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Noções de Arma de Fogo

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Breves noções sobre armas de

fogo e algumas poucas (e


boas!) considerações sobre o
seu uso no Brasil
(versão atualizada em julho/2021)

Renato André Leal da Cunha


Bacharel em Ciência da Computação (1999)
Especialista em Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos (2001)
Bacharel em Direito (2015)
Armas de Fogo: aforismos para reflexão (1/2)
“Homens livres não pedem permissão para portar armas.”
Thomas Jefferson

“Possuir armas não é só uma questão de necessidade, mas de dignidade. Quem se


recusa a ter armas transfere a outros o dever de matar e morrer para defendê-lo.”
Olavo de Carvalho

“Quando todas as armas forem propriedade do governo e dos


bandidos, estes decidirão de quem serão as outras propriedades.”
Benjamin Franklin

“Ponha a sua confiança em Deus…


e mantenha a sua pólvora seca!”
Oliver Cromwell

“Abraham Lincoln tornou todos os homens livres,


mas Samuel Colt os tornou iguais.”
Antigo slogan publicitário da empresa fabricante de armas Colt
Armas de Fogo: aforismos para reflexão (2/2)
O desarmamento é a desonra imposta às nações vencidas,
a posse e o porte de armas são privilégios dos homens livres.
autoria desconhecida

A legítima defesa é um direito natural do ser humano e não um favor do Estado.


autoria desconhecida

Controle de armas não tem nada a ver com armas. Tem a ver com controle.
autoria desconhecida

“A diplomacia sem as armas é como a música sem os instrumentos.”


Otto von Bismarck

“No meio das armas, calam-se as leis.”


Cícero

“As ideias são muito mais poderosas do que as armas. Nós não permitimos que
nossos inimigos tenham armas, porque deveríamos permitir que tenham ideias?”
Joseph Stalin
Armas de Fogo: fatos que os desarmamentistas “ignoram”
Defesa pessoal (familiar) e patrimonial: a visão da segurança pública
• População desarmada: elevação da criminalidade e dos homicídios.
• População armada: o aumento da efetiva proteção nas propriedades
privadas reflete até nas ruas e demais espaços públicos, tudo fica
mais seguro! A criminalidade despenca e os homicídios são reduzidos.

Defesa da liberdade, em nações democráticas: a segurança nacional


• População desarmada: vulnerabilidade quanto às sanhas totalitárias
de governantes e partidos políticos inescrupulosos.
• População armada: os militares garantem a defesa contra os inimigos
externos e a população se garante contra os inimigos internos!
Armas: conceitos
Arma (weapon) é o artefato que tem por objetivo causar dano, provisório ou
permanente, a seres vivos e coisas. Existem diversos tipos de armas, tais
como: branca / de fogo, leve / pesada, primitiva / tecnológica, convencional /
nuclear, química, biológica, etc.

Arma de Fogo (fire gun / firearm) é a arma que arremessa projéteis


empregando a força expansiva dos gases gerados pela combustão de um
propelente confinado em uma câmara (gun chamber) que, normalmente, é
solidária a um cano (gun barrel) que tem a função de propiciar continuidade
à combustão do propelente, além de proporcionar direção e estabilidade ao
projétil arremessado.
Armas de Fogo: tipos de calibre, segundo a lei
O termo Calibre (caliber), grosso modo, diz respeito à medida do diâmetro interno do cano
de uma arma de fogo, isto é, equivale a extensão da bitola do projétil do cartucho. Porém,
cabe ressaltar, tal conceituação é simplória e imprecisa, vez que há outros aspectos
envolvidos na definição de um calibre (e.g. altura da câmara, formato da câmara).
No Brasil, dependendo da energia da munição, os calibres podem ser:
• Calibre Permitido: admitido para qualquer cidadão que atender as exigências da
legislação, na maioria dos casos, uma arma de calibre permitido é obtida através do
SINARM (Polícia Federal), mas ela também pode ser obtida por intermédio do SIGMA
(Exército Brasileiro).
• Calibre Restrito: admitido para as Forças Armadas e seus militares (nesse caso, refiro-me
a quando o militar está fora de serviço, por exemplo, ele pode adquirir a arma e mantê-la
em sua residência), Forças Policiais (corporações e seus membros) e civis que se
enquadrem na categoria CAC (Caçador, Atirador Desportivo e Colecionador) – nesse
último caso, a arma deve ser obtida por meio do SIGMA (Exército Brasileiro).
• Calibre Proibido (para os civis!): admitido unicamente para as Forças Armadas.
Armas de Fogo: pólvora
Pólvora (gunpowder) é a antiga mistura química de: enxofre, salitre e carvão vegetal. A pólvora se
inflama com facilidade e, quando isso ocorre, ela libera energia e provoca expansão de gases, em
razão disso, quando se encontra confinada, causa explosão. Nas armas de fogo, a pólvora é utilizada
como forma padrão de impulsionamento dos projéteis.
Tipos de pólvora mais comuns: 1) Clássica ou Explosiva, 2) Negra ou 3) Propelente. Ei-las:
• Pólvora Clássica ou Explosiva (classic gunpowder / explosive gunpowder) é composta pela
proporção de 10% de enxofre, 75% de nitrato de potássio (salitre) e 15% de carvão de salgueiro.
Quando se encontra em combustão, ela possui alto rendimento exotérmico, queimando de média
a alta velocidade. Amplamente utilizada na fabricação de fogos de artifício mais sofisticados.
• Pólvora Negra (black powder) possui queima lenta e, durante sua combustão, produz muito
resíduo e fumaça. Sua produção é simples e de baixo custo, sendo amplamente empregada na
fabricação de fogos de artifício mais singelos, tais como: bombinhas e traques.
• Pólvora Propelente (propellant) é a utilizada em munições para armas de fogo. Possui queima de
baixa a média velocidade e incinera de forma constante. Ela é conhecida como “pólvora sem
fumaça” (smokeless powder). Ela é produzida a partir de nitrocelulose, nitroglicerina ou
nitroguanidina.
Armas de Fogo: munição e cartucho
Munição (ammunition) é o material bélico fabricado para alimentar as armas de fogo ou outros tipos de armas.
Cartucho (cartridge) é a unidade de munição das armas de fogo de percussão e de retrocarga (carga feita pela
culatra / câmara – que é a parte de trás do cano da avassaladora maioria das modernas armas de fogo).
Os componentes de um cartucho de munição de arma de fogo raiada e de percussão central são:
• Estojo (casing / cartridge case) é um invólucro metálico (geralmente, feito de latão) cilíndrico, cônico ou em
forma de garrafa, onde são depositadas a carga de pólvora e a estopilha / espoleta, e no qual se encaixa, na
parte superior, o projétil de uma arma de fogo. Em geral, ele pode ser reaproveitado na recarga de munição.
Há exceção quanto à sua composição, pois a empresa estadunidense PCP Ammunition comercializa um tipo
de munição que usa polímero ao invés de latão em, praticamente, todo o seu estojo.
• Espoleta (primer) é um artefato para armas de fogo que, após ser percutido pelo cão (hammer) ou pelo
percursor lançado, gera centelha capaz de inflamar o propelente da munição e, como consequência dessa
combustão, impulsiona o projétil pelo cano da arma numa velocidade altíssima.
• Propelente (propellant) é a carga de pólvora e é mensurada em grãos (grains) [1 grão = 0,0648 grama, e, 1
grama = 15,4324 grãos].
• Projétil (bullet) é um objeto rígido de pequenas dimensões (geralmente, feito predominantemente de
chumbo) que é arremessado em alta velocidade contra o alvo escolhido. A finalidade do projétil é ser um
objeto perfuro-contundente. A massa dos projéteis também é mensurada em grãos (grains).
Armas de Fogo: cartucho
O cartucho (munição das modernas armas de fogo)
consiste das seguintes partes:
1 – Estojo (ou Cápsula): o recipiente agregador de todas
as partes da munição (comumente, feito de latão);
2 – Espoleta (ou Estopilha): a responsável pela ignição do
propelente, um tipo de cápsula hermética que contém
alguma mistura química detonante;
3 – Propelente (ou Pólvora): a carga de pólvora que, ao
ser incinerada, libera energia e propulsa o projétil
violentamente para fora do cano;
4 – Projétil (ou Ponta): objeto sólido que se move
rapidamente pelo espaço, popularmente denominado
“bala” (comumente, feito de chumbo).
Munição: exemplos de cartuchos

Federal Premium Syntech Solid Core


Pistol Ammo, 9mm +P, 147 grains

Hornady Ammo .357 Magnum


XTP JHP 158 Grains

12 Gauge, 9 Pellets, 2¾”, Federal

Munição CBC 9mm Luger


Federal American Eagle 5.56 NATO
ETOG 124gr (9x19mm)
Ammunition XM855 FMJ 62 grains
Armas de Fogo: fogo circular e fogo central (1/2)
A expressão Tipo de Fogo refere-se à disposição da espoleta na base do cartucho:
• Fogo Central (centerfire): a superfície destinada a percussão está disposta em
uma cápsula chamada de espoleta, que se encontra fixada na região central da
base do estojo. Exemplo de munição de fogo central: calibre 9mm Luger.
• Fogo Circular (rimfire): a mistura detonante é disposta dentro de um aro que
circunda toda a base do estojo, em termos geométricos, formando uma coroa
circular. Exemplo de munição de fogo circular: calibre .22 LR.
Na ilustração ao lado,
perceba que há espaço
“vazio” dentro de um
cartucho. Em tese, nós
poderíamos adicionar mais
propelente lá, porém, isso
geraria uma perigosa
elevação da pressão quando
houvesse um disparo.
Armas de Fogo: fogo circular e fogo central (2/2)

.22 Long Rifle


Projétil

Estojo

Propelente

Espoleta

Espoleta no aro Espoleta no


.243 Winchester centro
Armas de Fogo: tipos de estojos (1 de 2)
.50 BMG
Estojo do tipo garrafa

Tipos de estojos de latão:


Cilíndrico, Cônico e Garrafa
.22 LR
Estojo do tipo cilíndrico
Armas de Fogo: tipos de estojos (2 de 2)
Estojo do tipo cônico

.700 Nitro Express

.30-06 Springfield

Estojo do tipo garrafa

.22 LR (Long Rifle)

10mm Auto
9mm Luger
.40 S&W

.45 ACP

.38 SPL
Estojos do tipo cilíndricos, exceto o 9mm que é (levemente) cônico
A anatomia de um estojo do tipo garrafa
Cabeça do estojo
(case head)
Gargalo (shoulder)

Pescoço
Corpo ( ) ( )

Ranhura do extrator (extractor groove)

Aro (rim)

espaço (headspace)
Armas de Fogo: tipo de projéteis (pontas)

Fonte: Catálogo CBC


Micro noções sobre balística (1 / 3)
Cronógrafo Balístico é um instrumento de precisão destinado a mensurar a velocidade dos
projéteis das armas de fogo. O aparelho registra e situa no tempo o momento em que ocorre o
arremesso do projétil. Normalmente, o cronógrafo balístico é fotossensível e é provido de duas
barreiras óticas ou, às vezes, de três cortinas de sensores óticos infravermelhos capazes de
medir a velocidade inicial (na boca do cano) ou, ainda, a velocidade em outra posição escolhida
pelo atirador e ele é capaz, também, de mensurar a energia de um projétil.
O equipamento possui dois ou mais sensores que captam a alteração da luz causada pela
passagem de um projétil em um determinado instante. Medindo o tempo que o projétil leva
para passar pelos sensores e, a partir da distância entre os sensores, é calculada a velocidade.
Micro noções sobre balística (2 / 3)
Calibres de Baixa Velocidade vs Calibres de Alta Velocidade
Parâmetro adotado: 2.000 pés por segundo (= 609,6 metros por segundo).
Tipo de Munição e Calibre (produtos nacionais) Boca do Cano 50 metros 100 metros
Munição CBC 9mm Luger ETPP 147gr 302 m/s 287 m/s 274 m/s
Munição CBC .357 Magnum EXPP 158gr 376 m/s 338 m/s 312 m/s
Munição CBC .454 Casull EXPP 260gr 548 m/s 480 m/s 420 m/s
Cartucho CBC Knock Down Sabot calibre 12GA câmara 70mm 500 m/s N/D N/D
Munição CBC 5,56x45mm Comum M193 55gr 995 m/s 874 m/s 763 m/s
Munição CBC 7,62x51mm Comum NATO Ball 144gr 850 m/s 780 m/s 713 m/s
Tipo de Munição e Calibre (produtos importados) Boca do Cano 50 jardas 100 jardas
Munição CCi TNT .17 HMR 777,24 m/s 649,83 m/s 535,53 m/s
Munição CCi Maxi-Mag TMJ .22 WMR 571,50 m/s 488,59 m/s 416,35 m/s

Obs.: 50 jardas = 45,72 metros, e, 100 jardas = 91,44 metros.


Micro noções sobre balística (3 / 3)
Momento Linear é a grandeza física que, em balística terminal, melhor representa o poder de incapacitação
causado por uma determinada arma de fogo e sua munição. Quanto maior for o momento linear, mais poderosa
é a combinação arma/munição, vez que assim ela propiciará maior penetração do projétil no alvo escolhido.
Quanto maior for a penetração causada, maior será o dano provocado no alvo.

Embora a penetração seja realmente muito importante quando se trata do poder de incapacitação de uma
determinada arma de fogo e sua munição, há outro aspecto tão relevante quanto ela: a expansão do projétil ao
penetrar o alvo. Se, durante a penetração, o projétil se expandir, em tese, ele gerará um dano ainda maior ao
alvo.
Armas de Fogo: plataformas renomadas
Chamamos de plataforma todo projeto de arma de fogo que seja inovador em termos mecânicos
e/ou apresente alguma originalidade funcional. No entanto, como alguns projetos são mais
confiáveis que outros, aqueles bem-sucedidos que, ao longo de várias gerações, devido a enorme
popularidade e o elevado prestígio, tiveram continuidade de sua produção através de diversas
empresas diferentes, preservando as características essenciais do projeto e obtendo grande
destaque entre os atiradores.
Eis três exemplos de plataformas consagradas há décadas:
• Plataforma 1911 de pistolas (projetada por John Moses Browning, enquanto era funcionário da
empresa Colt's Patent Firearms Manufacturing Company). No Brasil, tanto a Taurus quanto a Imbel
produzem pistolas na plataforma 1911.
• Plataforma Beretta 92 de pistolas (projetada por Carlo Beretta, Giuseppe Mazzetti e Vittorio Valle,
pela empresa Fabbrica d'Armi Pietro Beretta). No Brasil, a Taurus produz pistolas nessa plataforma,
sendo a PT92 o modelo mais conhecido dentre elas.
• Plataforma AR de fuzis (projetada por Eugene Morrison Stoner, enquanto era funcionário da
empresa ArmaLite Corporation). No Brasil, a Taurus produz fuzis nessa plataforma (e.g. Taurus T4).
Armas de Fogo: calibres mais populares aqui
.22 LR (.22 Long Rifle): é, sem nenhuma dúvida, o calibre mais popular no mundo e isso se deve ao seu baixo custo. Também
é conhecido por: 5.6×15mmR.
.38 SPL (.38 Smith & Wesson Special): eis o popular “treis-oitão”, usado em revólveres e carabinas. Também é conhecido por:
.38 S&W Special, .38 Special, .38 SPC ou 9x29mmR.
.380 ACP (.380 Automatic Colt Pistol): antes da liberação em 2019 de vários calibres que eram restritos e se tornam
permitidos, para os civis, esse era o calibre com maior energia disponível para pistolas no Brasil. Também é conhecido por:
.380 Auto, 9mm Browning, 9mm Corto, 9mm Kurz, 9mm Short, 9mm Browning Court ou 9×17mm. Não deve ser confundido
com .38 ACP (9×23mmSR).
9mm Luger: esse talvez seja o segundo calibre mais popular no mundo, pois ele é muito utilizado por forças policiais e
militares. Ele combina as melhores características de um calibre para defesa pessoal em observância a relação custo /
benefício. Usado em pistolas, revólveres e carabinas. Também é conhecido por: 9x19mm Parabellum, 9x19mm NATO, 9mm
NATO ou 9x19mm.
.40 S&W (.40 Smith & Wesson): foi desenvolvido especialmente para o Federal Bureau of Investigation (Polícia Federal
Estadunidense) com base no mito do Poder de Parada (Stopping Power), já desacreditado pelo Centro de Pesquisa Balística
(FBI’s Ballistic Research Facility) do próprio FBI. Usado em pistolas e carabinas. Também é conhecido por: 10×22mm Smith &
Wesson.
.45 ACP (.45 Automatic Colt Pistol): é um calibre muito poderoso e que foi adotado como o padrão do exército estadunidense
durante muitas décadas. Usado em pistolas. Também é conhecido por: .45 Auto (11.43×23mm).
12GA (12 Gauge): famoso calibre para espingardas. Devido a variedade de suas munições, ele é considerado o calibre mais
versátil existente – vai de cartucho não letal até o temido balote (capaz de abater um javali grande com um único disparo).
Armas de Fogo: armas leves e armas pesadas
Armas Leves são aquelas que, num trajeto à pé, podem ser portadas por uma só
pessoa. A avassaladora maioria das armas leves só é capaz de gerar dano pessoal,
isto é, suficiente apenas para conter a ação humana. Há algumas exceções, como as
armas que utilizam, por exemplo, o calibre .50 BMG (12,7×99mm NATO) – que é
capaz, também, de gerar dano material (em pequena escala, se comparado a
outros calibres!).
Armas Pesadas são aquelas que, num trajeto à pé, exigem mais de uma pessoa
para ser portada. No Brasil, as armas pesadas são de uso exclusivo das Forças
Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) e geram dano material, isto é, são
capazes de destruir edificações, veículos terrestres, aquáticos e aéreos, etc. Nesse
contexto é que se encontram os chamados “calibres proibidos” (para os civis!).
Armas de Fogo: sistemas de funcionamento
As armas de fogo podem ser classificadas, quanto ao seu sistema de
funcionamento, em:
• Arma de Tiro Unitário ou Monotiro;
• Arma de Repetição;
• Arma Semiautomática;
• Arma Automática.
Obs.: Se a combinação arma / munição é capaz de destruir: edificações, veículos terrestres,
aquáticos ou aéreos, atravessar determinados níveis de blindagem balística, chamamos ela
“antimaterial”. Porém, se a combinação arma / munição servir apenas para abater animais
de pequeno e médio porte ou para incapacitar pessoas, denominamos ela “antipessoal”.
Armas de Fogo: arma de tiro unitário
Arma de Tiro Unitário ou Monotiro é aquela em que o atirador, após a realização de cada
disparo, decorrente da sua ação sobre o gatilho, necessitará empregar sua força física
sobre alguma trava que, por conseguinte, liberará o acesso à câmara (culatra) a fim de que
ele possa ejetar o cartucho vazio – puxando-o com seus dedos – e, ato contínuo, ainda por
seus próprios meios, deverá inserir um novo cartucho na câmara e, imediatamente, travar
novamente a arma a fim de que seja possível efetuar o disparo seguinte.

Espingarda CBC Monotiro (com cano basculante de 28″): calibre 36GA


Capacidade 1
Arma longa com ferrolho basculante por ação Martini: um tipo específico de ação de
ferrolho baseado no movimento de báscula (movimento basculante / pivotante), nesse
tipo de ação o bloco da culatra é articulado em um pino montado na parte traseira e,
quando a alavanca é acionada, o bloco se inclina para baixo e para frente, expondo a
câmara (culatra). Os projetos de ferrolho basculante mais conhecidos são: “Peabody”
(1862), “Peabody-Martini” (1871) e “Ballard” (1875).
Armas de Fogo: arma de repetição
Arma de Repetição é aquela em que o atirador, após a realização de cada disparo, decorrente da
sua ação sobre o gatilho, necessita empregar sua força física sobre algum componente do
mecanismo da arma a fim de concretizar as operações prévias e necessárias ao disparo seguinte,
tornando-a pronta para realizá-lo.
Uma arma de repetição deve propiciar ao atirador, no mínimo, dois disparos pelo mesmo cano,
sendo um de cada vez, pois, em caso contrário, ela não seria uma arma de repetição, mas sim uma
arma monotiro.
Em outras palavras, arma de repetição é a arma de fogo que exige do atirador uma ação manual,
por seus próprios meios, a fim de se alimentar a câmara (culatra) com um cartucho, que pode estar
acondicionado em: carregadores, tambores ou tubos / receptáculos.
Na prática, após realizar o primeiro disparo, o atirador deverá ejetar o estojo vazio e, ato contínuo,
introduzir outro cartucho na câmara através do acionamento de algum mecanismo específico da
arma, para, só então, poder pressionar novamente o gatilho e efetuar o disparo seguinte. Enquanto
houver munição disponível na arma, deve-se repetir o procedimento ora descrito.
Esse é o caso das carabinas com ação de alavanca (lever action), das espingardas com ação de
bombeamento (pump action) e dos fuzis com ação de ferrolho (bolt action). Os revólveres são um
bom exemplo de arma de repetição.
Armas de Fogo: arma de repetição
Exemplo de arma de fogo com Ação de Alavanca (Lever Action)

Carabina Winchester modelo 1873, calibre .44-40 WCF (Winchester Center Fire)

Exemplo de arma de fogo com Ação de Bombeamento (Pump Action)

Espingarda Benelli Supernova, calibre 12GA

Exemplo de arma de fogo com Ação de Ferrolho (Bolt Action)

Rifle Savage Axis II XP Hardwood, calibre 7mm-08 Remington


Armas de Fogo: arma semiautomática
Arma Semiautomática é aquela em que a alimentação da câmara, depois do primeiro disparo,
é realizada pelo aproveitamento da força expansiva dos gases da deflagração do disparo
anterior e ocorrerão novos disparos para cada nova pressão da tecla do gatilho, enquanto
houver munição na arma.
Ou seja, é a arma que realiza, automaticamente, quase todas as operações de seu
funcionamento, com exceção do disparo, o qual, para ocorrer, requererá, a cada tiro, um novo
acionamento do gatilho.
O atirador, ao pressionar o gatilho, expulsa o projétil em direção ao alvo e, simultaneamente, o
sistema de funcionamento da arma, por meios próprios, mas valendo-se da energia do disparo
realizado, ejeta o estojo deflagrado e insere um novo cartucho na câmara, ficando pronta para
entrar em ação novamente. Tudo o que foi aqui descrito ocorre numa fração de segundo.
São exemplos de armas semiautomáticas: as pistolas e alguns modelos de carabinas, fuzis e
espingardas.
Armas de Fogo: exemplo de arma semiautomática

Espingarda semiautomática Derya MK-12 AS-103GP (plataforma AR): calibre 12GA


Capacidade 10 + 1
Armas de Fogo: arma automática
Arma Automática é aquela em que todas as operações de seu funcionamento, incluindo o carregamento
da munição e o disparo, ocorrem continuamente enquanto o atirador mantiver o gatilho acionado. Estas
são as armas capazes de efetuar rajadas (sequências ininterruptas de tiros, enquanto houver munição).
Se houver a rápida pressão e imediata liberação do gatilho, no mínimo, serão deflagradas 2 (ou até 3)
munições, dependendo do regime de fogo que estiver selecionado na arma de fogo automática.
Ou seja, enquanto o atirador mantiver a tecla do gatilho pressionada, tanto a alimentação da câmara
quanto os disparos propriamente ditos serão feitos automaticamente pela própria arma, através de
sofisticados mecanismos que também incluem o aproveitamento da energia liberada pelos disparos
precedentes. Tudo isso ocorrerá num curtíssimo intervalo de tempo.
São exemplos de armas de funcionamento automático: as metralhadoras e alguns modelos de carabinas,
fuzis, espingardas e pistolas.
A nossa legislação pátria sobre armas e munições é abusiva e já foi repudiada pela própria população –
vide o resultado do “Referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munições de
2005”. No Brasil, as armas automáticas são totalmente proibidas para os civis. Em outros países, como é
o caso dos E.U.A., na maioria dos estados, os civis podem facilmente comprar armas automáticas.
Armas de Fogo: exemplo de arma automática

Submetralhadora IWI Uzi: calibre 9x19mm Parabellum


Capacidade 25 + 1
Cadência de tiro: até 600 disparos por minuto
Armas de Fogo: municiar, alimentar e carregar
Quando o assunto é arma de fogo, devemos prestar a atenção em três verbos:
• Municiar: em regra, não municiamos armas mas, sim, municiamos carregadores,
tambores ou tubos. Municiar significa introduzir os cartuchos no carregador de
pistolas ou rifles, ou no tambor dos revólveres ou das carabinas de tambor, ou no
M.A.C.

tubo / receptáculo das espingardas ou carabinas.


• Alimentar: nesse ponto é que se inicia a interação com a arma de fogo. Alimentar
significa inserir o carregador na pistola ou no rifle. O verbo alimentar não é
aplicado para os revólveres.
• Carregar: esse é o ato de introduzir uma munição na câmara. Normalmente isto é
feito manobrando o ferrolho da pistola ou acionando as alavancas dos rifles.
Também se carrega um revólver no momento em que se tranca o seu tambor,
desde que haja um cartucho no espaço da câmara de combustão. Do mesmo
modo é possível carregar a munição pela intervenção direta das mãos do atirador,
que pode inserir um cartucho na câmara.
Armas de Fogo: sistema de ação do gatilho
A expressão Sistema de Ação refere-se, mecanicamente, ao que é executado quando se aciona o gatilho (trigger) de uma
arma de fogo.
• Ação Simples (Single-Action): um gatilho de ação simples é o mecanismo mais antigo e singelo de acionamento de uma
arma de fogo. Ele é chamado assim porque executa apenas uma ação: a liberação do cão que é necessária para disparar
o tiro, vez que a ação de armar o cão (colocá-lo em posição hábil ao disparo) deve ser executada antes pelo atirador. Em
suma, primeiro arma-se o cão, depois puxa-se o gatilho.
• Ação Dupla (Double-Action): um gatilho de ação dupla, ao ser acionado corretamente, realiza o movimento de levantar
inteiramente o cão e, ato contínuo, liberá-lo rapidamente em sentido contrário ao movimento anterior resultando numa
colisão na espoleta e, assim, provocando o disparo do projétil. Na ação dupla, o cão realiza dois movimentos: um de
afastamento e outro de aproximação em relação a espoleta.
• Dupla Ação (SA + DA): termo usado para designar a arma de fogo cujo seu gatilho atua tanto na ação simples quanto na
ação dupla. Esse sistema de ação é muito comum nos revólveres modernos e em algumas pistolas nas quais o primeiro
disparo é realizado mediante ação dupla e os disparos seguintes são feitos em ação simples.
• Ação Híbrida (Striker-Fired): refere-se ao sistema de ação sem a presença do cão (um tipo de martelo pequeno que
colide a espoleta) e que se utiliza de um percussor lançado (um pino de metal que é arremessado fortemente por uma
mola até atingir a espoleta). A mola do percussor fica parcialmente tensionada e, quando o gatilho é acionado, ela é
totalmente tensionada à retaguarda, ato contínuo, o percussor é liberado a fim de percutir a espoleta. Enfim, trata-se de
um misto entre a ação simples e a ação dupla, na verdade, a chamada ação híbrida possui características desses dois
sistemas clássicos. As pistolas dotadas do sistema de ação híbrida são, popularmente, denominadas armas de “pronto
uso”, pois basta puxar o gatilho para se efetuar um disparo, não carecendo desarmar travas de segurança antes de atirar.
Armas de Fogo: armas curtas
Arma Curta de Fogo é a aquela cuja ergonomia do projeto permite, ao
atirador de porte físico médio, executar as operações essenciais ao disparo,
de forma segura e ágil, com apenas uma das suas mãos, se necessário.
A boa prática do tiro recomenda, sempre que for possível, o uso das duas
mãos para empunhar a arma de fogo.
Tratam-se de armas leves cujo tamanho do cano é reduzido o suficiente a fim
de que ela possa ser portada com facilidade, por exemplo, presa junto a
cintura do atirador, de forma ostensiva ou até velada – dependendo das
dimensões da arma e, também, da estatura do atirador.
O porte da arma é facilitado se o atirador utilizar um coldre. Os coldres
podem ser flexíveis (e.g. couro, tecido) ou rígidos (e.g. termoplástico).
Armas de Fogo: revólver
Revólver é um arma curta de repetição, de ação simples (single-action) e/ou ação dupla (double-action),
com um tambor giratório (ou cilindro de revolução) que possui nele várias câmaras apropriadas ao
acondicionamento seguro da munição e que, geralmente, possui capacidade para um número entre cinco
e nove cartuchos, dependendo do modelo da arma e do calibre adotado nela.
O revólver, exceto em alguns modelos primitivos com câmaras de antecarga e de percussão extrínseca, é
a única arma de fogo desprovida de culatra propriamente dita, isto é, o seu cano não possui câmara de
combustão solidária ao mesmo. Os cartuchos ficam alojados nas câmaras do tambor e só podem ser
detonados / deflagrados quando, pelo giro do tambor ao redor do seu próprio eixo, entram em
alinhamento com o cano e percussor.
As câmaras do tambor são abertas nas duas extremidades e a base dos cartuchos (colocados em cada
uma delas) serve de culatra, exceto no momento do tiro, quando toca na placa localizada na região
posterior da mortagem (retângulo do alojamento do tambor). Essa placa, que seria a culatra
propriamente dita, recebe o nome de placa de obturação.
Existem revólveres que vem de fábrica com dois tambores, um montado na arma e outro avulso, porém
disponível para troca e, devido a esse exótico artifício, eles passam a disparar dois ou até três calibres
diferentes numa mesma arma. Ex.: Taurus RT692 (.357 Magnum / .38 SPL / 9mm Luger), Taurus RT992
(.22 Magnum / .22 LR).
Devido a simplicidade do seu projeto, o revólver é uma arma mais confiável que a pistola. O mecanismo
de alimentação rotaciona o tambor um arco de revolução por disparo, daí vem a origem do seu nome
(Revolver Action).
Armas de Fogo: exemplo de revólver

Revólver Taurus 454 (RT454): 5 tiros no calibre .454 Casull

45mm

Cartucho no calibre .454 Casull


Armas de Fogo: partes de um revólver
Armas de Fogo: o tambor de um revólver

Tambor giratório
(ou cilindro de Revólver Kimber K6s – cilindro
revolução) com 6 menor, capaz de acondicionar 6
câmaras cartuchos no calibre .357 Magnum
ou no calibre .38 Special
Armas de Fogo: pistola
Pistola é uma arma curta, de ação simples (Single-Action) e/ou ação dupla (Double-
Action) ou de ação híbrida (Striker-Fired), com carregador monofilar ou bifilar, e
cujo funcionamento é semiautomático (no exterior, há oferta de alguns modelos
automáticos).
Devido a complexidade do seu projeto, a pistola está sujeita à panes durante o seu
uso, tais panes podem ser resolvidas rapidamente por um atirador bem treinado.

Pistola Taurus TS9: 17 cartuchos no calibre 9mm Luger


Ação Híbrida (Striker-Fired) / Capacidade 17 + 1
Pistola Imbel 45 M911A1: 7 cartuchos no calibre .45 ACP
Ação Simples (SA) / Capacidade 7 + 1
Armas de Fogo: partes de uma pistola SA+DA

BEAVER TAIL
(CAUDA DO
CASTOR)

Pistola Taurus 100 (PT100): calibre .40 S&W


Dupla Ação (SA + DA) / Capacidade 13 + 1
Armas de Fogo: armas longas
Arma Longa de Fogo é aquela cuja ergonomia do projeto impõe, ao atirador
de porte médio, a utilização de ambas as mãos, para realização, de forma
segura e ágil, das operações essenciais ao disparo do projétil.

São armas leves cujo tamanho da arma é aumentado de tal maneira que é
necessário o uso de uma bandoleira* a fim de que ela possa ser portada com
facilidade, por exemplo, presa nas costas do atirador, sempre de forma
ostensiva - não é possível velar esse tipo de arma.

(*) Um tipo de correia que é fixada em presilhas, geralmente removíveis e


reposicionáveis, denominadas zarelhos. A bandoleira pode ser de: 1 ponta, 2
pontas ou 3 pontas.
Armas de Fogo: o cano das armas
A expressão Alma do Cano refere-se à face interna do cano (barrel),
podendo ser lisa ou raiada. Nesse último caso, os raiamentos são helicoidais
(isto é, em forma de hélice).
As raias (estrias, sulcos ou ranhuras) construídas na forma helicoidal têm a
finalidade de imprimir movimento de rotação nos projéteis, fato esse que
lhes garante maior estabilidade e precisão no tiro, devido a melhor
penetração aerodinâmica que se obtém ao girar em torno do próprio eixo
durante todo o trajeto do projétil, desde a boca do cano até o alvo escolhido.
Se as curvas dos raiamentos do cano estiverem se voltando para a direita,
eles são chamados de raiamentos dextrogiros.
Se as curvas dos raiamentos do cano estiverem se voltando para a esquerda,
eles são denominamos raiamentos sinistrogiros ou levogiros.
Armas de Fogo: o cano de alma raiada

Boca do
cano

Raias ou
Face sulcos ou
interna do ranhuras
cano
Armas de Fogo: armas longas de alma lisa
Espingarda: arma de fogo portátil, de cano longo, que geralmente se
dispara apoiando sua coronha junto à região do ombro do atirador.
O vocábulo espanhol “escopeta” (que, em português, significa espingarda),
em nosso País, é comumente utilizado para se referir às espingardas de
cano encurtado (ou cano serrado).

Escopeta Fabarm Martial Ultrashort


calibre 12GA, capacidade 5 + 1

Espingarda comemorativa Boito ERA 2001 65 anos: calibre 12GA


Capacidade 2

Espingarda CBC Pump Military 3.0 com Coronha RT: calibre 12GA
Capacidade 7+1
Armas de Fogo: armas longas de alma lisa
As armas de alma lisa (espingardas em geral, e, uns poucos revólveres) disparam cartuchos
contendo, geralmente, múltiplas esferas de chumbo de diâmetros variados. O chumbo
granulado presente, por exemplo, nos cartuchos do calibre 12 Gauge pode ter um dos
seguintes tamanhos:
MG3: 15,00 mm 1B: 4,25 mm A tabela ao lado não é
MG2: 13,00 mm nº 1: 4,00 mm universal pois, pelo mundo
MG: 11,50 mm nº 2: 3,75 mm afora, existem outras escalas
LG: 10,5 mm nº 3: 3.50 mm que são adotadas para os
SG: 9,50 mm nº 4: 3,25 mm projéteis dos cartuchos das
SSG: 8,50 mm nº 5: 3,00 mm armas de fogo de alma lisa.
SSSG: 7,50 mm nº 6: 2,75 mm
Foto: Paulo Bedran
S: 6,75 mm nº 7: 2,50 mm Além dos cartuchos de chumbo
4T: 6,00 mm nº 7,5: 2,38 mm granulado, também existem
cartuchos com balotes – na maioria
3T: 5,50 mm nº 8: 2,25 mm
das vezes, trata-se de um único
2T: 5,25 mm nº 8,5: 2,12 mm projétil, com massa bem maior que
1T: 5,00 mm nº 9: 2,00 mm a massa padrão de outros calibres,
3B: 4,75 mm nº 10: 1,75 mm capaz de gerar um dano enorme ao
Revólver Taurus 410 (RT-410): calibre 36GA 2B: 4,50 mm nº 11: 1,50 mm alvo. Bom para curtas distâncias.
Capacidade 5 tiros (com cano de alma lisa)
Armas de Fogo: armas longas de alma raiada
Levando em conta o tamanho do cano para armas de fogo de alma raiada, temos
duas possibilidades de nomenclatura:
• Carabina: termo usado para as armas longas com os canos menores.
• Fuzil: termo utilizado para as armas longas com os canos maiores.
A questão do parâmetro de referência para determinar se uma arma de fogo é
de um tipo ou é do outro tipo é polêmica e depende da legislação do país de
origem da arma, não há padronização quanto a isso.
Rifle é um termo genérico que serve para designar qualquer arma longa com
cano raiado (tanto carabinas, quanto fuzis). Bom para longas distâncias.

Carabina Taurus CTT 40 C: calibre .40S&W Fuzil de Assalto Imbel 5,56 IA2: 5,56x45mm
Capacidade 30 cartuchos Capacidade 30 cartuchos
Armas de Fogo: como obtê-las legalmente
SINARM (Polícia Federal) vs SIGMA (Exército Brasileiro)
• SINARM: concessão de posse de arma de fogo (residencial ou
empresarial), e, emissão do porte federal de arma de fogo (dificílimo
de se obter com as regras atuais!);
• SIGMA: emissão do CR (Certificado de Registro) – condição
obrigatória para que haja o enquadramento do interessado nas
categorias CAC (Caçador, Atirador Desportivo e Colecionador).
No Brasil, o cidadão que pretende comprar um colete à prova de balas
ou adquirir um automóvel de passeio blindado deverá emitir o seu CR,
pois ambos os exemplos dados são classificados como PCE (Produtos
Controlados pelo Exército).
Armas de Fogo: SINARM
SINARM (Sistema Nacional de Armas)
O SINARM é mantido e gerido pela Polícia Federal.
Documentação exigida para aquisição (posse de arma de fogo): 1) documento de identidade e CPF; 2)
certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas pelas: Justiça Federal, Justiça Estadual, Justiça
Militar e Justiça Eleitoral; 3) documento comprobatório de ocupação lícita [comprovante de renda], com
data de emissão de até 60 dias; 4) documento comprobatório de residência fixa em nome do
interessado com data de emissão de até 60 dias ou, caso o comprovante esteja em nome de terceiro,
deverá também ser apresentada declaração de que o interessado reside no endereço informado,
firmada pelo terceiro e acompanhada de cópia de seu documento de identidade; 5) laudo de aptidão
psicológica emitido por profissional credenciado pela Polícia Federal, emitido com prazo não superior a
1 ano, contado da data da avaliação; 6) comprovante que ateste a capacidade técnica para manuseio de
arma de fogo do mesmo tipo e de calibre igual ou superior* ao que se pretende adquirir, emitido por
profissional credenciado pela Polícia Federal, com prazo não superior a 1 ano, contado da data da
avaliação; 7) comprovante de recolhimento da GRU relativa a taxa “140520 - REGISTRO DE ARMA DE
FOGO” (R$ 88,00).
Obs.: O porte federal é dificílimo de se obter com o regramento atual!
(*) Calibre superior: é aquele com maior energia que o calibre escolhido pelo pretendente da arma –
que, nesse caso, é o adotado como o padrão de referência na comparação entre os calibres.
Armas de Fogo: SIGMA
SIGMA (Sistema de Gerenciamento Militar de Armas)
O SIGMA é mantido e gerido pelo Exército Brasileiro.
PCE (Produtos Controlados pelo Exército) são divididos em 9 categorias:
arma de fogo, arma de pressão, explosivo, menos-letal, munição,
pirotécnico, produto químico, proteção balística, outros produtos (e.g.
equipamentos para recarga de munições e suas matrizes).
SIGAPCE (Sistema de Gerenciamento de Atividades com PCE): usado
por empresas (lojistas) que comercializam PCE.
SisGCorp (Sistema de Gestão Corporativo): usado por empresas e civis
para obtenção do CR e de seus desdobramentos legais e possibilidades.
CR (Certificado de Registros). CAC (Caçador, Atirador Desportivo e
Colecionador).
Legislação em vigor no Brasil (até julho de 2021)
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, de 5 de outubro de 1988.
Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 – Estatuto do Desarmamento.
Decreto nº 9.607, de 12 de dezembro de 2018 – Institui a Política Nacional de Exportação e Importação de Produtos de Defesa.
Decreto nº 9.845, de 25 de junho de 2019 – Regulamenta o Estatuto do Desarmamento.
Decreto nº 9.846, de 25 de junho de 2019 – Regulamenta a Lei nº 10.826/2003, para dispor sobre o registro, o cadastro e a aquisição de armas e
de munições por caçadores, colecionadores e atiradores.
Decreto nº 9.847, de 25 de junho de 2019 – Regulamenta a Lei nº 10.826/2003, para dispor sobre a aquisição, o cadastro, o registro, o porte e a
comercialização de armas de fogo e de munição e sobre o SINARM e o SIGMA.
Decreto nº 9.981, de 20 de agosto de 2019 – Altera o Decreto nº 9.847/2019, que regulamenta a Lei nº 10.826/2003, para dispor sobre a
aquisição, o cadastro, o registro, o porte e a comercialização de armas de fogo e de munição e sobre o SINARM e o SIGMA.
Decreto nº 10.030, de 30 de setembro de 2019 – Aprova o Regulamento de Produtos Controlados.
Instrução Normativa nº 201-DG/PF, de 9 de julho de 2021 – Estabelece os procedimentos relativos ao SINARM e à aquisição, registro, posse, porte,
cadastro e comercialização de armas de fogo e munições.
Portaria nº 118-COLOG, de 04 de outubro de 2019 – Lista de Produtos Controlados pelo Exército.
Portaria nº 125-COLOG, de 22 de outubro de 2019 – Dispõe sobre a aquisição, o registro, o cadastro e a transferência de armas de fogo de
competência do SIGMA.
Portaria nº 150-COLOG, de 05 de dezembro de 2019 – Normatização administrativa de atividades de colecionamento, tiro desportivo e caça.
Portaria nº 1.222, de 12 de agosto de 2019 – Comando do Exército – Parâmetros de aferição e listagem de calibres nominais de armas de fogo e
das munições de uso permitido e restrito.
Portaria Interministerial nº 1.634/GM-MD, de 22 de abril de 2020 – Estabelece os quantitativos máximos de munições passíveis de aquisição pelos
integrantes dos órgãos e instituições previstos nos incisos I a VII e X do caput art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003, pelas pessoas físicas autorizadas a
adquirir ou portar arma de fogo, e pelos demais agentes autorizados por legislação especial a portar arma de fogo.
Armas de Fogo: regras básicas de segurança (1/4)
Sempre trate toda arma como se ela estivesse carregada.
Pode ser que ela esteja carregada, mesmo que você pense que não está.

Verificando se há
munição na arma
Armas de Fogo: regras básicas de segurança (2/4)
Sempre aponte o cano em uma direção segura.
Mantenha o cano da arma sempre apontado para uma direção segura.

Um instrutor de tiro ajudando


uma pessoa com sua arma
Armas de Fogo: regras básicas de segurança (3/4)
Sempre mantenha o dedo fora do gatilho até que esteja pronto para atirar.
Esta é a melhor maneira de prevenir um tiro acidental.

Empunhadura de duas mãos


Armas de Fogo: regras básicas de segurança (4/4)
Sempre esteja certo de seu alvo e além dele.
Certifique-se de estar num distanciamento adequado do alvo e nunca atire em uma
superfície plana e rígida ou em água parada (e.g. lago, piscina). Certifique-se que há
algum anteparo forte o suficiente para impedir que o projétil estenda a sua
trajetória além da região do alvo.

Atirando ao ar livre em
um alvo com backstop
Armas de Fogo: regras de segurança da NRA
A National Rifle Association of America (NRA) é a principal entidade armamentista do mundo.
Estabelecida nos Estados Unidos da América (EUA) desde 17 de novembro de 1871, está prestes a
completar 150 anos de existência. A NRA divulga 3 regras de segurança para armas de fogo, ei-las:

1) SEMPRE mantenha a arma apontada para uma direção segura.


Esta é a regra principal de segurança para armas. O bom senso dita a direção mais segura,
dependendo das diferentes circunstâncias.

2) SEMPRE mantenha o dedo fora do gatilho até que esteja pronto para atirar.
Ao segurar uma arma, descanse seu dedo ao lado da armação e fora do guarda-mato. Até
que você esteja realmente pronto para atirar, não toque no gatilho.

3) SEMPRE mantenha a arma descarregada até que esteja pronta para uso.
Se você não sabe como abrir o ferrolho ou inspecionar a(s) câmara(s), deixe a arma
quieta e peça ajuda a alguém que saiba.
Armas de Fogo: ainda sobre segurança
Expressões usuais entre os atiradores, muito faladas nos clubes de tiro e nos
estandes de tiro:
• Arma Quente (municiada, alimentada e carregada) vs Arma Fria (sem munição);
• Controle do Cano (“Sempre aponte o cano em uma direção segura”);
• [no estande de tiro] Pista Quente (atiradores executando disparos nos alvos) vs Pista Fria
(pausar todos os disparos e deixar as armas sobre o balcão de apoio da raia individualizada do estande tiro).

Equipamento de Proteção Individual (EPI) obrigatório para uso nos estandes de


tiro:
• Abafador de ruído;
• Óculos de proteção.
Nunca atirar em alvos metálicos fixos pois existe a possibilidade real de haver
ricocheteamento dos projéteis em direções não seguras do estande de tiro.
Armas de Fogo: algumas curiosidades
Filobé: nunca existiu arma de fogo com esse nome! É que muita gente antiga, humilde e de pouco
estudo, em nosso País, simplesmente não conseguia ler e pronunciar de forma correta o nome da
marca belga fabricante das famosas carabinas no calibre .22 LR: a Flobert!
Arcabuz / Bacamarte / Mosquete (armas longas) e Garrucha* (arma curta): são armas obsoletas
que se utilizavam de carregamento na antecarga (tipo de carregamento realizado pela extremidade
anterior do cano, ou seja, pela boca do cano). Esses artefatos primitivos não utilizavam cartucho e,
hoje, são apenas peças de museu.
Submetralhadora: é apenas uma carabina automática com carregador de maior capacidade.
Metralhadora: geralmente, uma arma pesada, cujo sistema de funcionamento adotado é o
automático. Projetada para disparar tiros sucessivos rapidamente a partir de um cinto de munição,
ela é capaz de disparar um enorme número de cartuchos em curto período de tempo. A diferença
entre metralhadoras e canhões automáticos baseia-se no seu calibre: armas de fogo com calibre
superior a 16mm são consideradas canhões automáticos.
(*) Algumas garruchas tinham o seu municiamento realizado via retrocarga (tipo de carregamento feito pela extremidade
posterior do cano, isto é, pela culatra ou câmara – que é o carregamento padrão nas armas de fogo atuais).
Armas de Fogo: fabricantes em território nacional
Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL). Empresa estatal. Produz armas de fogo em aço martelado a frio com longuíssima duração (vida útil) e com
resistência mecânica acima da média, porém com acabamento ruim (nada que um bom armeiro não resolva fácil).
https://www.imbel.gov.br/

Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC). Fabricante de armas de pressão, armas de fogo e munições.
https://www.cbc.com.br/

Forjas Taurus S/A. Em 11 de setembro de 2008, celebrou contrato com a empresa Amadeo Rossi Metalúrgica e Munições*, donde absorveu a divisão de
armas de fogo da marca Rossi no Brasil, composta por: um conjunto de máquinas e equipamentos, a aquisição de estoques de insumos e produtos em
elaboração, e, o licenciamento da marca Rossi em território brasileiro; e, em 2014, passou a ser controlada pela CBC). Seu maiores defeitos são: a sua
mentalidade monopolista (apoiou, inclusive, a campanha do desarmamento civil em 2005) favorável ao capitalismo de compadrio (empresa que se satisfaz
vendendo seus produtos apenas para governos); e, o controle de qualidade da Taurus que deixa muito a desejar (eles tem fama de entregar muitas armas
com defeito de fabricação). Atua no Brasil e nos Estados Unidos da América (EUA).
https://taurusarmas.com.br/

Armas Boito (ER Amantino Indústria Metalúrgica Ltda). Tradicional fabricante de espingardas.
https://www.armasboito.com.br/

Delfire Arms (DFA) (licenciada da Arex Defense, indústria oriunda da Eslovênia). Produz armas de fogo de elevado padrão.
https://dfadefense.com/

Inbramun – Indústria Brasileira de Munições S.A. Fabricante de munições (ainda está implantando o seu parque fabril).
https://inbramun.com.br/

(*) A Rossi continua existindo no Brasil porém, aqui, atualmente, ela só fabrica armas de pressão (airguns) e simulacros de armas para a prática de airsoft.
Nos EUA, a Rossi ainda produz armas de fogo.
Armas de Fogo: alguns fabricantes estrangeiros
Conteúdo estranho ao assunto principal (bônus):
Distinção entre Arma de Pressão (Airgun) e Airsoft:
Arma de Pressão (Airgun) Airsoft
utilizada para caça e tiro desportivo. utilizada em simulações de combate.
seus disparos não ocasionam dano letal, no entanto,
seus disparos podem ocasionar dano letal. podem ferir olhos (é obrigatório o uso de proteção ocular
/ EPI).
utiliza munição de chumbo em diferentes aspectos físicos
utiliza munição plástica, do tipo PVC, no formato esférico –
– tradicionalmente chamadas “chumbinho”, nos calibres:
denominadas “BBs”, no calibre 6,0mm.
4,5mm, 5,5mm, 6,0mm e 6,35mm.

acionamento por: mola (spring), pistão de gás pré-


acionamento por: mola (spring), motor elétrico (AEG) ou
comprimido (Gás RAM), Pneumático Pré-Carregado (PCP)
expansão gasosa (GBB).
ou cilindro de gás carbônico (CO2).

tem design próprio mas, às vezes, imita o projeto de na maioria dos casos, são réplicas quase perfeitas
alguma arma de fogo real, sem ter a preocupação de ser (simulacros) de armas de fogo reais, preservando inclusiva
idêntica a ela. as dimensões e o peso.
O armeiro: limpeza e personalização de armas
Limpeza e conservação
É altamente recomendado que se limpe e se lubrifique toda arma de fogo logo após o
seu uso, a fim de que a mesma se mantenha sempre em boas condições e pronta para o
uso.
Isso pode ser feito pelo próprio atirador ou, também, por um profissional especializado
em manutenção de armas de fogo: o armeiro.
Personalização de armas de fogo
Alguns atiradores podem querer modificar sua arma de fogo a fim de obter
características mais adequadas para o seu uso (e.g. aliviar o peso do gatilho) ou a fim de
promover alterações puramente estéticas (e.g. colorir a arma através de cerakote).
Qualquer que seja a intenção do proprietário da arma, o armeiro é o profissional
qualificado e gabaritado para promover a adequada: manutenção preventiva,
manutenção corretiva, e, aperfeiçoamentos desejados em qualquer arma de fogo.
Alguns bons livros indicados para estudo:
BARBOSA, B.; QUINTELA, F. Mentiram para mim sobre o Desarmamento. 1 ed. Campinas: Vide
Editorial, 2015. 176p. ISBN 978-85-67394-59-6.

BARBOSA, B. Sobre armas, leis e loucos: 101 artigos contra o desarmamento, o jornalismo fake e
outros delírios da segurança pública brasileira. 1 ed. Campinas: Vide Editorial, 2020. 350p. ISBN
978-65-87138-08-4.

LOTT JR, J. R. A guerra contra as armas: como se proteger das mentiras dos desarmamentistas. 1
ed. Campinas: Vide Editorial, 2019. 280p. ISBN 978-85-95070-72-1.

LOTT JR, J. R. Preconceito contra as armas: porque quase tudo o que você ouviu sobre o controle
de armas está errado. 1 ed. Campinas: Vide Editorial, 2015. 406p. ISBN 978-85-67394-67-1.

MALCOLM, J. L. Violência e Armas: a experiência inglesa. 2 ed. Campinas: Vide Editorial, 2014.
326p. ISBN 978-85-67394-45-9.

CUNHA NETO, J. Balística para Profissionais do Direito. 1 ed. Joinville: Clube de Autores, 2020.
228p. ISBN 978-85-93770-73-9.
Armas de Fogo: a apresentação termina aqui!

“O ladrão rouba para comprar drogas, mas então por que ele não rouba
logo a droga? Simples, os traficantes andam armados.”
Enéas Carneiro

venda proibida - distribuição gratuita

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