Gideon
Gideon
Gideon
Não há nada realmente errado com Kofi. Eu acho que ele poderia ser
muito doce, mas eu simplesmente não estou sentindo isso.
Eu nasci sem lobo, ao contrário dos meus dois irmãos. Não ter um
lobo significa que há uma grande chance de eu não ter um companheiro
como eles.
Desde que minha irmã mais nova, Maya, encontrou seu companheiro,
sete meses atrás, eles dobraram seus esforços para eu me encontrar com
alguns caras, especialmente Kofi. A tortura é real.
— Oh, que fofo, — murmura a vovó. Lanço um olhar furioso para ela,
mas ela continua: — Vocês dois fariam bebês lindos juntos.
Atire em mim! Basta atirar em mim agora!
— Eu não te disse que quero pelo menos dez netos?
Sei que todos têm pena de mim, mas acho que a vovó está entrando
na brincadeira só para me torturar.
Até minha avó tem namorado. Sim, isso mesmo, minha avó está tendo
mais ação do que eu. Eu, uma mulher de vinte e dois anos, estou tendo
menos ação do que sua avó de oitenta e sete.
Quão triste é isso?
Minha irmã está de mãos dadas com Abraham, falando baixinho e
rindo. Isso me lembra por que escolhi me mudar.
Em breve, minha mãe e meu pai estarão sussurrando um para o outro,
Kaleb e Carmen estarão agindo de forma fofa.
A única coisa que poderia tornar isso melhor é a vovó trazer o
namorado para jantar na próxima vez e começar a agir da mesma
maneira.
Arrghhh!!!
A imagem disso queima meu cérebro.
— Layla, — diz Kofi, pegando minha mão. — Você realmente está
bonita. Agradeço o esforço que você fez para ficar ainda mais bonita para
mim esta noite.
Oh, não...
— Gideon, onde você está? Estou quase pronta. Preciso do carro aqui
agora, — diz Helen assim que atendo o telefone. Eu posso ouvir a música
suave tocando ao fundo.
— Estou quase em casa. Vou mandar o carro assim que Bradshaw me
deixar aqui, — informo.
— Não, você sabe como eu odeio esperar. Estou em Jean-Georges.
Venha me pegar agora!, — ela exige.
Helen passou a manhã inteira fazendo compras e agora está
almoçando com um amigo no Jean-Georges. O carro está à sua
disposição e esperando por ela a manhã inteira. Eu pedi para me buscar
trinta e cinco minutos atrás para me levar de volta para a cobertura.
Estou a menos de cinco minutos de nosso prédio. O Waldorf Astoria,
onde ela está almoçando, fica a quase 40 minutos de distância em um dia
bom. Uma hora de carro se o trânsito estiver ruim. E o trânsito está ruim.
É hora do rush.
— Então pegue um táxi ou uber...
— Táxi? Uber? — ela zomba. — Você está falando sério agora? Eu
nunca...
Não estou com vontade de lidar com um dos ataques histéricos de
Helen agora. Acabei de passar as últimas sete horas em uma reunião,
com nove alfas obstinados de todo o condado de Orange. E ainda tenho
que me encontrar com eles novamente amanhã.
Minha equipe e eu temos trabalhado incansavelmente como
mediadores para que eles resolvam suas diferenças da forma mais
amigável possível.
Suas alcateias podem não ser muito grandes, mas os alfas são
conhecidos por serem teimosos, de temperamento explosivo e, na
maioria das vezes, irracionais.
Aperto a ponta do meu nariz e abaixo o telefone virado para baixo no
meu joelho. Ela ainda está falando do outro lado da linha. Eu desligo a
ligação.
— Bradshaw, busque a Sra. Aristophanes depois de me deixar neste
semáforo, — eu instruo meu motorista.
Estou a alguns quarteirões do meu prédio, mas posso andar. Além
disso, o trânsito está congestionado, é mais rápido eu andar.
Bradshaw lentamente conduz o carro para a pista da direita e, eu saio
do veículo assim que ele para no semáforo.
O telefone toca na minha mão. Helen está ligando novamente. Ela
deve estar furiosa por eu ter encerrado a ligação enquanto ela ainda
estava falando. Desligo o telefone e caminho entre os humanos na
calçada.
Sou mais alto do que a maioria e chamo atenção. Sempre chamo a
atenção.
Percebo os sorrisos sedutores e os olhares convidativos em meu
caminho, principalmente de mulheres. Elas não têm ideia de para que
estão olhando.
A breve caminhada já me faz sentir melhor. Faz algum tempo. Preciso
correr, mas não nesta selva de concreto. A besta em mim anseia pela
natureza.
— Não, não vou para casa neste fim de semana. Mãe, não mande
Kaden vir me buscar, — digo à minha mãe enquanto me esforço para
empurrar a porta do escritório do Elly Maid's Cleaning Service com o
celular preso entre a orelha e o ombro e as mãos ocupadas por livros e
um grande xícara de café.
— Eu já expliquei... Mãe! Mamãe! Não vou voltar para casa... Tchau,
mãe! Mamãe! Eu tenho que ir agora. Falamos depois! — Eu desligo.
Puxa! Minha mãe é persistente.
Ela me quer em casa novamente neste fim de semana e, claro, Kofi
estará lá novamente.
Ele está lá o tempo todo agora — tanto que acho que deveriam cobrar
aluguel dele. Eu continuo dizendo que não, mas sei que ela vai me ligar
de novo em breve para tentar mudar minha opinião.
Estou me esforçando para não ser influenciável. O que aconteceu no
fim de semana passado com Kofi só mostra o contrário. Eu fui fácil de
convencer durante toda a minha vida.
Eu sei disso, mas continuo cedendo — especialmente para minha
família. Sarah vive me dizendo que preciso desenvolver mais força de
vontade.
Na verdade, estou pensando em ter um encontro neste fim de semana.
Derek, um dos caras da minha aula esta manhã, me chamou para sair
hoje. Fizemos planos para sair algumas vezes antes, mas continuei
cancelando porque minha mãe conseguiu me chatear o suficiente para ir
para casa no fim de semana.
Estou surpresa que ele tenha me convidado novamente depois de
todo o desastre da torta de creme de donut. Eu preciso ser forte e não
ceder à minha mãe neste momento. Minha reação estúpida ao cheiro na
cobertura me convenceu o suficiente de que eu precisava sair o mais
rápido possível.
— Você não parece muito bem — Jess comenta quando me vê.
— Oi para você também, Jess, e obrigada! Você está bonita também, —
digo a ela enquanto coloco todos os meus livros, a bolsa da câmera e
minha bolsa sobre a mesa.
Ainda estou com sono, mesmo depois do galão de café que tomei
depois da aula. Estou tão cansada que me sinto um zumbi.
— Boa tarde, Layla, — diz Sarah. — Você não dormiu quando chegou
em casa esta manhã?
— Boa tarde, Sarah. Layla não está aqui agora. Ela está morta. Isso é
um galão de café falando, — eu digo a ela.
Eu olho para Sarah quase com inveja. Ela está com uma aparência
revigorada, como se tivesse acabado de ter uma boa noite de sono.
— Eu dormi cerca de três horas esta manhã antes de ter que trabalhar
novamente. — Além disso, não tive uma boa noite de sono desde que
limpei a cobertura.
O cheiro está me assombrando.
Sarah sorri e balança a cabeça.
— Talvez você devesse pensar em se candidatar ao emprego de
garçonete naquele clube do outro lado do prédio que estávamos
limpando ontem à noite. Aposto que o salário é melhor.
— Aposto que o uniforme é menor, — digo a ela.
— Aposto que a gorjeta é melhor, — rebate Sarah.
— Ei, vocês estão sabendo?, — diz Jess, sussurrando.
Oh, é hora de fofoca. Eu me afasto, mas Sarah se inclina.
— Isso não é nada picante, — diz Jess, olhando para mim. Ela conhece
minha aversão a fofoca.
— Marnie foi chamada ontem para se encontrar com o morador da
cobertura que ela está limpando.
Meus ouvidos se animam. Meu coração pula no meu peito de repente
e eu sinto meu estômago revirar com a menção da cobertura.
— Se não é nada picante, por que estamos sussurrando?, — pergunta
Sarah.
— Marnie está lá com Beth agora, — responde Jess, inclinando a
cabeça em direção à porta do escritório de Beth.
— Então o que aconteceu?, — pergunta Sarah. — Ela penhorou os
talheres da casa? Arranhou os móveis deles?
— O cara só queria agradecer a ela por fazer um ótimo trabalho, —
informa Jess. — Ouvi dizer que há uma grande gorjeta em jogo.
— Espere, não é esse o lugar que você limpou para ela outro dia,
Layla?, — pergunta Sarah. — Se há uma gorjeta no meio, por que você
não vai receber nada?
Uau, uma gorjeta generosa combinada a outra que já é dada depois de
cada dia de limpeza? Eu encolho meus ombros.
— Talvez porque eu tenha limpado apenas uma vez. Ela está fazendo
isso há mais de uma semana.
— Isso significa apenas uma ou duas vezes mais do que você. Além
disso, se você tivesse criado problemas, nem que fosse só daquela vez,
aposto que estaria enrascada. Ela não. Então, por que não compartilhar o
crédito? — Sarah não parece muito feliz. — Vamos, Layla, você tem que
exigir o que é seu.
Eu tenho minhas dúvidas. Não me sinto no direito de exigir nada,
principalmente quando já recebi uma boa gorjeta outro dia.
— Você sabe como Beth é. Marnie é a funcionária favorita dela, — diz
Jess ao ver como estou desconfortável.
A porta do escritório de Beth se abre e Marnie sai, seguida por Beth.
— Olha, ela vai esfregar na nossa cara, — sussurra Jess.
— Ei, meninas, — diz Marnie. Ela parece mais alegre do que o normal
hoje, apesar do nariz vermelho escorrendo e da voz engraçada.
— Meninas, ontem um de nossos clientes expressou sua satisfação à
nossa Marnie por seu trabalho árduo e dedicação. Espero que vocês se
inspirem em sua ética de trabalho, — diz Beth. — Estou orgulhosa de
você. Bom trabalho, Marnie.
Sarah chuta meu pé por trás. Eu sei o que ela quer me dizer, mas eu
balanço a cabeça.
Na noite passada, ela estava zombando de como Beth fala sobre nosso
trabalho como se estivéssemos escalando a escada corporativa. Eu estava
defendendo Beth ontem à noite.
Agora não estou com vontade de defender Beth de jeito nenhum.
Estou me sentindo um pouco irritada. Em primeiro lugar, quero
conhecer o residente da cobertura.
Muito.
Esse cheiro está me chamando.
Em segundo lugar, Marnie pode escolher onde gostaria de trabalhar.
Aposto que Sarah e Jess poderiam ter se saído tão bem, se não melhor, se
tivessem a chance. Ambas bem que precisam do dinheiro, especialmente
Sarah, que é mãe solteira.
— Então, você vai voltar ao trabalho agora? — Eu pergunto a Marnie.
— Ela adoraria, mas ainda não, — responde Beth. — Não até que ela
esteja totalmente recuperada. Não quero que ela espalhe germes pela
casa de nosso cliente.
Como se para provar isso, Marnie solta um grande espirro. Em
seguida, ela assoa o nariz no lenço de papel. Parece um grande elefante
soprando sua tromba, só que de um jeito mais úmido. E babado.
Jess franze o cenho e olha para Sarah.
OK. Não preciso ouvi-la dizer isso em voz alta para saber o que
significa.
— Bem, você ainda vai limpar a cobertura hoje, Layla. Tenho algumas
coisas a fazer primeiro. Eu vou embora em um minuto, meninas — diz
Beth, já caminhando de volta para seu escritório.
Ela está nos atribuindo aos lugares que deveremos limpar hoje.
— Vá para casa e descanse bastante, Marnie. Vejo você mais tarde.
— Até mais, Beth, — responde Marnie.
— Ouvi dizer que você estava com mononucleose, — deixo escapar.
Ela gira a cabeça para olhar para mim. Sua expressão alegre
desaparece e seu rosto vermelho fica ainda mais vermelho com o meu
comentário.
Ela me lembra daquela garota em O Exorcista. Eu percebo Jess
tentando não sorrir muito e Sarah sorrindo atrás dela.
É
Viu? É por isso que odeio ouvir fofoca.
— Eu não estou com mono. — Ela me encara. — De qualquer forma,
conheci o residente da cobertura ontem.
Ela se vira para Jess e Sarah, sorrindo novamente agora.
Normalmente, ela não sorri ou fala muito com a gente, a não ser para
dizer algo maldoso.
— Você deveria ter visto ele: ele é tão gostoso. Como se tivesse saído
de uma tela de cinema. Tipo, ai, meu Deus, que gostoso! Ele deve ser
muito rico também... Como um milionário ou algo assim. — Ela pára
para espirrar novamente, antes de continuar.
— Eu acho que ele é estrangeiro. Ele tem um sotaque sexy, mas com
um rosto e um corpo daqueles, ele poderia ter a voz do Caco, o sapo, e eu
ainda o acharia sexy. Infelizmente, ele está morando com a namorada ou
noiva ou algo assim.
— Tem certeza? Tem certeza que não é a irmã dele? — eu pergunto a
ela de repente. Eu não quis dizer isso em voz alta. Marnie me lança um
olhar estranho.
— Claro que tenho certeza. Ela voltou para casa enquanto estávamos
conversando e ela é linda. Uma irmã não o chamaria de 'querido' e o
beijaria daquele jeito.
Meu coração aperta no peito e meu estômago parece vazio. Por
alguma razão, eu senti que ele era meu. Eu esperava que o outro quarto
fosse ocupado por sua irmã ou seu primo.
Que burrice da minha parte.
Mesmo se ele for solteiro, não há como um homem como aquele olhar
uma segunda vez para uma mulher como eu. De jeito nenhum!
— Ah, bem... Mesmo ele não sendo solteiro, eu ainda montaria nele
como um touro mecânico se eu tivesse a chance, — ela continua.
Já se passaram três horas desde que deixei Layla na porta de sua casa.
Estou deitado na cama, onde um leve aroma dela permanece.
Esqueça o trabalho. Esqueça dormir. Estou lutando contra a vontade
de dirigir de volta para lá.
Prometi a mim mesmo que daria a ela tempo para pensar e se ajustar à
ideia de nós dois, mas isso está me matando.
A luz do corredor entra no meu quarto quando a porta se abre. Uma
silhueta aparece na porta. Um momento depois, o colchão afunda e o
peso de Helen está pressionando meu corpo.
— Não. Me solta, Helen. — Eu me sento enquanto a empurro. A
presença dela parece errada.
— Qual é o problema com você, Gideon? — ela exclama com raiva.
Ela está vestindo uma lingerie rendada transparente que não esconde
nada.
— Você não me visita em meu quarto há semanas e agora está me
afastando?
Eu planejava falar com ela pela manhã, mas agora não parece que
tenho escolha.
— Helen, precisamos conversar. — Eu me levanto e coloco o robe ao
pé da cama.
Uma expressão de pavor passa rapidamente por seu rosto, o que
significa que ela tem uma ideia do rumo desta conversa. Ela
provavelmente estava esperando por isso nos últimos meses ou mais.
Sento-me em uma cadeira no canto do meu quarto enquanto ela
senta no sofá de frente para mim.
Não vejo motivo para prolongar isso por mais tempo, então vou direto
ao ponto.
— Você se lembra das condições de nosso acordo? — Eu pergunto a
ela.
— Sim... Faríamos companhia um ao outro.
— Até encontrarmos nossos erastais. Bem, eu encontrei a minha.
Ela abre a boca, mas não sai nada. Eu a peguei de surpresa. Eu posso
ver isso.
— Então você está terminando tudo. Acabando nossa relação, — ela
finalmente diz. Sua mandíbula está cerrada, e suas sobrancelhas,
franzidas. — Quem é ela?
— Isso importa?
Ela fica em silêncio por um instante.
— Acho que não, — ela responde.
Sua voz vacila e seu lábio inferior treme tanto que por um segundo
fiquei preocupado de ter que lidar com uma mulher chorando.
Já vi Helen ficar histérica por causa de assuntos mais triviais.
— Eu acho que é isso então? — Sua expressão se suavizou e ela me deu
um sorriso excessivamente brilhante.
Ela se levanta de seu assento, cambaleia e se abaixa no meu colo.
Ela pressiona seu corpo contra o meu, desliza a mão dentro do meu
robe para esfregar meu abdômen.
— O que você está fazendo? — eu pergunto.
— Mais uma vez. O que você acha? Só mais uma vez, querido. Pelos
velhos tempos?, — ela sussurra antes de morder minha orelha.
Layla
São duas da manhã. Bem, quase duas da manhã, deixo cair meu
telefone no colchão ao meu lado. A última vez que verifiquei a hora foi há
vinte minutos.
Ainda estou deitada na cama, sem conseguir dormir. Minha única
noite de folga em dias e não consigo dormir. Que noite louca.
É verdade que sempre quis um companheiro... Como meu irmão e
irmã, como meus pais. Mas desde que Gideon me disse que sou sua
erastai, não sei o que pensar.
Talvez eu ainda esteja chocada.
Minhas mudanças de humor são extremas; passando de emocionada a
nervosa, assustada a feliz, querendo fugir gritando para me pendurar no
lustre... Se eu tivesse um lustre.
Fico desejando afastá-lo, fantasiando sobre beijar seus lábios perfeitos
e montar seu corpo esculpido, quente e divino como uma árvore e nunca
mais soltar.
Ele me pediu para aceitá-lo esta noite.
Oh, Deus... Eu ainda tenho escolha?
Quer dizer, não sou idiota. Lycans são perigosos, e eles não são
conhecidos por deixar suas erastais partirem.
Não há nenhum lugar para onde eu possa correr, nenhum lugar onde
possa me esconder. O pensamento me emociona e me assusta ao mesmo
tempo.
Ele me disse que trabalha no palácio e que seu trabalho exige que viaje
muito. Não é isso que eu sempre quis? Parece ótimo quando está apenas
na sua cabeça, escondido em seus sonhos, mas estou pronta para apenas
fazer as malas e ir embora?
Isso é muito louco. Vou acordar a qualquer minuto e descobrir que é
tudo um sonho. Que ele não existe.
Esse pensamento não é muito agradável. Na verdade, esse
pensamento é muito deprimente. Não sei se me recuperaria se ele fosse
apenas um sonho.
Aí. Bem aí. Eu achei minha resposta.
Eu escovo os dentes, lavo o rosto e puxo meu cabelo para cima em um
coque bagunçado antes de caminhar para a cozinha.
Meu companheiro de casa, Isaac, está enxaguando sua tigela na pia
enquanto Lana está na mesa mastigando seu cereal.
Ambos são lobisomens e, tecnicamente, ambos pertencem a meu
bando, mas eles escolheram viver aqui por enquanto.
Não sei quantas vezes eles voltam para visitar a alcateia, mas de vez
em quando eu os vejo lá.
— Uau! Você acordou tarde hoje. Foi a uma festa selvagem ontem à
noite?, — pergunta Isaac com um sorriso.
Ele sabe que não gosto de festas selvagens... Bem, não tenho tempo
para festas selvagens e geralmente sou uma pessoa matinal.
— Sim, muito selvagem, Isaac, — digo a ele. — Eu estava dançando na
mesa e moedas eram jogadas em mim de todas as direções. Noite
divertida.
Isaac ri.
— Se ao menos você concordasse em sair comigo, Layla. Posso te
mostrar como é uma noite divertida. — Ele até me dá uma piscadinha
cafona. Isaac é um mulherengo. Ele é inofensivo, mas não consegue se
controlar quando vê uma mulher.
Lana revira os olhos.
— Idiotas, — ela murmura para si mesma enquanto pega mais flocos
de milho para enfiar na boca.
Lana também é bastante inofensiva, mas ela é a megera da casa. Eu
tenho que aceitar meus companheiros de casa.
— Por que você ainda está em casa? Você não tem uma casa para
vender ou cachorros para chutar? — Eu pergunto a Isaac enquanto retiro
uma caixa de ovos da geladeira.
Isaac também é corretor imobiliário. Sim, difícil de acreditar.
Por meses, Quincy teve certeza de que Isaac era um stripper.
— Não. Nenhuma casa hoje. Não há cachorros para chutar também,
— responde Isaac antes de erguer o rosto para olhar para a porta da
frente com expectativa.
Alguns segundos depois, alguém bate na porta. Maldito ouvido de
lobisomem! Queria poder fazer isso.
Lana resmunga mal-humorada, mas Isaac diz:
— Vou atender.
Ele atende à porta e logo entra de volta com um grande buquê de
flores. É enorme e lindo e deve ter custado uma fortuna.
Até Lana se anima ao ver o buquê.
— Entrega de flores para a Sra. Layla Emanuel, — anuncia Isaac
enquanto coloca as flores no balcão da cozinha. Lana franze a testa e
volta a comer seu cereal.
— Isaac! — Eu grito quando ele agarra o cartão antes de mim. Agora
me lembro por que às vezes tenho vontade de matar Isaac.
— Pensando em você. Obrigado por ontem à noite, G, — Isaac lê em
voz alta. Seus olhos se arregalam, então ele me encara. — Espere! O que
você fez? Você estava realmente dançando para o público na noite
passada?
— Eu pensei que você disse que só tinha aquele carro com você. O
Lykan Hypersport?, — pergunto a ele.
Vamos jantar no Joey's Seafood Shack. Fica perto da praia. As paredes
são de um estuque amarelo berrante, a arte é brega e os assentos são
cadeiras brancas de plástico duro.
Certamente não é glamoroso, muito longe do restaurante que fomos
ontem à noite. Mas a comida é boa.
Ele parece confortável, mas muito deslocado aqui, mesmo sem paletó
e gravata.
Alguns botões de sua camisa branca como a neve estão abertos e as
mangas enroladas até os cotovelos.
— Meu amigo tem vários carros. Já que você não gostou daquele
ontem à noite, pensei que gostaria um pouco mais deste, — ele responde.
— Você realmente não tem que fazer isso, — digo a ele.
— Eu sei, — ele diz. — Vamos dar um passeio. — De repente, ele está
de pé, segurando o encosto da minha cadeira.
Eu me levanto e ele paga a conta no balcão antes de pegar minha mão
e me levar para a praia. Caminhamos em silêncio, apenas ouvindo as
ondas quebrando na costa.
O sol se pôs. Há apenas um vago brilho laranja baixo no céu.
As luzes da rua são fortes o suficiente para eu ver o trecho de praia
arenosa à nossa frente. Minha mão ainda está junto à dele.
— Layla, — diz ele. — Eu posso ter que partir em breve.
Meu coração dispara.
Ele está me deixando?
— Para onde você está indo? — Estou satisfeita que minha voz soe
firme.
Ele fica em silêncio por um tempo antes de dizer:
— Não sei se você ouviu sobre o que está acontecendo no palácio
agora.
Eu apenas balancei a cabeça. Minha família às vezes fala sobre a
família real. Os rumores e as fofocas.
Eu ouvi sobre o príncipe herdeiro, que se recusou a encontrar uma
companheira e assumir o trono, mas não tenho ouvido nada
ultimamente.
— Eu disse a você que estou trabalhando junto ao palácio. Haverá
uma luta pelo trono entre o príncipe herdeiro e seu meio-irmão amanhã,
— diz ele.
— Meio irmão? Eu nunca soube que havia um meio-príncipe antes, —
digo a ele.
— Nem eu. Ou o resto dos lycans e a população de lobisomens... Até
ontem, — ele explica, parecendo sombrio.
Ele encara seus pés enquanto continua.
— De qualquer forma, o príncipe herdeiro aceitou o desafio de seu
irmão ao trono. Posso ser convocado de volta ao Palácio Banehallow a
qualquer momento.
— Achei que o príncipe herdeiro não queria ser coroado rei.
— O Príncipe Caspian não queria a coroa antes de conhecer sua
erastai Quincy, mas agora...
Espere! O quê?
Capítulo 11
MINHA FAMÍLIA
Layla
— Este é o melhor doro wat1 que já comi, — diz Kofi. Ele está sentado
à minha frente na mesa de jantar.
— Layla cozinhou. Ela é uma ótima cozinheira, não é? — Mamãe está
radiante a meu lado.
Então, aqui estou eu na casa dos meus pais novamente.
Minha mãe insistiu que eu voltasse para casa hoje mais cedo para que
eu pudesse cozinhar para toda a família porque — ela não está se
sentindo muito bem. — Agora eu sei que ela só queria que eu cozinhasse
para impressionar Kofi com minhas habilidades culinárias.
Até agora eu não ouvi uma fungada saindo do nariz dela ou qualquer
reclamação de dor de cabeça ou coisa assim. Ela parece um tanto tonta.
Eu sou uma idiota. Afinal, ela é filha da minha avó. Ela pode ter
aprendido um truque ou dois com aquela velhinha esperta.
— Um homem teria muita sorte de voltar para casa com uma comida
tão boa como essa esperando todos os dias, — anuncia meu pai.
Ai, meu Deus!
— Sim, tenho que concordar, — diz Kofi com aquele seu grande
sorriso.
Aff ! Que sorriso foi esse?
Meu irmão Kaleb começa a falar sobre nosso novo alfa e eu perco o
controle. Gostaria de ter ficado na cidade e passado meu fim de semana
com Gideon.
A noite passada toca de novo no meu cérebro como um filme. Eu disse
a ele que conheço Caspian e Quincy. Eu nunca suspeitei que ele fosse
aquele Príncipe Caspian... E minha colega de quarto Quincy. Que mundo
pequeno.
Agora estou preocupada com eles. Também estou preocupada com
Gideon.
O que vai acontecer quando ele me deixar para ir para a Rússia? Já
estou com saudades dele.
Minha pele ainda está formigando com o toque de seus dedos na
minha face na noite passada.
— Eu gostaria de levar você comigo, mas não sei se seria seguro. Não
importa o que aconteça, você já é minha, mas quero que me aceite, Layla.
Aceite-me como seu companheiro.
— Layla?
— Hã? — Eu fico olhando para a mãe, que está olhando para mim.
Bem, todo mundo agora está olhando para mim.
— Aonde você foi, Layla?, — mamãe diz. Há um olhar de advertência
em seus olhos. — Eu perguntei por que você não vai buscar o pudim de
pão?
— Ah, sim... Tudo bem. — Eu levanto da minha cadeira.
— Eu disse a Layla o quanto você gosta do pudim de pão de Injera2,
Kofi, — diz a mãe.
Não, ela não disse.
— Então ela fez especialmente para você.
Não, eu não fiz.
Pego o pudim de pão que fiz antes. A vontade de virar uma garrafa
inteira de sal sobre o pudim é avassaladora, mas eu o coloco na mesa sem
ceder ao impulso.
— Independentemente disso, o príncipe herdeiro é o herdeiro
legítimo, — diz meu irmão Kaleb. Ok, agora eles estão falando sobre a
família real.
— Acho justo que os dois lutem por isso, — argumenta Kofi. —
Precisamos de um rei forte.
— Ouvi dizer que a nova companheira do príncipe herdeiro era uma
humana, — acrescenta minha cunhada, Carmen. — Eu me pergunto o
quão forte ela é.
— Ouvi dizer que ela é linda, — diz minha irmã Maya à mãe.
— Os lycans são todos lindos, querida, — responde a mamãe. Coloco
o pudim na mesa na frente dela.
Sim, os homens estão falando sobre a batalha e as mulheres estão
falando sobre como a família real é bonita. Elas provavelmente vão falar
sobre os vestidos em breve. Eu não posso fazer isso.
— Aonde você está indo, Layla? — pergunta a mãe.
— Estou indo para o meu quarto. Estou com um pouco de dor de
cabeça, — digo a ela e saio antes que ela possa responder alguma coisa.
Sento-me na cama com a cabeça entre as mãos. Algo em meu coração
está pesado e meu estômago aperta quando penso no que Quincy pode
estar passando neste momento.
A última vez que ouvi falar dela foi há alguns dias, quando ela me
mandou uma mensagem dizendo que está bem, mas talvez não consiga
me ligar por um tempo.
Ela prometeu entrar em contato mais tarde, mas não tive notícias dela
desde então.
— Layla! Mamãe quer você de volta lá embaixo, — minha irmã Maya
grita do outro lado da porta. Então ela abre a porta e enfia a cabeça para
dentro. — Eles querem ter uma conversa com você. Apenas se prepare, —
ela diz calmamente.
— Prepare-se para o quê? — Eu pergunto a ela. Maya e eu éramos
muito próximas... Até que ela encontrou seu companheiro, sete meses
atrás.
Ela dá uma olhada para fora do quarto, em seguida se vira para olhar
para mim novamente com um olhar estranho em seu rosto.
— Apenas se prepare, ok?
A sensação de pavor toma conta de mim.
Por que tenho a sensação de que todo mundo sabe algo que eu não sei?
— Espero que você já tenha tomado algo para a sua dor de cabeça, —
diz minha mãe depois de pegar a única cadeira disponível na sala de
estar. E convenientemente próximo a Kofi.
Dor de cabeça? Que dor de cabeça? Ah, essa dor de cabeça.
Eu minto muito mal. Eu deveria tentar me lembrar de minhas
mentiras.
— Ah... Sim... — Eu me mexo desconfortavelmente em meu assento.
Eu olho ao redor da sala para evitar o olhar experiente de mamãe. Ela
sempre sabe quando estou mentindo.
Todo mundo está aqui, exceto a vovó — meus pais, Kofi, Kaleb e
Carmen, Maya e Abraham. Minha avó está em um encontro com seu
namorado de 79 anos.
Sim, minha avó está saindo com um homem muito mais jovem. Ela é
uma papa-anjo. Que rebelde.
Meus pais parecem felizes.
— Já que Layla está aqui, acho que devemos ir direto ao ponto, —
começa meu pai. — Kofi, por que você não conta a ela?
Me contar o quê?
— Layla, — diz ele, pegando minha mão na sua.
Eu não quero que ele me toque. Parece errado e minha pele se arrepia.
— Você é uma mulher bonita e sabe que me importo muito com você.
Mesmo que você seja uma humana, não posso imaginar tomar outra
pessoa como minha companheira.
Ai! Não, não, não...
Tento soltar minha mão, mas ele me segura com força.
— Eu conversei com nosso alfa sobre assumir você como minha
companheira e ele aprovou. Seus pais também.
— Não, não, não... Eu não aprovo! — Eu salto e tento puxar minha
mão, mas seu aperto na minha mão parece uma braçadeira de aço,
prendendo. Sufocando. — Eu não aprovo nada. Na verdade, eu me
oponho! Ah, eu me oponho totalmente.
Pareço um pouco histérica até mesmo para meus próprios ouvidos.
— Layla!, — papai rosna em advertência. Eu congelo imediatamente.
Nunca posso ignorar meu pai quando ele rosna assim.
— Haverá uma cerimônia de acasalamento em grupo no próximo fim
de semana. Há dois outros casais que conheceram seus companheiros
esta semana. Você e Kofi estarão nessa cerimônia com eles.
No próximo fim de semana? Não!
— Mas eu não quero ser acasalada com Kofi! — Eu grito
desafiadoramente. Isso faz minha mãe, Maya e Carmen ficarem
boquiabertas. Ninguém nesta família jamais desafia meu pai usando esse
tom de voz, especialmente eu.
— Layla! O que deu em você?, — exclama minha mãe.
O que deu em mim? Eles não perceberam o quanto eu nunca quero ser
acasalada com Kofi?
— Layla! Não se atreva a desonrar nossa família, — meu pai rosna
novamente. — Seu acasalamento com Kofi já foi anunciado.
— Por favor, pai. Eu não posso ser acasalada com ele, — eu imploro. —
E quanto ao meu diploma? Eu ainda tenho...
— Não vou ficar aqui para ser insultado por você, — diz Kofi de
repente, com os dentes cerrados.
Sua mão está enrolada em volta do meu braço agora. Seu aperto é
punitivo.
— Eu não vou ficar envergonhado na frente de todo o bando. Você vai
parar de estudar e ser minha companheira...
— Mas eu não quero ser acasalada com você, e não posso ser acasalada
com você! — Eu digo a ele, puxando meu braço de seu aperto doloroso.
— Você pediu a aprovação de todos, mas não a minha.
— Eu escolhi você. Já está decidido, — anuncia Kofi friamente. — Você
vai se acasalar comigo e receber minha marca até o final desta semana!
Eu nunca o vi tão bravo, mas não vou recuar desta vez.
Não, não está decidido. Não vou deixar todos os meus sonhos virarem
poeira. Além disso, preciso contar a eles sobre Gideon.
Um Lycan nunca deixa seu erastai partir.
— Eu já fui reivindicada por um Lycan. Eu sou sua erastai. Ele não vai
deixar você me marcar. Isso nunca vai acontecer.
A sala inteira fica em silêncio de repente.
— Um Lycan?, — diz minha mãe após um longo silêncio.
— Sim, um Lycan me reivindicou, — digo a ela. — E eu conheço o
príncipe herdeiro, o príncipe Caspian e sua companheira, Quincy. Ela é
minha amiga. Ela costumava ser minha colega de quarto.
Todo mundo agora está olhando para mim com olhos arregalados e
bocas ainda maiores.
De repente, Carmen ri.
— Oh, essa é boa, Layla. Eu não sabia que você era tão brincalhona,
mas você sabe exatamente como deixar as coisas mais leves.
Seus olhos estão me implorando para concordar, mas eu não posso.
Estou dizendo a verdade e ela está estragando tudo.
— Eu não estou brincando! — Quase bato os pés. — Eu realmente sou
a erastai de um Lycan, então você não pode me reivindicar.
Eu vejo um olhar de piedade brilhando no olhar de Maya assim que o
choque de meus pais se transforma em raiva. Eles me encaram.
— Um Lycan reivindicou você, e você é amiga do futuro rei e rainha
dos lycans e lobisomens?, — pergunta Kofi calmamente. — Você acha que
eu sou idiota?, — ele ruge de repente. — Emanuel, — ele se vira para meu
pai. — Ensine sua filha a ser respeitosa com seu companheiro! É melhor
ela não envergonhar nós dois no próximo fim de semana.
Com isso, ele sai furioso da casa dos meus pais.
Todos nós vemos a porta ricocheteando na parede com um grande
estrondo com a saída de Kofi.
Todo mundo fica quieto até minha mãe dizer:
— Sei que você está desesperada, Layla, mas não achei que você fosse
se rebaixar a mentir tanto. Você ofendeu Kofi.
— Kofi é um gama. Um membro respeitado deste bando, — diz o pai.
— Ele poderia escolher entre dezenas de outras lobas que perderam seus
companheiros. Em vez disso, ele escolheu você, aquela sem lobo. Você
deveria ser grata em vez de agir como uma pirralha maluca.
— Então por que ele não escolheu nenhuma delas? Apenas me deixe
em paz. — Como se eu não soubesse que a oferta é baixa. A maioria das
lobas que perderam seus companheiros neste bando são principalmente
mulheres mais velhas.
Eu conheço uma que tem mais ou menos a idade de Kofi. Ela é
conhecida por ser a 'vadia da matilha', o que é bem machista.
Se fosse um homem que se comportasse assim, todos estariam
torcendo por ele. Mas como ela é uma mulher, eles a chamam de
vagabunda.
É por isso que odeio ouvir fofoca. Pessoas hipócritas me dão nojo.
— Você vai acasalar com Kofi no final desta semana, — diz minha mãe
com firmeza.
— Eu não vou, — eu respondo, desafiando-a.
— Você sabe o que vai acontecer se você não for acasalada e marcada
por Kofi nesta celebração de acasalamento?
— Seremos o assunto da comunidade. Kofi ficará envergonhado e nós
também. Ninguém mais vai querer fazer de você sua companheira, Layla,
— diz o pai com os dentes cerrados.
Sua paciência comigo está se esgotando.
— Você será acasalada com Kofi no próximo fim de semana. — Há
uma certeza em seu tom que decido ignorar.
Por que eles não me ouvem?
— Vou voltar para a cidade esta noite. Kaleb, por favor, me leve de
volta.
— Você não vai a lugar nenhum. — diz mamãe.
— Sim, eu vou!
— Deixe-a ir, Ruby, — diz meu pai, me surpreendendo. — Mas ela vai
fazer isso sozinha. Kaleb, você não a levará a lugar nenhum.
Quer goste ou não, Kaleb não contraria a vontade de nosso pai.
Tudo bem! Eu vou para casa a pé. Pode apostar.
Eu fico olhando para o local de onde pensei que o som veio, mas não
consigo ver nada além das árvores e da escuridão. Eu acelero meus
passos.
Meus pais sempre me disseram para não fugir de um lobisomem
porque isso acionaria seu instinto de caça, mas o cheiro que chega ao
meu nariz é sinistro.
Tem cheiro de cachorro molhado ou CHULÉ... ou algo assim... E não
vou ficar por aqui para descobrir se ele quer me comer ou ser meu amigo.
Meu coração está batendo rápido. O cheiro fica mais forte e eu forço
minhas pernas trêmulas a irem mais rápido.
Seja o que for, não está mais dissimulando sua presença enquanto
ouço galhos quebrando e passos pesados no solo da floresta.
Há ecos de passos no asfalto atrás de mim. Eu me viro e meu
estômago embrulha. Minhas pernas quase cedem debaixo de mim.
Eu gostaria que fosse apenas minha imaginação, mas não é.
A lâmpada a poucos metros de distância fornece luz suficiente para eu
ver uma figura grande e desajeitada de quatro se movendo como se
estivesse perseguindo sua presa.
Dois olhos iluminados e brilhantes estão me observando.
Seus dentes afiados e caninos estão à mostra para mim.
Oh, merda! É um lobisomem e sei o que pretende fazer comigo.
Ele começa a se mover mais rápido e eu começo a correr.
Oh, meu Deus!
Eu vejo faróis vindo à distância enquanto eu forço meus pés a
continuarem. Meus pulmões estão queimando. Minha respiração está
difícil. Eu pisco para afastar as lágrimas que estão nublando minha visão.
Os pés batendo atrás de mim estão vindo mais rápido, se
aproximando.
Uma parte do meu cérebro percebe que o carro não vai chegar a
tempo de jeito nenhum, mesmo que os ocupantes me ajudem, mas outra
parte ainda tem esperança, então continuo correndo.
Sinto seu hálito quente e pútrido na nuca, o rosnado ameaçador
retumbando em meu ouvido. Eu tropeço e caio de cabeça, me
esparramando no asfalto duro e frio.
Eu grito e me viro para encarar a besta.
É isso. Nunca pensei que acabaria assim.
Hã? Para onde foi?
O cheiro persiste, mas não há nada além de um trecho vazio e
proibitivo da estrada mal iluminada atrás de mim.
Tudo o que posso ouvir é o meu batimento cardíaco trovejante e o
chiado da minha própria respiração.
Para onde foi? Oh, Deus, para onde foi? Ele está voltando? Meu corpo
começa a tremer.
Um carro para bruscamente e, por um segundo, fico cega pelos faróis
brilhantes. Eu vagamente registro o som da porta abrindo e fechando.
— Layla? — Uma voz familiar parece vir de longe. — Layla? O que
aconteceu? Quem fez isto com você? Você está ferida?
Um braço quente me envolve. Uma mão gentil toca meu rosto. Um
perfume tranquilizador e maravilhoso me envolve, mas meu corpo ainda
está tremendo e eu não consigo parar.
— Gideon?
— Querida... — Ele me puxa para mais perto de seus braços, mas
então suas narinas dilatam enquanto ele fareja o ar. Ele levanta o rosto e,
de repente, um rosnado profundo e feroz ressoa em seu peito.
Oh, não, não, não... Ele vai me deixar aqui.
Seguro seu braço, ombro... Qualquer lugar que eu possa alcançar.
— Não me deixe. Por favor, não me deixe. — Eu enterro meu rosto em
seu ombro largo e forte.
— Inspire-me, Layla. Inspire-me, — diz ele.
— Estou com frio, — digo a ele. Meus dentes estão batendo. Estou tão
cansada que acho que vou desmaiar.
Eu ligo meu laptop e espero ele iniciar. Estou em uma sala de aula
com outras dez pessoas. Um grupo de nós reservou esta pequena sala de
aula durante todo o semestre passado para trabalhar e estudar juntos.
Foi tão bom que decidimos fazer o mesmo neste semestre também.
Minha mente vagueia para a noite passada e esta manhã enquanto
espero. Gideon dormiu comigo. Foi ótimo acordar em seus braços.
Tomamos café da manhã juntos esta manhã antes que ele me levasse
para o campus.
Estou com saudades dele agora. Quanto mais tempo passo com ele,
mais difícil é ficar longe dele.
Eu olho para o meu telefone. Já se passaram quase duas horas desde
que respondi à última mensagem dele. Ele me disse que estará em uma
reunião novamente hoje.
Meus olhos vagueiam ao redor e vejo Derek falando brevemente com
nosso amigo Sean antes de voltar a olhar para seu laptop.
Tenho tentado me desculpar, mas Derek tem me evitado e, quando
estamos na mesma sala, ele finge que eu não existo.
Sinceramente, não sei se conseguiremos voltar a ser como éramos.
— Você é Layla Emanuel? — uma mulher da minha idade me
pergunta. Nunca compartilhei uma aula com ela, mas me lembro de vê-la
por perto.
— Sim, sou Layla Emanuel, — respondo. Derek olha para mim antes
de desviar o olhar rapidamente.
— Tem alguém lá fora querendo ver você, — ela diz.
— Oh, tudo bem. — Eu me levanto para segui-la.
É Gideon? Não, ele teria me ligado primeiro, não é? É minha família?
Chegamos ao corredor quando ela acena com a mão para o lado como
um sinal antes de se afastar.
Uma linda morena curvilínea em um vestido de seda azul e justo está
de pé a cerca de quatro metros e meio de distância.
Seus olhos estão me avaliando da cabeça aos pés. Me medindo e me
julgando.
Eles se estreitam de forma desagradável por um segundo antes que ela
caminhe em minha direção. Seus quadris balançam sensualmente. Seus
seios estão quase transbordando do decote generoso de seu vestido. A
mulher exala confiança e sensualidade.
— Você é Layla Emanuel? — A voz dela tem um tom sexy e rouco.
Aceno afirmativamente. — Sim, sou eu, e quem é você?
— Eu sou Helen Aristophanes. Amante de Gideon Archer.
Capítulo 13
MEU TRABALHO
Layla
Está escuro. Pisco algumas vezes e pego meu telefone. Onde está
minha mesa de cabeceira?
A cama parece infinita. O cheiro é incrível e o material sedoso é
agradável sob meus dedos exploradores.
Oh, Deus!
Eu me sento com um suspiro e olho ao redor. Estou sozinha em um
quarto espaçoso. A única fonte de luz vem das luzes brilhantes da cidade
através de uma grande janela de vidro que domina uma parede.
A cortina automática foi deixada aberta para os lados. Este não é meu
quarto.
Estou na cama de Gideon.
Os eventos anteriores voltam para mim e eu levanto o cobertor de
seda para procurar o espartilho e a saia curta que eu estava usando antes.
Estou com uma de suas camisas e minha calcinha de renda preta. Sem
sutiã. Bem, eu não estava usando sutiã para começar.
Oh, Deus! Ele me trocou?
Meu rosto se esquenta. Eu jogo minha cabeça para trás no travesseiro
e puxo o cobertor sobre minha cabeça com um gemido longo e
estrangulado.
Não, isso não está acontecendo. Vou me esconder aqui até acordar na
minha própria cama. Eu vou acordar logo. A qualquer momento.
Nem mesmo um minuto deitada aqui e minha mente começa a
divagar.
Onde está Gideon? Onde está aquela mulher horrível, Helen? Eles estão
Juntos agora?
Agora estou de volta ao sentimento de raiva. Fico furiosa ao imaginar
os dois juntos. Minha imaginação está correndo solta.
Estou tão brava, eu poderia... Argh! Posso ficar violenta se os vir
juntos, e isso pode não acabar muito bem para mim.
Oh, eu desisto!
Me esconder não está funcionando para mim. Eu espreito e escuto. A
casa está terrivelmente silenciosa.
O relógio digital na elegante mesa de cabeceira mostra que agora é
quase meia-noite. Isso significa que dormi quase três horas.
Eu levanto o cobertor e cuidadosamente coloco meus pés descalços no
chão. Verifico o banheiro da suíte e o enorme closet só para ter certeza.
Não há sinal de Gideon ou de minhas roupas e sapatos em qualquer
lugar. Eu lentamente verifico a porta do quarto para descobrir que a
maçaneta gira facilmente na minha mão.
Sim! Posso conseguir escapar sem ver ele ou Helen, afinal.
Tento ao máximo não fazer barulho enquanto saio na ponta dos pés e
desço cuidadosamente a ampla escadaria de madeira.
Chego ao andar térreo e percorro os ladrilhos de pedra frios do hall de
entrada. Quase lá.
Eu lentamente alcanço a maçaneta de ouro polido.
— Indo para algum lugar?
Gah!
Eu pulo e solto um grito.
Ele está apenas parado ali, com as mãos enfiadas nos bolsos, me
observando.
— O que há de errado com você? — Eu grito com ele, segurando meu
peito. — Meu coração quase saltou pelo telhado. Eu poderia ter morrido!
— Eu reclamo para ele.
Oh, Deus!
Eu me sinto tonta.
Ele está a cerca de três metros de distância. Atrás dele está uma lareira
de duas vias que divide o hall de entrada e o resto da vasta área de estar
de conceito aberto.
Ele ainda está vestindo a camisa branca imaculada, sem gravata. Os
três botões superiores estão abertos e as mangas arregaçadas para
mostrar seus braços impressionantes.
Um olhar divertido passa por seu rosto bonito antes de desaparecer
completamente.
Ah, certo!
O olhar frio e impenetrável em seu rosto me lembra que devo correr.
Eu agarro a maçaneta da porta e puxo. Nada acontece. Está trancada!
Eu deveria saber. Eu me viro para olhar para ele novamente.
— Destranque a porta. Agora, — eu exijo. — Por favor, — acrescento
depois de um momento... Porque sou educada e ser educada pode me
levar a algum lugar.
— Para onde você está com pressa de ir? — ele pergunta. Ele inclina a
cabeça para o lado quando permaneço em silêncio. Isso é uma
pegadinha? Ele parece muito relaxado para o meu gosto.
Ele olha para o meu corpo e diz:
— Você vai sair por aí descalça... E vestida assim?
Eu olho para mim mesma. Bem... Eu não pensei muito bem sobre isso.
Eu olho para cima e vejo seus estranhos olhos amarelo-ouro passeando
para cima e para baixo em minhas pernas nuas novamente.
Aquele olhar de fome intensa que surge em seu rosto faz meus joelhos
fraquejarem. Tento acalmar meu coração acelerado e dizer
educadamente: — Bem, se você apenas me deixar pegar emprestada sua
calça de moletom ou algo assim e me devolver meus sapatos, vou
embora.
Ele balança a cabeça. Os cantos de seus lábios se curvam em um
sorrisinho presunçoso enquanto seus olhos ardentes continuam a
examinar meu corpo.
— Não vai acontecer, querida. Você não vai a lugar nenhum.
Capítulo 16
HOMEM DAS CAVERNAS
Layla
Estou de volta à casa dos meus pais há mais de quinze minutos, mas
ainda não ouvi nem vi ninguém. Eles provavelmente estão ocupados
preparando tudo para a cerimônia desta noite.
A matilha geralmente não precisa contratar pessoas. Os membros
trabalham juntos para se preparar para os eventos.
Eu respiro fundo enquanto olho ao meu redor. Meu quarto de
infância ainda parece o mesmo de quando decidi redecorá-lo quando
tinha doze anos.
A mesma parede rosa, cama de solteiro, estantes pintadas de branco,
mesa de estudo de madeira, cadeira, fotos minhas e de meus amigos...
Alguns com quem não falo há anos.
Reina, June e Kylie pararam de falar comigo quando descobriram que
eu não tenho um lobo, mas as fotos deles com os braços em volta dos
meus ombros ainda estão pregadas na minha parede.
Acho que os três estão acasalados e felizes agora.
Este não parece mais o meu quarto. Na verdade, todo o território da
matilha parece estranho para mim. Parece outro mundo. Outra vida.
Tenho passado os dias mais felizes e incríveis com Gideon. Parece que
não conseguimos tirar os olhos ou as mãos um do outro.
Todos os meus pertences da casa de Jonah foram trazidos de volta
para seu condomínio e descobrimos que muitas das minhas roupas não
cabem mais em mim, então ele me levou para fazer compras.
Nós conversamos. Fizemos amor.
Foi como um sonho, e agora estou com saudades dele. Ele disse que
tem alguns negócios para resolver esta manhã e pediu ao motorista que
me trouxesse de volta para cá. Ele também me pediu para confiar nele.
Então aqui estou.
Eu olho meu reflexo no espelho da minha penteadeira. Eu não me
sinto a mesma e não pareço a mesma... não totalmente. Eu mudei um
pouco — e ainda estou mudando.
Eu fecho meus olhos, bloqueando meu reflexo. Meu Deus, sinto falta
de Gideon. De verdade. Há um vazio em meu coração quando ele não
está por perto.
Eu ouço passos se aproximando da porta da frente lá embaixo antes
que a porta seja aberta e fechada.
— Layla? — minha irmã Maya chama. — Layla, você está aqui?
— Estou aqui em cima, — eu grito de volta.
— Sim, ela está aqui, — eu a ouço dizer a alguém enquanto seus pés
batem nas escadas. Ela parece aliviada. Ela deve estar no telefone com
minha mãe ou meu pai.
— Layla, graças à Deus você está aqui, — diz Maya enquanto abre a
porta do meu quarto.
Ela tem uma bolsa de roupas pendurada em um braço, um kit de
maquiagem em outro braço e um celular na mão. — Você não tem ideia
de como as coisas ficaram malucas por aqui.
Ela larga tudo na minha cama e abre a boca para dizer mais, mas nada
sai enquanto ela me encara.
— Oi, Maya, — eu digo. — Você está bonita, toda arrumada.
Ela apenas fica lá, ainda me olhando com a boca e os olhos bem
abertos. O novo vestido roxo e branco fica muito bem nela.
Ela tem os olhos escuros de meu pai, que são contornados por cílios
grossos e escuros. Seu cabelo escuro e encaracolado está artisticamente
preso a um lado com um lindo broche de tartaruga.
Minha irmã é muito bonita.
— Layla..., — ela finalmente respira... e pisca. — Você parece diferente.
Sim, eu não sei disso. Ainda me pareço comigo, mas diferente.
A julgar pela maneira como Maya continua me olhando, sei que ela
está tentando descobrir as mudanças em mim.
Aposto que ela pode sentir minha aura e meu cheiro diferente
também, mas ela não entende muito bem.
— Diferente como? — Eu decido provocá-la. — Muito diferente?
— Diferente, no bom sentido... — Ela franze a testa e dá um passo
para trás como se estivesse se sentindo desconfortável. — Você tem que
se vestir. Aqui. — Ela me joga a sacola de roupas.
Eu pego a sacola e ela sai andando.
— Eu... eu vou esperar lá fora por você. Avise-me quando estiver
pronta. Mamãe me disse para fazer sua maquiagem.
Tenho certeza de que mamãe disse a ela para não me deixar correr
para as montanhas também. Ela a mandou aqui para ser minha babá ou
meu guarda prisional... faça a sua escolha.
Eu imediatamente tiro minha roupa e coloco o vestido. É um lindo
vestido branco estilo sereia. Parece muito com um vestido de noiva.
— Uh.. Maya? Nós temos um problema.
Minha irmã enfia a cabeça dentro da porta.
— O que há de errado?
— Eu não acho que sirva. — É super apertado, principalmente no
bumbum e no busto. O zíper não sobe totalmente.
— Eu não entendo. Este é exatamente o seu tamanho, — murmura
Maya.
Prendo minha respiração enquanto Maya tenta puxar o zíper algumas
vezes, mas não funciona.
— Acho que vamos rasgar o vestido se continuarmos forçando o zíper
para cima, — comento.
— Acho que você está certa, — concorda Maya. — Mamãe escolheu o
vestido. Ela achou que ficaria bem em você.
— Bem... que pena, — eu digo.
Ufa!
A verdade é que não estou me sentindo mal por não caber. Estou
exultante! Odiei o vestido no momento em que o vi.
Muitas rendas e muito pesado no material. O gosto da minha mãe
para vestidos é totalmente diferente do meu.
— Isto não é bom. Oh, isso não é bom, — diz Maya. — Você
engordou? Como você mudou tanto? O que fazemos agora?
— Talvez eu use meu próprio vestido, — eu sugiro.
Maya levanta a sobrancelha, olhando para mim com cautela.
— Você não vai usar aquele suéter feio de vaca e frango na cerimônia,
vai?
— Claro que não, — eu respondo, ligeiramente ofendida em nome do
meu suéter de vaca e frango.
— Você não pode fazer isso, Layla. Por favor, não faça isso. Não desta
vez. — ela diz, claramente não acreditando em mim.
Bem, quem poderia culpá-la? Já fiz esse tipo de manobra tantas vezes
no passado que estou surpresa que eles não tenham queimado o suéter
quando eu não estava olhando.
— Confie em mim, vou usar algo bonito, — digo a ela enquanto a
empurro para fora da porta. Aposto que ela estará guardando a porta.
— Eu juro que vou arrancar esse suéter de você se você colocá-lo, —
ela me avisa antes de eu fechar a porta para ela. — E não demore muito
ou vamos nos atrasar!
Por que ela está tão ansiosa com esta cerimônia? Quero dizer, deveria
ser minha cerimônia de acasalamento, mas Maya não estava tão nervosa
com sua própria cerimônia de acasalamento.
— Qual é o problema da cerimônia, afinal? — Pergunto a Maya
enquanto abro o zíper da minha bolsa e desdobro cuidadosamente um
vestido sem mangas da cor do blush mais suave.
— Oh, é um grande negócio, — responde Maya através da porta. —
Ouvimos dizer que representantes do palácio estarão aqui.
— Representantes do palácio? Por que? — Eu coloco o vestido.
Ele segue os contornos do meu corpo perfeitamente, e o decote cai
para baixo para mostrar o meus seios, mas ainda o mantém elegante.
Camadas finas e delicadas de renda cobrem os ombros. Há uma
pequena tira de renda na minha cintura também. O vestido termina
alguns centímetros acima dos meus joelhos.
Provavelmente custou dez vezes mais do que o aluguel mensal do meu
quarto, mas Gideon realmente adora isso em mim e posso ver por quê.
Eu amo isso em mim Isso me faz sentir bonita.
— Eu não sei, mas é uma grande honra para nós tê-los visitando nossa
pequena matilha. Eu nem sabia que eles sabiam que nós existimos! — Ela
parece animada. — Além disso, eles são lycans, Layla! Nunca vi um Lycan
antes. Ouvi dizer que eles são todos extraordinariamente lindos! — Em
seguida, ela abaixa a voz e diz: — Ouvi rumores de que até Lorde Archer
está chegando.
Eu sorrio enquanto desfaço meu coque bagunçado e passo um pente
de dentes largos em meus cabelos castanhos encaracolados e brilhantes.
Estou deixando para baixo.
— É mesmo?
— Ele é praticamente uma lenda. Oh, espero que ele esteja vindo. Não
é emocionante, Layla?
Maya continua.
— Trabalhamos duro o dia todo para deixar tudo pronto. Alpha Blake
quer que tudo seja perfeito. Você deveria ver o terreno da cerimônia..., —
ela continua tagarelando.
Eu deslizo um batom rosa claro em meus lábios, em seguida, coloco
um par de brincos de argola de diamante, junto com um colar de ouro
com um pingente de diamante circular. Finalmente, calço um par de
saltos cor da pele.
Estou feliz que Gideon seja tão alto. Eu não podia usar salto quando
saía com homens mais baixos no passado. Calço os saltos e acho que
estou pronta.
Maya imediatamente para de falar assim que eu saio do quarto.
— Viu? Nada de suéter. 'Quer Leite?'. Isso é bom o suficiente para os
representantes do palácio? — Eu pergunto a ela quando ela fica
boquiaberta sem palavras.
— Você parece... — ela começa, mas então ela para e franze a testa. Ela
parece confusa enquanto desce as escadas à minha frente.
Na parte inferior da escada, ela se vira e me encara com perplexidade
novamente. Eu paro na frente dela.
Depois de um tempo, ela pergunta:
— Onde você conseguiu esse vestido? Parece muito caro. — Ela
dedilha o tecido do meu vestido.
— Eu comprei de uma loja, boba. Onde mais? — Eu digo a ela.
Tecnicamente, não estou mentindo, só não estou respondendo à
pergunta dela. — Agora, vamos ou não?
— Eu os vi, Maya! — diz Mae. — Há dois deles. Não sei qual deles é
Lorde Archer, mas os dois são tão bonitos.
Mae se abana com seu avental.
— Tom não ficará feliz em ouvir você dizer isso, Mae! — avisa Maya
com uma risada.
— Oh, shhh... Eu amo meu Tom, mas você vai entender quando vir
como eles são gostosos.
Maya balança a cabeça, embora esteja sorrindo.
— Você está com boa aparência, Layla, — diz Mae, como se tivesse
acabado de me notar. — Você parece muito bem — você está brilhando!
Talvez Kofi seja muito bom para você.
Sim, sobre isso...
— Obrigado, Mae.
A emoção do evento está vibrando no ar antes mesmo de entrarmos
nos terrenos da casa da matilha. Eu ouço pessoas conversando e rindo e
música vindo de lá.
Posso sentir o cheiro da comida na grelha, a doçura do algodão doce,
cupcakes, biscoitos e outras guloseimas antes mesmo de vê-los. Minha
boca está salivando.
À medida que nos aproximamos da casa da matilha, vejo bandeiras
vermelhas, azuis e douradas balançando ao vento em todos os lugares.
Há bandeiras com o brasão real: uma coroa com um Lycan e um
lobisomem frente a frente.
Há uma lua cheia no lado esquerdo da coroa e uma lua crescente no
direito.
Um pergaminho com símbolos antigos corre embaixo deles.
Há tantas pessoas no local da festa e tantas coisas acontecendo.
Existem tendas e cabines em todos os lugares.
Eu fico olhando para alguns dos cupcakes e cookies em exibição
dentro de algumas das barracas. Infelizmente, Maya não me deixa parar
enquanto me leva direto para a casa da matilha.
— Não, nenhuma parada para comer biscoitos. Mamãe está ficando
louca. Disseram-me para trazê-la direto para dentro.
— Mas eu quero alguns daqueles biscoitos e cupcakes, droga!
Mae me lança um olhar de pena antes de enfiar habilmente alguns
biscoitos em seu avental. Espero que ela compartilhe alguns desses
biscoitos comigo mais tarde.
Eu sigo Maya pela porta da frente, embora minha boca e meu
estômago estejam protestando.
Há muitas pessoas dentro da casa da matilha também. Elas param
para dizer oi para Maya, depois me olham com cautela.
Elas estão agindo como se eu fosse uma estranha fascinante demais
para desviar os olhos enquanto caminhamos pelo saguão até os fundos
da casa.
Eu sempre fui uma estranha, mas ninguém realmente prestou muita
atenção em mim antes, então ficar olhando está me fazendo sentir
estranha.
— Tem muita gente na escada principal, vamos entrar pelos fundos e
usar a escada dos trabalhadores, — diz Maya.
Esta é provavelmente a segunda ou terceira vez que estou na casa da
matilha, então não tenho ideia para onde estamos indo, mas Maya parece
saber o que fazer por aí.
Passamos pela cozinha, onde vários cozinheiros estão ocupados
cortando, fatiando, picando e mexendo em grandes panelas de comida.
Eles também olham para mim enquanto passamos.
O cheiro insuportável de comida está me matando!
— Mae! Você apenas deixou aquela panela sem vigilância! Onde você
estava? — grita uma das senhoras.
Mae para na cozinha e eu a ouço murmurar algo baixinho.
Viramos à direita em um corredor após a cozinha e as mulheres
começam a sussurrar assim que desaparecemos de vista.
Se eu ainda fosse uma humana, não seria capaz de ouvi-las, mas como
agora sou uma Lycan, minha audição é mais aguçada do que a de um
lobisomem. Eu posso ouvir cada palavra que eles dizem.
— Uau, é essa mesma? — diz uma senhora. — Eu pensei que ela era
uma humana.
— Layla é humana, — ouço Mae responder.
— Mesmo? Uma humana? Hmmm... Não admira que Kofi tenha
deixado Grace por ela. Ela é maravilhosa.
— Mas pobre Grace... ele prometeu torná-la sua companheira, não
foi?
Eu ouço Mae piar novamente,
— Sim, Grace e talvez Alice também, mas Grace certamente...
— Menos conversa. Continue mexendo Mae. Continue cortando essas
cenouras, Ginny.
Grace? Alice? Kofi realmente prometeu acasalar aquelas mulheres?
Se for verdade, então, no que me diz respeito, elas têm sorte de apenas
se esquivar de uma bala. Kofi é um idiota!
Chegamos a uma escada estreita e Maya nos conduz para cima.
O segundo nível é bonito e espaçoso. Também é lindamente
decorado.
Maya me conduz até uma porta com uma placa dizendo:
— Sala da Comunidade. — Ela bate na porta antes de abri-la, e posso
sentir isso imediatamente.
A atração. O peso no ar.
Ele está aqui.
Maya mantém a porta aberta e me dá um sinal para entrar. Eu aliso a
frente do meu vestido e me endireito antes de entrar no quarto.
Meus olhos instantaneamente se concentram em Gideon, que está
sentado em uma das cadeiras de veludo no palco.
Ele está devastadoramente bonito em seu terno escuro e uma gravata
dourada que quase combina com seus olhos.
Sua camisa é branca como a neve contra a coluna bronzeada de seu
pescoço. A expressão em seu rosto é ilegível, mas seus olhos estão
intensos em mim.
A sala se acalma... ou talvez tudo desapareça quando eu o vejo. Meus
saltos fazem um som de clique no chão de mármore.
Ele pisca e, de repente, percebo o que está ao meu redor. É como se ele
tivesse acabado de me libertar de um transe profundo que me prendeu
apenas a ele.
Ainda assim, luto contra o desejo de correr para seus braços, de sentir
a suavidade de seus lábios — deixá-lo me encher com o calor de seu
corpo e seu cheiro, deixá-lo curar essa dor em meu coração.
Eu me forço a olhar em volta. Esta é uma sala bem grande. Há
bandeiras vermelhas, azuis e douradas penduradas no teto e as cadeiras
estão dispostas de forma semelhante ao auditório da minha escola.
Existem centenas de cadeiras colocadas de frente para o palco.
Há outro Lycan sentado ao lado do meu companheiro no palco —
Louis, o melhor amigo de Gideon que acabou de chegar de Ibiza esta
manhã. Ele parece divertido.
Fico feliz em poder te divertir, Louis.
Como se ele pudesse ler minha mente, seu sorriso se alargou um
pouquinho.
Eu conversei com Louis várias vezes quando ele fazia FaceTime com
Gideon, então não parece que ele é um completo estranho. O homem é
um paquerador insuportável, mas bastante divertido e inofensivo.
Do outro lado de Gideon estão Alpha Blake e Luna Mary. Há dois
outros casais sentados no palco, provavelmente os que vão se casar esta
noite.
Kofi está sentado ao lado deles com uma cadeira vazia do outro lado.
Ele está sorrindo largamente enquanto me observa aproximar-se do altar.
Meus pais, Kaleb, Carmen, vovó e Abraham também estão lá. Maya
rapidamente se senta ao lado de seu companheiro, Abraham.
De repente, me ocorre que este encontro é bastante privado. Minha
família inteira está aqui, e todas as outras pessoas presentes são as
famílias dos outros casais que estão se acasalando esta noite.
— Layla, — diz Alpha Blake, levantando-se para me cumprimentar.
— Layla, — diz Kofi, levantando-se de repente também.
Idiota!
Eu olho para Gideon rapidamente. Seus olhos se estreitam, mas por
outro lado, ele não moveu um músculo.
Faço questão de me afastar de Kofi e ficar na frente do alfa. Se meu
companheiro decidisse acabar com Kofi, não demoraria muito.
— Alpha Blake. — Eu sorrio para o homem. Alpha Blake e Luna Mary
sempre foram legais comigo.
— Isso é ótimo. Estou feliz que você tenha chegado aqui com
segurança, minha querida. Sinto muito pela pressa. Esta reunião privada
foi planejada repentinamente, — sussurra Alfa Blake, dando um tapinha
no meu ombro.
Alpha Blake é apenas cinco anos mais velho que eu, mas ele sempre
parece paternal.
— Vossa Excelência. — Ele se vira para Gideon. — Esta é Layla
Emanuel. Ela é uma das mulheres sortudas a serem homenageadas na
cerimônia de acasalamento esta noite.
Eu quase me encolho. Gideon parece ainda mais sombrio e Louis
parece ainda mais divertido. Se ele não tiver cuidado, Gideon pode
chutá-lo na canela e para fora da cobertura esta noite.
— A cerimônia de acasalamento, — diz Gideon. — Alfa Blake, é por
isso que estou combinando esta reunião privada antes da cerimônia.
— Há algo que preciso falar com você e todos os envolvidos aqui sobre
o acasalamento entre companheiros nascidos e companheiros
escolhidos.
Gideon se levanta, mas Louis continua sentado. Se qualquer coisa, ele
parece que está ficando confortável para assistir ao show.
— Eu não tenho defendido nenhum acasalamento forçado por um
tempo. Dez anos, para ser exato.
— Eu realmente espero que todas as senhoras e senhores aqui estejam
de acordo com a cerimônia de acasalamento esta noite? Nenhum
acasalamento forçado para ninguém nos dias de hoje?
Sua voz soa descontraidamente relaxada. Quase brincalhão.
— Tenho certeza de que não há mais acasalamentos forçados hoje em
dia.
— Na verdade, esses casais foram convidados, e até mesmo tiveram
que ser subornados, para esperar até hoje à noite para morar juntos e
torná-los oficial. — diz Alpha Blake, sorrindo.
Um casal se cutuca e suas famílias riem.
Os olhos da minha mãe rapidamente piscaram para olhar para mim
como se esperassem para ver se eu diria algo enquanto meu pai
permaneceu quieto. Kofi ri junto com os outros.
Como eu disse, idiota!
Gideon sorri.
— Só para ter certeza, Alfa Blake, por que você não pergunta a cada
um deles se eles estão entrando neste vínculo irreversível por sua própria
vontade?
Alfa Blake acena com a cabeça respeitosamente, embora eu tenha
certeza de que ele pensa que este exercício é apenas uma perda de tempo.
Posso sentir o peso do olhar de minha família enquanto Alfa Blake
pergunta aos casais, e também a Kofi, que avidamente garante a ele que
estão fazendo isso mais do que de boa vontade.
— Layla. — Alpha Blake se aproxima de mim.
O sorriso em seus lábios mostra que ele espera a mesma resposta de
mim que de todos os outros e que isso é apenas uma formalidade.
Alpha Blake continua.
— Você está entrando neste vínculo de acasalamento de boa vontade e
por vontade própria?
Eu olho para Gideon antes de responder à pergunta de Alfa Blake.
— Não.
Alpha Blake acena com a cabeça e sorri. Ele leva um segundo antes
que minha palavra afunde. Seu sorriso cai lentamente, substituído por
uma careta perplexa. Ele se inclina para realmente olhar para mim.
— Não?
— Não. — Eu olho para minha família. Todo mundo parece surpreso,
exceto minha avó.
— Layla, — diz meu pai. — Como você pôde fazer isso conosco?
— Não estou fazendo nada, exceto dizer a verdade, pai. Eu disse a você
antes que não posso aceitar Kofi porque já conheci meu companheiro... e
agora estou acasalada.
— Você nos contou um monte de mentiras sobre os lycans... — diz
minha mãe.
— Isso não é um monte de mentiras. Ela deve estar falando sobre
mim, — interrompe meu companheiro de repente.
Tenho a sensação de que ele está ficando impaciente.
— Alpha Blake, Luna Mary, senhoras e senhores, quero que conheçam
minha companheira, Lady Layla Archer.
Capítulo 23
O MELHOR AMIGO
Layla
Helen está se transformando bem diante dos meus olhos enquanto ela
segue propositalmente em minha direção. Seus olhos estão todos pretos
agora.
Veias azul-escuro estão se formando e serpenteando ao redor das
órbitas dos olhos. Seus dentes e caninos estão se alongando, assim como
seu corpo.
Eu pulo antes que Helen me alcance. Eu sei que estou quebrada e sou
inexperiente, mas não vou cair sem lutar.
Gideon. Espero que ele não sinta minha dor.
Se transformar é fácil. Eu só tenho que deixar essa parte selvagem
presa de mim sair.
Minha parte Lycan.
O calor consome todo o meu corpo, começando no meu peito. Parece
que estou queimando de dentro para fora, mas não dói. Na verdade.
Minha visão muda. Meu corpo inteiro está mudando.
Helen não perde tempo. Ela rosna, batendo com suas garras afiadas
em meu rosto. Eu salto para trás, e ela me erra, por pouco.
Sem parar, ela ataca novamente, girando o braço em um arco mortal e
largo.
Eu me inclino para trás, mas desta vez eu tropeço, caindo no chão
antes que eu possa me conter.
Eu luto para me levantar da minha posição vulnerável, mas ela
imediatamente salta para montar em meu estômago. Ela me empurra
para o chão e mostra seus dentes brilhantes e caninos alegremente.
Ela agarra minhas mãos e segura meus braços acima da minha cabeça.
A dor dos ossos quebrados do meu braço e dos meus dedos é
insuportável.
Soltei um grito de agonia. Ela rosna e aperta minhas mãos com mais
força e aquele brilho em seus olhos está me dizendo que o jogo acabou.
Seus dentes e caninos estão vindo para minha garganta em seguida.
Ela vence.
Eu mostro meus dentes para ela antes de jogar minha cabeça para trás
e bater minha testa contra a dela o mais forte que posso.
A dor cega. Acho que ouvi meu próprio crânio estalar. O sangue está
escorrendo da minha testa para os meus olhos.
Helen está rugindo, de bruços bem ao meu lado, segurando a cabeça.
Sua perna ainda está em cima do meu estômago.
Ela tenta rastejar de volta para montar em mim, mas seu movimento é
lento e descoordenado. Eu levanto meu braço bom para agarrar sua
garganta. Acho que minhas garras perfuram alguma pele, mas a dor na
minha cabeça e no meu corpo é muito intensa e meus dedos estão muito
fracos.
— Me solta, vadia! — Ela sibila, agarrando minhas mãos, tentando
tirar meus dedos de seu pescoço.
A ânsia de acabar com ela é avassaladora e persistente, mas meu corpo
físico está enfraquecendo. Eu luto para apertar meu punho, cavando
minhas garras mais profundamente.
Embora meu braço esteja fraco, até agora é o suficiente para manter
seus dentes afiados e caninos longe da minha garganta.
— Solte! — Desta vez, ela cava suas garras em meus dedos e na palma
da minha mão.
Droga, Helen!
A dor é lancinante, mas estou determinada a aguentar o máximo que
puder, porque desistir não é uma opção.
Assistir o sangue escorrendo pelo rosto dela de onde eu bati me dá
alguma satisfação.
Tento piscar para afastar o sangue que está derramando sobre meus
próprios olhos e ignorar a fraqueza e a dor aguda em meu abdômen, meu
braço e onde suas garras estão cravando em minha carne.
Suas garras ficam mais ferozes. Acho que não vou conseguir continuar
assim por muito mais tempo.
De repente, sinto o ar se mover ao meu redor e ofego em alarme.
Sinto o peso do corpo de Helen saindo de cima do meu e meu corpo
suspira de alívio quando sinto alguns odores familiares.
Logo depois, ouço a voz de Helen uivando de dor e raiva não muito
longe.
Pisco novamente e, nem um momento depois, o rosto sorridente de
Quincy aparece na minha linha de visão.
— Olá amiga! — Com um brilho travesso em seus olhos.
O rosto de Penny aparece ao lado do dela. Seu sorriso é tão perverso
quanto o de Quincy.
— Uau, isso foi uma cabeçada impressionante. — Ela ergue o queixo
na direção de onde a voz de Helen está vindo em aprovação.
Eu fecho meus olhos por um segundo antes de abri-los novamente.
— Eu me arrependo de usar minha cabeça como uma arma, — eu
gemo.
— Mas você se saiu muito bem, — insiste outra voz, a apenas alguns
metros de distância. Gênese.
Quincy e Penny me ajudam a sentar, e olho por cima do ombro de
Quincy.
Gideon está meio alterado, mas está segurando Helen pela garganta.
Ela está cuspindo, chutando e xingando. Seus pés estão pendurados a
alguns centímetros do chão.
Meu companheiro parece selvagem. Eu nunca o vi tão fora de controle
antes.
Seu cabelo está despenteado e há respingos de sangue por toda a
camisa cinza rasgada, jeans azul e pés descalços.
Ambas as mãos estão pingando sangue.
Meus olhos procuram ferimentos em seu corpo, mas não consigo ver
nenhum. Estou aliviada por não ser o sangue dele. Então eu acho que sua
primeira vítima deve estar deitada em algum lugar, morta.
Louis e o resto da matilha real estão parados ao redor, observando
atentamente, mas eles não estão fazendo nada para detê-lo.
— Gideon, deixe-a ir! — Tento me levantar, mas Quincy e Penny estão
me segurando.
Gideon vira seus ameaçadores olhos negros de ônix para mim.
— Não! — ele rosna. Eu sinto a fúria saindo dele em ondas fortes.
Eu rosno de frustração. A ânsia de despedaçá-la ainda é forte.
— Eu quero acabar com ela sozinha!
Serena pousa a mão firme e calmante no meu ombro.
— Recue, Layla, — ela sussurra. — Ele está perdendo o controle.
Deixe-o fazer isso, vai acalmar seu Lycan mais rápido.
O Príncipe Caspian anda em volta deles lentamente, como se estivesse
apreciando a vista de diferentes ângulos.
Sua voz explode.
— Você estava tentando matar uma inocente. É o direito de seu
companheiro matá-la em retribuição. Alguma última palavra, Helen?
Ele parece frio, mas muito animado.
— Gideon... você me conhece. Por favor, deixe-me ir, — implora
Helen.
— Sim, eu te conheço. Você estava praticamente morta no momento
em que tocou minha companheira, — rosna Gideon.
— Por favor. Sinto muito... nunca vou incomodá-la novamente. Eu...
p-prometo.
— Suas promessas são vazias. — Ele mostra os dentes em um sorriso
de escárnio. — Eu sei que você não vai parar até que elimine minha
companheira, e eu não vou encontrar paz até que eu te mate.
Com isso, ele a destrói. O sangue respinga por toda parte. Eu o vejo
rasgar ela em pedaços. Essa coceira implacável dentro de mim termina
assim que sua coluna é arrancada de seu corpo.
Penny e Quincy me ajudam a ficar de pé com os braços de cada lado
do meu corpo. Enquanto eles me puxam de volta, meus olhos pegam algo
brilhante brilhando no chão.
Lá, preso entre as folhas de grama e uma parte do corpo
ensanguentada, está uma pulseira de diamantes. A mesma pulseira de
diamantes que Gideon deu a Helen como presente de despedida.
— O que você está fazendo? — pergunta Quincy quando me esforço
para me abaixar para pegá-la. Assim que a tenho na mão, mostro a ela e
ela pergunta: — É bonita, mas por que você está levando?
Eu encolho os ombros.
— Ela não precisa mais disso.
— Isso é verdade, — Penny prontamente concorda. — Mas você não
vai ficar com isso... vai? É meio mórbido.
Então, matar é normal, mas ficar com as joias é mórbido? Nossa
bússola moral está realmente ferrada.
— Não, vou penhorá-la. — Limpo o sangue dos diamantes brilhantes
em meu jeans sujo antes de enfiá-la no bolso da jaqueta.
Pode não valer muito para algumas pessoas, mas a quantia de dinheiro
que posso conseguir com isso ajudará Sarah a pagar suas contas e a
aliviar seu fardo.
Ela pode nem mesmo ter que trabalhar no clube onde homens
estranhos a olham e a apalpam sem seu consentimento mais.
Ela poderá cuidar de sua mãe e de Charlie enquanto termina seus
estudos.
Penny e Quincy querem me ajudar a entrar na parte de trás de um dos
carros que estão esperando por nós perto da linha das árvores, mas eu
teimosamente recuso.
Meu corpo inteiro está doendo e mal consigo ficar de pé sozinha, mas
quero esperar por Gideon. Eu me recuso a entrar, embora eu lute para
me manter de pé e meus olhos abertos.
Logo depois, Louis vem tentar me persuadir a me colocar no carro.
— Vamos, ma chérie, você está ferida. Vamos te ajudar a se deitar e
descansar.
Eu balanço minha cabeça, embora meu corpo pareça estranho.
Calafrios estão subindo pelos meus braços e costas.
Eu preciso dele. Preciso do calor e da sensação de segurança que só ele
pode me dar. Eu preciso que ele me diga que está tudo bem.
Mas tudo que sinto é frieza irradiando dele quando ele finalmente
chega.
— Leve-a para casa e certifique-se de que ela seja examinada pelo
médico. Vamos limpar a bagunça, — Gideon se dirige a Louis antes de
nos virar as costas.
Seu rosto está distante, sua mandíbula e seus ombros largos estão
tensos.
— Gideon! — Eu chamo.
Por um momento, acho que ele vai se afastar e me ignorar, mas ele faz
uma pausa.
Por que ele está sendo assim? Por que ele não está olhando para mim?
Os calafrios sobem pelas minhas costas novamente. Meu corpo treme
e meus dentes batem. Em um movimento rápido, ele se vira e vem em
minha direção.
A frieza que vejo em seus olhos quando ele olha para mim não é
reconfortante, mas quando seus braços me envolvem, me sinto muito
mais quente... e mais segura.
Meu cérebro está muito cansado para pensar e meu corpo está muito
fraco agora, então pego o que posso.
Sem dizer uma palavra, ele coloca um braço sob meus joelhos e me
levanta.
Eu não sei para onde ele está me levando, mas eu fecho meus olhos,
enterrando meu rosto na curva de seu pescoço, e deixo a luta sair do meu
corpo.
Capítulo 27
MEU PARA SEMPRE
Layla
Minha casa alugada ainda parece a mesma, exceto pela grama alta no
pequeno jardim da frente.
Acho que Jonah, nosso senhorio que também é primo de Quincy, não
vai para casa há um tempo. Há também um Lexus branco estacionado na
rua bem em frente.
É engraçado que quando eu estava na mansão dos lycans, tudo que eu
queria era voltar para casa para mergulhar em tudo que é familiar e
reconfortante.
Agora que estou aqui, sei que não é aqui que quero estar. Eu me sinto
mais triste e deslocada. Mais miserável.
Estou tentada a pedir a Günter que dê meia-volta e me leve de volta à
mansão.
Mas, em vez disso, peço a ele para abrir a porta do carro e forço meus
pés a se aproximarem da casa, do lugar que chamei de lar por quase dois
anos.
Meu colega de quarto Isaac enfia a cabeça para fora do quarto assim
que eu entro. Posso sentir o cheiro da minha outra colega de quarto Lana
também, então sei que ela deve estar em seu quarto. Ambos são
lobisomens.
— Uau, o que aconteceu com você? — pergunta Isaac, olhando para o
meu rosto machucado.
— Pessoas de merda aconteceram, — eu digo a ele. — Esse é o seu
carro na frente, Isaac? — Eu pergunto, tentando desviar sua atenção.
— Sim! Novo em folha, — ele responde com orgulho. Veja, Isaac é
tranquilo. Ele é um cara legal, mas tem a capacidade de atenção de um
peixinho dourado. — Tirei aquele bebê da concessionária ontem.
— Os negócios imobiliários devem estar crescendo, então, — eu digo.
Acredite ou não, Isaac é um corretor de imóveis.
— Não é só o negócio. Sou eu, sou incrível. Meu charme faz
maravilhas, — diz ele com um sorriso. Ah sim, ele também é muito pé no
chão. — Bem, é bom ver você em casa, Layla.
É engraçado como este lugar não parece mais um lar.
— Obrigado, Isaac, — digo a ele enquanto vou para o meu antigo
quarto nos fundos.
O ar em meu quarto tem um cheiro e uma sensação diferente. Eu fico
olhando para a cama que agora está sem roupa de cama.
Aqui é onde eu costumava mentir e encontrar conforto todos os dias
depois do trabalho ou da escola. Agora tudo parece estranho, frio e vazio.
Nada parece certo quando Gideon não está nele.
Sinto-me cansada de novo, então cubro a cama com um lençol e me
deito com uma manta sobre os ombros. Estou com saudades de Gideon.
Nosso vínculo de acasalamento e meus sentimentos por ele são tão
profundos. Acho que cada molécula do meu corpo está gritando por
Gideon.
Quando eu era humana, queria tanto ter um companheiro. Lembro-
me de sentir inveja, vendo minha irmã Maya com seu companheiro.
Agora que encontrei um, é mais do que poderia imaginar. Dói agora,
mas não me arrependo nem um minuto.
Os altos são espetaculares. É como se eu pudesse voar, subindo para
os céus.
Mas os baixos são insuportáveis. Eu sinto tanto a falta dele — isso dói.
Eu acordo com o som de vozes do lado de fora da porta do meu
quarto. Meu batimento cardíaco acelera ao som da voz de Gideon.
Aquela pequena vibração na minha barriga também começa. Eu ouço
as vozes de Lana e Isaac também.
— Este é o quarto dela? Eu vou entrar então. Obrigado, — ouvi que
Gideon estava dizendo.
— Ela deve estar dormindo, — diz Isaac.
— Sabe, ela está dormindo, mas estou bem acordada, — diz Lana.
Ela está usando aquela voz que costumava usar quando estava
tentando flertar com Jonah.
— Você é bem-vindo ao meu quarto. Podemos conversar ou fazer
outra coisa...
Nunca gostei de Lana, mas agora acho que a odeio. Eu não acho que já
tenha saltado da minha cama tão rápido antes também.
Gideon está tirando os dedos dela de seu braço quando eu abro a
porta do meu quarto. Três pares de olhos se viram para me olhar
imediatamente.
Ele parece muito maior do que eu me lembrava e tão dolorosamente
bonito — ele me deixa sem fôlego.
Eu sinto a intensidade flamejante de seu olhar queimando meu
coração, aquecendo todo o meu corpo. O ar fica mais espesso com a
nossa consciência um do outro.
— Não, obrigado. Não estou interessado, — diz Gideon com os olhos
fixos nos meus. Seus olhos então me varrem da cabeça aos pés e me
levantam novamente, como se ele estivesse procurando por novos
ferimentos.
Lana parece não saber quando parar. Ela continua:
— Meu quarto é muito melhor que o dela. Layla não é...
— Lana, vamos dar uma volta no meu carro novo, — interrompe
Isaac. Estou tão grata por Isaac, poderia abraçá-lo agora.
— Não, obrigada, prefiro ficar, — diz Lana, olhando para Gideon. Eu
cerro os dentes, sentindo a coceira na gengiva quando meus dentes e
caninos começam a se estender.
— Lana, vá dar um longo passeio com Isaac, — eu estalo.
Ela abre a boca para protestar, mas dá uma olhada no meu rosto e
sabiamente mantém a boca fechada. Ela rápida e silenciosamente pega
sua bolsa e segue Isaac para fora.
Não sei como estou agora, mas devo ter chocado Lana em silêncio e
obediência, já que nunca falei com ela ou qualquer outra pessoa desse
jeito antes.
Volto para o meu quarto, sabendo que Gideon estará me seguindo. Eu
o ouço fechar a porta e trancá-la com um clique atrás dele.
Eu o sinto se aproximando. Eu sinto o calor de seu corpo grande e
poderoso atrás de mim. Mas quando sinto que ele está prestes a envolver
seus braços em volta de mim, eu me afasto.
Eu não posso olhar para ele ou tê-lo me tocando agora. Eu estaria
muito perdida nele para ser capaz de ter qualquer conversa sensata com
ele se eu deixasse isso acontecer.
— Querida, eu sinto muito. Deixe-me te abraçar... eu preciso... só por
um tempinho. — Eu o sinto se aproximando até que seu hálito quente
provoca alguns fios do meu cabelo e sopra contra a minha orelha.
— Por favor, — ele sussurra.
O desejo em sua voz puxa meu coração, então eu não tento me afastar
quando ele envolve seus braços em volta de mim, me puxando de volta
contra seu peito e enterrando seu rosto na minha nuca.
Isso é o que eu estava procurando desesperadamente quando decidi
voltar aqui. Uma casa é apenas um espaço, mas meu consolo está em seus
braços.
— Ainda precisamos conversar, — digo a ele, saindo de seus braços.
Capítulo 29
MINHA CASA
Layla
Layla: Acabei de acordar para arrastar Louis para fora do clube Layla: bons tempos
Layla: Sim
Quincy: Eu adoro
Layla: Eu também
Layla: Eu só queria não ter acordado às 4 da manhã para isso Quincy: Eu gostaria de ser
acordada para isso!
Gideon
Sarah: Layla!
Layla: Desculpe, eu perdi o tempo para ver você. Estava trabalhando - fotos de imprensa
Estou farta depois de uma refeição incrível e com o jet lag para a
merda, mas é muito divertido estar de volta com todos para tomar alguns
drinques depois do jantar no bar do palácio.
Se ao menos ser uma Licana me tomasse imune aos efeitos das
mudanças de fuso horário.
Gideon não resiste a jogar pôquer com Darius, Lazarus, Constantine,
Serena e o príncipe, então vou sentar no bar com Penny, Genesis e
Quincy.
— Uma pena que ser um Licano não significa que você pode beber
coquetéis quando está grávida, — Quincy diz, olhando
melancolicamente para nossas bebidas.
— Não falta muito, então você pode passar um fim de semana inteiro
no clube! — Penny diz, erguendo o copo.
— Sim, você pode sair conosco de novo! — Genesis responde.
— Seja conversando por alguns vampiros siberianos gostosos,
bebendo doses com os lobisomens de Moscou, seja xingado por suas
lindas amigas sereias... então escapando por pouco de ser seduzida pelas
ditas amigas sereias, — ela continua.
Parece ser uma piada interna, já que as duas caem na gargalhada. Eu
me juntei, sem ter certeza do que é tão engraçado
— Haha, eu mal posso esperar! — diz Quincy
— Então, pergunta, há uma maneira de se tomar imune às sereias?
As meninas parecem preocupadas.
— Oh Layla, não se preocupe. Não foi sua culpa, — diz Penny,
parecendo preocupada.
— Não é isso não! Tive que tirar fotos de políticos-sereia na cúpula,
mas eles foram bastante... distrativos...
As meninas explodiram em gargalhadas.
— E então tivemos que arrastar Louis para fora daquele clube antes de
deixarmos LA e havia muitas -sereias por lá. Eu senti como se não
pudesse olhar para qualquer lugar sem alguém fazendo contato visual
sedutor...
Penny quase cai da banqueta do bar de tanto rir e Genesis faz uma
impressão de sereia com os olhos ardentes em mim.
— Aposto que Gideon amou isso, especialmente depois de tudo, — diz
Genesis, depois de terminar sua impressão de sereia.
— Ele estava tão distraído quanto eu!
As risadas continuam vindo.
O próprio Louis se aproxima de nós, agitando seu copo.
— Alguém, por favor, me faça outra bebida. Por que vocês, amores,
estão dando um rugido?
— Ouvi dizer que alguém colocou a jovem Layla aqui em tentação, —
diz Penny com um tom acusatório falso.
— Ela está pedindo nosso conselho sobre como resistir aos encantos
das sereias, — explica Genesis.
— Meninas! — Eu coro.
— Parece que minhas façanhas ultimamente são toda a fofoca na
corte real. Você pensaria que certos jovens da realeza não tinham nada
melhor para fazer do que ler as páginas de fofoca.
Louis se abana e oferece um falso olhar severo antes de sorrir e tomar
um grande gole do que quer que estivesse em sua xícara gigante.
— Você é demais, Louis. Mas, falando sério, como você faz isso? — Eu
pergunto, apenas parcialmente brincando.
— Bem, é claro, você pode aprender a resistir a elas, mas acho muito
preferível não o fazer, — ele diz, com um floreio.
— Bem, contanto que você não os deixe atrair para você uma morte
prematura, que é, historicamente, o trabalho deles, — acrescenta
Genesis.
— Sim, isso é uma coisa muito tola de se fazer, de fato, — Louis
concorda. — Mas a maioria deles não está realmente muito interessada
em atrair você para a morte, atualmente.
Louis se aproxima e sussurra alto: — A maioria deles quer atrair você
para suas camas.
— Tão reconfortante, — digo, dando um tapa no braço de Louis!
— Não se preocupe com isso. Você pode treinar seu Licano para se
proteger deles. Depois de fazer isso, eles são realmente muito divertidos,
— diz Penny, dando uma piscadela exagerada para Louis.
— Sim, você só precisa construir um pouco de tolerância, como com a
bebida, — Genesis diz enquanto ela brinda seu copo com o de Louis.
Não adoro a ideia de perder tempo olhando nos olhos de um tritão
para criar tolerância.
— Alguém poderia me dizer como isso funciona? Gideon e eu
estávamos a segundos de uma situação embaraçosa com uma sala cheia
de pessoas quase nuas quando tivemos que ir buscar Louis!
A gangue leva um minuto para recuperar o fôlego depois que eu digo
isso, eles estão rindo tanto.
— Gideon também? Estranho, ele é tão controlado, — diz Quincy,
abanando os olhos.
— Ele provavelmente só tinha coisas demais na mente, você tem que
se concentrar um pouco para que funcione, — diz Penny de forma
tranquilizadora.
A conversa continua, mas não estou acompanhando mais. Estou
muito ocupada pensando no que está acontecendo com Gideon. Eu
deveria estar preocupada?
Gideon
Louis é uma má influência, e ele está sendo sua versão mais charmosa
e travessa disso esta noite, enchendo meu copo e fofocando.
— Sabe, eu não deveria estar contando isso, mas você ouviu sobre a
última explosão de Penny?
Penny é ótima, mas ela é super irritadiça. Eu rio.
— Não me diga!
Louis é tão engraçado quando conta histórias. Ele está me
embebedando e fofocando e estou bem aqui para isso.
— Onde está a nossa comida? Eu vou ter uma dor de cabeça amanhã
se eu não conseguir um prato enorme de macarrão logo, — eu digo.
— Isso mesmo, absorva tudo para que não estejamos tão exaustos
para ir dançar mais tarde! Precisamos mostrar ao meu erastai o quanto
essa casa é divertida.
Eu levanto minha taça e quase sinto falta da taça de Louis,
derramando um pouco de prosecco no meu braço e sobre a mesa no
processo.
Nós dois caímos na gargalhada, recebendo olhares de desaprovação de
nossos companheiros, que voltaram a falar sobre o que quer que
estivessem falando antes.
Política, provavelmente.
— Eles realmente parecem estar tendo uma conversa profunda e
significativa! — Eu comento, olhando para a metade menos animada da
mesa.
— Sim, mas não acho que seja profundo ou significativo. Em vez disso,
eles são homens muito sérios falando sobre coisas muito sérias.
— Você provavelmente está certo, ambos têm trabalhos importantes.
— Quem teria pensado que eu seria acasalado com um workaholic.
Eu, de todas as pessoas! — Louis geme.
— Talvez você seja uma boa influência.
Louis me olha como se eu o tivesse ofendido profundamente.
— Querido Deus, espero que não. Qual o próximo? Sair para a
academia como um casal humano cansativo? Sem ofensa, é claro.
— Tudo bem. Eu poderia usar uma academia de Licano, no entanto.
— Pergunte a Genesis, ela é boa nisso.
— Eu vou. Pelo menos você terá uma boa desculpa para andar por aí
bebendo champanhe às custas de outras pessoas.
— Como se eu precisasse de outra desculpa para fazer isso! E se eu
perder as festas por causa dos compromissos de trabalho de Reginald?
— Tenho certeza de que ele fará o possível para acomodar sua agenda
lotada.
Louis tenta encher minha bebida, mas a garrafa está vazia. Ele vira de
cabeça para baixo, fazendo uma cara triste.
O garçom chega e pedimos comidas, mais antepastos, mais bebida.
Como o resto da atual rodada de azeitonas e charcutaria.
Adoro sair com Louis, em parte por causa de seu amor pela
indulgência. E muito difícil não acabar feliz e bêbado no jantar com ele.
Nossos companheiros não estão bebendo muito rápido, eles vão se
divertir tirando eu e Louis daqui mais tarde.
— Nós realmente deveríamos sair depois, mas onde está bom aqui?
— Tenho certeza de que posso encontrar algo divertido.
— Eu confio em você.
— Contanto que não cancelem porque têm que trabalhar amanhã.
Eles precisam beber mais rápido, — ele diz.
A próxima garrafa chega e Louis se precipita para encher os copos de
nossos erastais — Trabalho Trabalho trabalho. Vocês dois estão
obcecados! — Ele diz, interrompendo a conversa.
— Sim, do que vocês dois estão falando de uma forma tão obscura! Se
eu não o conhecesse bem, pensaria que você não estava falando nada de
bom por aí, — acrescento.
— Somos positivamente santos em comparação com algumas das
pessoas de quem estamos falando, — brinca Reginald.
— Não que estejamos acusando alguém de alguma coisa! —
Acrescenta Gideon.
— Exceto que também estamos especulando sobre esses
problemáticos híbridos de vampiros-sereias e quem os está fazendo, —
observa Reginald.
— Quem disse que alguém os está fazendo? — Louis disse.
— Pelo que eu sei, às vezes um vampiro e uma sereia realmente
gostam da companhia um do outro, eles sentem que têm muito em
comum e talvez gostariam de ter mais em comum ele continua.
— Meu querido, Louis. Certamente Lorde Archer e eu sabemos como
funciona a apropriação, mesmo para essas criaturas horríveis.
Certamente você não acredita que esses incidentes sejam o resultado de
sereias e vampiros se apaixonando?
— Ah, Louis. Sempre romântico, — eu digo.
É uma questão importante, embora eu esteja tentando ser discreta
sobre as circunstâncias do avistamento da sereia vampiro de Louis.
Eu vejo o sorriso malicioso de Reginald.
— Eu posso te dizer uma coisa, aquelas criaturas deliciosas com quem
você me encontrou em LA, elas com certeza tiraram minha calcinha em
uma torção, como você diz.
Louis adora chocar. Gideon dá a ele um olhar de desaprovação
simulada. Reginald dá um sorriso conhecedor.
— Boas maneiras, Louis! Na frente de seu erastai! — Gideon finge
repreender Louis.
— Sem segredos entre nós. Como deveria ser, — diz Reginald.
Eu olho para Gideon e o vejo parecendo um pouco desconfortável
agora.
— Eu não poderia manter um segredo agora mesmo se tentasse, meu
amor, estou muito -tonto! — Louis diz.
Eu amo que Louis e Reginald sejam tão abertos um com o outro, eles
obviamente não estão escondendo nada. Eu gostaria que fosse assim para
Gideon e eu.
Ainda não entendo por que não é. Talvez porque fui transformada?
Talvez porque eu ainda estava treinando?
Reginald e Gideon voltam à conversa.
Estou oficialmente bêbada o suficiente para perguntar a Louis sobre
aqueles vampiros sereias agora.
— Louis, não posso acreditar que você disse isso a Reginald! Como
você conheceu essas criaturas?
— Como você conhece alguém. Eu vi como eles estavam com calor do
outro lado da sala e fui comprar uma bebida para eles.
— É tão fácil, eu gostaria de ter sabido! Antes de conhecer Gideon,
obviamente.
— Obviamente.
— Mas o quão mal eles são, eles eram irresistíveis, e eles tentaram
vampirar você?
Louis começou a rir e depois tomou um gole de sua bebida.
— Oh Layla, as sereias são bastante inofensivas, você apenas teve o
azar de se envolver em uma conspiração para matá-la.
— Muita má sorte.
— Eles são principalmente benignos. Quero dizer, se você não quer
ficar sexy ou algo assim, provavelmente não vai querer passar muito
tempo perto deles. Mas se você for...
— Ok ok, eu entendi. Mas então se eles são vampiros também, eles
querem automaticamente morder você?
— Não, bem... sim, eles querem, mas não é como se eles não tivessem
autocontrole. Quer dizer, eu não sou um vampiro agora por ter passado
uma noite na companhia de sereias vampiras.
— A menos que você esteja escondendo algo...
Ele mostra os dentes para mim, deixando seus caninos crescerem e
balançando as sobrancelhas.
— Eu me pergunto no que eles transformariam você se eles te
mordem.
— Bom ponto — não tenho ideia.
— Isso seria a parte de vampiro, então você só seria como uma versão
de vampiro de tudo o que você era antes? Ou eles colocariam um pouco
de sereia lá para garantir?
— Sabe, eu nunca pensei sobre isso.
— Você nunca se perguntou? O que pode dar errado se as meninas
ficarem um pouco entusiasmadas demais?
— Os Licanos não passam muito tempo se sentindo ameaçados.
— E eu pensei que você estava procurando emoção!
— Eu estou sempre em -busca de emoção. Eu simplesmente não
acredito em consequências. Eu já teria parado se tivesse feito isso.
Ele começa a dar uma ótima impressão das sereias, inclinando a
cabeça e movendo os ombros exatamente como elas fazem.
Nós dois entramos em colapso em um ataque de risos.
— Você acha que eles vão saber alguma coisa sobre o que os híbridos
fazem com você? Eu tenho que saber agora, — eu digo.
— Uma maneira de descobrir...
— Ei, vocês dois, temos uma pergunta para vocês. Se você for mordido
por um cruzamento, você se transforma no que quer que seja? Como
direto? Ou é como se a parte do vampiro estivesse mordendo você ou
algo assim? — Eu pergunto aos nossos eraistais.
Os dois nos encaram como se fôssemos malucos. Eles provavelmente
já perceberam que estamos apenas bêbados.
— Como diabos você entrou nesse assunto? — Reginald pergunta.
— Isso é sobre as sereias vampiras de novo? Talvez devêssemos
mandar Louis de volta àquela boate para descobrir, — Gideon diz.
— Apenas me perguntando! — Eu digo. — Você tem que ajudar uma
garota aqui, eu não sei nada sobre sereias e essas merdas! — Eles riem. —
Eu só estou interessada, e acontece que aquelas garotas do clube não
fizeram nada com Louis!
— Bem, nada que ele não quisesse que fizessem a ele, — acrescenta
Reginald, cutucando Louis com o cotovelo.
— Não consigo nem imaginar o que você pode estar insinuando! —
Louis faz uma cara fingida de chocado.
— Reginald, espero que você realmente goste de clubes, porque se eu
conheço Louis, você vai passar muito tempo neles, — Gideon diz.
— Vou precisar de uma roupa nova e de um curso intensivo sobre
sereias vampíricas, — Reginald responde com um grande suspiro.
Todos nós rimos.
— Mas, para sua pergunta, não há uma resposta direta, infelizmente,
— Gideon diz. Eu posso vê-lo entrar no modo político. — Depende do
que eles são e de onde vieram.
— Mas a resposta curta é que eles transformam você em um cadáver,
principalmente, — diz Reginald.
— Sim, é por isso que é ilegal fazer experiências com eles, —
acrescenta Gideon.
Bem, isso matou a vibração. Nada como falar sobre a morte para
acabar com uma noite divertida.
Gideon e Reginald voltam a conversar.
Percebo que Gideon está desconfiado e entro em sua conversa por um
segundo. Eles ainda estão na política.
Estou um pouco bêbada e é difícil me concentrar no que ele está
pensando, então volto à minha fofoca com Louis.
Felizmente, a comida chega e eu fico presa na tigela gigante de
macarrão, na esperança de ficar sóbria antes de ter que ir a qualquer
outro lugar.
No momento, estou perigosamente perto dos níveis de embriaguez
dançando no bar, e estou preocupada sobre como está indo a conversa de
Gideon com Reginald.
Tenho certeza de que está tudo bem, eles são adultos, eles vão resolver
isso. Eles conversaram muito intensamente a noite toda até agora, não
pode ser tão ruim. Além disso, eles têm muito em comum.
O erastai de -Louis é como seu melhor amigo. Eu nunca teria pensado
que ele seria acasalado com alguém tão... responsável.
Como o vínculo erastai -funciona e porque é assim é uma questão
para outra noite.
De repente, sinto um lampejo de raiva de Gideon e ele se levanta
muito rápido.
Ele olha para mim como se mal conseguisse se conter.
— Layla, estamos saindo.
— O que?
— Vamos.
Eu não sinto que tenho escolha, o que acontecerá se eu abandonar
Gideon em um momento como este?
Reginald e Louis olham para Gideon como se ele fosse louco. Eu os
vejo se entreolhar com uma expressão preocupada.
— Gideon, espere..., — Louis diz.
Mas Gideon já está a meio caminho da porta.
Dou de ombros e dou a eles um olhar que espero que diga que sinto
muito, não sei o que está acontecendo.
Mas não posso deixar de sair com Gideon, o que devo fazer?
De volta ao carro, tenho que perguntar.
— Que diabos, Gideon? Achei que vocês estavam se dando bem!
Gideon não diz nada e tudo que posso sentir é sua raiva suspeita.
— Algo estranho está acontecendo com Reginald.
Eu não confio nele.
— Não confia nele? — Eu digo, em um tom que espero mostrar o quão
ridículo eu acho isso.
— Ele mencionou a família de Helen, ele os conhece. E ele mencionou
Alistair Pembroke.
— Alistair quem?
— Homem de negócios poderoso, um humano. Um cara suspeito.
Reginald acha que pode estar de alguma forma envolvido em toda essa
saga de sereias vampiras.
Eu me sinto repentinamente desconfortável quando percebo por que
esse nome parece familiar. Mas eu o bloqueio. Agora não é a hora de
Gideon descobrir que vendi a pulseira para alguém que ele acha que é
uma má pessoa.
— Parece que Reginald estava tentando ajudá-lo, Gideon.
— Mas por que ele mencionaria isso no jantar?
— Não sei, talvez ele saiba de alguma coisa e ache que é importante
para você saber? Porque você é o melhor amigo do erastai dele e ele o vê
como alguém que está do mesmo lado que ele?
— Não faz nenhum sentido, eu não contaria a ninguém esse tipo de
coisa a menos que soubesse com certeza que poderia confiar neles e a
menos que soubesse do que estou falando.
— E como você sabe que ele não sabe as duas coisas?
— Você não pode confiar em alguém com quem mal se reencontrou
depois de uma história de rivalidade há um século!
— Talvez ele tenha percebido que, já que você é um conselheiro do rei,
você é um cara de confiança?
Os olhos de Gideon brilham. Ele não gosta de ser contradito assim,
isso é óbvio.
Mas não vou deixá-lo destruir seu relacionamento com seu melhor
amigo pelo fato de que ele não confia no companheiro do homem.
Capítulo 14
UMA SITUAÇÃO
Gideon
Caspian: Eu preciso discutir algo com você Gideon: Posso estar com você em 15
Layla: Bem
Layla: É Gideon
Sarah: Além disso, por que todo mundo que você conhece tem um nome como se fosse
um romance de fantasia?
Layla: Então eu disse vamos sair para jantar e eles estavam se dando muito bem
Sarah: Uau
Sarah: Eu nunca conheci o seu homem, mas pelo que você disse
Sarah: Eu tive um namorado uma vez que teve uma coisa semelhante
Sarah: Acho que ele ficou realmente surpreso que isso o fez se sentir assim
Sarah: Tente perguntar a ele, mas não antes que ele esfrie a cabeça
Sarah: Talvez você possa fazer o amigo ficar um tempo com ele só eles?
Layla
Droga, posso senti-lo olhando para aquelas merdas de sereias e isso está
me deixando louca!
Posso sentir o cheiro do mar e do jasmim, posso ver os cabelos longos
da bela sereia que ele está olhando, as joias que está lhe dando.
E como Helen tudo de novo. Eu gostaria de poder vender aqueles
diamantes azuis para outro humano suspeito.
Desliguei o vínculo mental novamente com uma enorme força de
vontade. Isso é minha própria culpa, no entanto. Eu olhei quando não
deveria.
Achei que ele tivesse tomado algum tipo de pílula anti-sereia!
Aparentemente, não é forte o suficiente.
Eu desço até a cozinha dos meus pais e me sirvo do café da cafeteira.
Eu não sou uma ã de sereias.
Penso em voltar para a cama e dormir a tarde inteira enquanto
Gideon faz seu trabalho.
E tão isolador ter um erastai -que está sempre fazendo um trabalho
importante enquanto eu sento e espero por ele. Eu gostei no começo,
como ele é respeitado e como ele é importante.
Mas agora está começando a me fazer sentir que não sou importante.
E ele é tão reservado. É tudo tão frustrante. Não tenho ideia de como
resolver esse problema.
— Ei, querida, como você está?
Minha mãe é um raio de sol em geral, mas hoje seu bom humor só faz
sentir como o meu é ruim.
— Sim, tudo bem. — Eu afundo em uma cadeira.
Parece que ela está prestes a me fazer perguntas, mas muda de ideia.
— Estou fazendo macarrão para o almoço, você vai querer?
Eu balanço minha cabeça, olhando para minha xícara de café.
Estou usando toda a minha energia mental para manter a ligação
mental desligada e não vou deixar minha mãe me distrair para outro
encontro com as sereias de Gideon.
Só espero que mamãe não me pergunte como estão as coisas com
Gideon. Maya e Kaleb estão muito felizes com seus companheiros e sua
vida simples com o bando.
Sem intrigas, viagens internacionais, carros esportivos ou rivalidades
políticas sérias. Bem, talvez alguma rivalidade. Lobisomens são um grupo
competitivo.
Meus pais estão realmente fazendo o possível para serem agradáveis e
receptivos, mas estar de volta em casa, no quarto de minha infância,
apenas me lembra de tudo que perdi.
Agora mesmo, embora o vínculo erastai -seja tão forte e irreversível,
não posso deixar de me perguntar se teria sido melhor não encontrá-lo.
Para viver uma vida normal e conhecer um cara que é legal e que eu
poderia amar de uma forma humana normal.
Em vez de tentar ser um lobisomem como as outras pessoas com
quem cresci, e fingir que acasalou dentro da matilha como deveria.
Em vez de conhecer meu Licano erastai -por meio de um trabalho de
limpeza, que fui demitida.
Teria sido muito mais fácil.
Supernatural pode ser interessante e legal de várias maneiras, mas não
está funcionando exatamente para mim agora.
Eu preciso sair desta casa; eu sinto que estou ficando louca.
Eu preciso me afastar do bando onde cresci. Eu preciso não estar
cercado por lobisomens ou Licanos ou sereias ou qualquer coisa assim
por um único segundo.
Eu preciso sair daqui.
Eu sei para onde estou indo.
Vou ver a Sarah. Posso pegar o ônibus para a casa dela daqui.
Layla: Sarah, posso passar por aí?
Layla: Desculpe a mensagem tão repentina Sarah: Claro
Mãe: Acho que você deveria voltar Layla: Tudo bem, mãe
Espero
Mãe: Eu posso ir buscar você ou mando Kaleb Layla: Vou deixar você saber
que meus pais não tentem vir me buscar. Também espero que eles não
corram para Gideon. Ele está trabalhando de qualquer maneira, então
quem sabe se ele ainda verá suas mensagens se eles fizerem isso.
— Você quer ficar aqui esta noite? Podemos pedir pizza. Charlie está
com sua avó.
— Sim, parece ótimo.
Gideon
Gideon vai ficar puto, mas vou ficar na casa de Sarah. Quem vai saber
que estou aqui?
Meus pais sabem onde estou se precisarem. Gideon está trabalhando,
não há necessidade de ele interferir no que estou fazendo.
É tão bom estar na casa de Sarah, sem o drama de ser Lady Archer.
Estamos debatendo qual filme assistir esta noite e atualizando nossas
vidas.
— Então, o que aconteceu com o trabalho do clube de strip depois que
Gideon invadiu e começou a lutar contra as pessoas?
Ela ri.
— Você sabe, eu tinha esquecido que nunca realmente conversamos
sobre isso. Tempos estranhos.
— Tempos tão estranhos.
— Bem, Mama Winn não gostou de ter que apaziguar os banqueiros
na mesa que queriam uma dança sua. Ela teve que dar a todos eles um
monte de bebidas grátis e metade das garotas do lugar dançando para
eles.
— Ela não demitiu você naquele momento?
— Não, querida, é um clube de strip, há brigas lá o tempo todo. Fiquei
e trabalhei lá por alguns meses, o dinheiro era decente, mas o horário era
ruim para alguém com um filho.
— O horário era ruim para qualquer um. eu acho. Acho que algumas
pessoas gostam de trabalhar à noite.
— Sim, eu conheci algumas pessoas interessantes, os dançarinos eram
muito divertidos de se conviver. Camaradagem e tudo, como o que
tivemos com a limpeza.
— Eu não sinto falta da limpeza, no entanto.
— Eu também não. Eu ainda faço alguns turnos por semana em um
bar para continuar trabalhando, mas depois que você me deu aquele
dinheiro, eu quase não o faço.
— Boa! E quando você se formar, há algo no horizonte?
— Comecei a pesquisar, mas não tenho certeza de que direção
gostaria de seguir — É difícil descobrir. Não tenho ideia do que quero
fazer. Fiz um trabalho tirando fotos para a imprensa em uma
conferência, foi divertido.
— Isso soa divertido! Alguém que eu teria ouvido falar que você
fotografou?
— Acho que não. Eu gostava de fazer parte da equipe de imprensa,
mas não sei se gostaria de fazer isso o tempo todo. O que você faz com
uma qualificação em fotografia, sabe?
— Eu acho que começar seu próprio negócio, talvez? E meio difícil
quando você está seguindo Gideon ao redor do mundo, mas é ótimo ter
um teto sobre sua cabeça se quiser configurar seu próprio negócio.
— Sim. Adoraria fotografar para revistas
— Mudança de assunto, mas que tipo de pizza você quer?
— Pepperoni?
— Sim!
Sarah pede pizza em seu telefone e liga a TV.
Nem cinco minutos depois, a campainha toca.
— Isso foi rápido.
— Vou atender, — digo, me levantando para ir até a porta.
Abro a porta para... nada.
— Olá, — eu chamo noite adentro.
Não há resposta. Apenas uma noite tranquila, o sol está quase se
pondo, com uma ou duas faixas rosa e roxas no céu.
Eu olho em volta novamente.
— Tão estranho, não há ninguém aqui.
O entregador está fazendo uma piada cruel com duas mulheres que só
querem uma pizza? Eu olho em volta.
Saio para investigar, descendo as escadas da frente.
Sarah sai e procuramos por nosso entregador de pizza misterioso.
Eu ouço um som farfalhante vindo dos arbustos. Assustador. Deve ser
apenas um gato.
A figura sombria de um homem vestido de preto aparece. E como se
ele estivesse lá o tempo todo e ele simplesmente sumisse de vista.
Sua pele emite um brilho e estou estranhamente atraída por ele. Eu
ando em direção a ele e Sarah segue logo atrás de mim.
Ela agarra meu ombro.
— Você acha que isso é uma boa ideia? — Ela pergunta.
— Ei, senhor, você tem nossa pizza? — Eu digo.
O homem fica parado em silêncio. Qual é o problema dele?
Eu sou um Licano e vou querer minha pizza. Se esse cara não me der,
vou morder ele. Ok, talvez eu não morda ninguém, mas se ele tentar
qualquer coisa, estará em apuros.
Estou começando a ter um mau pressentimento sobre isso. Ele é um
fantasma ou algo assim? Por que ele não está dizendo nada?
Damos mais alguns passos em direção a ele. Não há ninguém por
perto. Está quieto. Já está quase escuro, mas as luzes da rua brilham na
estrada.
O homem sorri para nós e caminhamos mais em sua direção. Eu me
sinto hipnotizada, como se ele fosse magnético ou algo assim. E muito
estranho.
Eu só quero ir até ele, ele é tão atraente, talvez queira dizer oi.
Seus olhos água-marinha são como piscinas em que eu poderia me
afogar, ele é tão bonito. Estou tentando resistir, mas estou atraída por
ele, só quero...
Cinco pessoas saltam dos arbustos.
Sarah grita e meu Licano ruge e eles nos jogam no chão.
Eu não mudei rápido o suficiente e eles me pegaram, me prendendo
no chão.
Eu pego um vislumbre de um de seus rostos enquanto outro perfura
meu pescoço com presas.
Eu congelo em choque e horror.
Eles são lobisomens desonestos ou Licanos? Eu estou prestes a
morrer?
A mordida não dói muito, na verdade, é uma sensação boa, como se
eu estivesse um pouco bêbada.
Essas pessoas não parecem Licanos. Estou começando a cair em um
sonho, é muito estranho, me sinto pesada, como se fosse dormir.
Meu Licano diminui, mais e mais fraco conforme eu escapo. Em
algum lugar no fundo da minha mente, sei que devo lutar, devo tentar
jogá-los fora.
Tento mudar, mas mal consigo me mover. Eu luto tanto quanto meus
membros sonolentos me permitem. Mas estou apenas agitando meus
braços e pernas, a força me deixou.
— Tsss, cuidado, não podemos matá-la. — Eu ouço um deles dizer.
Aquele cujos dentes estão no meu pescoço para e olha para cima.
Posso sentir dormência no pescoço, como anestésico do consultório
do dentista, mas frio, oco.
É neste ponto que eu olho em volta para ver Sarah se beijando com
um deles.
Merdas de sereias!
— -Pegue um quarto!
Sei que é a coisa mais estranha de se dizer, mas estou tão surpreso que
eles estejam sendo censurados enquanto parecemos estar sendo
sequestrados que não consigo evitar.
Merda. Eu não deveria ter dito nada. Eu poderia ter nos dado algum
tempo.
Eles param. Sarah parece atordoada e as sereias colocam fita adesiva
em nossas mãos e pés. Parte do meu cérebro está em pânico, mas não
consigo me levantar e lutar.
Todo aquele treinamento, todo aquele trabalho para me tomar um
Licano mais poderoso, e aqui estou eu, indefesa contra algumas sereias.
Eles nos pegam e nos carregam até uma van, onde nos jogam na parte
de trás.
São sereias, mas então por que uma delas me mordeu? Mal consigo
sentir minha Licana. E como se a vida tivesse sido sugada depois disso.
Me sinto fraca, preguiçosa e tranquila, mas também com uma raiva
violenta. Eu simplesmente não consigo fazer nada sobre isso.
— Sarah, eu sinto muito, eu sinto muito, — eu continuo dizendo.
— Layla, essas pessoas, que porra é essa! — Ela diz, menos perturbada
do que eu poderia imaginar.
— Er, então eu tenho muito o que explicar... elas são sereias, eu acho.
— Sereias? Criaturas míticas que atraem marinheiros para a morte.
— Sim.
— Layla, pode não ser o momento de dizer a você, mas sereias não
existem.
— Odeio quebrar isso com você enquanto você está sendo
sequestrada por eles, mas eles existem. Por que diabos você acha que
estava rolando no chão com um? Eles são irresistíveis.
— Espere, mas tipo, eles estavam me atraindo para a minha morte?
Porque eu não acho que estou morta agora.
— Eles não fazem muito isso hoje em dia. Seria um pouco
perturbador para o transporte internacional. — Internacional... Que
porra vamos fazer, Layla, tenho um filho para voltar, não posso
simplesmente desaparecer!
— Estou tentando pensar.
Estou tentando pensar, mas não há nada em que possa pensar agora.
Não tenho ideia do que fazer a respeito, especialmente quando minha
Licana está tão fraca.
Eu queria ser normal e humana de novo, e agora tudo o que quero são
minhas costas Licanas. Típica.
Se aquela coisa não tivesse me mordido, eu os teria feito em pedaços.
— Layla, eles vão nos matar? — Sarah engasgou, como se ela estivesse
apenas percebendo o perigo da situação.
Estou tremendo, tentando descobrir o que está acontecendo, mas sei
que preciso ficar calma para ela. Tento conectar Gideon com a mente,
mas não consigo nada. Minha Licana está muito fraco.
O que eles fizeram comigo? Os Licanos são realmente poderosos, eu
sei que teria sido capaz de matar cinco ou seis pessoas sem nenhum
problema. Mas essa mordida.
Merda.
Eles devem ser parte vampiros, parte sereias.
As sereias vampiro sobre as quais todo mundo fofoca. Eles estão aqui.
Eles me pegaram e Sarah também.
Tudo faz sentido, é por isso que eles são tão perigosos.
A van nos sacode. Não tenho ideia de para onde estão nos levando. Me
pego rezando para que eles nos levem a algum lugar que Gideon nos
encontre, que venha e nos salve.
O pensamento de que eu poderia morrer me atinge como um soco no
estômago. Posso nunca mais ver Gideon, talvez nunca mais veja minha
família.
O filho de Sarah pode ter ficado ór ão e tudo por minha causa. Nunca
quis colocar minha amiga em perigo.
Eu me sinto tão idiota. Eu queria ajudar Sarah e agora ela está
amarrada na parte de trás de uma van comigo, em nosso caminho sabe-
se lá onde, sequestrada por sereias vampiras.
Como eles me encontraram? Devia ter alguém me observando. Eles
definitivamente não estavam lá para pegar Sarah.
O que eles querem de mim?
Capítulo 21
MELHORES PLANOS LANÇADOS
Layla
Gideon: Apenas me perguntando se você já ouviu falar de Layla Quincy: Não por
enquanto, não Quincy: Está tudo bem?
Gideon: Acho que sim, ela só nunca voltou tarde Quincy: Até que horas?
Gideon: Não muito tarde, provavelmente só estou ansioso Quincy: Se você diz
Gideon: Digamos que o link mental foi bloqueado por uma das partes Gideon: Isso
seria diferente de ser enfraquecido por algum outro motivo?
Gideon: Sim
Serena: Essa é uma pergunta interessante Serena: A resposta curta é Serena: Não tenho
certeza Serena: Provavelmente também depende das pessoas Serena: Se o seu elo
mental for muito forte, você notaria mais Serena: eu acho
Eu faço todos saírem da sala. Eu amo todos eles, mas agora, Gideon e
eu precisamos conversar. Ele não foi honesto comigo, e eu quis dizer pelo
menos parte do que disse a Alistair.
Ele precisa me dizer o que aconteceu entre ele e Quincy. Isso não é
justo. Ele não pode esperar ter um relacionamento real se não for
honesto comigo.
— Layla, o que aconteceu, me conte tudo! — Ele diz, me segurando
perto.
É tão bom estar em seus braços novamente, sentir seu cheiro, sentir
seu corpo duro contra o meu. Eu quero desabar nele e me enrolar com
ele e cair na cama com ele e nunca mais sair.
Eu quero arrancar suas roupas e saltar sobre ele e sentir cada
centímetro de seu corpo no meu.
Este vínculo é tão intenso.
Mas não posso deixar que isso me distraia de ter essa conversa.
— Eu vou, mas primeiro precisamos ter uma conversa sobre você e
Quincy.
— O que? Você ainda está zangada com isso?
Eu me afasto e dou a ele um olhar severo.
Ele recua.
— Olha, com certeza podemos falar sobre isso outra hora. Agora você
precisa me dizer o que aconteceu com você. Você está desaparecida há
dias!
— Sim, e se você não estivesse sendo desonesto comigo, isso nunca
teria acontecido.
Estou muito irritada agora. Gideon vai ter que se explicar se quiser
ouvir sobre Alistair Pembroke.
— Eu preciso que você seja honesto comigo, Gideon. Você precisa me
contar sobre sua coisa com Quincy e por que você não me contou sobre
isso em primeiro lugar.
— Se você apenas tivesse me contado, estaria tudo bem, não posso
ficar com raiva sobre quem você namorou antes de nos conhecermos,
mas posso ficar com raiva por nenhum de vocês me contar.
— Você diz que sou sua erastai, aja como tal!
Gideon parece envergonhado, seu enorme corpo murcha sob a
pressão de minha insistência.
— Sinto muito, Layla, eu nunca quis causar todo esse drama. Foi há
muito tempo, antes que Quincy e Caspian se acasalassem.
— Gostei muito dela, mas nunca foi nada mais do que isso. Nunca tive
coragem de nem mesmo convidá-la para sair.
— Ela estava trabalhando em um café enquanto eu fazia parte da
equipe de segurança do Príncipe Caspian durante sua primeira viagem à
Califórnia. Na verdade, foi nessa viagem que conheceu Quincy.
— Eu não te disse porque nunca realmente me ocorreu fazer isso.
— Mesmo sabendo que Quincy era uma boa amiga minha?
— Sim. Eu só... não pensei que importasse. Ela está com outra pessoa.
Estou com outra pessoa.
— Se não importava, por que não me disse? — Eu digo, agora
torcendo minhas mãos.
Minha frustração está crescendo. Gostaria que Gideon me dissesse o
que quero saber. Especialmente se ele acha que não importa.
— Não foi uma coisa séria. Não foi nem mesmo uma coisa. Tentei
flertar. Ela estava desinteressada. Ela conheceu Caspian e o resto é
história.
Eu olho para ele.
— Tão pouco sério que vocês dois se esqueceram de mencionar isso?
Gideon se senta à minha frente.
Não tenho nenhum problema em pressionar Gideon, apesar de quão
convincente e sincero ele parece.
— Não assim — você sabe o que eu acho do mundo de Quincy. De
uma forma completamente platônica e também ela é meio que minha
chefe.
— Nada nunca aconteceu entre nós. Quando a vi pela primeira vez e
tivemos uma conversa, acho que pensei que havia uma possibilidade de
que ela fosse minha erastai — Oh, então há algo para contar!
— Er... — É constrangedor? Espero que seja constrangedor, Gideon
Archer, porque você vai me contar o que aconteceu.
— Está bem, está bem. Jesus. Eu não sabia que isso era tão importante
para você, esses pequenos detalhes sobre o meu passado — Bem, é.
Então, derrame.
Me sento agora, preocupada em não conseguir ficar de pé se o que ele
diz for pior do que eu imaginava.
— Bem, eu a conheci no café onde ela trabalhava, quando o Príncipe
Caspian decidiu ir para a faculdade na Califórnia. Na verdade, não há
muito mais a dizer do que isso.
— Nos dávamos bem, sempre conversávamos sempre que eu ia lá.
Havia algo interessante e incomum sobre ela. Ela não era como as outras
garotas da faculdade. Você conhece Quincy. Ela é... especial — E muito
bonita? — Meu ciúme estava no limite. Eu odiava ter ciúmes da minha
amiga.
— Claro, mas eu simplesmente gostei de conversar com ela
principalmente. Ela me intrigou.
— Então o que aconteceu?
— É exatamente isso, Layla. Exatamente nada -aconteceu.
Por um momento, Gideon parecia estar se contendo para dizer mais
alguma coisa. Mas, de repente, ele voltou a contar sua história.
— Bem, então ela conheceu Caspian, então eu acho que é alguma
coisa.
— E?
— O fim.
— Obviamente não é o fim, você se esqueceu da parte em que sua
matilha a mantinha como refém.
— Isso foi muito cabuloso. A família de Caspian absolutamente não
apoiava sua presença, e eu deveria manter a paz entre ele e a rainha.
— Deve ter sido estranho para você estar em um campus universitário
como aquele.
Gideon sorriu um sorriso melancólico, parecendo se lembrar daqueles
dias. Ele tinha um passado. Ambos tínhamos. Caramba, eu deveria
acasalar com Kaleb. Mas eu nunca quis Kaleb. Eu nunca dormi com ele.
Eu sabia desde o primeiro dia que ele não era meu companheiro.
— Não passei muito tempo lá, eu estava nos bastidores,
principalmente. Naquela época, era uma novidade estar em uma
universidade moderna. Caspian certamente achou muito divertido. Ele
chamou muita atenção.
A maneira como Gideon pintou o quadro, eu quase podia ver. Me
apoiei nos cotovelos para ouvir mais um pouco.
— Ele costumava ir a todos os lugares com Penny e alguns dos outros
funcionários do palácio, todos fingiam ser estudantes. Eu não acho que
nenhum deles se preocupou em fazer uma única tarefa, — ele diz.
Acho que eles estavam desempenhando muito bem o papel dos
alunos. A ideia quase me fez rir.
— É tão estranho que nunca nos conhecemos. Quincy me apresentou
a alguns membros da gangue do palácio quando ela decidiu dar uma
chance a Caspian.
— Ah, o vínculo erastai -nos pega a todos eventualmente, — ele diz.
Tenho que rir, pensando em como éramos, na primeira vez que nos
conhecemos, neste apartamento.
— Não, acho que não. Pelo menos os dois eram alunos, ela não era sua
empregada.
O rosto de Gideon se suaviza. Se eu não soubesse melhor, diria que
meu comentário o deixou um pouco excitado.
— Existem maneiras piores de encontrar seu erastai, — ele diz, com
um sorriso malicioso no rosto.
— Continue, Gideon. Esperei muito tempo para ouvir isso. — Não
posso evitar o quão chorosa minha voz soa.
Gideon parece frustrado por uma fração de segundo, então se
recompõe para continuar contando a história.
— Foi um pouco estranho, mas você não pode ficar entre erastais eu
não ousaria tentar. A família real é como a minha há muitos anos.
Caspian, como um irmão.
— Nunca foi uma pergunta. Afastar-se de Caspian e Quincy foi uma
escolha fácil.
— Então, Caspian sabia? Quincy? Ah Merda. Espera. Eles sabem
agora?
Nunca me ocorreu que Caspian e até Quincy pudessem não saber.
— Não, bem, nunca conversamos sobre isso.
Presumo que Quincy sabia, mais ou menos, mas nenhum de nós
jamais fez nada a respeito. Não havia nada a ser feito.
— E então seu bando a sequestrou, e eu fui encarregado de liderar a
delegação para resgatá-la.
— Sim, isso foi assustador, quando isso aconteceu. Eu nem sabia que
você estava envolvido, — eu digo.
— Sério, esses alfas são intensos. Foi bastante comovente, na verdade.
— Caspian disse que não conseguia pensar em um homem melhor
para o trabalho, embora, é claro, eu não acho que ele soubesse a extensão
total de como eu... considerava Quincy naquela época.
— Ele é realmente muito fofo, para um Licano real cabeça-quente.
Meu comentário parece despertar uma onda de ciúme que posso
sentir através de nosso link, embora ele pareça estar se esforçando para
esconder isso.
— Eu não sei se fofo é a palavra que eu usaria, — ele diz com um tom
sarcástico.
Ficamos cozinhando em silêncio por alguns minutos.
— Então, nada aconteceu com você e Quincy, mesmo quando você a
resgatou?
— Claro que não! Eu não podia resgatar a pretendente do príncipe
apenas para que eu pudesse estar com ela!
— Pronto, você me disse. Veja, não foi tão difícil, foi? — Eu digo.
— Não foi. Layla, eu deveria ter te contado antes. Eu sinto muito.
Agora podemos falar sobre como você desapareceu?
— Certo.
Aproveito o momento de constrangimento para subir em seus braços.
Eu tenho uma sensação estranha no fundo da minha mente de que
nada mudou, mas estou tão feliz por estar de volta com ele, tão aliviada
por estar em seus braços. Talvez não seja nada, talvez seja apenas por
causa da tensão.
Ele ainda está escondendo algo de mim. O link mental está voltando,
mas ainda está turvo, não tem a clareza que deveria ter.
Ainda sinto que ele não está me levando a sério, como se ele achasse
engraçado ou algo assim, que eu ainda estivesse perguntando sobre ele e
Quincy.
Ainda assim, não tenho mais energia para lutar sobre isso agora. Estou
exausta.
Eu o deixei me abraçar, seus braços fortes em volta de mim,
segurança. Eu respiro seu cheiro e o beijo como se eu nunca o deixasse ir.
Capítulo 26
SONHOS
Layla
Estou correndo.
Sete silhuetas escuras estão me perseguindo.
Está quente e eu sinto o suor escorrer pelo meu pescoço enquanto corro.
Estou perto de arbustos e as pessoas ficam pulando em mim, vestidas de
preto.
Estou me esquivando deles, me esquivando do caminho enquanto eles se
lançam em minha direção.
Estou sem fôlego, minhas pernas estão queimando, não posso correr assim
por muito mais tempo.
Como vou me livrar deles? Eu olho em volta, procurando uma saída.
Eu pulo nos arbustos, apenas para descobrir que ainda estou correndo na
estrada, com as mesmas pessoas pulando em mim repetidamente.
Alguém está parado no final da estrada, brilhando. Eu corro em direção a
eles. Seu olhar é fixo e fascinante.
Estou tão atraída por essa pessoa, parada ali, olhando para mim,
brilhando.
As pessoas pararam de pular dos arbustos em cima de mim e estou quase
lá, tenho que chegar lá, tenho que descobrir quem são.
Eu posso ver agora que é um homem, ele está olhando diretamente para
mim, meus olhos fixos nos dele, não consigo desviar o olhar Eles são poças de
luz e eu tenho que estar lá, ao lado dele.
Eu me aproximo dele como se estivesse sob um feitiço.
-Estou tão perto que posso sentir o cheiro dele. Ele cheira a Gideon.
Estou tão intrigada que não noto os outros nos arbustos.
Alguém se lança contra mim, me derrubando no chão. Eu luto. Eu tenho
que voltar lá.
Eles afundam as presas no meu pescoço. Tento mudar, separá-los, mas
posso sentir a força se esvaindo de mim.
-Deve ser doloroso, mas na verdade é bom, como se eu estivesse
caindo em um sono confortável.
Eu me rendo à mordida, à fraqueza.
Eu acordo com alguém parado perto de mim. Parece que ela está
usando um uniforme de empregada antigo ou algo assim. Uma saia
longa, um avental e um chapeuzinho de pano branco.
Eu a sigo até uma cozinha enorme onde uma equipe inteira de pessoas
vestidas da mesma maneira estão trabalhando, cozinhando, limpando,
lavando.
O que essa mulher quer?
-Estou com tanta fome que dói, e ela me joga algumas sobras.
Espere, isso é estranho. Acho que não sou um humano, acho que estou
andando como um Licano.
Ela acaricia minha cabeça. Eu inclino minha cabeça, tentando ouvir o que
ela está dizendo.
Está barulhento nesta cozinha, as pessoas estão gritando em diferentes
idiomas.
Um homem se aproxima e fala com a mulher, olhando para mim. — Ele
será um adorável animal de estimação para o jovem Mestre, sem dúvida!
Animal de estimação?
Eu não me importo com o que eles querem de mim, contanto que eles me
alimentem.
O homem traz um menino para a sala. Ele deve ter a mesma idade que eu,
uns oito anos.
— Olha, encontramos um cachorro para você! — O homem diz. O
menino parece feliz, então começa a me olhar mais de perto.
— O que é? — diz a mulher. Acho que o menino sabe o que sou. Eu quero
dizer a ele, mas não posso fazer assim.
Eu mudo e a mulher grita, sua boca é um buraco negro redondo.
Eu acordo com um sobressalto, respirando com dificuldade.
— Gideon, acorde. O elo mental está de volta, acho que está de volta,
estou tão aliviada. Eu pensei que tinha perdido, a sereia vampira quando
me mordeu...
Gideon já está acordado, piscando sonolento.
— Você foi mordida por uma sereia vampira? — Ele diz.
Eu tinha esquecido que ainda não tinha contado a Gideon toda a
história sobre ser sequestrada.
Ele me segura perto, estou tremendo e inquieta.
— Está tudo bem, não se preocupe, você está segura. Você finalmente
vai me dizer o que aconteceu?
— Eles nos tiraram da casa de Sarah. Nós tínhamos pedido pizza e eles
deviam estar me seguindo ou algo assim, mas eu não os vi. Eu só queria
ficar longe dos meus pais por um tempo.
— Havia um monte deles agachados nos arbustos, eles pularam sobre
nós. Eu queria mudar, mas eles eram muito rápidos, um deles me
mordeu antes que eu soubesse o que estava acontecendo.
— Senti todas as minhas forças sumindo, era como se meu Licano
estivesse morrendo, pensei que estava morrendo.
— Eles nos levaram de volta para aquele lugar e eu nem sei quanto
tempo ficamos lá, mas então aquele cara veio e eu o convenci de que
estava deixando você e ele deveria me deixar ajudá-lo a te prender.
— Ele deixou Sarah ir porque ela tem um filho. Ele ainda é humano.
— Bem, isso é um alívio, pelo menos, — Gideon disse. — Melhor que
ele ainda seja humano e não tenha conseguido se transformar em algum
tipo de monstro ainda.
Quero contar mais a ele, mas ainda estou abalada, respirando com
dificuldade.
— Calma, você ainda está se recuperando do sequestro, — ele diz, me
puxando para ele novamente.
— Não, não é isso, eu estava no seu sonho Gideon? Quem era aquele
gritando? O que você não está me dizendo?
— Shhh, está tudo bem, sim, eu acho que você estava no meu sonho.
Mudei na frente de um humano uma vez quando era jovem. Não caiu
muito bem, — ele diz, sorrindo.
Soltei um suspiro de alívio.
— Olha, eu não te falei muito sobre minha juventude, falaremos sobre
isso algum dia, eu prometo. Eu nunca vou mentir para você, Layla.
Eu encontro seu olhar.
— Promessa?
— Claro.
Nós nos aconchegamos um no outro.
— Tenho estado muito absorto no meu trabalho, sinto muito. Não
prestei a atenção que você merece, — ele diz.
— Tudo bem. Eu entendo. Eu só... preciso de você, — eu digo. Eu
coloquei minha mão em seu estômago, traçando as linhas de seu
abdômen com um dedo.
Me sinto mal por não ter contado a ele que conheci Alistair Pembroke
antes. Provavelmente é um detalhe importante. Está pesando em mim.
Ele disse sem mentiras. E eu simplesmente não contei a ele um
detalhe importante sobre a coisa toda do sequestro.
— Hoje, precisamos rastrear Alistair Pembroke. Depois vamos sair de
férias, — Gideon diz.
Gideon, sugerindo férias? Este é um novo lado dele. Estou quase
desconfiada.
— Sim, sobre Alistair Pembroke... Na verdade, eu o conheci antes
disso.
— O que? — Gideon parece surpreso.
— Eu vendi a pulseira de Helen para ele.
Capítulo 27
UM PLANO
Gideon