Apostila Genética PDF
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Genética
GUARULHOS – SP
SUMÁRIO
4 HEREDOGRAMAS ............................................................................................. 15
A disciplina de Genética é uma área da Biologia que tem como objetivo estudar
a herança biológica, também conhecida como hereditariedade, ou seja, a transmissão
das características dos pais para os filhos, seus descendentes, ao longo das
gerações. O termo Genética deriva do grego genno (que significa fazer nascer) e foi
utilizado pela primeira vez pelo cientista Willian Bateson em uma carta dirigida a
Sedgewick, datada de 18 de abril de 1905.Apesar de a hereditariedade despertar a
curiosidade das pessoas desde a pré-história, quando já faziam a seleção e
domesticação de animais e plantas de acordo com características que mais lhes
convinham, somente no século XX essa área da ciência se desenvolveu de maneira
mais expressiva.
Fonte: blog.ipog.edu.br
Uma viagem rápida à Grécia Antiga nos dá uma clara visão de como as
pessoas tentavam explicar as semelhanças entre pais e filhos, por exemplo, por volta
de 500 a.C., um dos discípulos de Pitágoras de Samos, chamado Alcmeon de
Crotona, acreditava que os homens e as mulheres tinham sêmen, e este se formava
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no cérebro. Ainda segundo ele, o gênero da criança seria determinado de acordo com
o predomínio do sêmen de um dos pais e, caso tivessem a mesma proporção,
ocorreria o que chamamos de hermafroditismo. Um pouco mais adiante na história da
Grécia podemos encontrar Empédocles de Acragas (492-432 a.C.), que dizia que se
o útero materno fosse quente nasceria um menino; e, se fosse frio, nasceria uma
menina. Já Anaxágoras de Clazomene (500-428 a.C.) postulava que somente no
homem ocorria o sêmen e que este sêmen continha o protótipo de cada órgão que
formaria o futuro ser.
Além disso, Anaxágoras também postu-lou que os meninos seriam gerados do
lado direito do corpo, enquanto as meninas seriam geradas do lado esquerdo do
corpo, sendo que essa teoria ficou conhecida como “Teoria direita e esquerda”. A partir
do Renascimento, as ideias dos filósofos gregos Hipócrates e Aristóteles passaram a
exercer uma forte influência no pensamento ocidental. Hipócrates de Cos (460-370
a.C.) desenvolveu a hipótese da pangênese, segundo a qual cada parte do corpo de
um organismo vivo produziria gêmulas, as quais seriam partículas hereditárias que
migrariam para o sêmen tanto do macho quanto da fêmea e seriam passadas aos
descendentes no momento da concepção, explicando o motivo pelo qual os
descendentes apresentam semelhanças com seus genitores. Entretanto, Aristóteles
(384-322 a.C.), um século depois das ideias de Hipócrates, escreveu um tratado que
trazia novas ideias sobre a hereditariedade e o desenvolvimento dos animais. No seu
livro, De Generatione Animalium (Geração de Animais), Aristóteles distinguiu 4 tipos
de geração: 1) reprodução sexuada com cópula; 2) reprodução sexuada sem cópula;
3) brotamento e 4) abiogênese. No que se entendeu por reprodução sexuada,
Aristóteles acreditava que o indivíduo era formado por uma contribuição diferencial
dos gêneros, sendo que a fêmea forneceria a “matéria” básica que constituiria e
nutriria o novo ser que se desenvolve, ao passo que o macho forneceria a “essência”,
transmitindo-lhe a alma, a qual seria a fonte da forma e do movimento. Mas não para
por ai. Segundo o mesmo tratado, caso o novo indivíduo nascesse normal, isso
significaria que a forma paterna havia prevalecido e que o novo ser seria igual ao pai.
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Fonte: ilmattino.it.com.br
2 EX OVO OMNI
A frase acima pode ser traduzida da seguinte maneira: todo animal se origina
de um ovo. É com essa frase, de autoria do médico inglês William Harvey (1578-1657),
que vamos começar a nossa aula a respeito das bases da hereditariedade, como
proposto ao final da aula anterior. Durante a época de Harvey, as ideias mais
difundidas e aceitas sobre a hereditariedade partiam do pressuposto da geração
espontânea. A teoria de Harvey é de fundamental importância, pois se opunha
totalmente a esta. Harvey propunha, em sua teoria, que o ovo produzido pela fêmea
deveria ser fertilizado pelo sêmen, que provinha do macho, para poder gerar um novo
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indivíduo. Após sua fertilização, Harvey acreditava em duas possibilidades para o
desenvolvimento do ovo:
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Ao terminar essa etapa, Mendel tornou-se professor substituto de uma escola,
passando a lecionar Matemática e Grego. Almejando o cargo de professor titular,
Mendel submeteu-se a exames de competência em Viena, sendo reprovado duas
vezes. Embora o curso que Mendel escolheu formalmente tenha sido física, ele
frequentou cursos como Fisiologia Vegetal, Paleontologia, Zoologia, Botânica,
Química e Matemática. Apesar de não ter sido aprovado para o cargo de professor,
os seus estudos o colocaram na presença de professores renomados, os quais
tiveram grande influência em sua vida e obra. Durante o período que passou em
Viena, Mendel se deparou com grandes questões a serem respondidas pela Biologia,
dentre elas a hereditariedade. Como sua formação básica incluía a polinização
artificial, Mendel concluiu que o caminho para a compreensão da hereditariedade seria
por meio do cruzamento entre variedades que diferissem quanto a suas
características hereditárias. Dessa maneira, Gregor Mendel deu início a suas
pesquisas, escolhendo como material para estudo a ervilha-de-cheiro Pisum sativum.
A escolha dessa espécie não foi aleatória.
Mendel se baseou em alguns pontos que o levaram a optar por essa espécie:
facilidade de cultivo; ciclo de vida curto (o que permite obter várias gerações em um
espaço curto de tempo); existência de variedades facilmente identificáveis por
características dis-tintas; facilidade de realização de polinização; obtenção de
descendência fértil no cruzamento de variedades diferentes. Para iniciar seus
experimentos, Mendel utilizou 34 variedades diferentes de ervilhas, dentre as quais
selecionou as que mais lhe convinham para seus estudos. Nesse caso, Mendel
desejava trabalhar com variedades cujas características não sofressem alterações de
uma geração para outra, o que lhe garantiria estar trabalhando com características
hereditárias e não decorrentes das variações do meio ambiente. Mendel também só
avaliava uma característica de cada vez, ou seja, se ele estava verificando a cor da
semente, as características secundárias, como tamanho e forma, eram deixadas de
lado. Além disso, era necessária a utilização somente de plantas puras em seus
cruzamentos. Para Mendel, plantas puras eram plantas que, por autofecundação,
geravam somente descendentes iguais entre si. Por exemplo, se cruzarmos plantas
puras que possuam vagem verde, todos os descendentes também terão vagens
verdes e, se cruzados entre si, continuarão a aparecer somente vagens verdes.
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Para uma melhor identificação, Mendel denominou as plantas puras como
geração parental, ou geração P, em sua forma abreviada. Os descendentes diretos
da geração P são chamados primeira geração híbrida, ou geração F1. Essa geração
F1, quando autofecundada, dá origem a segunda geração híbrida, ou geração F2.
Gregor Mendel observou que quando cruzadas plantas puras que possuíam sementes
de cor amarela com plantas, também puras, que possuíam sementes verdes, todos
os descendentes em F1 possuíam sementes de cor amarela. De acordo com a
observação desse fato, Gregor Mendel chamou de caráter recessivo o fator que não
se manifestava em F1, nesse caso a cor verde, e de caráter dominante o caráter que
se manifestava nesse caso a cor amarela. Embora descontente com os resultados
desse primeiro cruzamento, uma vez que se esperava obter metade das plantas com
sementes de cor verde e a outra metade com sementes de cor amarela, Mendel
decidiu autofecundar F1. Para sua surpresa, em F2, as sementes de cor verde que
haviam desaparecido em F1 voltaram a se manifestar. Observe a imagem a seguir:
Como exposto anteriormente, três outros biólogos haviam chegado às mesmas
conclusões 35 anos depois de Mendel. A diferença entre os trabalhos deles e o de
Gregor Mendel foi a relação matemática estabelecida por Mendel e que fugiu aos
outros biólogos.
3.1 Monoibridismo
AA, Aa, aa
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característica pertencente ao gene A, mesmo tendo o gene a uma vez que este só irá
se manifestar se estiver em dose dupla, que ocorre com o indivíduo aa
Voltando mais uma vez ao exemplo das ervilhas, a primeira decisão a ser
tomada é a escolha da letra a ser utilizada em nosso problema. A letra escolhida, por
convenção, é a letra da característica recessiva. Dessa maneira, para resolver o
problema das ervilhas de Mendel, iremos utilizar a letra v, (pois o caráter recessivo
é verde). A letra a ser utilizada na resolução é a letra que representa a característica
recessiva. Portanto, a resolução do problema inicial de Mendel seria a seguinte: como
F1 eram linhagens puras, uma verde (vv) e outra amarela (VV), ao se cruzar os genes
temos que 100% das novas plantas terão sementes amarelas (Vv), observe:
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Em relação à proporção, temos ¼ AA que nos dá 0,25. Quando multiplicamos
esse resultado por 100 temos um valor expresso em porcentagem (a famosa regra de
3). Em relação a Aa, temos 2/4, que é a mesma coisa que ½, ou seja, meio, ou 50%.
Em relação a aa temos os mesmos ¼ e, portanto, 25%. Agora ficou claro como Mendel
explicou os resultados obtidos durante os anos de cruzamentos. Todas as plantas que
apareceram em F1 eram Aa. Assim, como o gene a não se manifesta e A sim, todas
as plantas tinham sementes amarelas. Como existe uma possibilidade de 25% de
aparecer sementes verdes em F2, elas voltam a aparecer numa proporção de 3:1.
Com isso já temos uma base para as próximas aulas. O importante é que, a partir de
agora, todo o restante depende da compreensão dessa aula. Assim, se você ficou
com alguma dúvida estude mais, busque outros livros ou peça ajuda para nossa
tutoria. Essa aula perdida significa perder também quase todo o restante do conteúdo
que envolve cruzamentos.
3.2 Diibridismo
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seu fenótipo é ter a pele, cabelos e pelos brancos, ou seja, as características visíveis
da ação do gene. Tanto genótipo quanto fenótipo são conceitos que devem estar muito
bem digeridos a partir de agora. Por exemplo: o genótipo ou o fenótipo resultam da
sua interação com o meio ambiente? Vamos considerar, inicialmente, duas pessoas,
uma loira e outra de cabelos castanhos. Elas podem tranquilamente alterar a cor do
cabelo (basta pintar; pode ser verde, laranja, azul, como está na moda nos dias de
hoje!). Quando essa pessoa pinta o cabelo ela alterou o seu fenótipo. Imagine, duas
pessoas, ambas de cabelos castanhos, pintam os cabelos de laranja. Nesse período
resolvem ter um filho e ele nasce com cabelos laranja! Impossível, você não acha?
Assim, quando se altera o fenótipo não se alteram os genes, o genótipo. O mesmo
vale para o uso de lentes de contato, aumento da massa muscular por meio de
exercícios físicos e bronzeamento da pele.
A pessoa pode ter olhos castanhos escuros (geno-tipicamente falando) e usar
uma lente de contato azul (o fenótipo), ou ter pela branca e passar um longo período
tomando sol na praia e escurecer a cor da pele pela deposição de melanina. Outro
exemplo muito bem estudado é a coloração dos pelos em coelhos da raça himalaia.
Esses coelhos têm como característica apresentar as orelhas, os focinhos e as patas
com pelos pretos e, no restante do corpo, pelos brancos. Isso ocorre somente se
esses coelhos estiverem em ambiente cuja temperatura varie entre 15°C e 24°C.
Como as extremidades do corpo tendem a ser mais frias (perdem mais calor para o
meio), se possuírem pelagem escura nessas áreas, ela absorverá mais calor (da
mesma forma quando se usa roupa escura). Se você pegar um coelho desse e criá-
lo em uma região cuja temperatura seja menor que 2°C, esse coelho passará a
apresentar pelagem totalmente escura.
O inverso também é verdadeiro. Se você criá-lo em uma região na qual a
temperatura seja maior que 29°C, a pelagem passa a ser totalmente branca. Agora
quero mais ainda sua atenção: vamos imaginar um experimento (um biólogo que não
faz experimentos não é um biólogo). Vamos pegar um desses coelhos e criá-los em
um local onde a temperatura seja, digamos, 20°C. Fazendo isso a sua pelagem será
escura nas extremidades (focinho, orelhas e patas) e a do restante do corpo será
branca. Agora vamos raspar totalmente o pelo do dorso desse animal e amarrar uma
bolsa com gelo sobre o local raspado. Será que você consegue imaginar o que
aconteceria? Se sua resposta foi: - nesse local crescerão pelos pretos, você está
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totalmente correto. Assim, o animal terá, além das extremidades, pelos escuros no
meio do corpo, bem no local onde nós raspamos anteriormente. Agora quero lhe
propor outro problema. Suponha que você receba, para realizar experimentos,
algumas sementes amarelas (iguais às de Mendel). Entretanto, o fornecedor não lhe
informou se essas sementes eram homozigotas (plantas puras) ou heterozigotas
(híbridas). Como você pode perceber, surgiram no período anterior, dois termos que
ainda não discutimos: homozigotos e heterozigotos. O termo homozigoto refere-se ao
indivíduo que apresenta o mesmo tipo de gene em alelos diferentes. Assim, são
homozigotos os indivíduos AA, aa, BB, bb, etc. Já o termo heterozigoto faz referência
aos indivíduos que possuem genes diferentes em seus alelos, exemplificando, como
no caso anterior, como Aa e Bb (lembre-se: homo significa igual e hetero significa
diferente). Enfim, para descobrir se um indivíduo é heterozigoto ou homozigoto basta
realizar o chamado cruzamento-teste. Esse experimento consiste em cruzar o
indivíduo em questão com um indivíduo totalmente recessivo e analisar a sua
descendência. No exemplo clássico de Mendel, vamos cruzar as plantas com
sementes amarelas (as quais em F1 nós não sabíamos o genótipo) com plantas
verdes, ou seja, plantas recessivas. Ao se analisar os resultados, podemos chegar as
seguintes conclusões: entre os descendentes não apareceram indivíduos verdes ou,
entre os descendentes apareceram indivíduos verdes. Vamos analisar o primeiro
caso. Se não apareceram indivíduos verdes em momento algum, podemos concluir
que o genótipo da semente amarela só pode ser VV, observe o cruzamento abaixo:
VV x vv
100% Vv (amarelas)
Vv x vv
50% Vv (amarelas) e 50% vv (verdes)
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parênteses, ou seja, as cores das sementes. Uma observação importante a ser feita
sobre o cruzamento-teste é que ele é válido para cruzamentos que deixam muitos
descendentes. Cruzamento que deixam poucos descendentes tem de ser repetidos
várias vezes, uma vez que, como são poucos os descendentes, a chance de se
equivocar com o resultado é grande. Se um homem que apresenta uma pigmentação
normal de pele (albino) casa-se com uma mulher albina e tem um filho normal, não
significa que esse homem seja homozigoto (AA), pois mesmo sendo heterozigoto (Aa)
possui 50% de chance de ter um filho normal. Para confirmar isso, faça você mesmo
os cruzamentos e veja os resultados. Bom, a nossa aula de hoje acaba por aqui. Na
próxima vamos aprender como se constroem árvores genealógicas.
4 HEREDOGRAMAS
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A ligação por uma linha horizontal entre um homem e uma mulher caracteriza
um casamento. Entretanto, pode ocorrer que esse casamento seja consanguíneo
(indivíduos da mesma família), como, por exemplo, o casamento entre primos e, nesse
caso, fazemos uma linha dupla ligando os indivíduos. Por definição, sempre
representamos os homens antes das mulheres.
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Na representação acima podemos observar que um casal normal teve três
filhos: o mais velho é um menino normal, o segundo filho é uma menina com algum
traço genético e o filho mais novo é uma menina normal. Já um casamento sem filhos
é representado da seguinte maneira:
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Quando falamos em casamento temos de levar em consideração que a mulher
pode estar grávida. Nesse caso, usaremos as representações abaixo:
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Dessa forma, sendo os pais heterozigotos, e, portanto, normais, temos 25% de
chances de o filho vir a ter essa característica, o que torna o resultado possível.
Entretanto, quando temos pais afetados, será que eles poderiam ter um filho normal?
A resposta é sim, desde que a herança seja dominante, ou seja, um gene dominante
causa tal característica:
Adicionando-se os genótipos:
Portanto, fica aqui uma regrinha que vale a pena repetir: pais normais que tem
um filho afetado, herança de origem recessiva; pais afetados que tem um filho normal,
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herança de origem dominante. Retornando ao problema proposto inicialmente,
podemos verificar que a herança tem caráter recessivo. Assim, podemos marcar todos
os indivíduos afetados com genes recessivos (aqui usaremos a letra t, só para sair da
rotina um pouco!).Como os genes tt nos indivíduos II-2 e II-5 têm de ter vindos um da
mãe e outro do pai pode concluir que I-2 tem um gene t e, sendo normal, deve ter um
gene T. Usando o mesmo raciocínio vale para o restante do problema e chegamos ao
resultado final:
Infelizmente não existe milagre nesse caso. Embora possa ter parecido um
pouco confuso, a resolução é simples, mas somente se tornará simples quando você
tentar resolver por si só. Embora o exemplo acima tenha possibilitado a determinação
de todos os genótipos nem sempre isso vai acontecer. Algumas vezes você não terá
dados suficientes para saber se um indivíduo é TT ou Tt. Nesse caso iremos deixar
indicado como T_. Na próxima aula estudaremos os conceitos de dominância
incompleta, codominância e pleiotropia. Espero que você já esteja craque nesse tipo
de cruzamento que acabamos de fazer.
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5 DOMINÂNCIA INCOMPLETA, CO-DOMINÂNCIA E PLEIOTROPIA
Podemos então definir como indivíduos diploides (2n) aqueles que têm esse
conjunto duplo, e indivíduos haploides (n) aqueles que têm apenas um conjunto de
cromossomos. O mesmo vale para classificação das células: uma célula haploide, por
exemplo, seria um gameta humano e uma diploide seria, por exemplo, um neurônio.
Embora tenhamos visto até o momento apenas um alelo em cada cromossomo,
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existem algumas características no qual se encontram três ou mais alelos diferentes
na população, como por exemplo, os alelos do grupo sanguíneo, onde podemos
encontrar os fenótipos A, B, AB e O. Nesses casos, portanto, estamos falando
em Alelos Múltiplos. Vamos começar com um exemplo muito conhecido: a pelagem
dos coelhos. Em coelhos, o gene que determina a cor da pelagem apresenta-se sobre
4 formas alélicas diferentes: C (determina a pelagem castanho-acinzentada, também
conhecida como selvagem ou aguti), cch (determina a pelagem cinzenta-prateada,
também conhecida como chinchila), ch (determina uma pelagem branca com
extremidades escuras, também conhecida como himalaia) e c (determina a pelagem
totalmente branca, também conhecida como albina). Existe uma relação de
dominância entre esses genes, sendo que o gene C domina todos os outros, o gene
cch domina o ch e c, o gene ch domina apenas o c e o c não domina ninguém, apenas
se expressando em homozigose.
Vimos até agora que os diferentes genótipos são bem distintos, produzindo
proporções genotípicas e fenotípicas estritamente como o esperado pela lei de Mendel
(lei da segregação). Em alguns casos vamos perceber que diversos genótipos podem
corresponder a fenótipos alternativos, um bem diferente do outro. Quando isso
ocorrer, falaremos então de variação descontínua.
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5.3 Norma de reação dos Genes
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sanguíneos como conhecemos hoje, data de 1902, quando Landsteiner e seus
colaboradores conseguiram classificar o sangue. Embora inicialmente eles tenham
classificado os tipos sanguíneos em A, B, AB e 0 (zero), durante o decorrer dos anos
o fenótipo 0 (zero) passou a ser chamado de O (ó), uma clara referência a se
classificar os tipos sanguíneos apenas com letras. A descoberta da incompatibilidade
entre os grupos sanguíneos foi de grande importância para a medicina, pois
possibilitou a transfusão de sangue somente entre pessoas compatíveis, evitando
assim a aglutinação do sangue que poderia levar ao entupimento de um vaso
sanguíneo. Por seus trabalhos sobre grupos sanguíneos da espécie humana,
Landsteiner recebeu o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia no ano de 1930.A
incompatibilidade entre os grupos sanguíneos se dá pela reação de anticorpos
(aglutininas) presentes no plasma sanguíneo com substâncias presentes na
membrana plasmática das hemácias (aglutinogênios). Assim, pessoas do tipo
sanguíneo A tem aglutininas anti-B; pessoas do grupo sanguíneo B tem aglutininas
anti-A; pessoas do grupo sanguíneo AB não tem nenhuma aglutinina, pois se as
tivesse aglutinaria o seu próprio sangue, uma vez que possui os dois aglutinogênios;
pessoas do grupo sanguíneo tipo O possuem os dois tipos de aglutininas (anti-A e
anti-B). Veja a tabela abaixo:
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além das hemácias, o seu plasma, no qual se encontram os anticorpos anti-A e anti-
B. Esses anticorpos não farão o sangue do receptor se aglutinar do mesmo jeito? A
resposta é não, e se explica da seguinte forma: a quantidade de plasma que o paciente
recebe é muito pequena quando comparada com a quantidade total de sangue que
possui. Assim, as aglutininas do doador se diluem no plasma do receptor causando
pouca ou nenhuma aglutinação das suas células.
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Atualmente sabemos que a determinação dos grupos sanguíneos por esses 3
alelos ocorre da seguinte maneira. O alelo I A sintetiza uma enzima que transforma o
precursor H no aglutinogênio A; o alelo I B sintetiza uma outra enzima que transforma
o precursor H no aglutinogênio B. Já o alelo i é inativo, não sintetizando nenhuma
enzima e, portanto, não determinando a transformação de nenhum precursor. Como
vínhamos comentando, um gene não atua sozinho na determinação de um dado traço
e com os grupos sanguíneos não poderia ser diferente. A própria síntese do precursor
H depende de outro gene, o qual possui um alelo recessivo que não é funcional.
Assim, indivíduos hh, mesmo possuindo o gene I A, IB ou ambos, não irá produzir o
precursor e, portanto, apresentará o fenótipo do grupo O. Esses indivíduos
classificados erroneamente como pertencentes ao grupo O foram inicialmente
descritos em Bombain, na Índia e o fenômeno passou a ser chamado de fenótipo de
Bombain. Alguns anos antes de receber o Prêmio Nobel, Landsteiner e seus
colaboradores passaram a testar a interação entre o sangue humano e o de coelhos.
Eles injetaram sangue humano nos coelhos para testar a capacidade dos anticorpos
dos coelhos aglutinar as hemácias humanas. Com esse experimento eles
conseguiram identificar outro sistema de grupo sanguíneo humano, o sistema MN.
Como já foi estudado anteriormente, embora de forma muito generalista, verificamos
a existência de indivíduos com genótipo Ag MAgM (grupo M), AgNAgN (grupo N) e
AgMAgN (grupo MN). Uma diferença fundamental existe entre o sistema MN e o
sistema ABO: no sistema MN não existe a presença de aglutininas contra os antígenos
28
M e N e, portanto, não há incompatibilidade entre indivíduos pertencentes a grupos
diferentes.
6 GRUPOS SANGUÍNEOS
29
6.2 O fator RH e a Eritroblastose Fetal
Fonte: worldpdfdatabase.us.com.br
31
Quando queremos saber a probabilidade no qual aconteça um evento ou outro
iremos somar as probabilidades. Qual seria então, a chance de a mesma criança ter
olhos azuis ou cabelos loiros? Somando-se as probabilidades, temos:½ + ¼ =
¾assim, dividindo-se 3 por 4 temos 0,75. Multiplicando-se esse resultado por 100
chegamos ao valor de 75%.
7 CRUZAMENTOS DIÍBRIDOS
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Como você percebeu após a geração P nós colocamos a letra G (gametas),
cujo resultado foi obtido cruzando-se os genes C e c com R e r, ou seja, aplicando-se
uma primeira lei de Mendel em P. Em seguida colocamos os resultados em uma
tabela, como se fosse um jogo de batalha naval, e cruzamos os resultados das linhas
com as colunas, como demonstrado acima.
Podemos definir que sempre que tivermos o cruzamento entre dois duplo-
heterozigotos (também chamados diíbridos) teremos a proporção 9:3:3:1. Em outros
cruzamentos diferentes, o número dos tipos de gametas que podem ser produzidos é
menor, o que reduz também o tamanho do quadro mostrado acima, dando menos
trabalho de ser feito. Existem casos em que o quadro pode ser resumido em apenas
uma linha, como por exemplo, o cruzamento entre um indivíduo AaBb com outro aabb.
Observe
33
Como vimos, estes tipos de cruzamentos parecem, à primeira vista, de difícil
resolução, mas com a prática isso se torna mais simples e lógico. Na próxima aula
estudaremos a respeito da Interação Gênica, mas, para tanto, precisamos ter os
conceitos apresentados nessa aula muito bem definidos em nossas cabeças.
8 INTERAÇÃO GÊNICA
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forma independente, R/r e E/e. A interação entre os genes E e R resulta em crista noz;
entre o alelo R e e resulta em indivíduos com crista rosa; entre E e r resultam
indivíduos com crista ervilha e, entre o gene r e e, resultam indivíduos com crista
simples.
9 HERANÇA POLIGÊNICA
2n + 1 = x
36
2n + 1 = 5
2n = 5 – 1
2n = 4 n = 4/2
n=2
assim, nesse caso estão envolvidos 2 genes, os quais chamaremos de A/a e B/b.
Como nesse tipo de herança o que importa é a quantidade de genes dominantes,
indivíduos aabb serão brancos (sem nenhum gene dominante),
Aabb ou aaBb serão mulatos claros (lembre-se que a herança é quantitativa e
não qualitativa, ou seja, o indivíduo Aabb e aaBb terão o mesmo fenótipo).
AAbb, aaBB e AaBb serão mulatos médios, AABb ou AaBB serão mulatos
escuros e AABB serão negros. Observe a tabela abaixo:
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9.2 Epistasia
P: AApp x aaPP
G: Ap x aP
F1
40
A análise dos resultados obtidos em F1 nos mostram:
9/16 – Aguti
3/16 – Preto
4/16 – Albino
P: bbee x BBEE
G: be x BE
F1: 100% BbEe (pretos)
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obtendo F2
G: BE, Be, bE, be x BE, Be, bE, be
9/16 – Preto
3/16 – Chocolate
4/16 – Dourado
42
9.3 Ligação Gênica
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algumas das mutações apresentavam segregação independente e outras
apresentavam ligação gênica. Essas 85 mutações foram distribuídas em quatro
grupos, que foram denominados grupos de ligação, onde um dos grupos não
apresentava mutações com ligação gênica. Posteriormente, estudos citológicos
demonstraram que essas moscas apresentam 4 pares de cromossomos (2n = 8).
Assim, Morgan e seus colaboradores notaram uma exata relação entre os 4 grupos
onde foram divididos as mutações e o número de cromossomos, o que era mais um
indício de que os genes se localizavam nos cromossomos. Em 1909 o belga Frans
Alfons Janssen (1863-1924) propôs uma explicação para o entrelaçamento dos
cromossomos que ocorriam durante a meiose e que vinham sendo estudados pelos
cientistas há algum tempo. Janssen considerou que nos entrelaçamentos dos
cromossomos havia trocas de fragmentos cromossômicos, evento que ele chamou de
permuta. O termo quiasma, utilizado para designar o mesmo evento designa do termo
gregoKhiasmós, que significa “posição em cruz”, ou em forma da letra khi, x.
Assim, com base na proposta de Janssen, Morgan criou uma hipótese para
explicar a proporção de gametas que fugiram aos padrões mendelianos. Sua hipótese
sugeria que os genes que estavam localizados no mesmo cromossomo (o da forma
da asa e o da cor do corpo), na prófase I da meiose, sofriam permuta, formando
cromátides recombinantes que iriam formar gametas diferentes. A sua hipótese foi
comprovada em diversas espécies.
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No arranjo cis os genes dominantes P/V encontram-se no mesmo cromossomo
e os genes recessivos p/v encontram-se no cromossomo homólogo correspondente.
Já no arranjo trans um cromossomo possui um gene dominante e outro recessivo.
Para se saber na prática qual é o arranjo gênico em questão basta realizar
um cruzamento-teste. Analisando-se a descendência, as classes que aparecem com
maior frequência são as portadoras das combinações parentais e, consequentemente,
as que aparecem em menor frequência são as recombinantes.
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Entre quais pares de genes é mais fácil a ocorrência de uma quebra? Entre A
e B ou entre B e C? Obviamente entre A e B, pois a distância entre eles é maior, ou
seja, o local onde essa quebra pode ocorrer é maior. Sendo maior a probabilidade de
ocorrer uma quebra entre A e B, maior vai ser também a frequência com que esses
genes irão se recombinar. Assim, a distância entre os genes é igual a sua frequência
de recombinação. Observe o mesmo esquema só que com as distâncias entre os
genes:
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Para podermos afirmar qual é a ordem correta, devemos saber qual é a
distância entre a cidade C e B. Desta maneira, se a distância entre C e B for 35 Km,
a primeira possibilidade estará correta. Agora, se a distância entre C e B for de 15 Km,
a segunda possibilidade estará correta. O mesmo princípio aqui mostrado é utilizado
para localizar a posição dos genes no cromossomo. Tendo-se as frequências de
recombinação tem-se também a distância entre os genes. Agora é só colocá-los em
ordem. Para fazer isso, sempre começamos com os genes que apresentam maior
recombinação e vamos até o último de forma decrescente. Observe o exemplo: quatro
genes, A, B, C e D, localizados no mesmo cromossomo apresentam as seguintes
frequências de recombinação:
A-B = 32% A-C = 45 % A-D = 12% B-C = 13% B-D = 20% C-D = 33%
Iniciando com os genes que apresentam maior recombinação, teremos:
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Inserindo-se o gene que tem a segunda maior frequência de recombinação,
podemos ter:
Para resolver esse problema basta olharmos para a distância entre os genes A
e D. Como demonstrado no enunciado, a distância entre A e D é de 12 UR. Assim, o
gene D deve ficar entre os genes A e C (45 – 33 = 12). Caso ficasse para o lado de
fora, a distância entre A e d deveria ser 78 UR (45 + 33 = 78), portanto:
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Ao observarmos novamente o enunciado, constatamos que o gene B está a 13
UR do gene C. Assim, podemos afirmar que ele está do lado de dentro, pois 45
(distância entre os genes A e C) menos 32 (distância entre A e B) é igual a 13, que é
a distância entre B e C.
Concluímos, então, que a ordem dos genes nos cromossomos é ADBC. Espero
que você tenha compreendido o que foi exposto acima.
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que o ato sexual não é necessariamente obrigatório na reprodução sexuada. Um
exemplo claro desse fato é a reprodução dos sapos. Não há penetração do macho na
fêmea, mas apenas um estímulo sexual gerado pelo “apertão”, por assim dizer, do
macho sobre o ventre da fêmea, que faz com que ela libere seus gametas na água,
onde o macho irá liberar seus espermatozoides posteriormente, para que haja
fecundação. Portanto, reprodução sexuada NÃO envolve necessariamente sexo, mas
obrigatoriamente gametas. Já a reprodução assexuada não envolve gametas. os
gametas são células especializadas na reprodução. Elas são produzidas nas gônadas
por um tipo de divisão celular chamada de meiose. Em humanos, a gônada masculina
é o testículo, o qual produz o espermatozoide, e a gônada feminina é o ovário, que
produz o ovócito secundário. Talvez você esteja estranhando o termo “ovócito
secundário”. Na verdade, o gameta feminino, na maioria dos vertebrados, é o ovócito
secundário, o qual somente completará sua divisão celular se for fecundado,
transformando-se em óvulo logo em seguida.
Em algumas espécies os mesmos indivíduos são capazes de originar tanto o
gameta masculino quanto o gameta feminino. Nesse caso estamos falando de
hermafroditismo, ou espécies monoicas (do grego mono, um, e oikos, casa). Quando
existem indivíduos especializados na produção de um tipo de gameta e outros no outro
tipo, estamos falando de espécies dioicas (do grego di, dois, e oikos, casa), a exemplo
da espécie humana. Como mencionado anteriormente, a determinação do sexo nas
espécies é caracterizada pela presença dos cromossomos sexuais. Entretanto,
algumas espécies animais, como jacarés, crocodilos e muitas espécies de tartarugas
e alguns lagartos têm o sexo determinado por condições ambientais. Nos crocodilos,
por exemplo, a temperatura de incubação dos ovos é fator determinante para o sexo
do embrião. Se o embrião for incubado em locais onde a temperatura é relativamente
baixa nascerão somente indivíduos do sexo feminino; já os machos somente nascerão
onde o local de incubação dos ovos possuírem temperaturas relativamente altas. Em
tartarugas ocorre exatamente o contrário: em locais de temperatura alta nascem
fêmeas e em locais de temperatura baixa nascem somente machos. Na natureza
encontramos 5 sistemas de determinação do sexo, o sistema XY, o sistema X0 (leia-
se xis-zero), o sistema ZW e o sistema Z0 (leia-se zê-zero) e o sistema
haploide/diploide. No sistema XY as fêmeas possuem um par de cromossomos
sexuais idênticos, os quais são denominados XX.
50
Os machos possuem um cromossomo igual ao das fêmeas e um cromossomo
caracteristicamente masculino, o cromossomo Y, sendo constituído, portanto, por um
par XY. Dessa forma, dizemos que o sexo feminino é homogamético (do grego homo,
igual), pois todos os gametas conterão o cromossomo sexual X. O sexo masculino é
classificado como heterogamético (do grego hetero, diferente), pois 50% dos seus
gametas conterão o cromossomo X e 50% conterão o cromossomo Y. Em mamíferos,
um gene localizado no cromossomo Y é o responsável pela determinação direta do
sexo masculino. Nele encontra-se um gene chamado SRY, cuja sigla em inglês
significa sex-determining region Y. A proteína codificada por esse gene induz a
formação de testículos no embrião, por meio da ativação de outros genes em
diferentes cromossomos. O sistema X0 é muito parecido com o sistema XY. As
fêmeas apresentam dois cromossomos sexuais X (XX), entretanto, nos machos não
existem o cromossomo sexual Y e dessa forma eles apresentam apenas um
cromossomo sexual, o próprio X. Assim, o que determina ser um macho é a ausência
do cromossomo Y.
Um exemplo de animal que possui esse tipo de determinação sexual é o
gafanhoto. O sistema ZW, o qual ocorre em diversos répteis e em algumas espécies
de insetos (mariposas e borboletas, por exemplo) e de peixes, é caracterizado pelos
machos serem classificados como homogaméticos, ou seja, nesse caso eles possuem
dois cromossomos sexuais iguais, que são chamados de ZZ. As fêmeas possuem um
cromossomo sexual diferente, sendo, portanto, chamadas de sexo heterogamético,
possuindo os cromossomos ZW. Ou seja, nessas espécies ocorre o inverso do
sistema XY. Como podemos perceber no sistema XY quem determina o sexo da prole
é o macho e no sistema ZW quem determina o sexo da prole é a fêmea. O sistema Z0
restringe-se a galinha doméstica e algumas espécies de répteis, as quais, a exemplo
das espécies pertencentes ao sistema X0, também não possuem um cromossomo
sexual, nesse caso o cromossomo um caso muito interessante de determinação do
sexo ocorre em abelhas e formigas (insetos himenópteros). Nesses insetos, ocorre o
sistema haploide/diploide, nos quais os machos possuem apenas um lote
cromossômico e têm, portanto, apenas n cromossomos. Já as fêmeas são
constituídas por dois lotes cromossômicos e são, portanto, 2n. Vamos tomar como
exemplo as abelhas. Os zangões originam-se por meio de um óvulo não fecundado,
por um processo conhecido como partenogênese (do grego partenos, virgem, e
51
genesis, origem). A partenogênese é, portanto, um processo de reprodução na qual
não há fecundação do óvulo por um gameta masculino. Assim, como o zangão
desenvolve-se de um óvulo não fecundado ele é haploide, possuindo apenas n
cromossomos. As abelhas (fêmeas) se originam dos óvulos que foram fecundados e,
portanto, são diploides, possuindo 2n cromossomos. A diferença entre a rainha e as
abelhas operárias está na alimentação durante a sua fase inicial de vida, a fase larval.
Se durante a fase larval elas forem nutridas com a geleia real elas tornam-se
indivíduos adultos férteis, as quais serão responsáveis apenas pela reprodução e por
isso são chamadas de rainhas. Se, por outro lado, elas não forem nutridas com a
geleia real, elas tornam-se indivíduos adultos estéreis e farão todo o serviço da
colmeia, sendo, assim, chamadas de operárias. Mais recentemente foram feitas novas
descobertas em relação à determinação do sexo masculino em abelhas, mais
precisamente nas abelhas do gênero Apis. Segundo esses novos estudos, o sexo não
é determinado pelo número de lotes cromossômicos. Os óvulos haploides possuem
apenas uma única versão de um gene chamado csd, palavra que em inglês significa
complementary sex determiner, cuja tradução é “determinante complementar do
sexo”. O csd possui 19 formas alélicas. Se um indivíduo possuir apenas uma versão
do gene ele será do sexo masculino, mas, se possuir 2 versões do gene será do sexo
feminino. Como existem 19 formas alélicas, a maioria das fêmeas são heterozigotas,
pelo grande número de possíveis combinações entre elas. Muito raramente ocorre a
formação de um indivíduo homozigoto para o gene csd, o qual acaba por se
desenvolver em um macho diploide. Em diversos tipos de plantas o sexo é
determinado da mesma forma como ocorre em animais. O cânhamo e o espinafre, por
exemplo, têm a determinação do sexo de acordo com o sistema XY; já no morango
silvestre a determinação do sexo ocorre de acordo com o sistema ZW.
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Assim, do cruzamento entre XDY com XDXd, obtemos as seguintes
proporções:
P: XDY x XDXd
G: XD, Y x XD, Xd
F1: XDXD – 25%
XDXd – 25%
XDY – 25%
XdY – 25%
Proporção fenotípica:
50% de chances de mulher normal (XDXD e XDXd)
25% de chances de um homem normal (XDY)
25% de chances de um homem daltônico (XdY)
O mesmo vale para os casos de hemofilia. Essa doença é causada por um alelo
recessivo h localizado no cromossomo X. Assim, indivíduos X H_ serão normais e
indivíduos XhXh ou XhY serão afetados pela doença. O daltonismo é uma doença que
atinge cerca de 5% a 8% dos homens e 0,04% das mulheres. Essa doença
caracteriza-se pela incapacidade de distinguir as cores. O termo daltonismo deriva do
nome do físico John Dalton, o qual apresentava essa característica. Basicamente
existem três tipos de daltonismo. No primeiro, as pessoas afetadas não distinguem a
cor púrpura da cor vermelha; no segundo, as pessoas veem a cor vermelha como se
fosse a cor verde; e no terceiro as pessoas não conseguem separar a cor verde da
vermelha, vendo as duas cores como avermelhadas. O primeiro tipo de daltonismo
discutido acima é condicionado por um gene recessivo localizado num cromossomo
autossomo, não tendo, portanto, o mesmo padrão de herança que discutimos acima.
Os segundos e o terceiro tipos são condicionados por genes recessivos localizados
no cromossomo X, seguindo o padrão acima estudado. A hemofilia é uma doença na
qual, na pessoa afetada, o sistema de coagulação sanguínea não funciona, e por isso
essas pessoas apresentam hemorragias abundantes, mesmo sendo pequeno o
ferimento. O processo de coagulação sanguínea envolve uma série de reações entre
proteínas presentes no sangue, as quais são codificadas por diversos genes
localizados no cromossomo X. Dentre essas proteínas, está o fator VIII de coagulação
53
sanguínea, cuja mutação no gene responsável pela sua codificação causa o tipo mais
grave de hemofilia. Pessoas hemofílicas são tratadas com injeções de fator VIII de
coagulação sanguínea extraídas do sangue de pessoas normais. A distrofia muscular
de Duchenne é uma doença genética progressiva e letal causada por uma mutação
no gene que codifica a proteína distrofina, localizado no cromossomo X. Essa doença
afeta um a cada 3500 homens e a pessoa afetada sofre uma deficiência no suporte
muscular, fazendo com que o desenvolvimento do músculo não acompanhe o do
corpo. Os pacientes, quando atingem os 12 anos de idade, comumente necessitam
de cadeira de rodas e morrem de parada respiratória ao final da adolescência ou
pouco depois dos 20 anos de idade. Muitos garotos também mostram
eletrocardiograma anormal, indicando que o músculo cardíaco e o diafragma também
estão envolvidos nessa patologia. Embora tenhamos falado até o momento apenas
nas heranças relacionadas ao cromossomo X, existentes na espécie humana, uns
poucos genes estão localizados no cromossomo Y.
Quando alguns desses genes sofrem uma mutação ele é passado de pai para
filho, uma vez que as mulheres não possuem o cromossomo Y. Assim, os genes
localizados nos cromossomos Y são chamados de genes holândricos (do grego holos,
totalmente, e andros, masculino), embora alguns autores também se refiram a esse
tipo de herança como “herança restrita ao sexo”. A hipertricose auricular (do grego
hiper, excesso, e trichos, pelos) é caracterizada pela presença de pelos longos nas
orelhas, manifestando-se apenas em homem. Até pouco tempo acreditava-se que a
hipertricose auricular era causada por um gene localizado no cromossomo Y, mas
estudos recentes têm demonstrado que esse gene se localiza em um cromossomo
autossomo. Assim, passamos a classificar a hipertricose auricular como “expressão
limitada ao sexo”. Algumas outras características têm “expressão influenciada pelo
sexo”, como o caso da calvície. A calvície manifesta-se como uma diminuição
generalizada de cabelos, o que é diferente da perda total de cabelos que ocorre no
topo do couro cabeludo. Alguns estudos têm levantado a possibilidade da calvície ser
causada por um gene dominante autossômico no homem e um gene recessivo na
mulher.
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9.8 Composição do Material Genético
55
acid). Somente a partir da década de 1940 alguns indícios apontavam para o DNA
como material genético, o que levou inúmeros pesquisadores a voltarem sua atenção
para essa substância. Até o final da década de 1940 todas as informações sobre o
DNA estavam dispersas, o que não levava os cientistas à conclusão alguma. Foi então
que o biólogo James D. Watson e o físico Francis H. C. Crick decidiram juntar todos
os dados disponíveis até o momento e determinar a estrutura da molécula de DNA.
Para realizar tal fato, Watson e Crick usaram difração de raio-X para analisar a
molécula e, ao final dos estudos, propuseram um modelo de dupla-hélice, o qual
explicava ao menos três características fundamentais do material genético: a
capacidade de conter informações para a síntese de proteínas, capacidade de sofrer
mutações e capacidade de duplicação.
Esse modelo, proposto em 1953, foi prontamente aceito por toda a comunidade
científica, que junto com muito esforço de milhares de cientistas de todas as partes do
mundo, nos levou a esse enorme avanço na área da biotecnologia que vivemos hoje.
Foi em meados da década de 1930 que surgiram os primeiros indícios experimentais
de que os genes atuam por meio do controle da síntese de proteínas. Um experimento
realizado por George W. Beadle (1903-1989), Boris Ephurussi (1901-1979) e Edward
L. Tatum (1909-1975) demonstrou que a cor do olho alterada em um mutante de D.
melanogaster se devia à incapacidade da mosca realizar uma reação química de uma
determinada via metabólica da síntese do pigmento normal. Uma vez que o inseto D.
melanogaster é um organismo muito complexo para poder afirmar os resultados
obtidos inicialmente, Beadle e Tatum resolveram utilizar o fungo Neurospora crassa,
conhecido popularmente como bolor rosado do pão, que é um organismo mais simples
quando comparado a D. melanogaster. Os resultados dos experimentos de Beadle e
Tatum consolidaram a teoria um gene – uma enzima, a qual logo em seguida foi
alterada para teoria um gene – uma proteína. Tempos depois foi descoberto que uma
proteína pode ser formada por mais de uma cadeia polipeptídica (proteínas que
possuem mais de uma cadeia polipeptídica possuem uma estrutura quaternária, a
qual se dá pelo arranjo dessas cadeias) e passou então a se falar em teoria um gene
– um polipeptídio. Todas essas descobertas da primeira metade do século XX
conduziram os pesquisadores aos estudos da genética molecular. Os primeiros
estudos mostraram que o DNA atua diretamente na síntese de proteínas.
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Assim, o DNA contém as instruções para a síntese de uma dada proteína
codificada na sequência de suas bases nitrogenadas, as quais são transcritas para
uma molécula de RNA e, a partir destas, as instruções serão traduzidas na forma de
proteína. Existem três tipos de RNA envolvido na síntese de proteínas. O primeiro
deles é o RNA mensageiro, abreviado como mRNA. Ele nada mais é do que uma
cópia do gene de interesse na forma de RNA, uma vez que o DNA não sai do núcleo
celular. Cada sequência de 3 bases nitrogenadas corresponde ao que chamamos de
códon.
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10 BIBLIOGRAFIA BÁSICA
RINGO, John. Genética básica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 390p., il.,
28 cm.
AMABIS, José Mariano. Biologia: volume 3: genética, evolução e ecologia. 2 ed. São
Paulo: Moderna, 1979. 469p., il., 22 cm. Inclui índice.
BIBLIOGRÁFIA COMPLEMENTAR
BURNS, George W. Genética. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, c1998. 381p., il.,
28 cm. Bibliografia: p. [359]-368.
LIMA, Celso Piedemonte de. Genética humana. 3ed. São Paulo: Harbra, c2004. xiv,
442p., il. (algumas col.), 24cm.
AMABIS, José Mariano. Biologia: volume 3 : genética, evolução e ecologia. 2 ed. São
Paulo: Moderna, 1979. 469p., il., 22 cm. Inclui índice.
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