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São João Criostomo

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26.09.

2010 - 26º Domingo do Tempo Comum - Ano C : Lc 16,19-31

Comentário ao Evangelho do dia feito por


São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia, depois Bispo de
Constantinopla, Doutor da Igreja
Homílias sobre o Evangelho de Mateus, n°50, 3-4 (a partir da trad. breviário)

Reconhecer Cristo no pobre

Queres honrar o Corpo de Cristo? Então não O desprezes nos seus membros, isto é, nos
pobres que não têm que vestir, nem O honres no templo com vestes de seda, enquanto O
abandonas lá fora ao frio e à nudez. Aquele que disse: «Isto é o Meu Corpo» (Mt 26, 26), e
o realizou ao dizê-lo, é o mesmo que disse: «Porque tive fome e não Me destes de comer»
(cf. Mt 25, 35); e também: «Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi
a Mim que o deixastes de fazer» (Mt 25, 42.45). Aqui, o corpo de Cristo não necessita de
vestes, mas de almas puras; além, necessita de muitos desvelos. [...] Deus não precisa de
vasos de ouro, mas de almas que sejam de ouro.

Não vos digo isto para vos impedir de fazer doações religiosas, mas defendo que
simultaneamente, e mesmo antes, se deve dar esmola. [...] Que proveito resulta de a mesa de
Cristo estar coberta de taças de ouro, se Ele morre de fome na pessoa dos pobres? Sacia
primeiro o faminto, e depois adornarás o Seu altar com o que sobrar. Fazes um cálice de
ouro e não dás «um copo de água fresca»? (Mt 10, 42). [...] Pensa que se trata de Cristo, que
é Ele que parte errante, estrangeiro, sem abrigo; e tu, que não O acolheste, ornamentas a
calçada, as paredes e os capiteis das colunas, prendes com correntes de prata as lâmpadas, e
a Ele, que está preso com grilhões no cárcere, nem sequer vais visitá-Lo? [...] Não te digo
isto para te impedir de tal generosidade, mas exorto-te a que a acompanhes ou a faças
preceder de outros actos de beneficência. [...] Por conseguinte, enquanto adornas a casa do
Senhor, não deixes o teu irmão na miséria, pois ele é um templo e de todos o mais precioso.

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da
Igreja
Homilia 15 sobre a Carta aos Romanos; PG 60, 543-548
«Pobres, sempre os tereis convosco»
 
O Pai não poupou o seu próprio Filho (Rom 8,32); e tu não dás sequer um bocado de pão
Àquele que foi entregue e imolado por ti. Por ti, o Pai não O poupou; e tu passas com desprezo
ao lado de Cristo que tem fome, enquanto vives dos benefícios que Ele te conquistou. […] Ele
foi entregue por ti, imolado por ti, vive em necessidade por ti e quer que a tua generosidade
seja vantajosa para ti; mesmo assim, tu não dás. Haverá pedras tão duras como o vosso
coração quando tantas razões o interpelam? Não bastou a Cristo sofrer a morte e a cruz; Ele
quis ainda tornar-Se pobre, mendigo e nu, ser metido na prisão (Mt 25,36), a fim de que ao
menos isso te tocasse: «Se nada me dás pelas minhas dores», diz-nos, «tem piedade de Mim
por causa da minha pobreza. Se não queres ter piedade de Mim por casa da minha pobreza,
que seja a minha doença a vergar-te, que sejam as minhas correntes a enternecer-te. E, se
isso não te toca, consente ao menos por causa da pequenez do pedido. Não te peço coisas
difíceis; peço-te pão, um teto e umas palavras de amizade. […] Estive preso por ti e continuo a
estar, a fim de que, comovido com as minhas cadeias do passado ou com as do presente, tu
queiras ser misericordioso para comigo. Passei fome por ti, e continuo a passar. Tive sede
quando estava suspenso da cruz e continuo a ter sede pelos pobres, a fim de te atrair a Mim
dessa maneira, e te salvar». […]
Com efeito, Ele diz: «Quem recebe um destes pequeninos, a Mim recebe (Mc 9,37) […] Podia
coroar-te sem isso, mas quero tornar-Me teu devedor, a fim de que uses a coroa com
segurança. É por isso que, podendo alimentar-Me a Mim próprio, ando a mendigar dum lado
para o outro, me coloco à tua porta e te estendo a mão. É por ti que quero ser alimentado,
porque te amo ardentemente. A minha felicidade consiste em estar sentado à tua mesa.»
Reconhecer Cristo no pobre
Queres honrar o Corpo de Cristo? Então não O desprezes nos seus membros, isto é, nos

pobres  que não têm que vestir, nem O honres no


templo com vestes de seda, enquanto O abandonas lá fora ao frio e à nudez. Aquele que disse:
«Isto é o Meu Corpo» (Mt 26,26), e o realizou ao dizê-lo, é o mesmo que disse: «Porque tive
fome e não Me destes de comer» (cf. Mt 25,35); e também: «Sempre que deixastes de fazer
isto a um destes pequeninos, foi a Mim que o deixastes de fazer» (Mt 25,42.45). Aqui, o corpo
de Cristo não necessita de vestes, mas de almas puras; além, necessita de muitos desvelos.
[…] Deus não precisa de vasos de ouro, mas de almas que sejam de ouro.
Não vos digo isto para vos impedir de fazer doações religiosas, mas defendo que
simultaneamente, e mesmo antes, se deve dar esmola. […] Que proveito resulta de a mesa de
Cristo estar coberta de taças de ouro, se Ele morre de fome na pessoa dos pobres? Sacia
primeiro o faminto, e depois adornarás o Seu altar com o que sobrar. Fazes um cálice de ouro
e não dás «um copo de água fresca»? (Mt 10,42). […] Pensa que se trata de Cristo, que é Ele
que parte errante, estrangeiro, sem abrigo; e tu, que não O acolheste, ornamentas a calçada,
as paredes e os capiteis das colunas, prendes com correntes de prata as lâmpadas, e a Ele,
que está preso com grilhões no cárcere, nem sequer vais visitá-Lo? […] Não te digo isto para te
impedir de tal generosidade, mas exorto-te a que a acompanhes ou a faças preceder de outros
atos de beneficência. […] Por conseguinte, enquanto adornas a casa do Senhor, não deixes o
teu irmão na miséria, pois ele é um templo e de todos o mais precioso.
 
 

Como não ter por suma loucura acumular tudo lá onde o que se deposita se perde e se corrompe, e não
deixar nem a mais ínfima parte ali onde há de permanecer intacto e até crescer? E onde, além disso,
havemos de viver por toda a eternidade! É por isso que os gentios não crêem no que lhes dizemos, pois
querem que lhes demonstremos a nossa doutrina, não pelas nossas palavras, mas pelas nossas obras.
Quando nos vêem construir magníficas casas e plantar jardins e construir termas e comprar campos,
não conseguem persuadir-se de que estamos a preparar a nossa viagem para outra cidade. Se assim
fosse, argumentam, [os cristãos] venderiam tudo o que possuem aqui e o depositariam ali, e assim
pensam em função do que costuma acontecer na vida. Com efeito, podemos observar que os grandes
ricaços adquirem casas, campos e tudo o mais principalmente nas cidades onde pretendem passar a
vida. Nós, porém, fazemos o contrário: a terra que havemos de abandonar dentro de pouco, matamo-
nos por possuí-Ia, e por umas braças a mais, ou por umas construções, não somente entregamos o
nosso dinheiro, mas até o nosso sangue; mas para comprar o céu, custa-nos imenso desprender-nos
até do supérfluo, e isso quando poderíamos comprá-lo a preço muito baixo e, uma vez comprado,
possuí-lo eternamente. Portanto, se ali aparecermos nus, sofreremos o suplício definitivo, e o
sofreremos não apenas por causa da nossa pobreza, mas por termos empobrecido os outros. Porque,
quando os pagãos vêem que aqueles que foram iniciados em tão altos mistérios põem todo o seu afã no
que é terreno, também eles o abraçam com redobrado ardor, com o que não fazem senão acumular
brasas sobre a nossa cabeça. Se nós, que deveríamos ensiná-los a desprezar tudo o que é visível,
somos os primeiros a excitar-lhes a cobiça, como poderemos salvar-nos, réus que somos da perdição
dos outros? (Homilias sobre São Mateus, 12, 5)

"Como é possível isto [fugir da tirania do dinheiro]?", dir-me-eis. Metendo no vosso coração outro
amor diferente: o amor dos céus. Aquele que aspira à realeza, despreza a avareza. (Homilias sobre
São Mateus, 12, 6)

Por que queres que aconteça contigo o mesmo que aconteceu com Nabucodonosor? Este levantou uma
estátua a si mesmo, e da madeira, da forma insensível, esperava que lhe adviria um acréscimo de
fama. O vivo queria receber novo brilho daquilo que não tem vida: compreendes o excesso da sua
loucura? Porque, crendo que iria honrar-se a si mesmo, cobriu-se de ignomínia. Efetivamente, como
não considerar ridículo um homem que tem mais confiança num objeto inanimado que em si mesmo e
na alma viva que há nele, e por isso exalta a tal grau de preeminência a madeira e procura ser
glorificado não pelos seus costumes, mas por algumas peças reunidas? É exatamente como aqueles
que pretendem brilhar pelo pavimento da sua casa, ou por uma bela escadaria, ao invés de brilharem
pela sua condição de homens. Nabucodonosor tem hoje muitos imitadores entre nós. Ele quis ser
admirado pela sua famosa estátua; outros querem agora ser admirados pelas suas vestes, pela sua
casa, pelas suas mulas, pelos seus carros, pelas colunas que sustentam os seus palácios. E, como
perderam o seu ser de homens, andam de cá para lá, buscando por toda a parte uma glória que é o
cúmulo do ridículo. (Homilias sobre São Mateus, 4, 10) 

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