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Avaliação de Carcaças Bovinas - Ana Bridi

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Avaliação de Carcaças

bovinas

Profa. Dra. Ana Maria Bridi


Universidade Estadual de Londrina
Sumário
• Métodos utilizados para classificar as carcaças

• Métodos para tipificar as carcaças:


– Estados Unidos da América

– União Européia

– Brasil

• Considerações finais
Por que classificar e tipificar carcaças?

– Oferecer diferentes tipos de carcaças


definidas por suas características
quantitativas e qualitativas

– Conhecer as carcaças produzidas no


país/região de acordo com o sistema de
produção e genótipo
Por que classificar e tipificar carcaças?

– Elaborar estatísticas das carcaças produzidas

– Orientar a produção de acordo com a


demanda do mercado
Classificação e Tipificação

• Método rápido, barato e não destrutivo

– Métodos subjetivos

– Métodos objetivos
Quais fatores afetam a composição de uma
carcaça bovina?
Principais características que
influenciam a carcaça

Característica Parâmetros que Estimador de


influenciam qualidade

Peso e idade - Composição dos tecidos - Conformação


- Tamanho das peças - Grau de
- Qualidade da carne acabamento
Principais características que
influenciam a carcaça

Característica Parâmetros que Estimador de


influenciam qualidade

Raça - Composição dos tecidos -Peso da carcaça


- Tamanho das peças - Conformação
- Grau de
acabamento
Principais características que
influenciam a carcaça

Característica Parâmetros que Estimador de


influenciam qualidade

Classe Sexual - Composição dos tecidos - Peso da carcaça


- Tamanho das peças - Conformação
- Qualidade da carne - Grau de
acabamento
Principais características que
influenciam a carcaça

Característica Parâmetros que Estimador de


influenciam qualidade

Alimentação - Composição dos tecidos - Peso de carcaça


- Tamanho das peças - Conformação
- Qualidade da carne - Grau de
acabamento
O que se espera de uma
carcaça bovina???
- Animal jovem
- Peso de carcaça pesada (210♂ e 180 ♀)
- Boa musculatura
- Bom grau de acabamento
Definição de carcaça
MAPA, 2004

• Animal abatido, sangrado, esfolado, eviscerado, desprovido

de cabeça (separada entre os ossos occipital e atlas), patas

(seccionadas à altura das articulações carpo-metacarpiana e

tarso-metarsiana), rabada, órgãos genitais externos, gordura

perirrenal e inguinal, ferida de sangria, medula espinhal,

diafragma e seus pilares (lombinho).


Rendimento de carcaça
• O conhecimento dos fatores que
determinam o RC servem:

– Estimar o peso de carcaça de baseado no


peso vivo

– Determinar o valor do animal


• Rendimento de carcaça

Peso carcaça quente x 100


peso vivo

• Perda de carcaça no resfriamento

100 – peso de carcaça resfriada x 100


peso de carcaça quente
Rendimento de carcaça
• Fatores que afetam
– Tempo de jejum

– Alimentação: Pastagem VS confinado

– Idade e peso vivo

– Conformação e grau de acabamento

– Classe sexual

– Grupo genético
Tempo de jejum VS
Rendimento de carcaça
Para Correção
Tempo desconta:
de jejum horas Aumento no rendimento
de carcaça
Até 72 horas de jejum não
- Conteúdo
1-3 gastrointestinal +0,5-1,3%
afeta o peso da carcaça
- Urina Corpo vazio
4-5 +2%
- Suco biliar
6-8 +2,5%

9-12 +2,5-3,0%

13-24 +3,5-4,5%
Exemplo
• Novilho sem jejum pesa 400 kg de peso vivo
• Peso de carcaça 280 kg

RC = (280/400)x100 = 52%

Após 12 horas em jejum perde-se 5% do seu PV = 380


kg

RC = (280/380) x 100 = 54,7%


Tipo de alimento

Porcentagem de concentrado

25 37 50 62 75

RC% 56,4 57,67 58,02 58,48 59,35


Idade
Rendimento de
Animal jovem maior
carcaça proporção de
60,0
membros e componentes não
% de carne
56,5 carcaçacomestível

54,0

180 360 500


Peso vivo kg
Grau de acabamento

• Aumento no grau de acabamento eleva o


rendimento de carcaça

• Não confundir com rendimento de carne


(aumenta o refile)
Estimativa de rendimento de carcaça
Departament of Primary Industries – Australia

Grau de acabamento Rendimento de carcaça


Novilhos e Novilhas

1 50 -53

2 51-54

3 52-56

4 54-58

5 56-59
Conformação
• Aumento de 1,0 a 1,5 % no rendimento
de carcaça para cada unidade de
incremento no escore de musculosidade
Classe sexual

Fêmea > Macho castrado >


Macho inteiro?
Grupo genético

• Zebuínos maior rendimento

• Bos taurus taurus continentais alta


musculosidade

• Bos taurus taurus britânicos

• Raças leiteiras
Parâmetros utilizados para classificação
da carcaça
• Classe sexual

• Idade

• Peso

• Conformação

• Grau de acabamento
Por que usar a classe sexual
como fator de classificação e
tipificação?
Classes sexuais

Brasil Europa
Estados Unidos EUA
Macho inteiro Macho jovem sem Machos inteiros jovens
castrar (menos 2 anos)
Macho castrado Outros machos sem Novilhos
1. Touros não são Classificados
castrar
Novilha Machos castrados Machos castrados
2. Vacas não podem
Vaca de descarte
ser classificadasNovilhas
Novilhas
como PRIME
Outras fêmeas Vacas
3. Machos castrados não podem ser classificados
como COMMERCIAL, CUTTER E CANNER
Identificação do sexo: fêmea
Músculo grácil: perfil mais
oval

Gordura do úbere: mais


suave

Tuberosidade púbica: menos


desenvolvida e formato mais reto.

Cavidade pélvica: mais


desenvolvida
Identificação do sexo: macho
Presença do ligamento
suspensor do pênis

Músculo grácil: menor e


mais circular

Tuberosidade Púbica: mais


curvada

Gordura saco escrotal:


irregular
Por que usar a idade como
fator de classificação e
tipificação?
Proporção de osso, músculo e gordura em
diferentes pesos de carcaças bovina
Peso de Porcentagem
Gordura de gordura

Porcentagem
Peso de de músculo
músculo

Porcentagem
Peso de de ossos
ossos

Fonte: Adaptado de Warris, 2000.


Colágeno
Colágeno
70 0,13

65 0,12

60

Conteúdo de piridinolina
Força de cisalhamento 0,11

(mol/Mol de colágeno)
colágeno

55
Força de cisalhamento N

0,1

50

PYR content (mol/mol of collagen)


0,09
45
Solubilidade colágeno
(%)

0,08
Shear force (N)
solubility

40
0,07
Collagen do

35
0,06
Solubilidade

30

25
Conteúdo de piridinolina 0,05

0,04
20

0,03
15
%

10 0,02

5 0,01

0 0
20 42 90 180 365 540
Idade em dias
Age (days)

Fonte: Coró et al., 2002


Idade

• Cronologia dentária

• Grau de ossificação

• Maturidade do músculo
EXAME DOS DENTES
INCISIVOS

Dentes molares

Dentes Pré-molares

Dentes incisivos
Exame dos dentes incisivos

4 = Cantos

3 = Segundos médios

1 = Pinças 2 = Primeiros médios


Dentes de leite Dois dentes

Sem queda das Dois dentes definitivos (pinças)


pinças sem queda dos primeiros médios
Quatro dentes Seis dentes

Animal que já trocou as pinças Animal que já trocou as pinças e os


e os primeiros médios, sem primeiros e segundos médios, sem
queda dos segundos médios da queda dos cantos da primeira
primeira dentição dentição
Oito dentes Desgaste dos dentes

9 anos: razamento dos dentes


Animal com dentes definitivos
Acima de 10 anos: razamento
total dos dentes e início da
queda
Idade de erupção dos dentes
incisivos permanentes
Incisivos Idade (meses) aproximada de erupção
Permanentes

Zebuínos Taurinos

2 20 a 24 18 a 28

4 30-36 24 a 31

6 42 a 48 32 a 43

8 52 a 60 36 a 56
Maturidade da carcaça

• O processo de
ossificação
inicia-se da
região posterior
para a anterior e
é finalizado em
média, aos 8
anos
Cartilagem do
processo
espinhoso
Cartilagem do disco
intervertebral
Vértebras sacrais Vértebras lombares Vértebras Torácicas

A20

Animal jovem:
1. Osso porosos e macios
2. Cartilagem aperolada
3. Costelas estreitas e vermelhas
4. Vértebras apresentam separação distinta
D90
Tuberosidade púbica - idade

< 2 anos > 2 anos 6 anos

Oval Piriforme
Arredondada
Idade

A 9 a 30 meses

B 30 a 42 meses

C 42 a 72 meses

D 72 a 96 meses

E acima de 96 meses
Maturidade carne
cor e textura
Idade dentária VS maturidade óssea

Número de dentes permanentes incisivos

0 2 4 6 8

Maturidade óssea

Novilho 5,2a 5,6a 7,7a 7,9a 15,5b

Novilha 4,3a 6,6a 12,7b 16,0b 20,5c


Onde: Lawrence et al., 2001
5 = A50
15 = B50
25 = C50
Conformação
• A proporção dos tecidos musculares e
adiposos em relação ao tamanho do
esqueleto

• Indica o desenvolvimento do animal

• É uma medida de qualidade quantitativa da


carcaça
Conformação
• Avaliação subjetiva
– Padrão fotográfico

• Medidas de carcaça
– Comprimento de carcaça
– Profundidade da carcaça
– Espessura, comprimento perímetro de coxão

• AOL

• Proporção de carne, gordura e osso


Avaliação subjetiva
Europa
Superior Excelente Muito boa Boa Mediana Ruim
S E U R O P

Cada classe pode ser sub-dividida em 3, totalizando 18 classes:

+R-
Brasil ???
Convexa Sub-convexa Retilínea Sub-Côncava Côncava
Estados Unidos
Área de olho de lombo

• Avaliado entre a 12a e 13a costela


Medidas de carcaça

• Usado somente na pesquisa


Comprimento de carcaça

Corresponde à
distância do bordo
anterior do osso
púbis ao bordo
cranial medial da
primeira costela
Largura da carcaça

Representa a
distância do bordo
inferior do esterno ao
bordo inferior do
canal medular entre a
quinta e sexta
vértebra dorsal.
Comprimento da perna

Corresponde à distância
entre o ponto médio da
articulação tarso-
metatarsiana e o bordo
anterior da sínfese isquio-
pubiano
Espessura e perímetro de coxão

Espessura do coxão

Distância entre as faces


lateral e medial da porção
superior do coxão

Perímetro do coxão

O perímetro máximo da
perna é medido passando
pela estrela
Índice de Compacidade da
carcaça

ICC = Peso da carcaça fria


Comprimento da carcaça

• Visa eliminar o fator peso da carcaça


Porcentagem de carne,
gordura e osso
• Dissecação e separação de uma amostra
de carne de uma carcaça:
– Músculo: incluindo o tecido conjuntivo,
vascular e nervoso

– Gordura: intermuscular

– Ósseo: incluindo cartilagem, tendões e


tecido conectivo
Porcentagem de carne,
gordura e osso

• Hankins e Howe, 1946


– 9a, 10a e 11a costelas
• Adaptação de Muller et al., 1973
– 10a, 11a e 12a costelas
Ponto B
Botão da vértebra

Ponto A (Corte da vértebra)


Ponto D

Ponto C
61,5 % da distância entre A e B
Dissecação da sexta costela
Robelin et al, 1975.
Cortar a amostra em ângulo reto com a
costela na base do músculo serratus dorsalis
Grau de acabamento

• Principal fator
determinante do
valor comercial da
carcaça
Grau de acabamento

• Evita a desidratação das carcaças

• Preserva a cor da carne (evita o


escurecimento)

• Preserva a maciez (preservação do


tamanho dos sarcômeros)
Taxa de resfriamento da carcaça

r = -0,42
r = -0,54
Taxa de
resfriamento

Peso de carcaça Espessura de gordura

Taxa de
resfriamento

Força cisalhamento

Fonte: Okeudo & Moss, 2005


Padrão Europeu
Ausente Pouco Coberto Gordo Muito gordo
E U R O P

Cada classe pode ser sub-dividida em 3, totalizando 15 classes:

+R-
ESCORES DE ACABAMENTO

Ausente Escasso Mediano Uniforme Excessivo


1 2 3 4 5
0 mm 1 a 3 mm 3 a 6 mm 6 a 10 mm >10 mm
Grau de acabamento

Pouca quantidade: Excesso:

• problemas no manuseio da • indesejável;


carcaça;
• encurtamento celular devido ao frio; • diminui o rendimento da porção
• carne dura. comestível;
•perda de peso da carcaça
(desidratação) • ocasiona um maior refile para a
•cor da carne durante o resfriamento. comercialização= desperdícios
Espessura de gordura
Entre a 12a e 13a costela

• A ¾ do comprimento do músculo longissimus dorsi


Taxa de marmoreio
Influência do grau de marmoreio
na maciez da carne bovina

Fonte: adaptado de Savell et al., 1987


Influência do grau de marmorização
na qualidade sensorial da carne
Porcentagem de escore menor que 5

PRIME 5,6%

CHOICE 10,8%

SELECT 26,4%

STANDARD 59,1%

8 7 6 5 4 3 2

Extremamente Extremamente
desejável indesejável

Fonte: adaptado de Smith et al., 1987


Endomísio Perimísio

Novilhos 9
meses

Endomísio Perimísio

Novilhos 32
32 meses
meses
Gordura interna
• Alta correlação com a gordura total da
carcaça

• Avaliação visual da gordura pélvica, renal e


torácica
Análise subjetiva
(julgadores
treinados)

Expressa como
porcentual do peso
de carcaça
TIPIFICAÇÃO BRASILEIRA

Tipo SEXO Maturidade Acabamento Conformação Peso carcaça


Min (kg)
B CeF 0-4 2,3 e 4 C,Sc e Re C=210, F=180
M 0 2,3 e 4 C,Sc e Re M= 210
R CeF 0-6 2,3 e 4 C, Sc, Re e Sr C=220, F=180
A CeF 0-6 1e5 C, Sc, Re e Sr C=210, F= 180
M 0 1e5 C, Sc, Re e Sr M= 210
S CeF 0-8 1-5 C, Sc, Re e Sr C=225, F=180
I M, C eF 0-8 1-5 C, Sc, Re e Sr Sem restriçào
L M, C e F 0-8 1-5 Co Sem restrição

B = padrão cota HILTON é o tipo B sem M e sem acabamento 4


Tipificação Norte Americana
Grau de rendimento
Yield Grade

• Inversamente relacionado com o


rendimento de carne na desossa

• Analisa:
• Quantidade de gordura externa (subcutânea)
• Quantidade de gordura interna (cavitária)
• Área de olho de lombo
• Peso de carcaça quente
Grau de rendimento
YG = 2,5 + (2,5 x EG) + (0,2 x GPP) + (0,0038 x PCQ) - (0,32 x AOL)

– EG = Espessura de gordura, em polegadas

– GPP = % Gordura cavitária (perirrenal, pélvica e inguinal)


na carcaça

– AOL = Área de olho de lombo, em pol.2

– PCQ = Peso de carcaça quente, em libra


Correspondência do grau de rendimento com
a porcentagem de carne aproveitável da
carcaça
YG % CA
1,0 77,5
1,5 75,0
2,0 72,5
2,5 70,0
3,0 67,5
3,5 65,0
4,0 62,5
USDA, 1986
Grau de Qualidade
(Quality Grades)
• Considera:
Estados Unidos

1. Touros–não
Grau
sãode marmoreio da carne
Classificados

2. Vacas não podem ser classificadas como PRIME


– Maturidade das carcaças
3. Macho castrados não podem ser classificados como
– Sexo CUTTER E CANNER
COMMERCIAL,
Tipicação Européia

• Classe sexual

• Maturidade

• Conformação

• Grau de acabamento
Levantamento da qualidade das carcaças
114.279 carcaças avaliadas
(Sgarione, 2014)

Médias

N. de dentes incisivos 4,2

Peso de carcaça kg 135

Conformação 3,35

Grau de conformação 2,44


Distribuição da idade

N. dentes incisivos permanentes % de carcaças

0 5,53

2 23,32

4 35,91

6 24,90

8 9,34

(Sgarione, 2014)
Distribuição do peso de carcaça

(Sgarione, 2014)
Distribuição da conformação

Conformação % de carcaças

Côncava 0,78

Sub-retilínea 54,56

Retilínea 44,41

Subconvexa 0,23

Convexa 0,02

(Sgarione, 2014)
Distribuição do grau de acabamento

Grau de acabamento % de carcaças

Magra 1,62

Escassa 11,73

Mediana 38,53

Uniforme 46,42

Excessiva 1,70

(Sgarione, 2014)
Conclusões

• Métodos de classificação da carcaça


devem predizer a quantidade de carne e
a sua qualidade

• Os métodos de avaliação de carcaças


bovinas comerciais devem ser baratos,
rápidos e não destrutivos.
Obrigada!

Ana Maria Bridi


Departamento de Zootecnia
Universidade Estadual de Londrina
www.uel.br/pessoal/ambridi
ambridi@uel.br

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