Patologia Da Nutrição E Dietoterapia: Sandra Muttoni
Patologia Da Nutrição E Dietoterapia: Sandra Muttoni
Patologia Da Nutrição E Dietoterapia: Sandra Muttoni
NUTRIÇÃO E
DIETOTERAPIA
Sandra Muttoni
Revisão técnica:
Juliana S. Closs Correia
Nutricionista (Centro Universitário São Camilo)
Mestre em Biologia Odontológica (UNITAU)
Especialista em Metodologia do Ensino Superior (UniSL)
Coordenadora do Curso de Nutrição do UniSL
Secretária da Associação Brasileira de Educação
em Nutrição (ABENUT)
ISBN 978-85-9502-100-6
CDU 616.39
Introdução
Você deve saber que o infarto agudo do miocárdio está entre as doenças
de maior mortalidade no mundo inteiro. No entanto, para os sobreviven-
tes destes eventos cardiovasculares, aprevenção de novos eventos é de
extrema importância, e a nutrição exerce um papel fundamental sobre
esta situação. Neste texto, você vai estudar o que ocorre metabolicamente
no momento do infarto agudo do miocárdio, bem como seus fatores de
risco. Você também vai identificar quais as metas que estão estabelecidas
para a prevenção secundária após a ocorrência do infarto agudo de
miocárdio, e que cuidados dietoterápicos devem ser observados para
estes pacientes.
Diagnóstico
O diagnóstico do IAM é baseado no quadro clínico, nas alterações do ele-
trocardiograma e na elevação dos marcadores bioquímicos de necrose. O
eletrocardiograma, no entanto, é o principal instrumento para o diag-
nóstico, uma vez que os sintomas podem apresentar muitas variações, e que
os marcadores bioquímicos começarão a se elevarem cerca de 6 horas após o
início da dor. Se o eletrocardiograma apresentar supradesnível do segmento
ST, ou o bloqueio agudo de ramo esquerdo, já se tem critérios suficientes
para entrar com a tentativa imediata de reperfusão em um paciente com uma
história indicativa para ocorrência de infarto.
Quadro clínico
Normalmente o infarto se apresenta com dor precordial de grande intensidade
em aperto à esquerda, irradiada para o membro superior esquerdo, com dura-
ção prolongada (superior a 20 minutos). Esta dor não melhora ou tem apenas
alívio parcial com repouso ou nitratos sublinguais. Também é possível sua
irradiação para o membro superior direito, dorso, ombros e epigástrico. É
preciso estar atento, pois pacientes diabéticos, idosos ou em período pré-
-operatório podem infartar com ausência de dor, e por sua vez, sentirem
náuseas, mal-estar, dispneia ou até mesmo confusão mental.
Exame físico
O paciente que está infartando apresenta-se ansioso e com agitação psicomo-
tora em razão da dor precordial. Também pode apresentar taquicardia, que é
indicativo de pior prognóstico, sopros valvares, por causa de disfunção valvar
isquêmica, e terceira bulha (associada com insuficiência ventricular aguda).
Hipotensão pode ser sintoma de choque cardiogênico inicial, e a ausculta de
estertores pulmonares em pacientes dispneicos é um sinal de falência ventri-
cular em pacientes de alto risco.
Exames subsidiários
Eletrocardiograma: como já foi dito, é o exame mais importante no diagnós-
tico de IAM. Deve ser realizado seriadamente nas primeiras 24 horas, e após
o primeiro dia, diariamente. Este exame, além de determinar o diagnóstico,
dá a topografia do infarto e permite inferir a artéria culpada.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco para a ocorrência de infarto agudo do miocárdio
são:
herança genética;
sexo masculino;
idade > 45 para os homens, e > 55 anos para as mulheres;
presença de hipertensão arterial;
presença de diabetes melito;
presença de dislipidemias;
obesidade;
tabagismo;
estresse;
alterações hemostáticas.
Para todo paciente com dor torácica e com suspeita de provável ou definitiva síndrome
isquêmica aguda é realizado um conjunto de condutas médicas padronizadas. O plano
terapêutico inicial consiste em:
fornecimento de nitrato 5 mg sublingual (até três vezes se necessário);
nitroglicerina intravenosa 10 a 50 mg/min;
AAS (ácido acetilsalicílico) 200 mg mastigado;
oxigênio nasal ou máscara 2 a 3 L/min;
para analgesia, morfina 2 a 4 mg intravenosa a cada cinco minutos;
e dieta zero, pois o paciente pode apresentar parada cardíaca, e por esta razão
deve permanecer em jejum nas primeiras seis horas.
Tabagismo
■ Meta: cessação completa do hábito de fumar e não exposição ao
fumo passivo. Veja as recomendações que podem contribuir para
o alcance da meta:
– os pacientes devem ser questionados sobre o tabagismo em cada
consulta;
na hora de elaborar o plano dietético deste pacientes. Para tanto, é preciso ter
em mente que os objetivos da conduta dietoterápica são: diminuir a sobrecarga
cardíaca, através de uma alimentação saudável, equilibrada e individualizada,
para que possibilite a recuperação e a manutenção do estado nutricional, sempre
levando em conta fatores como idade, sexo, peso e presença de patologias
associadas.
Para avaliação do estado nutricional, podem ser utilizados:
Leituras recomendadas
AVEZUM, Á.; PIEGAS, L. S.; PEREIRA, J. C. R. Fatores de risco associados com infarto
agudo do miocárdio na região metropolitana de São Paulo: uma região desenvolvida
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