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Introduçao Á Filosofia

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FILOSOFIA

FRENTE U | CAPÍTULO 01

1. INTRODUÇÃO À FILOSOFIA E 2.1 PRÉ-SOCRÁTICOS

1. INTRODUÇÃO
À FILOSOFIA

A palavra filosofia é oriunda da Grécia antiga. Ela é


composta de outras duas palavras, philo (amizade) e

FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01


sophía (sabedoria). Portanto, filosofia significa “amizade
pela sabedoria”. Assim, filosofia indica a disposição de
quem estima o saber.

Mas, como a filosofia surgiu?

“A filosofia surgiu quando alguns gregos, admirados


e espantados com a realidade, insatisfeitos com as
explicações que a tradição dera, começaram a fazer
perguntas e buscar respostas para elas, demonstrando
que o mundo e os seres humanos, os acontecimentos
naturais e as coisas da natureza, os acontecimentos
humanos e as ações dos seres humanos podem ser
conhecidos pela razão humana, e que a própria razão é Os gregos acreditavam que a Terra fosse chata e redonda, e
capaz de conhecer-se a si mesma”. que seu país ocupava o centro da Terra, sendo seu ponto central,
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2013, p. 32. por sua vez, o Monte Olimpo, residência dos deuses. Por falar em
Olimpo, os gregos cultuavam vários deuses (Zeus, Hera, Dionísio,
Apolo, Ares, Atenas, dentre outros), além de semideuses (Teseu,
O PENSAMENTO MÍTICO Hercules, Perseu, dentre outros). Relatando a vida desses
deuses e semideuses, eles criaram uma rica mitologia, isto é, um
Um olhar atento à história da filosofia no Ocidente, mostra- conjunto de lendas e crenças que, de modo simbólico, forneciam
nos que o pensamentos filosófico surge, entre os gregos, em uma explicações para a realidade Universal. A mitologia grega é
região e século bem definidos: a região da Jônia, no século VI a.C. formada por um grande número de relatos e lendas fantásticas
Entretanto, a pergunta que se faz é: como os gregos faziam para que ao longo do tempo serviram de inspiração para diversos
entender o mundo a sua volta antes do nascimento da filosofia? artistas.
A resposta é simples, antes da filosofia, os gregos recorriam aos
mitos para explicar a origem de todas as coisas. Sendo assim, o
mito constituiu um modelo de referência que lhe permitiu situar, O pensamento mítico consiste em uma forma pela qual
compreender e julgar os acontecimentos ao seu redor. Em suma, um povo explica aspectos essenciais da realidade em que
um homem da civilização grega, no período anterior ao século vive: a origem do mundo, o funcionamento da natureza
VI a.C., geralmente recorria às histórias explicativas, como por e dos processos naturais e as origens deste povo, bem
exemplo, o mito da criação do Universo apresentado pelo poeta como seus valores básicos. [...] O próprio termo mythos
Hesíodo: significa um tipo bastante especial de discurso, o discurso
“[...] primeiro nasceu Caos, depois também Terra de amplo ficcional ou imaginário, sendo por vezes até mesmo
seio, de todos sede irresvalável sempre dos imortais que têm a sinônimo de “mentira”.
cabeça no Olimpo nevado, e Tártaro nevoento no fundo do chão [...] o pensamento mítico pressupõe a adesão, a aceitação
de amplas vias, e Eros: o mais belo entre os Deuses imortais. [...]. dos indivíduos, na medida em que constitui as formas de
Do Caos Érebos e Noite negra nasceram. As Noite aliás Éter sua experiência do real. O mito não se justifica, não se
e Dia nasceram [...] Terra primeiro pariu igual a si mesma Céu fundamenta, portanto, nem se presta ao questionamento,
constelado [...].” à crítica ou à correção.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a
HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. São Paulo: Iluminuras, 2011. p. 109 Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. p. 20.

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1.1 INTRODUÇÃO À FILOSOFIA E
FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 2.1 PRÉ-SOCRÁTICOS

A PASSAGEM DO PENSAMENTO MÍTICO SEGUNDO, VAMOS VER AS CONDIÇÕES HISTÓRICAS DA


GRÉCIA QUE PROPICIARAM O SURGIMENTO DA FILOSOFIA:
PARA O PENSAMENTO FILOSÓFICO
• Viagens marítimas: o relevo e o solo em boa parte do território
Os diferentes povos da antiguidade desenvolveram grego não eram favoráveis ao cultivo agrícola, porém estas
concepções próprias acerca da natureza e, portanto, produziram cidades contavam com excelentes portos naturais, o que
maneiras diferentes para explicar os fenômenos e processos possibilitou o desenvolvimento das viagens marítimas. Essas
naturais. Entretanto, os gregos foram os responsáveis pelo viagens propiciaram o desencantamento do mundo e para a
surgimento da filosofia. Podemos considerar que o pensamento desmistificação da natureza (os navegantes perceberam que
filosófico grego nasceu da insatisfação com as explicações do os mitos não procediam).
real fundamentadas no pensamento mítico. Em consonância com • Escrita alfabética: o mito era transmitido por meio da
esta constatação, o pensador alemão Werner Jaeger defendeu oralidade, este fato justificou a existência de inúmeras
que “devemos considerar a história da filosofia grega como um versões acerca do mesmo mito. A invenção da escrita
processo de progressiva racionalização do mundo presente no possibilitou a constatação de inconsistências e contradições
mito”. nas explicações míticas.
Então, a filosofia é fruto do que se convencionou chamar de • Invenção do calendário: o calendário possibilitou o
“milagre grego”? Não, pois segundo o filósofo alemão Friedrich entendimento e delineamento das estações do ano, ou seja,
Nietzsche, “Nada é mais tolo do que atribuir aos gregos uma o domínio do tempo. Desta feita, os gregos deixaram de
cultura autóctone: pelo contrário, eles sorveram toda a cultura
FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01

recorrer às explicações mitológicas e/ou aos deuses para


viva de outros povos e, se foram tão longe, é precisamente porque explicar eventos da natureza, como por exemplo, identificar
sabiam retomar a lança onde um outro povo a abandonou, para períodos mais chuvosos.
arremessá-la mais longe”. Mas, sabendo que não aconteceu • Surgimento da vida urbana: o surgimento de novas classes
o “milagre grego”, como eles desenvolveram a filosofia? Quais sociais decorrentes do comércio marítimo propiciou o
as condições materiais, isto é, econômicas, sociais, políticas e desenvolvimento das artes, novas formas políticas, bem
históricas que permitiram o surgimento da filosofia? como novas visões de mundo.
• A política: a política grega foi marcada pelo discurso racional,
ou seja, os gregos estavam habituados a fomentar de maneira
A expressão “milagre grego” significa que a filosofia
racional nos espaços públicos a fim de encontrar as melhores
surgiu de modo original e espontâneo na Grécia graças à
alternativas para suas cidades. Sendo assim, esses discursos
genialidade do povo helênico.
corroboraram de maneira salutar para que os gregos
passassem a questionar explicações míticas e/ou rasas.
Para responder os questionamentos, apontaremos as
principais condições históricas para o surgimento da filosofia na Como percebemos através dos pontos anteriores, não houve
Grécia antiga. um “milagre grego”, mas os gregos aproveitaram situações
históricas para romper com as explicações mitológicas e
PRIMEIRO, VAMOS COMPREENDER O QUE ERA O MUNDO buscaram na physis (natureza) explicações para os eventos
GREGO: naturais.

O melhor meio de se aproximar da filosofia é fazer


perguntas filosóficas:
Como o mundo foi criado? Será que existe uma
vontade ou um sentido por detrás do que ocorre? Há
vida depois da morte? Como podemos responder a
estas perguntas? E, principalmente: como devemos
viver?
Essas perguntas têm sido feitas pelas pessoas de todas
as épocas. Não conhecemos nenhuma cultura que não
se tenha perguntado quem é o ser humano e de onde
veio o mundo.
Basicamente, não há muitas perguntas filosóficas para
se fazer. Já fizemos algumas das mais importantes.
Conforme percebemos no mapa acima, na Grécia antiga, entre Mas a história nos mostra diferentes respostas para
os séculos VIII e VI a.C., o crescimento demográfico e a escassez cada uma dessas perguntas que estamos fazendo.
de terras contribuíram para que os gregos se deslocassem para GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da Filosofia. São
outras regiões do Mar Mediterrâneo e fundassem colônias. Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 24-25
Essas colônias acabaram se tornando importantes entrepostos
comerciais, ou seja, ponto de encontro de caravanas provenientes
de diferentes regiões do Oriente. Além disso, assumindo um
caráter cosmopolita, acredita-se que nessas colônias conviviam
harmoniosamente diferentes culturas. Esta peculiaridade
corroborou para o enfraquecimento dos mitos, uma vez que cada
povo apresentava de acordo com sua tradição uma explicação
mítica diferente para explicar os mesmos fenômenos naturais.

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1.1 INTRODUÇÃO À FILOSOFIA E
FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 2.1 PRÉ-SOCRÁTICOS

Anaximandro foi discípulo de Tales de Mileto, entretanto,


REVISÃO NA PLATAFORMA divergindo do seu mestre, ele propõe que a physis seria ápeiron,
ou seja, a physis é o ilimitado, indefinido e indeterminado, o que
não sendo nenhuma das coisas (úmido, seco, quente, frio) dá
AULAS 09 origem a todas elas.
1. ANTIGA Aventurando-se no campo da astronomia, ele propôs que a Terra
permanece imóvel, ocupando o centro do Universo e por equilíbrio
interno de suas partes seria impossibilitada de mover-se.

Anaxímenes de Mileto: ar
APOSTILAS EXERCÍCIOS ONLINE
3 resumos + 15 questões 30 questões
CAIU NO ENEM
31 questões

2.1 PRÉ-SOCRÁTICOS

FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01


Anaxímenes identificou o ar como sendo a matéria primordial,
ou seja, a arché da physis. Entretanto, vale ressaltar que o “ar”,
enquanto physis, não é o ar que vemos, mas o princípio do qual o
As principais escolas pré-socráticas foram:
ar de nossa vida e de nossa experiência provêm.
Para ele, respirar seria o primeiro ato de um ser vivo e
1. Escola Jônica: caracterizada pelo interesse pela
também o último antes de morrer, por isso o ar é o princípio
physis. Escola representada por Tales de Mileto,
vital. Outrossim, ele defendia que o mundo era um ser vivo que
Anaximandro de Mileto, Anaxímenes de Mileto e
respirava e, portanto, que recebia do sopro originário a unidade
Heráclito de Éfeso.
que o manteria.
2. Escola Italiana: caracterizada pelo interesse pelo
abstrato. Escola representada por Pitágoras de
Heráclito de Éfeso: fogo
Samos.
3. Escola Eleática: assim como a italiana, essa escola
é caracterizada pelo pensamento abstrato.
Representada por Parmênides de Eleia.
4. Escola Pluralista: caracterizada pela combinação de
elementos de diferentes escolas e defesa do mundo
como algo múltiplo e dinâmico. Representada por
Demócrito de Abdera.

Heráclito ficou conhecido como “o obscuro” devido à


ESCOLA JÔNICA dificuldade de interpretar seus pensamentos. Ele foi um
importante “mobilista”, isto é, acreditava que a realidade natural
Tales de Mileto: água se caracteriza pelo movimento. Segundo ele, “não podemos
entrar duas vezes no mesmo rio: suas águas não são nunca as
mesmas e nós não somos nunca os mesmos”.
Heráclito defendia o fogo como matéria primordial, pelo
menos enquanto chama, energia que queima e ao queimar
transforma todas as coisas. Essa analogia reforça o caráter
dinâmico da realidade presente no pensamento deste filósofo.

Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento


Tales foi considerado o primeiro filósofo da história, pois foi o originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que
primeiro a formular uma explicação da realidade natural a partir outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar
dela mesma, ou seja, sem nenhuma referência mítica. se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos
A teoria de Tales aponta a água como matéria primordial, pois, são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar
segundo ele, a água apresenta-se sob as mais variadas formas por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se
e em todos os estados em que vemos os corpos da natureza: em água. A água, quando mais condensada, transforma-
líquido, sólido e gasoso, ela passa de um estado a outro, mas se em terra, e quando condensada ao máximo possível,
mantém sua identidade consigo mesma. Para Tales, a água é “a
transforma- se em pedras.
alma motora do cosmos”, ou seja, do Universo. BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006

Anaximandro de Mileto: ápeiron


ESCOLA ITALIANA
Pitágoras de Samos: número

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1.1 INTRODUÇÃO À FILOSOFIA E
FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 2.1 PRÉ-SOCRÁTICOS

Demócrito propôs que o átomo seria a matéria primordial da


physis. Para ele, todo objeto físico é feito de átomos e no vazio,
que se organizavam em diferentes formas a partir de processos
de atração e repulsão.
Por serem pensadores materialistas, não invocavam nenhuma
força externa aos átomos (matéria) para explicar a origem do
movimento e do devir.
Pitágoras fundou uma escola filosófica de caráter
semirreligioso. Para este pensador, o número seria a matéria
primordial, ou seja, a arché da physis. Pitágoras chegou a essa REVISÃO NA PLATAFORMA
conclusão ao comparar o Universo harmonizado com uma música
e sua proporcionalidade. Dessa forma, para ele, a natureza
numérica do cosmos (Universo Ordenado) está presente em
AULAS 09
todas as coisas. 1. ANTIGA
Pitágoras também defendia a metempsicose, isto é, a
imortalidade da alma, sendo a matemática fundamental para o
aperfeiçoamento e elevação espiritual do indivíduo.

APOSTILAS EXERCÍCIOS ONLINE


FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01

“[...] é muito provável que Pitágoras tivesse percebido


3 resumos + 15 questões 30 questões
que os sons produzidos pela lira obedeciam a princípios e
CAIU NO ENEM
regras para formar os acordes e para criar a concordância
31 questões
entre os sons discordantes, isto é, os sons da lira seguem
regras de harmonia que se traduzem em expressões
numéricas (as proporções). Ora, se o som é, na verdade,
número, por que toda a realidade – enquanto harmonia
SEÇÃO VESTIBULARES
ou concordância dos discordantes como o seco e úmido,
o quente e o frio, o bom e o mau, o justo e o injusto, o
masculino e o feminino – não seria um sistema ordenado
de proporções e, portanto, número?” QUESTÃO 01
CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia. São Paulo: Companhia das
Letras, 2002. p. 68-69.
(UEMA) Leia a letra da canção a seguir.

Nada do que foi será


ESCOLA ELIÁTICA De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Parmênides de Eleia: ser Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo [...]
SANTOS, Lulu; MOTTA, Nelson. Como uma onda. In: Álbum MTV ao vivo. Rio de Janeiro:
Sony-BMG, 2004.

Parmênides acreditava que a realidade não tinha nada a ver Da mesma forma como canta o poeta contemporâneo, que vê a
com o mundo vivenciado por alguém e que somente pela razão, realidade passando como uma onda, assim também pensaram
não pelos sentidos, era possível chegar à verdade. os primeiros filósofos conhecidos como Pré-socráticos que
Para ele, o movimento não passa de algo aparente, uma denominavam a realidade de physis. A característica dessa
ilusão. Por isso, ele defendia a necessidade de buscarmos por realidade representada, também, na música de Lulu Santos é o(a):
meio do pensamento, examinar aquilo que permanece, ou seja,
compreender que “o ser é e o não ser não é”, pois aquilo que é não A.  fluxo.
pode não ser. B.  estática.
C.  infinitude.
ESCOLA PLURALISTA D.  desordem.
E.  multiplicidade.
Demócrito de Abdera: átomo
QUESTÃO 02
(UEAP)

O VÉU E A ASA
O VOO
O ALVO
de TALES: ÁGUA
ALMA
Herbert Emanuel, do Livro Nada ou Quase Uma Arte

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FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 EXERCÍCIOS

O poema faz referências explícitas a um filósofo pré-socrático. E.  pressupõe a noção de continuidade entre os instantes,
Na história da filosofia, entende-se por pré-socráticos aqueles contida no pressuposto da aceleração do movimento entre os
filósofos que antecederam Sócrates. Entre as alternativas abaixo, corredores.
assinale a que contém somente filósofos pré-socráticos:
QUESTÃO 05
A.  Tales de Mileto / Santo Agostinho / Heráclito.
B.  Parmênides / Anaximandro / Empédocles. (UFU) Considere o seguinte texto do filósofo Heráclito (século VI
C.  Parmênides / Pitágoras / Aristóteles. a.C.).
D.  Anaxágoras / Platão / Demócrito.
E.  Anaxímenes / Xenófanes / Boécio. “Para as almas, morrer é transformar-se em água; para a água,
morrer é transformar-se em terra. Da terra, contudo, forma-se a
QUESTÃO 03 água e da água, a alma”.
Heráclito. Fragmentos, extraído de: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia.
(UNESP) Aedo e Adivinho têm em comum um mesmo dom de Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. Tradução do autor.
“vidência”, privilégio que tiveram de pagar pelo preço dos seus
olhos. Cegos para a luz, eles veem o invisível. O deus que os Em relação ao excerto acima, podemos afirmar que ele ilustra:
inspira mostra-lhes, em uma espécie de revelação, as realidades
que escapam ao olhar humano. Sua visão particular age sobre A.  a concepção heraclitiana que valoriza a importância do
as partes do tempo inacessíveis às criaturas mortais: o que movimento na descrição da realidade.
aconteceu outrora, o que ainda não é. B.  a concepção dialética do pensamento heraclitiano, segundo a
Jean-Pierre Vernant. Mito e pensamento entre os gregos, 1990. Adaptado.
qual o movimento é uma ilusão dos sentidos.
C.  a concepção heraclitiana da realidade, segundo a qual a
O texto refere-se à cultura grega antiga e menciona, entre outros
multiplicidade dos fenômenos subjaz uma realidade única.
aspectos:
D.  o pensamento religioso de Heráclito, segundo o qual a morte
é a libertação da alma.
A.  o papel exercido pelos poetas, responsáveis pela transmissão
oral das tradições, dos mitos e da memória.
B.  a prática da feitiçaria, estimulada especialmente nos períodos QUESTÃO 06
de seca ou de infertilidade da terra.
C.  o caráter monoteísta da sociedade, que impedia a difusão dos (UFU) O filósofo pré-socrático, Parmênides de Eléia, afirmava que
cultos aos deuses da tradição clássica. “o ser é e o não-ser não é”. Por essa afirmação, ele foi considerado
D.  a forma como a história era escrita e lida entre os povos da pelos filósofos posteriores como:
península balcânica.
E.  o esforço de diferenciar as cidades-estados e reforçar o A.  o pai do ceticismo.
isolamento e a autonomia em que viviam. B.  o fundador da Metafísica.
C.  o fundador da sofística.
QUESTÃO 04 D.  o iniciador do método dialético.
E.  o filósofo do absurdo.
(UEL) No livro Através do espelho e o que Alice encontrou por
lá, a Rainha Vermelha diz uma frase enigmática: “Pois aqui, como QUESTÃO 07
vê, você tem de correr o mais que pode para continuar no mesmo
lugar.” (UNCISAL) O período pré-socrático é o ponto inicial das reflexões
CARROL, L. Através do espelho e o que Alice encontrou por lá. Rio de Janeiro: Zahar, filosóficas. Suas discussões se prendem a Cosmologia, sendo
2009. p.186. a determinação da physis (princípio eterno e imutável que se
encontra na origem da natureza e de suas transformações) ponto
Já na Grécia antiga, Zenão de Eleia enunciara uma tese também crucial de toda formulação filosófica. Em tal contexto, Leucipo
enigmática, segundo a qual o movimento é ilusório, pois “numa e Demócrito afirmam ser a realidade percebida pelos sentidos
corrida, o corredor mais rápido jamais consegue ultrapassar o ilusória. Eles defendem que os sentidos apenas capturam uma
mais lento, visto o perseguidor ter de primeiro atingir o ponto realidade superficial, mutável e transitória que acreditamos ser
de onde partiu o perseguido, de tal forma que o mais lento deve verdadeira. Mesmo que os sentidos apreendam “as mutações das
manter sempre a dianteira.” coisas, no fundo, os elementos primordiais que constituem essa
ARISTÓTELES. Física. Z 9, 239 b 14. In: KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.; SCHOFIELD, M. Os
realidade jamais se alteram.” Assim, a realidade é uma coisa e o
Pré-socráticos. 4.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994, p.284
real outra.
.
Com base no problema filosófico da ilusão do movimento em
Para Leucipo e Demócrito a physis é composta:
Zenão de Eleia, é correto afirmar que seu argumento:
A.  pelas quatro raízes: o úmido, o seco, o quente e o frio.
A.  baseia-se na observação da natureza e de suas transformações,
resultando, por essa razão, numa explicação naturalista
B.  pela água.
pautada pelos sentidos.
C.  pelo fogo.
B.  confunde a ordem das coisas materiais (sensível) e a ordem D.  pelo ilimitado.
do ser (inteligível), pois avalia o sensível por condições que lhe E.  pelos átomos.
são estranhas.
C.  ilustra a problematização da crença numa verdadeira QUESTÃO 08
existência do mundo sensível, à qual se chegaria pelos
sentidos. (UEAP) ...que é e que não é possível que não seja,/ é a vereda da
D.  mostra que o corredor mais rápido ultrapassará Persuasão (porque acompanha a Verdade); o outro diz que não é
inevitavelmente o corredor mais lento, pois isso nos apontam e que é preciso que não seja,/ eu te digo que esta é uma vereda
as evidências dos sentidos.

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FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 EXERCÍCIOS

em que nada se pode aprender. De fato, não poderias conhecer A passagem do mito à filosofia iniciou-se com os pré-socráticos.
o que não é, porque tal não é fatível./ nem poderia expressá-lo. O primeiro deles foi Tales de Mileto, que iniciou o estudo da
Nicola, Ubaldo. Antologia ilustrada de Filosofia. Editora Globo, 2005. cosmologia. A cosmologia é definida como:

O texto anterior expressa o pensamento de qual filósofo? A.  A investigação racional do agir humano
B.  A investigação acerca da origem e da ordem do mundo
A.  Aristóteles, que estabelecia a distinção entre o mundo C.  O estudo do belo na arte
sensível e o inteligível. D.  O estudo do estado civil e natural e seu ordenamento jurídico
B.  Heráclito de Éfeso, que afirmava a unidade entre pensamento
e realidade. QUESTÃO 12
C.  Tales de Mileto, que afirmava ser a água o princípio de todas
as coisas. (UFU) “…Princípio dos seres…ele [Anaximandro] disse (que
D.  Parmênides de Eleia, que afirmava a imutabilidade de todas era) o ilimitado…Pois donde a geração é para os seres, é para
as coisas e a unidade entre ser e pensar, ser e conhecimento. onde também a corrupção se gera segundo o necessário ; pois
E.  Protágoras, que afirmava que o homem é a medida de todas as concedem eles mesmos justiça e deferência uns aos outros pela
coisas, que o ser é e o não ser não é. injustiça, segundo a ordenação do tempo.”
Pré-Socráticos. Coleção “Os Pensadores”. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
QUESTÃO 09
A partir da análise do texto de Anaximandro, é correto afirmar
(UENP) Mario Quintana, no poema “As coisas”, traduziu o que a filosofia, em contraposição ao mito, se caracteriza por:
sentimento comum dos primeiros filósofos da seguinte maneira:
“O encanto sobrenatural que há nas coisas da Natureza! [...] se A.  conceber o tempo como um passado imemorial sem relação
nelas algo te dá encanto ou medo, não me digas que seja feia com o presente.
ou má, é, acaso, singular”. Os primeiros filósofos da antiguidade B.  os seres divinos concedem, por alianças ou rompimentos,
clássica grega se preocupavam com: justiça e deferência uns aos outros.
C.  o mundo ser explicado por um processo constante e eterno
A.  Cosmologia, estudando a origem do Cosmos, contrapondo a de geração e corrupção, cujo princípio é o ilimitado.
tradição mitológica das narrativas cosmogônicas e teogônicas. D.  narrar a origem do mundo por meio de alianças e forças
B.  Política, discutindo as formas de organização da polis e geradoras divinas.
estabelecendo as regras da democracia.
C.  Ética, desenvolvendo uma filosofia dos valores e da vida QUESTÃO 13
virtuosa.
D.  Epistemologia, procurando estabelecer as origens e limites do (UFU) “Só resta o mito de uma via, a do ser; e sobre esta existem
conhecimento verdadeiro. indícios de que sendo não gerado é também imperecível, pois é
E.  Ontologia, construindo uma teoria do ser e do substrato da todo inteiro, inabalável e sem fim; nem jamais era nem será, pois
realidade. é agora todo junto, uno, contínuo (…)”
Sobre a Natureza, 8, 2-5
QUESTÃO 10
A partir deste trecho do poema de Parmênides, é possível
(UNIMONTES) O primeiro filósofo de que temos notícias é Tales, afirmar que
da colônia grega de Mileto, na Ásia Menor. Tales foi um homem
que viajou muito. Entre outras coisas, dizem que, certa vez, no A.  a continuidade, a geração e o imobilismo estão presentes na
Egito, ele calculou a altura de uma pirâmide medindo a sombra via do ser.
da mesma no exato momento em que sua própria sombra tinha B.  o ser, por não poder não ser, não é gerado nem deixa de ser,
a mesma medida de sua altura. Dizem ainda que, em 585 a.C., ele não tendo princípio nem fim.
previu um eclipse solar. C.  a via do ser é aquela percebida pelos nossos sentidos.
GAARDER, J. O Mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. D.  o ser, para o autor, de certo modo não é, pois nunca foi no
passado nem será no futuro.
Aos primeiros filósofos que se debruçaram sobre os problemas
do cosmo, podemos chamá-los, além de pré-socráticos, de:
SEÇÃO ENEM
A.  naturalistas ou fisicistas.
B.  existencialistas.
C.  empiristas.
D.  espiritualistas. QUESTÃO 01

QUESTÃO 11 (ENEM)

(UEG) Tales foi o iniciador da reflexão sobre a physis, pois foi o Texto I
primeiro filósofo a afirmar a existência de um princípio originário
e único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário
esse princípio de tudo é a água. Tudo se origina a partir dela. Essa de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas
proposta é importantíssima [...] podendo com boa dose de razão provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-
ser qualificada como a primeira proposta filosófica daquilo que se se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As
costuma chamar de começo da formação do universo. nuvens formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais
REALE, Giovanni. História da filosofia. São Paulo: Loyola, 1990.
condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais

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FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 EXERCÍCIOS

condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao O texto faz uma apresentação crítica acerca do pensamento de
máximo possível, transforma- se em pedras. Demócrito, segundo o qual o “princípio constitutivo das coisas”
BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado). estava representado pelo(a):

Texto II A.  número, que fundamenta a criação dos deuses.


B.  devir, que simboliza o constante movimento dos objetos.
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador C.  água, que expressa a causa material da origem do universo.
de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. D.  imobilidade, que sustenta a existência do ser atemporal.
Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta E.  átomo, que explica o surgimento dos entes.
concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para
os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, QUESTÃO 04
como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito.
Na verdade, dão a impressão de quererem ancorar o mundo (ENEM)
numa teia de aranha”.
GILSON, E.; BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991. Texto I

Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no mesmo rio,
para explicar a origem do universo, a partir de uma explicação nem substância mortal alcançar duas vezes a mesma condição;
racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de mas pela intensidade e rapidez da mudança, dispersa e de novo
Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação reúne.
teorias que: HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo: Abril Cultural, 1996 (adaptado).

A.  eram baseadas nas ciências da natureza. Texto II


B.  refutavam as teorias de filósofos da religião.
C.  tinham origem nos mitos das civilizações antigas. Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser é ingênito e
D.  postulavam um princípio originário para o mundo. indestrutível, pois é compacto, inabalável e sem fim; não foi nem
E.  defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas. será, pois é agora um todo homogêneo, uno, contínuo. Como
poderia o que é perecer? Como poderia gerar-se?
QUESTÃO 02 PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).

(ENEM) A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma
com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. oposição que se insere no campo das:
Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim,
e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição A.  investigações do pensamento sistemático.
enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, B.  preocupações do período mitológico.
porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, C.  discussões de base ontológica.
porque nela embora apenas em estado de crisálida, está contido D.  habilidades da retórica sofística.
o pensamento: Tudo é um. E.  verdades do mundo sensível.
NIETZSCHE. F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural. 1999
QUESTÃO 05
O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da
filosofia entre os gregos? (ENEM) Todas as coisas são diferenciações de uma mesma coisa
e são a mesma coisa. E isto é evidente. Porque se as coisas que
A.  O impulso para transformar, mediante justificativas, os são agora neste mundo – terra, água, ar e fogo e as outras coisas
elementos sensíveis em verdades racionais. que se manifestam neste mundo –, se alguma destas coisas fosse
B.  O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e diferente de qualquer outra, diferente em sua natureza própria
das coisas. e se não permanecesse a mesma coisa em suas muitas mudanças
C.  A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira e diferenciações, então não poderiam as coisas, de nenhuma
das coisas existentes. maneira, misturar-se umas às outras, nem fazer bem ou mal umas
D.  A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre às outras, nem a planta poderia brotar da terra, nem um animal
as coisas. ou qualquer outra coisa vir à existência, se todas as coisas não
E.  A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o fossem compostas de modo a serem as mesmas. Todas as coisas
que existe no real. nascem, através de diferenciações, de uma mesma coisa, ora em
uma forma, ora em outra, retomando sempre a mesma coisa.
QUESTÃO 03 DIÓGENES, In: BORNHEIM, G. A. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo, Cultrix, 1967.

(ENEM) A representação de Demócrito é semelhante à de O texto descreve argumentos dos primeiros pensadores,
Anaxágoras, na medida em que um infinitamente múltiplo é a denominados pré-socráticos. Para eles, a principal preocupação
origem; mas nele a determinação dos princípios fundamentais filosófica era de ordem:
aparece de maneira tal que contém aquilo que para o que foi
formado não é, absolutamente, o aspecto simples para si. Por A.  cosmológica, propondo uma explicação racional do mundo
exemplo, partículas de carne e de ouro seriam princípios que, fundamentada nos elementos da natureza.
através de sua concentração, formam aquilo que aparece como B.  política, discutindo as formas de organização da pólis ao
figura. estabelecer as regras de democracia.
HEGEL. G. W. F. Crítica moderna. In: SOUZA, J. C. (Org.). Os pré-socrática: vida e obra. C.  ética, desenvolvendo uma filosofia dos valores virtuosos que
São Paulo: Nova Cultural. 2000 (adaptado). tem a felicidade como o bem maior.

349
FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 EXERCÍCIOS

D.  estética, procurando investigar a aparência dos entes


sensíveis.
E.  hermenêutica, construindo uma explicação unívoca da
realidade.

GABARITO

VESTIBULARES ENEM

1 A 11 B 1 D

2 B 12 C 2 C

3 A 13 B 3 E

4 C 14 • 4 C

5 A 15 • 5 A

6 B 16 • 6 •

7 E 17 • 7 •

8 D 18 • 8 •

9 A 19 • 9 •

10 A 20 • 10 •

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