal 7 lares do Concelho de Bragança
2012 citado 18 de Out 2013. Disponível
em: https://bibliotecadigital
.ipb.pt/bitstr eam/10198/6775/1/OBE
SI DADE%20 E%20HTA%20_IDO
SOS.pdf.
18
Tabela 2 -Descrição dos métodos de definição e medição da HTA dos estudos selecionados sobre
prevalência de hipertensão arterial em crianças e, ou, adolescentes. Os quadrados assinalados com uma
cruz, representam a presença da característica da definição ou medição da HTA.
Coluna de
Diastólica
Mercurio
Aneroide
Sistólica
Sexo M Sexo F Total
Digital
o de
Dto
Esq
HTA
3
Anti-
hipert.
Maldonado J, Pereira T, Fernandes R,
et al. Distribuição da pressão arterial
em crianças e adolescentes 5-18 PAD e/ou PAS ≥ P
X X X X X X X 9,10% 15% 9,80%
saudáveis: dados do Registo da anos 95
Aveleira.Rev Port Cardiol, 2009 ;
28:1233-1244.
Maldonado J, Pereira T, Fernandes R,
et al. An approach of hypertension
prevalence in a sample of 5381 PAD e/ou PAS ≥ P
4-18 anos X X X X X X X 12,80% 12,80% 12,80%
Portuguese children and 95
adolescents. The AVELEIRA registry.
Blood Press, 2011; 20:153–157.
Oliveira-Martins, S. - Obesidade e
hipertensão Infantil juntas na
Pandemia. Porto: Faculdade de
Ciências da Nutrição e Alimentação
PAD e/ou PAS ≥ P
da Universidade do Porto; [serie de
8 anos 95 X X X X Ausente X 26,3% 28% 27,1%
internet] 2009 citado 24 Out 2013.
Disponível em
http://repositorioaberto.up.pt/bitstr
eam/10216/54692/2/130835_0952T
CD52.pdf.
Rocha, T. - Perfil de risco
cardiovascular em amostras de
estudantes do ensino secundário da
região de Lisboa. Lisboa: Faculdade
PAD e/ou PAS ≥ P
de Medicina de Lisboa; [serie de
15-18 anos 95 X X X X X X 14,7% 6,9% 11%
internet] 2010 citado 24 Out 2013.
Disponível em:
http://repositorio.ul.pt/bits
tream/10451/1918/1/587091_Tese_
Final.pdf.
Silva D, Matos A, Magalhães T, et al.
Prevalência de hipertensão arterial
PAD e/ou PAS ≥ P
em adolescentes portugueses da 16-19 anos X X X X X X 43% 21% 34%
95
cidade de Lisboa. Rev Port Cardiol,
2012 ; 31:789-794.
Tabela 3 - Descrição dos métodos de definição e medição da HTA dos estudos selecionados sobre
prevalência de hipertensão arterial em adultos. Os quadrados assinalados com uma cruz, representam a
presença da característica da definição ou medição da HTA.
Mercúrio
Aneroide
Sistólica
Dto
Esq
HTA de Anti-
1
hipert.
Total:39,67%
Machado H, Alves AS, Tinoco C, et al. Prevalência do
40-50 anos: 17%
diagnóstico de hipertensão arterial em Pessoas Tem diagnóstico
≥ 40 anos Não se aplica Ausente Ausente 51-60 anos: 33%
Sedentárias e em Praticantes de Exercício Físico, na de hipertensão?
61-70 anos: 57%
Cidade do Porto. Acta Med Port, 2010; 23:153-158.
≥ 70 anos: 59%
Total:23,5%
Perdigão C, Rocha E, Duarte JS, et al. Prevalência, 40-49 anos: 11,7%
caracterização e distribuição dos principais factores de Tem diagnóstico 50-59 anos: 22,6%
≥ 40 anos X Não se aplica 21,80% 24,90%
risco cardiovascular em Portugal. Uma análise do Estudo de hipertensão? 60-69 anos: 28,5%
AMÁLIA. Rev Port Cardiol, 2011 ; 30:393-432. 70-79: 34,1 %
≥ 80 anos: 34,6%
19
Resumo descritivo da investigação sobre incidência de hipertensão arterial em
Portugal:
No estudo com 796 participantes da região do Porto, a taxa de incidência foi de 57,3
por 1000 pessoas/anos e no estudo com 34 981 indivíduos de todas as regiões do País
(Portugal), foi de 6,54 por 1000 pessoas/anos. Em ambos obtiveram-se taxas de
incidência de hipertensão mais baixas no sexo feminino do que no sexo masculino.
No estudo do Porto essas taxas de incidência são mais elevadas, em ambos os sexos, à
medida que a idade avança. Porém, no estudo de âmbito nacional são mais elevadas à
medida que a idade avança até aos 54 anos, havendo uma diminuição a partir dessa
idade.
Ano Recolha Ano de Local do Local recolha dos Grupos etários em Dimensão da
Referencia Bibliográfica Tipo publicação Desenho de Estudo População em estudo
de Dados Publicação estudo dados estudo amostra
20
Tabela 5 - Descrição dos métodos de definição e medição da HTA dos estudos selecionados sobre
incidência de hipertensão arterial.
Coluna de
Diastólica
Aneroide
Mercurio
Sistólica
Consumo
Digital
Pré Sexo M Sexo F Total
Dto
Esq
Referência Bibliográfica Hipertensão HTA de Anti-
3
Hipertensão
hipert.
Pereira M, Lunet N, Paulo C, et al. 52,7 por 1000 43,4 por 1000
Incidence of hypertension in a ≠ das 2 pessoas/anos pessoas/anos
≥140/90 57,3 por 1000
prospective cohort study of adults from X X X X X X medições > <40 anos: 40 <40 anos: 23,1
mmHg pessoas/anos
Porto, Portugal.BMC Cardiov Disord, 5 mmHg 40-60: 62 40-60: 53,1
2012; 12: 1-8. >60: 64,4 >60: 110
4.2.ECOS
No âmbito do estudo da evolução nas tendências nas estimativas de prevalência de
HTA auto-declarada, na Tabela 6 apresentam-se os resultados da análise dos dados dos
inquéritos ECOS realizados em 2002, 2007 e 2010, desagregados por sexo e grupos
etários decenais. O Gráfico 1 descreve a evolução entre 2002, 2007 e 2010 das
estimativas de prevalência de HTA, padronizadas para a idade (método direto, com
população padrão europeia), estratificadas por sexo.
Nas amostras ECOS 2002 e 2007 observa-se uma maior prevalência de HTA auto-
declarada no sexo feminino, em todos os grupos etários em análise (Tabela 1). Na
amostra ECOS 2010, apenas se verifica essa prevalência mais elevada no sexo feminino
nos grupos etários 35-44; 65-75; e +75 anos, observando-se nos restantes grupos
etários prevalências superiores no sexo masculino.
21
(12,5%; 14,3%), e em 2010 a prevalência de HTA padronizada para a idade torna-se
mais elevada no sexo masculino.
Homens
15-24 25-34 35-44 45-54 55-64 65-74 +75 Total
Ecos 2002 0,3% 2,8% 7,6% 18,0% 36,3% 41,4% 41,3% 13,9%
Ecos 2007 1,8% 2,5% 7,6% 21,5% 32,2% 42,8% 30,2% 14,5%
Ecos 2010 1,2% 2,9% 8,3% 22,3% 35,3% 52,3% 45,4% 17,0%
Mulheres
Ecos 2002 2,1% 4,4% 16,1% 25,8% 34,0% 50,8% 38,9% 19,1%
Ecos 2007 3,7% 4,2% 10,2% 27,3% 38,3% 53,0% 42,3% 20,8%
Ecos 2010 0,2% 2,8% 9,9% 15,1% 31,1% 54,6% 47,9% 18,4%
Total (Homens e Mulheres)
Ecos 2002 16,6%
Ecos 2007 17,8%
Ecos 2010 17,7%
18%
Prevalência de hipertensão
16%
14%
arterial
12%
10%
8%
ECOS 2002 ECOS 2007 ECOS 2010
Homens 12,6% 12,5% 14,3%
Mulheres 15,9% 16,1% 13,2%
Homens e Mulheres 14,4% 14,4% 13,7%
22
A taxa de incidência de hipertensão anual/105 utentes sofreu no total um aumento de
1995 a 1996, diminuindo de 1996 a 1997. Entre 1997 e 2011 voltou a sofrer um
aumento, observando-se uma taxa de incidência superior em 2011 do que em 1995.
As taxas de incidência anuais/105 utentes de HTA nos anos 1996, 1997 e 1999 foram
superiores no sexo feminino relativamente ao sexo masculino, verificando-se contudo
uma inversão dessa tendência em 2011.
800
700
600
500
Total
400
Homens
300
200 Mulheres
100
0
Gráfico 2- Taxas de incidência anuais (/105 utentes) de Hipertensão Arterial, desagregadas por
sexo.
5. Discussão
5.1. Resultados sobre Prevalência de Hipertensão Arterial na população portuguesa
23
tenham sido realizados nessas regiões. Contudo, os estudos de âmbito nacional
29 25
Cortez-Dias et al., (2009) e Perdigão et al., (2011) apresentam estimativas de
prevalência de HTA para essas regiões, respetivamente, avaliada e auto-declarada.
Segundo esses estudos, as estimativas de prevalência de HTA avaliada no Alentejo e
Algarve são, respetivamente, de 51,54% e 44,57%; e as estimativas prevalência de HTA
auto-declarada são, respetivamente, de 23% e 18,3%.
A data de recolha dos dados sobre prevalência de HTA variou entre 1999 e 2011,
sendo que a maioria dos estudos recolheu esses dados em 2006 e, ou, 2007. Verificou-
se a existência de um longo período de tempo entre a recolha de dados e a publicação
de estudos no âmbito da prevalência de hipertensão (até 9 anos) 30. Assim, os estudos
cuja obtenção de dados tenha sido realizada mais recentemente parecem não terem
sido ainda publicados. A título de exemplo, está o estudo (PHYSA) Portuguese
HYpertension and SAlt Study promovido pela Sociedade Portuguesa de Hipertensão
cuja recolha de dados de uma amostra de 3720 indivíduos, representativa da
população residente em Portugal Continental, foram recolhidos em 2012 e os
resultados ainda não estão publicados 31.
24
Relativamente aos estudos sobre prevalência de hipertensão arterial em adultos, em
apenas 2 a hipertensão é auto-reportada. Em todos os restantes estudos a tensão
arterial é medida objetivamente, considerando hipertensão quando a tensão arterial
sistólica e, ou, diastólica for superior ou igual a 140/90 mmHg. Apenas 5 estudos
referem o tipo de aparelho de medição usado, que é muito variável, e a informação
relativa ao braço onde é medida a tensão arterial só não é omissa em apenas um
estudo. Tal revela uma insuficiente descrição dos métodos e dificulta a comparação
entre diferentes estudos. De acordo com uma recente revisão de Crim et al., (2012) 33
as definições de hipertensão variam muito na literatura e é fundamental existir uma
definição clara dos métodos de medição de hipertensão para a monitorização das suas
medidas de frequência (prevalência e incidência). Nesse estudo, são propostas
definições padrão de hipertensão a serem utilizadas na investigação neste âmbito.
25
do que nos homens, à semelhança do que é descrito na revisão sistemática da
literatura de Pereira et al., (2012) 12 e dos resultados da OMS para Portugal em 2008 6.
Nas amostras ECOS 2002 e 2007 observa-se uma maior prevalência de HTA auto-
declarada no sexo feminino, em todos os grupos etários em análise (Tabela 1), em
concordância com outros estudos semelhantes 12,25. Na amostra ECOS 2010, apenas se
verifica essa prevalência mais elevada no sexo feminino nos grupos etários 35-44; 65-
75; e +75 anos, observando-se nos restantes grupos etários prevalências superiores no
sexo masculino. Tal facto não se encontrou descrito na literatura nacional.
26
diagnosticados entre a população masculina e no maior conhecimento e reporte nos
últimos anos. De facto, a literatura indica que a prevalência de hipertensão
diagnosticada (≥ 140/90 mmHg) é superior nos homens do que nas mulheres, o que
pode apoiar esta hipótese 10,14.
No estudo do Porto (em 1999-2003) a taxa de incidência foi de 57,3 por 1000
pessoas/anos e no estudo de âmbito nacional (em 2011) foi de 6,54 por 1000
pessoas/anos.
Essa diferença entre resultados poderá indicar a ocorrência de uma diminuição da taxa
de incidência de hipertensão arterial em Portugal entre 2003 e 2011, ou, por outro
27
lado, poderá dever-se ao facto desses estudos possuírem dimensões da amostra muito
diferentes e populações-alvo também muito diferentes.
6. Conclusões
A revisão de âmbito para descrição da atividade de investigação na prevalência e
incidência de hipertensão arterial na população portuguesa, permitiu concluir que: (i)
nos últimos 8 anos foram publicados mais estudos na região Norte e não foi publicado
nenhum estudo conduzido especificamente nas regiões do Alentejo e Algarve, o que
revela a pertinência de serem desenvolvidos estudos nessas regiões, ou publicados
estudos já desenvolvidos anteriormente; (ii) verificou-se um longo período de tempo
entre a recolha de dados e a publicação de resultados das estimativas de prevalência
de HTA (até 9 anos), o que pode dificultar a comparação dos resultados entre estudos;
(iii) foram encontrados apenas 2 estudos publicados sobre Incidência de HTA entre
1995 e 2013, o que revela uma grande lacuna de conhecimento que deveria ser
colmatada de futuro; (iv) o uso de diferentes métodos de medição da tensão arterial,
omissos na maioria dos casos, e a rara desagregação dos resultados por sexo e idade,
dificulta em grande medida a comparação e discussão de resultados entre estudos e,
28
consequentemente, o acompanhamento da evolução e tendências da frequência de
HTA em Portugal.
A pesquisa das taxas de incidência de HTA nos relatórios da rede de Médicos Sentinela
permitiu concluir que nos anos 1995, 1996 e 1997 a taxa de incidência de HTA
diagnosticada era mais baixa do que em 2011 e era superior nas mulheres, passando
em 2011 a ser superior nos homens.
7. Limitações
29
designadamente, entre outras, a opção pela utilização das palavras-chave na b-on
somente em português pôde ter contribuído para a perda de alguns estudos
relevantes e, por outro lado, a não inclusão da pesquisa de literatura cinzenta e em
sites tais como o da Sociedade Portuguesa de Cardiologia e o da Sociedade Portuguesa
de Hipertensão também pôde ter contribuído para essa perda. Essas opções
metodológicas permitiram, então, apenas uma análise dos estudos publicados em
revistas científicas ou estudos disponíveis no RCAAP.
A análise dos dados ECOS, nos anos de renovação da amostra (2002, 2007 e 2010),
apenas permitiu analisar a evolução das tendências nas estimativas de prevalência de
HTA auto-declarada, contudo sido ainda mais relevante a realização da mesma análise
usando estimativas de prevalência de HTA avaliada, uma vez que o número de pessoas
que dizem ter hipertensão é muito menor do que o real número de pessoas que
sofrem dessa doença e não o sabem.
30
continuamente e exigem atualização periódica da população sob observação
(idealmente, de ano a ano).
8. Referências Bibliográficas
7. Danaei G, Finucane MM, Lin JK et al. National, regional, and global trends in
systolic blood pressure since 1980: Systematic analysis of health examination surveys
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31
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Instituto Nacional de Estatística 2008.
11. Wallace RB, Kohatsu N, Brownson R, Last JM. et al. Public Health & Preventive
Medicine, 15th Ed. East Norwalk CT: Appleton & Lange, 1998.
13. Centre for Reviews and Dissemination. Systematic reviews: CRD’s Advice for
Undertaking Reviews in Health Care. York: Centre for Reviews and Dissemination,
2008.
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Cochrane review. J Public Health, 2011; 33:147-150.
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32
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21. INE – Dados estatísticos [serie de internet] citado 24 Out 2013. Disponível em:
http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_base_dados.
33
internet] 2010 citado 24 Out 2013. Disponível em:
http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/1918/1/587091_Tese_Final.pdf.
32. Center for Disease and Control - Diagnosis, Evaluation, and Treatment of High
Blood Pressure in Children and Adolescents. Bethesda: U.S. Department of Health and
Human services National Institutes of Health; [serie de internet] atualizado 2005 citado
24 Out 2013. Disponível em:
http://www.nhlbi.nih.gov/health/prof/heart/hbp/hbp_ped.pdf.
33. Crim MT, Yoon SS, Ortiz E, et al. National Surveillance Definitions for
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36. American Heart Association. Blood Pressure Testing and Measurement - AHA
Recommendation, [serie de internet] 2005 citado 24 Out 2013.
http://www.aafp.org/afp/2005/1001/p1391.html.
34