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Volume 18, Number 1, January / February 2013 / Portuguese version

Official Publication of the


Brazilian Association of Orthodontics and Facial Orthopedics
agenciamonday.com.br
Nestes últimos 15 anos, crescemos como
uma das maiores empresas de importação
e distribuição de materiais ortodônticos do
Brasil. Hoje, orgulhosamente, ocupamos o
posto de líder nacional em vendas de materiais
ortodônticos para dentistas.
E esse esforço de sempre buscar o melhor para
nossos clientes precisava ser refletido em nosso
nome, em nossa marca. É por isso que temos a
alegria de apresentar para você a OrthoMundi.
Uma evolução do nome da OrthoSource do Brasil
que abrange agora todo nosso portfólio de mais
de 3.500 materiais ortodônticos de grandes
fornecedores globais.
Além de incorporar a palavra Mundi ao nosso nome,
temos a representação dos cinco continentes
unidos pelos braquetes, mostrando a essência do
nosso trabalho: o envolvimento diário para garantir
um atendimento qualificado e de excelência para o
mercado de profissionais de ortodontia.
Se você também acredita que a evolução
permanente é o caminho para continuar
crescendo, ligue para a gente. Será um prazer
seguir compartilhando com você uma história de
sucesso e de bons produtos.
Volume 18, Number 1, January / February 2013 / Portuguese version

Official Publication of the


Brazilian Association of Orthodontics and Facial Orthopedics

Dental Press J Orthod. 2013 Jan/Feb;18(1):1-160 ISSN 2176-9451


Indexação:

desde 1999 desde 2011

BBO desde 2008


desde 1998
desde 1998
desde 2005 desde 2008

desde 1998 desde 2002 desde 2008 desde 2009

Dental Press Journal of Orthodontics


v. 1, n. 1 (set./out. 1996) - . -- Maringá : Dental Press International,
1996 -

Bimestral
ISSN 2176-9451

1. Ortodontia - Periódico. I. Dental Press International.


CDD 617.643005
EDITOR-CHEFE Eduardo Franzotti Sant'Anna UFRJ - RJ - Brasil
David Normando UFPA - PA - Brasil Eduardo Silveira Ferreira UFRGS - RS - Brasil
Emanuel Braga Rego UFBA - BA - Brasil
Enio Tonani Mazzieiro Faculdade de Itauna - MG - Brasil
EDITORA ASSOCIADA Eustáquio Araújo Univ. de Saint Louis - EUA
Telma Martins de Araújo UFBA - BA - Brasil Eyas Abuhijleh Ajman University - Emirados Árabes Unidos
Fabrício Pinelli Valarelli UNINGÁ - PR - Brasil
EDITORES ADJUNTOS (revisão língua inglesa) Fernando César Torres UNICID - SP - Brasil
Flavia Artese UERJ - RJ - Brasil Glaucio Serra Guimarães UFF - RJ - Brasil
Ildeu Andrade PUC - MG - Brasil Guilherme Janson FOB/USP - SP - Brasil
Gustavo Hauber Gameiro UFRGS - RS - Brasil
EDITORES ADJUNTOS (artigos online) Hans Ulrik Paulsen Karolinska Institute - Suécia
Daniela Gamba Garib HRAC/FOB/USP - SP - Brasil Helio Scavone Júnior UNICID - SP - Brasil
Fernanda Angelieri USP - SP - Brasil Henri Menezes Kobayashi UNICID - SP - Brasil
Matheus Melo Pithon UESB - BA - Brasil Hiroshi Maruo ABO - PR - Brasil
Hugo Cesar P. M. Caracas UNB - DF - Brasil
PUBLISHER James A. McNamara Universidade de Michigan - EUA
Laurindo Z. Furquim UEM - PR - Brasil James Vaden Universidade do Tennessee - EUA
Jesús Fernández Sánchez Univ. de Madrid - Madrid - Espanha
CONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO Jonas Capelli Junior UERJ - RJ - Brasil
Adilson Luiz Ramos UEM - PR - Brasil Jonh S. Casko University of Iowa
Danilo Furquim Siqueira USC - SP - Brasil Jorge Luis Castillo Universidad Peruana Cayetano Heredia - Lima/Peru
Jorge Faber UnB - DF - Brasil José Antônio Bósio Univ. de Marquette - Milwaukee - EUA
Maria F. Martins-Ortiz ACOPEM - SP - Brasil José Augusto Mendes Miguel UERJ - RJ - Brasil
José Fernando Castanha Henriques FOB/USP - SP - Brasil
José Nelson Mucha UFF - RJ - Brasil
CONSULTORES EDITORIAIS José Rino Neto FOUSP - SP - Brasil
Ortodontia José Valladares Neto UFG - GO - Brasil
A-Bakr M Rabie Universidade de Hong Kong - China José Vinicius B. Maciel UFRJ - PR - Brasil
Adriana C. da Silveira Univ. de Illinois - Chicago - EUA Julia Cristina de Andrade Vitral Clín. partic. - SP - Brasil
Adriana de Alcântara Cury-Saramago UFF - RJ - Brasil Júlia Harfin Univ. de Maimonides - Buenos Aires - Argentina
Airton Arruda Universidade de Michigan - EUA Júlio de Araújo Gurgel UNICEUMA - MA - Brasil
Aldrieli Regina Ambrósio SOEPAR - PR - Brasil Julio Pedra e Cal Neto UFF - RJ - Brasil
Alex Luiz Pozzobon Pereira UFMA - MA - Brasil Karina Maria S. de Freitas UNINGÁ - PR - Brasil
Alexandre Trindade Motta UFF - RJ - Brasil Larry White AAO - Dallas - EUA
Ana Carla R. Nahás Scocate UNICID - SP - Brasil Leandro Silva Marques UNINCOR - MG - Brasil
Ana Maria Bolognese UFRJ - RJ - Brasil Leniana Santos Neves UFVJM - MG - Brasil
Andre Wilson Machado UFBA - BA - Brasil Leopoldino Capelozza Filho USC - SP - Brasil
Anne Luise Scabell de Almeida UERJ - RJ - Brasil Liliana Ávila Maltagliati APCD - SP - Brasil
Anne-Marie Bolen Universidade de Washington - EUA Lucia Cevidanes Universidade de Michigan - EUA
Antônio C. O. Ruellas UFRJ - RJ - Brasil Luciane M. de Menezes PUC/RS - RS - Brasil
Armando Yukio Saga ABO - PR - Brasil Luís Antônio de Arruda Aidar UNISANTA - SP - Brasil
Arno Locks UFSC - SC - Brasil Luiz Filiphe Canuto UFPE - PE - Brasil
Ary dos Santos-Pinto FOAR/UNESP - SP - Brasil Luiz G. Gandini Jr. FOAR/UNESP - SP - Brasil
Björn U. Zachrisson Univ. de Oslo - Noruega Luiz Sérgio Carreiro UEL - PR - Brasil
Bruno D'Aurea Furquim Clín. partic. - PR - Brasil Marcelo Reis Fraga UFJF - MG - Brasil
Camila Alessandra Pazzini UFMG - MG - Brasil Marcio Rodrigues de Almeida UNOPAR - PR - Brasil
Camilo Aquino Melgaço UFMG - MG - Brasil Marco Antônio de O. Almeida UERJ - RJ - Brasil
Carla D'Agostini Derech UFSC - SC - Brasil Marco Rosa Universidade de Insubria - Itália
Carlos A. Estevanel Tavares ABO - RS - Brasil Marcos Alan V. Bittencourt UFBA - BA - Brasil
Carlos Flores-Mir Universidade de Alberta - Canadá Marcos Augusto Lenza UFG - GO - Brasil
Carlos Martins Coelho UFMA - MA - Brasil Margareth Maria Gomes de Souza UFRJ - RJ - Brasil
Cauby Maia Chaves Junior UFC - CE - Brasil Maria Cristina Thomé Pacheco UFES - ES - Brasil
Célia Regina Maio Pinzan Vercelino UNICEUMA - MA - Brasil Maria Perpétua Mota Freitas ULBRA - RS - Brasil
Clarice Nishio Univ. de Montreal - Canadá Marinho Del Santo Jr. Clín. partic. - SP - Brasil
Cristiane Canavarro UERJ - RJ - Brasil Maristela S. Inoue Arai Univ. Médica e Odontológica de Tóquio - Japão
Daniel Jogaib Fernandes UERJ - RJ - Brasil Mônica T. de Souza Araújo UFRJ - RJ - Brasil
David Sarver Universidade da Carolina do Norte - EUA Orlando M. Tanaka PUC/PR - PR - Brasil
Eduardo C. Almada Santos FOA/UNESP - SP - Brasil Oswaldo V. Vilella UFF - RJ - Brasil
Patrícia Medeiros Berto Clín. partic. - DF - Brasil Ortopedia Dentofacial
Patricia Valeria Milanezi Alves Clín. partic. - RS - Brasil Kurt Faltin Jr. UNIP - SP - Brasil
Paul Mjor University of Alberta - Canadá
Paula Vanessa P. Oltramari-Navarro UNOPAR - PR - Brasil Periodontia
Pedro Paulo Gondim UFPE - PE - Brasil Adriana C. P. Sant’Ana FOB/USP - SP - Brasil
Renata C. F. R. de Castro USC - SP - Brasil Maurício G. Araújo UEM - PR - Brasil
Renata Rodrigues de Almeida-Pedrin USC - SP - Brasil Mário Taba Jr. FORP/USP - SP - Brasil
Renato Parsekian Martins FOAR-UNESP - SP - Brasil
Ricardo Machado Cruz UNIP - DF - Brasil Prótese
Ricardo Moresca UFPR - PR - Brasil Marco Antonio Bottino UNESP/SJC - SP - Brasil
Robert W. Farinazzo Vitral UFJF - MG - Brasil Sidney Kina Clín. partic. - PR - Brasil
Roberto Hideo Shimizu Clín. partic. - PR - Brasil
Roberto Justus Univ. Tecn. do México - México Radiologia
Rodrigo César Santiago UFRJ - RJ - Brasil Rejane Faria Ribeiro-Rotta UFG - GO - Brasil
Rodrigo Hermont Cançado UNINGÁ - PR - Brasil
Rogério Lacerda dos Santos UFCG - PB - Brasil
Sávio R. Lemos Prado UFPA - PA - Brasil
Sylvia Frazier-Bowers Universidade da Carolina do Norte - EUA
Tarcila Triviño UMESP - SP - Brasil
Vladimir Leon Salazar Universidade de Minnesota - EUA
Weber José da Silva Ursi FOSJC/UNESP - SP - Brasil
Won Moon UCLA - EUA

Biologia e Patologia Bucal


Alberto Consolaro FOB/USP - SP - Brasil
Christie Ramos Andrade Leite-Panissi FORP/USP - Brasil
Edvaldo Antonio R. Rosa PUC/PR - PR - Brasil
Victor Elias Arana-Chavez USP - SP - Brasil

Bioquímica e Cariologia
Marília Afonso Rabelo Buzalaf FOB/USP - SP - Brasil
Soraya Coelho Leal UnB - DF - Brasil

Cirurgia Ortognática
Eduardo Sant’Ana FOB/USP - SP - Brasil
Laudimar Alves de Oliveira UNIP - DF - Brasil O Dental Press Journal of Orthodontics
Liogi Iwaki Filho UEM - PR - Brasil (ISSN 2176-9451) é continuação da Revista Dental Press de
Waldemar Daudt Polido Clín. partic. - RS - Brasil
Ortodontia e Ortopedia Facial (ISSN 1415-5419).

Dentística
Maria Fidela L. Navarro FOB/USP - SP - Brasil O Dental Press Journal of Orthodontics (ISSN 2176-9451) é uma publicação
bimestral da Dental Press International. Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes, 2.712
- Zona 5 - CEP 87.015-001 - Maringá / PR - Fone/Fax: (0xx44) 3031-9818 -
Disfunção da ATM
www.dentalpress.com.br - artigos@dentalpress.com.br.
José Luiz Villaça Avoglio CTA - SP - Brasil
Paulo César Conti FOB/USP - SP - Brasil

Epidemiologia Diretora: Teresa Rodrigues D'Aurea Furquim - Diretor Editorial: Bruno


Isabela Almeida Pordeus UFMG - MG - Brasil D’Aurea Furquim - DIRETOR DE MARKETING: Fernando Marson - Produtor
editorial: Júnior Bianco - Produção Gráfica e Eletrônica: Bruno
Saul Martins Paiva UFMG - MG - Brasil Boeing de Souza - Diego Ricardo Pinaffo - Gildásio Oliveira Reis Júnior - Tatiane Co-
mochena - submissão de artigos: Simone Lima Lopes Rafael - Márcia Ferreira
Dias - Revisão/COPydesk: Adna Miranda - Ronis Furquim Siqueira - Wesley
Fonoaudiologia
Nazeazeno - JORNALISMO: Yara Borges Marchini - BANCO DE DADOS: Cléber
Esther M. G. Bianchini UVA - RJ - Brasil Augusto Rafael - Internet: Adriana Azevedo Vasconcelos - Fernando Truculo
Evangelista - CURSOS E EVENTOS: Ana Claudia da Silva - COMERCIAL: Roseneide
Martins Garcia - BIBLIOTECA/NORMALIZAÇÃO: Simone Lima Lopes Rafael -
Implantologia
EXPEDIÇÃO: Diego Matheus Moraes dos Santos - FINANCEIRO: Cléber Augusto
Carlos E. Francischone FOB/USP - SP - Brasil Rafael - Lucyane Plonkóski Nogueira - Roseli Martins - Secretaria: Rosana G. Silva.
C O N F I R A N O S S O S L A N ÇAM E NTOS NO SI T E WWW.DE NTALCOM P R AS.COM .B R

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journal_v17n5.indd 1 14/09/12 12
Dental Press Journal of Orthodontics

Official Publication of the

Brazilian Association of Orthodontics and Facial Orthopedics


Volume 18 . Number 1 . January-February 2013

Seções
Editorial Entrevista 8
1 8
Os anos seguintes Uma entrevista com
David Normando José Rino Neto

Trabalhar em conjunto
Caso Clínico BBO
Ricardo Machado Cruz
143
Insight Ortodôntico Tratamento cirúrgico da
má oclusão de Classe III
3 dentária e esquelética
Em adultos: Ione Helena Vieira Portella
47,2% apresentam
periodontite! E nos
Brunharo
143
pacientes ortodônticos?
Alberto Consolaro
Tópico Especial

Orthodontics Highlights
150
Relação entre disfunção
6 temporomandibular e o
Destaques no universo tratamento ortodôntico:
da Ortodontia revisão de literatura
Matheus Melo Pithon Ronaldo Antônio Leite,
Joacir Ferreira Rodrigues,
Maurício Tatsuei Sakima,
Tatsuko Sakima

Artigos Online
30 33
Associação entre o tempo de amamentação natural,
Avaliação da aplicação de laser de baixa potência na
o tempo de uso de chupeta e a aeração nasal
em relação a problemas oclusais em pré-escolares movimentação ortodôntica sob dois protocolos
Sebastião Batista Bueno, Telmo Oliveira Bittar, Fabiana de Lima Vazquez, Mariana Marquezan, Ana Maria Bolognese, Mônica Tirre de Souza Araújo
Marcelo Castro Meneghim, Antonio Carlos Pereira

34
31 Características oclusais e necessidade de tratamento ortodôntico
Luz halógena versus LED na colagem de braquetes: em adolescentes de etnia negra, em Salvador/BA (Brasil): um
resistência à tração
estudo epidemiológico utilizando o índice de estética dentária
Paulo Eduardo Guedes Carvalho, Valdemir Muzulon dos Santos, Hassan Isber,
Arthur Costa Rodrigues Farias, Maria Cristina Teixeira Cangussú,
Flávio Augusto Cotrim-Ferreira
Rogério Frederico Alves Ferreira, Marcelo de Castellucci

32
Perfil do ortodontista que atua no estado de São Paulo – Parte 2
Fabio Brandalise Rampon, Celestino Nóbrega, José Luiz Gonçalves Bretos,
Franco Arsati, Sérgio Jakob, Maria Cristina Jimenez-Pellegrin
Artigos Dental Press Journal of Orthodontics

35 Official Publication of the

Correção da Classe II com o aparelho MARA Brazilian Association of Orthodontics and Facial Orthopedics
Volume 18 . Number 1 . January-February 2013
Kelly Chiqueto, José Fernando Castanha Henriques,
Sérgio Estelita Cavalcante Barros, Guilherme Janson

45 86
Avaliação da degradação iônica e corrosão do slot de braquetes
Mola verticalizadora de molares apoiada em
metálicos pela ação de diferentes dentifrícios
mini-implante: descrição
Gustavo Antônio Martins Brandão, Rafael Menezes Simas,
Antônio Carlos de Oliveira Ruellas, Matheus Melo Pithon,
Leandro Moreira de Almeida, Juliana Melo da Silva,
Rogério Lacerda dos Santos
Marcelo de Castro Meneghim, Antonio Carlos Pereira,
Haroldo Amorim de Almeida, Ana Maria Martins Brandão
50
Correlação entre medidas transversais e verticais
em pacientes brasileiros em crescimento avaliadas
94
Influência da anquilose intencional de caninos decíduos como
através da análise frontal de Ricketts-Faltin
reforço de ancoragem à tração reversa da maxila
Regina Helena Lourenço Belluzzo, Kurt Faltin Jr, Cristina Ortolani,
Luís Fernando Castaldi Tocci, Omar Gabriel da Silva Filho,
Adolpho Chelotti
Acácio Fuziy, José Roberto Pereira Lauris

55 103
Análise in vitro da degradação de força de cadeias elastoméricas Necessidade de tratamento ortodôntico em escolares brasileiros:
utilizadas em Ortodontia um estudo utilizando o índice de estética dentária
André Weissheimer, Arno Locks, Luciane Macedo de Menezes, Anderson Barbosa de Almeida, Isabel Cristina Gonçalves Leite
Adriano Ferreti Borgatto, Carla D’Agostini Derech

110
63 Fatores de predisposição à reabsorção radicular externa severa
Efeito da contaminação por saliva na resistência de união de um associados ao tratamento ortodôntico
compósito resinoso hidrofílico Gracemia Vasconcelos Picanço, Karina Maria Salvatore de Freitas,
Mauren Bitencourt Deprá, Josiane Xavier de Almeida, Rodrigo Hermont Cançado, Fabricio Pinelli Valarelli,
Taís de Morais Alves da Cunha, Luis Filipe Siu Lon, Paulo Roberto Barroso Picanço, Camila Pontes Feijão
Luciana Borges Retamoso, Orlando Motohiro Tanaka

121
69 Avaliação do atrito gerado por braquetes cerâmicos mono e
Estudo comparativo da deflexão e do comprimento anterior e policristalinos em mecânica de deslizamento
posterior da base do crânio, em indivíduos Padrão I, II e III Roberta Ferreira Pimentel, Roberto Sotto Maior Fortes de Oliveira,
Guilherme Thiesen, Guilherme Pletsch, Michella Dinah Zastrow, Maria das Graças Afonso Miranda Chaves, Carlos Nelson Elias, Marco Abdo Gravina
Caio Vinicius Martins do Valle, Karyna Martins do Valle-Corotti,
Mayara Paim Patel, Paulo Cesar Rodrigues Conti
128
Comparação da análise de espaço realizada em modelos
76 de gesso e digitais utilizando a equação de Tanaka e Johnston
Avaliação periodontal de diferentes técnicas de escovação em Júlia Olien Sanches, Lourdes Aparecida Martins dos Santos-Pinto,
pacientes portadores de aparelhos ortodônticos fixos Ary dos Santos-Pinto, Betina Grehs, Fabiano Jeremias
Patricia Oehlmeyer Nassar, Carolina Grando Bombardelli,
Carolina Schmitt Walker, Karyne Vargas Neves,
Karine Tonet, Rodolfo Nishimoto Nishi,
134
Mini-implantes: recurso mecânico para verticalização de molares
Roberto Bombonatti, Carlos Augusto Nassar
Susiane Allgayer, Deborah Platcheck, Ivana Ardenghi Vargas,
Raphael Carlos Drumond Loro
81
O modelo de braquete autoligável influencia as forças de
ativação, desativação e histerese do fio NiTi superelástico?
158
Normas para publicação
José Rino Neto, Gilberto Vilanova Queiroz,
João Batista de Paiva, Rafael Yagüe Ballester
editorial

Os anos seguintes
Se quiseres um ano de prosperidade, cultives trigo. curso mais longo, de dois meses em média, até a negativa final.
Se quiseres dez anos de prosperidade, cultives árvores. O resultado, geralmente, é a informação de que, enquanto a
Se quiseres cem anos de prosperidade, cultives pessoas.
concepção do estudo poderia render prosperidade, o método de
(Provérbio chinês)
cultivo no qual o trigo foi plantado prejudicou uma boa colheita.
Além da aceleração no processo de submissão, temos tra-
Quando iniciamos um novo ano, é fato comum repensar- balhado para reduzir o tempo entre o aceite e a publicação. Ao
mos ações. O intuito é buscar melhorias no porvir. O Dental final de 2011 esse tempo era de três anos; atualmente ronda dois
Press Journal of Orthodontics completará 18 anos de existên- anos, em média. As nossas projeções estabelecem que os artigos
cia profícua no segundo semestre de 2013. Enquanto aguar- submetidos em 2013 sejam publicados em até 12 meses após
damos a maioridade, iniciamos o segundo ano no controle o aceite final. Uma rotina comum a um periódico que chega
da navegação desse importante veículo de difusão da ciência à maioridade e que deseja transpassar as décadas em busca da
ortodôntica. É tempo de repensar condutas e o cultivo talha- preservação da excelência estampada na imagem de uma árvo-
do em busca da prosperidade do trigo. re forte, símbolo da prosperidade de décadas no provérbio em
Ladeado de competentes colegas — de início —, trans- epígrafe. A árvore cresce frondosa e, agora, ancorada pelo selo
formados em amigos ao longo do enfrentamento virtuoso e ABOR. É com grande satisfação que, a partir desse número,
fidedigno dos desafios, estabelecemos metas que estão sendo o DPJO passa a ser o órgão oficial de divulgação científica da
cumpridas com afinco. Uma delas foi a promoção de uma Associação Brasileira de Ortodontia.
maior celeridade no processo de revisão e de publicação dos Na aproximação dessa maioridade, eu gostaria, em nome da
artigos. Atualmente, o DPJO aceita um em cada quatro arti- Dental Press, de expressar minha gratidão para toda essa gente
gos submetidos. Esse nível foi estabelecido no início do nosso
envolvida no sucesso contínuo do Dental Press Journal of Or-
trabalho com a finalidade de ajustar o fluxo dos artigos1. Entre thodontics. É com enorme prazer que agradeço aos funcionários
os artigos que recebem a chancela “aceito”, temos despendi- da editora, aos autores, aos nossos revisores e a todo corpo edito-
do 118 dias, em média, entre a data da submissão e a decisão rial, por dedicaram seu precioso tempo à construção da qualidade
final. A taxa de aceite e o tempo de avaliação são semelhantes da ciência que publicamos. Aos nossos leitores, o DPJO espera
aos das principais revistas da especialidade. continuar promovendo a divulgação dos avanços da Ortodontia
Temos como filosofia que a resposta negativa deve ser dada com a responsabilidade e credibilidade que os permitam condu-
o mais rápida possível. Enquanto entre a submissão e a recu- zir tratamentos ortodônticos que gerem grande prosperidade em
sa o tempo médio é de apenas três semanas, cerca da meta- seu dia a dia, trigo a trigo, árvore a árvore, em sorrisos encantados
de desses artigos recebe parecer imediato, em menos de uma por pessoas. Afinal, em desalinho com Woody Allen, que mun-
semana. São artigos que trazem poucas informações originais, do poderia ser maravilhoso, se não fossem as pessoas?
contribuindo de forma pouco significativa com o avanço do
conhecimento científico na Ortodontia. Entre eles, incluem- David Normando
-se, principalmente, casos clínicos que replicam condutas clí- Editor-chefe (davidnormando@hotmail.com)
nicas já bem difundidas na literatura e ensaios laboratoriais não
originais. Aqueles que passam por esse crivo inicial e seguem Referências

para uma análise mais profunda dos revisores levam um per- 1. Normando D. Optimizing time and space. Dental Press J Orthod. 2012;17(2):6.

Edição especial com o tema “O tratamento ortodôntico no paciente adulto”


O Dental Press Journal of Orthodontics (DPJO) tem que constam nas instruções aos autores, no final da revista.
a satisfação de anunciar uma edição especial sobre o tema A data limite para submissão de artigos é 31/5/2013. Todos
"O tratamento ortodôntico no paciente adulto". Autores os manuscritos serão analisados através de um sistema de
estão convidados a submeter artigos originais e inéditos revisão por pares e os artigos aceitos serão publicados na
relacionados a esse tema, seguindo as normas de publicação edição comemorativa de set-out de 2013 do DPJO.

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 1 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):1-2
editorial

Trabalhar em conjunto

Essa é uma edição histórica do Dental Press Jour- Desde sua fundação, havia o desejo de se ter uma
nal of Orthodontics! Marca oficialmente a parceria revista científica oficial da ABOR. Vários estudos e
da conceituada editora Dental Press com a Associa- propostas foram sendo apresentados ao longo desses
ção Brasileira de Ortodontia – ABOR, o que muito anos, alguns preconizando a criação de um novo veí-
nos orgulha. Como os leitores poderão perceber a culo e outros, a parceria com algum veículo já exis-
partir desse volume, na capa da revista, ao lado do tente. Em 2010, a diretoria executiva da ABOR pro-
selo oficial de nossa entidade, virá uma frase anun- pôs o nome do Dental Press Journal of Orthodontics
ciando-a como a publicação oficial da Associação para se tornar a revista oficial da associação. Essa par-
Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial. Trata- ceria começou a ser estudada pelo Conselho Superior
-se da materialização de uma parceria que já vinha da entidade e, finalmente, depois dos últimos acertos,
ocorrendo há muito tempo. Sempre obtivemos to- veio a ser aprovada na última assembleia, em 10 de
tal apoio da editora em nossos eventos científicos, novembro de 2012. Esse acordo trará inúmeros be-
nacionais e regionais, e já contávamos com um nú- nefícios às duas partes: estarão unidas a entidade ofi-
mero elevado de membros da ABOR fazendo parte cial representativa da Ortodontia brasileira e a melhor
do corpo editorial e de revisores da revista. A Asso- publicação científica dessa área do conhecimento no
ciação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial, país e uma das mais bem indexadas do mundo. Em
fundada em 1994, está à beira de completar 20 anos breve, nossos membros estarão recebendo informa-
de existência e, nesse período, se firmou como ver- ções sobre os benefícios a que terão acesso a partir
dadeira representante da Ortodontia nacional, ór- de agora. E isso é apenas o começo. Como disse Na-
gão consultor oficial junto ao CFO, lutando pelos poleon Hill, autor americano do pensamento novo:
interesses dessa especialidade. Ela congrega em seu “Estarmos juntos é um começo, continuarmos juntos
Conselho Superior representantes de todos os esta- é progresso, trabalharmos em conjunto é sucesso”.
dos da Federação, onde os mais diversos assuntos,
pertinentes à Ortodontia, são estudados, buscando- Ricardo Machado Cruz
-se soluções e atuações, tanto na esfera local como Presidente ABOR
na esfera nacional. Os mais recentes exemplos dessa
atuação foram o aumento da carga horária mínima
dos cursos de pós-graduação em Ortodontia para
2.000 horas e a recém-criada parceria com o Go-
verno Federal, o Projeto Brasil Sorridente, atuando
como órgão de orientação dos atendimentos orto-
dônticos que estarão previstos no SUS.

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 2 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):1-2
insight ortodôntico

Em adultos: 47,2% apresentam periodontite!


E nos pacientes ortodônticos?
Alberto Consolaro1

A prevalência de 47,2% da doença periodontal inflamatória crônica induzida pela placa dentobacteriana em adultos
com mais de 30 anos foi detectada em 3.742 adultos, que representaram estatisticamente 64,7 milhões de pessoas
de 50 estados e do distrito federal dos Estados Unidos da América. O método foi preciso e os resultados induzem
a alguns insights quanto à relação entre o tratamento ortodôntico e a saúde dos tecidos periodontais, que foram ex-
postos no texto desse trabalho.

Palavras-chave: Ortodontia-Periodontia. Gengivite. Periodontite.

Introdução um grande número de pessoas (3.742 adultos com


A mídia leiga estampou manchetes com os resul- mais de 30 anos), os quais representaram estatistica-
tados da pesquisa coordenada pela Divisão de Saúde mente 64,7 milhões de estadunidenses de 50 estados
Bucal do Centro de Controle e Prevenção de Doen- e do distrito federal dos Estados Unidos da América.
ças de Atlanta, Geórgia (EUA), e realizada por muitos Foram analisados seis lugares diferentes dos tecidos
pesquisadores de outras universidades associadas: qua- periodontais em cada dente de cada pessoa, excetu-
se metade dos estadunidenses adultos com mais de 30 ando-se os terceiros molares. Os trabalhos anteriores
anos apresenta periodontite! De início, um profissional apresentavam amostras menores e o método de aná-
pode achar que se trata de mais um sensacionalismo, lise pontuava de dois a quatro pontos do periodonto
mas a informação está correta. dos dentes examinados, resultando em prevalências
Nesse estudo de Eke, Dye, Wei, Thornton-Evans bem menores do que as obtidas nesse novo estudo.
e Genco2, publicado no Journal of Dental Research, Os resultados anteriores subestimaram a prevalência
pela primeira vez na literatura mundial examinou-se da doença periodontal inflamatória crônica1,3-7.

Como citar este artigo: Consolaro A. In adults: 47.2% have periodontitis! And
1
Professor Titular da FOB-USP e da pós-graduação na FORP-USP. in orthodontic patients? Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):3-5.

» O autor declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade Enviado em: 11 de novembro de 2012
ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e Revisado e aceito: 17 de novembro de 2012
companhias descritos nesse artigo.
Endereço para correspondência: Alberto Consolaro
E-mail: consolaro@uol.com.br

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 3 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):3-5
orthodontics highlights

Matheus Melo Pithon1

Laser potencializa a reparação da não existe consenso entre os profissionais de qual méto-
sutura palatina mediana pós do seria mais efetivo para tal procedimento. Os defenso-
expansão rápida da maxilA res das miniplacas argumentam que a distalização seria
Amplamente divulgada, estudada e utilizada, a expan- mais efetiva com esse dispositivo, visto que essas seriam
são rápida da maxila tornou-se uma importante aliada do mais estáveis do que os mini-implantes, além de serem
ortodontista. Basicamente, esse procedimento processa-se fixadas numa região distante do osso alveolar. Por ou-
com uma fase ativa, onde o aparelho disjuntor é ativado; e tro lado, os defensores dos mini-implantes argumentam
uma fase passiva, onde o aparelho é mantido em posição que esses seriam igualmente efetivos, com custo reduzi-
até a completa reestruturação da sutura expandida e neo- do e facilmente instalados e removidos pelo próprio or-
formação de tecido ósseo. Reduzir o período de estabiliza- todontista. Face a esses questionamentos, pesquisadores
ção desses dispositivos favoreceria a redução no tempo total turcos2 objetivaram avaliar, em um estudo clínico com
de tratamento ortodôntico final e no desconforto provo- 30 pacientes, a efetividade do aparelho tipo pêndulo
cado pela presença do aparelho. Na busca de um método apoiado em mini-implantes inseridos no palato, com-
que potencializasse esse processo, pesquisadores brasileiros1 parando-os às miniplacas zigomáticas. Os resultados
avaliaram, por meio de um estudo em animais, os efeitos advindos com esse estudo comprovam a efetividade de
histológicos da aplicação de laser na sutura palatina media- ambos os métodos quanto à distalização dos dentes su-
na após expansão maxilar. Os resultados evidenciaram que periores. Entretanto, os autores fazem a ressalva de que,
o laser parece estimular o processo de reparação da sutura na presença de uma má oclusão mais severa, as minipla-
e a osteogênese. Vale salientar que, embora animadores, os cas apoiadas no zigomático seriam mais efetivas (Fig. 1).
resultados são iniciais e obtidos em cães, necessitando de
comprovação em seres humanos. Mini-implantes inseridos manualmente
apresentam menor estabilidade do que
Mini-implante no palato e miniplacas são os inseridos com auxílio de motor
excelentes mecanismos para Considerados uma das mais brilhantes descobertas da
distalização de dentes superiores Ortodontia, os mini-implantes popularizaram-se e torna-
Já está claro entre nós, ortodontistas, a efetividade ram-se uma unanimidade entre os ortodontistas. Apesar de
dos mini-implantes e das miniplacas quanto à ancora- serem um excelente mecanismo de ancoragem, com diver-
gem para distalização de dentes superiores para correção sas possibilidades clínicas, esses dispositivos apresentam fa-
da má oclusão de Classe II dentária. No entanto, ainda lhas no que tange à sua estabilidade. A perda da estabilidade

Figura 1 - A) - Aparelho tipo Pendulum apoiado


em mini-implantes. B) Sistema de ancoragem
A B apoiado no zigomático.

Como citar esta seção: Pithon MM. Orthodontics highlights. Dental Press J
1
Professor de Ortodontia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):6-7.
Mestre e Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial. Enviado em: 13 de dezembro de 2012 - Revisado e aceito: 19 de dezembro de 2012

Endereço para correspondência: Matheus Melo Pithon


E-mail: matheuspithon@gmail.com

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 6 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):6-7
entrevista

uma entrevista com

José Rino Neto


• Graduado pela Faculdade de Odontologia de Bauru,
Universidade de São Paulo.
• Mestre e Doutor em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia da
Universidade de São Paulo - FOUSP.
• Livre Docente em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia da
Universidade de São Paulo - FOUSP.
• Professor Associado da Disciplina de Ortodontia da FOUSP.

Apraz-nos poder apresentar essa entrevista com o professor José Rino Neto. Docente de renome da Universidade de São
Paulo (USP), o professor Rino possui uma trajetória acadêmica alicerçada em bases sólidas na USP, desde a graduação
(FOB-USP) até a sua completa formação como docente (mestrado, doutorado e livre-docência, na FOUSP). Por essa
razão, é um mensageiro da cátedra dos memoráveis professores Sebastião Interlandi e Júlio Wilson Vigorito. Mas não
somente, é um legítimo representante de uma Ortodontia brasileira de qualidade. Nosso entrevistado possui peculiari-
dades acadêmicas e de cunho pessoal que são dignas de divulgação. Sua trajetória busca uma síntese coerente da linha de
pesquisa “Morfologia Dentofacial”, a qual o conduz a coordenar a “Clínica de Cirurgia Ortognática” da pós-graduação
da Faculdade de Odontologia, em parceria com o Hospital Universitário, ambos da USP. Nesse campo de atuação, esta-
mos convictos de que a Ortodontia brasileira avança sob o olhar crítico e sensato desse jovem professor que pondera sobre
as vicissitudes da ciência, ora de maneira incongruente e ora de maneira a lograr êxito permanente. Com isso, contribui
para desmistificar o surgimento de inovações. A convivência fraternal com seus orientados o torna um professor hábil, por
saber exigir com amizade, simplicidade e perfeccionismo técnico-científico, caracterizando uma relação fidalga. Interes-
sado em desenvolver um exercício de reflexão, embasada em sua experiência clínica, científica e como docente de uma
importante universidade brasileira, o Prof. Rino nos concedeu, gentilmente, a seguinte entrevista.

José Valladares Neto

Como citar esta seção: Rino Neto J. Interview. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):8-29.
Enviado em: 13 de dezembro de 2012 - Revisado e aceito: 19 de dezembro de 2012

» Os pacientes que aparecem na presente seção autorizaram previamente a publicação de suas fotografias e radiografias.

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 8 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):8-29
Rino Neto J entrevista

Adilson Luis Ramos José Valladares Neto


» Mestre em Ortodontia pela FOB–USP e Doutor em » Residência/Especialização em Ortodontia e Ortopedia
Ortodontia pela FOAR – UNESP. Facial pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias
» Professor Associado do Departamento de Craniofaciais da USP.
Odontologia da UEM. » Mestre em Morfologia pelo ICB-UFG, e estudante de
» Ex-editor chefe do Dental Press Journal of Orthodontics Doutorado em Ortodontia na FOUSP.
(2003 a 2006). » Professor Assistente da Disciplina de
» Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortodontia da Faculdade de Odontologia
Ortopedia Facial. da Universidade Federal de Goiás.
» Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e
Gilberto Vilanova Queiroz Ortopedia Facial.
» Graduado pela Faculdade de Odontologia de Bauru/USP.
» Especialista em Ortodontia pela PROFIS – Bauru. Roberto Macoto
» Mestre e Doutor em Ortodontia pela FOUSP. » Graduado pela Faculdade de Odontologia de Bauru/USP.
» Coordenador do curso de especialização em Ortodontia da » Especialista em Ortodontia pela PROFIS – Bauru.
ABENO-SP. » Mestre e Doutor em Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofacial pela UNESP, Araçatuba.
João Batista de Paiva » Cirurgião Bucomaxilofacial do Hospital de Reabilitação de
» Graduado pela Faculdade de Odontologia de Anomalias Craniofaciais da USP.
Ribeirão Preto – USP.
» Mestre e Doutor em Ortodontia pela FOUSP.
» Professor Titular da Disciplina de Ortodontia da FOUSP.

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 29 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):8-29
artigo online*

Associação entre o tempo de amamentação natural,


o tempo de uso de chupeta e a aeração nasal
em relação a problemas oclusais em pré-escolares
Sebastião Batista Bueno1, Telmo Oliveira Bittar2, Fabiana de Lima Vazquez3,
Marcelo Castro Meneghim4, Antonio Carlos Pereira5

Resumo do editor

O aleitamento materno possui fundamental impor- O grau de associação entre as variáveis foi verificado pelo
tância para o recém-nascido nos aspectos nutricional, teste do qui-quadrado ou Exato de Fisher (p<0,05), se-
psicológico, neurológico, ortodôntico e imunológico. O guido da análise de regressão logística. Os resultados
ato fisiológico da amamentação decorre de grande ativi- demonstraram que somente 25,4% das crianças foram
dade e sincronia dos músculos bucofaciais, contribuindo amamentadas até um ano de idade, segundo preconizado
para o adequado crescimento e desenvolvimento cranio- pela Organização Mundial da Saúde, sendo que 29,7%
facial. Além disso, pesquisas têm alertado que crianças foram amamentadas somente até o terceiro mês de vida, e
amamentadas por curtos períodos de tempo, ou mesmo 55,8% até o sexto mês. Crianças que foram amamentadas
artificialmente, desenvolvem mais frequentemente o há- artificialmente durante o primeiro ano de vida ou mais
bito bucal deletério da sucção digital ou da chupeta, fato- apresentaram chance oito vezes maior de possuir o hábito
res etiológicos das más oclusões. O objetivo do presente de sucção digital ou de chupeta. Por sua vez, crianças
estudo consistiu em analisar a associação entre o tempo que persistiram com o hábito de sucção da chupeta após
de amamentação e a presença de hábitos bucais deleté- os 3 anos de idade tiveram um risco 33,3 vezes maior de
rios e más oclusões na primeira infância. Foram avaliadas apresentar mordida aberta anterior, 2,77 vezes maior de
138 crianças, de ambos os sexos, com 4 a 5 anos de ida- possuir trespasse horizontal de mais que 5mm e 5,26 ve-
de, quanto à presença de mordida aberta, mordida cru- zes maior de apresentar mordida cruzada posterior. Além
zada posterior, sobremordida profunda e sobressaliência disso, crianças que demonstraram um índice de aeração
aumentadas, segundo os critérios do Índice de Estética nasal menor que 12cm2 possuíam probabilidade 7,81 ve-
Dentária (IED). A aeração nasal foi mensurada por meio zes maior de apresentar mordida cruzada posterior. Os
do espelho milimetrado de Altmann. Ainda, um questio- autores concluíram que o aleitamento materno prolon-
nário foi aplicado aos responsáveis, constando de pergun- gado diminuiu a prevalência de hábitos bucais deletérios
tas sobre tempo de amamentação, emprego de mama- em crianças na primeira infância, prevenindo, também, a
deira e presença e duração dos hábitos bucais deletérios. presença de má oclusão.

Como citar este artigo: Bueno SB, Bittar TO, Vazquez FL, Meneghim MC, Pereira
* Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra. AC. Association between breastfeeding, pacifier use and nasal breathing with occlusal
disorders among preschoolers. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30.
1
Professor de Ortodontia, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
2
Professor de Ortodontia, Universidade Federal de Campina Grande. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou
3
Mestre em Tecnologia de Imunobiológicos, Unidade BioManguinhos, financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias des-
Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz. critos nesse artigo.
4
Professora de Virologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Endereço para correspondência: Telmo Oliveira Bittar
Enviado em: 8 de agosto de 2008 - Revisado e aceito: 11 de março de 2009 Rua 12, 316 – Centro
CEP: 38.300-062 – Ituiutaba/SP
E-mail: telmobittar@fop.unicamp.br

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 30 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30
artigo inédito

Associação entre o tempo de amamentação natural,


o tempo de uso de chupeta e a aeração nasal
em relação a problemas oclusais em pré-escolares
Sebastião Batista Bueno1, Telmo Oliveira Bittar2, Fabiana de Lima Vazquez3,
Marcelo Castro Meneghim4, Antonio Carlos Pereira5

Objetivo: avaliar a associação do tempo de amamentação natural, tempo de uso de chupeta e aeração nasal em relação
a problemas oclusais em crianças.

Métodos: foi realizado um estudo observacional transversal com universo de 138 crianças entre 4 e 5 anos, de cre-
ches de Campo Limpo Paulista/SP. Foram aplicados questionários às mães com o intuito de identificar o tempo de
amamentação natural total e exclusiva e hábitos deletérios. Utilizaram-se as variáveis independentes hábitos deletérios
(chupeta, mamadeira e dedo), tempo de amamentação natural e aeração nasal; e as variáveis dependentes mordida aber-
ta, mordida cruzada, overjet, sobremordida, presença de diastema e atresia. Foram realizados cálculos das distribuições
das frequências, teste de associação do qui-quadrado, exato de Fisher e, em seguida, regressão logística pelo método de
stepwise, utilizando nível de significância de 5%.

Resultados: o uso de chupeta foi considerado o mais prejudicial dos hábitos deletérios, aumentando em 33,3 vezes a
chance de mordida aberta; 2,77 vezes a chance de apresentar overjet acentuado e 5,26 vezes as chances de apresentar
mordida cruzada posterior.

Conclusão: houve uma forte associação entre hábitos deletérios (especialmente o tempo de uso de chupeta) e proble-
mas oclusais, sendo esse fato importante no planejamento do tratamento de pacientes pré-escolares.

Palavras-chave: Aleitamento materno. Má oclusão. Hábitos. Dentição decídua.

Como citar este artigo: Bueno SB, Bittar TO, Vazquez FL, Meneghim MC, Pereira
1
Professor de Ortodontia, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. AC. Association between breastfeeding, pacifier use and nasal breathing with occlusal
2
Professor de Ortodontia, Universidade Federal de Campina Grande. disorders among preschoolers. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30.e1-6.
3
Mestre em Tecnologia de Imunobiológicos, Unidade BioManguinhos,
Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou
4
Professora de Virologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias des-
critos nesse artigo.
Enviado em: 8 de agosto de 2008 - Revisado e aceito: 11 de março de 2009
Endereço para correspondência: Telmo Oliveira Bittar
Rua 12, 316 – Centro
CEP: 38.300-062 – Ituiutaba/SP
E-mail: telmobittar@fop.unicamp.br

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 30.e1 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30.e1-6
artigo inédito Associação entre o tempo de amamentação natural, o tempo de uso de chupeta e a aeração nasal em relação a problemas oclusais em pré-escolares

INTRODUÇÃO mudanças culturais e alterações de hábitos funcionais,


O aleitamento materno exclusivo é considerado o em especial os hábitos alimentares em um pequeno es-
principal alimento para o desenvolvimento de lactantes, paço de tempo15,16. Essa afirmação vem ao encontro do
fonte de energia gratuita e excepcional sob o ponto de argumento de que todo o problema do nosso sistema
vista nutricional, gerador de benefícios imunológicos, estomatognático, salvo raras exceções, tem como cau-
neurológicos, emocionais e fonoaudiológicos exercidos sa etiológica a atrofia funcional mastigatória provocada
pelo ato fisiológico da amamentação1-4. pelo nosso regime alimentar civilizado6.
Além do fator nutritivo, também é decisivo e pri- Estudar tais efeitos é de fundamental importância e
mordial para o correto estímulo ao crescimento e de- relevância para se obter parâmetros científicos a serem
senvolvimento das estruturas faciais, exercitando a mus- usados na conscientização dos profissionais de saúde,
culatura orofacial, que guiará e estimulará o desenvolvi- Ortodontia e Ortopedia Funcional dos maxilares, para
mento das funções fisiológicas5. prevenir e interceptar problemas de má oclusão, com
Essa função fisiológica conduz a excitação neural e, ações multidisciplinares na área da saúde coletiva.
em consequência, o desenvolvimento facial mandibular O presente estudo teve por objetivo analisar a corre-
anteroposterior e a modelação perfeita dos ângulos go- lação entre má oclusão e hábitos deletérios e suas possí-
níacos6, que se inicia no recém nascido e prolonga-se até veis relações com o tempo de aleitamento materno re-
a erupção dos primeiros dentes decíduos. Estudos relatam cebido na primeira infância.
que o aleitamento materno interfere diretamente no pa-
drão de movimentação dos músculos mastigatórios, no MATERIAL E MÉTODOS
correto estabelecimento da deglutição e da respiração4. Esse estudo transversal incluiu todos os alunos
O menor tempo de aleitamento materno induz com (n  =  138) entre 4 e 5 anos de idade, matriculados em
maior frequência a hábitos bucais deletérios, com ris- quatro creches municipais da cidade de Campo Limpo
co relativo sete vezes superiores àquelas crianças alei- Paulista/SP. Foi realizado contato prévio com as autori-
tadas exclusivamente no seio por período mínimo de dades do colégio, esclarecidas as principais características
seis meses. Lactantes com uso de mamadeira por mais e objetivos do estudo, e obtido consentimento dos pais ou
de um ano apresentam probabilidade dez vezes maior responsáveis pelos alunos. O universo foi composto por
de ocorrência de hábitos bucais viciosos do que aquelas crianças de ambos os sexos. Os alunos foram examinados
que nunca utilizaram essa forma de aleitamento, onde com relação à presença da má oclusão. Um questionário
se conclui que esses hábitos deletérios estão fortemente na forma de entrevista estruturada foi aplicado com per-
associados às más oclusões4,7,8,9. guntas sobre o tempo de amamentação natural exclusiva
A falta, ou mesmo ausência, do aleitamento natural e a utilização de mamadeira, sucção de chupeta e dedo.
correlaciona-se ao hipodesenvolvimento do complexo Para os dados clínicos, foram utilizados os critérios
mastigatório, à deglutição atípica, à instalação de respi- do IED (Índice de Estética Dentária), preconizado pela
ração bucal ou mista e, com isso, propiciando o surgi- Organização Mundial de Saúde, e considerou-se pre-
mento de más oclusões4,11,12. sença de má oclusão os alunos que apresentaram mor-
Acredita-se que quando o hábito deletério persiste até dida aberta, mordida cruzada posterior, sobremordida e
os três anos de idade, seus portadores apresentam menores sobressaliência.
alterações na oclusão, geralmente afetando somente a re- Para verificar possíveis alterações da aeração nasal,
gião anterior dos maxilares e, depois de retirado o estímu- foi utilizado espelho milimetrado de Altmann17, devido
lo, esses seguem seu crescimento normal com equilíbrio à sua facilidade de manipulação e de registro do fluxo
oclusal. Porém, quando a sucção persiste por mais tempo, condensado sobre o espelho.
normalmente produz deformações significativas na oclu- Inicialmente, foram realizadas análises univariadas
são, tais como mordida aberta, palato atrésico, hipodesen- para verificar o grau de associação entre as variáveis.
volvimento mandibular e projeção do maxilar13,14. Para isso, utilizou-se o teste de qui-quadrado ou Exato
O aumento das má oclusões, segundo a avaliação de Fisher (α = 0,05). A seguir, foram realizadas análises de
de estudos epidemiológicos, vem-se relacionando com regressão logística pelo método stepwise. Para determinar
o processo de industrialização, urbanização e com o impacto dos hábitos, foram definidas como variáveis

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 30.e2 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30.e1-6
Bueno SB, Bittar TO, Vazquez FL, Meneghim MC, Pereira AC artigo inédito

dependentes a mordida aberta anterior, sobressaliência, que usaram chupeta acima de 3 anos em relação às
sobremordida, mordida cruzada posterior e atresia. As demais. Tem-se 5,29 vezes mais chance de se ter
variáveis independentes foram tempo de amamentação atresia nas crianças que apresentaram aeração nasal
natural, tempo de aleitamento materno exclusivo, tempo menor que 12cm2.
de uso de chupeta e aeração nasal.
Para os hábitos incluídos no modelo de regressão logís- DISCUSSÃO
tica, o impacto foi estimado mediante razões de chances Dentro do quadro pediátrico, englobando saúde e
(odds ratio – OR), com intervalos de confiança de 95%. Odontologia, que necessariamente se fundem, não só
Todas as análises foram realizadas utilizando o pro- por serem complementares, mas, também, por cons-
grama estatístico SAS (SAS Institute Inc., EUA, Release ciência científica, o aleitamento materno não é apenas
8.2, 2001). um alimento, que pode ser substituído por pretensas de-
cisões “profissionais” e pessoais, sem ter em conta sua
RESULTADOS relevância em todo o desenvolvimento psíquico-emo-
Verificamos que o tempo de utilização da chupeta cional, imunológico e funcional18.
foi indicador de risco para a presença de mordida aberta A pesquisa aponta o desmame precoce em 29,7%
acentuada. Há 33,3 vezes mais chances de ocorrência das crianças no terceiro mês de vida e, quando passamos
de mordida aberta acentuada em crianças que usaram para o sexto mês, esse número chega a 55,8%; apenas
chupeta acima de 3 anos, em relação às demais. 25,4% das crianças chegam aos doze meses de amamen-
A chance de haver diastema é 2,43 vezes maior em tação natural. A Organização Mundial da Saúde reco-
crianças com aeração nasal menor que 12cm2. Quando menda que as crianças devam receber o leite materno
a criança respira pela boca, constitui-se uma anorma- por, no mínimo doze meses, e que a amamentação na-
lidade funcional denominada “posicionamento lingual tural deve-se estender até 24 meses em países pobres19.
atípico”, o que pode ocasionar, além da mordida aberta Quando se confrontou a amamentação natural e a
anterior, uma inclinação vestibular acentuada dos inci- utilização de chupeta, os resultados mostraram que a fre-
sivos superiores e inferiores, gerando diastemas genera- quência de hábitos deletérios é maior em crianças com
lizados na região anterior. menor tempo de amamentação natural. Em conformida-
O indicador de risco para o overjet foi o tempo de de com as afirmações dos autores anteriormente citados,
utilização de chupeta. Tem-se 2,77 vezes mais chance quanto ao uso de chupeta acima de três anos, o resultado
de se haver overjet > 5mm nas crianças que usaram chu- analítico frente aos grupos estratificados da amamentação
peta por mais de 3 anos, em relação às demais. natural, está de acordo com o encontrado no trabalho de
O indicador de risco para a sobremordida foi o tem- Farsi20, mostrando que a prevalência de sucção de chupeta
po de utilização de chupeta e a chance é 12,32 vezes é mais baixa entre crianças que mais amamentaram no
maior de sobremordida nas crianças que usaram chupeta peito, e que crianças com menos tempo de aleitamento
por menos de 3 anos, em relação às demais. Tem-se 2,78 materno desenvolvem com maior frequência hábitos bu-
vezes mais chance de sobremordida nas crianças que fo- cais deletérios21, possuindo um risco relativo sete vezes
ram amamentadas de 0 a 6 meses, quando comparadas superior com relação àquelas amamentadas no seio por
com as de 6 meses ou mais. um período mínimo de seis meses.
Os indicadores de risco para a mordida cruzada pos- A sucção, que a princípio é um reflexo natural e es-
terior foram os tempos de utilização de chupeta e aera- sencial à vida no seu período inicial, diminui à medida
ção nasal. Tem-se 5,26 vezes mais chance de mordida que há amadurecimento físico e emocional, tendendo a
cruzada posterior nas crianças que usaram chupeta aci- desaparecer antes dos quatro anos de idade. Quando isso
ma de três anos em relação às demais. Tem-se 7,81 vezes não ocorre, surgem os hábitos de sucção persistente, di-
mais chance de mordida cruzada posterior nas crianças tos deletérios, relacionados à deficiência do aleitamento
que apresentaram aeração nasal menor que 12cm2. materno9. Crianças que apresentaram sucção de chupeta
Os indicadores de risco para atresia foram o tem- acima de três anos têm 5,26 vezes mais chances de ad-
po de utilização de chupeta e aeração nasal. Tem-se quirirem mordida cruzada posterior quando compara-
4,61 vezes mais chance de se ter atresia nas crianças das com as que não desenvolveram o hábito persistente.

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 30.e3 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30.e1-6
artigo inédito Associação entre o tempo de amamentação natural, o tempo de uso de chupeta e a aeração nasal em relação a problemas oclusais em pré-escolares

Tabela 1 - Análises de regressão logística dos efeitos das variáveis independentes em relação às variáveis de desfecho “mordida aberta”, “diastema”, “overjet”,
“sobremordida profunda”, “mordida cruzada posterior” e “atresia”.

Mordida aberta Odds ratio IC p

Sem / leve (até 3mm) Acentuada (>3mm)

Tempo de chupeta

≤ 3 anos 91/96 (94,8%) 5/96 (5,2%) Referência


9,26-125,0 < 0,0001
> 3 anos 19/42 (45,2%) 23/42 (54,8%) 33,3

Diastema Odds ratio IC p

Com Sem

Aeração nasal

≥ 12cm2 14/31 (45,2%) 17/31 (54,8%) Referência


1,049-5,612 0,0334
< 12cm2 71/107 (66,4%) 36/10 (33,6%) 2,426

Overjet Odds ratio IC p

≤ 5mm > 5mm

Tempo de chupeta

≤ 3 anos 92/96 (95,8%) 4/96(4,2%) Referência


1,139-6,757 0,0927
> 3 anos 25/42 (59,5%) 17/42 (40,5%) 2,77

Sobremordida Odds ratio IC p

Sem Com

Tempo de chupeta

≤ 3 anos 72/96 (75,0%) 24/96 (25,0%) Referência


1,59-95,40 0,0015
> 3 anos 41/42 (97,6%) 1/42 (2,4%) 12,32

Tempo de amamentação natural

≤ 6 meses 69/77 (89,6%) 8/77 (10,4%) Referência 1,074-7,246


0,0314
> 6 meses 44/61 (72,1%) 17/61 (27,9%) 2,785 0,138-0,931

Mordida cruzada posterior Odds ratio IC p

Normal Cruzada

Tempo de chupeta

≤ 3 anos 88/96 (91,7%) 8/96 (8,3%) Referência


1,93-14,28 0,0006
> 3 anos 28/42 (66,7%) 14/42 (33,3%) 5,26

Aeração nasal

≤ 12cm2 30/31 (96,8%) 1/31 (3,2%) Referência


0,969-62,5 0,0269
< 12cm2 86/107 (80,4%) 21/107(19,6%) 7,81

Atresia Odds ratio IC p

Sem com

Tempo de chupeta

≤ 3 anos 82/96 (85,4%) 14/96 (14,6%) Referência


1,880-11,364 0,0005
> 3 anos 25/42 (59,5%) 17/42 (40,5%) 4,61

Aeração nasal

≤ 12cm2 29/31 (93,5%) 2/31 (6,5%) Referência


1,131-24,39 0,0218
< 12cm 2
78/107 (72,9%) 29/107 (27,1%) 5,291

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 30.e4 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30.e1-6
Bueno SB, Bittar TO, Vazquez FL, Meneghim MC, Pereira AC artigo inédito

Ao analisarmos crianças com uso de mamadeira com as demais. Esses resultados mostram que o hábito
por um ano ou mais (n = 121), encontramos 90 dessas prolongado de sucção de chupeta é um indicador de ris-
com hábitos de sucção de chupeta e/ou dedo. Podemos co para overjet acentuado27.
afirmar que a probabilidade de crianças que usam ma- Verificou-se uma associação entre mordida cruzada
madeira por um ano ou mais em desenvolver hábitos posterior e o atresia das arcadas com amamentação natural
de chupeta e/ou dedo é oito vezes maior quando com- e hábitos deletérios. Pode-se afirmar que o indicador de
parada com as que nunca fizeram alimentação por esse risco é a sucção de chupeta prolongada, respectivamente
meio. Tais resultados estão de acordo com os encon- 5,26 e 4,61 vezes mais chances de mordida cruzada poste-
trados no trabalho de Serra-Negra9, que relata maio- rior e atresia em crianças que mantêm tal hábito acima de 3
res riscos (dez vezes mais) em desenvolver hábitos em anos, em relação às outras crianças. Isso é particularmente
crianças com uso de mamadeira, quando comparados importante durante o planejamento e tratamento ortodôn-
com as que nunca o fizeram. tico, sendo fundamental a intervenção nesses hábitos em
O hábito de sucção de chupeta, assim como todos os pacientes nessa faixa etária.
outros, tem gerado polêmica; no entanto, quando os tor- A sucção de chupeta foi associada com a sobremor-
na persistente, ou seja, acima de três anos, normalmente dida, onde crianças do grupo que chuparam chupeta por
produz deformações significativas na oclusão4,10,13,22. mais tempo tiveram menos chance de apresentar sobre-
A associação da mordida aberta anterior com a pre- mordida. Isso não significa que a sucção de chupeta seja
sença de hábitos e amamentação natural simultâneos fator de proteção para a sobremordida. Na realidade,
apresentou como resultado o indicador de risco para o em termos dinâmicos, esse hábito de sucção acentua a
desenvolvimento de mordida aberta anterior severa com probabilidade de desenvolvimento de mordida aberta,
o uso persistente de sucção de chupeta. A utilização de diminuindo o percentual de crianças com sobremordida
medidas severas, ou seja, acima de 3mm, se embasa no no grupo que utilizou a chupeta por mais tempo.
fato de que um pequeno trespasse vertical na dentição Crianças do grupo que foram amamentadas por
decídua é considerado normal23,24. menos tempo (0 a 6 meses) apresentaram 2,78 vezes
A regressão logística mostra que as possibilidades de mais chance de ter sobremordida quando comparadas
crianças com hábitos de sucção de chupeta em desen- às do grupo que recebeu o leite materno por 7 meses
volver mordida aberta é 33,3 vezes maior quando com- ou mais. Esse resultado vem a ressaltar o trabalho de
parado com as demais. O resultado está de acordo com Köhler20, que defende a amamentação natural, pois os
as afirmações de Ricketts25, Moyers22 e Lino13, que são movimentos de ordenha estimulam o sistema bucal
unânimes em afirmar que o hábito persistente, ou seja, motossensorial, levando ao equilíbrio dos movimen-
por mais de três anos, desenvolve distúrbios oclusais. tos mandibulares, auxiliando, assim, o desenvolvi-
Segundo Ricketts26, as medidas de 0,5 a 4,5mm são mento do sistema estomatognático.
consideradas normais para overjet em sua análise cefalo-
métrica. Com base em tais citações, o overjet foi agru- CONCLUSÃO
pado com medidas de 0,5 a 5mm e maior que 5mm, 1) A interrupção precoce do aleitamento materno in-
e, em seguida, associadas com o tempo de amamenta- fluencia a prevalência de hábitos deletérios, princi-
ção natural e hábitos. A associação teve como principal palmente os persistentes.
resultado o tempo de uso de chupeta, com a regressão 2) Hábitos deletérios persistentes influenciam alta-
logística encontrando como indicador de risco para mente a prevalência de má oclusões e comprome-
overjet maiores de 5mm o tempo de chupeta acima de tem a respiração nasal.
3 anos, mostrando que as crianças com hábitos persis- 3) A estimulação do aleitamento materno é um indi-
tentes de sucção de chupeta possuem 2,77 vezes mais cador de prevenção de hábitos deletérios, respira-
chances de terem overjet acentuado quando comparadas ção bucal e das má oclusões.

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 30.e5 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30.e1-6
artigo inédito Associação entre o tempo de amamentação natural, o tempo de uso de chupeta e a aeração nasal em relação a problemas oclusais em pré-escolares

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artigo online*

Luz halógena versus LED na colagem de braquetes:


resistência à tração
Paulo Eduardo Guedes Carvalho1, Valdemir Muzulon dos Santos2, Hassan Isber2, Flávio Augusto Cotrim-Ferreira1

Resumo do editor Os resultados demonstraram que quatro grupos foram


estatisticamente semelhantes entre si e apenas o aparelho
O processo de fotopolimerização está diretamente re- de LED Gnatus apresentou comportamento distinto
lacionado à resistência da resina de colagem de braquetes dos demais, quando ativado por tempo reduzido (10s).
às forças de cisalhamento, tração e torção, provenientes da O grau de retenção aumentou de acordo com o tempo
mastigação ou da mecânica ortodôntica. O comprimento de exposição. O grupo que apresentou maior resistência
de luz ideal para polimerização de compósitos varia entre média à tração de braquetes foi o de luz halógena, porém
450 e 470nm. Mais comumente utilizado, o aparelho com sem apresentar significância estatística, seguido pelo LED
fonte de luz halógena apresenta um grande espectro de 3M-Espe, inclusive com tempo reduzido. Concluiu-se
comprimento de onda (400 a 500nm) e tempo ótimo de que os LEDs podem ser indicados na prática ortodôntica,
polimerização de 40 segundos. Recentemente disponíveis, contanto que seja utilizado um protocolo de aplicação da
os aparelhos LED parecem possibilitar uma ótima reação luz com tempo de ativação de 40 segundos.
de polimerização com um espectro de luz baixo (460 e
480nm) e reduzida emissão de calor. Entretanto, há es-
cassez de estudos comprovando sua eficiência. O objetivo
desse trabalho foi estudar a resistência à tração de braquetes
ortodônticos, colados em dentes humanos, utilizando dife-
rentes protocolos de fotopolimerização da resina, segundo
variação do tipo de luz e tempo de fotoativação.
Para isso, braquetes foram colados na superfície vesti-
bular de 50 dentes pré-molares superiores e submetidos a
diferentes tempos de fotopolimerização, com três tipos de
aparelhos fotoativadores: um de luz halógena (Optilight
Plus, Gnatus) e outros dois de LED (Optilight CL, Gnatus
e EliparFreelight, 3M-Espe). O grupo controle foi com-
posto pelo aparelho de luz halógena aplicado por 40 segun-
dos em cada braquete. Nos demais grupos com LED, 10
Figura 1 - Fixação do conjunto dente/braquete às matrizes plásticas.
ou 40 segundos foram aplicados. Os corpos de prova foram
submetidos aos testes de tração e testes estatísticos foram
utilizados para a validação dos resultados e comparação dos Como citar este artigo: Carvalho PEG, Santos VM, Isber H, Cotrim-Ferreira FA.
Halogen light versus LED on brackets bonding: a bond strength test. Dental Press J
grupos por meio da Análise de Variância (ANOVA) com Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):31.
nível de significância de 5%, seguida pelo teste de Tukey.
Enviado em: 28 de agosto de 2008 - Revisado e aceito: 25 de novembro de 2008

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou


financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias des-
* Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra. critos nesse artigo.

1
Professor Doutor do Curso de Mestrado em Ortodontia da Universidade Endereço para correspondência: Paulo Eduardo Guedes Carvalho
Cidade de São Paulo (UNICID). Rua Cesário Galeno, 483, Tatuapé – CEP: 03071-000 – São Paulo / SP
2
Mestre em Ortodontia pela Universidade Cidade de São Paulo (UNICID). E-mail: paulo@carvalho-ortodontia.com.br

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 31 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):31
artigo inédito

Luz halógena versus LED na colagem de braquetes:


resistência à tração
Paulo Eduardo Guedes Carvalho1, Valdemir Muzulon dos Santos2, Hassan Isber2, Flávio Augusto Cotrim-Ferreira1

Introdução: os aparelhos de fotopolimerização por LED buscam proporcionar uma luz ativadora fria, que possibilite
protocolos de polimerização do material com menor tempo de duração.

Objetivo: avaliar a resistência à tração da colagem de braquetes, utilizando três tipos de aparelhos fotoativadores: um de
luz halógena (Optilight Plus – Gnatus) e outros dois de LED (Optilight CL – Gnatus; e Elipar Freelight – 3M/Espe).

Resultados: comparando os resultados por meio da análise de variância, o aparelho de LED Gnatus apresentou com-
portamento estatístico inferior em relação às outras fontes de luz, quando ativado por tempo reduzido. Já quando foi
utilizado o tempo de 40 segundos, os resultados de polimerização foram compatíveis com as demais fontes avaliadas. O
aparelho que apresentou melhor desempenho médio foi o de luz halógena, seguido pelo LED 3M/Espe.

Conclusão: concluiu-se que os LEDs podem ser indicados na prática ortodôntica, uma vez que seja utilizado um
protocolo de aplicação da luz com tempo de ativação de 40 segundos.

Palavras-chave: Ortodontia. Resistência à tração. Braquetes ortodônticos. Colagem dentária.

Como citar este artigo: arvalho PEG, Santos VM, Isber H, Cotrim-Ferreira
Professor Doutor do Curso de Mestrado em Ortodontia da Universidade
1
FA. Halogen light versus LED on brackets bonding: a bond strength test. Dental
Cidade de São Paulo (UNICID).
Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):31.e1-6.

Mestre em Ortodontia pela Universidade Cidade de São Paulo (UNICID).


2
Enviado em: 28 de agosto de 2008 - Revisado e aceito: 25 de novembro de 2008

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade


ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias
descritos nesse artigo.

Endereço para correspondência: Paulo Eduardo Guedes Carvalho


Rua Cesário Galeno, 483, Tatuapé – CEP: 03071-000 – São Paulo / SP
E-mail: paulo@carvalho-ortodontia.com.br

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 31.e1 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):31.e1-6
artigo inédito Luz halógena versus LED na colagem de braquetes: resistência à tração

INTRODUÇÃO ao laser de argônio e arco de plasma de xenônio. De


Com objetivo de facilitar e aperfeiçoar o processo qualquer modo, sabe-se que os LEDs possuem luz fria
de colagem de braquetes, pesquisas são frequente- emitida por semicondutores, permitindo um tempo
mente realizadas com a luz halógena, a qual é mais indeterminado de seu uso, com um espectro de luz
utilizada pelos profissionais da área até hoje em dia. baixo, entre 460 e 480nm7. Uma vez que a canforo-
O aparelho com fonte de luz halógena utiliza um quinona, fotoiniciador mais utilizado nas resinas, tra-
grande espectro de comprimento de onda, que pos- balha absorvendo luz visível na faixa de 350 a 550nm,
sui entre 400 e 500nm, e também um filtro de luz, com um pico de absorção em torno de 470nm, os va-
que despreza as ondas que não sensibilizam o ativa- lores emitidos pelo LED parecem ser favoráveis. O
dor normalmente utilizado, a canforoquinona. Sen- comprimento de luz ideal para polimerização de com-
do assim, isso torna estreita a faixa de luz aproveitá- pósitos deve variar em torno de 450nm e 470nm9,16.
vel na polimerização das resinas14. Esses dados criam a expectativa de uma ótima reação
Sabe-se que a qualidade da polimerização das re- de polimerização, compensando a menor intensidade
sinas é representada pelo número de ligações duplas de luz produzida por essas unidades, além de gerar
de carbono dos grupos de metacrilato que reagiram uma reduzida emissão de calor7.
durante a sensibilização da resina na sua polimeriza- Os aparelhos fotoativadores com lâmpadas halógenas
ção12,15. O melhor tempo de aplicação da luz halógena possuem uma vasta literatura sobre o assunto, contra-
é de 40 segundos, demonstrados pelos vários trabalhos riamente aos LEDs, que estão sendo pesquisados mais
realizados com esse equipamento5,10,17,18. intensamente atualmente. Nessa caso, esse trabalho teve
Os pesquisadores Atmadja e Bryant2 realizaram como objetivo estudar a resistência à tração de braquetes
um trabalho avaliando a microdureza knoop de qua- ortodônticos, colados em dentes humanos, utilizando
tro resinas (P 30, Prisma-fil, Heliomolar e Durafill). diferentes protocolos de fotopolimerização da resina, se-
Foram confeccionados corpos de prova em matrizes gundo variação do tipo de luz e tempo de fotoativação.
cilíndricas com 4mm de diâmetro e espessuras que
variavam de 1 a 6mm. O aparelho polimerizador uti- MATERIAL E MÉTODOS
lizado foi o Heliomat, sendo acionados por três dife- Esse experimento foi submetido à apreciação da
rentes tempos de exposição (20, 40 e 60 segundos). Comissão de Ética em Pesquisa da UNICID, tendo
Concluíram que: a) para cada tipo de resina avaliada, sido inteiramente aprovado.
os valores de microdureza diminuíram com o aumen- Para esse estudo, foram comparados os seguintes
to da profundidade de polimerização; b) o tempo de equipamentos:
exposição mais efetivo foi de 40 segundos; c) a redu- » Fonte de luz à base de lâmpada halógena com
ção na espessura do incremento é o meio mais corre- 600mW/cm² – aparelho Optilight Plus (Gna-
to para se conseguir adequada polimerização, sendo tus Equipamentos Médico-Odontológicos Ltda,
melhor do que aumentar o tempo de exposição; d) as Ribeirão Preto/SP).
resinas fotoativadas continuam sua reação de polime- » Fonte de luz à base de LED com 700mW/cm²
rização após a fonte de luz ter sido removida. – aparelho LED Optilight CL (Gnatus Equipa-
A intensidade da luz representa outro fator impor- mentos Médico-Odontológicos Ltda).
tante para preservação das margens da resina aplicada e » Fonte de luz à base de LED com 1000mW/cm² –
polimerizada10,18. As resinas apresentam propriedades fí- aparelho LED Elipar Freelight (3M/Espe Dental
sicas superiores e melhor integridade marginal quando Products, EUA).
polimerizadas por meio da técnica gradual, se comparada Para tal, foram utilizados 50 dentes pré-molares su-
com a polimerização iniciada com intensidade máxima11. periores que foram previamente selecionados, sendo
Apesar de a literatura apresentar poucos estudos, descartados os dentes que possuíam fraturas, trincas,
acredita-se que o aparelho de LED tenha real condi- rachaduras ou que não tinham a superfície vestibular
ção de substituir as lâmpadas halógenas nos consul- íntegra. Essa amostra foi divida aleatoriamente em cin-
tórios1,6, porque possui um custo semelhante ao da co grupos de dez dentes cada, sempre conservados em
luz halógena e muito mais baixo quando comparado solução de soro fisiológico.

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Carvalho PEG, Santos VM, Isber H, Cotrim-Ferreira FA artigo inédito

Os corpos de prova foram preparados por um quimicamente, com o objetivo de compor a estrutura
cirurgião-dentista com experiência clínica em Or- dos corpos de prova (Fig. 1).
todontia e, consequentemente, em colagem de bra- Optou-se, primeiro, pela realização da colagem
quetes; não utilizando colaboração de outros opera- dos braquetes nos dentes, seguido, então, pela estabi-
dores para auxílio no experimento, a fim de mini- lização do conjunto na matriz plástica e da inclusão da
mizar as possibilidades de erros interexamiradores. resina. Isso evitou instabilidade na posição dos dentes
Inicialmente, as superfícies vestibulares dos dentes na matriz durante a colocação da resina. Também se
foram limpas e polidas com taça de borracha e pe- buscou que os corpos de prova tivessem um posicio-
dra-pomes, por 20 segundos cada, em baixa rotação namento com o braquete perpendicular em relação
e, depois, lavadas com água abundante. à garra que foi usada para o tracionamento, a qual se
Todos os dentes tiveram suas faces vestibulares sub- encaixava com precisão nas aletas dos braquetes, re-
metidas à aplicação de ácido fosfórico a 37% por 20 duzindo as possibilidades de alavanca e movimentos
segundos, depois lavadas com água por mais 20 segun- de tração desiguais no teste.
dos e secas com ar comprimido. Para o procedimento Os corpos de prova foram mantidos acondicionados
de colagem, utilizou-se uma pinça específica para co- em meio úmido (soro fisiológico) a uma temperatu-
lagem de braquete e um sistema adesivo ortodôntico ra de 37°C, e na ausência de luz por um período de
fotopolimerizável (Transbond XT, 3M/Unitek). Esse 24 horas. Em seguida, foram levados ao laboratório de
foi aplicado sob a base de cada um dos 50 braquetes plásticos e borrachas, da divisão de química do Insti-
Unitek full-size utilizados nesse estudo (3M/Unitek). tuto de Pesquisa Tecnológicas do Estado de São Pau-
Com o auxílio de um pincel microbrush foi aplica- lo (IPT) onde foram executados os ensaios.
do adesivo líquido, do mesmo sistema adesivo, sobre Os corpos de prova foram submetidos aos testes
a superfície condicionada do dente. Posicionou-se o de tração pela máquina universal de ensaios (Emic
conjunto braquete/resina no centro da coroa clínica 10.000), com velocidade de 1,0mm/min, e com uma
do dente, realizando-se uma leve pressão com sonda célula de carga de 50kgf. Para execução dos testes, foi
exploradora, em busca do escoamento do material em utilizado um extrator em forma de garra confecciona-
excesso. Esse material foi removido com a ponta dessa da sob medida no laboratório de metais da divisão de
sonda, visando evitar que a resina cobrisse a base do engenharia do IPT. Essa garra se encaixava nas aletas
braquete, aumentando, assim, sua retenção e, conse- dos braquetes, perpendicularmente ao corpo de prova,
quentemente, influenciando os resultados. e posteriormente fixado na parte superior da máquina
A partir desse momento, iniciou-se a polimeri- de tração EMIC (Fig. 2).
zação dos corpos de prova, obedecendo aos tempos
estabelecidos para cada um dos grupos, divididos da
seguinte maneira:
» Grupo 1 – Aplicação de luz halógena por 40 se-
gundos em cada braquete (grupo controle).
» Grupo 2 – Aplicação de luz de LED com apare-
lho 3M/Espe por 40 segundos em cada braquete.
» Grupo 3 – Aplicação de luz de LED com apare-
lho 3M/Espe por 10 segundos em cada braquete.
» Grupo 4 – Aplicação de luz de LED com apare-
lho Gnatus por 40 segundos em cada braquete.
» Grupo 5 – Aplicação de luz de LED com apare-
lho Gnatus por 10 segundos em cada braquete.
Após a fotopolimerização de todos os corpos de
prova, conforme cada protocolo estudado, foram
acomodados os conjuntos dente/braquete em ma-
trizes plásticas que receberam resina acrílica ativada Figura 1 - Fixação do conjunto dente/braquete às matrizes plásticas.

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artigo inédito Luz halógena versus LED na colagem de braquetes: resistência à tração

de Tukey na comparação dos grupos, indicando entre


quais protocolos existiram diferenças suficientes para
representar significância estatística.
A Tabela 1 apresenta os valores médios e os desvios-
-padrões para os diversos protocolos de fotoativação
estudados. Os valores obtidos na ANOVA e no teste
de Tukey, para as diversas comparações de medidas,
encontram-se na Tabela 2.
Visando facilitar a comparação dos dados aqui obti-
dos com os presentes na literatura, a Tabela 3 apresenta
os valores médios de cada amostra convertidos, tam-
bém, para valores de pressão em megapascal (MPa),
verificados a partir das medidas da base dos braquetes
utilizados. Os braquetes full-size apresentam sua base
com 0,399 x 0,335cm, gerando uma área de base de
0,133665cm2. Os valores em MPa são de grande im-
portância na interpretação dos dados em relação a ou-
tros trabalhos, pois eliminam a variação quanto ao ta-
Figura 2 - Máquina de tração EMIC 10.000.
manho dos diferentes braquetes utilizados.

Cada corpo de prova foi submetido ao teste de Tabela 1 - Valores médios e desvios-padrão dos cinco grupos avaliados, em Kgf.

tração, e a cada momento de ruptura da colagem do Protocolo Halógena LED 3M LED Gnatus
de Ativação
braquete foi registrado um determinado valor. Esses 40s 40s 10s 40s 10s
Grupo 1 2 3 4 5
valores foram referentes à carga suportada por aquele
Média 6,21 6,01 4,99 5,53 3,85
braquete no exato momento de ruptura. Os testes fo-
D.P. 1,74 1,34 1,00 2,28 1,05
ram realizados em todos os 50 dentes em um mesmo
D.P. = desvio-padrão; s = segundos.
dia. Testes estatísticos foram utilizados para a validação
dos resultados e comparação dos grupos, quando em- Tabela 2 - Testes estatísticos da ANOVA e de Tukey.
pregou-se a Análise de Variância (ANOVA) com nível Diferença
Grupos comparados Sig.
de significância de 5%, seguida pelo teste de Tukey, de médias
quando diferenças foram encontradas. LED 3M 40s (G2) 0,20 N.S.
LED 3M 10s (G3) 1,22 N.S.
Luz halógena 40s (G1)
RESULTADOS LED Gnatus 40s (G4) 0,68 N.S.

Pretendeu-se obter conclusões a partir das medidas LED Gnatus 10s (G5) 2,36 0,05
LED 3M 10s (G3) 1,02 N.S.
de resistência de resina que foram efetuadas, conside-
LED 3M 40s (G2) LED Gnatus 40s (G4) 0,48 N.S.
rando cinco tipos de protocolos de fotoativação. Para
LED Gnatus 10s (G5) 2,16 0,05
o estudo das comparações entre os cinco grupos, uma
LED Gnatus 40s (G4) -0,54 N.S.
vez que as medidas efetuadas obedecem aproximada- LED 3M 10s (G3)
LED Gnatus 10s (G5) 1,97 0,05
mente a distribuições normais, optou-se pela utiliza- LED Gnatus 40s (G4) LED Gnatus 10s (G5) 1,68 N.S.
ção da análise de variância na comparação quanto à Diferença mínima significativa (DMS) = 1,9136; N.S. = não significativo.
semelhança estatística dos cinco grupos. Para esse es-
tudo, calculou-se, em primeiro lugar, as médias e os Tabela 3 - Valores médios dos cinco grupos avaliados, em MPa.

desvios-padrões para as grandezas estudadas e, a partir Protocolo de Halógena LED 3M LED Gnatus
desses resultados, aplicou-se o teste ANOVA. Uma Ativação 40s 40s 10s 40s 10s

vez denotada diferença significativa presente na aná- Grupo 1 2 3 4 5

lise de variância da amostra total, foi aplicado o teste Média 4,56 4,41 3,66 4,06 2,82

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Carvalho PEG, Santos VM, Isber H, Cotrim-Ferreira FA artigo inédito

DISCUSSÃO Esse trabalho observou valores maiores para a lâm-


A finalidade de pesquisar os LEDs relaciona-se pada halógena quando comparados com os outros qua-
com sua recente disponibilidade no mercado, além de tro grupos de LED. Analisando os grupos que tiveram
não existir um grande número de trabalhos científicos os maiores tempos de incidência de luz, observa-se que
comprovando sua real eficiência. Uma vez que a fai- eles possuem os melhores resultados. Para esses gru-
xa de luz emitida pelos LEDs coincide com o pico de pos de lâmpada halógena (6,21kgf), LED 3M 40s e 20s
absorção da canforoquinona, cria-se a expectativa de (6,01kgf e 4,99kgf) e LED Gnatus 40s e 20s (5,53kgf e
uma ótima reação de polimerização, compensando a 3,85kgf), tende-se a concluir que quanto maior o tem-
menor intensidade de luz produzida por essas unida- po de exposição, maior será a retenção do acessório no
des, além de gerar uma reduzida emissão de calor. dente. Como comparação a esse trabalho de tração de
Uma vez colado o aparelho ortodôntico no am- braquetes, encontramos valores médios semelhantes de
biente intrabucal, esse recebe aplicações de forças de- luz halógena versus LED3,4,5,15.
correntes da mastigação e, também, das forças exerci- Nesse estudo foram obtidos valores em MPa e kgf
das pela própria mecânica. Vários tipos de força agem para o tempo de ativação de 40 segundos, que se mos-
nesse momento, tais como tração, cisalhamento e tram em acordo com os achados de Silva15, que utilizou
torção, podendo agir de maneiras isoladas ou, então, tipos de aparelhos compatíveis aos do presente traba-
combinadas. Esse trabalho utilizou forças de tração lho, mas que avaliou apenas protocolos de fotoativação
por se tratar de uma força também utilizada em Or- mais longos (40 e 60 segundos). Vale a pena ressaltar
todontia e pouco estudada. que poucos trabalhos são disponibilizados na literatura
Entretanto, convém ressaltar que no momento da estudando resistência à tração de braquetes, principal-
aplicação laboratorial da força pela máquina de ten- mente com propostas de fotoativação mais curtas (in-
são, não existe a possibilidade da obtenção uma força ferior a 20 segundos) e que deve-se sempre levar em
de tração pura, mas sim uma força predominante de conta o método aplicado, formas e tipo de extratores
tração com tensões e deformações por cisalhamento, dos braquetes, variantes controláveis e não controláveis
secundariamente presentes. Dessa forma, o teste pode e o número de pessoas envolvidas.
apresentar padrões de ruptura mais complexos, asso-
ciando vários tipos de força em um único momento13. CONCLUSÕES
Esse fator pode estar presente na grande maioria dos Baseando-se no método aplicado nesse estudo, e de
trabalhos apresentados na literatura e ser uma variante acordo com os resultados obtidos e aplicados à análise
a influenciar a comparação de resultados absolutos en- estatística, julga-se lícito concluir que:
tre os vários apresentados. • A luz halógena proporcionou a maior resistência
O objetivo desse trabalho foi permear cinco proto- média à tração de braquetes; porém, sem apresen-
colos de tempo de fotoativação em Ortodontia, sem se tar significância estatística em relação a três outros
preocupar com os protocolos recomendados em traba- protocolos realizados com aparelhos de LED.
lhos da área dentística, que recomendam tempos de 40s • O aparelho LED 3M/Espe apresentou resistência
e 60s como viáveis para a utilização de LEDs8. Foram à tração de braquetes semelhante à obtida pela
utilizadas diferentes unidades de medidas (kgf e MPa) fonte halógena, mesmo com protocolo de 10 se-
apenas visando disponibilizar um parâmetro compara- gundos de ativação.
tivo com outros trabalhos realizados. • O aparelho LED Gnatus apresentou resistência à
Na análise dos resultados aqui obtidos por meio da tração de braquetes semelhante à obtida pela fon-
ANOVA, quatro grupos foram estatisticamente seme- te halógena, apenas com protocolo de 40 segun-
lhantes entre si, onde apenas o grupo 5 (LED Gna- do de ativação, sendo significativamente inferior
tus 10s) mostrou-se significativamente diferente. quando utilizado por 10 segundos.

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 31.e5 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):31.e1-6
artigo inédito Luz halógena versus LED na colagem de braquetes: resistência à tração

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© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 31.e6 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):31.e1-6
artigo online*

Perfil do ortodontista que atua no


estado de São Paulo – Parte 2
Fabio Brandalise Rampon1, Celestino Nóbrega2, José Luiz Gonçalves Bretos3,
Franco Arsati4, Sérgio Jakob5, Maria Cristina Jimenez-Pellegrin6

Resumo do editor

Em Ortodontia, assim como em outras áreas da elaboradas planilhas. As respostas dos questionários
Odontologia, nota-se uma busca incessante por novos foram analisadas por meio de gráficos e tabelas quanto
materiais e recursos para aumentar a eficiência da mecâ- às frequências absolutas (n) e frequências relativas (%).
nica ortodôntica, a segurança biológica e o conforto do Para avaliar a associação entre as variáveis qualitativas,
paciente, além de facilitar o desempenho clínico do pro- usou-se o teste de associação Chi-quadrado. A elabora-
fissional. A escolha do tipo de material que será usado ção das análises estatísticas foi feita no programa SPSS®
é fator importante durante a realização do tratamento versão 13.0. Foram devolvidos 593 (24,65%) questio-
ortodôntico. Com base nessa premissa, fez-se necessá- nários preenchidos, nos quais a maioria dos profissionais
rio conhecer o perfil do ortodontista do estado de São demonstrou preferência por braquetes metálicos (98%),
Paulo, no que diz respeito aos materiais que costuma cerâmicos (32%) ou de policarbonato (7,8%). A cana-
utilizar (braquetes, fios ortodônticos, ligaduras e mini- leta mais citada foi a 0,022” x 0,028” (73,2%). Quanto
-implantes). Para realização dessa pesquisa, os autores aos fios ortodônticos, 88,2% empregam fio de aço re-
solicitaram ao Conselho Regional de Odontologia de dondo e de NiTi convencional redondo; 52,6%, o NiTi
São Paulo a lista de endereços de todos os especialistas termoativado redondo e 46,5%, o TMA retangular. A
em Ortodontia e Ortopedia Facial registrados até maio ligadura elástica (92,9%) foi a forma mais empregada
de 2007, num total de 2.414 profissionais. A todos foi para fixar o arco ortodôntico ao braquete. De posse dos
enviado questionário com 20 questões objetivas, sendo resultados obtidos, os autores concluíram que os orto-
que 8 delas permitiam assinalar mais de uma alternati- dontistas analisados alegam ser a eficácia o principal mo-
va. Em 10 questões o profissional teve a possibilidade tivo de escolha do material ortodôntico, sendo que os
de acrescentar uma resposta escrita livre e descritiva. braquetes convencionais unidos com ligaduras elásticas
Para devolução do questionário, utilizou-se o serviço ainda são os mais utilizados pelos entrevistados, assim
de carta-resposta. Com o auxílio do programa Excel como os fios de aço inoxidável e Nitinol. Recursos re-
Microsoft® e seu assistente gráfico, presente no Micro- centes na Ortodontia, como os braquetes autoligáveis e
soft Windows XP, os dados obtidos foram digitados e os mini-implantes, não apresentaram uso significativo.

Como citar este artigo: Rampon FB, Nóbrega C, Bretos JLG, Arsati F, Jakob S,
* Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra. Jimenez-Pellegrin MC. Profile of the orthodontist practicing in the state of São Paulo
- Part 2. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):32.
1
Mestre em Odontologia, SL Mandic.
2
Especialista em Ortodontia, ABO. Mestre em Radiologia Oral, Unicastelo. Enviado em: 12 de agosto de 2010 - Revisado e aceito: 6 de junho de 2011
3
Mestre em Ortodontia, Unicastelo. Doutor em Ciências, Unifesp.
4
Mestre e Doutor em Odontologia, Unicamp. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou
5
Mestre em Ortodontia, Unicastelo. Doutor em Odontologia, SL Mandic. financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias des-
6
Professora do Mestrado em Ortodontia da SL Mandic. Especialista em critos nesse artigo.
Ortodontia, Unicastelo. Doutora em Ciências, USP.
Endereço para correspondência: Fabio Brandalise Rampon
Rua Os 18 do Forte, 1207, sala 302
CEP: 95020 472 – Caxias do Sul / RS
Email: fabiorampon@terra.com.br

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 32 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):32
artigo inédito

Perfil do ortodontista que atua no


estado de São Paulo – Parte 2
Fabio Brandalise Rampon1, Celestino Nóbrega2, José Luiz Gonçalves Bretos3,
Franco Arsati4, Sérgio Jakob5, Maria Cristina Jimenez-Pellegrin6

Introdução: a escolha do tipo de braquetes, ligaduras e fios são fatores importantes no tratamento ortodôntico. O
aço inoxidável predominou por muito tempo, mas novas ligas metálicas diversificaram o universo de fios disponíveis,
assim como surgiram outros recursos.

Objetivo: analisar o perfil do ortodontista do estado de São Paulo em relação aos materiais que utiliza.

Métodos: foi enviado um questionário a 2414 especialistas em Ortodontia e Ortopedia Facial inscritos no Conselho
Regional de Odontologia do estado de São Paulo. Para avaliar a associação entre as variáveis qualitativas, foi utilizado
o teste qui-quadrado, ao nível de significância de 5%.

Resultados: houve o retorno de 593 (24,65%) questionários preenchidos. A eficácia do material ortodôntico foi o
principal motivo alegado para sua escolha. A maioria demonstrou preferência por braquetes metálicos (98%), cerâmi-
cos (32%) e de policarbonato (7,8%). O slot mais citado foi o de 0,022” x 0,028” (73,2%). Sobre os fios ortodônticos,
88,2% empregam fio de aço redondo e o NiTi convencional redondo; 52,6% o NiTi termoativado redondo e 46,5%
o TMA retangular. A ligadura elástica foi a forma mais empregada (92,9%) para fixar o arco ortodôntico ao braquete.

Conclusões: os ortodontistas analisados alegaram ser a eficácia o principal motivo de escolha do material; os braque-
tes convencionais unidos com ligaduras elásticas ainda são os mais utilizados. Entre os fios ortodônticos, os de secção
redonda apareceram em primeiro lugar, tanto os de aço como os de nitinol convencional. Recursos recentes na Orto-
dontia brasileira, como os braquetes autoligáveis e os mini-implantes, não apresentaram uso significativo.

Palavras-chave: Ortodontia. Pesquisa em Odontologia. Materiais.

Como citar este artigo: Rampon FB, Nóbrega C, Bretos JLG, Arsati F, Jakob S,
1
Mestre em Odontologia, SL Mandic. Jimenez-Pellegrin MC. Profile of the orthodontist practicing in the state of São Paulo
2
Especialista em Ortodontia, ABO. Mestre em Radiologia Oral, Unicastelo. - Part 2. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):32.e1-6.
3
Mestre em Ortodontia, Unicastelo. Doutor em Ciências, Unifesp.
4
Mestre e Doutor em Odontologia, Unicamp. Enviado em: 12 de agosto de 2010 - Revisado e aceito: 6 de junho de 2011
5
Mestre em Ortodontia, Unicastelo. Doutor em Odontologia, SL Mandic.
6
Professora do Mestrado em Ortodontia da SL Mandic. Especialista em » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou
Ortodontia, Unicastelo. Doutora em Ciências, USP. financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias des-
critos nesse artigo.

Endereço para correspondência: Fabio Brandalise Rampon


Rua Os 18 do Forte, 1207, sala 302
CEP: 95020 472 – Caxias do Sul / RS
Email: fabiorampon@terra.com.br

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artigo inédito Perfil do ortodontista que atua no estado de São Paulo – Parte 2

INTRODUÇÃO Odontologia do estado de São Paulo até maio de 2007,


Em Ortodontia, assim como em outros setores da perfazendo um total de 2414 profissionais.
Odontologia, nota-se uma busca incessante de novos O questionário foi elaborado com 20 questões
materiais e recursos com a finalidade de aumentar a efi- objetivas, sendo que 8 delas davam a possibilidade
ciência da mecânica ortodôntica, a segurança biológica e de se assinalar mais de uma alternativa. Além disso,
o conforto do paciente, além de facilitar o desempenho em 10 questões o profissional teve a possibilidade de
clínico do profissional. acrescentar uma resposta escrita livre e descritiva. O
Novas ligas, nos últimos anos, têm diversificado questionário foi impresso em folha A4 com papel sul-
a composição dos fios ortodônticos, alterando suas fite 120g, com seu lado externo confeccionado em
propriedades biomecânicas, desde a formabilidade até forma de carta-resposta, com o lado interno dividido
seu comportamento, quando submetidos a mudanças em duas partes iguais: a superior, contendo o termo
de temperatura5. de consentimento livre e esclarecido, onde os profis-
Os braquetes autoligáveis foram desenvolvidos com sionais foram devidamente esclarecidos sobre a natu-
o objetivo de incorporar-lhes propriedades biomecâni- reza da pesquisa; e a inferior, contendo as perguntas
cas especiais, como a redução do atrito e, em alguns, até do questionário, sendo que as questões ímpares foram
a interatividade com o fio ortodôntico, além de eliminar destacadas com sombreamentos para uma melhor vi-
o uso de ligaduras, o que reduz o tempo clínico para a sualização e separação das questões.
colocação e a remoção do arco ortodôntico, e, ainda, O serviço de carta-resposta foi previamente con-
minimiza a retenção de biofilme10. tratado junto à Empresa de Correios e Telégrafos.
O advento dos mini-implantes tem propiciado ao or- Esse serviço possibilitou ao respondente a isenção de
todontista soluções clínicas que outrora possuíam limi- ônus financeiro, sendo que, ao receber a correspon-
tações, tais como a intrusão dentária e a movimentação dência em seu endereço cadastrado, o profissional
ortodôntica na região posterior da arcada, fornecendo somente teve o trabalho de responder ao questioná-
maior controle mecânico e segurança, além de reduzir o rio, dobrar e colar a folha, conforme as indicações, e
tempo de tratamento1,12,22,23. depositar em qualquer agência dos correios. Foi tido
Por outro lado, a aceitação de uma nova tecnolo- o cuidado de enviar as correspondências de tal forma
gia depende de numerosos fatores, desde sua validação que não chegassem ao local de destino próximo ao
científica até a mudança de conduta do profissional. final de semana, mas, preferencialmente, no início
Essa é a segunda parte de um amplo estudo, efetuado da semana, quando é maior a probabilidade de retor-
para se conhecer o perfil do ortodontista que atua no no das cartas-respostas14.
estado de São Paulo. Na primeira parte, realizou-se a Baseando-se nas respostas dos questionários que re-
análise do especialista em Ortodontia no que diz respei- tornaram, procurou-se detalhar e interrelacionar as in-
to ao sexo, faixa etária, tempo de inscrição no Conselho formações ao máximo, a fim de se conseguir o maior
Regional de Odontologia do estado de São Paulo, aná- número de dados possíveis, com o objetivo de alcançar
lises cefalométricas empregadas com maior frequência, conclusões compatíveis com a proposição desse estudo.
técnica ortodôntica de preferência e uso de recursos or- Com o programa Microsoft Excel e seu assistente grá-
topédicos funcionais. fico, presentes no sistema operacional Microsoft Win-
A presente parte do estudo teve como objetivo veri- dows XP, os dados foram digitados e elaboradas planilhas.
ficar o perfil do ortodontista do estado de São Paulo no As respostas dos questionários foram analisadas
que diz respeito aos materiais que costuma utilizar: bra- através de gráficos e tabelas, conforme frequências
quetes, fios ortodônticos, ligaduras e mini-implantes. absolutas (n) e frequências relativas (%). Para avaliar a
associação entre as variáveis qualitativas, foi utilizado
MATERIAL E Métodos o teste de associação qui-quadrado. Sempre que o tes-
Para realizar a pesquisa, foi solicitado, junto ao Con- te qui-quadrado foi significativo, a análise de resíduos
selho Regional de Odontologia de São Paulo, a lista de ajustados foi utilizada como complemento. A elabo-
endereços de todos os especialistas em Ortodontia e ração das análises estatísticas foi através do software
Ortopedia Facial registrados no Conselho Regional de SPSS®, versão 13.0.

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Rampon FB, Nóbrega C, Bretos JLG, Arsati F, Jakob S, Jimenez-Pellegrin MC artigo inédito

Resultados O uso dos braquetes autoligáveis está associado ao


A eficácia (81,1%) apareceu de forma expressiva tempo de formação de especialista, entre 11 e 15 anos,
como o principal motivo para o profissional escolher o como demonstrou o teste c2, complementado pela Aná-
material ortodôntico que utiliza, geralmente associando lise de Resíduos Ajustados, ao nível de significância
outros fatores, como o custo (23,4%), a facilidade para de 5% (Tab. 3).
aquisição (17,5%) e a comodidade de uso (15,5%). A maioria dos ortodontistas (92,9%) relatou fazer
Os questionamentos feitos a respeito de braquetes de- uso de ligadura elástica como método para fixar o fio ao
notaram a preferência pelo metálico (98%), conforme Ta- braquete durante a mecânica, sendo que 76,1% fazem
bela 1, e pelo slot de tamanho 0,022” x 0,028” (73,2%), uso de amarrilhos metálicos (Tab. 4).
como mostra Tabela 2. A respeito do braquete autoligável, A respeito dos tipos de fios que utilizam em sua ro-
a maior parte dos profissionais (56,2%) declarou que o co- tina clínica, dos entrevistados, 88,2% empregam fio
nhece, mas não o utiliza; 25% afirmaram desconhecer e de aço redondo; 88,2% NiTi convencional redondo;
somente 4,7% o utilizam com frequência (Gráf. 1). 52,6% NiTi termoativado redondo; 46,5% TMA re-
tangular; e 4,1% Elgilloy (Tab. 5).
Tabela 1 - Distribuição dos ortodontistas quanto aos tipos de braquetes em-
Foram agrupadas duas questões a respeito de mini-
pregados no dia a dia. -implantes. Na primeira parte, como mostra o Gráfico 2,
n % as respostas dos ortodontistas foram sobre a utilização
Metálico 581 98,0 desse recurso. Na segunda parte, foi possível obter, dentre
Cerâmico 190 32,0
os profissionais que os utilizam, a informação a respeito
Compósito 46 7,8
da situação clínica em que os empregam (Tab. 6).
Autoligável 16 2,7
Através do Teste c2, com p  =  0,384, constatou-se
Outros 13 2,2
não haver nenhuma associação entre tempo de Orto-
Total 593 -
dontia e o uso do recurso dos mini-implantes (Tab. 7).
Resposta múltipla.

Tabela 2 - Distribuição dos ortodontistas quanto ao tamanho dos slots dos Tabela 3 - Distribuição dos ortodontistas quanto ao tempo de formação
braquetes utilizados no dia a dia. como especialista e a utilização de braquetes autoligáveis.

n % Braquetes autoligáveis
Tempo de
0,022" x 0,028" 434 73,2 Não Conhece e Total
Ortodontia Utiliza
0,018" x 0,025" 131 22,1 Conhece não utiliza
(em anos)
Slots combinados 20 3,4 n % n % n % n %

Não responderam 8 1,3 1a5 36 24,8 97 29,6 21 22,1 154 27,1

Total 593 - 6 a 10 48 33,1 105 32,0 18 18,9 171 30,1


11 a 15 17 11,7 51 15,5 27 28,4* 95 16,7
Resposta múltipla.
Mais de 15 44 30,3 75 22,9 29 30,5 148 26,1
Total 145 100 328 100 95 100,0 568 100

c =19,89; p = 0,003.
2

*Análise de Resíduos Ajustados: p<0,05.


Conheço, mas não utilizo

Não conheço
25,0% Tabela 4 - Distribuição dos ortodontistas quanto aos métodos utilizados para
Conheço, mas utilizo ocasionalmente
fixar o fio ortodôntico ao braquete.
Conheço e utilizo com frequência n %
12,1%
56,2%
Não respondeu Elástico 551 92,9

4,7%
Amarrilho 451 76,1
2,0% Autoligável 14 2,4

Base: 593 respondentes.


Outro 2 0,3
Total 593 -
Gráfico 1 - Distribuição dos ortodontistas quanto ao conhecimento e à utili-
zação de braquetes autoligáveis. Resposta múltipla.

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artigo inédito Perfil do ortodontista que atua no estado de São Paulo – Parte 2

Tabela 5 - Distribuição dos ortodontistas quanto aos métodos utilizados para


fixar o fio ortodôntico ao braquete. Ocasionalmente
Nunca
36,2%
n % Rotineiramente

Redondo 523 88,2 Não respondeu


52,1%
Retangular 483 81,5
Fio de aço 11,0%
Quadrado 140 23,6
0,7%
Trançado 188 31,7 Base: 593 respondentes.

Redondo 523 88,2


Gráfico 2 - Distribuição dos ortodontistas quanto à utilização do recurso dos
Fio de NiTi mini-implantes.
Retangular 370 62,4
convencional
Quadrado 88 14,8

Redondo 312 52,6 Tabela 6 - Relação das situações clínicas citadas pelos ortodontistas em que
Fio de NiTi utilizam mini-implantes.
Retangular 251 42,3
termoativado
n %
Quadrado 47 7,9
Ancoragem 193 51,6
Retangular 276 46,5
Intrusão 91 24,3
Fio de TMA
Redondo 129 21,8 Distalização e mesialização 45 12,1

Elgilloy 24 4,1 Retração 42 11,2


Outros Verticalização de molares 24 6,4
Outros 13 2,2
Outro 32 8,6
Base 593 -
Total 374 -
Resposta múltipla.

Tabela 7 - Relação entre tempo de Ortodontia e utilização do recurso dos mini-implantes.

Tempo de Uso de mini-implantes


Total
Ortodontia Nunca Ocasionalmente Rotineiramente Não respondeu
(em anos) n % n % n % n % n %
1a5 67 31,6 74 24,6 17 27,0 1 25,0 159 27,9
6 a 10 71 33,5 82 27,2 20 31,7 1 25,0 174 30,0
11 a 15 27 12,7 57 18,9 11 17,5 1 25,0 96 16,6
Mais de 15 47 22,2 88 29,2 15 23,8 1 25,0 151 26,0
Total 212 100 301 100 63 100 4 100 580 100

c2=9,60; p = 0,384.

Discussão A preferência pela utilização de braquetes metálicos


É importante destacar que a literatura é escassa em convencionais (98%) foi alta e coincidiu com os resul-
dados nacionais a respeito do ortodontista brasileiro, es- tados dos estudos norte-americanos7,8,11. Esse dado evi-
pecialmente quando se buscam informações com relação denciou o uso consagrado dos braquetes metálicos, pela
ao material utilizado rotineiramente, objeto desse estudo. facilidade de emprego, aquisição e menor custo.
De acordo com os dados obtidos, nota-se uma inten- Contudo, quando se trata de braquetes cerâmicos,
sa preocupação dos ortodontistas quanto à qualidade do que, nesse estudo, ficaram em segundo lugar (32%), os
material que utilizam, pois, quando arguidos a esse res- dados se encontram muito aquém da percentagem de uti-
peito, apontaram a eficácia como principal motivo de es- lização relatada por parte de profissionais norte-america-
colha desses, tendo assinalado, em segundo plano, outros nos7,8,11. Embora não tenha sido solicitada uma justificati-
motivos, como o custo, facilidade e comodidade de uso va de resposta aos profissionais pesquisados, fatores como
como fatores considerados para a aquisição dos produtos. custo mais elevado, relatos relacionados com fraturas dos

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 32.e4 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):32.e1-6
Rampon FB, Nóbrega C, Bretos JLG, Arsati F, Jakob S, Jimenez-Pellegrin MC artigo inédito

braquetes cerâmicos, desgaste do dente antagonista quan- A escolha entre um ou outro braquete deve levar em
do em contato prematuro e dificuldade de remoção17 de- consideração vários aspectos, desde a facilidade de ob-
certo estão relacionados com o resultado obtido. tenção do produto, até seu preço, qualidade de fabrica-
Nessa questão, ainda, os braquetes autoligáveis apre- ção e vantagens clínicas de cada um, adaptadas ao caso
sentaram 2,2% de utilização entre os ortodontistas do clínico selecionado para o tratamento16.
estado de São Paulo; percentual semelhante aos dados Ainda no que tange à dimensão dos slots, os resul-
coletados nos EUA em 1996 (1,6%)8; e bem inferio- tados desse estudo demonstraram a preferência pelo
res aos de outros estudos, pois 9,8% dos ortodontistas 0,022” x 0,028” (73,2%) em relação ao 0,018” x 0,025”
americanos relataram utilizar esses braquetes, em estudo (22,1%), concordando com os resultados de estudos se-
realizado em 200211. No Reino Unido, em estudo re- melhantes realizados em outros países2,11.
cente indicou 11%2. Considerando a concentração de A maioria dos entrevistados respondentes declarou
profissionais que há nesse estado e a facilidade de acesso utilizar rotineiramente ligadura elástica em sua prática
a fornecedores, se comparada a outras regiões do país, clínica (93%), mesmo com as restrições de degradação
nota-se o uso pequeno desse recurso. de força decorrente da ação térmica dos alimentos e da
Através da análise estatística, constatou-se que o em- temperatura bucal, além da reação físico-química da sali-
prego dos braquetes autoligáveis está associado aos profis- va6. A facilidade para sua utilização, a possibilidade de au-
sionais com tempo de especialidade entre 11 e 15 anos. Esse mentar a fricção quando necessária e o baixo custo, foram
resultado nos remete a questionar se isso se deve apenas ao os principais motivos que justificaram a sua utilização10.
custo mais elevado desse tipo de braquete, o que poderia Os fios ortodônticos de aço inoxidável, por muito
restringir o seu uso a pacientes com maior potencial fi- tempo, predominaram na Ortodontia, mas, com o ad-
nanceiro. Um outro aspecto é que os profissionais com 15 vento de novas ligas metálicas, tornou-se diversificado
anos de especialidade possuem uma formação mais ampla, o universo de fios disponíveis9. A preferência pelos fios
sob o ponto de vista científico, o que lhes fornece maior ortodônticos de aço e pelo nitinol (M-NiTi), ambos
percepção na escolha do material que utilizam, além do de secção redonda, proporcionou dados semelhantes.
censo crítico mais apurado, já que os braquetes autoligáveis Resultados similares foram relatados2,11, pois o Nitinol
surgiram com o propósito de promover tratamentos mais normalmente é muito recomendado para o início do
eficientes e com menor quantidade de atrito6. tratamento, etapa que exige elevada elasticidade e alta
Por outro lado, um aparelho pré-ajustado pode ser ar- resiliência do fio; e o aço inoxidável para a finalização do
riscado quando utilizado por profissionais iniciantes, se tratamento, propiciando a individualização9.
comparado ao sistema convencional. Do mesmo modo, Os fios superelásticos, NiTi termoativados, A-NiTi,
há a necessidade do ortodontista possuir capacitação níquel-titânio ativo, foram denominados os fios dos
para reconhecer más posições dentárias individuais e de anos 90 por oferecerem a característica da superelasti-
dominar manobras biomecânicas que permitam a indi- cidade associada ao efeito memória5. Esses fios possuem
vidualização do torque e da angulação dentária, aspectos uma aceitação considerável entre os ortodontistas pes-
conciliáveis por profissionais mais experientes. quisados (52,6% de secção redonda e 42,3% de secção
Cabe lembrar que o ortodontista tem à disposição retangular) na comparação com os estudos de Gottlieb
braquetes autoligáveis passivos e ativos, cada um apre- et al.8 (24,9%) e Keim et al.11 (26,8%). Contudo, de
sentando suas vantagens e desvantagens. Thorstenson28 acordo com Sheridan19, 85% dos profissionais utilizam-
comparou a mecânica de deslizamento em braquetes de -nos rotineiramente na fase inicial do tratamento.
ambos os sistemas e obteve como resultado que a re- O fio de TMA (liga de titânio-molibdênio) pos-
sistência ao deslizamento é nula nos sistemas passivos; sui como característica principal a resiliência associada
contudo, considerou a possibilidade de ocorrer falta de a uma moderada formabilidade9. Nos EUA, Gottlieb
controle no posicionamento da raiz do dente. Já para os et al.8 relataram que 22,5% dos profissionais utilizavam
sistema ativos, a resistência ao deslizamento variou de rotineiramente fios de TMA. Keim et al.11 relataram que
12 a 54g. Em braquetes convencionais, os níveis de re- 13,5% dos pesquisados o utilizavam no início do trata-
sistência ao deslizamento são superiores, especialmente mento e 16,6% na etapa final do tratamento. Consta-
se são utilizadas as ligaduras elásticas15. tou-se, no presente estudo, o emprego de 46,5% do fio

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artigo inédito Perfil do ortodontista que atua no estado de São Paulo – Parte 2

de TMA de secção retangular e 21,8% de secção redon- que 11% dos ortodontistas da amostra os utilizam como
da, resultados mais expressivos que os estudos realizados rotina, dado semelhante ao encontrado por Sheridan21,
nos EUA; entretanto, ainda insuficientes para suplanta- com 8%; e superior a Banks et al.2, que relataram a sua
rem o uso dos fios de aço inoxidável e Nitinol. utilização por apenas 02% dos respondentes do Reino
A liga de cromo-cobalto para fios ortodônticos, desen- Unido. Ainda, 51,6% dos ortodontistas relataram uti-
volvida na década de 60 e introduzida no mercado com lizar os mini-implantes como ancoragem1,12,23 e 24,3%
o nome de Elgiloy (Rocky Mountain Orthodontics), os associaram à biomecânica de intrusão com o objetivo
possui, atualmente, vários similares no mercado. O custo de otimizar os resultados, dada a dificuldade que existe
mais elevado, sua rigidez muito semelhante e um pouco nesse movimento ortodôntico22.
mais de atrito do que a liga de aço são limitações que ex-
plicam sua pouca utilização dentre os profissionais pes- Conclusão
quisados (4,1%)9, assim como no estudo de Keim et al.11, Os ortodontistas analisados alegaram ser a eficácia
com 8,3% de uso rotineiro no início do tratamento e 3% o principal motivo de escolha do material ortodôntico,
no final do tratamento. Em pesquisas anteriores de Got- sendo que os braquetes convencionais unidos com liga-
tlieb et al.7,8, os fios Elgiloy nem sequer foram citados. duras elásticas ainda são os mais utilizados pelos entre-
O preparo da ancoragem, em Ortodontia, é uma vistados. Os fios de secção redonda ficaram em primeiro
fase muito importante para determinar o sucesso do lugar na pesquisa, tanto os de aço como os de Nitinol
tratamento22 e útil para pacientes não colaboradores20. convencional. Recursos recentes na Ortodontia brasi-
Por esse motivo, os profissionais pesquisados foram in- leira, como os braquetes autoligáveis e os mini-implan-
dagados a respeito dos mini-implantes. Foi constatado tes, não apresentaram uso significativo.

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artigo online*

Avaliação da aplicação de laser de baixa potência na


movimentação ortodôntica sob dois protocolos
Mariana Marquezan1, Ana Maria Bolognese2, Mônica Tirre de Souza Araújo3

Resumo do editor Ao  final dos períodos experimentais, o cálculo da


quantidade de movimentação dentária foi realizada
Na Ortodontia, assiste-se a uma utilização cres- pela diferença entre a distância inicial e final do in-
cente do laser de baixa potência (LBP), com variados cisivo central superior à face mesial do primeiro mo-
protocolos de aplicação, com a finalidade de estimu- lar superior esquerdo. Adicionalmente, realizou-se a
lar a movimentação dentária, aliviar a dor e acelerar a análise quantitativa das reações celulares e teciduais
regeneração óssea. Entretanto, a literatura vem mos- do periodonto e a contagem dos vasos sanguíneos no
trando resultados controversos quanto aos seus resul- ligamento periodontal.
tados. O objetivo desse trabalho foi verificar o efeito Os grupos GC2 e GIr1 sofreram movimentação
de dois protocolos de irradiação de LBP: irradiações ortodôntica por dois dias, e apresentaram aumento da
diárias e irradiações iniciais. vascularização, porém sem diferença estatisticamente
A amostra consistiu de 36 ratos Wistar com apro- significativa. Os grupos GC3, GIr2 e GIr3 sofreram
ximadamente 90 dias de idade. Os animais foram di- movimentações ortodônticas por 7 dias, mas apenas o
vididos aleatoriamente em Grupo Controle (GC) e grupo GIr3, que sofreu irradiação durante os sete dias,
Grupo Irradiado (GIr) e, em seguida, novamente di- apresentou diferença estatística, mostrando que as apli-
vididos em seis subgrupos: GC1, GC2, GC3, GIr1, cações de LBP diárias foram capazes de manter o nú-
GIr2, GIr3, de acordo com a presença de dispositivo mero de vasos aumentados. Não houve diferença na
ortodôntico para movimentação dentária, irradiação quantidade de movimentação dentária entre os grupos.
por LBP e data da eutanásia. Foi utilizado o método Portanto, apesar da ocorrência de angiogênese em al-
de irradiação pontual nas regiões mesial, vestibu- guns grupos irradiados, os protocolos de irradiação uti-
lar e lingual da mucosa gengival do primeiro mo- lizados não aceleraram a movimentação dentária e não
lar superior esquerdo, durante 3 minutos por ponto. preveniram as reabsorções radiculares.

Como citar este artigo: Marquezan M, Bolognese AM, Araújo MTS. Evaluation
* Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra. of two low-potency laser application protocols in patients submitted to orthodontic
treatment. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):33.
1
Mestre e Doutora em Ortodontia - UFRJ. Professora Associada do
Departamento de Ortodontia da FO-UFRJ. Coordenadora da Disciplina de Enviado em: 13 de julho de 2009 - Revisado e aceito: 27 de abril de 2010
Ortodontia para Fonoaudiologia da FM-UFRJ.
2
Professora Titular do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou
UFRJ. financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias des-
3
Professora Associada do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da critos nesse artigo.
UFRJ.
Endereço para correspondência: Mônica Tirre de Souza Araújo
Av. Prof. Rodolpho Paulo Rocco 325 - Ilha do Fundão
CEP: 21.941-617 - Rio de Janeiro / RJ
E-mail: monicatirre@uol.com.br

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 33 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):33
artigo inédito

Avaliação da aplicação de laser de baixa potência na


movimentação ortodôntica sob dois protocolos
Mariana Marquezan1, Ana Maria Bolognese2, Mônica Tirre de Souza Araújo3

Introdução: diferentes protocolos de irradiação por laser de baixa potência (LBP) têm sido testados para potencializar
o movimento ortodôntico; entretanto, há resultados divergentes. Foi sugerido que seu efeito bioestimulador ocorre nas
fases de proliferação e diferenciação celular, não agindo em estágios tardios.

Objetivo: avaliar o efeito de dois protocolos de irradiação do LBP na movimentação ortodôntica: um com irradiações
diárias e outro em que irradiações foram realizadas apenas nos períodos iniciais.

Métodos: trinta e seis ratos Wistar foram divididos em grupos controles (GC1, GC2 e GC3) e irradiados (GIr1, GIr2 e
GIr3), de acordo com a presença de dispositivo ortodôntico, a presença de irradiação, o tipo de protocolo de irradiação
e a data de eutanásia (3º ou 8º dia de experimento). Ao final dos períodos experimentais, foram realizadas mensurações
da movimentação dentária, análise qualitativa das reações celulares e teciduais do periodonto e contagem de vasos
sanguíneos no ligamento periodontal.

Resultados: a quantidade de movimentação não diferiu entre os grupos num mesmo tempo experimental (p < 0,05).
A análise qualitativa revelou maior atividade absortiva nos grupos irradiados ao final de 7 dias, especialmente quando
as irradiações foram diárias. Nos grupos irradiados diariamente, a contagem de vasos foi aumentada em relação aos
animais isentos de dispositivo ortodôntico e de aplicações de LBP (p < 0,05).

Conclusão: apesar de verificada angiogênese em certos grupos irradiados, os protocolos de irradiação testados não
foram capazes de acelerar a movimentação dentária, e foi possível verificarem-se absorções radiculares.

Palavras-chave: Lasers. Terapia a laser de baixa intensidade. Movimentação dentária. Agentes indutores da angiogênese.

Como citar este artigo: Marquezan M, Bolognese AM, Araújo MTS. Evaluation
1
Mestre e Doutora em Ortodontia - UFRJ. Professora Associada do Departamento of two low-potency laser application protocols in patients submitted to orthodontic
de Ortodontia da FO-UFRJ. Coordenadora da Disciplina de Ortodontia para treatment. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):33.e1-9.
Fonoaudiologia da FM-UFRJ.
2
Professora Titular do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da UFRJ. Enviado em: 13 de julho de 2009 - Revisado e aceito: 27 de abril de 2010
3
Professora Associada do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da UFRJ.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou
financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias des-
critos nesse artigo.

Endereço para correspondência: Mônica Tirre de Souza Araújo


Av. Prof. Rodolpho Paulo Rocco 325 - Ilha do Fundão
CEP: 21.941-617 - Rio de Janeiro / RJ
E-mail: monicatirre@uol.com.br

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artigo inédito Avaliação da aplicação de laser de baixa potência na movimentação ortodôntica sob dois protocolos

INTRODUÇÃO movimento ortodôntico que contemplem irradiações


Na Ortodontia, o LBP tem sido utilizado para aliviar a apenas durante os períodos iniciais do movimento.
dor, eventualmente, associada ao movimento dentário23,26, O objetivo desse estudo foi verificar o efeito de dois
acelerar a regeneração óssea durante a expansão rápida da protocolos de irradiação de laser de baixa potência na
maxila21, bem como potencializar a movimentação dentá- movimentação dentária induzida: um com irradiações
ria induzida ortodonticamente2,4,9. Esse último é o princi- diárias, e outro em que as irradiações se deram apenas
pal alvo de estudos de laserterapia em Ortodontia. nos períodos iniciais. Foram realizadas análise macros-
Variações de métodos nos estudos que avaliaram a cópica quantitativa da movimentação dentária, análise
relação entre irradiação por LBP e a taxa de movimenta- microscópica qualitativa das reações celulares e teciduais
ção ortodôntica geraram resultados conflitantes. Podem do periodonto e quantificação do número de vasos san-
ser observados resultados positivos, com aumento na guíneos no ligamento periodontal.
taxa de movimentação2,4,11; efeito nulo, em que o grupo
experimental e o controle não diferiram13; e efeito ini- MATERIAL E MÉTODOS
bitório, em que o grupo irradiado com LBP apresentou Para o presente estudo experimental in vivo, foram
taxas menores de movimento dentário22. utilizados 36 ratos machos da linhagem Wistar, com
Apesar de a maioria dos protocolos de aplicação aproximadamente 90 dias de idade e pesando cerca de
do LBP para potencialização do movimento ortodôn- 250g. Os animais foram mantidos em gaiolas apropria-
tico ser pontual, existem variações nos comprimentos das, forradas com maravalha, e receberam água e ração
de onda utilizados, nas doses e no número de sessões triturada ad libitum. A luminosidade foi controlada, ha-
de irradiação nos dias que sucedem à ativação do apa- vendo ciclos dia/noite de 12 horas cada para evitar alte-
relho. Alguns autores utilizaram irradiações diárias de rações no ciclo metabólico dos animais. O projeto teve
LBP4,11,15, enquanto outros estabeleceram diferentes in- aprovação da Comissão de Ética com Uso de Animais
tervalos de aplicação do laser2,13,22. Tendo em vista que (CEUA) em Experimentação Científica do Centro de
o efeito do laser é dose-dependente6,10, maior atenção Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio de
deve ser dada aos protocolos de irradiação. Janeiro. Os animais foram divididos aleatoriamente em
Foi sugerido que o efeito bioestimulador do LBP grupo controle (GC) e grupo irradiado (GIr) (Quadro
se dá nas fases de proliferação e diferenciação celular, 1) e, então, novamente divididos em seis subgrupos de
não agindo em estágios tardios18. Além disso, estudos acordo com a presença de dispositivo ortodôntico para
sobre potencialização do movimento ortodôntico com movimentação dentária, irradiação por LBP e data da
irradiações diárias de laser que tiveram êxito em de- eutanásia. Cálculo amostral para diferença entre médias
monstrar essa associação observaram aumento na taxa (α=5%, poder do estudo= 80%) foi realizado.
de movimentação dentária entre o segundo e terceiro O dispositivo ortodôntico utilizado foi constituído de
dias de movimentação, mantendo-se constante a dife- uma mola de níquel-titânio de secção fechada com 7mm
rença entre grupos irradiados e não irradiados após esse de comprimento (Dental Morelli Ltda, Sorocaba/SP),
período4,11. Dessa maneira, torna-se necessário testar distendida dos incisivos superiores ao primeiro molar su-
protocolos de aplicação de LBP para potencialização do perior esquerdo para promover movimento mesial desse

Dispositivo
Grupo Subgrupo Número de irradiações Data de eutanásia Nº de animais
ortodôntico
GC1 Não Zero 1º dia 6
GC Grupo controle GC2 Sim Zero 3º dia 6
GC3 Sim Zero 8º dia 6
GIr1 Sim 2 3º dia 6
GIr Grupo irradiado GIr2 Sim 2 8º dia 6
GIr3 Sim 7 8º dia 6

Quadro 1 - Caracterização da amostra.

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Marquezan M, Bolognese AM, Araújo MTS artigo inédito

dente com força de, aproximadamente, 40cN. Realizou- dentária a diferença entre as medidas inicial e final. O
-se o procedimento de instalação do dispositivo ortodôn- grupo GC1 foi excluído dessa análise por não ter sido
tico com os animais sedados, administrando-se injeção submetido à movimentação dentária induzida.
intraperitoneal da associação de cloridrato de quetamina Ao final dos períodos experimentais especificados
(1,33ml/kg) e cloridrato de xilazina (0,67ml/kg). para cada grupo, a eutanásia foi realizada por meio de
Para irradiação dos animais dos grupos experimen- guilhotina. Em seguida, as maxilas sofreram dissecção e
tais GIr1, GIr2 e GIr3, foi utilizado um laser de arsene- osteotomia para a obtenção das secções teciduais dese-
to de gálio e alumínio (Ga-Al-As) (Thera Lase, DMC jadas, compreendendo os molares superiores esquerdos
Equipamentos, São Carlos/SP), com comprimento de e osso alveolar adjacente. As peças foram fixadas em so-
onda de 830nm, potência máxima de 100mW e siste- lução de formol neutro a 10% durante uma semana e
ma de entrega por fibra óptica de 0,6mm de diâmetro. descalcificadas em solução de Ana Morse (partes iguais
As irradiações foram realizadas, utilizando-se o método de ácido fórmico a 50% e citrato de sódio a 20%) por
pontual sobre as regiões mesial, vestibular e lingual da cerca de 35 dias, sendo a solução trocada diariamente.
mucosa gengival dos primeiros molares superiores es- Verificada a descalcificação por método de punção com
querdos (Fig. 1). O tempo de aplicação em cada ponto agulha, os espécimes teciduais sofreram processamento
foi de 3 minutos, o que corresponde à fluência de apro- histotécnico e foram emblocados em parafina. Cortes
ximadamente 6000J/cm2 por ponto4,11. A quantidade de transversais de 5μm foram obtidos no terço cervical dos
sessões para aplicação de LBP seguiu o protocolo espe- molares e corados por hematoxilina e eosina (HE).
cificado para cada grupo (Quadro 1). Análise qualitativa das reações celulares e teciduais
Imediatamente após a montagem do dispositivo or- do periodonto do primeiro molar superior esquerdo
todôntico, mensurou-se a distância entre os incisivos foi realizada em microscópio Nikon Eclipse E600 com
centrais superiores e o primeiro molar superior esquerdo magnificações de 40, 100 e 400X. Análise quantitativa
com paquímetro ortodôntico (Odin, Ortho-pli, Phila- do número de vasos sanguíneos no ligamento periodon-
delphia, EUA). Para facilitar a mensuração, foi criada tal também foi realizada a fim de verificar a presença ou
uma marcação com ponta diamantada esférica (KG não de angiogênese frente à movimentação dentária e à
1011) na porção esquerda da resina composta que cobria aplicação de laser. Fotomicrografias, com magnificação
os incisivos, de onde partia uma das pontas do paquíme- de 400X, foram obtidas em quatro campos (mesial, ves-
tro. A outra extremidade era posicionada na face mesial tibular, distal e palatino) do ligamento periodontal da
do primeiro molar superior (Fig. 2). Esse procedimento raiz mesial do dente movimentado e contagens foram
foi repetido imediatamente antes de cada eutanásia, por realizadas visualmente com auxílio do programa Image
um único examinador cego e calibrado (ICC = 0,996). Pro Plus 4.5 (Media Cybernetics, Silver Spring, EUA).
Considerou-se como quantidade de movimentação O ICC para essa avaliação foi de 0,841.

Tabela 1 - Média da movimentação dentária in-


duzida (em milímetros) e desvio-padrão (D.P.).

Grupo Média ± D.P.


GC2 0,39 ± 0,04a
GC3 1,28 ± 0,10b
GIr1 0,40 ± 0,05a
GIr2 1,04 ± 0,06b
GIr3 1,25 ± 0,11b

Letras diferentes indicam diferença estatística de


α=0,05% (ANOVA/Tukey).
Figura 1 - Ilustração esquemática dos pontos de Figura 2 - Aferição da movimentação dentária:
irradiação por laser de baixa potência (círculos medida da distância entre a face mesial do pri-
vermelhos) no primeiro molar superior esquerdo. meiro molar superior esquerdo e o ponto de
referência marcado na resina que recobre os in-
cisivos superiores com paquímetro ortodôntico.

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artigo inédito Avaliação da aplicação de laser de baixa potência na movimentação ortodôntica sob dois protocolos

Superfície radicular Ligamento periodontal Osso alveolar


Fina camada de cemento acelular Ligamento com espessura uniforme e fibras Osteogênese na porção mesial devido ao processo
circundada por espessa camada organizadas e inseridas perpendicularmente ao osso eruptivo; espaços medulares de pequena extensão
GC1
de cemento celular; camada alveolar; presença de vasos sanguíneos em toda a preenchidos por medula hematopoiética e vasos
cementoblástica organizada extensão do ligamento sanguíneos
Espessura reduzida no lado de pressão e fibras
Lacunas de Howship evidentes; espaços medulares
comprimidas. No lado de tração, a espessura estava
Desorganização da camada de pequena extensão preenchidos por tecido
GC2 aumentada e as fibras distendidas; número de vasos
cementoblástica no lado de compressão conjuntivo, medula gordurosa, vasos sanguíneos,
aumentado; osteoclastos ativos nas áreas de pressão
infiltrado inflamatório misto e osteoclastos ativos
e tração; infiltrado inflamatório misto presente
Absorção na área de pressão e fina camada de
Ligamento com espessura aumentada pela osteoide na área de tração; espaços medulares de
Desorganização da camada atividade reabsortiva; redução no número de vasos maior extensão preenchidos por tecido conjuntivo,
GC3
cementoblástica no lado de compressão sanguíneos; osteoclastos ativos escassos; infiltrado medula gordurosa, vasos sanguíneos, infiltrado
inflamatório crônico presente inflamatório crônico, osteoblastos ativos e poucos
osteoclastos
Espessura reduzida no lado de pressão e fibras
Lacunas de Howship evidentes; espaços medulares
comprimidas. No lado de tração, a espessura estava
Desorganização da camada de pequena extensão preenchidos por tecido
GIr1 aumentada e as fibras distendidas; número de vasos
cementoblástica no lado de compressão conjuntivo, medula gordurosa, vasos sanguíneos,
aumentado; osteoclastos ativos nas áreas de pressão
infiltrado inflamatório misto e osteoclastos ativos
e tração; infiltrado inflamatório misto
Absorção na área de pressão e fina camada de
Ligamento com espessura aumentada pela
Desorganização da camada osteoide na área de tração; espaços medulares muito
atividade reabsortiva; redução no número de vasos
GIr2 cementoblástica no lado de compressão; aumentados e preenchidos por tecido conjuntivo,
sanguíneos; osteoclastos ativos escassos; infiltrado
presença de reabsorções radiculares medula gordurosa, vasos, infiltrado inflamatório
inflamatório crônico presente
crônico, osteoblastos ativos e poucos osteoclastos
Ausência de osteoide na área de tração; grande
Maior alargamento do alvéolo; número de vasos
Desorganização da camada absorção dos septos ósseos; espaços medulares
sanguíneos aumentado; grande número de
GIr3 cementoblástica no lado de compressão; significativamente maiores, preenchidos por tecido
osteoclastos ativos; infiltrado inflamatório crônico
presença de reabsorções radiculares conjuntivo; medula gordurosa; infiltrado inflamatório
presente
crônico; abundância de vasos e osteoclastos ativos

Quadro 2 - Análise qualitativa das reações celulares e teciduais do periodonto.

A quantidade de movimentação dentária registra- Análise qualitativa das reações celulares e


da em milímetros e o número absoluto de vasos para teciduais do periodonto
cada espécime foram tabulados e analisados estatis- A análise das reações celulares e teciduais será descri-
ticamente por meio do programa Statistical Package ta a seguir e está sintetizada do Quadro 2.
for the Social Science (version 16, SPSS Inc., EUA).
A verificação da normalidade e da homogeinedade GC1 sem aplicações de laser e sem
foi realizada por meio do teste de Shapiro-Wilk e do dispositivo ortodôntico
teste de Levene, respectivamente, ao nível de signi- Esses animais apresentando fisiologia normal foram
ficância de 0,05. Verificada a distribuição normal e considerados como padrão para comparação. Na raiz
homogênea das variáveis, utilizou-se Análise de Va- mesial, observou-se a presença de fina camada de ce-
riância (ANOVA) e o teste de comparações múltiplas mento acelular circundada por uma de cemento celular,
de Tukey para verificar a diferença intergrupos. bastante espessa nas faces vestibular e mesial. Foi verifica-
da a presença de camada cementoblástica recobrindo-o e
RESULTADOS algumas áreas de formação de cementoide. O ligamento
Quantificação da movimentação dentária periodontal apresentou-se com espessura relativamente
A análise macroscópica revelou não haver diferença uniforme, com feixes de fibras organizados e circunda-
significativa entre grupos controles e irradiados nos dias dos de fibroblastos. Na porção distal, esses feixes se mos-
avaliados (3º e 8º dias) (p < 0,05) (Tab. 1). traram paralelos entre si e perpendiculares ao cemento e

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Marquezan M, Bolognese AM, Araújo MTS artigo inédito

ao osso alveolar. Já na face mesial, esse paralelismo não GC2 com dispositivo ortodôntico, sem irradiação
se mostrou tão claro; porém, a inserção de feixes per- por LBP e eutanásia ao 3º dia
pendicularmente ao cemento e osso alveolar era visível. A movimentação dentária induzida promoveu alte-
Vasos sanguíneos de diferentes calibres foram observados ração na organização dos cementoblastos, especialmente
em toda a extensão do ligamento periodontal. No tecido na zona de pressão. Nessas áreas, houve redução do es-
ósseo alveolar, na porção mesial, pôde-se observar linha paço do ligamento periodontal e foram observados feixes
de aposição, indicando osteogênese recente nessa região, de fibras comprimidos e difusos, enquanto nas áreas de
provavelmente devido ao processo eruptivo normal em tração os feixes de fibras estavam estirados. Vasos sanguí-
sentido distal desse dente. Os espaços medulares eram neos estiveram presentes em toda a extensão do ligamen-
de pequena extensão (Fig. 3) e preenchidos por tecido to. Esses vasos foram em maior número quando compa-
hematopoiético e vasos sanguíneos. rados aos do grupo sem dispositivo ortodôntico (GC1).

GC1 GIr1
ml
ml
dl
Dl

to
m to
m
dv
int int
dv
1000µm 1000µm

GC2 GIr2
ml
ml

dl
m
dl to
to m

dv dv int
int

1000µm 1000µm

GC3 GIr3
dl
ml

ml
dl
to

to m
dv
int
m
int
dv
1000µm 1000µm

Figura 3 - Fotomicrografia dos tecidos de suporte e dos primeiros molares superiores submetidos à movimentação ortodôntica nos diferentes grupos. M = raiz
mesial; ML = raiz mesiolingual; DL = raiz distolingual; INT = raiz intermediária; DV = raiz distovestibular; TO = trabeculado ósseo (HE, 40X).

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artigo inédito Avaliação da aplicação de laser de baixa potência na movimentação ortodôntica sob dois protocolos

Foram observados osteoclastos ativos tanto nas áreas GIr1 com dispositivo ortodôntico, duas aplicações de
de pressão como nas de tração, indicando o alarga- laser e eutanásia ao 3º dia
mento inicial do alvéolo. Infiltrado inflamatório misto Características idênticas ao GC2 foram observa-
também foi observado, havendo presença de células das (Fig. 3).
inflamatórias polimorfonucleares e monoclucleares.
No tecido ósseo, observou-se a presença de lacunas GIr2 com dispositivo ortodôntico, duas aplicações de
de Howship, conferindo contorno irregular. Na área laser e eutanásia ao 8º dia
de tração, não foram observadas áreas de neoforma- Diferenças mais pronunciadas foram verificadas en-
ção óssea. Puderam-se observar espaços medulares de tre os grupos de sete dias de movimentação dentária.
pequena extensão preenchidos por tecido conjuntivo, Em comparação ao GC3, diferenças nas características
medula gordurosa, vasos sanguíneos, infiltrado infla- do cemento e dos espaços medulares foram evidentes.
matório misto e osteoclastos ativos (Fig. 3). O cemento apresentou áreas de absorção (Fig. 4), en-
quanto os espaços medulares apresentaram grande ex-
GC3 com dispositivo ortodôntico, sem irradiações tensão e os septos inter-radiculares estiveram substan-
por LBP e eutanásia ao 8º dia cialmente diminuídos (Fig. 3).
As características do cemento eram idênticas às do
grupo GC2. Devido à atividade absortiva, a espessura GIr3 com dispositivo ortodôntico,
do ligamento apresentou-se aumentada. Osteoclastos 7 aplicações de laser e eutanásia ao 8º dia
ativos estiveram escassos tanto nas áreas de pressão e de Em comparação ao GIr2, maior alargamento do
tração, quanto nos espaços medulares. A vascularização espaço periodontal foi observado (Fig. 3) e absorções
do ligamento periodontal permaneceu uniformemente radiculares também foram observadas (Fig. 4). O nú-
distribuída, havendo pequena diminuição no número de mero de vasos sanguíneos foi maior que nos demais
vasos. Infiltrado inflamatório linfoplasmocitário (crôni- grupos com 7 dias de movimentação dentária. Foram
co) foi observado. No osso alveolar, a parede do lado de vistas células inflamatórias mononucleares em abun-
compressão mostrou irregularidades características do dância (infiltrado inflamatório crônico). Os septos
processo reabsortivo, enquanto no lado de tração foram inter-radiculares apresentaram significativa redução,
observadas estreitas áreas de osteoide. Pôde-se obser- inclusive desaparecendo em alguns animais. No es-
var espaços medulares de extensão maior que em GC2, paço entre as raízes, foram observados tecido conjun-
preenchidos por tecido conjuntivo, medula gordurosa, tivo, medula gordurosa, abundância de vasos sanguí-
vasos sanguíneos, infiltrado inflamatório crônico, os- neos, infiltrado inflamatório crônico e osteoclastos
teoblastos ativos e poucos osteoclastos (Fig. 3). ativos nas regiões dos septos remanescentes.

LP
D C
LP

A B

Figura 4 - Fotomicrografia das áreas de absorção na raiz mesial dos primeiros molares de ratos pertencentes ao GIr2 (A) e GIr3 (B). D = dentina; C = cemento;
LP = ligamento periodontal; setas negras = osteoclastos; barra = 100μm (HE, 400X).

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Tabela 2 - Média da movimentação dentária induzida (em milímetros) e


Em todos os grupos em que foi aplicada força orto- desvio-padrão (D.P.).
dôntica ao primeiro molar, observaram-se reações se- Grupo Média ± D.P.
melhantes, porém de menor expressão, no periodonto
do segundo molar. Puderam-se observar zonas de pres- GC1 22,00 ± 3,16a

são e tração no ligamento periodontal e, também, alte-


GC2 37,40 ± 9,91b
rações de dimensão e celulares nos espaços medulares.
GC3 30,40 ± 5,41ab
Contagem dos vasos sanguíneos
As médias de cada grupo, sua comparação e o GIr1 37,00 ± 6,89b

desvio-padrão estão expressos na Tabela 2. Foi verifi- GIr2 27,66 ± 3,78ab


cada diferença estatisticamente significativa (p < 0,05)
apenas entre o grupo GC1 e os grupos GC2, GIr1 e GIr3 38,00 ± 5,19b

GIr3. Nesses últimos, foi verificado aumento no nú-


Letras diferentes indicam diferença estatística de α = 0,05% (ANOVA/Tukey).
mero de vasos (Fig. 5).

A D B D

C C

LP LP

OA OA

Figura 5 - Fotomicrografia do ligamento periodontal da raiz mesial de animais pertencentes ao GC1 (A) e GIr1 (B). As setas negras indicam vasos sanguíneos;
D = dentina; C = cemento; LP = ligamento periodontal; AO = osso alveolar; barra = 100μm (HE, 400X).

DISCUSSÃO movimentação dentária. Outro estudo demonstrou o efei-


Dois diferentes protocolos de aplicação do LBP foram to inibitório do LBP, ou seja, diminuição da quantidade de
testados durante a movimentação dentária induzida nessa movimentação dentária22. Porém, outros demonstraram
pesquisa: um em que as irradiações foram diárias e outro em a eficácia do LBP2,4,11. Acredita-se que o LBP tenha efeito
que as irradiações ocorreram apenas nos dois primeiros dias dose-dependente, podendo acelerar ou retardar os processos
do movimento dentário. A avaliação macroscópica da movi- biológicos dependendo da fluência aplicada e do regime de
mentação dentária revelou não haver diferença significativa irradiação1,6,9,10. Além de variações nos protocolos de apli-
entre os grupos irradiados e não irradiados nos dias avalia- cação do LBP, os estudos supracitados utilizaram diferentes
dos (3º e 8º dias), ou seja, ambos os protocolos testados não sujeitos de pesquisa: utilizaram ora animais (ratos ou coe-
foram capazes de aumentar a quantidade de movimentação lhos), ora humanos, o que pode mudar a interpretação da
dentária em relação ao grupo controle (p < 0,05). fluência como alta ou baixa. Dois desses trabalhos, entre-
Esse resultado é compatível com os achados de lim- tanto, utilizaram o mesmo modelo animal e mesma fluên-
panichkul et al.13, em que o grupo irradiado por LBP cia utilizados nessa pesquisa e obtiveram resultado positi-
e grupo controle não diferiram quanto à velocidade de vo4,11, discordando dos resultados apresentados. Contudo, a

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artigo inédito Avaliação da aplicação de laser de baixa potência na movimentação ortodôntica sob dois protocolos

tomada das medidas e os pontos de referência foram distin- absorções radiculares foram consideradas semelhantes en-
tos: ambos utilizaram as superfícies oclusais dos primeiro e tre grupos irradiados e não irradiados. A literatura não pro-
segundo molares sob magnificação após moldagem e digi- vê informações sobre a relação entre LBP e modificações
talização dos modelos. Já na presente pesquisa, utilizou-se nos espaços medulares.
um paquímetro ortodôntico, diretamente na cavidade bucal Nessa pesquisa, objetivou-se quantificar os vasos san-
do animal, distendido da face mesial do primeiro molar até guíneos do ligamento periodontal, uma vez observado
os incisivos, conforme trabalho de drevensek et al.3 Ape- o efeito angiogênico do LBP no reparo de feridas20,29. A
sar de Kawasaki e Shimizu11 e Fujita et al.4 terem utilizado angiogênese é, igualmente, benéfica à movimentação den-
um método indireto associado à magnificação para medir tária, não só por permitir maior circulação de oxigênio,
a movimentação, o que pode tê-lo tornado mais sensível, nutrientes e mediadores químicos inflamatórios, como
a escolha do segundo molar como ponto de referência não também por facilitar a infiltração de células de reparo30.
parece adequada, visto que esse dente também sofre certa Favorece, ainda, a chegada dos osteoclastos, células que ad-
movimentação pela ação das fibras transeptais8,28. vêm dos monócitos provenientes da medula óssea e trans-
Outro fator na presente pesquisa que diferiu dos es- portados pela corrente sanguínea16.
tudos de Kawasaki e Shimizu11 e Fujita et al.4 foi a força Os grupos GC2 e GIr1, grupos em que foi realizado
aplicada. Ambos utilizaram 10cN, enquanto nesse trabalho movimento ortodôntico por dois dias, diferiram do GC1,
utilizaram-se 40cN7,12,14,15,24,25. Esse fator, entretanto, pare- confirmando que nos períodos iniciais da movimentação
ce não explicar a diferença de resultado obtida, pois, no dentária há incremento na vascularização17,20,28. Esses dois
estudo de Gonzales et al.5, em que foram testadas as for- grupos, entretanto, não diferiram entre si, mostrando que
ças de 10, 25, 50 e 100cN para movimentação de molares o LBP, quando associado à movimentação dentária indu-
de ratos, observou-se que, ao longo de 14 dias, as forças zida, não foi capaz de aumentar ainda mais a angiogênese
de 10, 25 e 50cN não diferiram quanto à quantidade de aos dois dias de movimento dentário.
movimentação dentária. Além disso, a força utilizada no No oitavo dia de movimentação dentária, a vasculari-
presente trabalho foi capaz de gerar remodelação óssea sem zação tendeu a retornar à normalidade, não se observando
indícios de hialinização, o que sugere que foi adequada. diferença estatística entre GC3, GIr2 e os demais grupos.
Análises qualitativas de reações celulares e teciduais Exceção foi verificada no GIr3, único grupo de sete dias de
têm sido pouco exploradas em artigos científicos. Sabe-se movimentação dentária que diferiu do controle GC1, mos-
da importância em se quantificarem dados e submetê-los trando que, nesse tempo experimental, aplicações diárias de
a análises estatísticas; porém, a descrição de fenômenos laser foram capazes de manter o número de vasos aumenta-
facilita o entendimento do leitor e pode despertar-lhe a dos. Esse resultado vai ao encontro do trabalho de Mendes15,
curiosidade em realizar outras análises e quantificar outros em que foi verificado um incremento na vascularização no
dados. Na presente pesquisa, fenômenos interessantes pu- periodonto de ratos irradiados diariamente por LBP em re-
deram ser observados. Verificou-se que, nos grupos irra- lação ao controle durante o 8º dia de movimento dentário.
diados por laser, após sete dias de movimentação dentária Dos grupos irradiados, apenas o GIr2 não diferiu do
(GIr2 e GIr3), absorções radiculares foram evidentes, en- GC1. Esse dado ratifica a conclusão de Saito e Shimizu21 ao
quanto nos demais grupos não foram verificadas. Outro as- estudarem o reparo ósseo da sutura palatina mediana após
pecto interessante foi o efeito sobre o tecido ósseo alveolar, disjunção em ratos. Esses autores sugeriram que apesar de
especificamente sobre os espaços medulares. Os grupos de aplicações de LBP durante os períodos iniciais de regene-
sete dias de movimentação dentária e irradiados por laser, ração óssea desencadearem efeito estimulador, as aplicações
em especial nos quais as irradiações foram diárias (GIr3), nos períodos tardios parecem ter a função de manter tal
mostraram maior atividade absortiva, havendo espaços efeito. A descontinuidade das aplicações parece diminuir o
medulares extremamente amplos, inclusive no segundo estímulo, como observado nesse estudo.
molar, por consequência da ação das fibras transeptais28.
Absorções radiculares foram observadas nas raízes me- CONCLUSÕES
siais dos primeiros molares submetidos à movimentação A análise quantitativa demonstrou que a movimenta-
dentária ao final de sete dias e irradiados por LBP. Esse ção dentária não diferiu entre os grupos irradiados e não
achado discorda do trabalho de Mendes15, segundo o qual irradiados em tempos experimentais equivalentes, de-

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Marquezan M, Bolognese AM, Araújo MTS artigo inédito

monstrando que os dois protocolos de aplicação do LBP e irradiados por LBP foi aumentada em relação ao grupo
testados não foram capazes de aumentar a movimentação controle GC1 (animais isentos de dispositivo ortodôntico
dentária induzida. e de aplicações de LBP) apenas nos grupos em que as apli-
A análise qualitativa do periodonto revelou maior ativi- cações de LBP foram diárias (GIr1 e GIr3), mostrando que
dade absortiva, tanto em cemento como em tecido ósseo, aplicações em períodos tardios são necessárias para manu-
nos grupos de sete dias de movimentação dentária asso- tenção do efeito estimulador.
ciados a aplicações de LBP, especialmente quando foram Apesar de verificado incremento vascular em certos
realizadas irradiações diárias. grupos, os protocolos de irradiação por LBP testados não
A quantidade de vasos sanguíneos no ligamento perio- foram capazes de acelerar a movimentação dentária e trou-
dontal de animais submetidos à movimentação ortodôntica xeram, como efeito adverso, absorções radiculares.

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© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 33.e9 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):33.e1-9
artigo online*

Características oclusais e necessidade de tratamento


ortodôntico em adolescentes de etnia negra, em
Salvador/BA (Brasil): um estudo epidemiológico
utilizando o índice de estética dentária
Arthur Costa Rodrigues Farias1, Maria Cristina Teixeira Cangussú2,
Rogério Frederico Alves Ferreira3, Marcelo de Castellucci4

Resumo do editor em múltiplo estágio e, desses, 486 indivíduos foram clas-


sificados como pertencentes ao grupo étnico negro. Fo-
No Brasil, a variável etnia está relacionada com alguns ram aplicados questionários aos participantes, registrando
problemas de saúde, inclusive de saúde bucal, os quais são características demográficas, e todos os dados das más
muitas vezes influenciados pelas diferenças nas condições oclusões foram coletados por seis examinadores previa-
socioeconômicas. Sendo a má oclusão considerada um mente calibrados (Kappa = 0,89), utilizando o Índice de
problema de saúde pública, faz-se necessário conhecer sua Estética Dentária (IED). O nível de significância estabe-
situação epidemiológica para o planejamento e raciona- lecido para todas as análises foi p<0,05.
mento dos recursos necessários para o fornecimento efi- Observou-se em 76% da amostra uma baixa ne-
ciente de tratamento ortodôntico para a população mais cessidade de tratamento ortodôntico; e em 24%, uma
necessitada. Portanto, o objetivo desse estudo foi identifi- condição de má oclusão severa, com imprescindível ne-
car a prevalência e severidade das más oclusões na etnia ne- cessidade de tratamento ortodôntico. As principais ca-
gra avaliando escolares da cidade de Salvador/BA (Brasil), racterísticas oclusais encontradas no grupo com maior
além de determinar a necessidade de tratamento ortodôn- necessidade de tratamento ortodôntico foram apinha-
tico desse grupo segundo idade e sexo, contribuindo para o mento dentário e overjet acentuado. Relacionando essas
desenvolvimento de programas de saúde bucal. características à idade, houve uma tendência de aumen-
O desenho epidemiológico foi o transversal, e a po- to do apinhamento dentário e redução do overjet nos
pulação de referência foi constituída por escolares com indivíduos de maior idade. Destacou-se a importância
idades entre 12 e 15 anos (n=220.300), matriculados em do desenvolvimento de políticas públicas que objetivem
escolas públicas e privadas de primeiro e segundo grau. a inserção do tratamento ortodôntico entre os procedi-
Chegou-se a um número de 2.100 escolares soteropoli- mentos dos programas de saúde, com a implementação
tanos, sorteados por meio de uma amostra probabilística e desenvolvimento de centros especializados.

* Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra.


1
Ortodontista da Unidade de Deformidades da Face/UFRN.
2
Professora Adjunta do Departamento de Odontologia Social e Pediátrica da Como citar este artigo: Farias ACR, Cangussú MCT, Ferreira RFA, Castellucci M.
UFBA. Occlusal characteristics and orthodontic treatment need in black adolescents in Sal-
3
Professor adjunto de Ortodontia - UFBA. vador/BA (Brazil): An epidemiologic study using the dental esthetics index. Dental
4
Professor do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):34.
Faculdade de Odontologia da UFBA.
Enviado em: 21 de outubro de 2008 - Revisado e aceito: 6 de agosto de 2009
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade
ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e Endereço para correspondência: Arthur Costa Rodrigues Farias
companhias descritos nesse artigo. Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia,
Av. Araújo Pinho, 62 – Canela – CEP: 40.110-060 – Salvador/BA
E-mail: arthurcrfarias@hotmail.com

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 34 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):34
artigo inédito

Características oclusais e necessidade de tratamento


ortodôntico em adolescentes de etnia negra, em
Salvador/BA (Brasil): um estudo epidemiológico
utilizando o índice de estética dentária

Arthur Costa Rodrigues Farias1, Maria Cristina Teixeira Cangussú2, Rogério Frederico Alves Ferreira3, Marcelo de Castellucci4

Objetivo: averiguar a necessidade de tratamento ortodôntico, prevalência e severidade das más oclusões em indiví-
duos negros numa amostra representativa de escolares da cidade de Salvador/BA (Brasil), além de determinar se as más
oclusões eram afetadas por condições sociodemográficas como idade e sexo.

Métodos: o desenho epidemiológico foi transversal, e a população de referência se constituiu de escolares com idades
entre 12 e 15 anos, matriculados em escolas de primeiro e segundo graus, públicas e privadas. Participou do estudo um
total de 486 indivíduos sorteados em amostra probabilística em múltiplo estágio. O nível de significância adotado foi
de 1% e o poder do teste foi de 90%. Aos participantes foram aplicados questionários registrando características demo-
gráficas e, depois, avaliados por examinadores previamente calibrados (Kappa 0,89), utilizando-se o Índice de Estética
Dentária (IED) segundo critérios da Organização Mundial de Saúde.

Resultados: constatou-se que a maioria dos indivíduos (76%) observados nesse estudo possuía pouca ou nenhuma
necessidade de tratamento ortodôntico. Cerca de 24% apresentaram uma condição de má oclusão severa, acarretando
uma imprescindível necessidade de tratamento ortodôntico. As principais características oclusais encontradas no grupo
com maior necessidade de tratamento ortodôntico foram apinhamento dentário e overjet maxilar acentuado. A idade
foi positivamente relacionada com a melhora do quadro do overjet maxilar e com a presença de apinhamento dentário.

Conclusão: torna-se fundamental o desenvolvimento de políticas públicas que objetivem a inserção do tratamento orto-
dôntico entre os procedimentos dos programas de saúde, com a implementação e desenvolvimento de centros especializados.

Palavras-chave: Má oclusão. Ortodontia. Prevalência. Estética dentária. Levantamentos de Saúde Bucal.

Como citar este artigo: Farias ACR, Cangussú MCT, Ferreira RFA, Castellucci M.
1
Ortodontista da Unidade de Deformidades da Face/UFRN. Occlusal characteristics and orthodontic treatment need in black adolescents in Sal-
2
Professora Adjunta do Departamento de Odontologia Social e Pediátrica da vador/BA (Brazil): An epidemiologic study using the dental esthetics index. Dental
UFBA. Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):34.e1-8.
3
Professor adjunto de Ortodontia - UFBA.
4
Professor do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Enviado em: 21 de outubro de 2008 - Revisado e aceito: 6 de agosto de 2009
Faculdade de Odontologia da UFBA.
Endereço para correspondência: Arthur Costa Rodrigues Farias
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia,
ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e Av. Araújo Pinho, 62 – Canela – CEP: 40.110-060 – Salvador/BA
companhias descritos nesse artigo. E-mail: arthurcrfarias@hotmail.com

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artigo inédito Características oclusais e necessidade de tratamento ortodôntico em adolescentes de etnia negra, em Salvador/BA (Brasil): um estudo epidemiológico utilizando o índice de estética dentária

INTRODUÇÃO diar o planejamento e a avaliação de ações, assim como


O Brasil, diferentemente de vários outros países, o emprego e distribuição dos recursos. Como resulta-
apresenta uma população caracterizada por uma grande do disso, têm sido desenvolvidos, nos últimos 50 anos,
miscigenação étnica, cujas características oclusais têm inúmeros métodos quantitativos capazes de classificar
sido epidemiologicamente consideradas por alguns es- ou avaliar os desvios da normalidade da oclusão, per-
tudos12,26,29. No que concerne às pesquisas morfológi- mitindo um atendimento prioritário para os indivídu-
cas, parece haver consenso entre os ortodontistas de que os que apresentam as más oclusões mais severas.
alguns dados indicativos de normalidade podem variar A diversidade de índices oclusais na literatura é
nas populações das diferentes regiões geográficas, ou nos muito vasta, existindo desde aqueles que fazem a clas-
diferentes grupos étnicos. sificação por diagnóstico das más oclusões até os que
Deve-se ressaltar, também, a importância de associar a estabelecem a necessidade e complexidade do tra-
severidade das más oclusões e os diversos fatores como cá- tamento ortodôntico, tais como: o Índice de Priori-
ries dentárias, perdas precoces e doenças periodontais. dade de Tratamento (TPI), Índice Oclusal de Sum-
Associado aos aspectos étnicos, os fatores socioeco- mers  (OI), Índice de Desvios Labiolinguais Incapaci-
nômicos também devem ser considerados, pois, segun- tantes de Draker (HLD), Registro da Avaliação da Má
do alguns autores15,18,22, a oclusão deve ser estudada em Oclusão Incapacitante (HMAR), Índice de Necessi-
seu contexto social, dando importância não somente às dade de Tratamento Ortodôntico (IOTN) e o Índice
consequências físicas do seu mau desenvolvimento, mas de Estética Dentária (IED)6,7,10,13,23,27. Todos esses índi-
também ao impacto negativo no bem estar social. ces compilam um conjunto de dados a respeito da má
No Brasil, a variável etnia está relacionada com alguns oclusão e expõem um valor numérico ou alfanumérico
problemas de saúde, inclusive de saúde bucal, os quais são final que pode classificar a situação oclusal em nível de
muitas vezes influenciados por diferenças nas condições severidade e indicação de tratamento.
socioeconômicas12,25. Uma das cidades que mais se enqua- O Índice de Estética Dentária (IED) foi preconizado
dram nessa situação de miscigenação étnica e disparidade pela OMS, em 199730, para aferir a severidade e neces-
socioeconômica é Salvador, na Bahia, onde a etnia negra é sidade de tratamento das más oclusões. O IED foi de-
a mais acometida pelos problemas provenientes dessa situa- senvolvido em 1986, na Universidade de Iowa (EUA),
ção, fato que pode ser constatado principalmente nas zonas baseado em percepções da estética dentária nos Estados
mais carentes ou de privação social da cidade. Unidos. Ele identifica dez alterações oclusais, obser-
Na concepção de Perin21, com a evolução da Odon- vando ausência dentária, espaço e oclusão, que resul-
tologia, a Ortodontia ficou numa situação de desafio, tam matematicamente em escores, com pesos baseados
considerando-se que cada vez mais torna-se maior a em suas relativas importâncias de acordo com padrões
preocupação no sentido da extensão de serviços à co- estéticos socialmente definidos. Portanto, fundamen-
munidade. Assim, faz-se necessário conhecer a situação tado nas pontuações dos casos fornecidos pelo IED,
epidemiológica das más oclusões para o planejamento pode-se, de um modo geral, considerá-lo como um
e racionamento dos recursos (humanos e financeiros) dos critérios mais adequados para se priorizar neces-
necessários para o fornecimento eficiente de tratamento sidades de tratamento ortodôntico, possuindo uma
ortodôntico para a população mais necessitada. abordagem clínica de caráter epidemiológico8.
O diagnóstico em Ortodontia é baseado, prima- Perante o exposto, o objetivo desse estudo foi iden-
riamente, na classificação de desvios a partir da nor- tificar as principais características oclusais da etnia negra
malidade; e a medida de alterações e afastamentos a partir de uma amostra representativa de escolares da
em relação a ela depende dos métodos utilizados e do população da cidade de Salvador/BA-Brasil, além de de-
julgamento dos examinadores23. Ou seja, o diagnós- terminar a necessidade de tratamento ortodôntico des-
tico ortodôntico tradicional é qualitativo, não sendo se grupo, segundo idade e sexo, a fim de fornecer uma
apropriado para utilização em saúde pública, visto que base sólida para as estimativas das condições atuais de
a quantificação dos problemas é a solução mais apro- saúde bucal da população e, com isso, produzir dados
priada para conhecer o problema em uma perspectiva básicos confiáveis que possam ser utilizados para o de-
coletiva, identificar os fatores determinantes e subsi- senvolvimento de programas de saúde bucal.
 

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MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas sondas periodontais da OMS e


A amostra para essa pesquisa foi extraída de um espátulas de madeira descartáveis para o afastamento
estudo conduzido pelo Instituto de Saúde Coletiva e das bochechas e lábios.
pela Faculdade de Odontologia da Universidade Fe- Todos os dados das más oclusões foram coletados
deral da Bahia. por seis examinadores previamente calibrados em es-
O desenho epidemiológico foi o transversal, e a tudo piloto. O percentual de concordância geral foi de
população de referência se constituiu de escolares 98,16% e o kappa = 0,89, sendo a pior concordância
com 12 a 15 anos de idade (n = 220.300), matricula- entre os examinadores de 85,30%. Ambos os indica-
dos em escolas de primeiro e segundo graus, públi- dores foram calculados a partir da média de concor-
cas e privadas, de Salvador/BA, no ano de 2005. Es- dância para cada dois examinadores. Observa-se que
sas idades foram selecionadas porque a Organização se obteve uma concordância considerada satisfatória
Mundial de Saúde (OMS)considera os 12 anos como pela OMS18 para os levantamentos epidemiológicos
a idade de comparação e vigilância internacional das em saúde bucal. Os critérios de exclusão foram:
doenças bucais, e os 15 anos, como a idade na qual a » Aqueles estudantes que estavam sob tratamento
prevalência de cárie é mais significativa, visto que os ortodôntico.
dentes permanentes estão expostos de 3 a 9 anos no » Estudantes que já tinham sido submetidos a al-
ambiente bucal18. gum tratamento ortodôntico.
A população desse estudo se constituiu de 2.100 Cada componente registrado foi multiplicado por
escolares soteropolitanos (42,5% meninos e 57,5% seu coeficiente correspondente. Os produtos foram
meninas), sorteados através de uma amostra probabi- somados e adicionados à constante, para se obter o
lística em múltiplo estágio, cujas unidades amostrais valor final do IED (Quadro 1).
primárias representam o cadastro de escolas públicas Os níveis de severidade e necessidade de tratamen-
e particulares da cidade, fornecido pelo Ministério da to ortodôntico podem ser classificados de acordo com
Educação. Foram sorteados 72 estabelecimentos de o escore final em: a) sem anormalidade ou má oclusão
ensino (10% do total), pré-estratificados por Distri-
to Sanitário, obedecendo a proporcionalidade entre
escolas públicas e privadas, de ensino fundamental e
Condições Componentes do IED Peso
médio. Para o cálculo da amostra, foram utilizados
1 Número de dentes ausentes visíveis 6
dados populacionais da proporção de más oclusões
Apinhamento nos segmentos incisais:
aos 12 anos de idade, com uma prevalência estimada 2 0 = nenhum segmento apinhado, 1 = 1 1
de 10% na maior severidade. O nível de significância segmento apinhado, 2 = 2 segmentos apinhados

adotado foi de 1% e o poder do teste foi de 90%. O Espaçamento nos segmentos incisais:
3 0 = nenhum espaçamento, 1 = 1 segmento com 1
número de indivíduos classificados como pertencen-
espaço, 2 = 2 segmentos com espaço
tes ao grupo étnico negro foi de 486. 4 Diastema mediano em milímetros 3
O responsável por cada aluno selecionado assinou Maior desalinhamento anterior na maxila
5 1
o termo de consentimento para a realização do estu- em milímetros

do, que foi aprovado pelo comitê de Ética em pesquisa 6


Maior desalinhamento anterior na mandíbula
1
em milímetros
do ISC/UFBA, seguindo os requisitos da Resolução
7 Sobressaliência maxilar em milímetros 2
196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
8 Sobressaliência mandibular em milímetros 4
A pesquisa adotou, para a categorização dos indiví-
9 Mordida aberta anterior em milímetros 4
duos na etnia negra, a classificação utilizada pelo Insti- Relação molar; maior desvio do normal para
tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (2004), levan- mesial ou para distal: 0 = normal, 1 = ½ cúspide
10 3
do em consideração os traços físicos predominantes. para mesial ou para distal, 2 = 1 cúspide ou mais
para mesial ou para distal
Os indivíduos foram avaliados utilizando-se o
11 CONSTANTE 13
Índice de Estética Dentária (IED) de acordo com a
Total Escore IED
metodologia proposta pela Organização Mundial da
Quadro 1 - Valores e dados da equação padrão de regressão do IED
Saúde30. (Fonte: Cons et al.8, 1986).

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artigo inédito Características oclusais e necessidade de tratamento ortodôntico em adolescentes de etnia negra, em Salvador/BA (Brasil): um estudo epidemiológico utilizando o índice de estética dentária

leve com nenhuma ou pouca necessidade de tratamen- 26,28 ± 7,87; de 26,01 ± 7,78 para o sexo masculino e de
to (≤25); b) má oclusão definida com necessidade ele- 26,52 ± 7,96 para o feminino. Do total da amostra, 61%
tiva de tratamento (26 a 30); c) má oclusão severa com apresentaram escore final igual ou menor que a média.
indicação de tratamento altamente desejável (31 a 35); e Observou-se em 76% (n = 369) uma baixa neces-
d) má oclusão muito severa ou incapacitante, com im- sidade de tratamento ortodôntico, com escore má-
prescindível necessidade de tratamento (>36). ximo de 30, o que pode ser observado na Figura 1.
Os dados foram digitados em uma planilha ele- Em contrapartida, 24% (n = 117) do grupo estudado
trônica no Microsoft Excel® 2003 e, posteriormen- apresentaram má oclusão severa, com uma alta ne-
te, exportados e analisados no programa SPSS 10.0 cessidade de tratamento ortodôntico, sendo os esco-
for Windows. Para efeito de análise, a severidade da res superiores a 31 (Fig. 1).
má oclusão e a necessidade de tratamento ortodônti- As Tabelas 2 e 3 apresentam, respectivamente, a
co foram dicotomizadas em: má oclusão leve e pou- distribuição dos componentes do IED de acordo com
ca necessidade de tratamento; e má oclusão severa e a classificação quanto à necessidade de tratamento e
tratamento desejável, com o ponto de corte definido quanto à faixa etária. A primeira subcategoria dentro de
no escore 30. O nível de significância estabelecido cada componente caracteriza uma condição de oclusão
para todas as análises foi de p<0,05. normal7. O apinhamento dentário é uma das caracte-
rísticas oclusais que mais chamam a atenção  (67,5%)
RESULTADOS no grupo com alta necessidade de tratamento ortodôn-
Dos 486 indivíduos negros, 236 (48,6%) eram do tico, e sua presença aumenta com a idade. Entretan-
sexo masculino e 250 (51,4%) do sexo feminino. A mé- to, essa foi a única condição homogênea em diferentes
dia de idade dos indivíduos examinados foi de 13,5 anos graus de severidade. Em todos os outros componentes
(D.P. = 1,1), com mediana de 14. A maioria dos indiví- do IED — como overjet maxilar acentuado (65%), es-
duos (26,5%) tinha idade de 15 anos. paçamento (43,6%) e mordida aberta (40,2%) —­­, ob-
Pode ser aferido estatisticamente que os indivíduos servou-se um aumento na presença e severidade, com
da idade de 15 anos do sexo masculino possuem uma diferença estatisticamente significativa.
menor necessidade de tratamento ortodôntico do que Testando-se a diferença entre os valores dos diversos
os demais (p < 0,05). A distribuição dos dados segundo componentes do IED entre as duas faixas etárias (agru-
a idade, sexo e necessidade de tratamento encontra-se padas, para efeito de análise, em 12-13 e 14-15), obser-
disposta na Tabela 1. vou-se a existência de uma associação entre a idade, a
Com relação ao grau de severidade da condição presença de dentes ausentes e a sobressaliência, onde a
oclusal, dois indivíduos tiveram a condição mais aceitá- população de indivíduos mais jovens possuiu um maior
vel socialmente, cada um com um escore de 13. Apenas número de dentes ausentes e maiores sobressaliências.
um indivíduo obteve o maior escore de severidade (69). Observou-se, também, um aumento significativo do
A média do valor final do IED para toda a amostra foi de apinhamento dentário com a idade.

Tabela 1 - Distribuição numérica e percentual dos indivíduos segundo a idade, necessidade de tratamento e sexo. Salvador, BA. 2004.

Idade (anos)
Necessidade de
Sexo 12 13 14 15
Tratamento
n % n % n % n %
Baixa 36 70,5 37 64,9 42 71,2 64 92,7
Masculino
Alta 15 29,5 20 35,1 17 28,8 5 7,3
Baixa 49 80,3 51 72,8 44 74,6 46 76,6
Feminino
Alta 12 19,7 19 27,2 15 25,4 14 23,3

*p > 0,05, sendo p = 0,001 para os 15 anos.

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Tabela 2 - Distribuição numérica e percentual das variáveis segundo a necessidade de tratamento. Salvador, BA. 2004.

Necessidade de tratamento
Condição Nenhuma/Eletiva Altam. desej./ Imprescindível p valor
n % n %
0 362 98,1 100 85,5
Dentes ausentes 0,000
≥1 7 1,9 17 14,5
0 202 54,7 38 32,5
Apinhamento em segmentos 0,785
1-2 167 45,3 79 67,5
0 240 65 66 56,4
Espaçamento em segmentos 0,000
1-2 129 35 51 43,6
0 291 78,9 80 68,4
Diastema em mm 0,000
>0 78 21,1 37 31,6
0-1 292 79,1 61 52,1
Desalinhamento maxilar anterior em mm 0,000
>1 77 20,9 56 47,9
0-1 328 88,9 81 69,2
Desalinhamento mandibular anterior em mm 0,000
>1 41 11,1 36 30,8
0-2 210 56,9 41 35
Overjet maxilar em mm 0,000
>2 159 43,1 76 65
0 358 97 104 88,9
Overjet mandibular em mm 0,000
>0 11 3 13 11,1
0 351 95,1 70 59,8
Mordida aberta em mm 0,000
>0 18 4,9 47 40,2
Normal 236 64 33 28,2
Relação molar de cúspide 0,018
Anormal 133 36 84 71

Tabela 3 - Distribuição numérica e percentual das variáveis segundo a faixa etária. Salvador, BA. 2004.

Idade (anos)
Condição 12-13 14-15 p valor
n % n %
0 221 92,5 241 97,6
Dentes ausentes 0,008
≥1 18 7,5 6 2,4
0 124 51,9 116 47
Apinhamento em segmentos 0,160
1-2 115 48,1 131 53
0 149 62,3 157 63,6
Espaçamento em segmentos 0,427
1-2 90 37,7 90 36,4
0 180 75,3 191 77,3
Diastema em mm 0,339
>0 59 24,7 56 22,7
0-1 172 72 181 73,3
Desalinhamento maxilar anterior em mm 0,412
>1 67 28 66 26,7
0-1 197 82,4 212 85,8
Desalinhamento mandibular anterior em mm 0,183
>1 42 17,6 35 14,2
0-2 115 48,1 136 55,1
Overjet maxilar em mm 0,075
≥2 124 51,9 111 44,9
0 225 94,1 237 96
Overjet mandibular em mm 0,232
>0 14 5,9 10 4
0 209 87,4 212 85,8
Mordida aberta em mm 0,348
>0 30 12,6 35 14,2
Normal 130 54,4 139 56,3
Relação molar de cúspide 0,372
Anormal 109 45,6 108 43,7

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Necessidade de Tratamento desprovida de oferta de tratamento ortodôntico no setor


100% público, onde os recursos são insuficientes para atender
90%
80%
76% a população com necessidade de tratamento.
70% A população da região metropolitana de Salvador
60%
é de origem multiétnica, com predominância dos
50%
40% segmentos afro-mestiços, ou seja, existe uma maior
24%
30% quantidade de indivíduos de etnia negra ou parda
20%
10%
(67,2% da população)18. É indiscutível, também, a
0% problemática de privação que tece a vida dessa popu-
Nenhuma / Eletiva Altam. desejável / Imprescind.
lação, em particular, no que diz respeito aos aspec-
Figura 1 - Distribuição numérica e percentual dos indivíduos de Etnia Negra, tos econômicos e sociais, que se interligam com as
segundo a necessidade de tratamento. Salvador, BA. 2004. questões raciais do país, onde a etnia contribui para
a maior ou menor exposição a diferentes riscos à saú-
de. Isso gera a hipótese de que os indivíduos perten-
DISCUSSÃO centes à etnia negra teriam uma menor assistência
Os índices que aferem necessidade de tratamento or- médico-odontológica e sofreriam de maiores danos
todôntico garantem que indivíduos com necessidades si- físicos no que diz respeito à presença de más oclu-
milares tenham o mesmo grau de prioridade. Além dis- sões e assim, consequentemente, haveria um maior
so, funcionam como uma ferramenta de comunicação número de indivíduos com imprescindível necessi-
entre os ortodontistas, pacientes e responsáveis2,3,11,23. dade de tratamento ortodôntico comparado com os
No entanto, nenhum índice é aceito universalmen- outros grupos étnicos.
te como meio para mensuração de todos os aspectos da Entretanto, segundo os achados dessa pesquisa,
necessidade de tratamento ortodôntico de indivíduos ou 24% da população estudada apresentaram uma alta ne-
populações. Torna-se muito complicado elaborar um cessidade de tratamento, não diferindo dos resultados
índice que leve em consideração todas as condições das de estudo sem restrição étnica, como os de Abdullah e
más oclusões e que possa ser utilizado de forma con- Rock1, que encontraram 24,1% da população deman-
sistente também por profissionais não especialistas em dando tratamento ortodôntico. Resultados semelhan-
Ortodontia. Além disso, as percepções de más oclusões tes também foram encontrados nos estudos de Jenny et
podem diferir entre os países e culturas, assim como en- al.16, ao analisar nativos americanos; de Estioko, Wri-
tre faixas etárias. Por isso eles talvez não sejam válidos ght e Morgan11, ao avaliar escolares australianos com 11
para diferentes sociedades20,24. a 16 anos — apesar da média do escore final do IED ter
A despeito das modificações propostas por Cons et sido um pouco maior nessa pesquisa —; e de Marques
al.8 para o uso do IED na dentição mista, o mesmo ainda et al.18, ao avaliar escolares com 10 a 14 anos em Belo
é alvo de muitas críticas20. Horizonte no Brasil. Comparando com os escores do
Apesar disso, o IED é o produto de extensivos testes IED obtidos por Cons et al.8, a proporção de indivídu-
estatísticos e pode ser considerado um bom instrumento os necessitando de tratamento ortodôntico foi seme-
de avaliação para se aferir severidade e necessidade de lhante nesse estudo.
tratamento ortodôntico também no Brasil, segundo es- Em outro estudo14 abrangendo apenas escolares de
tudos de análise de consistência9. Ou seja, é considerado etnia negra da província de Limpopo, na África do Sul,
um índice transcultural, pois sintetiza padrões de estéti- observou-se que 26% dos indivíduos possuíam más oclu-
ca dentária definidos socialmente nas características que sões definidas e severas, segundo a aplicação do IED.
ele avalia7, além de fornecer mais informação clínica do As características oclusais mais observadas no gru-
que outros índices, não subestimar a severidade da má po com imprescindível necessidade de tratamento or-
oclusão e permitir uma maior flexibilidade de categorias todôntico foram o apinhamento dentário, seguido do
para classificação do indivíduo. overjet maxilar acentuado, corroborando os achados de
O presente estudo foi realizado na cidade de Salva- Pires et al.22 ao examinar 141 escolares também em Sal-
dor, no Nordeste brasileiro, que trata-se de uma cidade vador/BA, além de outros estudos4,18,26.

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Más oclusões caracterizadas pelo apinhamento e preocupada com a condição estética, os ortodontistas
overjet maxilar acentuado podem interferir nas relações devem considerar a opinião do paciente. O profissional
sociais, uma vez que a estética facial é considerada um deve considerar as características do padrão étnico, visto
determinante significativo quanto às percepções e atri- que o conceito de beleza é subjetivo, tratando-se de uma
buições da sociedade e dos indivíduos em relação a si questão individual, onde uma única pesquisa geral não
mesmos, sendo a insatisfação com a aparência a principal pode ser aplicável a todas as pessoas de todos os grupos
razão da busca pelo tratamento ortodôntico18. étnicos, de diferentes culturas.
Com relação à idade, a média do IED caiu muito É impossível deixar de considerar alguns limites do
pouco dos 12 aos 15 anos. No entanto, os indivíduos estudo, fundamentados principalmente no indicador
mais velhos tiveram uma aparência dentária um pouco utilizado. O IED não mensura certas condições como
mais aceitável do que os indivíduos mais jovens. Ob- sobremordida acentuada, desvio de linha média e mor-
servou-se uma diminuição da frequência da ausência dida cruzada e aberta posterior, achados clínicos que
dentária e do overjet maxilar. Fato que, provavelmen- também poderiam estar presentes nos indivíduos ana-
te, ocorreu porque alguns indivíduos mais jovens apre- lisados e, muitas vezes, significativos na severidade e
sentavam ausência clínica de alguns dentes por estarem complexidade do caso.
no segundo período transicional, e devido ao surto de Como o delineamento proposto seguiu rigorosa-
crescimento puberal, harmonizando a discrepância ho- mente os pressupostos para se alcançar um estudo re-
rizontal das bases ósseas maxilares5. presentativo dos escolares da cidade de Salvador, ao se
Foi observado um aumento do apinhamento dentário extrapolar esses dados para os 220.300 estudantes da
com a idade. A presença de doença periodontal, cárie e faixa etária de 12 a 15 anos, estima-se que pelo menos
perda precoce de elementos decíduos é fato de ocorrência 52.872 escolares necessitavam de tratamento ortodônti-
frequente em populações mais carentes que vivem numa co. Em Salvador, os serviços de saúde pública prestados
situação de ausência de tratamento odontológico básico. à população não oferecem esse tratamento. É evidente a
Assim, o desenvolvimento oclusal é negativamente in- ausência de infraestrutura quanto aos aspectos políticos,
fluenciado pela migração mesial dos dentes, resultando sociais e operacionais face ao problema.
em apinhamento dentário. Como asseveram Thilander
et al.29, não se deve excluir a hipótese de que a falta de CONCLUSÃO
uma adequada higiene bucal explique, pelo menos par- A maioria dos indivíduos (76%) observados nesse
cialmente, a alta prevalência de apinhamento. estudo possuía pouca ou nenhuma necessidade de tra-
Observa-se, no padrão facial do indivíduo negro tamento ortodôntico. Cerca de 24% apresentaram uma
brasileiro, a predominância da biprotrusão maxilar, condição de má oclusão severa, acarretando numa im-
caracterizada muitas vezes pelo apinhamento dentário prescindível necessidade de tratamento ortodôntico.
anterior e consequente biprotrusão com incompetência As principais características oclusais encontradas
labial. A tendência atual é a extração dos quatro primei- no grupo com maior necessidade de tratamento or-
ros pré-molares e retração máxima dos dentes anterio- todôntico foram o apinhamento dentário e a sobres-
res. Esse tratamento tende a retrair os lábios e reduzir a saliência acentuada.
convexidade facial. A idade foi positivamente relacionada com a me-
No entanto, a ideia de se corrigir a convexidade facial lhora do quadro do overjet maxilar e com a presença
dos indivíduos negros é um pouco incerta na perspecti- de apinhamento dentário anterior.
va de muitos profissionais. Quais serão as metas estéticas Não houve diferença estatisticamente significativa,
para esses pacientes? Será que os valores estéticos atuais segundo o sexo, quanto à necessidade de tratamento.
permitem uma leve convexidade facial ou essa opinião Torna-se fundamental o desenvolvimento de polí-
tem sido modificada pela influência da sociedade? Na ticas públicas que objetivem a inserção do tratamento
essência, qual seria a preferência do grupo étnico ne- ortodôntico entre os procedimentos dos programas de
gro, um perfil reto ou convexo? Talvez uma situação de saúde, com a implementação e desenvolvimento de cen-
meio termo? Como a sociedade se torna cada vez mais tros especializados.

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 34.e7 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):34.e1-8
artigo inédito Características oclusais e necessidade de tratamento ortodôntico em adolescentes de etnia negra, em Salvador/BA (Brasil): um estudo epidemiológico utilizando o índice de estética dentária

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artigo inédito

Correção da Classe II com o aparelho MARA


Kelly Chiqueto1, José Fernando Castanha Henriques2,
Sérgio Estelita Cavalcante Barros3, Guilherme Janson4

Objetivo: avaliar os efeitos proporcionados pelo aparelho MARA no tratamento da má oclusão de Classe II, 1ª divisão.

Métodos: utilizou-se uma amostra de 44 jovens, divididos em dois grupos — Grupo MARA, com idade inicial média
de 11,99 anos e tratado com o aparelho MARA por um período médio de 1,11 ano; e Grupo Controle, com idade
inicial média de 11,63 ano e observado por um período médio de 1,18 ano, sem nenhum tratamento. Utilizou-se as
telerradiografias em norma lateral para comparar os grupos quanto às variáveis cefalométricas das fases inicial e final.
Para essas comparações, aplicou-se o teste t de Student.

Resultados: o aparelho MARA proporcionou efeitos na restrição do crescimento maxilar, sem nenhuma alteração
do desenvolvimento mandibular, com melhora da relação maxilomandibular, aumento da altura facial anteroinferior
e inclinação anti-horária do plano oclusal funcional. Na arcada superior, os incisivos foram lingualizados e retruídos,
e os molares foram distalizados e inclinados para distal. Na arcada inferior, ocorreu vestibularização e protrusão nos
incisivos, e mesialização e inclinação mesial dos molares. Por fim, observou-se uma redução significativa nos trespasses
horizontal e vertical, e uma melhora evidente na relação molar.

Conclusão: pode-se concluir que o aparelho MARA foi eficaz na correção da má oclusão de Classe II, 1ª divisão,
promovendo alterações esqueléticas e, principalmente, dentárias.

Palavras-chave: Má oclusão Classe II de Angle. Aparelhos ortodônticos funcionais. Avanço mandibular.

Como citar este artigo: Chiqueto K, Henriques JFC, Barros SEC, Janson G.
1
Mestre e Doutora em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru, USP. Class II correction with MARA appliance. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;
Coordenadora do curso de especialização em Ortodontia pela ABCD-BA. 18(1):35-44.
2
Professor Titular do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde
Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru, USP. Enviado em: 31 de março de 2009 - Revisado e aceito: 22 de maio de 2009
3
Mestre, Doutor e Pós-doutorado em Ortodontia pela FOB-USP. Professor
Adjunto de Ortodontia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - » Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publi-
UFRGS. cação de suas fotografias faciais e intrabucais.
4
Professor Titular e Chefe do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia
e Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru, USP. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade
ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias
descritos nesse artigo.

Endereço para correspondência: Kelly Chiqueto


Av. Bento Gonçalves, 1515 - apto 1904C, Santo Antônio – Porto Alegre/RS
CEP: 90.650-002 – E-mail: kellychiqueto@yahoo.com.br

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Chiqueto K, Henriques JFC, Barros SEC, Janson G artigo inédito

Neves20 e Lima15 encontraram uma vestibularização para mesial. Esse efeito de mesialização dos molares é
de 2,6° dos incisivos ao final do tratamento com o apa- observado em vários estudos17,21,31.
relho Jasper Jumper. Porém, como foi salientado pelas Considerando as relações dentárias, os trespasses
autoras, uma maior vestibularização deve ter ocorrido horizontal e vertical foram significativamente reduzi-
nos incisivos inferiores durante a fase de uso do Jasper dos pelo aparelho MARA. Além disso, a relação molar
Jumper. Posteriormente, após removido esse aparelho e apresentou uma melhora significativa. Provavelmente, a
durante a fase de finalização, pode ter ocorrido uma lin- acentuada vestibularização ocorrida nos incisivos infe-
gualização desses dentes, tanto pela tendência natural de riores foi resultante da evidente correção da relação mo-
recidiva quanto pela aplicação de torque lingual de coroa lar e também contribuiu para diminuir de forma mais
inserido na região anteroinferior do arco retangular. Ava- intensa o trespasse vertical.
liando os efeitos do aparelho Herbst na dentadura mista,
Almeida et al.4 encontraram um vestibularização signifi- CONCLUSÕES
cativa dos incisivos inferiores, mostrada pelo aumento de O aparelho MARA foi eficaz na correção da má oclu-
5° no valor do IMPA. Pancherz e Hansen23 compararam são de Classe II, 1ª divisão, promovendo mais efeitos den-
cinco tipos de ancoragem inferior do aparelho de Herbst toalveolares do que esqueléticos, sendo que as alterações
e concluíram que nenhum foi eficaz no controle da vesti- esqueléticas ocorreram predominantemente na maxila,
bularização dos incisivos inferiores. Porém, Ruf, Hansen com restrição do seu crescimento, sem efeitos significativos
e Pancherz29 relataram que, apesar da grande vestibulari- na mandíbula. Além disso, promoveu aumento na dimen-
zação dos incisivos inferiores, não se observam recessões são vertical da face. Quanto às alterações dentárias, os in-
gengivais ao término do tratamento, concordando com cisivos superiores foram inclinados para lingual e retruídos.
outros autores que afirmam que a maior inclinação en- Os molares superiores apresentaram uma distalização e in-
contrada não foi demonstrada como prejudicial1. clinação distal. Os incisivos inferiores inclinaram para ves-
Nos molares inferiores, observou-se uma mesializa- tibular e protruíram. Os molares inferiores apresentaram
ção e inclinação mesial estatisticamente maior no grupo mesialização e inclinação mesial. O MARA promoveu
MARA que no Controle. Na correção da má oclusão uma melhora significativa nas relações dentárias (trespasses
de Classe II, é desejável que os molares movimentem-se horizontal e vertical e relação molar).

Referências

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© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 44 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):35-44
artigo inédito

Mola verticalizadora de molares apoiada em


mini-implante: descrição
Antônio Carlos de Oliveira Ruellas1, Matheus Melo Pithon2, Rogério Lacerda dos Santos3

Introdução: desde o surgimento dos mini-implantes como recurso de ancoragem ortodôntica, muitas aplicações têm
sido descritas na literatura. Entre essas, cita-se a verticalização de molares inclinados para mesial. No entanto, pouco se
fala da correta aplicação das forças ortodônticas nesses dispositivos, sob o ponto de vista mecânico.

Objetivos: o objetivo desse artigo foi demonstrar uma mola mini-implante suportada para verticalizar molares incli-
nados para mesial. Com esse dispositivo consegue-se correta aplicação da mecânica ortodôntica, favorecendo movi-
mentos mais previsíveis e minimizando os movimentos indesejáveis.

Palavras-chave: Dente molar. Ortodontia corretiva. Implante dentário.

INTRODUÇÃO
A perda precoce de molares decíduos ou mesmo a perda relação cêntrica, interferências oclusais nos movimen-
de primeiros molares permanentes são problemas clínicos tos de lateroprotrusão além de dificultar a confecção de
rotineiros na clínica ortodôntica e resultam na inclinação prótese, quando a inclinação é excessiva3,4.
mesial dos primeiros molares, ou de segundos e terceiros A verticalização do molar para a sua correta posição
molares, dependendo do dente extraído ou ausente1,2. leva à normalização da situação oclusal funcional e pe-
A inclinação mesial favorece o aparecimento de riodontal, possibilitando o posicionamento das raízes
defeitos ósseos verticais e bolsas infraósseas na região perpendicularmente ao plano oclusal, de forma que re-
mesial dos molares, a migração distal dos pré-molares, sista melhor às forças oclusais e facilite o plano de inser-
extrusão do molar antagonista, contatos prematuros em ção da prótese paralelamente ao longo do eixo do dente5.

Como citar este artigo: Ruellas ACO, Pithon MM, Santos RL. Miniscrew-
1
Professor Associado de Ortodontia da UFRJ. -supported coil spring for molar uprighting: description. Dental Press J Orthod.
2
Professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). 2013 Jan-Feb; 18(1):45-9.
3
Professor da Universidade Federal de Campina Grande.
Enviado em: 17 de abril de 2009 - Revisado e aceito: 8 de junho de 2009

» Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publi-


cação de suas fotografias faciais e intrabucais.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade


ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias
descritos nesse artigo.

Endereço para correspondência: Antônio Carlos de Oliveira Ruellas


Rua Rodolpho Paulo Rocco, 325, Cidade Universitária, Rio de Janeiro/RJ
CEP: 21.941-617 – E-mail: antonioruellas@yahoo.com.br

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Ruellas ACO, Pithon MM, Santos RL artigo inédito

vista mecânico, possibilitando a obtenção de resulta- distal ao tubo, o qual pode ser conseguido com gan-
dos previsíveis ao final do tratamento. cho soldado no tubo molar ou colocação de gancho
A mola deve ser confeccionada com fio de secção auxiliar com a utilização de tubo duplo. A função
retangular, permitindo um maior controle tridimen- desse gancho é minimizar o efeito extrusivo, aumen-
sional. O material usado para sua confecção pode ser tar o efeito de verticalização do molar e tracionar o
o aço inoxidável ou TMA: a escolha da liga está na molar para mesial. Sempre lembrando que tudo isso
dependência da flexibilidade exigida pelo caso, sendo dependerá do comprimento vertical dessa haste distal
o TMA o material de eleição para dentes com maior e da resultante das forças aplicadas.
comprometimento periodontal — em virtude de libe- A altura do gancho em que o elástico em cadeia está
ração de forças mais suaves — e em casos de dentes inserido é responsável pelo controle da extrusão do mo-
com severa inclinação mesial. lar: quanto maior o gancho, maior o momento mesial de
A confecção da alça com helicoide proporciona raiz. Entretanto, menor controle vertical ocorrerá, visto
maior flexibilidade, além de exercer função fundamen- que se aproxima do centro de resistência, diminuindo o
tal quando se necessita de movimentos de abertura ou vetor de intrusão.
fechamento de espaços. Quando opta-se por abrir o A escolha do local de inserção do mini-implante se
espaço, a alça é aberta, ficando comprimida entre o mi- deve ao fato da necessidade de se ter uma alternativa
ni-implante e o dente; visto que o mini-implante não nos casos onde não é possível a colocação dos mini-im-
se movimenta, a tendência é a verticalização associada plantes na região retromolar, como nos casos em que os
à distalização do molar. Entretanto, quando o plano de terceiros molares ainda não tenham sido extraídos e se
tratamento for favorável ao fechamento de espaço, pro- posicionam intraósseos. Outra contraindicação seria nos
cedimento contrário deve ser realizado, ou seja: fechar casos onde essa área se mostra diminuta e com pouca
a alça e distendê-la em direção mesial, encaixando-a ou nenhuma gengiva inserida, com predominância de
no mini-implante ativada e gerando força para mesial. mucosa alveolar.
A presença da alça proporciona um fechamento ou
abertura de espaço mais efetivo, uma vez que se trata CONCLUSÕES
de uma mecânica sem atrito. A utilização da mola com alça apoiada em mini-
Nessas situações onde se necessita de movimento -implantes como ancoragem é um método simples
radicular efetivo, dobra tip-back é realizada na extre- e eficaz na verticalização de molares. Uma gama de
midade final da mola, fazendo com que atue um mo- ativações pode ser conseguida, proporcionando mo-
mento mesial de raiz. vimentos variados e com previsibilidade, principal-
Para melhor controle do movimento do molar, mente em casos onde a inserção do mini-implante na
é inserido um gancho vertical no segmento de arco região retromolar é contraindicada.

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2007;41:281-4.

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 49 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):45-9
artigo inédito

Correlação entre medidas transversais e verticais


em pacientes brasileiros em crescimento avaliadas
através da análise frontal de Ricketts-Faltin

Regina Helena Lourenço Belluzzo1, Kurt Faltin Jr2, Cristina Ortolani2, Adolpho Chelotti3

Introdução: atualmente no diagnóstico ortodôntico, além da análise cefalométrica lateral — que avalia os sentidos an-
teroposterior e vertical —, deve-se acrescentar a análise no sentido frontal, a qual propicia outra dimensão importante
no espaço, a transversal.

Objetivo: poucas são as amostras longitudinais publicadas utilizando telerradiografias frontais; portanto, o presente
estudo cefalométrico teve o intuito de correlacionar as medidas transversais e verticais por meio da análise frontal de
Ricketts-Faltin, em dois tempos radiográficos.

Métodos: a amostra constou de 45 crianças brasileiras, sendo 25 meninas e 20 meninos, todos apresentando dentição
mista, com perfil harmonioso e sem nunca terem sido tratadas ortodonticamente e/ou ortopedicamente. A idade mé-
dia inicial (T1) foi de 7,7 anos e a final (T2) de 13,3 anos. As medidas avaliadas foram: DTF, DTMx, DTN, DTII e
DTMd (transversais); DVO e DVT (verticais).

Resultados: todas as medidas transversais estavam correlacionadas positivamente, em grau médio ou forte, entre si e
com as medidas verticais; somente DTII estava correlacionada em grau fraco com essas medidas.

Conclusão: concluiu-se que a face possui regiões interdependentes, e assim mantém-se mesmo com o crescimento.

Palavras-chave: Telerradiografia frontal. Estudo longitudinal. Correlação.

Como citar este artigo: Belluzzo RHL, Faltin Jr K, Ortolani C, Chelotti A.


1
Professora adjunta da UNIP, disciplina de Ortodontia/Ortopedia Facial. Correlation between transverse and vertical measurements in Brazilian growing
2
Professor Titular do Mestrado Acadêmico em Ortodontia/Ortopedia Facial patients, evaluated by Ricketts-Faltin frontal analysis. Dental Press J Orthod. 2013
da UNIP. Jan-Feb;18(1):50-4.
3
Ex-professor Titular da Disciplina de Odontopediatria na UNIP.
Enviado em: 24 de abril de 2009 - Revisado e aceito: 20 de junho de 2011

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade


ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias
descritos nesse artigo.

Endereço para correspondência: Regina Helena Lourenço Belluzzo


E-mail: rebelluzzo@ortodontista.com.br

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 50 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):50-4
artigo inédito Correlação entre medidas transversais e verticais em pacientes brasileiros em crescimento avaliadas através da análise frontal de Ricketts-Faltin

A DTMd representa a largura transversal óssea da verticais estudadas, com forte correlação positiva com a
mandíbula, sua avaliação no diagnóstico diferencial de variável DVO; menos com a DTII, com a qual mostrou
cirurgia ortognática é imprescindível, fornecendo o valor correlação positiva fraca.
real da largura mandibular, a qual pode se correlacionar Isso mostra que as medidas transversais da face es-
com a largura maxilar, permitindo verificar-se precisa- tão inter-relacionadas entre si e essa inter-relação se
mente onde está o problema. A DTMd mostrou-se corre- mantém ou aumenta com o crescimento. A DTII, sen-
lacionada de forma positiva e em grau médio com as me- do uma medida dentária, mostrou que se comporta de
didas transversais DTF e DTMx e com as verticais DVO forma independente das medidas ósseas. E a DVO e a
e DVT (correlações que mantiveram-se em T2). DVT foram as medidas que tiveram a maior correlação
A DVO representa a altura da face média no sentido desse estudo, mostrando que a face, além do crescimen-
vertical e, como visto anteriormente, essa variável se cor- to transverso, possui uma dimensão importante a ser
relaciona positivamente, em grau fraco ou médio, com to- considerada, a vertical.
das as medidas transversais e verticais estudadas (tanto em
T1 quanto em T2), menos com a DTII, que apresentou CONCLUSÃO
grau muito fraco de correlação positiva. Houve, porém, Tendo em vista os resultados obtidos, pode-se con-
uma correlação forte, a maior desse estudo, com a variável cluir, para a amostra estudada, que a face mantém re-
DVT, aumentando com o crescimento. giões interdependentes que se correlacionam entre si
A DVT fornece a altura total da face no sentido verti- positivamente, tanto no sentido transverso quanto no
cal. Essa variável também se correlacionou positivamen- sentido vertical, relações que se mantêm ou se fortale-
te, de forma média, com todas as medidas transversais e cem com o crescimento.

Referências

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© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 54 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):50-4
artigo inédito

Análise in vitro da degradação de força de cadeias


elastoméricas utilizadas em Ortodontia
André Weissheimer1, Arno Locks2, Luciane Macedo de Menezes3,
Adriano Ferreti Borgatto4, Carla D’Agostini Derech5

Objetivo: analisar, in vitro, a degradação de força, ao longo do tempo, de elastômeros das marcas comerciais American
Orthodontics, Morelli, Ormco e TP Orthodontics.

Métodos: a amostra constituiu-se de 80 segmentos de elastômeros em cadeia fechada na cor cinza, divididos em
quatro grupos, conforme o fabricante. A distensão foi padronizada em 21mm, com liberação de força inicial variando
de 300 a 370g de força. As amostras foram mantidas em saliva artificial em temperatura constante de 37oC, e a força
avaliada nos seguintes intervalos: inicial, 1h, 3h, 5h, 7h, 9h, 1 dia, 7 dias, 14 dias, 21 dias, 28 dias e 35 dias.

Resultados: houve diferença estatisticamente significativa na degradação de força entre os grupos avaliados, sendo que
no primeiro dia houve perda de 50 a 55% em relação à força inicial. Os valores médios de força em 35 dias variaram
de 122 a 148g.

Conclusão: todas as marcas comerciais apresentaram degradação de força ao longo do tempo, sendo que na primeira
hora a perda de força esteve entre 59 e 69% da força inicial. Porém, como existe variação dessa degradação dependendo
da marca comercial, estudos como esses são importantes para orientação do uso desses elastômeros.

Palavras-chave: Elastômeros. Resistência à tração. Materiais biomédicos e odontológicos.

Como citar este artigo: Weissheimer A, Locks A, Menezes LM, Borgatto AF,
1
Estudante do doutorado em Ortodontia na PUC-RS. Derech CA. In vitro evaluation of force degradation of elastomeric chains used in
2
Professor de Ortodontia na UFSC. Orthodontics. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):55-62.
3
Professora de Ortodontia da PUC-RS.
4
Professor de Estatística na UFSC. Enviado em: 13 de maio de 2009 - Revisado e aceito: 22 de outubro de 2010
5
Professora do curso de especialização em Ortodontia da UFSC.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade
ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias
descritos nesse artigo.

Endereço para correspondência: Carla D’Agostini Derech


Av. Rio Branco, 333/306 - Centro - CEP: 88.015-201 - Florianópolis/SC
E-mail: carladerech@hotmail.com

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 55 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):55-62
artigo inédito Análise in vitro da degradação de força de cadeias elastoméricas utilizadas em Ortodontia

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© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 62 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):55-62
artigo inédito

Efeito da contaminação por saliva na resistência de


união de um compósito resinoso hidrofílico
Mauren Bitencourt Deprá1, Josiane Xavier de Almeida1, Taís de Morais Alves da Cunha2,
Luis Filipe Siu Lon2, Luciana Borges Retamoso3, Orlando Motohiro Tanaka4

Objetivo: avaliar a influência da contaminação por saliva na resistência de união de braquetes metálicos colados ao
esmalte com um compósito resinoso hidrofílico.

Métodos: oitenta pré-molares foram divididos aleatoriamente em quatro grupos (n=20), de acordo com o material de
colagem e a presença de contaminação — G1) colagem com Transbond XT na ausência de contaminação; G2) cola-
gem com Transbond XT na presença de contaminação; G3) colagem com Transbond Plus Color Change na ausência
de contaminação; G4) colagem com Transbond Plus Color Change na presença de contaminação. Os resultados foram
tratados estatisticamente (ANOVA/Tukey).

Resultados: as médias e desvios-padrão (MPa) foram G1 = 10,15 ± 3,75; G2 = 6,8 ± 2,54; G3 = 9,3 ± 3,36;
G4 = 8,3 ± 2,95. O índice de adesivo remanescente (IAR) variou entre 0 e 1 no G1 e no G4; no G2, houve predomí-
nio do escore 0 e distribuição similar no G3.

Conclusão: a contaminação por saliva reduziu a resistência de união no grupo que usou a resina hidrofóbica Trans-
bond XT. Por outro lado, a resina hidrofílica Transbond Plus Color Change não foi influenciada pela contaminação.

Palavras-chave: Saliva. Braquetes ortodônticos. Resistência ao cisalhamento. Adesivos.

Como citar este artigo: Deprá MB, Almeida JX, Cunha TMA, Lon LFS, Re-
1
Estudante de graduação em Odontologia, PUCPR. tamoso LB, Tanaka OM. Saliva contamination effect on shear bond strength of
2
Mestre em Odontologia, área concentração Ortodontia, PUCPR. hydrophilic composite resin. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):63-8.
3
Estudante de doutorado em Materiais Dentários, PUCRS.
4
Professor Titular de Ortodontia, PUCPR. Enviado em: 23 de junho de 2009 - Revisado e aceito: 12 de abril de 2010

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade


ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias
descritos nesse artigo.

Endereço para correspondência: Orlando Tanaka


Rua Imaculada Conceição, 1115 – CEP: 80.215-901 – Curitiba/PR
E-mail: tanakaom@gmail.com

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 63 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):63-8
artigo inédito Efeito da contaminação por saliva na resistência de união de um compósito resinoso hidrofílico

resistência dos adesivos com prévio condicionamen- resistência adesiva e, consequentemente, a longevidade
to ácido diminui após a termociclagem21. Já com do procedimento de colagem.
aplicação de um adesivo autocondicionante, a re-
sistência se mantém mesmo após a termociclagem. CONCLUSÃO
Saito et al.19 teorizam que esse fato é explicado pela A saliva reduz a resistência de união ao cisalhamento
hidrofilicidade e presença de HEMA nessas soluções quando os braquetes são colados com a resina hidrofó-
autocondicionantes. bica Transbond XT. Entretanto, a resistência de união
Diante das propriedades descritas, recomendamos não é afetada pela contaminação por saliva quando os
que, em situações de iminente contaminação por saliva, braquetes são colados com sistema adesivo e resina com
os braquetes sejam colados com sistema adesivo e com- propriedades hidrofílicas (Transbond Plus + Transbond
pósito com características hidrofílicas, aumentando a Plus Color Change).

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© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 68 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):63-8
artigo inédito

Estudo comparativo da deflexão e do comprimento


anterior e posterior da base do crânio,
em indivíduos Padrão I, II e III
Guilherme Thiesen1, Guilherme Pletsch2, Michella Dinah Zastrow3, Caio Vinicius Martins do Valle4,
Karyna Martins do Valle-Corotti5, Mayara Paim Patel6, Paulo Cesar Rodrigues Conti7

Objetivo: o presente estudo avaliou as variações da base craniana anterior (S-N), base craniana posterior (S-Ba), e
ângulo de deflexão da base do crânio (SNBa) entre três diferentes padrões faciais (Padrão I, II e III).

Métodos: selecionou-se uma amostra de 60 telerradiografias em norma lateral de pacientes brasileiros leucodermas,
de ambos os sexos, com idades entre 8 anos e 17 anos. A amostra foi dividida em três grupos (Padrão I, II e III), sen-
do cada grupo constituído de 20 indivíduos. Os critérios de seleção dos indivíduos para cada grupo basearam-se nos
valores de ANB, Wits e ângulo do contorno facial (Gl.Sn.Pg’). Para observar se houve diferença nos valores médios
de SNBa, S-N e S-Ba entre os diferentes grupos, utilizou-se a Análise de Variância One Way - ANOVA, seguida de
testes post-hoc de Scheffé.

Resultados e Conclusões: não houve diferença estatisticamente significativa na deflexão da base do crânio entre os
diferentes padrões faciais (Padrão I, II e III). Também não houve diferença significativa nos valores da base anterior e
posterior do crânio entre o Padrão I e o Padrão II. Os valores médios de S-Ba apresentaram-se reduzidos no Padrão III,
com diferença estatisticamente significativa. Os valores médios de S-N também se apresentaram reduzidos no Padrão
III, embora sem diferença estatisticamente significativa. Essa tendência a valores reduzidos da base do crânio poderia
explicar a deficiência maxilar e/ou prognatismo mandibular, características que podem estar presentes no Padrão III.

Palavras-chave: Base do crânio. Ortodontia. Desenvolvimento maxilofacial. Face.

Como citar este artigo: Thiesen G, Pletsch G, Zastrow MD, Valle CVM, Valle-
1
Mestre em Ortodontia e Ortopedia Facial pela PUCRS. Professor de graduação e -Corotti KM, Patel MP, Conti PCR. Comparative study of the flexure, anterior
pós-graduação em Ortodontia da UNISUL e UNIASSELVI. and posterior lengths of the cranial base in facial patterns I, II and III patients.
2
Especialista em Ortodontia pela UNISUL. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):69-75.
3
Mestre em Radiologia pela UFSC. Professora das disciplinas de Radiologia e
Estomatologia da UNISUL. Enviado em: 22 de setembro de 2009 - Revisado e aceito: 20 de janeiro de 2011
4
Mestre em Ortodontia pela FOB-USP. Coordenador do curso de especialização em
Ortodontia da Universidade Leonardo da Vinci, Florianópolis/SC. Estudante do » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade
doutorado em Reabilitação Oral na FOB-USP. ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias
5
Mestre e Doutora em Ortodontia pela FOB-USP. Professora Associada do descritos nesse artigo.
Departamento de Ortodontia e do curso de Mestrado em Ortodontia da
Universidade Cidade de São Paulo. Endereço para correspondência: Guilherme Thiesen
6
Mestre e Doutora em Ortodontia pela FOB-USP. Professora do Curso de Av. Madre Benvenuta, 1285, Santa Mônica
Especialização em Ortodontia no Instituto Catarinense de Odontologia e Saúde. CEP: 88.035-001 – Florianópolis / SC
7
Professor Titular do Departamento de Prótese da FOB-USP. E-mail: guilherme.thiesen@unisul.br

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 69 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):69-75
Thiesen G, Pletsch G, Zastrow MD, Valle CVM, Valle-Corotti KM, Patel MP, Conti PCR artigo inédito

excesso mandibular; separando o Padrão II por excesso niofacial dos pacientes. Deve-se conhecer o papel que
maxilar e o Padrão II por deficiência mandibular, por cada variável representa dentro de um todo, para assim
exemplo), assim distinguindo o fator etiológico princi- conseguir diagnosticar a etiologia principal de determi-
pal de cada padrão facial. nada doença.
A Ortodontia atual não mais aceita valores absolu-
tos de normalidade. A harmonia facial é expressa por CONCLUSÕES
uma combinação de normas flutuantes para ângulos e » Na amostra estudada, não houve diferença entre os
proporções10, principalmente em uma população com valores médios do ângulo de deflexão da base do
grande miscigenação racial como a brasileira. Cada in- crânio (SNBa) nos diferentes padrões faciais (Pa-
divíduo apresenta uma arquitetura facial própria. Assim, drão I, II e III).
o estudo de uma variável, isoladamente, não é suficiente » Houve diferença estatisticamente significativa nos
para se compreender as características de um tipo facial. valores médios da base posterior do crânio (S-Ba)
Porém, o ortodontista não deve esquecer que, em al- para o grupo Padrão III: nesse grupo, a base posterior
guns casos, o fator morfológico causal de um padrão fa- do crânio apresentou-se diminuída em relação aos
cial desarmonioso, como os Padrões II e III, pode advir grupos Padrão I e II.
de alterações presentes na base craniana, e não somente » Embora não tenha apresentado diferença estatística,
numa desproporção linear entre a estrutura da maxila a base anterior do crânio (S-N) no grupo Padrão III
e da mandíbula. Esse “elo perdido” muitas vezes acaba apresentou-se reduzida, quando comparada à dos
sendo negligenciado pelos profissionais na avaliação cra- Padrões I e II.

Referências

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© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 75 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):69-75
artigo inédito

Avaliação periodontal de diferentes técnicas de


escovação em pacientes portadores de aparelhos
ortodônticos fixos
Patricia Oehlmeyer Nassar1, Carolina Grando Bombardelli2, Carolina Schmitt Walker3, Karyne Vargas Neves3,
Karine Tonet3, Rodolfo Nishimoto Nishi4, Roberto Bombonatti5, Carlos Augusto Nassar6

Introdução: o controle de placa bacteriana é o maior consenso durante o tratamento ortodôntico para prevenir a
ocorrência de cáries e inflamação periodontal. O recurso mecânico de maior efetividade e uso frequente nesse controle
é a higienização bucal. As técnicas de escovação dentária mais usadas por pacientes ortodônticos são: a friccional gira-
tória de Ramfjord, a Stillman modificada e a sulcular de Bass.

Objetivo: tendo em vista que estudos de controle avaliando a efetividade das técnicas de escovação mais comuns não
demonstraram nenhuma superioridade clara, o objetivo desse estudo foi avaliar a efetividade de três técnicas de escova-
ção, através dos parâmetros clínicos periodontais de pacientes portadores de aparelhos ortodônticos fixos.

Métodos: foram selecionados 30 pacientes, com idades entre 14 e 22 anos, portadores de aparelhos ortodônticos fixos.
Após o final do tratamento periodontal básico, determinou-se o (1) Índice de Placa e o (2) Índice Gengival, e cada pa-
ciente foi incluído, aleatoriamente, em um dos três grupos, selecionados de acordo com a técnica de escovação (Grupo
1 = Técnica de esfregaço; Grupo 2 = Técnica de Stillman Modificada e Grupo 3 = Técnica de Bass). Os pacientes foram
avaliados por um período total de 9 meses.

Resultados: os resultados mostraram uma diminuição significativa dos parâmetros clínicos ao final desse período, porém
houve uma redução muito significativa do Índice Gengival no grupo 3 (13,6%), em comparação aos demais grupos.

Conclusão: pode-se sugerir que a Técnica de Bass pode ser efetiva na redução dos parâmetros clínicos periodontais de
Índice de Placa e Índice Gengival em pacientes portadores de aparelhos ortodônticos fixos.

Palavras-chave: Placa dentária. Escovação dentária. Aparelhos ortodônticos.

Como citar este artigo: Nassar PO, Bombardelli CG, Walker CS, Neves KV,
1
Professora Adjunta da Disciplina de Periodontia da UNIOESTE (Cascavel/ Tonet K, Nishi RN, Bombonatti R, Nassar CA. Periodontal evaluation of dif-
PR). ferent toothbrushing techniques in patients with fixed orthodontic appliances.
2
Estudante de Especialização em Odontologia, UNIOESTE. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):76-80.
3
Graduada em Odontologia, UNIOESTE.
4
Especialista em Odontologia, UNIOESTE. Enviado em: 14 de janeiro de 2010 - Revisado e aceito: 21 de abril de 2010
5
Professor Assistente da disciplina de Ortodontia da UNIOESTE.
6
Professor Adjunto da disciplina de Periodontia da UNIOESTE. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade
ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias
descritos nesse artigo.

Endereço para correspondência: Patricia Oehlmeyer Nassar


Rua Pernambuco, 593 apto 504, Centro – CEP: 85.810-020 – Cascavel / PR
E-mail: ponassar@yahoo.com

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 76 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):76-80
artigo inédito Avaliação periodontal de diferentes técnicas de escovação em pacientes portadores de aparelhos ortodônticos fixos

desse padrão no Índice de Placa, observando-se, ao final cobrir toda a dentição. Os pacientes precisam ser instruí-
do período experimental, que: os pacientes que reali- dos a escovar em uma sequência sistemática e controlada.
zaram a Técnica de Esfregaço apresentaram 24,5% de Outros métodos de escovação, como a Técnica modifi-
placa; os que realizaram a Técnica de Stillman Modifi- cada de Stillman e Charters, são variações da Técnica de
cada apresentaram 26,9%; e os pacientes que realizaram Bass também designadas para obter a completa remoção
a Técnica de Bass apresentaram 24,8% de placa. da placa das margens gengivais. Eles enfatizam a esti-
Apesar disso, a diminuição no Índice de Placa pode mulação da circulação gengival, o que não demonstrou
não ter sido maior devido à faixa etária dos pacientes alcançar resultados reparadores melhores dos que os ob-
selecionados e pela pobre qualidade de técnica de esco- tidos por meio de uma boa remoção de placa. Os princí-
vação que esse pacientes apresentavam anteriormente1. pios do método de Bass têm duas vantagens com relação
Os índices de placa são úteis como indicadores da co- a outras técnicas mais complexas: o movimento curto de
operação do paciente e sucesso com os procedimentos de vaivém é fácil de ser controlado, por ser um movimento
controle diário de placa. No entanto, os níveis de placa, familiar simples para a maioria dos pacientes que utili-
por si sós, não refletem necessariamente saúde gengival zam uma técnica de esfregaço. Ele concentra a ação de
ou risco de progressão da doença, apesar de a placa estar limpeza nas porções cervical e interproximal do dente,
altamente correlacionada com a presença de gengivite8. onde a placa bacteriana é mais acumulada10, comprovan-
Em termos de predição de sucesso controlando-se a in- do a facilidade e eficácia dessa técnica.
flamação e reduzindo a chance de progressão da doença, o
sangramento é de longe o melhor indicador10. Consideran- CONCLUSÃO
do-se o Índice Gengival avaliado nesse estudo, observou-se Dentro dos limites desse estudo e com base na sig-
uma porcentagem de redução muito significativa desse ín- nificância clínica dos resultados encontrados, pode-se
dice no grupo que realizou a Técnica de Bass (13,6%). Isso concluir que todas as técnicas analisadas demonstraram
pode ser explicado pelo fato de essa técnica enfatizar a co- efetividade no controle de placa bacteriana de pacien-
locação sulcular das cerdas, removendo a placa não somen- tes portadores de aparelhos fixos. Entretanto, pode-se
te da margem gengival, mas também subgengivalmente. sugerir que a Técnica de Bass foi mais efetiva para a ma-
Por meio da revisão de literatura, pode-se comprovar e nutenção da saúde periodontal nesses pacientes por um
demonstrar que, utilizando esse método de escovação, a período de 9 meses.
eficiência da limpeza pode alcançar uma profundidade de Estudos mais abrangentes podem ser importantes
0,5mm subgengivalmente4. para confirmar esses achados e demonstrar a efetividade
A Técnica de Bass requer paciência e posicionamento dessa técnica na manutenção da saúde dos tecidos perio-
da escova de dentes em várias posições diferentes para dontais de pacientes portadores de aparelhos fixos.

Referências

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Implantologia Oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. p. 759-83.

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 80 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):76-80
artigo inédito

O modelo de braquete autoligável influencia


as forças de ativação, desativação e histerese do
fio NiTi superelástico?

José Rino Neto1, Gilberto Vilanova Queiroz2, João Batista de Paiva3, Rafael Yagüe Ballester4

Objetivo: comparar as forças de ativação, desativação e histerese produzidas por deformação de primeira ordem do fio
superelástico Contour NiTi 0,014” (Aditek®) em quatro modelos de braquetes autoligáveis: Damon MX, Easy Clip,
Smart Clip e In-Ovation.

Métodos: as forças de ativação e desativação foram medidas em máquina universal de tração Instron com velocidade
de 3mm/minuto e deslocamento de 4mm. Em cada combinação braquete/fio foram executadas oito repetições. A aná-
lise estatística empregou ANOVA e o Teste de Comparações Múltiplas de Tukey.

Resultados: com 4mm de deformação, as forças médias de ativação foram, em ordem crescente, Damon = 222gf, Easy
Clip = 228gf, In-Ovation = 240gf e Smart-Clip = 306gf; a mesma ordem foi observada nas histereses médias, cujos va-
lores foram, respectivamente, 128gf, 140gf, 150gf e 206gf; os valores das forças de desativação foram, respectivamente,
94gf, 88gf, 90gf e 100gf.

Conclusão: os braquetes com maiores valores nas forças de ativação foram acompanhados por maiores valores na
histerese, o que resultou em forças de desativação clinicamente semelhantes, independentemente do tipo de braquete
autoligável utilizado.

Palavras-chave: Ortodontia corretiva. Fios ortodônticos. Aparelhos ortodônticos.

Como citar este artigo: Rino Neto J, Queiroz GV, Paiva JB, Ballester RY.
1
Professor Associado do Departamento de Ortodontia da FOUSP. Does self-ligating brackets model affect activation and deactivation forces, and
2
Mestre e Doutor em Ortodontia pela FOUSP. hysteresis of NiTi archwires? Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):81-5.
3
Professor Titular do Departamento de Ortodontia da FOUSP.
4
Professor Titular do Departamento de Materiais Dentários da Enviado em: 16 de janeiro de 2010 - Revisado e aceito: 29 de dezembro de 2010
FOUSP.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade
ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias
descritos nesse artigo.

Endereço para correspondência: Gilberto Vilanova Queiroz


Via Piacenza, 144 – Jd. Paradiso – CEP: 13.331-545 – Indaiatuba/SP
E-mail: gilbertovilanova@terra.com.br

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 81 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):81-5
Rino Neto J, Queiroz GV, Paiva JB, Ballester RY artigo inédito

braquetes autoligáveis, Franchi et al.4 não encontraram braquetes autoligáveis avaliados são equivalentes, indepen-
diferenças clinicamente relevantes. No presente estu- dentemente das forças de ativação. No entanto, vale des-
do, houve diferença estatisticamente significativa entre tacar que a deformação do fio produz momentos de força
as forças médias de desativação dos braquetes Easy Clip tanto no dente mal posicionado como nos dentes adjacen-
e Smart Clip; porém, uma vez que tal diferença foi de tes de ancoragem, componentes que não foram objeto de
apenas 12gf, valor insuficiente para produzir diferenças estudo da presente pesquisa.
clinicamente relevantes, as forças de desativação entre os
braquetes Damon, Easy Clip, In-Ovation e Smart Clip Conclusão
foram consideradas semelhantes. Portanto, do ponto de Valores elevados nas forças de ativação do fio Con-
vista clínico, as diferenças significativas nas forças de ati- tour NiTi 0,014” foram acompanhados por maiores
vação entre os braquetes autoligáveis não influenciaram magnitudes na histerese, o que resultou em forças de de-
as magnitudes das forças de desativação. sativação clinicamente semelhantes independentemente
A histerese mecânica — definida como a diferença de do tipo de braquete autoligável.
força entre os platôs de ativação e desativação dos arcos
com mesma deflexão6,7 — foi significativamente diferente
entre os braquetes autoligáveis, com valores inferiores para Referências

o braquete Damon, intermediários para o Easy Clip e In- 1. Baccetti T, Franchi L. Friction produced by types of elastomeric ligatures
-Ovation, e valores maiores para o braquete Smart Clip. in treatment mechanics with the preadjusted appliance. Angle Orthod.

Isso indica que as diferenças significativas encontradas nas 2006;76(2):211-6.


2. Cacciafesta V, Sfondrini MF, Ricciardi A, Scribante A, Klersy C, Auricchio F.
forças de ativação entre os braquetes autoligáveis foram ab- Evaluation of friction of stainless steel and esthetic self-ligating brackets

sorvidas pelo arco NiTi SE, tornando as forças de desati- in various bracket-archwire combinations. Am J Orthod Dentofacial
Orthop. 2003;124:395-402.
vação clinicamente semelhantes entre eles, o que pode ser 3. Demicheli M, Migliorati MV, Balboni C, Biavati AS. Confronto tra differenti
explicado pelas propriedades mecânicas especiais dos fios sistemi bracket/filo/legatura - Misurazione in vitro dell’attrito su un’intera
arcata. Mondo Ortod. 2006;4:273-89.
de níquel-titânio superelásticos. 4. Franchi L, Baccetti T, Giuntini V. Forces released by nonconventional
O fio NiTi superelástico obedece à Lei de Hooke na bracket or ligature systems during alignment of buccally displaced teeth.
Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2009;136:316.e1–e6.
deformação inicial, quando um aumento na carga resulta 5. Gandini P, Orsi L, Bertoncini C, Massironi S, Franchi L. In vitro frictional
em deformação proporcional do fio. Após essa primeira forces generated by three different ligation methods. Angle Orthod.
2008;78:917-21.
fase, quando a deformação atinge um limite crítico inicia- 6. Garrec P, Jordan L. Stiffness in bending of a superelastic Ni-Ti
-se um segundo estágio, caracterizado pela transformação orthodontic wire as a function of cross-sectional dimension. Angle

da estrutura cristalina do arco de austenítica para martensí- Orthod. 2004;74:691-6.


7. Garrec P, Tavernier B, Jordan L. Evolution of flexural rigidity according
tica. Nessa transição, ocorre colapso na rigidez do fio, que to the cross-sectional dimension of a superelastic nickel titanium
propicia deformação progressiva do arco com força prati- orthodontic wire. Eur J Orthod. 2005;27:402-7.
8. Kasuya S, Nagasaka S, Hanyuda A, Ishimura S, Hirashita A. The effect
camente constante, fenômeno evidenciado pelo platô na of ligation on the load-deflection characteristics of nickel-titanium
força de ativação do fio6,7,12. A fase martensítica é instável na orthodontic wire. Eur J Orthod. 2007;29(6):578-82.
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ausência de força, portanto, ao cessar a compressão do fio, sliding mechanics: Derivations and determinations of the critical contact
o processo se inverte, com transformação de martensítica angles for binding. Eur J Orthod. 1999;21:199-208.
10. Mallory DC, English JD, Powers JM, Brantley WA, Bussa HI. Force-
para austenítica. É necessária menor quantidade de energia deflection comparison of superelastic nickel-titanium archwires. Am J
para a reversão da estrutura cristalina, o que justifica a mar- Orthod Dentofacial Orthop. 2004;126:110-2.

cante histerese no início da desativação. 11. Meling TR, Odegaard J, Holthe K, Segner D. The effect of friction on the
bending stiffness of orthodontic beams: A theoretical and in vitro study.
Embora sua participação não esteja claramente defini- Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1997;112:41-9.

da, a força de atrito que se opõe ao deslizamento do arco 12. Miura F, Mogi M, Ohura Y, Hamanaka H. The super-elastic property
of the Japanese NiTi alloy wire for use in orthodontics. Am J Orthod
constitui um dos fatores que influenciam o perfil da curva Dentofacial Orthop. 1986;90:1-10.
carga-deformação e a magnitude de histerese6. 13. Nakano H, Satoh K, Norris R, Jin T, Kamegai T, Ishikawa F, et al.
Mechanical properties of several nickel-titanium alloy wires in three-point
Considerando que as forças de desativação possuem a bending tests. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999;115:390-5.
verdadeira relevância clínica e que elas foram semelhantes 14. Queiroz G, Rino JN, Paiva JB, Ballester RY. Estudo comparativo da
força de atrito produzida pela deformação de arco NiTi em diferentes
entre os braquetes Damon, Easy Clip, In-Ovation e Smart braquetes ortodônticos. Avaliação in vitro. Dental Press J Orthod.
Clip, os resultados do presente estudo sugerem que os 2012;17(4):45-50.

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 85 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):81-5
artigo inédito

Avaliação da degradação iônica e corrosão do slot de


braquetes metálicos pela ação de diferentes dentifrícios
Gustavo Antônio Martins Brandão1, Rafael Menezes Simas2, Leandro Moreira de Almeida2, Juliana Melo da Silva3,
Marcelo de Castro Meneghim4, Antonio Carlos Pereira4, Haroldo Amorim de Almeida5, Ana Maria Martins Brandão5

Objetivo: avaliar in vitro a degradação iônica e corrosão do fundo do slot de braquetes metálicos submetidos à esco-
vação com dentifrícios, realizando análises da composição química por Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS) e
qualitativa por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).

Métodos: foram selecionados 38 braquetes divididos aleatoriamente em quatro grupos experimentais (n = 7). Dois
grupos (n = 5) funcionaram como controles positivo e negativo. Aparelhos ortodônticos simulados foram confeccio-
nados com fios de aço inoxidável 0,019” x 0,025” e anéis elastoméricos. Os grupos foram divididos de acordo com o
tratamento de superfície: G1 (Máxima Proteção Anticáries®); G2 (Total 12®); G3 (Sensitive®); G4 (Branqueador®);
Controle Positivo (saliva artificial) e Controle Negativo (sem tratamento). Foram realizados 28 ciclos de escovação e
avaliações antes (T0) e após (T1) o experimento.

Resultados: o teste de Wilcoxon indicou não existir diferença nas concentrações iônicas de titânio (Ti), cromo (Cr),
ferro (Fe) e níquel (Ni) entre os grupos. O grupo G2 apresentou redução significativa (p < 0,05) na concentração do íon
alumínio (Al) e os grupos G3 e G4 apresentaram aumento significativo (p < 0,05) nas concentrações do íon alumínio.
A análise em MEV mostrou aumento nas características indicativas de corrosão dos grupos G2, G3 e G4.

Conclusão: a análise por EDS revelou que os grupos controle e G1 não sofreram alterações na composição química.
O grupo G2 apresentou degradação na quantidade de íons Al, e G3 e G4 sofreram aumento na concentração de Al. A
imersão em saliva artificial e o dentifrício Máxima Proteção Anticáries® não alteraram o polimento de superfície. Os
dentifrícios Total 12®, Sensitive® e Branqueador® alteraram o polimento de superfície.

Palavras-chave: Braquetes ortodônticos. Corrosão. Microscopia eletrônica de varredura.

Como citar este artigo: Brandão GAM, Simas RM, Almeida LM, Silva JM,
1
Professor Adjunto da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará.
Meneghim MC, Pereira AC, Almeida HA, Brandão AMM. Evaluation of ionic
2
Cirurgião-dentista pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará.
degradation and slot corrosion of metallic brackets by the action of different den-
3
Estudante de doutorado no Programa de Pós-graduação em Clínica
tifrices. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):86-93.
Odontológica, área de Endodontia, FOP-Unicamp.
4
Professor do Programa de Pós-graduação em Odontologia, FOP-Unicamp.
Enviado em: 25 de fevereiro de 2010 - Revisado e aceito: 22 de outubro de 2010
5
Professor da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da
Universidade Federal do Pará.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade
ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias
Endereço para correspondência: Gustavo Antônio Martins Brandão
descritos nesse artigo.
E-mail: gb_net@hotmail.com

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 86 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):86-93
artigo inédito Avaliação da degradação iônica e corrosão do slot de braquetes metálicos pela ação de diferentes dentifrícios

podem induzir alterações imprevisíveis na composição CONCLUSÃO


iônica superficial de braquetes ortodônticos metálicos. De acordo com os fatores avaliados nessa pesqui-
A escassez de estudos impede a comparação dos resulta- sa e a metodologia empregada, os resultados obtidos
dos encontrados, entretanto, indica que novas pesquisas permitem concluir que:
devem ser conduzidas para melhor identificação das al- a) A análise da composição química por Espectros-
terações estruturais a que estão suscetíveis os braquetes copia de Energia Dispersiva (EDS) revelou que o
ortodônticos no interior da cavidade bucal. grupo controle (imerso em saliva artificial) e o G1
Essas alterações podem ser de grande prejuízo para a (Máxima Proteção Anticáries®) não apresentaram
mecânica ortodôntica, visto que podem ter interferência alterações na composição química dos braquetes
negativa no atrito durante a mecânica de fricção. Os gru- após o delineamento experimental. O G2 (Colgate
pos G2, G3 e G4 apresentaram aumento nas características Total 12 Clean Mint®) apresentou degradação na
qualitativas indicativas de corrosão, o que merece atenção, quantidade de íons Al, enquanto o G3 (Sensitive
visto que, quanto menor o polimento das superfícies, mais Multi Proteção®) e o G4 (Colgate Ultra Branque-
difícil será a mecânica de deslizamento15,19, podendo trazer ador®) apresentaram aumento na concentração de
prejuízos ao tratamento ortodôntico. íons Al na superfície dos braquetes.
Schiff et al.26 sugerem que os bochechos devem ser b) A análise qualitativa com microscopia eletrônica
prescritos de acordo com os materiais ortodônticos usados, de varredura (MEV) revelou que a imersão em
por causa das alterações estruturais que podem ser induzi- saliva artificial e a escovação utilizando o den-
das. Esse fato é corroborado no presente trabalho, devido tifrício Máxima Proteção Anticáries® não alte-
às alterações na composição superficial e nas características raram o polimento de superfície dos braquetes
de superfície dos braquetes metálicos avaliados tanto quan- metálicos, enquanto o mesmo procedimento
titativamente (EDS) quanto qualitativamente (EDS). realizado com os dentifrícios Total 12 Clean
Com base nos resultados desse trabalho, pode-se sugerir Mint®, Sensitive Multi Proteção® e Ultra Bran-
que novos estudos sejam conduzidos, em situações clínicas queador® foi capaz de alterar o polimento de
de relevância, para melhor compreensão dos fatores que po- superfície, aumentando o número de caracterís-
dem induzir alterações na composição química e corrosão ticas indicativas de corrosão.
de dispositivos ortodônticos e identificar como esses fatores
podem causar prejuízos à mecânica ortodôntica.

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 92 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):86-93
Brandão GAM, Simas RM, Almeida LM, Silva JM, Meneghim MC, Pereira AC, Almeida HA, Brandão AMM artigo inédito

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© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 93 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):86-93
artigo inédito

Influência da anquilose intencional de caninos decíduos


como reforço de ancoragem à tração reversa da maxila
Luís Fernando Castaldi Tocci1, Omar Gabriel da Silva Filho2, Acácio Fuziy3, José Roberto Pereira Lauris4

Introdução: nesse estudo cefalométrico retrospectivo, analisou-se a influência da anquilose intencional de caninos
decíduos em pacientes com má oclusão de Classe III e mordida cruzada anterior, nos estágios de dentição decídua e
mista precoce, tratados com expansão ortopédica da maxila, seguida de tração reversa.

Métodos: foram utilizadas telerradiografias em norma lateral de 40 pacientes, divididos em 2 grupos pareados por
idade e sexo. O Grupo Anquilose foi constituído de 20 pacientes (10 meninos e 10 meninas) tratados com anquilose
induzida e que apresentavam as idades médias inicial e final, respectivamente, de 7a 4m e 8a 3m, e o tempo médio de
tração reversa de 11 meses. O Grupo Controle, composto de 20 pacientes (10 meninos e 10 meninas) tratados sem
anquilose induzida e que apresentavam as idades médias inicial de 7a 8m e final de 8a 7m, e tempo médio de tração
reversa de 11 meses. Foram empregadas as análises de Variância a dois critérios e de Covariância para comparar as va-
riáveis cefalométricas inicial e final e as alterações de tratamento entre os grupos.

Resultados: segundo os resultados, as variáveis que evidenciaram as mudanças de tratamento significativas entre os
grupos confirmaram que o procedimento de anquilose intencional potencializou a resposta sagital das bases apicais
(Pg-NPerp) e aumentou os ângulos de convexidade facial (NAP e ANB).

Conclusão: o protocolo envolvendo a anquilose intencional de caninos decíduos potencializou a resposta sagital das
bases apicais.

Palavras-chave: Má oclusão. Classe III de Angle. Mordida cruzada. Ortodontia interceptora.

Como citar este artigo: Tocci LFC, Silva Filho OG, Fuziy A, Lauris JRP. In-
1
Mestre em Ortodontia, UNIMAR. fluence of intentional ankylosis of deciduous canines to reinforce the anchorage of
2
Mestre em Ortodontia, UNESP. maxillary protraction. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):94-102.
3
Pós-Doutor em Odontologia, FOB-USP.
4
Livre Docente, USP. Doutor em Distúrbios da Comunicação Humana, USP. Enviado em: 18 de abril de 2010 - Revisado e aceito: 30 de junho 2011

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade


ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias
descritos nesse artigo.

Endereço para correspondência: Luís Fernando Castaldi Tocci


Rua Carneiro Lobo, 570 – Conj. 1003 – Batel - Curitiba/PR
CEP 80240.240 - E-mail: clinica@tocciortodontia.com.br

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 94 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):94-102
artigo inédito Influência da anquilose intencional de caninos decíduos como reforço de ancoragem à tração reversa da maxila

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© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 102 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):94-102
artigo inédito

Necessidade de tratamento ortodôntico


em escolares brasileiros: um estudo utilizando
o índice de estética dentária
Anderson Barbosa de Almeida1, Isabel Cristina Gonçalves Leite2

Objetivo: determinar a necessidade normativa de tratamento ortodôntico em escolares brasileiros de 12 anos de idade,
no município de Juiz de Fora, Minas Gerais, e compará-la à necessidade percebida pelos responsáveis e crianças da
amostra, avaliando potenciais fatores sociodemográficos associados.

Métodos: quatrocentos e cinquenta e uma crianças, sem história de tratamento ortodôntico, foram selecionadas,
aleatoriamente, de uma população de 7.993 escolares matriculados na rede de ensino pública e particular da cidade de
Juiz de Fora.

Resultados: a prevalência da necessidade normativa de tratamento ortodôntico em crianças de 12 anos de idade,


utilizando o Índice de Estética Dentária (DAI), foi de 65,6% (n = 155). A percepção da necessidade pelos responsáveis
foi de 85,6% e pelas crianças foi de 83,8%. No entanto, somente a percepção dos responsáveis teve uma correlação
significativa com a necessidade normativa (p = 0,023).

Conclusões: existe uma alta prevalência (65,6%) de má oclusão com necessidade de tratamento ortodôntico em es-
colares brasileiros de 12 anos de idade. As más oclusões mais prevalentes no estudo foram apinhamento, relação molar
de Classe II e sobressaliência maxilar. Não houve uma correlação significativa entre a percepção da estética dentária
por meio do IOTN-AC (Index of Orthodontic Treatment Need) e a necessidade de tratamento normativo avaliada
por meio do DAI.

Palavras-chave: Má oclusão. Prevalência. Necessidades e demandas de serviços de saúde.

Como citar este artigo: Almeida AB, Leite ICG. Orthodontic treatment need
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade in Brazilian schoolchildren: A study using the dental aesthetic index. Dental Press
ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):103-9.
companhias descritos nesse artigo.
Enviado em: 01 de junho de 2010 - Revisado e aceito: 30 de junho de 2011
1
Mestre em Saúde Coletiva, UFJF.
2
Doutora em Saúde Pública, Escola Nacional de Saúde Pública. Endereço para correspondência: Anderson Barbosa de Almeida
Av. Barão do Rio Branco, 2555/601 – Centro
CEP: 36010-011 – Juiz de Fora/MG
E-mail: anderalmeida@oi.com.br

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 103 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):103-9
Almeida AB, Leite ICG artigo inédito

CONCLUSÃO » A percepção da necessidade relatada pelos res-


A partir dos dados obtidos e da discussão apresentada, ponsáveis apresentou associação significativa com
pode-se concluir que: a necessidade normativa de tratamento, quando
» Existe uma alta prevalência (65,6%) de má oclusão ajustadas pela escolaridade dos pais e pelo nível
com necessidade de tratamento ortodôntico em econômico (p = 0,023).
escolares de 12 anos de idade na cidade de Juiz de » Não houve diferenças significativas para as variá-
Fora, Minas Gerais. veis sexo, cor da pele, escolaridade dos responsá-
» O apinhamento em um ou dois segmentos, a rela- veis e tipo de escola.
ção molar de Classe II e a sobressaliência maxilar » A percepção da estética dentária por meio do
horizontal (overjet acentuado) foram as más oclu- IOTN-AC foi significativamente menor que a
sões mais prevalentes no estudo. necessidade de tratamento normativa avaliada
» A percepção da necessidade de tratamento orto- por meio do Índice de Estética Dentária – DAI
dôntico pelos escolares e responsáveis foi significa- (p < 0,001). No entanto, as duas foram fortemente
tivamente maior (p < 0,001) que aquela atribuída associadas estatisticamente (p = 0,002; OR = 2,8;
por critérios normativos. IC = 1,3-5,7).

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© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 109 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):103-9
artigo inédito

Fatores de predisposição à reabsorção radicular externa


severa associados ao tratamento ortodôntico
Gracemia Vasconcelos Picanço1, Karina Maria Salvatore de Freitas2, Rodrigo Hermont Cançado3,
Fabricio Pinelli Valarelli4, Paulo Roberto Barroso Picanço5, Camila Pontes Feijão6

Objetivo: avaliar os fatores comuns aos pacientes que desenvolveram reabsorção radicular externa moderada ou severa
(graus 3 e 4 de Malmgren) nos incisivos superiores, durante o tratamento ortodôntico fixo na dentição permanente.

Métodos: foram selecionados 99 pacientes que iniciaram o tratamento ortodôntico fixo com a técnica Edgewise. Os
pacientes foram divididos em dois grupos: G1 – 50 pacientes que concluíram o tratamento com ausência de reabsor-
ções radiculares ou apresentando apenas irregularidades apicais (graus 0 e 1 de Malmgren), com idade média inicial de
16,79 anos e tempo de tratamento médio de 3,21 anos; G2 – 49 pacientes que finalizaram o tratamento apresentando
reabsorção radicular moderada ou severa (graus 3 e 4 de Malmgren) nos incisivos superiores, com idade média inicial
de 19,92 anos e tempo de tratamento médio de 3,98 anos. As radiografias periapicais e telerradiografias foram avaliadas,
além de diversos fatores que pudessem influenciar a ocorrência de uma reabsorção severa. A análise estatística incluiu
o testes qui-quadrado, teste exato de Fisher e teste t independente.

Resultados: foi demonstrada a presença de diferença significativa entre os grupos para as variáveis realização de ex-
trações, grau de reabsorção radicular inicial, comprimento radicular, proporção coroa/raiz e da espessura da cortical
óssea alveolar.

Conclusão: pode-se concluir que são fatores de risco para reabsorção radicular severa nos incisivos superiores, durante
o tratamento ortodôntico, a presença de reabsorção radicular antes do início do tratamento, a realização de extrações,
o comprimento radicular reduzido, a proporção coroa/raiz diminuída e a espessura óssea alveolar fina.

Palavras-chave: Reabsorção radicular. Movimentação dentária. Ortodontia.

Como citar este artigo: Picanço GV, Freitas KMS, Cançado RH, Valarelli FP,
1
Mestre em Ortodontia, UNINGÁ. Picanço PRB, Feijão CP. Predisposing factors to severe external root resorption
2
Pós-Doutora em Ortodontia, University of Toronto. associated with orthodontic treatment. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;
3
Doutor em Ortodontia, FOB-USP. 18(1):110-20.
4
Doutor em Ortodontia, USP.
5
Mestre em Ortodontia, UNINGÁ. Enviado em: 04 de junho de 2010 - Revisado e aceito: 03 de maio de 2011
6
Especialista em Ortodontia, UVA-CE.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade
ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias
descritos nesse artigo.

Endereço para correspondência: Karina Maria Salvatore de Freitas


Rua Jamil Gebara, 1-25 – Apto 111
CEP: 17017-150 – Bauru/SP – E-mail: kmsf@uol.com.br

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 110 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):110-20
artigo inédito Fatores de predisposição à reabsorção radicular externa severa associados ao tratamento ortodôntico

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© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 120 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):110-20
artigo inédito

Avaliação do atrito gerado por braquetes cerâmicos


mono e policristalinos em mecânica de deslizamento
Roberta Ferreira Pimentel1, Roberto Sotto Maior Fortes de Oliveira2, Maria das Graças Afonso Miranda Chaves3,
Carlos Nelson Elias4, Marco Abdo Gravina5

Objetivo: avaliar e comparar in vitro as cargas máximas de atrito geradas por três tipos de braquetes estéticos, sendo
dois deles cerâmicos policristalinos convencionais (20/40 e InVu) e um monocristalino de safira (Radiance), em am-
bientes seco e umedecido por saliva artificial. Também avaliar a influência exercida pela saliva artificial sobre as cargas
de atrito dos referidos braquetes.

Métodos: os ensaios foram realizados em ambiente seco e em ambiente umedecido com saliva artificial em gel (Oral
Balance), utilizando uma máquina de ensaios mecânicos (EMIC, modelo DL10000), simulando um deslizamento de
2mm de fios retangulares 0,019” x 0,025” de aço sobre os braquetes (n = 18, para cada braquete), pré-angulados e pré-
-torqueados (canino superior direito prescrição Roth, slot 0,022” x 0,030”). Para comparação entre os braquetes, em
ambiente seco ou umedecido, utilizou-se a análise de variância; e para a comparação dos braquetes em ambiente seco
e umedecido, utilizou-se o teste t para amostras independentes.

Resultados: os resultados obtidos indicaram que, na ausência de saliva, os braquetes monocristalinos Radiance de-
monstraram o maior coeficiente de atrito, seguidos pelos braquetes policristalinos 20/40 e InVu. Nos ensaios realizados
em ambiente umedecido, os braquetes Radiance e 20/40 apresentaram coeficientes de atrito estatisticamente seme-
lhantes, e superiores ao apresentado pelos braquetes InVu. A saliva artificial não promoveu alterações na força máxima
de atrito para os braquetes Radiance; todavia, para os demais (20/40 e InVu), promoveu aumento significativo nos
coeficientes de atrito.

Conclusão: os braquetes InVu apresentaram, tanto nos ensaios realizados na ausência, quanto na presença de saliva, os
menores coeficientes de atrito, entre os braquetes ensaiados.

Palavras-chave: Fricção. Braquetes ortodônticos. In vitro. Materiais biomédicos e odontológicos. Biomecânica.

Como citar este artigo: Pimentel RF, Oliveira RSMF, Chaves MGAM, Elias
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de CN, Gravina MA. Evaluation of the friction force generated by mono and po-
propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos licristalyne ceramic brackets in sliding mechanics. Dental Press J Orthod. 2013
produtos e companhias descritos nesse artigo. Jan-Feb; 18(1):121-7.

1
Mestranda em Clínica Odontológica, UFJF.
2
Professor Adjunto de Ortodontia, UFJF. Enviado em: 21 de agosto de 2010 - Revisado e aceito: 17 de janeiro de 2012
3
Professora Adjunta, Disciplina de Patologia, UFJF.
4
Professor Adjunto, Disciplina de Biomateriais, UFF.
5
Professor Adjunto de Ortodontia, UFJF. Endereço para correspondência: Marco Abdo Gravina
Av. Barão do Rio Branco, 2595 – Salas 1203 e 1204 – Centro
CEP: 36010-011 – Juiz de Fora/MG
E-mail: marcoabdogravina@yahoo.com.br

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 121 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):121-7
Pimentel RF, Oliveira RSMF, Chaves MGAM, Elias CN, Gravina MA artigo inédito

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© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 127 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):121-7
artigo inédito

Comparação da análise de espaço realizada


em modelos de gesso e digitais utilizando
a equação de Tanaka e Johnston
Júlia Olien Sanches1, Lourdes Aparecida Martins dos Santos-Pinto2,
Ary dos Santos-Pinto3, Betina Grehs1, Fabiano Jeremias4

Objetivo: comparar medidas de tamanhos dentários, suas reprodutibilidades e a aplicação da equação de regressão de
Tanaka e Johnston na predição do tamanho dos caninos e pré-molares em modelos de gesso e digital.

Métodos: trinta modelos de gesso foram escaneados para obtenção dos modelos digitais. As medidas do comprimento
mesiodistal dos dentes foram obtidas com paquímetro digital nos modelos de gesso e nos modelos digitais utilizando
o software O3d (Widialabs). A somatória do tamanho dos incisivos inferiores foi utilizada para obter os valores de
predição do tamanho dos pré-molares e caninos utilizando equação de regressão, e esses valores foram comparados ao
tamanho real dos dentes. Os dados foram analisados estatisticamente, aplicando-se aos resultados o teste de correlação
de Pearson, a fórmula de Dahlberg, o teste t pareado e a análise de variância (p < 0,05).

Resultados: excelente concordância intraexaminador foi observada nas medidas realizadas em ambos os modelos.
O erro aleatório não esteve presente nas medidas obtidas com paquímetro, e o erro sistemático foi mais frequente no
modelo digital. A previsão de espaço obtida pela aplicação da equação de regressão foi maior que a somatória dos pré-
-molares e caninos presentes nos modelos de gesso e nos modelos digitais.

Conclusão: apesar da boa reprodutibilidade das medidas realizadas em ambos os modelos, a maioria das medidas dos
modelos digitais foram superiores às do modelos de gesso. O espaço previsto foi superestimado em ambos os modelos
e significativamente maior nos modelos digitais.

Palavras-chave: Imagem Tridimensional. Modelos dentários. Reprodutibilidade dos testes.

Como citar este artigo: Sanches JO, Santos-Pinto LAM, Santos-Pinto A, Grehs
1
Mestrandas em Odontologia, FORP-USP. B, Jeremias F. Comparison of space analysis in plaster dental casts and digital mo-
2
Professora Titular, Departamento de Clínica Infantil, FOAR-UNESP. dels applying Tanaka and Johnston’s equation. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-
3
Livre Docente e Professor Adjunto, Departamento de Clínica Infantil, -Feb;18(1):128-33.
FOAR-UNESP.
4
Doutorando em Odontopediatria, UNESP. Enviado em: 28 de setembro de 2010 - Revisado e aceito: 08 de novembro de 2011

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade


ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias
descritos nesse artigo.

Endereço para correspondência: Lourdes Aparecida Martins dos Santos-Pinto


Rua Humaitá, 1680 – Araraquara/SP
CEP: 14801-930 – Email: lspinto@foar.unesp.br

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 128 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):128-33
Sanches JO, Santos-Pinto LAM, Santos-Pinto A, Grehs B, Jeremias F artigo inédito

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© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 133 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):128-33
artigo inédito

Mini-implantes: recurso mecânico


para verticalização de molares
Susiane Allgayer1, Deborah Platcheck2, Ivana Ardenghi Vargas3, Raphael Carlos Drumond Loro4

Introdução: o tratamento ortodôntico precoce permite a correção das discrepâncias esqueléticas por meio do controle
de crescimento e a eliminação de hábitos deletérios, que são fatores de risco para o desenvolvimento de más oclusões,
que favorecem a correção do posicionamento dentário mais tardiamente, em uma segunda fase do tratamento. Durante
o desenvolvimento da dentição e da oclusão, normalmente o segundo molar inferior chega à cavidade bucal após todos os
dentes posicionados anteriormente a ele. Durante seu processo eruptivo, pode ocorrer uma condição chamada “impacção
dentária”, em que sua erupção completa é interrompida, exigindo tratamento apropriado para verticalização. Os dispo-
sitivos temporários de ancoragem permitem a desimpacção e a movimentação desses dentes diretamente às suas posições
finais, sem a necessidade de cooperação do paciente e sem movimento de reação nas outras unidades da arcada.

Objetivo: descrever o tratamento de um caso de má oclusão Classe II de Angle, realizado em duas fases, durante o
qual foram utilizados mini-implantes para verticalização dos segundos molares inferiores impactados.

Palavras-chave: Ortodontia corretiva. Procedimentos de ancoragem ortodôntica. Dente impactado.

Como citar este artigo: Allgayer S, Platcheck D, Vargas IA, Loro RCD. Mini-
1
Estudante de doutorado em Ortodontia, PUCRS. -implants: Mechanical resource for molars verticalization. Dental Press J Orthod.
2
Mestre em Ortodontia, UFRJ. Professora de Ortodontia dos cursos de 2013 Jan-Feb; 18(1):134-42.
Atualização e Especialização da ABO/RS.
3
Doutora em Odontologia e Professora de Ortodontia de Graduação e Pós- Enviado em: 16 de março de 2011 - Revisado e aceito: 31 de agosto de 2011.
Graduação, ULBRA.
4
Mestre em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial e Professor de » Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publi-
Graduação e Pós-graduação, PUCRS. cação de suas fotografias faciais e intrabucais.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade


ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias
descritos nesse artigo.

Endereço para correspondência: Susiane Allgayer


PUCRS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 06 – Sala 209
CEP: 90619-900 – Porto Alegre / RS
E-mail: susianeallgayer@gmail.com

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 134 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):134-42
artigo inédito Mini-implantes: recurso mecânico para verticalização de molares

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© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 142 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):134-42
Caso Clínico BBO

Tratamento cirúrgico da má oclusão


de Classe III dentária e esquelética
Ione Helena Vieira Portella Brunharo1

O preparo ortodôntico para tratamento cirúrgico do padrão esquelético de Classe III envolve o planejamento em con-
junto com o cirurgião bucomaxilofacial, com o objetivo de solucionar as necessidades funcionais e estéticas do paciente.
A fim de permitir a manipulação cirúrgica das bases ósseas, a obtenção de overjet negativo por meio da descompensação
dos incisivos, na fase pré-cirúrgica, leva, com frequência, o ortodontista a optar pela exodontia dos primeiros pré-molares
superiores. O presente relato ilustra um caso de preparo ortodôntico no qual, devido a fatores específicos inerentes à
questão psicológica da paciente, a retroinclinação dos incisivos superiores e vestibularização dos incisivos inferiores foi
realizada sem a remoção de elementos dentários. Esse caso foi apresentado à diretoria do Board Brasileiro de Ortodontia
e Ortopedia Facial (BBO) como parte dos requisitos para a obtenção do título de Diplomado pelo BBO.

Palavras-chave: Má oclusão de Classe III. Tratamento cirúrgico. Preparo orto-cirúrgico.

Introdução Diagnóstico
Paciente leucoderma, sexo feminino, com 17 O exame facial evidenciou um padrão braquicé-
anos e 7 meses de idade, apresentava insatisfação falo, apesar de uma altura mentoniana aumentada.
com sua estética facial e dentária, após realização A paciente apresentava leve desvio mandibular para
de um tratamento ortodôntico para camuflagem do a direita, perfil côncavo e ângulos nasolabial agudo
overjet negativo. A presença de um grande compro- e mentolabial obtuso. A análise do sorriso mostrou
metimento do terço facial inferior trazia à pacien- linha de sorriso baixa, com pequena exposição dos
te um profundo descontentamento com sua face. incisivos superiores e bom preenchimento dos cor-
A anamnese mostrou bom estado geral de saúde e, redores bucais (Fig. 1). Na avaliação extrabucal, foi
no histórico familiar, uma herança de prognatismo observado baixo risco de cárie e boas condições de
mandibular pelo lado paterno. saúde dos tecidos periodontais.

» A autora declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou fi-


Professora Visitante da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutora em
1
nanceiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descri-
Ortodontia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Diplomada pelo Board tos nesse artigo.
Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO).
» A paciente que ilustra o presente artigo autorizou previamente a publicação de suas
Como citar este artigo: Brunharo IHVP. Surgical treatment of dental and ske- fotografias faciais e intrabucais.
letal Class III malocclusion. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):143-9.
Endereço para correspondência: Ione Helena Vieira Portella Brunharo
Rua Almirante Tamandaré, 59 – Rio de Janeiro/RJ – CEP: 22.210-060
Email: ioneportella@yahoo.com.br

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 143 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):143-9
Brunharo IHVP caso clínico BBO

Tabela 1 - Resumo das medidas cefalométricas.

Medidas Normal A A1 B Dif. A/B


SNA (Steiner) 82° 80° 81,5° 80° 0
SNB (Steiner) 80° 88° 88° 81° 7
ANB (Steiner) 2° -8° -6,5° -1° 7
Ângulo de convexidade (Downs) 0° -17° -15° -6° 11
Padrão esquelético
Eixo Y (Downs) 59° 50° 55° 56° 6
Ângulo facial (Downs) 87° 97° 94° 92° 5
SN-GoGn (Steiner) 32° 28° 30,5° 35° 7
FMA (Tweed) 25° 18° 24° 27° 9
IMPA (Tweed) 90° 69° 72° 78° 9
1.NA (graus) (Steiner) 22° 34° 25,5° 30° 4
1-NA (mm) (Steiner) 4mm 7mm 5,5mm 6mm 1

Padrão dentário 1.NB (graus) (Steiner) 25° 4° 9° 15° 11


1-NB (mm) (Steiner) 4mm -1,5mm 0mm 3mm 4,5
1 –Ângulo interincisal
1 (Downs) 130° 150° 146° 135° 15

1–APo (mm) (Ricketts) 1mm 2mm 3mm 2mm 0


Lábio superior – Linha S (Steiner) 0mm -4mm -5,5mm -1,5mm 2,5
Perfil
Lábio inferior – Linha S (Steiner) 0mm -2mm -2,5mm -1mm 1

Foi obtido bom relacionamento entre as arcadas, a estética não é satisfatória, o tratamento apenas orto-
com relação dos molares e dos caninos em chave de dôntico não é bem-sucedido5.
oclusão e níveis normais de sobremordida e sobres- No caso relatado, o tratamento foi realizado dentro
saliência. Os resultados proporcionaram equilíbrio das expectativas do planejamento. As questões sobre a
funcional e boas condições de saúde aos tecidos pe- estabilidade cirúrgica ficaram em aberto, uma vez que a
riodontais (Fig. 8-12). paciente não aceitou a proposta inicial de exodontia de
primeiros pré-molares superiores no preparo pré-cirúr-
Considerações Finais gico. Assim, houve bastante dificuldade para obtenção da
O tratamento ortodôntico-cirúrgico combinado sobressaliência negativa, apesar de o resultado facial esté-
da má oclusão de Classe III com comprometimento tico ter sido interessante. Por esse motivo, o caso requer
esquelético tem grande aceitação entre os pacientes supervisão constante durante a contenção4.
que buscam a correção do problema. A camuflagem A paciente e os responsáveis mostraram-se bastante
ortodôntica desse problema requer a avaliação de con- satisfeitos com o resultado final obtido, que melhorou
siderações no que tange à questão facial, pois, quando significativamente sua autoestima.

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contemporânea. Rio de Janeiro: Mosby; 2007. Cap. 7

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 149 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):143-9
tópico especial

Relação entre a disfunção temporomandibular e o


tratamento ortodôntico: revisão de literatura
Ronaldo Antônio Leite1, Joacir Ferreira Rodrigues2, Maurício Tatsuei Sakima3, Tatsuko Sakima4

Objetivo: revisar a literatura mais atual, dos últimos 15 anos, em busca de estudos clínicos que relatem a relação entre
a disfunção temporomandibular (DTM) e o tratamento ortodôntico e/ou a má oclusão. A intenção foi verificar se o
tratamento ortodôntico aumentaria o aparecimento de sinais e sintomas de DTM, e se o tratamento ortodôntico seria
um recurso para o tratamento ou prevenção dos sinais e sintomas de DTM.

Métodos: artigos dos tipos revisão de literatura, editorial, carta, estudo experimental em animais e comunicação fo-
ram excluídos dessa revisão. Foram incluídos artigos prospectivos, longitudinais, caso-controle ou retrospectivo com
amostra maior, com relevante análise estatística. Estudos que abordassem deformidades e síndromes craniofaciais e
tratamento por cirurgia ortognática também foram excluídos, bem como aqueles que relatassem apenas a associação
entre má oclusão e DTM.

Resultados: foram encontrados 20 artigos relacionando Ortodontia à DTM, segundo os critérios adotados. Os es-
tudos, então, associando sinais e sintomas de DTM ao tratamento ortodôntico apresentaram resultados heterogêneos.
Alguns encontraram efeitos positivos do tratamento ortodôntico para os sinais e sintomas de DTM; entretanto, ne-
nhum deles apresentou diferença estatisticamente significativa.

Conclusões: todos os estudos citados nessa revisão de literatura relataram que o tratamento ortodôntico não forneceu
risco ao desenvolvimento de sinais e sintomas de DTM, independentemente da técnica utilizada para tratamento, da
exodontia ou não de pré-molares e do tipo de má oclusão previamente apresentada pelo paciente. Alguns estudos rea-
lizados com acompanhamento em longo prazo concluíram que o tratamento ortodôntico não seria preventivo ou uma
modalidade de tratamento para DTM.

Palavras-chave: Ortodontia. Transtornos da articulação temporomandibular. Oclusão dentária.

1
Doutor Otorrinolaringologia, UNIFESP. Mestre em Odontologia, USP. Como citar este artigo: Leite RA, Rodrigues JF, Sakima MT, Sakima T. Rela-
Professor de Diagnóstico Integrado, Universidade de Franca. tionship between temporomandibular disorders and orthodontic treatment: Lite-
rature revision. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):150-7.
2
Mestre em Ortodontia, São Leopoldo Mandic. Professor de Ortodontia,
Universidade de Franca. Enviado em: 24 de março de 2009 - Revisado e aceito: 20 de outubro de 2010

3
Pós-Doutor, University of Aarhus Royal Dental College. Professor » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade
Assistente, disciplina de Clínica Infantil, FOAr/UNESP. ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias
descritos nesse artigo.
4
Livre-Docente, FOAr/UNESP. Professor, curso de Especialização em
Ortodontia, Universidade de Franca, APCD e Centro de Pesquisas Endereço para correspondência: Ronaldo Antônio Leite
Odontológicas São Leopoldo Mandic. Rua Francisco Marques, 698 – Sala 2 – Vila Nova – Franca/SP
CEP: 14405-342 – E-mail: dr.ronaldoleite@gmail.com

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 150 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):150-7
Leite RA, Rodrigues JF, Sakima MT, Sakima T tópico especial

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Orthod Dentofacial Orthop. 1992;101(1):28-32. Gaúcha Odontol. 1994;42:23-8.
15. Wadhwa L, Utreja A, Tewari A. A study of clinical signs and symptoms of 31. Dworkin SF, Le Resche L. Research diagnostic criteria for temporomandibular
temporomandibular dysfunction in subjects normal occlusion, untreated, and disorders. J Craniomandib Disord. 1992;6(4):301-55.
treated malocclusions. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1993;103(1):54-61. 32. Pedroni CR, Oliveira AS, Guaratini MI. Prevalence study of signs and symptoms
16. O Reilly M, Rinchuse DJ, Close J. Class II elastics and extractions and of temporomandibular disorders in university students. J Oral Rehabil.
temporomandibular disorders: a longitudinal prospective study. Am J Orthod 2003;30:283-9.
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17. Beattie JR, Paquette DE, Johnston LE. The functional impact of extraction and investigation of etiologic factors. Crit Rev Oral Biol Med. 1997;8(3):291-305.
nonextraction treatments: a long-term comparison in patients with borderline,
equally susceptible Class II malocclusions. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
1994;105:444-9.

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 157 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):150-7
Normas de apresentação de originais

— O Dental Press Journal of Orthodontics publica artigos 1. Autores


de investigação científica, revisões significativas, relatos de — o número de autores é ilimitado; entretanto, artigos com
casos clínicos e de técnicas, comunicações breves e outros mais de 4 autores deverão informar a participação de cada
materiais relacionados à Ortodontia e Ortopedia Facial. autor na execução do trabalho.

— O Dental Press Journal of Orthodontics utiliza o Sistema 2. Página de título


de Gestão de Publicação, um sistema on-line de submis- — deve conter título em português e em inglês, resumo e
são e avaliação de trabalhos. Para submeter novos trabalhos abstract, palavras-chave e keywords.
visite o site: — não devem ser incluídas informações relativas à identifica-
www.dentalpressjournals.com.br ção dos autores (por exemplo: nomes completos dos auto-
res, títulos acadêmicos, afiliações institucionais e/ou car-
— Outros tipos de correspondência poderão ser enviados gos administrativos). Elas deverão ser incluídas apenas nos
para: campos específicos no site de submissão de artigos. Assim,
Dental Press International essas informações não estarão disponíveis para os revisores.
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CEP 87.015-001 — Maringá/PR 3. Resumo/Abstract
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— os resumos estruturados devem conter as seções: INTRO-
— As declarações e opiniões expressas pelo(s) autor(es) não DUÇÃO, com a proposição do estudo; MÉTODOS, des-
necessariamente correspondem às do(s) editor(es) ou publi- crevendo como o mesmo foi realizado; RESULTADOS,
sher, os quais não assumirão qualquer responsabilidade pelas descrevendo os resultados primários; e CONCLUSÕES,
mesmas. Nem o(s) editor(es) nem o publisher garantem ou relatando, além das conclusões do estudo, as implicações
endossam qualquer produto ou serviço anunciado nessa pu- clínicas dos resultados.
blicação ou alegação feita por seus respectivos fabricantes. — os resumos devem ser acompanhados de 3 a 5 palavras-
Cada leitor deve determinar se deve agir conforme as infor- -chave, também em português e em inglês, adequadas
mações contidas nessa publicação. A Revista ou as empresas conforme orientações do DeCS (http://decs.bvs.br/) e do
patrocinadoras não serão responsáveis por qualquer dano MeSH (www.nlm.nih.gov/mesh).
advindo da publicação de informações errôneas.
4. Texto
— Os trabalhos apresentados devem ser inéditos e não publi- — o texto deve ser organizado nas seguintes seções: Introdu-
cados ou submetidos para publicação em outra revista. Os ção, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclu-
manuscritos serão analisados pelo editor e consultores, e sões, Referências, e Legendas das figuras.
estão sujeitos a revisão editorial. Os autores devem seguir — os textos devem ter no máximo 3.500 palavras, incluindo
as orientações descritas adiante. legendas das figuras e das tabelas (sem contar os dados das
tabelas), resumo, abstract e referências.
— as figuras devem ser enviadas em arquivos separados (leia
ORIENTAÇÕES PARA SUBMISSÃO mais abaixo).
Dos MANUSCRITOS — insira as legendas das figuras também no corpo do texto,
para orientar a montagem final do artigo.
— Os trabalhos devem, preferencialmente, ser escritos em
língua inglesa. 5. Figuras
— as imagens digitais devem ser no formato JPG ou TIF, em
— Apesar de ser oficialmente publicado em inglês, o Dental CMYK ou tons de cinza, com pelo menos 7 cm de largura
Press Journal of Orthodontics conta ainda com uma ver- e 300 DPIs de resolução.
são em língua portuguesa. Por isso serão aceitas, também, — as imagens devem ser enviadas em arquivos independentes.
submissões de artigos em português. — se uma figura já foi publicada anteriormente, sua legenda
deve dar todo o crédito à fonte original.
— Nesse caso, os autores deverão também enviar a versão — todas as figuras devem ser citadas no texto.
em inglês do artigo, com qualidade vernacular adequada e
conteúdo idêntico ao da versão em português, para que o 6. Gráficos e traçados cefalométricos
trabalho possa ser considerado aprovado. — devem ser citados, no texto, como figuras.
— devem ser enviados os arquivos que contêm as versões ori-
ginais dos gráficos e traçados, nos programas que foram
formatação Dos MANUSCRITOS utilizados para sua confecção.
— não é recomendado o envio dos mesmos apenas em for-
— Submeta os artigos através do site: mato de imagem bitmap (não editável).
www.dentalpressjournals.com.br — os desenhos enviados podem ser melhorados ou redesenha-
— Organize sua apresentação como descrito a seguir: dos pela produção da revista, a critério do Corpo Editorial.

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Normas de apresentação de originais

7. Tabelas — as referências devem ser identificadas no texto por núme-


— as tabelas devem ser autoexplicativas e devem complemen- ros arábicos sobrescritos e numeradas na ordem em que
tar, e não duplicar, o texto. são citadas.
— devem ser numeradas com algarismos arábicos, na ordem — as abreviações dos títulos dos periódicos devem ser norma-
em que são mencionadas no texto. lizadas de acordo com as publicações “Index Medicus” e
— forneça um breve título para cada tabela. “Index to Dental Literature”.
— se uma tabela tiver sido publicada anteriormente, inclua — a exatidão das referências é responsabilidade dos autores
uma nota de rodapé dando crédito à fonte original. e elas devem conter todos os dados necessários para sua
— apresente as tabelas como arquivo de texto (Word ou Ex- identificação.
cel, por exemplo), e não como elemento gráfico (imagem — as referências devem ser apresentadas no final do texto
não editável). obedecendo às Normas Vancouver (http://www.nlm.nih.
gov/bsd/uniform_requirements.html).
8. Comitês de Ética — utilize os exemplos a seguir:
— os artigos devem, se aplicável, fazer referência ao parecer
do Comitê de Ética da instituição.
Artigos com até seis autores
9. Declarações exigidas Sterrett JD, Oliver T, Robinson F, Fortson W, Knaak
Todos os manuscritos devem ser acompanhados das se- B, Russell CM. Width/length ratios of normal clinical
guintes declarações, a serem preenchidas no momento da crowns of the maxillary anterior dentition in man.
submissão do artigo: J Clin Periodontol. 1999 Mar;26(3):153-7.
— Cessão de Direitos Autorais
Transferindo os direitos autorais do manuscrito para a Artigos com mais de seis autores
Dental Press, caso o trabalho seja publicado. De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin
— Conflito de Interesse A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of
Caso exista qualquer tipo de interesse dos autores para the durability of adhesion to tooth tissue: methods and
com o objeto de pesquisa do trabalho, esse deve ser expli- results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-32.
citado.
— Proteção aos Direitos Humanos e de Animais Capítulo de livro
Caso se aplique, informar o cumprimento das recomen- Kina S. Preparos dentários com finalidade protética.
dações dos organismos internacionais de proteção e da In: Kina S, Brugnera A. Invisível: restaurações esté-
Declaração de Helsinki, acatando os padrões éticos do ticas cerâmicas. Maringá: Dental Press; 2007. cap. 6,
comitê responsável por experimentação humana/animal. p. 223-301.
— Permissão para uso de imagens protegidas por direitos
autorais Capítulo de livro com editor
Ilustrações ou tabelas originais, ou modificadas, de ma- Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy.
terial com direitos autorais devem vir acompanhadas da 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY):
permissão de uso pelos proprietários desses direitos e pelo March of Dimes Education Services; 2001.
autor original (e a legenda deve dar corretamente o crédito
à fonte). Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso
— Consentimento Informado Beltrami LER. Braquetes com sulcos retentivos na base,
Os pacientes têm direito à privacidade que não deve ser colados clinicamente e removidos em laboratórios por
violada sem um consentimento informado. Fotografias de testes de tração, cisalhamento e torção [dissertação].
pessoas identificáveis devem vir acompanhadas por uma Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1990.
autorização assinada pela pessoa ou pelos pais ou responsá-
veis, no caso de menores de idade. Essas autorizações de- Formato eletrônico
vem ser guardadas indefinidamente pelo autor responsável Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas
pelo artigo. Deve ser enviada folha de rosto atestando o de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais
fato de que todas as autorizações dos pacientes foram obti- (DREF). Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006
das e estão em posse do autor correspondente. nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 2008 Jun 12]. Disponível
em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/a15v11n6.pdf.
10. Referências
— todos os artigos citados no texto devem constar na lista de
referências.
— todas as referências devem ser citadas no texto.
— para facilitar a leitura, as referências serão citadas no texto
apenas indicando a sua numeração.

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Comunicado aos Autores e Consultores - Registro de Ensaios Clínicos

1. O registro de ensaios clínicos au (Australian Clinical Trials Registry), www.clinicaltrials.


Os ensaios clínicos se encontram entre as melho- gov e http://isrctn.org (International Standard Randomised
res evidências para tomada de decisões clínicas. Con- Controlled Trial Number Register (ISRCTN). Os registros
sidera-se ensaio clínico todo projeto de pesquisa com nacionais estão sendo criados e, na medida do possível, os en-
pacientes que seja prospectivo, nos quais exista in- saios clínicos registrados nos mesmos serão direcionados para
tervenção clínica ou medicamentosa com objetivo de os recomendados pela OMS.
comparação de causa/efeito entre os grupos estudados A OMS propõe um conjunto mínimo de informações
e que, potencialmente, possa ter interferência sobre a que devem ser registradas sobre cada ensaio, como: nú-
saúde dos envolvidos. mero único de identificação, data de registro do ensaio,
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), identidades secundárias, fontes de financiamento e supor-
os ensaios clínicos controlados aleatórios e os ensaios te material, principal patrocinador, outros patrocinadores,
clínicos devem ser notificados e registrados antes de se- contato para dúvidas do público, contato para dúvidas
rem iniciados. científicas, título público do estudo, título científico, paí-
O registro desses ensaios tem sido proposto com o in- ses de recrutamento, problemas de saúde estudados, inter-
tuito de identificar todos os ensaios clínicos em execução venções, critérios de inclusão e exclusão, tipo de estudo,
e seus respectivos resultados, uma vez que nem todos são data de recrutamento do primeiro voluntário, tamanho
publicados em revistas científicas; preservar a saúde dos in- pretendido da amostra, status do recrutamento e medidas
divíduos que aderem ao estudo como pacientes; bem como de resultados primárias e secundárias.
impulsionar a comunicação e a cooperação de instituições Atualmente, a Rede de Colaboradores está organizada
de pesquisa entre si e com as parcelas da sociedade com inte- em três categorias:
resse em um assunto específico. Adicionalmente, o registro - Registros Primários: cumprem com os requisitos
permite reconhecer as lacunas no conhecimento existentes mínimos e contribuem para o Portal;
em diferentes áreas, observar tendências no campo dos estu- - Registros Parceiros: cumprem com os requisitos mí-
dos e identificar os especialistas nos assuntos. nimos, mas enviam os dados para o Portal somente
Reconhecendo a importância dessas iniciativas e para através de parceria com um dos Registros Primários;
que as revistas da América Latina e Caribe sigam recomen- - Registros Potenciais: em processo de validação
dações e padrões internacionais de qualidade, a BIREME pela Secretaria do Portal, ainda não contribuem
recomendou aos editores de revistas científicas da área da para o Portal.
saúde indexadas na Scientific Library Electronic Online
(SciELO) e na LILACS (Literatura Latino-americana e do 3. Posicionamento do Dental Press Journal of
Caribe de Informação em Ciências da Saúde) que tornem Orthodontics
públicas estas exigências e seu contexto. Assim como na O DENTAL PRESS JOURNAL OF ORTHO-
base MEDLINE, foram incluídos campos específicos na DONTICS apoia as políticas para registro de ensaios clí-
LILACS e SciELO para o número de registro de ensaios nicos da Organização Mundial da Saúde - OMS (http://
clínicos dos artigos publicados nas revistas da área da saúde. www.who.int/ictrp/en/) e do International Committee of
Ao mesmo tempo, o International Committee of Medi- Medical Journal Editors – ICMJE (http://www.wame.org/
cal Journal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores de revistas wamestmt.htm#trialreg e http://www.icmje.org/clin_tria-
científicas que exijam dos autores o número de registro no lup.htm), reconhecendo a importância dessas iniciativas
momento da submissão de trabalhos. O registro dos ensaios para o registro e divulgação internacional de informação
clínicos pode ser feito em um dos Registros de Ensaios Clí- sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, se-
nicos validados pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão guindo as orientações da BIREME/OPAS/OMS para a
disponíveis no site do ICMJE. Para que sejam validados, os indexação de periódicos na LILACS e SciELO, somente
Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um conjunto de serão aceitos para publicação os artigos de pesquisas clíni-
critérios estabelecidos pela OMS. cas que tenham recebido um número de identificação em
um dos Registros de Ensaios Clínicos, validados pelos cri-
2. Portal para divulgação e registro dos ensaios térios estabelecidos pela OMS e ICMJE, cujos endereços
A OMS, com objetivo de fornecer maior visibilida- estão disponíveis no site do ICMJE: http://www.icmje.
de aos Registros de Ensaios Clínicos validados, lançou o org/faq.pdf. O número de identificação deverá ser regis-
portal WHO Clinical Trial Search Portal (http://www. trado ao final do resumo.
who.int/ictrp/network/en/index.html), com interface que Consequentemente, recomendamos aos autores que
permite busca simultânea em diversas bases. A pesquisa, procedam o registro dos ensaios clínicos antes do início de
nesse portal, pode ser feita por palavras, pelo título dos en- sua execução.
saios clínicos ou pelo número de identificação. O resultado
mostra todos os ensaios existentes, em diferentes fases de
execução, com enlaces para a descrição completa no Re- Atenciosamente,
gistro Primário de Ensaios Clínicos correspondente.
A qualidade da informação disponível nesse portal é ga- David Normando, CD, MS, Dr
rantida pelos produtores dos Registros de Ensaios Clínicos Editor-chefe do Dental Press Journal of Orthodontics
que integram a rede recém-criada pela OMS: WHO Ne- ISSN 2176-9451
twork of Collaborating Clinical Trial Registers. Essa rede E-mail: davidnormando@hotmail.com
permitirá o intercâmbio entre os produtores dos Registros
de Ensaios Clínicos para a definição de boas práticas e con-
troles de qualidade. Os sites para que possam ser feitos os
registros primários de ensaios clínicos são: www.actr.org.

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics 160 Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):158-60

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