Empresarial - Ponto 1
Empresarial - Ponto 1
Empresarial - Ponto 1
prática de atos de comércio para incluir no seu núcleo a empresa, ou seja, a atividade
econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. Com a
teoria da empresa, deixa de ser importante o gênero da atividade econômica desenvolvida,
não importando se esta corresponde a uma atividade agrícola, imobiliária ou de prestação de
serviços, mas que seja desenvolvida de forma organizada, em que o empresário reúne
capital, trabalho, matéria-prima e tecnologia para a produção e circulação de riquezas.
De acordo com a teoria da empresa, o direito comercial tem o seu campo de
abrangência ampliado, alcançando atividades econômicas até então consideradas
civis em razão do seu gênero. A teoria da empresa, ao contrário da teoria francesa, não
divide as atividades econômicas em dois grandes regimes (civil e comercial), prevê um
regime amplo para as atividades econômicas, excluindo desse regime apenas as
atividades de menor importância, que são, a princípio, as atividades intelectuais, de
natureza literária, artística ou científica. Segundo a teoria da empresa, a atividade agrícola
também pode estar afastada do direito comercial, já que cabe ao seu titular a opção pelo
regime comercial, que ocorre mediante o registro da atividade econômica no Registro Público
de Empresas, realizado no Brasil pelas Juntas Comerciais.
Considerando o núcleo que delimita a matéria comercial ao longo de sua evolução
histórica, pode-se dividir o desenvolvimento do direito comercial em três períodos. O
primeiro período, do Séc. XII ao Séc. XVIII, denominado de período subjetivo
corporativista ou período subjetivo do comerciante, tem como núcleo do direito
comercial a figura do COMERCIANTE MATRICULADO NA CORPORAÇÃO. O segundo
período, compreendido entre o Séc. XVIII e o Séc. XX, inicia-se com o Código de
Comércio Napoleônico de 1807 e tem como núcleo os atos de comércio. O terceiro e
atual período de evolução histórica do direito comercial inicia-se com o Código Civil
italiano de 1942 e tem como núcleo a empresa, compreendendo o Séc. XX até nossos
dias.
Síntese:
Teorias:
a) Subjetiva: proteção ao oligopólio das corporações de ofício (burguesia) e dos
burgueses – fundada na pessoa do comerciante – PROTEÇÃO
b) Objetiva: Código Napoleônico – Atos de Comércio: o legislador elenca os atos
interessantes ao Direito Comercial – quem praticar estes atos estará protegido pelas leis
mercantis
Napoleão manteve a proteção da burguesia para não perder seu apoio, com
receio do potencial da Inglaterra. É uma teoria totalmente artificial, mas foi a saída
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O direito comercial brasileiro tem origem em 1808 com a chegada da família real
portuguesa ao Brasil e a abertura dos portos às nações amigas. Da sua origem até o
surgimento do Código Comercial brasileiro, disciplinavam as atividades comerciais no país as
leis portuguesas e os Códigos Comerciais da Espanha e da França, já que entre as leis
portuguesas existia uma lei (Lei da Boa Razão) prevendo que no caso de lacuna da lei
portuguesa deveriam ser aplicadas para dirimir os conflitos de natureza comercial as leis das
nações cristãs, iluminadas e polidas. Por essa razão, nessa primeira fase do direito comercial
brasileiro a disciplina legal das atividades comerciais mostrava-se bastante confusa.
Em 1834, uma comissão de comerciantes apresentou ao Congresso
Nacional um projeto de Código Comercial, que após uma tramitação de mais de 15
anos originou o primeiro código brasileiro, o Código Comercial (Lei n° 556, de 25 de
junho de 1850), que foi baseado nos Códigos de Comércio de Portugal, da França e da
Espanha. O Código Comercial brasileiro adota a teoria francesa dos atos de comércio,
podendo-se, entretanto, identificar traços do período subjetivo na lei de 1850, em razão do
art. 4° prever que somente os comerciantes matriculados em alguns dos Tribunais de
Comércio do Império poderão gozar dos privilégios previstos no Código Comercial.
Cumpre ressaltar que embora o Código Comercial brasileiro seja baseado na
teoria dos atos de comércio, em nenhum dos seus artigos ele apresenta a enumeração
dos atos de comércio, como faz o Código Comercial francês de 1807 nos artigos 632 e
633. Essa ausência da enumeração dos atos de comércio no Código Comercial foi
proposital, justificando-se pelos problemas que a enumeração causava na Europa,
onde eram conhecidas grandes divergências doutrinárias e jurisprudenciais referentes à
caracterização da natureza comercial ou civil de determinadas atividades econômicas em
razão da enumeração legal dos atos de comércio.
Temendo que essas divergências e disputas judiciais se repetissem no país, o
legislador brasileiro preferiu, após grandes discussões na fase de elaboração do Código
Comercial, não inserir a enumeração dos atos de comércio na Lei n° 556, de 1850.
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ética empresarial (busca incessante do lucro), proibindo sua qualificação como empresários:
servidores públicos, militares, juízes, membros do MP
2. Autonomia
4. Características
circulação de bens trazem a necessidade de uma maior proteção das relações comerciais.
Entretanto, esta característica não se aplica ao ordenamento jurídico brasileiro em face do
disposto no artigo 265 do CC, que estabelece que a solidariedade não se presume.
comércio para a teoria da empresa não se deu de repente, mediante simples alteração
legislativa (edição do Código Civil de 2002), mas foi resultado de um processo lento e
gradual capitaneado pela doutrina e jurisprudência nacionais.
O Novo Código Civil adota a TEORIA DA EMPRESA. Empresa é a atividade
economicamente organizada para produção ou circulação de bens e serviços, não se
confundido com o sujeito (empresário) nem com o objeto (estabelecimento
empresarial ou patrimônio aziendal). São características dessa atividade:
– econômica - busca do lucro
– organizada - organização dos fatores de produção (capital + força de trabalho +
matéria-prima + tecnologia)
– profissionalidade ou habitualidade – reiteração da atividade, não se
caracterizando quando esta for exercida em caráter eventual.
As teorias para identificar o empresário/comerciante são:
Teoria dos atos de comércio: leva em conta a atividade desenvolvida,
exigindo a prática de “atos de comércio”;
Teoria da empresa: nascida na Itália desconsidera a espécie de atividade
praticada (atos de comércio ou não) e passa a considerar a estrutura organizacional,
relevância social e a “atividade econômica organizada para o fim de colocar em circulação
mercadorias e serviços”.
Verifica-se, ainda, que a adoção da teoria da empresa contribuiu sobremaneira
para a alteração da nomenclatura da disciplina de “Direito Comercial” para “Direito
Empresarial”, uma vez que existem diversas atividades negociais além do comércio, como a
indústria, os bancos, e a prestação de serviços, que são consideradas atividades
empresariais, de modo que a nova nomenclatura revela-se mais adequada à descrição do
fenômeno estudado.
2.1 – Empresa
Modernamente, conceitua-se empresa como uma atividade econômica
organizada, para a produção ou circulação de bens ou serviços, exercida profissionalmente
pelo empresário, por meio de um estabelecimento empresarial.
A empresa pode ser desenvolvida por pessoas físicas ou por pessoas jurídicas.
Se quem exerce a atividade empresarial é pessoa física ou natural, será considerado
empresário individual. Se quem o faz é pessoa jurídica, será uma sociedade empresária e
não empresarial (correspondente a sociedade de empresários). O adjetivo empresário
conota ser a própria sociedade (e não seus sócios) a titular da atividade econômica.
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3.CONCEITO DE EMPRESÁRIO
(...)
1. Compete à Justiça Comum processar e julgar ação ordinária pleiteando
anulação de registro de alteração contratual efetivado perante a Junta Comercial, ao
fundamento de que, por suposto uso indevido do nome do autor e de seu CPF, foi
constituída, de forma irregular, sociedade empresária, na qual o mesmo figura como sócio.
Nesse contexto, não se questiona a lisura da atividade federal exercida pela Junta
Comercial, mas atos antecedentes que lhe renderam ensejo.
2. Conflito conhecido para declarar competente o Tribunal de Justiça do Estado de
Rondônia, o suscitado. (STJ, CC 90.338/RO, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/11/2008, DJe 21/11/2008)
Em síntese, a jurisprudência é:
– se em discussão a regularidade dos atos e registros da Junta Comercial, órgão
estadual que exerce função federal delegada, a competência é da Justiça Federal;
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-- se apenas por via reflexa será atingido o registro da Junta Comercial, não há
interesse da União, e por isso a competência será do juízo estadual, como, por exemplo,
discussão sobre nome comercial, sobre idoneidade de documentos usados em alteração
contratual, sobre o direito de preferência de sócio.
Em matéria criminal, no que tange aos delitos de falsidade ideológica que afetem
exclusivamente a junta comercial, sem lesão direta a bens, interesses ou serviços da União,
a competência é da justiça estadual. Confira-se o recente julgado do STJ:
4. CAPACIDADE
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Age de modo negativo quando a lei por disposição cogente declara a inabilitação de certas pessoas para a prática de
certos atos devido a alguma situação irremovível em que elas se acham, ou quando mantém o impedimento durante a
persistência de determinadas situações especiais, caracterizando-se, na primeira hipótese, de ilegitimação absoluta ou
inalterável pela vontade dos agentes e, na segunda hipótese, a da ilegitimidade relativa.
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5. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
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A clientela é o “conjunto de pessoa que, de fato, mantêm com a casa de comércio relações contínuas para a
aquisição de bens ou serviços”. Quanto maior o número de clientes maior será o aviamento. Embora não se possa falar em
um direito à clientela, sua proteção jurídica se faz de maneira indireta através da normas que regem a concorrência desleal.
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PONTO COMERCIAL
“Trata-se do endereço em que o empresário desenvolve sua atividade. É o local
físico em que foi fixado o estabelecimento”.
O ponto comercial, elemento incorpóreo do estabelecimento, é juridicamente
protegido porque também é dotado de valor econômico” (Sinopses Jurídicas, vol. 21, p. 42 –
com modificações)
Com o desenvolvimento do comércio eletrônico via Internet surgiu o
estabelecimento virtual em que não importa o ponto comercial, mas o nome do domínio,
que é o seu endereço eletrônico (característica do informalismo). Realizada a compra fora
do estabelecimento físico, o consumidor possui o direito de arrependimento previsto no art.
49 do CDC).
TÍTULO DO ESTABELECIMENTO
“É o nome e/ou símbolo dado ao estabelecimento para identificá-lo e não se
confunde com o nome empresarial adotado pelo empresário individual ou pela sociedade
empresária.
Não é, necessariamente, composto pelos mesmos elementos presentes, seja no
nome empresarial (utilizado pelo empresário ou sociedade empresária para se
identificar nos negócios e consta nas notas fiscais), seja na marca de produtos ou
serviços produzidos ou fornecidos pela empresa”. (Sinopses Jurídicas, vol. 21, p. 40 – com
modificações)
Exemplo:
Nome Empresarial – Silva & Sousa Comésticos Ltda. (firma)
Título do estabelecimento – Loja do Silva
Marca do produto – Sosil
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Na minha opinião, o descumprimento desta formalidade na hipótese de usufruto ou arrendamento pode implicar
solidariedade entre os contratantes, aplicando-se analogicamente o art. 1146 do CC/02.
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adquirente, pois ele poderá perder o estabelecimento em favor dos credores, caso o
alienante venha a ter sua falência decretada” (Curso de Direito Comercial, Fábio Ulhôa, pág.
119).
Lei 11.101/05, Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou
não o contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja
ou não intenção deste fraudar credores: (...) VI - a venda ou transferência de
estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores,
a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu
passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após
serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e
documentos;
CC/02, Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento
dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando
o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos
créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.
EXCEÇÕES IMPORTANTES
- DÉBITOS TRABALHISTAS - Independente de previsão contratual, o adquirente
é sucessor do alienante em relação às suas obrigações trabalhistas e fiscais ligadas ao
estabelecimento.
Estabelece o art. 448 da CLT que as mudanças na propriedade da empresa não
afetam os contratos de trabalho. O empregado terá a opção de demandar contra o alienante
ou contra o adquirente do estabelecimento. As obrigações estabelecidas no contrato de
trespasse são válidas apenas entre as partes, não tendo validade perante o empregado e a
Justiça do Trabalho.
- DÉBITOS TRIBUTÁRIOS – São regras estabelecidas pelo art. 133 do Código
Tributário Nacional:
- Se o alienante deixar de explorar qualquer atividade econômica nos seis meses
seguintes à alienação e se o adquirente continuar a explorar a mesma atividade, a
responsabilidade do adquirente é direta. O fisco pode cobrar do adquirente todas as dívidas
tributárias de alienante relacionadas ao estabelecimento;
- Se o alienante continua a explorar qualquer atividade econômica nos seis meses
seguintes a alienação e se o adquirente continuar a explorar a mesma atividade, a
responsabilidade do adquirente é subsidiária. A responsabilidade do adquirente somente
emergirá quando ficar caracterizada a falência ou insolvência do alienante.
Obs. A sucessão tributária somente se caracteriza se o adquirente continuar
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CLÁUSULA DE NÃO-RESTABELECIMENTO
A proibição do alienante não se restabelecer, a fim de evitar concorrência ao
adquirente, é prevista no art. 1147 do Código Civil.
O Código estabelece que o tempo de impedimento é de 5 anos subseqüentes
à transferência. Trata-se de uma norma dispositiva, que pode ser afastada pela vontade
das partes.
CC/02, Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do
estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à
transferência.
Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento,
a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato.
proteção.
A ação renovatória garante ao proprietário o direito de renovar o contrato de
locação empresarial, mesmo contra a vontade do locador, desde que presentes certos
requisitos.
Requisitos necessário para o direito a renovação compulsória da locação:
1. Contrato escrito (art. 51, I);
2. Contrato com prazo determinado (art. 51, I);
3. Prazo de no mínimo 5 anos ININTERRUPTOS (art. 51, II);
4. Exploração da mesma atividade por no mínimo 3 anos - caracterização da
formação do ponto empresarial (art. 51, III).
Legitimados Ativos na Ação Renovatória:
1. O empresário locador (art. 51, caput);
2. Os cessionários, sucessores ou sublocadores (totais e parciais) (51, par. 1º);
3. O sócio, se seu contrato autorizar a utilização pela sociedade (art. 51, par. 2º);
4. Sócio sobrevivente de sociedade dissolvida (art. 51, par. 3º);
e) indústrias e sociedades civis com fins lucrativos (art. 51, par. 4º).
Prazo Para Propositura Da Ação:
- de 1 ano a 6 meses antes do término do contrato.
Trata-se de prazo decadencial.
Exceções De Retomada / Casos que permitem ao locador a retomada, ainda
que atendidos todos os requisitos acima:
1. Obras determinadas pelo do poder público (art. 52, I);
2. Reforma que valorize o imóvel (art. 52, I);
3. Uso próprio (art. 52, II);
4. Transferência de fundo de comércio existente há mais de um ano, sendo sócio
majoritário o locador, ascendente, descendente ou cônjuge (art. 52, II);
5. Proposta inferior ao valor de mercado (art. 72, II);
6. Proposta melhor de terceiro (art. 72, III);
O Locador deve pagar indenização ao locatário pela perda do ponto nos
seguintes casos:
a) se a renovação não ocorrer por proposta melhor de terceiro;
b) se o motivo da não renovação não se concretizar em 3 meses.