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Gravuras Rupestres de Trebilhadouro

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Gravuras Rupestres de Trebilhadouro

Divulgação de um novo Sítio Arqueológico

Câmara Municipal de Vale de Cambra


Divisão de Cultura, Desporto e Turismo

Alexandre Rodrigues

2011

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Índice de conteúdos
1. Introdução...............................................................................................................................................4
2. Contextos...............................................................................................................................................4
2.1. Contexto geográfico.............................................................................................................................4
2.2. Contexto Arqueológico.........................................................................................................................6
4. As Gravuras de Trebilhadouro – Painel A..............................................................................................8
5. Bibliografia............................................................................................................................................12

Índice de ilustrações
Ilustração 1: Localização do conjunto de gravuras.........................................................................................5
Ilustração 2: Gravuras que compõem o Painel A...........................................................................................10
Ilustração 3: Outra visualização do Painel A................................................................................................10
Ilustração 4: Croqui do Painel A....................................................................................................................11

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1. Introdução
Para a interpretação das manifestações de arte rupestre sugere-se que recorramos às tradições
antropológicas das sociedades cuja memória ainda existe, por se verificar um denominador comum:
o misticismo que incorporam e as crenças que em torno desse mito se formam, estabelecendo uma
relação temporal entre o Passado e o Presente (Sanches, M.J., 2003:85-86).
Essa relação temporal, que se faz pela via narrativa e na passagem da tradição oral às gerações
subsequentes, não ficou estática e sofreu as naturais transformações dos tempo. Olhemos por
exemplo o caso do Outeiro dos Riscos cuja tradição actual é de matriz marcadamente católica
romana, exorcista da acção infiel normalmente atribuída aos "mouros" (Rodrigues, A., 2008).
Certamente, estando esse conjunto datado no largo período da Idade do Bronze à Idade do Ferro,
que os autores de tais gravações não considerassem todo o misticismo e crenças católico-romanas.
No entanto o sítio não perdeu o seu significado místico mas manteve-o adaptado à sua tradição
original. Podemos aperceber-nos que apesar das transformações na narrativa, existe um diluir
gradual do tempo no seu conteúdo. A atribuição aos “mouros”, o povo infiel e invasor da Península
Ibérica da Alta Idade Média, é a demonstração disso, trazendo-nos esse tempo para o presente
através do carácter unificador e limitador da tradição histórica.
A volatilidade a que a narrativa está sujeita leva-nos a crer que neste imenso intervalo de tempo,
desde o passado longínquo até ao presente, os sítios possam “ter tido diversas interpretações, isto é,
(...)” podem “(...) até ter contido, em simultâneo diversas mensagens, dependendo do auditório e do
tempo (em termos do calendário tradicional) em que seria “lida”” (Sanches, M.J., 2003:87).
Assim sendo, a interpretação para este tipo de sítio afigura-se-nos extremamente difícil, uma vez
que, como refere Maria de Jesus Sanches (Sanches, M.J., 2003), as pistas que hoje nos restam
resultam de recolhas antropológicas ou de relatos de exploradores dos séculos XIX e XX,
fornecendo-nos unicamente enquadramentos possíveis. Tanto mais que, com o surgimento das
sociedades industrializadas, a relação das comunidades com o seu território alterou-se
significativamente, perdendo-se grande parte das crenças que falamos atrás.
Assim procuramos chegar ao local, em Trebilhadouro, cuja existência nos chegou pela partilha
de conhecimento, num primeiro momento, entre o Prof. António Vale, que lecciona história na
Escola Secundária de Vale de Cambra, e o Dr. Vítor Tavares (responsável pelo Arquivo Municipal
da Câmara Municipal de Vale de Cambra. Essa informação revelava a existência de um novo
conjunto de gravuras rupestres, de tipologia semelhante às do Outeiro dos Riscos, pelo que é
oportuna a sua divulgação.

2. Contextos

2.1. Contexto geográfico


As gravuras aqui apresentadas estão próximas da aldeia de Trebilhadouro, freguesia de Rôge,
deste concelho (Vale de Cambra). A pé, o seu acesso faz-se ao longo de 720 m pelo caminho que,
da entrada da aldeia, contorna o monte por detrás desta. Inicialmente a subir, por alturas da Mamoa
de Trebilhadouro fica plano. Chegados a um troço do caminho que se abre em dois, escolhemos o

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lado direito para, imediatamente a seguir, cortarmos novamente à direita por um caminho rectilíneo.
No seu final (ao fim de cerca de 200m), viramos novamente à direita, descendo, e logo a seguir,
junto a um marco em cimento que se encontra à direita, entramos no terreno à esquerda. As rochas
que daí se vêm correspondem ao painel gravado.
A morfologia da extensão da serra da Freita onde se localizam as gravuras revela cumes
sucessivos que, despidos de vegetação, são compostos por grandes penedias graníticas que se
elevam entre espaços aplanados de diversas dimensões, cujas altitudes variam entre os 600 e os
cerca dos 800 m. Na cartografia militar identificam-se algumas dessas elevações que, em caso de
referência geográfica, importa revelar. A principal é conhecida como “Serra de Trebilhadouro”,
cujo ponto mais elevado se cota nos 798 m e se situa a Oeste do núcleo gravado. A Norte/Este,
encontramos a “Lomba Gorda” com os seus 759 m de altitude, seguindo-se o “Vale da Serra” que
corresponde ao escarpado abrupto existe na encosta Sul da Lomba Gorda.
Hidrologicamente, aspecto aqui nos parece directamente associado à arte rupestre, as gravuras
encontram-se na margem esquerda (de montante para jusante) de um ribeiro afluente da ribeira de
Fuste que abastece o rio Caima por alturas de Sandiães e assim se integra na grande bacia
hidrográfica do Vouga.

Ilustração 1: Localização do conjunto de gravuras.

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2.2. Contexto Arqueológico
A arte rupestre, até ao momento identificada no concelho de Vale de Cambra, parece-nos
enquadrar-se no Grupo I do grande complexo gravado do Noroeste Peninsular, cuja expressão é
essencialmente litoral, semelhante ao grupo “galego-atlântico”, que se estende por toda a fachada
litoral do Norte de Portugal até ao rio Mondego. Por oposição, o Grupo II, que se identifica nas
zonas mais interiores, faz-se representar por “um traço menos largo e pouco profundo”
representando, além de outros motivos, muitos antropomorfos esquemáticos, motivos
quadrangulares ou rectangulares segmentados interiormente, círculos simples segmentados, semí-
círculos pontuados (ferraduras), espirais e raros zoomorfos (Silva, A.M. e Alves, L.B., 2006:177-
179).
Em termos cronológicos as dificuldades são imensas e inerentes à subjectividade dos motivos e
das percepções do tempo, do espaço, dos usos e costumes. Sucintamente, e aproveitando a síntese
de António Pereira Dinis e Ana Maria Bettencourt (Dinis, A.P. e Bettencourt, A.M.S., 2009),
diferentes autores ora as datam do início do Mesolítico até ao Bronze Final ou desde o Neolítico até
à Idade do Bronze ou Idade do Ferro, reportando a um longo ciclo de vida, havendo outros que as
situam durante o Calcolítico Final/Bronze Inicial (finais do III aos inícios do II milénio a.C.) (Dinis,
A.P. e Bettencourt, A.M.S., 2009:41), considerando um ciclo de vida mais curto. Deste modo é
evidente essa dificuldade de estabelecer uma baliza temporal para as estas gravuras rupestres.
Até há poucos anos o único sítio com arte rupestre conhecido no concelho de Vale de Cambra
era o do Outeiro dos Riscos, largamente divulgado nos anos 30 do século XX por de Alberto Souto
- ver (Souto, A., 1931), (Souto, A., 1932) e (Souto, A., 1938) - e conheceu diversas referências na
bibliografia temática que se seguiu como (Cunha, A.M.C.L. e Silva, E.J.L., 1980:7-8), (Silva, C.T.,
1978:172), entre outros. Actualmente, com o acrescento do núcleo 2 do Outeiro dos Riscos
(Queiroga, F., 2001) e do núcleo de Trebilhadouro (por indicação do Dr. Vítor Tavares), contam-se
três os sítios com arte rupestre existentes no concelho.
Ambos aparentam apresentar uma filiação tipológica e cronológica semelhante,
independentemente dos motivos gravados, diferenciando-se na visibilidade dos painéis gravados,
porque em no que respeita à visibilidade a partir do exterior ambos os sítios são discretos. Mesmo o
Outeiro dos Riscos I, cujas gravuras se encontram num imponente penedo e dominando a totalidade
do curso superior do rio Caima (num círculo entre Este, Norte e Oeste), só se revela quando lhe
estamos nas imediações, sugerindo uma perfeita integração com a paisagem de forma a ocultá-lo à
distância. Com o painel gravado ao nível do solo, portanto oculto a quem o não conhecer, existe o
Outeiro dos Riscos II, que domina essencialmente o vale encaixado do rio Caima, quase não se
vislumbrando a parte em que o rio se abre no vale de Cambra (Oeste). Assim diluído na paisagem,
também, se encontra o núcleo de Gravuras de Trebilhadouro, dispostas num conjunto de
afloramentos (junto ao solo) latitudinais (Norte-Sul), cuja visibilidade se reduz ao vale rasgado por
um ribeiro actualmente seco e afluente do rio Caima. Diferenciam-se também na “morfologia” do
suporte, uma vez que Outeiro dos Riscos I se apresentam um plano quase vertical e Outeiros dos
Riscos II e Trebilhadouro em planos praticamente horizontais.
Ou seja, estaremos perante uma hierarquização das gravuras, tendo em conta a dimensão do
suporte e a sua visibilidade no local, sendo certo que os núcleos se diluem na paisagem, conferindo-
lhe uma certa “intimidade”, e portanto restritos a um conjunto de pessoas que os conhecem, não
servindo assim como marcadores de território a populações exteriores?

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A nível temático, o reportório da “Arte Atlântica” não é muito variado. Normalmente
encontramos os motivos geométricos e naturalistas, assim chamados porque podem representar
quadrúpedes ou figuras humanas (Luis Sanchidrián, J., 2001:506-507) e (Silva, A.M. e Alves, L.B.,
2006).
• Covinhas: Vastamente representadas por todo o território. Pequenas cavidades semiesféricas
com um tamanho que ronda os 5cm de diâmetro. Podem aparecer em grupos com bastantes
unidades ou associadas a outros motivos.
• Círculos: A temática mais variada e característica, assim como numerosa. Nas rochas
associam-se entre si e com animais. Essencialmente partem de uma circunferência inicial e
podem chegar a formas complexas muito variadas: círculos concêntricos com covinha no
centro, com traço radial para o exterior, quadriculado, contornado por uma orla de covinha,
entre outras variantes.
• Espirais: Existem-nas de dois tipos: início ao centro que evoluí da esquerda para a direita e
ao contrário. Ambos os tipos podem conter covinhas no interior.
• Labirintos: Normalmente associados à combinação de uma espiral e um círculo com duplo
traçado.
• Zoomorfos: As suas dimensões podem ser variadas, variando entre os 30cm e o metro. São
figuras perfiladas cuja classificação taxonómica é extremamente difícil face à sua grande
esquematização, sendo os animais que melhor se identificam os veados e os equídeos.
Também existem representações serpentiformes, assemelhadas a serpentes, assim como
pares de semicírculos que poderão corresponder a pegadas de herbívoros.
• Antropomorfos: Além dos personagens montados a cavalo, existem dois tipos: um muito
esquematizado e outro contornado, por vezes juntamente com objectos que se podem
considerar armas.
• Idoliformes: São figuras que fazem lembrar o perfil de certos ídolos oculados do final do
Neolítico e sobretudo do Calcolítico. No entanto são raros.
• Armas: Entre elas podemos diferenciar escudos (simples ou mais complexos), espadas e
punhais, machados, alabardas, entre outras.
• Quadriculados: Geralmente apresentam-se sob a forma rectangular, com duas versões
básicas: quadrados simples e dois quadrangulares inscritos; os subtipos dependem dos
detalhes que preenchem o interior, como covinhas, divisões rectilíneas, axadrezados, entre
outros. Há que os associe a tabuleiros de jogo medievais.
• Vários: Neste grupo inscrevem-se muitos motivos que apontam cronologias mais recentes,
como por exemplo paletas, suásticas, pegadas humanas calçadas e descalças ou podomorfos,
zigzags múltiplos, entre outros.
Localmente, as gravuras de Trebilhadouro estão numa área onde, predominantemente, ocorrem
indícios datáveis do Neolítico/Calcolítico e Calcolítico/Idade do Bronze e que, tipologicamente, se
inscrevem nos monumentos funerários, genericamente designados como Mamoas.
Em todo o caso à excepção da Mamoa de Trebilhadouro, a cerca de 400 m das gravuras
rupestres, os restantes registos arqueológicos encontram-se num raio de 1 km de distância. Esta

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referência apenas serve para assinalar um vazio que poderá não corresponder à verdade. À
semelhança do que ocorre no Outeiro dos Riscos, crê-se na existência de mais penedos gravados e,
porque não, incidências de outras tipologias nomeadamente Mamoas ou povoados antigos, não só
pelas condições que o terreno oferece como também pela toponímia. Só nas suas imediações
encontramos pelo menos três topónimos sugestivos, como Porto Novo, Devesa e Muros.
Relativamente a essa hipotética existência, podemos procurar um paralelo no sítio do Crastoeiro,
no Monte da Senhora da Graça (Mondim de Basto) onde, nas imediações das gravuras, foram
detectadas diversas estruturas de pedra e uma grande fossa aberta no saibro, uma pia cavada no
afloramento, um pavimento (área de ocupação normalmente associada ao interior de habitações) e
duas lareiras, num indicador seguro de uma ocupação entre os séculos IV e II/I a.C. Além destas
estruturas, no interior dos sedimentos da fossa escavada no saibro, foi encontrada uma ponta de seta
datada do Neo-Calcolítico (Dinis, A.P. e Bettencourt, A.M.S., 2009:43), sendo uma evidência que
aponta para actividades pré-históricas anteriores.
Quanto às gravuras, um dos paralelos aparentemente mais próximos e conhecidos encontra-se
nas gravuras do Forno dos Moiros, localizadas na Serra do Arestal, concelho de Sever do Vouga
(Souto, A., 1938) e (Silva, A.M. e Alves, L.B., 2006).

4. As Gravuras de Trebilhadouro – Painel A


Os motivos gravados em Trebilhadouro encontram-se num afloramento granítico junto ao solo,
ligeiramente inclinado, e acompanhando o decline natural do terreno cavado por um pequeno
ribeiro afluente da ribeira de Fuste.
Não sendo possível ser mais preciso, devido à vegetação que o cobre, o afloramento parece
estender-se ao longo da margem do ribeiro numa extensão que será superior a 50 m. Encontramos
indícios de gravuras para montante e jusante do Painel A, que assim ficou temporariamente
designado até a uma intervenção no local que permita colocar a descoberto todo o conjunto de
gravuras.
A superfície do afloramento é irregular, suspeitando-se alterada da forma original pela extracção
de pedra para fins variados, apresentando assim desníveis artificiais. No entanto, no caso do Painel
A, aparentemente o desnivelamento que aí encontramos será natural uma vez que nele encontramos
gravada uma espiral (A-Esp.02).
Neste conjunto de gravuras do Painel A, o único onde conseguimos recolher informação,
encontramos um elevado número de covinhas e de diferentes dimensões espalhadas principalmente
pela parte superior da pedra.
• Espirais: Existem, neste painel, pelo menos duas espirais havendo outro motivo circular
que não conseguimos identificar com exactidão. No caso das espirais, ambas são
sinistrorsum, evoluindo do centro numa rotação da direita para a esquerda, e possuem
covinha no centro. Não sendo certo, supomos da existência de uma covinha no final da
espiral. A primeira espiral (A-Esp.01) mede cerca de 60 cm de diâmetro, sendo composto
por cerca de 4 linhas, existindo, no espaço que medeia a penúltima e a última linha, duas
covinhas alinhadas verticalmente. A segunda espiral (A-Esp.02), imediatamente abaixo
da primeira, mede cerca de 36 cm de diâmetro e é composta por 3 linhas.

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• Covinhas: Além de se encontrarem no centro e no interior das espirais, e aquelas
supostamente na extremidade das espirais, encontramos covinhas de diferentes
dimensões espalhadas por toda a parte superior do painel. Existe, pelo menos, uma
covinha que se liga a A-Esp.01 através de uma linha sinuosa, junto à covinha inferior
situada dentro desse espiral. Julgamos existir outra que faz o mesmo, mas neste caso a
partir de cima, ligando-se à covinha superior no interior da espiral A-Esp.01. Ainda
relativamente a este motivo (A-Esp.01), a covinha de maior dimensão que identificamos
junta-se, na parte superior. Outro elemento a destacar é uma covinha que se liga por uma
linha sinuosa bifurcada a um motivo gravado que identificamos como um machado. As
restantes covinhas pontilham pela superfície, agrupando-se ou dispersando-se, sendo
certo que não registamos, neste painel, grande parte delas.
• Linhas: Neste conjunto identificamos, claramente, 4 linhas, restando dúvidas quanto a
uma quinta linha. No entanto, do registo que efectuamos, dá para perceber que estas
linhas são geralmente sinuosas e têm uma espessura que ronda os 2,2 cm. Destas
salientamos aquela bifurcada que liga uma covinha a um eventual machado. Existe uma
outra que ladeia a espiral A-Esp.02 pelo seu lado esquerdo e, parece, ligar-se à mesma
pela sua parte inferior.
• Armas: Se bem que ainda de forma preliminar, identificamos o que aparenta ser uma
representação de um machado assemelhado a um machado de pedra. Sendo este um
elemento a confirmar, não nos alongaremos mais, uma vez que a nossa interpretação do
motivo pode estar equivocada.
Do ponto de vista temático, e comparando com as gravuras do Outeiro dos Riscos e por analogia
às de Forno dos Moiros, as gravuras de Trebilhadouro não apresentam a mesma regularidade
geométrica (Souto, A., 1932), além de serem aparentemente mais complexas com a confirmação de
novos motivos ocultos pela vegetação e nos patamares inferiores da rocha. Ou seja, enquanto o
Outeiro dos Riscos se limita a formas geométricas como círculos concêntricos, sendo raras as
linhas, em Trebilhadouro os motivos são mais variados não só pela existência de inúmeras
covinhas, como pela existência de um eventual machado e várias linhas sinuosas que ligam motivos
entre si (como por exemplo uma covinha a uma espiral, ou uma covinha ao possível machado).
Assim, as gravuras de Trebilhadouro parecem assemelhar-se mais às do Forno dos Moiros (Sever
do Vouga) tanto nos motivos como na disposição do suporte que, no Outeiro dos Riscos, assume
uma invulgar verticalidade.
No entanto estas considerações são prematuras até se conhecer a total extensão da superfície
gravada e os motivos aí representados. Será necessário desenvolver um trabalho continuado e que
permita a identificação e registo de todos os painéis, sendo só assim possível interpretar
eficazmente este sítio arqueológico.

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Ilustração 2: Gravuras que compõem o Painel A.

Ilustração 3: Outra visualização do Painel A.

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Quanto à gravação, em ambos os casos, Outeiro dos Riscos I, Outeiro dos Riscos II 1 e
Trebilhadouro, apresentam um traço largo, medindo cerca de 2,2 cm, cujo contorno se terá definido
pela utilização de percutores de pedra, podendo por vezes ser delimitadas previamente por um
picotado mais fino. A obtenção dos círculos concêntricos mais bem delineados poderá resultar da
junção de sucessivas pequenas covinhas (Valdez, J., 2010:51).

Ilustração 4: Croqui do Painel A

1 Cuja interpretação ainda não está definida com exactidão.

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5. Bibliografia
CUNHA, A.M.C.L.; SILVA, E. J. L. (1980) - Gravuras Rupestres do Concelho de Valença (Monte
de Fortes (Taião), Tapada de Ozão e Monte da Laje). Guimarães. Actas do Seminário de
Arqueologia do Noroeste Peninsular.
DINIS, A.P.; BETTENCOURT, A. M. S. (2009) - A Arte Atlântica do Crastoeiro (Norte de Portugal):
Contextos e Significados. Santiago de Compostela - Galiza. Gallaecia: Revista de Arqueoloxía e
Antigüidade, 28, p. 41-47.
LUIS SANCHIDRIÁN, J. (2001) - Manual de arte prehistórico. Barcelona: Ariel Prehistoria.
QUEIROGA, F. (2001) - Inventário Patrimonial de Vale de Cambra: I - Arqueologia. Vale de
Cambra: Câmara Municipal de Vale de Cambra.
RODRIGUES, A. (2008). Curso Superior do Rio Caima: da Pré-história à Época Romana. Porto:
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SANCHES, M.J. (2003) - Escrever na paisagem: sentido para as "artes rupestres". In Arquitectando
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Departamento de Ciências e Técnicas do Património, p. 85-104.
SILVA, A.M.; ALVES, L. B. (2006) - Arte Rupestre Pós-glaciar no Noroeste de Portugal. In Arte
Rupestre Pré-histórica do Eixo Atlântico. Pontevedra - Galiza: Eixo Atlântico, p. 171-185.
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SOUTO, A. (1931) - Un document noveau de l'art rupestre galaico-portugais. Les sculptures de
l'Arestal. In Congrés International d' Anthropologie & d' Archéologie Pré-historique - IVe Session
de l' Institut International d' Anthropologie. Paris, p. 410-413.
SOUTO, A. (1932) - Arte Rupestre em Portugal (Entre Douro e Vouga): As Insculturas da serra de
Cambra e Sever do Vouga e a expansão das combinações circulares e espiralóides no noroeste
peninsular. Porto. Trabalhos da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, V (1931-
1932).
SOUTO, A. (1938) - Arqueologia pré-histórica do Distrito de Aveiro (Arte Rupestre): As insculturas
do Arestal e o problema das combinações circulares e espiralóides do noroeste peninsular. Aveiro.
Arquivo do Distrito de Aveiro, 4-13, p. 5-19.
Valdez, J. (2010). A gravura na Arte Esquemática do Noroeste Peninsular: o caso do Monte de
"Góios" (Lanhelas, Caminha). Porto: Universidade do Porto - Faculdade de Letras. (Tese de
Mestrado).

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