Caderno Concepcao Do Modelo Pedagogico 1 2022
Caderno Concepcao Do Modelo Pedagogico 1 2022
Caderno Concepcao Do Modelo Pedagogico 1 2022
Pedagógico
Concepção do
Modelo Pedagógico
Anos Iniciais
Ensino Fundamental
PRESIDENTE
Marcos Antônio Magalhães
EQUIPE DE DIREÇÃO
Alberto Chinen
Juliana Zimmerman
Thereza Barreto
CRÉDITOS DA PUBLICAÇÃO
Organização: Thereza Barreto
Coordenação: Amalia Ferreira
Supervisão de Conteúdo: Thereza Barreto
Redação: Renata Campos e Thereza Barreto
Leitura crítica: Alberto Chinen, Amalia Ferreira e Elizane Mecena
Edição de texto: Korá Design
Revisão ortográfica: Palavra Pronta
Projeto Gráfico e Diagramação: Korá Design
2ª Edição | 2019
© Copyright 2018 - Instituto de Corresponsabilidade pela Educação. “Todos os direitos reservados”
Essa foi a base sobre a qual se estruturou o Modelo da Escola da Escolha e da qual
advieram os Modelos Pedagógico e de Gestão, seus Princípios, Metodologias, Práticas
Educativas e instrumentos para a gestão dos processos de ensino e de aprendizagem.
O Modelo viveu alterações importantes desde a sua concepção em 2003. Cada uma delas
foi necessária para se ajustar às transformações da sociedade e significou a expressão da
maturidade adquirida pela rica convivência com as escolas estaduais e municipais brasi-
leiras, seus educadores, estudantes e familiares – os legítimos protagonistas da implan-
tação da Escola da Escolha.
Os estudos realizados pela sua equipe, bem como os conceitos amealhados nessas expe-
riências, permitem ao ICE a constante e necessária atualização do Modelo da Escola da
Escolha nas suas dimensões pedagógicas e de gestão. Dessa maneira, estudos e referên-
cias foram incorporadas ao Modelo que foi ampliado e passou a ser oferecido nos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental, expandindo o seu campo de atuação antes restrito aos
Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio.
A Memória
UM POUCO DA HISTÓRIA
É necessário fazer esse destaque para que não haja equívoco na leitura dos documen-
tos apresentados, tendo em vista que os termos então utilizados no Plano de Ação do
Ginásio Pernambucano, por exemplo, são diferentes daqueles que atualmente são utili-
zados nas Secretarias de Educação e respectivas escolas onde o ICE atua e desenvolve
o Modelo da Escola da Escolha. Desde 2003, o Modelo sofreu influências decorrentes do
dinamismo das transformações da sociedade, sofreu atualizações nas dimensões peda-
gógicas e de gestão e novos estudos e referências foram incorporadas.
E ainda a definição como ideal formativo do Modelo, um jovem que ao final da Educação
Básica tenha:
Eles foram eleitos por trazerem expressos ideais de homem e de sociedade alinhados
ao ideal antropológico da educação brasileira na mesma perspectiva ambicionada pelo
ICE, os mesmos preconizados por Anísio Teixeira, inspirados por John Dewey, uma das
referências teóricas do Modelo da Escola da Escolha.
Para isso, é necessário considerar, à luz dos cenários já apresentados, como tarefa fun-
damental da escola a formação de:
E, por fim, o vamos compreender o que quer dizer o alinhamento político e concei-
tual dos três documentos:
5. A percepção de que aquilo que uma pessoa se torna ao longo da vida de-
pende de duas coisas: das oportunidades que teve e das escolhas que fez;
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O segundo documento, Códigos da Modernidade, foi concebido pelo filósofo Jose Ber-
nardo Toro e trata das competências e capacidades mínimas para participação produtiva
do ser humano no Século XXI.
Códigos da Modernidade:
Capacidades e competências mínimas para participação produtiva no século XXI
8. Bom senso: ter bons critérios ao avaliar cação para o desenvolvimento humano onde
o ato de educar é um direito que transforma
e decidir;
o potencial de todo ser humano em compe-
tências capazes de lhes permitir viver, con-
9. Solução de Problemas: pôr em ação o
viver, trabalhar, educar-se nas distintas di-
que sabe e o que é capaz de fazer;
mensões da vida pessoal, social e produtiva,
e atuar num mundo em permanente e acele-
10. Trabalho em Equipe: saber cooperar e
rada transformação.
trabalhar em grupo.
Esse foi o marco conceitual e filosófico que
definiu a formulação da proposta denomi-
nada: “O Ginásio Pernambucano no Século
Rich, Dorothy. Megaskills: os valores e as XXI” sobre a qual se estruturou o Modelo da
habilidades interiores para o sucesso na Escola da Escolha e da qual advieram os Mo-
vida dos seus filhos. São Paulo: Melhora- delos Pedagógico e de Gestão, seus Princí-
mentos, 1996. pios, Metodologias, Práticas e instrumentos.
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Modelo e fonte das primeiras inovações em conteúdo, método e gestão produzidas, que
constituíram referência para a avaliação e consolidação do Modelo para que fosse expan-
dido inicialmente no Estado de Pernambuco e, posteriormente, para os demais estados
e municípios brasileiros.
Ginásio Pernambucano –
o protagonista brasileiro da Causa
O Ginásio Pernambucano, apresentado no Caderno de Formação - Memória e Concepção
do Modelo, foi o privilegiado protagonista do movimento propositivo de mudanças e quebra
de paradigmas iniciado em virtude do engajamento em torno de uma Causa que mobilizou
o poder público, a sociedade civil e a iniciativa privada no início dos anos 2000, em Pernam-
buco.
Ele foi o lugar da concepção, experimentação e validação das Metodologias, Práticas Educa-
tivas, Práticas e Vivências em Protagonismo, instrumentos e processos da gestão do ensino
e da aprendizagem, bem como do Modelo de Gestão, após a definição do marco conceitual-
-filosófico que orientaria o Modelo da Escola da Escolha em sua completude.
Esse protagonismo adveio, naturalmente, da missão que foi elaborada em seu primeiro Plano
de Ação, após a reabertura da escola e da configuração da Equipe Escolar e dos estudantes.
Corpo discente
a. Principal foco de resultados
b. Seus deveres:
Corpo docente
Que atuem em três grandes frentes:
Famílias
Atuar como interlocutores e parceiros dos educadores escolares no marco de projeto
pedagógico da escola.
Processos formativos
Adoção da metacognição como base das estratégias de ensino e de aprendizagem utili-
zadas na escola.
b. Conhecimento
c. Prática pedagógica
d. Práticas de gestão
Práticas e Vivências
As práticas e vivências deverão promover a educação para a vida (aprender a ser e apren-
der a conviver), visando a aquisição de competências pessoais e sociais que envolvem
o conhecimento de si mesmo, a qualidade dos relacionamentos, a corresponsabilidade
pelo bem comum, o associativismo, o cooperativismo, o compartilhamento de resultados
e a capacidade de autogestão, cogestão e heterogestão.
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Conhecimento a serviço da formação humana - Formação numa visão integradora con-
templando o saber, o saber-fazer e o saber-se;
E os seus objetivos:
O corpo discente foi composto por estudantes da rede estadual de ensino, por trans-
ferência realizada a partir do preenchimento das 320 vagas disponibilizadas, obede-
cendo critérios de aceitação incondicional ao regime de jornada ampliada de 40 horas
semanais diurnas e comprometimento com a execução do projeto Político-Pedagógico
do CEEGP.
O “novo” Ginásio Pernambucano iniciou as suas atividades em 2004, atuando como o mo-
tor de um vasto movimento de mudanças e transformações, onde paradigma se transfor-
mou num exercício que levou cotidianamente a Equipe Escolar a romper com algo instalado
e há muito consolidado nas práticas e instalar o Modelo completamente novo.
Isso implicou em implantar novas culturas (do portão de entrada da escola à sala de aula!),
em sair dos lugares onde todos se sentem confortáveis, mas onde não necessariamente as
coisas funcionam, e isso valeu para todos, incluindo os estudantes e seus pais.
Dessa forma, a Equipe Escolar atuava num ambiente que respirava mudanças de maneira
quase endêmica, fundamentada nos marcos conceituais e filosóficos do Modelo, bem
O Marco Lógico
1º MOMENTO
2º MOMENTO
3º MOMENTO
Uma nova forma de organização e exploração dos ambientes e espaços da escola, criação
de rotinas colaborativas no cotidiano escolar, assim como a ampliação do tempo de perma-
nência dos estudantes e de toda a Equipe Escolar, foram algumas das estratégias eleitas,
entre outras.
Essas três sequências ilustram a trajetória do marco lógico do Modelo Pedagógico e regis-
tram um aspecto fundamental que equivocadamente é atribuído ao Modelo: que a amplia-
ção da jornada escolar para os estudantes e Equipe Escolar foi o ponto de partida para a sua
concepção, a exemplo de outras políticas públicas instituídas no Brasil, onde primeiramen-
te se define o tempo de permanência e, posteriormente, a arquitetura curricular. Aqui fica
claro que o aumento do tempo de permanência foi uma das estratégias para operar o
currículo do Projeto Escolar inovador.
O Modelo Pedagógico
Um conceito
Por definição, o Modelo Pedagógico é o sistema que opera um currículo articulado por
meio da Base Nacional Comum Curricular e sua Parte Diversificada, considerando as di-
retrizes e parâmetros nacionais e locais, por meio de inovações em conteúdo (sobre o
que se ensinar enquanto aquilo que tem sentido e valor), método (sobre como ensi-
nar aquilo que tem sentido e valor) e gestão (sobre conduzir processos de ensino e
Os fundamentos
No Caderno de Formação - Memória e Concepção do Modelo apresentamos as bases
do que posteriormente viria fundamentar os Modelos Pedagógico e de Gestão. As ino-
vações presentes nesses modelos não se referem apenas aos seus conteúdos, mas em
especial à forma como se integram e como gerem os seus processos. Juntos, esses dois
modelos dão sustentação ao Modelo da Escola da Escolha e apresentam-se como estru-
turas indissociáveis, consideradas as suas especificidades: um modelo pedagógico eficaz
e um modelo de gestão comprometido com resultados.
Ela traz em sua centralidade a grande tarefa da escola: criar processos educativos or-
ganicamente estruturados que assegurem ao estudante as condições para que ele
inicie a construção do projeto mais elaborado de sua vida: o seu Projeto de Vida.
Nessa figura expressamos a ideia de que na escola devem ser providas as condições
para a formação do estudante – da criança, do adolescente e do jovem, assegurada no
seu cotidiano por meio do projeto escolar. Esse projeto escolar tem o seu Modelo Peda-
gógico fundamentado nos Princípios Educativos e é operacionalizado pelo currículo cuja
prática pedagógica se orienta pelos três Eixos Formativos aqui apresentados.
A prática pedagógica na Escola da Escolha não ocorre apenas no nível da sala de aula,
nessa Escola a sala de aula não é tratada no seu sentido restrito, ou seja, os espaços edu-
cativos são os diversos ambientes dotados de conteúdos educativos onde todos convi-
vem e aprendem. Tendo isso em vista, aqui consideraremos a prática pedagógica no seu
sentido amplo, que abrange todos os educadores que interagem com os estudantes – a
criança, o adolescente e o jovem, e que junto a eles promovem todos os processos educa-
tivos articulados ao currículo. Sobre espaços educativos, ambientes e salas de aula, ver o
Caderno de Formação - Espaços Educativos.
Por que esse destaque é importante? Para que se compreenda que a escola provê con-
dições para a construção do Projeto de Vida do estudante em várias dimensões e por
intermédio de vários atores, ou seja, não apenas na sala de aula tal como a conhecemos,
não apenas nas aulas dos componentes curriculares e não apenas com o professor habi-
litado nas respectivas licenciaturas. Essas condições são providas pela riqueza expressa
nas inovações em conteúdo, método e gestão, pelos processos pedagógicos e de gestão,
bem como pela competência, talento e dedicação de toda a Equipe Escolar que conjuga
esforços para essa realização porque esse é o Projeto de Vida da Escola.
Essa figura expressa ainda a ideia de que o Modelo de Gestão é a base na qual o Mode-
lo Pedagógico se alicerça para gerar o trabalho que transformará toda a “intenção
educativa” em “efetiva ação” traduzida em resultados tangíveis e mensuráveis.
Para o ICE, uma condição imprescindível para este posicionamento é constituir um jovem
que ao final da Educação Básica tenha formulado um Projeto de Vida como sendo a ex-
pressão da visão que ele constrói de si em relação ao seu futuro e define os caminhos que
perseguirá para realizá-la em curto, médio e longo prazo.
Para que a escola responda a essa grande tarefa, seu currículo, suas práticas e pro-
cessos educativos devem assegurar à criança, desde os anos iniciais, até ao jovem, no
Ensino Médio:
O Protagonismo como Princípio, fundamenta o projeto escolar para que, na prática peda-
gógica, as crianças, adolescentes e jovens desenvolvam suas potencialidades por meio de
oportunidades educativas nas práticas e vivências, sendo reconhecidos, envolvidos e trata-
dos como fontes de possibilidades, de conhecimentos, de atitudes e de experiências e não
receptores ou porta-vozes daquilo que os educadores dizem ou fazem em relação a eles e
sobre eles. Os educandos devem ser tratados como fontes de iniciativa, porque devem ser
parte da ação; de liberdade, uma vez que às ações devem ser associadas as suas decisões;
Os Quatro Pilares da Educação trazem uma ampla concepção sobre educação, em que
os pilares são as aprendizagens fundamentais para que uma pessoa possa se desenvolver
plenamente, considerando a progressão de suas potencialidades, ou seja, a capacidade de
cada um de fazer crescer algo que traz consigo ou mesmo que adquire ao longo da vida.
As competências e habilidades relativas à aprendizagem dos Quatro Pilares apoiam a for-
mação da criança desde o Ensino Fundamental ao jovem no Ensino Médio na perspectiva
da sua autorrealização e plenitude que se busca com a construção de um Projeto de Vida
– centralidade deste Modelo. O projeto escolar orientado por essa perspectiva pressupõe
a adoção de grande variedade de relações entre essas competências e as áreas de co-
nhecimento, bem como das Práticas e Vivências em Protagonismo podendo oferecer aos
estudantes um campo vivo de experiências dessas aprendizagens ou pilares, porque são
amplas as suas possibilidades.
A Ludicidade é uma necessidade humana. Pela brincadeira a criança vive e reconhece a sua
realidade. As atividades lúdicas possibilitam as vivências de papéis sociais que propiciarão
a compreensão do funcionamento do mundo. Quanto mais a criança brinca, mais se desen-
volve nos aspectos afetivo, emocional, motor, corporal e social.
Ainda, uma prática pedagógica orientada por esse eixo formativo também assegura que
o currículo seja configurado pela absoluta integralidade da articulação entre a Base Na-
cional Comum Curricular e a Parte Diversificada no conjunto das inovações do Modelo da
Escola da Escolha, sempre com a finalidade do seu enriquecimento, aprofundamento e
diversificação. Para tanto, a gestão do currículo, a partir de seu monitoramento, é uma
parte imprescindível do fazer pedagógico.
A Formação para a Vida objetiva ampliar as referências do estudante aos valores for-
mados ao longo de sua vida nos diversos meios com os quais interage e que contribuirão
para uma sólida base em sua formação.
Ao orientar a prática pedagógica, esse eixo cria condições para uma formação onde o
estudante constitui e amplia o seu acervo de valores, conhecimentos e experiências –
condição fundamental para o processo de escolhas e decisões que o acompanhará em
sua vida em todas as suas dimensões: pessoal, social e produtiva.
Esses Eixos Formativos foram eleitos porque, juntos, são essenciais desde os Anos Ini-
ciais do Ensino Fundamental para a formação da criança no atendimento das suas ex-
pectativas de aprendizagem dos conteúdos e habilidades fundamentais em cada disci-
plina, ao jovem que concluirá o Ensino Médio, no auge das decisões típicas desse nível de
ensino; na aquisição, fortalecimento e consolidação de valores e ideais e na capacidade
de fazer escolhas sensatas para uma vida equilibrada na construção de uma sociedade
próspera, fraterna e justa; e na formação de um conjunto ampliado de competências e
habilidades que criam condições para que os estudantes lidem com as próprias emoções,
com a capacidade de conviver e se posicionar no mundo de maneira colaborativa e pro-
positiva, entre outros.
Na evolução dos anos e níveis de ensino evidencia-se que um Projeto de Vida não se
constrói sem a presença de qualquer um dos eixos. Simplesmente não pode haver Pro-
jeto de Vida sem Formação Acadêmica de Excelência, porque não há cidadania sem
domínio da língua materna ou dos números e das operações matemáticas, apenas para
citar elementos primários. Assim como não há Projeto de Vida na formação de um bri-
lhante Engenheiro calculista de estruturas se, de maneira indiferente, ele toma deci-
sões sobre a indicação de vigas ou colunas e põe em risco a vida das pessoas numa
projeção de futuro. Ou ainda, um excelente advogado, dotado de grande saber jurídico,
de valores e atitudes de não indiferença em relação ao seu entorno, mas que não con-
segue estabelecer nem manter laços com as pessoas com as quais convive no seu meio
social ou produtivo porque não sabe lidar com opiniões contrárias às suas, não é um
exemplo de alguém que conseguiu desenvolver as competências e habilidades para a
construção de um Projeto de Vida.
O Modelo Pedagógico chega “ao chão da escola” por meio do currículo integrado e dos
seus componentes, que ganham vida nos componentes curriculares, conteúdos, temas,
orientações didáticas e procedimentos diversos que favorecem aos estudantes a vivên-
cia de atividades dinâmicas, contextualizadas e significativas nos diversos campos das
ciências, da arte, das linguagens e da cultura corporal. Juntos, exercem o papel de agente
articulador entre o mundo acadêmico, as práticas sociais e a trajetória para construção
dos Projetos de Vida dos estudantes, considerados aqui os distintos níveis de ensino.
Assim, desde os Anos Iniciais do Ensino Fundamental até o Ensino Médio, essa formação
considera o estudante e suas circunstâncias como sendo o alvo a partir do qual e para o
qual o Projeto Escolar se constrói e se estabelece sob a forma das relações entre o currí-
culo, suas práticas pedagógicas e de gestão.
O Projeto Escolar assegura o foco no estudante quando suas ações convergem para aten-
der as necessidades, expectativas e ambições dos estudantes, expressas e alinhadas no
Plano de Ação. Conforme veremos no Caderno de Formação - Projeto de Vida e um
pouco mais detalhadamente no Caderno de Formação - Modelo de Gestão, não se trata
de afirmar que a escola exista para realizar diariamente os desejos individuais e focais
dos estudantes ou que o seu Plano de Ação se limite à meta de aprovar uma porcentagem
pré-estabelecida de estudantes em determinados cursos ou certa taxa de empregabilida-
de em um setor produtivo.
O foco dos profissionais da escola e, consequentemente, de suas práticas têm de ter ma-
terialidade, possuir “nome e sobrenome”. Não pode ser abstrato, tem que “ser”, tem que
“existir”, tem que “ocupar espaço”. Nesse caso, o foco é o estudante a quem os educa-
dores servem com sua dedicação, suas competências técnicas, seu tempo, talento, sua
experiência, maturidade, conduta profissional e exemplo.
A discussão sobre currículo é extensa, pois envolve diferentes teorias sobre conhecimen-
to e visão de mundo e sociedade. A Profª Guiomar Namo de Melo apresenta uma concep-
ção objetiva, porém não reducionista, de que currículo é tudo aquilo que uma sociedade
considera necessário que os estudantes aprendam ao longo de sua escolaridade.
A criança é o foco dessa etapa de ensino, e ao concluir o 5º ano deverá reunir condições
favoráveis à continuidade do seu itinerário formativo rumo aos anos finais dessa etapa da
escolaridade básica.
Nesta fase de escolarização, a criança idealizada é aquela que será capaz de avaliar e
decidir baseada nas suas crenças, valores e interesses (autônoma), capaz de envolver-se
como parte da solução e não do problema (solidária) e capaz de compreender, de criar e/
ou buscar mecanismos de auto-organização que a apoiará no Ensino Fundamental por-
que consegue enxergar a relação entre estudos e sucesso na vida (competente).
Continuação
Introdução
Projeto
En is
de Vida
sin ci a
o Fu I ni
ndamental - Anos
Conexão
En
sin
oF
und
amen
tal - Anos Finais
Consolidação
Ensin
o Médio
ETAPA INTRODUÇÃO
De acordo com orientações do MEC (Lopes, 2010), este processo de alfabetização e letra-
mento tem início nos primeiros anos do Ensino Fundamental, devendo o processo de apren-
dizagem estar adequado ao trabalho com as crianças de seis, sete e oito anos. O desafio é dar
A criança que vivencia os Anos Iniciais do Ensino Fundamental tem desenvolvidas as carac-
terísticas próprias dessa etapa, que devem ser tomadas como norteadoras para o trabalho
escolar, sem, no entanto, deixar-se de considerar que cada criança é um ser distinto de
todas as outras, pois traz consigo experiências de vida singulares.
Considerando que a criança possui uma maneira diferenciada de organizar seu pensa-
mento, nesta idade ela caminha para deixar seu pensamento infantil voltado para o ima-
ginário e direciona-se para inaugurar novas formas de relacionar-se e fazer-se no mun-
do concreto. Um ponto importante a ser ressaltado é que a criança do tempo presente
carrega expressões das suas vivências anteriores. Os adultos, em todos os estágios da
constituição infantil, cumprem uma função essencial na mediação para a construção dos
ideais, dos valores, da noção de ética e da moral para a vida em sociedade.
Aqui cabe descrever brevemente o percurso do desenvolvimento infantil que deve in-
fluenciar as práticas pedagógicas no Ensino Fundamental.
Além do desenvolvimento cognitivo, a criança que está sendo inserida no meio escolar
amplia seu campo de atuação e aos poucos vai tomando parte em diferentes tipos de
grupos, times e turmas, indo além de seu núcleo familiar. Fazer parte de um time exige
lealdade e empenho, e esses são construídos, nesta fase, através das relações sociais.
Neste processo, é importante que a criança, pela riqueza de atividade intelectual que
possui, tenha a possibilidade de experimentar os conteúdos escolares por meio do brin-
Para Buber (2006), o ser humano se constitui na relação com outro ser humano, sendo
que não há existência sem comunicação e diálogo. O homem nasce com a capacidade de
interrelacionamento (intersubjetividade) que envolve o encontro e a responsabilidade.
Os educadores e o ideal escolar compartilharão parte do lugar ocupado pelo ideal paren-
tal, o que demonstra a escala da sua importância. Isso exige que a criança seja escutada
em suas necessidades de trocas afetivas e atendimento da sua curiosidade a respeito do
mundo para que o conhecimento seja transmitido e aprendido de forma prazerosa.
O início da experiência escolar está associado ao desejo de produzir algo, de ser e sen-
tir-se capaz de aprender e de se inserir no grupo social. Na escola, a criança começa a
aprender a fazer coisas de forma cooperativa, a se envolver em tarefas reais, não substi-
tuindo o seu desejo e necessidade de brincar, de viver seu mundo imaginário, porém, é o
período apropriado para o letramento, a escrita e o cálculo.
Estudos de Peter Senge (2005) demonstram que por volta dos 7 anos há uma convergên-
cia nas áreas da diferenciação cerebral, comportamento e maturação. E, a partir disso,
A criança que inicia o Ensino Fundamental necessita de meios para canalizar suas energias, e
a escola é muito importante para oferecer a ela o senso de conquista, o sentimento de suces-
so, preparando-a assim para o futuro, qualquer que seja esse tempo.
ETAPA CONEXÃO
Aos 10 anos, encerrando os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, a criança estará prepara-
da para realizar a passagem para uma nova etapa em sua trajetória formativa, e o percurso
nos primeiros anos de vida no universo escolar contribuiu para o desenvolvimento de com-
petências e habilidades necessárias para a continuação dos estudos em direção a novos
estímulos, desafios e aprendizagens.
É um momento de grande equilíbrio na sua evolução, embora seja uma etapa de transição.
Observa-se nesta fase uma maior amplitude de gostos e interesses que se manifestam em
diversas situações no seu âmbito pessoal, familiar e social.
Ao final do 5º ano a criança está mais familiarizada com seus processos de aprendizagem
e seu modelo mental e já tem uma visão a respeito daquilo que vai aprender. Apresenta
bom desenvolvimento de seu domínio pessoal estando mais segura para fazer escolhas e
a participar de projetos, pois já possui competências para, junto a outros estudantes, criar
um plano e executá-lo. A capacidade de autoavaliação e avaliação dos amigos também
está em pleno desenvolvimento. Quando há avaliação, a criança é estimulada a avaliar na
perspectiva de valorizar qualidades e buscar estratégias para as dificuldades e conflitos.
A conexão com os Anos Finais do Ensino Fundamental, se caracteriza por mudanças pe-
dagógicas importantes na estrutura educacional, decorrentes principalmente da diferen-
ciação dos componentes curriculares que as crianças encontrarão nos anos finais. Há
uma declarada diferença nessa fase, e as crianças em geral sentem os impactos das mui-
tas exigências que passam a atender, apresentadas pelo grande número de professores
e os novos componentes curriculares dos anos finais. É um período muito sensível que
exige necessários cuidados e articulações, tanto no 5º quanto no 6º ano, para apoiar as
crianças nessa fase de conexão e ampliar as suas condições de sucesso.
ETAPA CONTINUAÇÃO
Dando continuidade aos seus estudos, a criança ingressa nos Anos Finais do Ensino Fun-
damental e possui agora estruturas cognitivas que a colocam em condições de dialogar
com os conteúdos escolares aprofundando seu protagonismo na relação com o saber.
Amplia suas competências sociais e possui um novo nível de atuação com redes de rela-
cionamento mais complexas, com possibilidades de conquistar muitas amizades, e mui-
tos professores passam a fazer parte do seu universo mais amplo.
À medida que caminha para o Ensino Médio, passa a experimentar os papéis variados
que a adolescência apresenta e, como um protagonista, passa a expressar suas próprias
suposições, valores, esperanças e sonhos.
Durante a adolescência, experimenta um expressivo “salto cognitivo” que torna mais fá-
cil para ele compreender e raciocinar sobre o mundo à sua volta. É durante este período
que a maioria se torna capaz de distinguir a realidade objetiva da realidade subjetiva. Ele
reconhece que nem sempre a aparência representa a realidade, compara seus próprios
pensamentos, sentimentos e experiências com seus pares e esse processo leva eventu-
almente à formação de visões e opiniões independentes.
ETAPA CONSOLIDAÇÃO
No Ensino Médio o jovem interessa-se naturalmente em desenvolver uma visão pessoal so-
bre a trajetória que seguirá ao concluir a Educação Básica sendo provocado a refletir, com
alguma disciplina, sobre suas próprias capacidades, crescimento e raciocínio, demonstrando
buscar se posicionar de forma a influenciar os próprios resultados.
O caminho para a consolidação de sua formação e de sua identidade adulta passa pelo de-
senvolvimento de questões imprescindíveis: criar uma visão de si próprio no futuro, esco-
lher uma carreira, preparar-se para realizar a sua independência econômica, consolidar um
conjunto de valores pelos quais se guiará nas decisões que continuará a tomar em sua vida.
Quando os jovens não sabem o que desejam criar para si próprios, o processo formativo
vivido na escola não parece ter sentido. Quando, ao contrário, têm clareza sobre suas vi-
sões de futuro, a educação assume um lugar destacado nessa formação. A escola, nesse
sentido, assume lugar de extrema importância e significado em sua vida.
Currículo e as inovações
em conteúdo, método e gestão
Na definição da configuração do currículo que dá “corpo” ao marco conceitual e filosófico
do Modelo da Escola da Escolha, em especial no 2º momento da estruturação do marco
lógico do Modelo Pedagógico, fizemos referência aos primeiros mecanismos e dispositi-
Metodologias de Êxito
• Projeto de Vida
• Pós-Médio
BASE
NACIONAL PARTE METODOLOGIAS • Pensamento Científico
COMUM DIVERSIFICADA DE ÊXITO
CURRICULAR
• Eletivas
• Protagonismo
• Estudo Orientado
Ensino Fundamental Anos Iniciais Ensino Fundamental Anos Finais Ensino Médio
As inovações não estão linearmente distribuídas nas três etapas de ensino, mas presen-
tes de acordo com a sua indicação e adequação, como pode ser observado na leitura e
estudos dos Cadernos, bem como na figura acima.
• Acolhimento
• Roda de Conversa
• Tempo de harmonização
Rotina
• Hora de cuidar
• Ritos de Passagem
• Recreio de Possibilidades
• Oficina Criativa
Produção, Imaginação
• Hora do Faz de Conta
e Criatividade
• Práticas Experimentais
Tecnologia e Comunicação
• Clube de Protagonismo
Vivência em Protagonismo
• Líderes de Turma
Tutoria
• Protagonismo • Comunicação
• Os Quatro Pilares da
Educação Conceitos
• Ludicidade
• Descentralização
• Experimentação
• Delegação Planejada
• Ciclo de Melhoria Contínua
• Níveis de Resultados
Eixos Formativos
• Parceria
• Formação Acadêmica de
Excelência Planejamento e
• Formação para a Vida Operacionalização
• Formação de Competências
para o Século XXI • Plano de Ação
• Programa de Ação
Tal como considerado nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
de Nove Anos (Resolução CNE/CEB nº 7/2010), as mudanças vividas pelas crianças
quanto aos aspectos físicos, cognitivos, afetivos, sociais, emocionais, entre outros,
impõem muitos desafios para o currículo dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental de
modo a considerar as características e singularidades das fases de desenvolvimento
bem como superar as rupturas existentes na passagem entre as etapas do continuum
da Educação Básica, mas também entre as duas fases do Ensino Fundamental: Anos
Iniciais e Anos Finais.
A matriz curricular dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em sua parte diversifi-
cada expressa pelo conjunto das inovações nas Metodologias de Êxito e nas Práticas
Educativas, enfatiza os princípios da Experimentação e da Ludicidade nas situações de
aprendizagem, sempre valorizando experiências vivenciadas desde a Educação Infantil.
Essa ênfase se dá pela consideração de que, nesse período de suas vidas, as crianças
estão em pleno processo de mudanças importantes em seu desenvolvimento, o que
repercute em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o mundo, impac-
tando sobremaneira na constituição da forma como conviverão, na sequência, com as
Carga
Série e Carga Horária Semanal Horária
Componentes Curriculares
Anual
1º 2º 3º 4º 5º Ano
Matemática 8 8 8 7 7 1.520
História 2 2 2 3 3 480
Geografia 2 2 2 3 3 480
Eletivas 2 2 2 2 2 400
Parte
Diversificada
Estudo Orientado 4 4 4 4 4 800
Protagonismo 3 3 3 3 3 600