Muro de Arrimo
Muro de Arrimo
Muro de Arrimo
PROJETO
Para determinar a necessidade de construir um muro de arrimo é preciso estudar a
topografia, que serve de matéria-prima para o engenheiro por trazer informações
sobre as condições de terreno. “Esse levantamento traz as definições da
geometria da área sem o início das obras. Em seguida, é necessário desenvolver
um projeto de implantação que define quais desníveis deverão ser vencidos pela
contenção e a necessidade da criação de taludes e bermas de equilíbrio”, diz
Ferretti. Em alguns casos, pode ser interessante optar pelo muro misto, que tem
sua altura complementada com o talude – o que minimiza o custo total da
contenção.
COMO FAZER
O projetista geotécnico também tem a função de avaliar a estabilidade externa e
interna da contenção e se a fundação é competente para suportar a carga aplicada
do muro, sendo que em alguns casos é necessário reforço de fundação. Após a
etapa de análises, é definido o projeto executivo e são liberadas as obras que
geralmente se iniciam com a terraplenagem. A execução acontece de diferentes
maneiras, dependendo de qual solução foi escolhida.
MATERIAIS
Para construção do muro, alguns tipos de materiais podem ser empregados como
o concreto, aço, reforços metálicos e sintéticos, e agregados naturais.
“Há inúmeras soluções passíveis de serem aplicadas e, em determinadas
situações, a mistura desses materiais acontece para atingir o melhor resultado. Por
exemplo, em grandes muros existem soluções em solo reforçado, mais indicado
para muros de aterro, e os muros de solo grampeado e cortinas atirantadas, mais
indicados para muros em corte”, afirma Ferretti.
Atualmente, é comum em grandes projetos de implantações industriais surgir a
necessidade de um muro de arrimo circundando toda a área da edificação, quando
a saia do aterro invade alguma área de preservação permanente, as APPs. “Na
definição da contenção desse aterro é possível verificar se o muro estará em
contato com áreas de preservação e definir qual o melhor tipo de solução de
contenção que promova a menor agressão possível ao meio ambiente, como os
muros com agregados naturais e reforços sintéticos, que dispensam o uso do
concreto tradicional e tornam a obra mais sustentável”, complementa.
NORMA TÉCNICA
A norma ABNT NBR 11682 - Estabilidade de encostas - incorpora alguns critérios
para a avaliação do muro de arrimo. “Quando se fala em encostas, tem-se o talude
e o muro de arrimo, que devem ter suas estabilidades verificadas. Essa norma
contempla quais devem ser os fatores de segurança mínimos, dentre os quais
estão os critérios para pressão da fundação, deslizamento, tombamento e ruptura
global, que são as análises mínimas necessárias para a estrutura de contenção.
Entretanto, algumas outras técnicas de muros necessitam de análises e
verificações complementares”, diz o especialista.
PROBLEMAS E SOLUÇÕES
No mercado, existem empresas que fazem o trabalho de reestrutura, que nada
mais é do que a redefinição estrutural de um muro que está com problemas. “Em
geral, eles acontecem ou por equívocos de projeto, ou pelo surgimento de falha
geológica, que pode ser causada por sobrecarga não prevista inicialmente em
projeto. Ocorrem, ainda, pela presença de vertentes de água que não constavam
no projeto. Uma situação bastante comum é a venda de uma área onde já exista
muro de arrimo e o novo proprietário decide mudar completamente a geometria ou
utilização do terreno, o que pode aumentar o carregamento sobre a estrutura, que
começará a apresentar problemas. Quando é feita a análise, chega-se a conclusão
de que aquele muro não foi especificado para suportar toda essa nova carga, seja
de incremento de solo ou de carregamento externo”, exemplifica o engenheiro.
Nesses casos, o perito geotécnico tem que avaliar a situação e elaborar um laudo
mostrando quais os fatores que estão impactando na patologia estrutural. A partir
desse estudo, é possível tomar ações que vão desde intervenções mecânicas de
aumento da resistência do muro, até uma reconstrução total. “Em geral, os aterros
começam a mostrar problemas de ruptura antes do muro. Hoje, a grande maioria
dos muros de arrimo é feita de concreto, por uma questão cultural do engenheiro
civil. O concreto tem suas vantagens e desvantagens, é um material com boa
resistência mecânica de compressão, mas é péssimo de resistência à tração.
Quando recebe uma sobrecarga além daquela para qual foi projetado, pode sofrer
ruptura imediata. Com isso, surgem trincas na parte superior do talude, além de
rachaduras na estrutura. Esse é um sinal de que é necessário algum tipo de
intervenção, já que em caso de problemas o muro de concreto pode ceder
rapidamente, sem possibilitar qualquer tipo de ação para reverter a situação”,
alerta Ferretti.
Outras estruturas têm a capacidade de evitar que o muro venha a se romper de
forma abrupta quando o solo começa a se movimentar. São as chamadas
estruturas flexíveis que permitem a absorção de deformações e, em casos
extremos, realizam a intervenção antes do colapso da estrutura.
É BOM SABERDe acordo com Ferretti existe uma carência de profissionais que
atuam na área de contenção, pois muitas vezes o muro de arrimo não é encarado
com seriedade. “Com isso, as contenções acabam não contando com projeto
executivo detalhado e mão de obra qualificada, sendo executadas por profissionais
não preparados. Para que não haja problemas, o projeto tem que passar pelo crivo
de um engenheiro ou empresa previamente habilitados”, finaliza Ferretti.