5 - As Teorias Pós 2 Guerra Mundial
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5 - As Teorias Pós 2 Guerra Mundial
do Urbanismo e
do Paisagismo
Material Teórico
As Teorias pós 2ª Guerra Mundial
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
As Teorias pós 2ª Guerra Mundial
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender os caminhos da teoria da arquitetura a partir de 1950 diante de um
novo cenário socioeconômico, político, tecnológico e cultural e a sua reverberação
na prática arquitetônica.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE As Teorias pós 2ª Guerra Mundial
Crítica e Contracrítica na
Segunda Metade do Século XX
A transição entre as duas metades do século XX é marcada por uma série de
acontecimentos que estabelecem um momento de inflexão na narrativa da história
da arquitetura. Com o suposto enfraquecimento do Movimento Moderno no final da
década de 1950, marcado não somente pelo fim dos Congressos Internacionais da
Arquitetura Moderna (CIAM) e pelo falecimento de alguns personagens responsáveis
pela formulação do projeto moderno nas décadas seguintes – como Le Corbusier
(Roquebrune-Cap-Martin, 1965), Walter Gropius (Massachusetts, 1969), Ludwig
Mies van der Rohe (Chicago, 1969) –, mas também pelo surgimento de novos gru-
pos, como o TEAM X.
d’Architecture Moderne] ocorre em La Sarraz, Suíça, em 1928, e reúne vinte e quatro ar-
quitetos de diversas nacionalidades, entre eles Le Corbusier, além de Siegfried Giedion,
historiador de arte, eleito o secretário-geral da entidade. O objetivo desses arquitetos, por
meio dos CIAM, é formalizar, potencializar e divulgar internacionalmente as premissas do
modernismo. Entre a primeira e a última conferência que aconteceram em Dubrovnik, em
1956, os CIAM passam por três etapas. A primeira é liderada pelos alemães e é constituída
pelos CIAM II e III, cujas pautas são, respectivamente, a unidade mínima de habitação e o
desenvolvimento racional do lote. Ainda no CIAM II, é estabelecido o grupo de trabalho
chamado Comitê Internacional pela Resolução do Problema da Arquitetura Contemporâ-
nea [Comité International pour la Résolution du Problème de l’Architecture Contemporaine
– CIRPAC] responsável por preparar os temas a serem discutidos nos congressos seguintes.
A segunda etapa dos CIAM implicada na retomada de Le Corbusier como protagonista nos
congressos de Atenas (IV), em 1933, e de Paris (V), em 1937, sendo que os temas abor-
dados são, respectivamente, a cidade funcional, moradia e recreação. O destaque se dá ao
CIAM IV em Atenas, em que se aprofundam as discussões do ponto de vista urbanístico e
cujo fruto dessas reflexões é a Carta de Atenas, documento que reúne declarações sobre as
condições das cidades e propostas para a correção dessas condições. O terceiro estágio dos
CIAM reúne três conferências, Bridgewater (VI, 1947), Bergamo (VII, 1949) e Hoddesdon
(VIII, 1951). Em Bridgewater, seus membros se propõem a revisar a Carta de Atenas ao des-
tacar os aspectos frágeis do documento e alegam que a cidade, além de ser funcional, deve
criar um ambiente físico capaz de satisfazer as necessidades emocionais e materiais do
homem. O CIAM IX, realizado em Aix-en-Provence, em 1953, marca o rompimento decisivo
dos congressos. Nessa década, surge uma nova geração que contesta os valores defendidos
pelos cânones da modernidade e sugere uma revisão crítica, sobretudo daquilo que foi
debate em 1933 na Carta de Atenas e também do funcionalismo exacerbado sustentado
por Le Corbusier, Walter Gropius, entre outros. O CIAM X, realizado em Dubrovnik em 1956
marca o fim dos congressos e a ascensão do Team X que inaugura um novo cenário de dis-
cussões encabeçadas por Alison e Peter Smithson, Aldo van Eyck, Jacob Bakema, Georges
Candilis, Shadrack Woods, John Voelcker e William e Jill Howell em Otterlo em 1959.
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Organizados pelos jovens arquitetos nascidos nas primeiras décadas do século
em questão, um dos objetivos do TEAM X é questionar a tese modernista através
de propostas capazes de oferecer outra visão sobre os problemas da construção do
espaço habitado, tendo em vista o novo cenário que se estabelecia no panorama
mundial pós-guerra. Antes mesmo da ascensão dessa nova geração, Le Corbusier
já havia enviado uma carta ao congresso de 1956, em Dubrovnik, em que ele re-
conhece que a sua geração já não era mais capaz de lidar com os problemas con-
temporâneos e que, portanto, a nova geração deveria assumir tal responsabilidade.
São aqueles que hoje têm quarenta anos de idade, nascidos por volta de
1916 durante guerras e revoluções, e os que nessa época nem haviam
nascido, e estão hoje com vinte e cinco anos, os que nasceram por volta
de 1930, durante os preparativos para uma nova guerra e em meio a uma
profunda crise econômica, social e política, e que, portanto, se situam no
âmago do período presente, são esses os únicos indivíduos capazes de
sentir, pessoal e profundamente, os problemas concretos, os objetivos
a serem seguidos e os meios para alcança-los, e a patética urgência da
situação atual. São eles os que sabem. Seus antecessores foram excluídos,
ficaram de fora, não estão mais sujeitos ao impacto imediato da situação.
(FRAMPTON, 2003, p. 330)
Artigos, ensaios e trechos de obras importantes estão compilados no livro Uma nova agen-
Explor
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A Modulus e a Precis, vinculadas respectivamente às universidades da Virgínia e
de Colúmbia, aparecem em 1979, sendo que essa última para de ser publicada em
1987. A Harvard Architecture Review estreia em 1980 com um número intitula-
do Beyond the Modern Movement [Além do Movimento Moderno], a Princeton
Journal of Architecture surge em 1983 e, dois anos mais tarde, a Pratt Journal
of Architecture se inaugura no campo da reflexão teórica com o seu primeiro vo-
lume intitulado Architecture and Abstraction (1985).
Ainda que, de acordo com Nesbitt (2006, p. 29), “o nome ‘desconstrutivismo’ tenha
servido mais como um rótulo estilístico para a exibição de obras provocativas do que
talvez para assinalar maiores afinidades intelectuais entre elas”, a exposição serviu
para reunir grandes nomes da arquitetura como Rem Koolhaas e Zaha Hadid, que
trabalharam juntos e talvez sejam os arquitetos que mais se aproximam das matrizes
formais do construtivismo russo, Peter Eisenman, Bernard Tschumi, que se nutrem
da filosofia desconstrutivista de Jacques Derrida e também do pós-estruturalismo para
refletirem sobre a prática arquitetônica, e Frank Gehry, Daniel Libeskind e o Coop
Himmelblau, cujos trabalhos não possuem muito em comum.
Figura 1 – Entrada da exposição Arquitetura Desconstrutivista no Museu de Arte Moderna, MoMA, Phillip
Johnson e Mark Wigley, Nova York, 1988. A exposição conta com trabalhos dos arquitetos Frank Gehry,
Peter Eisenman, Bernard Tschumi, Rem Koolhaas, Daniel Libeskind, Zaha Hadid e Coop
Himmelblau formado por Wolf D. Prix, Helmut Swiczinsky, and Michael Holzer
Fonte: MoMa
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Para saber mais sobre a exposição Arquitetura Desconstrutivista, visite o catálogo dessa em:
Explor
https://goo.gl/aavzx5
Figura 2 – Plano de Chandigarh, Le Corbusier, 1951-1962 (à esquerda); Plano Piloto para Brasília,
Lucio Costa, 1957-1960 (à direita). Dois dos maiores experimentos urbanos modernistas
concebidos com base nas diretrizes da Carta de Atenas para a cidade funcional
Fonte: FLC/ADAG e Wikimedia Commons
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Conheça brevemente o projeto urbano para Chandigarh no link a seguir:
Explor
https://goo.gl/YqRavz
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Manifesto Doorn, Team X, 1954, revisado por Peter Smithson em 1960. Único documento
Explor
que, ainda que seja dotado de certo pragmatismo, não possui caráter dogmático.
https://goo.gl/Hex11N
Com a predominância dos nórdicos conduzidos pelos ingleses, o texto mais im-
portante do grupo compila centenas de artigos, comunicações ou cartas de cada um
dos dez integrantes, mantendo dessa forma o caráter democrático e liberal que per-
mite a abordagem mais ampla de ideias particulares sobre a arquitetura.
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Figura 3 – Ilot Insalubre, Le Corbusier, 1937 (primeira dupla de imagens), e Golden Lane,
Alison e Peter Smithson, 1952 (segunda dupla de imagens). Semelhanças entre os projetos
em que é possível ver um sistema rizomático de habitações e via elevada em Golden Lane
que se adapta a uma condição preexistente vista na axonométrica da fotocolagem
Fonte: Wikimedia Commons
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Figura 4 – Plano para o concurso para o bairro Haupstadt, Alison e Peter Smithson, Berlim, 1958.
A cidade é compreendida como um organismo autônomo formado por inúmeras camadas
que são geradas numa velocidade jamais vista em outro momento da história
Fonte: Wikimedia Commons
Por outro lado, o holandês Aldo van Eyck se mostra mais inovador e iconoclasta.
Ainda que por um lado o arquiteto possua a vontade vanguardista de contínua ino-
vação, por outro, estabelece fortes críticas e rompe com alguns paradigmas da mo-
dernidade. De acordo com Montaner (2009, p. 32), “Aldo van Eyck reagiu contra
a noção de que a experiência de uma única geração e mesmo de uma única década
fosse suficiente para procurar o conhecimento e discernimento das necessidades do
homem”. Van Eyck se dedica aos estudos antropológicos em alguns momentos de
sua carreira durante a década de 1960 e conclui que:
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[...] é necessário relativizar a nossa cultura e civilização; é vital superar a
abstração alienante da arquitetura moderna; é básico reencontrar aquilo que
é comum às formas construídas pelo homem. É necessário olhar para os
arquétipos do passado para recuperar a dimensão humana, cultural e sim-
bólica das formas arquitetônicas; e tentar de maneira idealista recriar formas
geométricas desalinhadas, selvagens, desnudas e puras, distantes do consu-
mo contemporâneo de formas e imagens. (MONTANER, 2009, p. 32)
Logo, van Eyck estuda o habitat de povoados primitivos africanos em uma de-
fesa do retorno às formas ancestrais de moradia como meio de legitimação da
arquitetura e, dessa forma, o arquiteto se contrapõe às correntes historicistas, mo-
dernistas e racionalistas da história.
O período fértil do Team X é breve, posto que as críticas aos CIAM são realiza-
das com intensidade até o ano de 1963. A partir daí, o grupo existe apenas nomi-
nalmente e através de alguns ensaios realizados por Woods e De Carlo. O último
encontro oficial do Team X acontece em 1977, mas o núcleo principal dos par-
ticipantes assume que o falecimento de Bakema em 1981 marca o fim do grupo.
Com a perda de Bakema como a força motriz, a magia dos encontros se eva-
porou aparentemente. Ao mesmo tempo, esse foi o momento em que Van Eyck
e os Smithsons envolveram-se em discussões sem reparo por uma disputa que
prejudicaria o seu relacionamento. Alguns membros individuais continuaram a se
encontrar, mas o núcleo principal do grupo finalmente se desmanchou.
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UNIDADE As Teorias pós 2ª Guerra Mundial
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Era dos Extremos: O Breve Século XX 1914 - 1991
HOBSBAWM, E. Era dos Extremos: O Breve Século XX 1914 - 1991. São Paulo: Companhia
das Letras, 1995.
Leitura
Team 10: Manifesto de Doorn
Team 10: Manifesto de Doorn. Tradução e comentários de Fernando Vázquez Ramos.
https://goo.gl/1Fu4EC
Catálogo da Exposição Arquitetura Desconstrutivista
https://goo.gl/aavzx5
Team X e Espaço Urbano nos Conjuntos Habitacionais Brasileiros: o Conjunto Terras Altas em Pelotas
CIAM, Team X e Espaço Urbano nos Conjuntos Habitacionais Brasileiros: O Conjunto
Terras Altas em Pelotas, Celia Gonsales.
https://goo.gl/CjsA9R
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Referências
BANHAM, R. Megaestruturas: Futuro Urbano del Pasado Reciente. Barcelona:
Gustavo Gili, 2001.
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