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O Frevo Pernambucano

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TEOLOGIA E CIÊNCIAS HUMANAS


CURSO DE FILOSOFIA (BACHARELADO)

ADOLPHO GENETON VIEIRA DA SILVA


ALEXANDRE JOSÉ SILVA CABRAL
DOUGLAS VIEIRA CÂMARA
FELIPE JOSÉ DE OLIVEIRA
JOÃO BATISTA FREITAS SOUZA

O FREVO PERNAMBUCANO

RECIFE
2018
O FREVO PERNAMBUCANO

ADOLPHO GENETON VIEIRA DA SILVA


ALEXANDRE JOSÉ SILVA CABRAL
DOUGLAS VIEIRA CÂMARA
FELIPE JOSÉ DE OLIVEIRA
JOÃO BATISTA FREITAS SOUZA

Projeto de Pesquisa apresentado como


requisito final da Disciplina de Retórica e
Oratória, na Universidade Católica de
Pernambuco. Solicitado pela Prof. Dra.
Eleonoura Enoque.

RECIFE
2018
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 03

2. CONTEXTO HISTÓRICO ................................................................................ 06

3. O DESPERTAR DO FREVO ........................................................................... 06

4. TIPOS DE FREVO ........................................................................................... 08

5. ANÁLISE DO TIPO DE ARGUMENTO ............................................................ 09

6. ANÁLISE DE FALÁCIA .................................................................................... 10

7. ANÁLISE DAS PARTES DO DISCURSO E FIGURAS DE RETÓRICA ......... 11

8. REFERÊNCIAS ................................................................................................ 13
3

1. INTRODUÇÃO

Formalmente, se diz que frevo é música, e que sua dança é o passo. Mas,
segundo um dos envolvidos no processo de inventário, o frevo pode ser visto como
um “sistema” – com partes distintas e com um todo que extrapola a soma destas
partes. É fato que no frevo não se pode separar a música da dança, e nem se sabe
ao certo se foi a dança que se adaptou à música, se a música se acelerou em
função dos movimentos, ou ainda se ambas se constituíram simultaneamente,
conforme o indicado no dossiê de candidatura.
É neste sentido que o bem que se propõe registrar é o frevo em todas as suas
dimensões – música, dança e poesia – e nas três modalidades em que ele se
subdivide – frevo-de-rua, frevo-de-bloco e frevo-canção. O frevo-de-rua, puramente
instrumental, tocado e dançado nas ruas carnavalescas do Recife e de Olinda.
Próprio dos clubes e das troças. É subdividido ainda em outros três tipos: frevo-
coqueiro, marcado pela presença de notas agudas, frevo-ventania, caracterizado por
seqüências ininterruptas de semicolcheias tocadas pelos saxofones, assemelhando-
se ao barulho do vento; e o frevo-de-abafo, que ocorre quando do encontro de duas
agremiações durante o carnaval, uma tentando abafar a outra com um som muito
alto, deixando de lado o esmero com a afinação.
O frevo-canção é uma derivação do frevo-de-rua com letra cantada e poucas
diferenças musicais. É próprio dos blocos carnavalescos mistos.
O frevo-de-bloco é o frevo mais lírico, com dança, instrumentos e melodias
mais suaves, e um maior destaque à participação feminina. Não se liga a um tipo de
grupo carnavalesco específico, mas também é cantado no Carnaval. É visto
também, por alguns especialistas, como marcha-de-bloco e não frevo-de-bloco – o
que pode também ser apontado no termo marcha-regresso, usada para designar as
músicas cantadas no final do cortejo, de volta à sede.
A instrumentação do frevo-de-rua é a emblemática do gênero. A formação
mais clássica, inspirada nas bandas marciais, é aquela formada pela presença dos
metais: saxofones, trompetes e trombones; adicionando-se alguns instrumentos
eletrônicos, como guitarras e teclados e baixos elétricos para as formações de
estúdio – o que não é possível em orquestras tocando na rua, em movimento.
O frevo-canção é o que tem maior interface com o mundo do espetáculo profissional
e da indústria fonográfica, tendo assim uma maior presença de instrumentos
4

eletrônicos. O ritmo é o principal ponto em comum dos três tipos de frevo, e é


caracterizado, principalmente, pelo uso de dois instrumentos, o surdo e a caixa
(também o pandeiro é muito comum). Já com relação à melodia, é importante
ressaltar que o frevo se desenvolveu como música instrumental, principalmente...
As diferenças melódicas entre estes tipos de frevo podem ser vistas como
relacionadas com o ethos viril do frevo-de-rua (associado ao masculino), em
contraste com o ethos lírico do frevo-de-bloco (associado ao feminino). O frevo-
canção seria um intermediário entre os dois modelos, embora mais próximo do
frevo-de-rua. Assim, é no frevo-de-rua que encontramos o caráter melódico mais
típico do frevo. As melodias dos outros tipos de frevo são de fato vocais.

1.1 – Origem

A origem do frevo é apontada no entrudo, brincadeira portuguesa trazida para


o Brasil colonial, que compreendia gracejos e peças entre amigos, os comes e
bebes e o uso de limas-de-cheiro, que eram jogados por grupos ou individualmente.
Nesta brincadeira que acontecia nos dias que antecedem a Quaresma, a distinção
entre os espaços privados – o lugar das classes mais abastadas – e os públicos – o
lugar do povo – era nítida.
Quando os jogos se tornam mais violentos – entrando nos combates urina,
frutas podres e lama – o Governo Imperial começa a proibir os seus excessos. Em
1855, num Congresso das Sumidades Carnavalescas, decide-se que o carnaval
passaria a existir nos moldes europeus, em “nome da ordem e manutenção dos
bons costumes”. Todos os Estados, menos Pernambuco, aderem ao novo modelo –
e aqui começamos a entender o que o frevo possui de resistência cultural.
Na virada do Século 19 para o Século 20, Recife era o foco de agitação de
um Estado que pregava o nacionalismo, a República e a libertação dos escravos. As
classes trabalhadoras começam a se organizar, e esta relação entre as
organizações trabalhistas e os clubes, blocos e troças carnavalescas pode ser
percebida ainda hoje nos nomes destas agremiações – Pás, Abanadores de Olinda,
Lenhadores do Recife, Vassourinhas.
Esta é a época também de uma expansão urbana da cidade do Recife, e é
neste novo espaço público, urbanizado, que o frevo encontra o seu lugar e se
desenvolve. Um lugar de certa forma de lutas e de diferenciadas posições políticas.
5

O caráter de resistência do frevo, que talvez não seja tão evidente num
primeiro olhar, dada a sua absorção por praticamente todas as classes sociais, é
outro aspecto bastante enfatizado no dossiê. A história do frevo está estreitamente
relacionada, desde sua origem, com os “capoeiras”, negros escravos recém-libertos,
que trabalhavam no espaço urbano – temidos, então, como sendo desordeiros,
assassinos e vadios. Também nos carnavais a presença dos capoeiras era
expressiva. Acredita-se, e vários autores corroboram com esta idéia, que o passo
tenha surgido com os negros que vinham à frente das bandas militares, percorrendo
as ruas do Recife no final do Século 19.
A utilização dos espaços públicos leva ao entendimento, por parte da equipe
de pesquisa, desses locais como ambientes de trocas, das relações existentes entre
o Poder Público e a população por meio de práticas tanto formais como informais.
Percebem-se algumas dessas práticas como um espaço de resistência, das táticas
de sobrevivência dos grupos pobres no contexto da escravidão urbana.
Se em sua origem o frevo representava, ou condensava as resistências de classe e
de raça, a análise do frevo de hoje não deixa de apontar para uma outra forma de
resistência: a de formas de expressão tradicionais num contexto de culturas de
massas e de globalização de produtos culturais.
A música do frevo tem sua origem na fusão de gêneros diversos, como a
polca, a mazurca e o dobrado, e seu encontro com as bandas de música, militares e
civis, muito em voga em fins do Século 19. Eram estas bandas que animavam os
eventos públicos e as festividades, explorando sua mobilidade e alcance numa
época em que não existia a reprodução de música e as apresentações eram todas
ao vivo. Havia muita rivalidade entre as bandas de música, acirrando-se as disputas
em tempos de carnaval. Os capoeiras eram assim acionados para a defesa de uma
ou outra banda, e daí seu papel importante no surgimento do passo.
A utilização da sombrinha, símbolo inquestionável do frevo, também remonta
a esta época e aos capoeiras. Com a proibição da capoeira e a ação do Estado no
sentido de controlar o carnaval e sua agitação, a sombrinha é uma espécie de arma
branca, disfarçada – como o são, aliás, os símbolos de muitas agremiações
carnavalescas, onde um cabo, cacetete em potencial, é muito recorrente: a pá, o
machado (onde o que importa é o cabo, pois a “lâmina” era confeccionada em
papel), o pão (feito de madeira), o abanador, a vassoura etc. Segundo Paula
Valadares, que prestou depoimento aos pesquisadores durante o inventário, se o
6

samba diverte, o frevo fere; e isto está expresso nos símbolos, na expressão visual,
na música e na dança do frevo.

1.2 – Paços do Frevo

O Paço do Frevo é um centro de referência de ações, projetos e atividades de


documentação, transmissão, salvaguarda e valorização de uma das principais
tradições culturais brasileiras, reconhecida como Patrimônio Imaterial da
Humanidade pela UNESCO. Um lugar para estudar, criar, experimentar e vivenciar o
rico universo de histórias, personalidades, memórias e linguagens artísticas.

2. CONTEXTO HISTÓRICO

O frevo é um ritmo pernambucano que surgiu da interação entre músicas e


danças folclóricas, no final do século XIX, em Recife durante a comemoração do
carnaval. O nome frevo veio bem depois do ritmo já consolidado. Muito depressa
esse ritmo começou a se desenvolver conquistando todo Brasil. Hoje em dia, muitos
instrumentos que eram incomuns na época começaram a ser introduzidos no estilo,
como por exemplo a guitarra. Os guitarristas tiveram que desenvolver uma
linguagem muito peculiar para adaptar as linhas que foram escritas para outros
instrumentos.

3. O DESPERTAR DO FREVO

O Frevo é um ritmo pernambucano, é uma dança carnavalesca própria,


original, nascida do povo. Surgido no Recife no final do Século XIX e é, sem sombra
de dúvidas, uma das criações mais originais dos mestiços da baixa classe média
urbana brasileira, na sua maioria instrumentistas de bandas militares – tocadores de
marchas e de dobrados , ou componentes de grupos especialistas em música de
dança do fim do século XIX – tocadores de polcas, tangos, quadrilhas e maxixes
como disse Tinhorão1. Na verdade, o frevo é um amálgama destes gêneros

1
TINHORÃO, Jose Ramos. Pequena história da música popular brasileira. Pág. 137. Desta forma concluímos que
assim como o maxixe, o frevo surgiu da interação entre a música e a dança. "O frevo fixou sua estrutura numa
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musicais. A marcha e a polca não tinham introdução, assim começou a ser


estabelecida as diferenças do frevo: introdução sincopada, com quiálteras.
Os estudiosos do frevo são unanimes em concordar que a origem dos passos
se deu pela presença de capoeiras nos desfiles de bandas musicais militares, no
Recife no final do século XIX. Acontece as bandas militares que também
acompanhavam os desfiles das agremiações carnavalescas, e no meio dos foliões
que brincavam o carnaval estavam os capoeiras disfarçando as manobras da luta
marcial em gingas mais leves, aparentemente inofensivas. Como esses capoeiristas
eram perseguidos pela polícia, precisavam de disfarces para acompanhar as
bandas, agora nos clubes. Desta maneira, os passistas modificaram seus golpes ao
acompanhar a música, assim surgiu o "passo". Trocaram suas antigas armas de
defesa pelos símbolos dos clubes. A sombrinha toda colorida é um exemplo de uma
estilização utilizada inicialmente como armas para ataque e defesa, já que a prática
da capoeira estava proibida. Podemos dizer que hoje em dia é o ornamento que
mais caracteriza o passista e é um dos principais símbolos do carnaval de
Pernambuco.Era de costume cada banda de música tomar partido entre os
capoeiristas. Não apenas torcer, mas acompanhá-las pelas ruas, e brigar por elas.
O costume de valentões abrirem caminho de desfiles gingando e aplicando
rasteiras sempre fora comum em outros centros urbanos, como o Rio de Janeiro e
Salvador, principalmente nas saídas de procissões. No caso especial do Recife,
porém, a existência de duas bandas rivais em importância serviu para dividir os
capoeiras em dois partidos. E estabelecia essa rivalidade, os grupos de capoeiras
começaram a demonstrar as excelências da sua fragilidade à frente das bandas do
Quarto e do Espanha*, aproveitando o som da musga para elaborar uma complicada
coreografia de balizas, uma vez que todos usavam bengalas ou cacetes da
duríssima madeira de quiri. (TINHORÃO, 197822).

vertiginosa evolução da música das bandas de rua, de inícios da década de 1880 até aos primeiros anos do
século XX". (TINHORÃO, 1978)
2
TINHORÃO, Jose Ramos. Pequena história da música popular brasileira. Pág. 137
Tinhorão descreve que a partir da década de 1880 a música de rua do Recife deixou de ser fornecida apenas
por bandas militares, segundo ele, nesta década surgiu as fanfarras a serviço de humildes trabalhadores
urbanos3. As fanfarras eram constituídas por instrumentos de metal, pela velha tradição bandística do povo
pernambucano. Os compositores adicionaram à fanfarra o caixa (tarol) que sustenta o ritmo o tempo inteiro,
com a finalidade de controlar a multidão incontrolável. Desenvolveram, também, artifícios que levaram o frevo
a desdobrar-se em subgêneros.
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4. TIPOS DE FREVO

4.1 – Frevo de Rua

“O frevo de rua é o puramente instrumental, tocado e dançado nas ruas


carnavalescas do Recife e de Olinda”. (IPHAN) É o mais comumente identificado
como simplesmente frevo, cujas características não se assemelham com nenhuma
outra música brasileira, nem de outro país. O frevo-de-rua se diferencia dos outros
tipos de frevo pela ausência completa de letra, pois é feito unicamente para ser
dançado. Na música é possível distinguir-se três classes: frevo-coqueiro, frevo-
ventania e frevo de abafo. O frevo acaba, temporariamente, em um acorde longo e
perfeito. Frevos-de-rua famosos: Vassourinhas de Matias da Rocha, último dia de
Levino Ferreira, Trinca do 21 de Mexicano, Menino Bom de Eucário Barbosa,
Corisco de Lorival Oliveira, Porta-bandeira de Guedes Peixoto, entre outros.

4.2 – Frevo-Canção

“O frevo-canção é uma derivação do frevo de rua com adaptação de letra,


mínimas diferenças musicais e não tão pequenas diferenças de contexto social”
(IPHAN). Nos fins do século passado surgiram melodias bonitas, tais como A
Marcha n° 1 do Vassourinhas, atualmente convertido no Hino do carnaval recifense,
presente tanto nos bailes sociais como nas ruas, capaz de animar qualquer reunião
e enlouquecer o passista. O frevo-canção ou marcha-canção tem vários aspectos
semelhantes à marchinha carioca, um deles é que ambas possuem uma parte
introdutória e outra cantada, começando ou acabando com estrebilhos. Frevos-
canção famosos: Borboleta não é ave de Nelson Ferreira, Na mulher não se bate
nem com uma flor de Capiba, Hino de Pitombeira de Alex Caldas, Hino de Elefante
de Clídio Nigro, Vestibular de Gildo Moreno, entre outros.

4.3 – Frevo-de-Bloco

“O frevo de bloco apresenta diferenças musicais bem mais significativas,


representando o aspecto dito lírico do carnaval pernambucano, com instrumentos,
9

melodias e danças mais suaves, e um maior destaque à participação feminina”


(IPHAN). Deve ter se originado de serenatas preparadas por agrupamentos de
rapazes animados, que participavam simultaneamente, dos carnavais de rua da
época, possivelmente, no início do presente século. Sua orquestra é composta de
Pau e Corda: violões, banjos, cavaquinhos, etc. Nas últimas três décadas observou-
se a introdução de clarinete, seguida da parte coral integrada por mulheres. Frevos-
de-bloco famosos: Valores do Passado de Edgar Moraes, Marcha da Folia de Raul
Moraes, Relembrando o Passado de João Santiago, Saudade dos Irmãos Valença,
Evocação n° 1 de Nelson Ferreira, entre outros.

5. ANÁLISE DO TIPO DE ARGUMENTO

Frevo n° 3 do Recife, Antônio Maria, frevo-canção, século XX

Sou do Recife
Com orgulho e com saudade
Sou do Recife
Com vontade de chorar
O rio passa levando barcaça
Pro alto do mar
Em mim não passa
Essa vontade de voltar
Recife mandou me chamar
Capiba e Zumba
A essa hora onde é que estão?
Inês e Rosa
Em que reinado reinarão?
Ascenso me mande um cartão
Rua antiga da Harmonia
Da Amizade, da Saudade e da União
São lembranças noite e dia
Nelson Ferreira
Toca aquela introdução
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Em cada um de seus versos e letras, é possível identificar traços que


caracterizam sentimentos e emoções cotidianas, tendo em vista que a produção
literária é fruto de seu tempo. Neste Frevo canção identificamos que tem
características de um argumento Pathos. Ele suscita um conjunto de emoção e
sentimento ao se referir a Recife.
Há, na letra do frevo de Antônio Maria, uma explícita, porém simbólica,
declaração de amor ao Recife:

Sou do Recife
Com orgulho e com saudade
Sou do Recife
Com vontade de chorar

“Considerada uma possibilidade para as várias leituras de mundo, a literatura


cumpre um papel fundamental na compreensão do universo do frevo. Assim, sua
poesia revela o imaginário de quem a produz e vive, dialogando constantemente,
entre o passado e o presente, com os temas e assuntos abordados nas canções.
Em cada um de seus versos e letras, é possível identificar traços que caracterizam
sentimentos e emoções cotidianas, tendo em vista que a produção literária é fruto de
seu tempo. Ela nasce das experiências do escritor/ poeta com as suas realidades. É
essa a capacidade que a literatura tem de ser perene. Nesse sentido, distante da
métrica rebuscada de outros gêneros musicais, as letras do frevo ocupam um
espaço na crítica social e reinventam a lírica popular, deixando-as em total acordo
com a fala do homem comum” (IPHAN).

6. ANÁLISE DE FALÁCIAS

Frevo Nº 1 do Recife, Antônio Maria

Ô ô ô saudade
Saudade tão grande
Saudade que eu sinto
Do Clube das Pás, do Vassouras
Passistas traçando tesouras
11

Nas ruas repletas de lá


Batidas de bombos
São maracatus retardados
Chegando à cidade, cansados,
Com seus estandartes no ar.

Que adianta se o Recife está longe (?)3


E a saudade é tão grande
Que eu até me embaraço
Parece que eu vejo
Valfrido Cebola no passo
Haroldo Fatias, Colaço
Recife está perto de mim.

O Frevo Nº 1 do Recife apresenta, no primeiro verso da segunda estrofe, uma


falácia denominada: Pergunta complexa, no seguinte expressão, que designa uma
pergunta: “Que adianta se o Recife está longe (?)”. Pergunta que pressupõe que foi
dada uma resposta definida a uma pergunta anterior que sequer foi formulada, a
saber, Recife está longe?

7. ANÁLISE DAS PARTES DO SICURSO E FIGURAS DE RETÓRICA

Aurora de amor, Bloco da Saudade


Meu Recife eu te lembro
De Aurora à janela
Debruçada tão bela (Bis)
Sobre o Capibaribe
O seu rio namorado
E a sorrir flamboyants
Em vermelhos rendados
E se amando no espelho
Sob o sol das manhãs! (Bis)

3
Ponto de interrogação adicionado para melhor compreensão.
12

E nessa lembrança
A vida era linda!
E a gente ainda, seria criança

Eu Imperador, você Imperatriz!


E na fantasia a gente sorria feliz

Nessa aurora de amor


E o tempo passou
E a gente cresceu
E o sonho acabou
E a gente se perdeu ...

Mas quem sabe se agora neste carnaval


Você Colombina e eu Pierrô
A gente se encontre ainda BIS
Quem sabe num bloco de amor
Chamado saudade

Na quarta estrofe percebemos a utilização de uma figura de retórica chamada


Anáfora que consiste na repetição de palavras ou termos (no início de orações,
períodos ou em versos) com o intuito de dar ênfase e tornar a mensagem mais
expressiva.

Legenda:
Verde: Exórdio
Azul: Narração
Lilás: Epílogo
Amarelo: Conclusão
Vermelho: Hipálage e Anáfora
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8. Referências Bibliográficas

http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Frevo%20%E2%80%93%20Patri
m%C3%B4nio%20Cultural%20brasileiro.pdf

MARIA, Antonio. Frevo Nº 1 do Recife. Disponível em:


https://www.letras.mus.br/antonio-maria/frevo-no-1-do-recife/. Acesso em 22 de
outubro de 2018.

ABREU, Antônio Suárez. A Arte de Argumentar: Gerenciando Razão e Emoção. – 8.


ed. Ateliê Editorial: São Paulo, 2009.

AMORIM, Romero. Aurora de amor. Disponível em:


<https://www.cifraclub.com.br/romero-amorim-e-mauricio-cavalcanti/aurora-de-
amor>. Acesso em 22 de outubro de 2018.

Bloco da Saudade. Aurora de amor. Disponível em:


<https://www.letras.mus.br/bloco-da-saudade/1819482/>. Acesso em 21 de outubro
de 2018.

FREVO – Patrimônio Cultural brasileiro – Iphan. Disponível em:


<http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Frevo%20%E2%80%93%20Patr
im%C3%B4nio%20Cultural%20brasileiro.pdf>. Acesso em 21 de outubro de 2018.

LIMA, Claudia M. de Assis Rocha. Carnaval Pernambucano – Frevo. Pernambuco:


Usina de letras. Acessível em: <http://www.fundaj.gov.br/docs/text/carnav2.html>.
Acesso em 03 de Outubro de 2018.

OLIVEIRA, Valdemar. Artigos - O frevo e o passo, de Pernambuco. Extraído de


Boletin Latino Americano de Música. Rio de Janeiro; Montevidéu, Instituto
Interamericano de Musicologia, 1946, ano 6, v.6, p.157-192. in: Realejo/Jangada
Brasil. Disponível em: <http://www.jangadabrasil.com.br/realejo/artigos/frevo.asp> .
Acesso em 03 de Outubro de 2018.

ROHDEN, Luiz. O poder da linguagem: A arte retórica de Aristóteles. Porto Alegre:


EDIPUCRS, 1997.

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