Mestrado Profissional em Administração: Insper
Mestrado Profissional em Administração: Insper
Mestrado Profissional em Administração: Insper
São Paulo
2020
Jose Paulo Soo Kim
São Paulo
2020
Kim, Jose Paulo Soo.
Fatores determinantes de mortes de policiais militares
do Estado de São Paulo/ Jose Paulo Soo Kim. – São Paulo, 2020.
55 f.
Aprovado em: / /
Banca examinadora
Using econometric models, the present study aims to understand the factors
associated with the deaths of police officers of the Military Police of the State of São
Paulo (PMESP), considering the time that elapsed between the individual's entry into
PMESP and his death. This research is of importance, as the death of the military
policeman causes a deficit in the number of PMESP, thus bringing negative impacts
on the activity of ostensive police and the preservation of public order, limiting the
allocation of human resources in administrative and operational services, which,
consequently, leads to less effective on the streets and in preventive and ostensive
patrolling, and thus causes a greater sense of insecurity for society. When analyzing
the factors associated with 3535 deaths of military police officers between 2000 and
2020, it was found that the number of police dependents increases their survival,
while police officers in lower positions in the hierarchy and those with less experience
have their lives. abbreviated. In addition, police officers acting as firefighters, who live
in areas with a greater number of firearm seizures and with better records in
performance evaluation, have a higher survival rate compared to those who work in
operational areas, living in places with lower rates of seizure of firearms. firearms and
with the worst individual performance indicators. The results found in this work
contribute to the discussion of how individual characteristics, environmental factors
and organizational factors linked to police activity can shorten the life of the military
police officer.
PM Policial Militar
SP São Paulo
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................. 16
3 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................. 22
4 HIPÓTESES................................................................................................... 24
7 CONCLUSÃO ............................................................................................... 46
APÊNDICE A .......................................................................................................... 51
APÊNDICE B .......................................................................................................... 52
APÊNDICE C .......................................................................................................... 54
14
1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Identificar eventos
desencadeadores e outros
conjuntos de condições e
Indivíduos que matam policiais: reincidência de
circunstâncias que contribuem
Gruenewald crime na situação de procurado, ofensa
para resultados mortais para a
et al. (2016) ideológica contra policiais, defender familiares
polícia, encontrar oportunidades
contra ameaça na ação policial.
para prevenção precoce e
descobrir as circunstâncias dos
eventos de homicídio.
Policiais e bombeiros
experimentam estressores e
exposições significativas O resultado da revisão sistemática revela que
Stanley,
relacionadas ao trabalho que policiais e bombeiros podem estar em risco
Hom e Joiner
podem conferir um risco elevado de suicídio, pensamentos e
(2016)
aumentado de morbidades em comportamentos.
saúde mental e apressou a
mortalidade.
3 CONTEXTUALIZAÇÃO
4 HIPÓTESES
Gibbs et al. (2018b) relatam que alguns agentes são mais expostos a riscos
que outros pela função que exerce, uma vez que policiais envolvidos em atividades
operacionais estão mais vulneráveis a possíveis infratores, sendo que aqueles que
realizam serviços internos estão menos expostos a riscos.
Hipple et al. (2017) também utilizam a patente como variável para poder
capturar a morte de policiais. Gibbs, Ruiz e Klapper-Lehman (2014) relatam que
policiais mais experientes (tempo de serviço) são menos propensos a morrer de
assassinato do que os oficiais menos experientes, considerando que o aumento de
uma unidade em anos de experiência diminui as chances de uma morte criminosa
em 0,96. LaFrance e Day (2013) relatam que a experiência é um determinante
crucial para o policial tomar decisões de forma eficaz.
26
Uma das hipóteses levantadas por Gibbs et al. (2018) é de que os mais
jovens poderiam estar mais dispostos a se envolver em situações de risco,
aumentando a probabilidade de morte em comparação com policiais mais velhos. Os
autores utilizaram como variável independente anos de experiência no trabalho e a
idade do agente. Hipple et al. (2017) também utilizam o tempo de serviço em anos
como variável para entender a morte de policiais e citam que a maioria dos policiais
em Indianópolis morrem com menos de 10 anos de serviço, geralmente antes de
completarem 40 anos de idade. Em um estudo mais preciso, Tucker-Gail et al.
(2010) concluíram que a idade média dos policiais mortos é de 34 anos e supõe que
policiais mais jovens correm maior risco por causa da inexperiência. Outro foco
desses autores foi a análise da idade de ingresso na Polícia, nesse sentido,
concluíram que policiais com 30 anos de idade e com tempo de serviço de 0 a 4
anos apresentaram maior frequência de morte.
Hipótese 2: Quanto menor a patente e o nível de experiência, menor o tempo de
vida de policiais militares.
Gibbs et al. (2018) explicam que, quando comparados aos policiais que
ocupam funções administrativas, os quais permanecem com maior frequência no
ambiente interno, os agentes que realizam patrulha/ronda, ou seja, exercem
atividades operacionais, estão mais suscetíveis a interagirem com possíveis
infratores, concentrando a maioria dos casos de morte. Gibbs et al. (2018b) ainda
apontam que o tipo/modalidade de policiamento é um importante preditor de morte.
Os autores esclarecem que isso pode ser devido à natureza do trabalho realizado
pelos agentes, que provoca maior ou menor exposição às situações perigosas,
consequentemente, aumentando o risco de acordo com a modalidade de
policiamento.
Hipótese 3: Quanto maior a exposição do PM ao risco na Unidade Operacional em
que exerce suas funções, menor será o tempo de vida.
28
5 DADOS E METODOLOGIA
5.1 Amostra
5.2 Dados
Dessa forma, a análise dos dados do TAF terá como enfoque o TAF-3 para
avaliar o nível de condicionamento físico de todos os policiais militares que estão na
ativa. A pontuação do TAF-3 segue as diretrizes estabelecidas pelo Anexo “B” do
PPT-4-PM, publicada em 2002, com alteração mais recente no Boletim Geral PM
141 em 2009.
Abaixo se encontram os testes que compõem o TAF-3 e como devem ser
realizados, sendo divididos em quatro avaliações, que correspondem a uma
pontuação de 0 a 100 pontos para cada, perfazendo no total de 0 a 400 pontos,
conforme segue abaixo.
Artigo 19 - Da realização do TAF-3:
I - o TAF-3 a ser aplicado em todo contingente policial militar é composto
pelos testes de condicionamento físico geral, que devem ser realizados na
ordem abaixo estabelecida:
1) avaliação de membros superiores:
a) flexão e extensão de cotovelos na barra fixa, obrigatório para homens até
35 (trinta e cinco) anos, inclusive; ou
b) flexão e extensão de cotovelos com apoio de frente sobre o solo, para
homens a partir de 36 (trinta e seis) anos, inclusive (o avaliado pode optar
pelo teste de flexão e extensão de cotovelos na barra fixa); e
c) flexão e extensão de cotovelos com apoio de frente sobre o solo,
apoiando os joelhos sobre o banco de 30 (trinta) centímetros de altura, para
mulheres.
2) resistência abdominal - teste abdominal, em decúbito dorsal, tipo
remador, para ambos os sexos;
3) velocidade - corrida de 50 metros, para ambos os sexos; e
4) resistência aeróbica - corrida em 12 minutos, para ambos os sexos.
II - instruções para aplicação do TAF-3:
1) são requisitos para aprovação no TAF-3 a obtenção de pelo menos 201
(duzentos e um) pontos na
somatória geral, bem como o índice mínimo de 10 (dez) pontos em cada
teste;
2) o oficial responsável pela aplicação do TAF-3 autorizará o policial militar
que não obtiver o índice
30
5.3 Variáveis
5.3.3 Idade
1
As variáveis af_trab, ic_trab, af_resid e ic_resid, têm como referência o ano anterior ao falecimento.
35
2
O Apêndice C traz os resultados dos testes sobre causa de morte por suicídio.
37
inatividade (id_inat). Entretanto, existe uma forte correlação de 0,92 entre anos
trabalhados (anos_trab) e a idade de inatividade (id_inat), sendo descartada da
análise e do modelo estatístico, pois os policiais ingressaram na instituição numa
idade muito semelhante. Podemos verificar que há uma correlação alta (0,71) entre
ic_resid e o ic_trab, mas, como não havia relação direta entre essas variáveis,
permaneceram na análise e no modelo de regressão.
anos_trab 1
id_ingr -0,26 1
lanos_trab = 𝑥𝛽 + 𝜖,
38
ln tempo de vida = 𝛽0̂ + 𝛽1̂ * depend + 𝛽2̂ * patente + 𝛽3̂ * UOp + 𝛽4̂ * laf_trab + 𝛽5̂ *
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3 Foi incluído o TAF (ult_taf) como teste no modelo de regressão e os resultados se mantiveram, não
trazendo nenhum outro resultado significante.
41
4 Estatística t em parênteses.
5 As dummies de ano estão sendo controladas no período entre 2000 a 2020, mas foram omitidas na Tabela.
42
.
46
7 CONCLUSÃO
A maioria dos estudos que tratam sobre lesões e mortes de policiais são
baseados nas amostras dos Estados Unidos e este trabalho traz a contextualização
à PMESP, testando dados e hipóteses trabalhadas nas diversas literaturas.
Nos resultados desta pesquisa, o número de dependentes tem efeito positivo
sobre o tempo de vida do PM, podendo criar uma postura mais cautelosa no
trabalho do que aqueles que não possuem dependentes, com menor exposição,
mesmo que tenha que buscar outras fontes para complementar a renda familiar. O
modelo de regressão sugere que PM que possuem maior acúmulo de capital
humano tendem a ter um efeito positivo no que tange ao tempo de vida.
Observamos que as menores patentes e a inexperiência abreviam o tempo de
vida dos agentes, pois esses policiais militares possuem maior probabilidade de
estarem na linha de frente do combate ao crime e, sendo inexperientes, podem
sofrer maiores exposições a riscos.
Concluímos também que policiais que estão exercendo suas funções no
Corpo de Bombeiros estão menos vulneráveis à exposição de situações de
confronto quando comparados a outras modalidades de policiamento. Assim, como
há divisão de funções de acordo com a patente e levando em consideração que
diferentes agentes de mesma patente realizam diferentes tarefas por estarem em
Organização Policial Militar (OPM) de naturezas diferentes, PM atuantes em OPM de
natureza Operacional e Especializada têm menor tempo de vida quando
comparados a outras naturezas como Administrativa. Outros resultados trazidos
neste estudo foram que, ingressantes na PMESP cuja faixa etária é maior têm a sua
expectativa de vida reduzida, e que PM que trabalham na Capital têm menor tempo
de vida em relação àqueles que trabalham no Interior.
Logo, podemos concluir que o perigo iminente é inerente à carreira do policial
militar pela natureza da atividade que exerce na preservação da vida e da ordem
pública que atua na linha de frente contra o combate ao crime, tendo a arma de fogo
como uma ferramenta e a exposição a multifatores, como vias de trânsito de
veículos, agentes estressores, doenças, entre outros.
Este estudo almejou principalmente encontrar uma relação dos fatores
determinantes de mortes de policiais militares, mas também objetivou incentivar a
contínua formulação de medidas preventivas e desenvolvimento de programas de
47
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enforcement suicide: a review.". Policing: An International Journal, v. 42, n. 2, p.
141-164, 2019.
APÊNDICE A
APÊNDICE B
Tabela 9 - Variáveis do modelo estatístico6 sem os Bombeiros
Modelo
1 2 3 4 5 6
Variáveis
depend 0.239*** 0.160*** 0.154*** 0.162*** 0.162*** 0.162***
(11.84) (8.87) (8.72) (9.24) (9.14) (9.22)
sd1 1.205***
(7.78)
ten1 1.521***
(5.94)
laf_trab -0.0149
(-0.56)
6
Estatística t em parênteses.
53
laf_resid -0.00110
(-0.04)
lic_trab -0.00400
(-0.36)
lic_resid -0.00595
(-0.32)
oc -0.000158
(-0.46)
Ano7 . . . . . .
7
As dummies de ano estão sendo controladas no período entre 2000 a 2020, mas foram omitidas na Tabela.
54
APÊNDICE C
sd1 -0.171
(-0.56)
8
Estatística t em parênteses.
55
ten1 0.305
(0.53)
laf_trab 0.0591
(0.89)
laf_resid 0.0368
(0.51)
lic_trab -0.0123
(-0.42)
lic_resid -0.0773
(-1.25)
Ano9
9
As dummies de ano estão sendo controladas no período entre 2000 a 2020, mas foram omitidas na Tabela.