Cronologia Biblica
Cronologia Biblica
Cronologia Biblica
Introdução
A cronologia bíblica (e geral) não é uma ciência exata, pois trabalha com fragmentos de
registros históricos e com descobertas arqueológicas insuficientes para um calendário
geral. Mesmo que na medida em que o próprio tempo passa, aperfeiçoamos nossas
ferramentas e métodos de cálculos – a cronologia faz determinações aproximadas
baseadas em alguma referência histórica reconhecida. Em contrapartida o que seria de
nós sem o auxílio da cronologia, sem ela nosso passado estaria obscuro pela falta de
qualquer contagem ou referência eventual dos grandes fatos da humanidade. Sem
alguma cronologia - ao homem, situar-se no tempo seria impossível.
Anno Mundi
Anno Mundi ("no ano do mundo", em latim), abreviado como AM ou A.M., se refere a
uma forma de contagem dos dias (uma era de calendário) iniciando na criação bíblica do
mundo. É, portanto, uma forma utilizada pelos que crêem na Bíblia como uma narrativa
sagrada (judaísmo, cristianismo).
A cronologia judaica
Os anos no calendário judaico são contados a partir da criação. O sistema ainda em
uso hoje em dia foi adotado antes de AM 3925 (165 dC) e baseia seu cálculo no Seder
Olam Rabbah [1] do Rabino Jose ben Halafta em 160 dC. Pelos seus cálculos, Adão
teria sido criado no ano de 3760 aC .
Calendário Judaico
De acordo com James Ussher [2], o calendário usado pelos antigos hebreus, antes do
Êxodo era um calendário solar, baseado no calendário egípcio, com um ano composto
de doze meses de trinta dias, com cinco ou seis dias intercalares, para sincronizar o ano
com as estações. De acordo com a Bíblia Hebraica, ou Tanach, a contagem dos meses
a partir das fases da Lua deu-se a partir do Êxodo. O primeiro mês do calendário
religioso e o sétimo do calendário civil era Nissan (ou Abib). O calendário hebraico é
um calendário do tipo luni-solar cujos meses são baseados nos ciclos da Lua, enquanto
o ano é adaptado regularmente de acordo com o ciclo solar. Por isso ele é composto
alternadamente por anos de 12 ou 13 meses.
No calendário judaico atual, os meses são fixados por um cálculo complexo que leva
em conta mais uma série de fatores, como por exemplo, a determinação talmúdica de
que o primeiro dia do ano não pode cair nem num domingo, nem numa quarta-feira nem
numa sexta-feira - ou outras regras ligadas ao horário exato da lua nova. Para uma maior
flexibilidade no calendário, foi determinado que os meses de Cheshvan (segundo mês) e
de Kislev (terceiro mês) podem ter ou 29 ou 30 dias, de acordo com o ajuste necessário
para o começo do ano seguinte.
A cronologia romana
O calendário romano foi estabelecido por Rômulo à época da criação de Roma em 753
a.C. tinha 10 meses e totalizavam 304 dias; foi modificado por Numa Pompílio [4] que
o transformou para luni-solar, com doze meses totalizando 355 dias que para manter o
calendário alinhado com o ano solar se adicionava um mês extra, de dois em dois anos,
fazendo dos anos uma sequencia irregular de 355, 377, 355, 378 dias e que ainda
dependia de ajustes. A decisão de inserir o mês extra buscava manter o calendário em
sincronia com os eventos sazonais de translação da Terra, o que nem sempre era
preciso.
O calendário Juliano
Em 46 a.C., Júlio César, percebendo que as festas romanas em comemoração à estação
mais florida do ano, marcadas para março (que era o primeiro mês do ano), caíam em
pleno inverno, determinou que corrigisse o calendário. As modificações realizadas a
partir desses estudos modificaram radicalmente o calendário romano: dois meses,
Unodecembris e Duocembris foram adicionados ao final do ano de 46 a.C., deslocando
assim Januarius e Februarius para o início do ano de 45 a.C.. Os dias dos meses foram
fixados numa sequência de 31, 30, 31, 30... de Januarius a Decembris, à exceção de
Februarius, que ficou com 29 dias e que, a cada três anos, teria 30 dias.
Com estas mudanças, o calendário anual passou a ter doze meses que somavam
365 dias. O mês de Martius, que era o primeiro mês do ano, continuou sendo a
marcação do equinócio [5]. Foi abandonado o formato luni-solar do calendário romano
se fixando para um calendário predominantemente solar, se substituiu o mês intercalar
Mercedonius de 22 e 23 dias por apenas um dia chamado de dia extra que deveria ser
incluso após o 25º dia de Februarius, "ante die sextum kalenda martias", que, em
função da forma de contagem dos romanos acabou criando o conceito de ano bissexto,
de 366 dias que deveria ocorrer de três em três anos. Os anos bissextos definidos no
calendário juliano aproximavam o ano trópico por 365,25 dias, incorporando pequenos
erros no alinhamento das estações ao longo dos anos.
O ano da Confusão
Pela inclusão destes dois meses Unodecember e Duodecember e mais o mês intercalar
Mercedonius, este ano de 46 a.C. acabou ficando com uma aparente duração de 445 dias
uma vez que os romanos estavam acostumados a que o ano só findava ao término de
Februarius. Na realidade, os meses de Januarius e Februarius, que seriam os últimos
meses do ano de 46 a.C. com a inclusão destes dois meses a mais, passaram a ser os
primeiros meses do ano de 45 a.C. Pela confusão que ocorreu, este ano 46 a.C. foi
chamado pelos romanos de "Ano da Confusão", pois, no calendário anterior, os anos já
vinham com uma sequencia irregular de 355, 377, 355 e 378 dias.
As modificações de Augusto
Em 8 d.C. o calendário juliano foi modificado pelo imperador Augusto, que modificou a
regra de inclusão do dia extra, de três em três anos para quatro em quatro anos. As
mudanças incorporadas por ele não são muito lembradas na história, sendo que o
calendário com as alterações de Augusto são conhecidos com nome de calendário
juliano para a maioria dos efeitos. Ele modificou o mês Sextilis para Augustus, em
homenagem ao seu nome, Augusto.
Este calendário vigorou até a Idade Média aproxima o ano trópico por 365,25 dias,
importando em um dia de erro no alinhamento dos equinócios a cada 128 anos. Por esse
motivo foi modificado pelo Papa Gregório XIII, em 4 de outubro de 1582 quando
suprimiram-se 10 dias do calendário juliano e mudou-se a regra do ano bissexto
implementada por Augusto. Este novo calendário foi adotado por países onde a Igreja
Católica era predominante, entretanto, a Igreja Ortodoxa não aceitou seguir esta
mudança, optando pela permanência no calendário juliano o que explica hoje a
diferença de 13 dias entre estes dois calendários. No Brasil adotamos o calendário
Gregoriano.
Como os romanos datavam os eventos a partir da fundação de Roma (Ab Urbe Condita-
abreviado por A.U.C), Exíguo determinou a data de nascimento de Jesus neste
calendário. A partir de Lucas 3:1, se Jesus tinha trinta anos no décimo-quinto ano do
reinado de Tibério em Roma, e se Tibério sucedeu Augusto em 19 de agosto de 767
A.U.C., conclui-se que Jesus nasceu no ano 753 A.U.C. Porém, este fato está em
desacordo com Mateus 2:1, pois Jesus teria nascido antes da morte de Herodes, em 749
A.U.C.
A solução é que Tibério iniciou seu reinado como colega de Augusto, quatro anos antes
da morte deste. Assim, o décimo-quinto ano de Tibério, citado por Lucas, ocorreu
quatro anos antes do suposto por Exíguo. Para alguns cronologistas, é sugerida a data de
747 de Roma, porque nesse ano Júpiter e Saturno estiveram em conjunção na
constelação dos Peixes em Setembro e em Novembro e eles vêem neste fenômeno a
"estrela de Belém". Mas, para não perturbar a cronologia já estabelecida, foi mantida a
data inicialmente proposta, embora tivesse deixado de corresponder ao significado
inicial.
É importante notar que na era cristã os anos são referidos a uma escala sem zero, isto é,
a contagem inicia-se no ano 1 depois de Cristo, designando-se o ano anterior como ano
1 antes de Cristo. Por conseguinte, qualquer acontecimento ocorrido durante o primeiro
ano da era cristã, embora seja apenas de um dia ou de um mês, conta-se como tendo
ocorrido no ano 1 depois de Cristo. Por esta razão, o primeiro século, ou intervalo de
100 anos, da era cristã, terminou no dia 31 de Dezembro do ano 100 d. C., quando
haviam decorrido os primeiros 100 anos após o início da era. O século II começou no
dia 1 de Janeiro do ano 101 d. C. e assim sucessivamente. Consequentemente, o século
XXI começou no dia 1 de Janeiro do ano 2001 e terminará no dia 31 de Dezembro do
ano 2100.
Primeira Páscoa no
ministério de Jesus –
28 d.C.
Morte e ressurreição
de Jesus – 30 d.C.
40 d.C.
Cláudio – 41 a 54 d.C. Herodes Agripa I Início do ministério de Paulo – 41 d.C.
– 41 a 44 d.C. Morte de Tiago, filho de Zebedeu – 44 d.C.
Domiciano – 81 a 96
d.C.
Nerva – 96 a 98 d.C.
Trajano – 98 a 117
d.C.
O NOVO TESTAMENTO
EM ORDEM CRONOLÓGICA
Nº LIVRO DATA d.C Nº LIVRO DATA d.C
1 1 Tessalonicenses 51 15 Atos dos Apóstolos 64
2 2 Tessalonicenses 52 16 1 Timóteo 64
3 1 Coríntios 56 17 1 Pedro 64
4 2 Coríntios 57 18 Tito 65
5 Gálatas 57 19 Mateus 65
6 Romanos 58 20 2 Pedro 64-65
7 Marcos 59-60 21 2 Timóteo 67
8 Efésios 61 22 Judas 70
9 Tiago 61 23 João (Evangelho) 85
10 Filipenses 62 24 1 João 90
11 Colosenses 62 25 2 João 90
12 Filemon 62 26 3 João 90
13 Lucas 63 27 Apocalipse 96
14 Hebreus 63
CONCLUSÃO
O que propusemos por meio deste trabalho foi uma rasa introdução ao mundo da
Cronologia Bíblica, pois é uma matéria fascinante e ainda entocada em muitas partes,
aguardando por exploradores apaixonados e dedicados a cultura cristã.
Apêndice da matéria
[1] Seder Olam Rabá. é uma cronologia, em trinta capítulos, percorrendo os anos
desde Adão até a revolta de Bar Kokhba. O texto é completo até a época de Alexandre,
o Grande, sendo muito resumido a partir de então; acredita-se que o texto original era
mais completo, tendo sida perdida a parte final e recuperada por fragmentos. Acredita-
se que o objetivo do autor foi tentar definir um calendário, a partir da data da criação do
mundo; o texto é baseado na Bíblia, mas algumas datas são extraídas de fontes externas.
O autor do texto, possivelmente, era o talmudista Jose ben Halafta, porém há
controvérsias a este respeito.
[2] James Ussher. Foi Arcebispo de Armagh na Irlanda (1581-1656). Baseando-se na Bíblia,
escreveu o livro “The Annals of the World” i.e “Os anais do Mundo”. Neste livro, Ussher fez
uma cronologia da vida na Terra baseada em estudos bíblicos e de outras fontes, de tal
maneira concluiu que a criação do mundo ocorreu no dia 23 de outubro do ano 4004 antes de
Cristo (a. C.) pelo calendário juliano. Na época, a afirmação foi amplamente aceita.
[3] Nota do professor. Sugiro leitura dos conteúdos destes links para aprofundamento
na compreensão dos calendários e suas peculiaridades:
http://aquieuaprendi.blogspot.com.br/2014/04/calendario-judaico.html
http://www.mat.uc.pt/~helios/Mestre/H01orige.htm
[4] Numa Pompílio. Foi escolhido como segundo rei de Roma (753-673 a.C). Sábio,
pacífico e religioso, dedicou-se a elaboração das primeiras leis de Roma, assim como
dos primeiros ofícios religiosos da cidade e do primeiro calendário.
[6] Dionísio Exíguo. Foi um monge do século VI, nascido na Cítia Menor, no que é
actualmente a região de Dobruja, Roménia, membro da chamada comunidade dos
monges da Cítia em Roma, versado em matemática e em astronomia, que se celebrizou
pela criação de um conjunto de tabelas para calcular a data da Páscoa, levando à
introdução do conceito de anno Domini, o ano do Senhor, a contagem dos anos a partir
do nascimento de Cristo, ainda em uso e em geral referida como era comum ou Era
Cristã.