Referenciais Curriculares Da Educacao Infanti
Referenciais Curriculares Da Educacao Infanti
Referenciais Curriculares Da Educacao Infanti
REFERENCIAIS
CURRICULARES PARA
EDUCAÇÃO INFANTIL
PREFEITURA MUNICIPAL DE PONTA GROSSA
1° edição, 2020
MARCELO RANGEL CRUZ DE OLIVERIA
Prefeito Municipal
PSICOLOGIA ESCOLAR
Taís Euzébio Alves
PROJETO GRÁFICO
Luiz Fernando Ribas
ISBN: 978-65-991964-0-9
AV. JINROKU KUBOTA, 2737 - JARDIM PINHEIROS - MARINGÁ - PARANÁ |44| 3046.4585
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N
inguém faz nada sozinho...
Este Referencial Curricular da Educação Infantil foi elaborado com o apoio de muitos
parceiros, os quais foram fundamentais para a (re)construção de conceitos através de
orientações, leituras, correções do documento preliminar, fornecimento de referências e apoio em todas as etapas
da elaboração do texto final.
Nós, da Secretaria Municipal de Educação de Ponta Grossa/PR agradecemos a Fundação Maria Cecilia
Souto Vidigal, nas pessoas de Eduardo Marino, Eduardo Queiroz e Cristine Rosa, pelo compromisso com as
políticas educacionais voltadas para a infância. Sentimo-nos muito honrados em integrar este Projeto.
Agradecemos à professora Claudia Costin, da Fundação Getúlio Vargas, através do CEIPE, pelo seu
engajamento na luta por uma educação pública de qualidade para as crianças e adolescentes do nosso País; a
professora Zilma de Oliveira por compartilhar seus conhecimentos através da mentoria que desenvolveu junto
à equipe técnica da SME e à Beatriz Alqueres pelo suporte, carinho e profissionalismo que sempre demonstrou.
À Fundação Lemann nas pessoas de Felipe Michel Braga e Leticia Biaggioni, agradecemos pela
confiança e indicação de estarmos neste Projeto.
Sharon Lynn Kagan – Teachers College – Columbia University, nosso agradecimento pelo apoio
extraordinário, acolhida e confiança que teve em relação ao nosso projeto, o qual teve como norte a construção de
um currículo voltado para a infância, onde estão presentes novas concepções (olhares), tempos (da criança e da
escola) e atitudes dos docentes e gestores das instituições de Educação Infantil.
Muito obrigada!
D
iferentes áreas do conhecimento, como a psicologia, a antropologia, a sociologia e a
política têm contribuído nas pesquisas e estudos sobre a 1ª infância. Para a elaboração
das diretrizes curriculares municipais para a Educação Infantil (2020), essas áreas
de conhecimento foram revisitadas para definir conceitos, princípios pedagógicos e metodológicos para
o trabalho com crianças pequenas.
Por mais que os termos “criança” e “infância” sejam compreendidos como sinônimos é
importante considerar que assumem conceitos distintos. Os estudos da antropologia e sociologia fazem
uma distinção entre o conceito de criança e infância. Tratam a infância como categoria social que se
altera historicamente e as crianças como atores sociais, nos seus modos de vida.
Portanto, a infância é um conceito social que se altera historicamente no interior de uma mesma
sociedade, é objeto de transformação, em função de variáveis sociais como a classe social, o grupo
étnico, entre outros. Dessa forma, o conceito de infância está diretamente relacionado às formas de
organização social, ou seja, diferentes classes sociais reconhecem papéis distintos à criança.
Isto posto, faz-se necessário compreender que as crianças estão inseridas em um contexto amplo,
no qual a compreensão do conceito de infância está relacionada a uma determinada época, espaço, aos
aspectos políticos, históricos, culturais e sociais que nos possibilitam diferentes visões e compreensões
sobre as mesmas. Outro aspecto a ser considerado é o de que não há uma única infância. Existem
crianças ricas, pobres, negras, brancas, que moram com os pais, avós, tios, amigos, em casas, na rua, em
abrigos, em países diversos, etc.
Nesse sentido, Heywood (2004, p.12), afirma que: “uma infância de classe média será diferente
daquela vivida no seio de uma classe trabalhadora, os meninos provavelmente não serão criados da
mesma forma que as meninas”.
Além desses conceitos é importante conhecer a legislação que regulamenta esta etapa da
Educação Básica, começando pela Constituição Federal de 05 de outubro de 1988, transitando ainda
pelos documentos legais decorrentes desse direito constitucional.
A legislação que trata da Educação Infantil, tanto nos aspectos políticos como pedagógicos, é
resultado das lutas empreendidas por segmentos organizados da sociedade, para convencer autoridades
e administradores públicos, da necessidade de investir na educação de nossas crianças desde bem cedo,
com o objetivo de cumprir aquilo que lhe é de direito.
Os esforços empreendidos para se cumprir esse direito vêm de longo tempo. Podemos dizer,
de forma bem simplificada, que a valorização da Educação Infantil é decorrente de dois fatores: as
transformações no mundo do trabalho, com a inserção da mulher neste mercado e a evolução das ciências
pedagógicas e médicas.
Esse trabalho coletivo precisa ser compreendido como um processo de aprendizagem constante,
tanto na interação adulto-adulto como na ação educativa realizadas com as crianças.
Entendemos que a criança precisa transitar em espaços físicos agradáveis, que possibilitem-lhe
vivenciar sua fantasia e imaginação, enfrentar desafios que instiguem sua curiosidade, sua criatividade
e sua capacidade de invenção.
Nesse sentido, os espaços da instituição infantil devem ser repensados à luz da imaginação e
fantasia da criança, constituindo-se em cenas e ambientes para “pequenas aventuras”, em que os contos,
as canções, os cantinhos de pinturas, de leituras, de sucatas, o baú de fantasias, a banquinha de revistas,
de frutas, a cena de rua, a vitrine da loja, o caixa do banco, a praça, a igreja, sejam reinventados pelas
crianças. Nessas ambiências a criança desenvolve a linguagem e vai estabelecendo relações afetivas e
profícuas com o mundo e compreendendo a realidade.
O educador que aceita o desafio de construir esse mundo mágico, entende o que o poeta
português, Fernando Pessoa, disse: “Grande é a poesia, a bondade e as danças..., mas o melhor do mundo
são as crianças.”
1 Desde o ano de 2001 as crianças de 6 anos estavam no primeiro ano do ensino fundamental.
Como toda proposta pedagógica tem uma história, a Educação Infantil também tem a sua. Por
isso, é importante uma análise histórica da Educação Infantil no Brasil. Tal análise nos aponta diferentes
concepções de infância geradas por características sociais, políticas, econômicas e culturais específicas
de cada época.
Atualmente, a Política da Educação Infantil propõe uma nova visão sobre a educação da criança
de 0 a 5 anos e sobre o espaço em que se dá a educação. Nesse sentido, as instituições de Educação
Infantil se constituem em espaços que contribuem para a construção da identidade social e cultural das
crianças e que ampliam o acesso das mesmas à pluralidade de culturas.
Essa fase da vida da criança é um período fecundo, em que, a interação com as pessoas e com
as coisas do mundo, levam-na a atribuir significados àquilo que a cerca. Este processo faz com que a
criança passe a participar de uma experiência cultural que é própria de seu grupo social, chamada de
educação. Esta participação na experiência cultural não ocorre isolada, ela está inserida em um ambiente
de cuidados, de uma experiência de vida afetiva e contexto material que lhes dá suporte sócioafetivo.
Ademais, a produção teórica na área mostra um avanço cada vez mais significativo de educadores
e pesquisadores, que concebem a criança como coautores do contexto que fazem parte. Assim, o trabalho
na Educação Infantil, não se constitui apenas num processo de transmissão cultural, mas também de
produção e criação de significados. O CMEI é um espaço fecundo para o estabelecimento de relações e
descobertas, tanto por parte das crianças quanto dos próprios educadores.
Este novo perfil é confrontado com a diversidade de profissionais encontrada nas instituições
de Educação Infantil, exigindo ações de formação que levem em conta esta realidade para uma mudança
efetiva da qualidade do atendimento oferecido.
Nesta proposta de trabalho junto aos Centros Municipais de Educação Infantil, a Secretaria
Municipal de Educação, assume a posição teórica de que o desenvolvimento infantil se dá através da
interação da criança com as coisas do seu ambiente, com outras crianças e adultos. Essa postura teórica
exige a organização do trabalho docente de forma que, a criança no enfrentamento às novas experiências,
durante as atividades de exploração, desenvolva sua autoestima, sua capacidade afetiva, a sensibilidade,
o pensamento e a linguagem.
Essa proposta, assentada em princípios explicitados na BNCC ( 2018), exige que o trabalho
pedagógico se organize em torno de três grandes eixos, tendo como núcleo central as interações e
brincadeiras, articuladas com os direitos da criança com seus pares, com os mediadores adultos, com o
ambiente da escola no processo de aprendizagem, como o conhecimento a fim de que tenha assegurado
os direitos de: conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se.
b. Considere que na Educação Infantil, as aprendizagens se dão num complexo de inter-relações entre
diversos aspectos ou áreas do conhecimento;
c. Considere o princípio de aprender que implica que as atividades sejam atrativas, prazerosas e
desafiadoras;
d. Considere a importância que a linguagem tem na formação dos processos cognitivos e da consciência
da criança;
A avaliação não deve se restringir a um julgamento sobre o sucesso e o fracasso da criança, mas
deve servir, principalmente, para reorientar a intervenção pedagógica do professor. Para que a avaliação
possa se constituir em um instrumento voltado para reorientar a prática educativa, ela deve se dar de
forma sistemática e contínua, levando em consideração a iniciativa, a criatividade e a bagagem cultural
da criança.
A avaliação pode se dar através das diversas linguagens: fala, desenho ou escrita, podendo
acontecer de forma coletiva e individual, considerando-se ainda, a caminhada do aluno e observando o
que o aluno já faz sozinho e o que é capaz de elaborar com a ajuda do professor e dos colegas.
As instituições de Educação Infantil são hoje indispensáveis na sociedade. Elas tanto constituem
o resultado de uma forma moderna de ver o sujeito infantil, formas de organização da família e da
participação das mulheres na sociedade e no mundo do trabalho, como também, se constituem em um
importante espaço de “descoberta do mundo” para inúmeras crianças.
A cidade de Ponta Grossa fica localizada na região denominada Campos Gerais, teve sua origem
e seu povoamento ligado ao caminho das tropas, a doação de sesmarias pela coroa portuguesa e pelas
entradas e bandeiras.
A população que compunha os Campos Gerais – PR, até meados do século XVIII, era
composta por índios, brancos e negros. Este é o modo típico de vida inicial dos poucos
povoados que surgem ao longo do caminho de Peabiru, na Serra dos Campos Gerais entre
os rios Tibagi e Iapó, trazido pelos tropeiros, com a vinda dos bandeirantes em busca de
fortuna. (NASCIMENTO, 2012, p.12)
Com a abertura do caminho chamado Viamão que unia a cidade de Vacaria, no Rio Grande
do Sul, passando por Santa Catarina e Paraná (cortando os Campos Gerais), até chegar à feira
de Sorocaba, em São Paulo, muitas fazendas surgiram às margens do Caminho das Tropas e
contribuíram para o aumento da população que levou ao surgimento do bairro de Ponta Grossa que
pertencia a Castro.
Com a chegada da Estrada de Ferro, Ponta Grossa tornou-se um grande centro comercial,
cultural e social. Foi nesse momento que chegaram os imigrantes, que contribuíram para o
crescimento cada vez maior da cidade. No século XX, Ponta Grossa destacou-se com muitas lojas
de comércio, indústrias, escolas, cinemas, teatros, jornais, bibliotecas, entre outros.
Neste cenário a criação dos grupos escolares deu-se pelo projeto de educação dos
republicanos, representando um avanço na educação em relação a outros estados brasileiros. Os
grupos escolares foram construídos a partir da junção de escolas isoladas, as quais eram particulares
e funcionavam nas casas dos professores.
No ano de 1894, passa a funcionar a Escola Alemã, junto à Igreja Luterana que seguia
padrões culturais de seu país de origem, com professores luteranos formados na Alemanha, que
tinham como essência manter e proteger a cultura nos moldes alemães.
No ano de 1906 há a fundação da Escola São Luiz, dirigida pelos padres da Sociedade do
Verbo Divino. As escolas Sant’Ana e São Luiz foram consideradas as primeiras escolas privadas de
Ponta Grossa.
Em 1912, foi inaugurado primeiro Grupo Escolar da cidade, chamado de “Grupo Escolar
nº 2” e mais tarde denominado “Senador Correia”, pela Lei nº 1201 de 28 de março de 1912, o qual
nasceu da fusão de duas escolas isoladas. Foi a única escola oficial do Estado até 1924.
O primeiro Jardim de Infância de Ponta Grossa e uma escola intermediária foram criados
pelo Decreto nº 11, de 04 de janeiro de 1918, o qual funcionou junto ao Grupo Escolar nº 2. Em
Livro Ata do Grupo Escolar Senador Correia da data de 19 de julho de 1918, encontra-se no Aviso
nº 12 a determinação para que a professora D. Clotilde Ribas da Motta assuma a regência da sala
de aula do Jardim da Infância, em substituição a D. Lucia V. Dechandt que assumiria a regência das
salas de aula na Escola Intermediária.
A preocupação com a infância desamparada sempre foi uma constante para os missionários
envolvidos com o movimento espírita que atuam em Ponta Grossa desde o início do século XX. E
foi a Sociedade Espírita Francisco de Assis de Amparo aos Necessitados (SEFAN), segundo Costa
(1995) sob a direção de seu presidente Álvaro Holzmann que funda em 1941, provavelmente a
primeira creche desta cidade, que oferecia meios para que as mulheres pudessem trabalhar fora,
tendo onde deixar seus filhos durante o dia. A creche foi mantida com doações da comunidade e
posteriormente convênios com a LBA e Proamor.
Além dos recursos do Governo Federal e da Prefeitura Municipal, em 1989 foi criado no
governo do Prefeito Pedro Wosgrau Filho, a Zona Azul (Sistema de Estacionamento regulamentado)
com o objetivo de trazer mais recursos para a Fundação Proamor, constituindo assim o sustentáculo
financeiro junto às instituições conveniadas com a Fundação Proamor.
Para cada CMEI foi indicado uma diretora do quadro próprio do Magistério, professoras do
Ensino Fundamental, e os demais funcionários eram todos contratados pela Associação de Apoio aos
Centros de Educação Infantil – APACEI2, a qual mantinha um convênio com a Prefeitura Municipal de
Ponta Grossa para o pagamento de funcionários. O quadro existente na época era de: educador infantil,
com formação em Pedagogia, Normal Superior ou Magistério; atendente infantil com Magistério ou
Ensino Médio, Pedagogia ou Normal Superior; Coordenadora Pedagógica com Pedagogia; Assistente
Administrativa com formação em Ensino Médio; Servente, Cozinheira e Auxiliar de cozinha com o
Ensino Fundamental Completo ou em curso. Quadro esse que permaneceu até o Concurso Público de
2005, para professor de Educação Infantil com Magistério; Assistente de Educação Infantil com Ensino
2 No dia 08 de abril de 2002, foi aprovado o Estatuto Social e a Fundação da Associação de apoio aos Centros de Educação
Infantil com a sigla APACEI, com 30 sócios fundadores.
A partir de 2013, nas duas gestões do Prefeito Marcelo Rangel (2013-2016) e (2017-2020) houve
um aumento significativo da oferta de vagas em Educação Infantil no Município, no intuito de atender à
legislação vigente que coloca a educação Básica no Brasil, com obrigatória, dos 4 aos 17 anos de idade.
Atualmente o cenário das instituições de Educação Infantil da Rede Municipal de Educação é
o seguinte:
A história da Educação Infantil de Ponta Grossas nestes 100 anos apresentou muitos avanços
para a cidade e para a população. Hoje atendemos 100% das crianças de 4 e 5 anos (pré- escolas e
aproximadamente 62% de crianças de 0 a 3 anos (creche).
Art. 208 – “O dever do Estado com a Educação será efetivada mediante a garantia de:
II. Pré-escolas para crianças de quatro a cinco anos de idade”. (EC 059/2009)
• Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (Vol. 1, Vol. 2 e Vol. 3) publicado em 1998,
o qual traz instrumentos e indicadores importantes para a prática educativa.
• Plano Nacional de Educação (PNE), Lei Nº 10.172 de 09 de janeiro de 2001, o qual faz uma análise
da situação atual de oferta e demanda na Educação Infantil, estabelece diretrizes, fixa objetivos e
metas nacionais a serem cumpridas nos dez anos de vigência deste plano.
• Resolução Nº 3 de 3 de agosto de 2005, que define a Educação Infantil da seguinte maneira: Creche
– até 3 anos de idade e Pré-Escola – de 4 a 5 anos de idade.
O Art. 7º...................................................................................................................................
XXV – assistência [...] desde o nascimento até cinco anos de idade em creches e pré-escolas;
• Emenda Constitucional 059 de novembro de 2009 que institui a educação obrigatória dos 4 aos 17
anos.
A Educação Infantil como primeira etapa da educação básica inaugura a educação formal
dos sujeitos. As ciências que investigam como se processa o desenvolvimento da criança, nos últimos
cinquenta anos, afirmam que as primeiras experiências da vida são as que marcam mais profundamente
a pessoa. A pedagogia vem, ao longo do tempo, acumulando considerável experiência e reflexão sobre
uma prática nesse campo e definindo os procedimentos mais adequados para possibilitar às crianças,
interessantes, desafiantes e enriquecedoras oportunidades de desenvolvimento e aprendizagem.
• Criar condições, na escola, para que a criança seja sujeito de aprendizagem, respeitando sua
visão de mundo e sua história individual e social, desenvolvendo sua autonomia a nível moral
e intelectual;
• Propiciar meios de assegurar o trabalho com as áreas de linguagem, dos conhecimentos sociais
e naturais e do conhecimento matemático, possibilitando a construção, apreensão e manuseio
das diferentes formas de conhecimento;
• Possibilitar o acesso e o discernimento das novas tecnologias, como meio para produção e
aquisição de conhecimento;
Obs: a flexibilização dos horários de saída nos CMEIs foi proposta para atender solicitação dos pais.
As crianças cujas famílias estão inscritas em Programas Sociais (bolsa família) e/ou
encaminhadas como medidas de proteção, têm prioridade no atendimento em creche, visando sua
integridade física, emocional, mental e social. Já o atendimento em pré-escola está universalizado
para toda Rede Municipal de Ensino.
Conselho de Classe;
Conselho Escolar.
Sob o ponto de vista das políticas públicas, a formação continuada de professores tem seu
amparo legal na LDBEN 9394/96, ao regulamentar o que já determinava a Constituição Federal de
1988, instituindo a inclusão nos estatutos e planos de carreira do magistério público, o aperfeiçoamento
profissional continuado, inclusive em serviço, na carga horária do educador. Esses horários, segundo a
normativa legal, são reservados para estudos, planejamento e avaliação, com o objetivo de propiciar uma
formação fundamentada na relação entre teorias e práticas, mediante a capacitação em serviço.
Sendo assim, a SME tem como meta incentivar os profissionais da educação do município na
busca permanente de sua qualificação profissional. Isso se dará através dos cursos e oficinas que serão
desenvolvidos em horário de trabalho e fora do horário de trabalho.
Entendemos que essa iniciativa revela aos professores a preocupação da Secretaria Municipal
de Educação em valorizá-los pessoal e profissionalmente. Da mesma forma, como possibilita aos
profissionais da educação oportunidades de desenvolver uma postura reflexiva sobre o processo de
ensino e aprendizagem, direcionando seu olhar na amplitude que o referido processo tem norteado e
ressignificado seu papel enquanto orientador na produção de conhecimento.
• Articular e mediar discussões que possibilitem uma prática reflexiva no ambiente escolar, promovendo
a articulação teoria/prática/teoria visando a melhoria do trabalho pedagógico;
• Possibilitar aos professores que reconheçam a sala de aula e sua prática pedagógica enquanto espaço
de ação e pesquisa;
• Conhecer a Proposta Curricular da SME nos aspectos teóricos, práticos, filosóficos e sociais para
vivenciá-los como garantia de tornar o trabalho docente mais efetivo e consequente;
• Proporcionar espaço para a discussão de temáticas que envolvam a Educação Infantil, em grupos de
estudos, para se promover a reflexão-ação-reflexão da prática pedagógica, construindo assim, uma
verdadeira práxis.
• Metodologias ativas;
• Metodologia de Projetos;
• Literatura infantil;
• Produção de texto;
• Jogos e brincadeiras;
• Arte e educação;
• Gestão escolar;
• Educação Inclusiva;
• Diversidade cultural;
• Musicalização.
4.4.2 Avaliação
A avaliação do plano de formação continuada dos profissionais da Rede Municipal de Ensino
será realizada através de observação, acompanhamento das escolas, relatos orais e escritos, em função
do reflexo das discussões no contexto da escola. Visar-se-á um trabalho coletivo das equipes gestoras
das unidades escolares e da Secretaria Municipal de Educação, no qual será observada a coerência do
trabalho desenvolvido no cotidiano da sala de aula, com a proposta pedagógica da Secretaria Municipal
de Educação.
De acordo com a Resolução nº 05/09 que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Educação Infantil, em seu artigo 6º, definem princípios que orientam a elaboração de propostas
curriculares e pedagógicas:
• Entender a criança como ser completo, total e íntegro, em posição de aprender e de conviver
consigo própria e com os outros no ambiente, de maneira articulada e gradual;
• Compreender a criança como ser completo promovendo um processo educativo que a considere
como foco principal, respeitando-a em suas diferentes linguagens, expressões e capacidade de
criação;
Esses princípios acenam para a compreensão de que o processo educativo só se consolida pela
interação com outros indivíduos. Conforme Vygotsky (1987), as aprendizagens efetivadas constituem
suporte para o desenvolvimento e este abre perspectivas para novas aprendizagens. A interação social
embasa o desenvolvimento e a aprendizagem. A mediação do adulto ou de parceiros mais experientes
nas relações que a criança estabelece no ambiente em que vive possibilita a aquisição da experiência
cultural.
A dinâmica deste processo possibilita a compreensão de que tudo está em correlação, não há
cisão de elementos de maior ou menor importância no desenvolvimento ou na aquisição de aprendizagens.
A infância, segundo Santana (1998), permaneceu no anonimato até o século XII, onde
a representação gráfica da criança com suas características próprias era inexistente nessa época.
Essa visão permaneceu por muitos séculos, onde os cuidados e a educação das crianças pequenas
eram de responsabilidade familiar, principalmente da mãe ou/e de outras mulheres.
Com o Renascimento surgem novas visões sobre a criança e sobre como ela deveria ser educada,
mas somente no século XVII, que aparece o sentimento de infância, até então a passagem da criança
pela família e pela sociedade era insignificante, havendo falta de consciência sobre as particularidades
da infância.
Nesse século Comênio (1592-1670), afirmava que o nível inicial de ensino era o colo da mãe e
deveria ocorrer dentro dos lares. Este elaborou um plano de escola maternal, com materiais pedagógicos
e atividades diferentes que eram realizadas com as crianças de acordo com suas idades, auxiliando-as a
desenvolver aprendizagens abstratas, estimulando sua comunicação oral.
No século XVIII, as crianças eram concebidas como páginas em branco a serem preenchidas,
preparadas para a vida adulta. Oliveira (2002) coloca que, desde a antiguidade, havia estudiosos que
defendiam a ideia da atividade do próprio aluno como propulsora de seu crescimento intelectual e, nesse
mesmo século, há o fortalecimento dessas ideias que substituíam ao que era pensado ser o processo escolar
básico: desenvolvimento de bons hábitos de comportamentos para a internalização de regras morais e
de valores religiosos. Rousseau (1712 -1778) revolucionou a educação do seu tempo ao afirmar que a
criança é um ser singular, diferente do adulto. Essas ideias foram seguidas por Pestalozzi (1746-1827),
que adaptou o método do ensino da época ao nível do desenvolvimento dos alunos. As concepções de
Rousseau influenciaram o pensamento de Froebel (1782-1852), o qual criou o Kiindergarden (Jardim
de Infância) onde as crianças estariam livres para aprender sobre si mesmos e sobre o mundo.
Já no final do século XIX e início do século XX, médicos e sanitaristas orientavam o atendimento
da criança em instituições fora da família. Dois médicos contribuíram para a sistematização de atividade
e o uso de materiais próprios para o trabalho com as crianças, inclusive aquelas com necessidades
educacionais especiais. Um deles foi Decroly (1871 – 1932), que se preocupou com o domínio de
conteúdos pela criança, organizando-os ao redor de centros de interesses em vez de serem voltados para
as disciplinas tradicionais. Numa outra perspectiva, Maria Montessori (1879 – 1952), também médica,
propôs o uso de materiais apropriados como recursos educacionais e valorizou a diminuição do tamanho
do mobiliário.
Na primeira metade do século XX, Freinet (1896 – 1966) defende uma escola em que o aprender
fazendo é um dos pontos principais de sua metodologia. Para ele a escola deveria favorecer ao máximo
a autoexpressão e a participação da criança em atividades cooperativas.
Acompanhar a história da Educação Infantil permite captar o caráter político desse entendimento,
que difere segundo a classe social das crianças, a evolução dos níveis educacionais em cada país, as
concepções sobre os processos de desenvolvimento infantil e sobre o papel da família, da comunidade,
da instituição educacional.
O interesse pela Educação Infantil cresceu a partir de 1970, quando aumentaram os estudos e
pesquisas que associam o desenvolvimento infantil não somente a adequados programas de nutrição e
saúde, mas também a adequadas propostas pedagógicas desenvolvidas com base em teorias educacionais,
psicológicas e sociais.
É possível que a experiência vivida pela Educação Infantil nessa época possa ter gerado um
repensar a respeito do seu conceito e de sua dimensão. Novas formas de conceber a educação e de
contextualizar a criança passaram a solicitar uma discussão que não ocorria nos primórdios dos estudos
sobre o tema, abordando a questão da criança como ser histórico e social sujeito que constrói o próprio
conhecimento.
Com a Constituição Federal de 1988 a Educação Infantil passa a ser dever do Estado e direito
de toda a criança. O Estatuto da Criança e do Adolescente vem contribuir com a construção de uma nova
forma de olhar a criança. A criança é vista como cidadã, sujeito de direitos. Com a aprovação da LDB,
em 1996, a Educação Infantil passa a ser a primeira etapa da educação básica.
A Escola Infantil passa a ser um local de produção e criação de significados, sendo um espaço
para o estabelecimento de relações e descobertas, tanto por parte das crianças quanto dos próprios
educadores.
Segundo Craidy & Kaercher há algumas questões importantes que servem de norte para
esta organização: que tipo de atividades poderemos propor, em que momentos são mais adequadas
e em que local serão melhor realizadas. Isto é, a partir desses pontos devemos pensar e planejar o
espaço e o tempo na Educação Infantil. Sendo assim, o espaço físico será muito importante para o
desenvolvimento integral da criança. Considerando que o “ambiente é composto por gesto, toque,
sons e palavras, regras de uso do espaço, luzes e cores, odores, mobílias, equipamentos e ritmos de
vida” (CRAYDY & KAERCHER, 2001, p. 73).
De acordo com Carvalho (2001) os ambientes infantis devem contemplar os seguintes aspectos:
• Espaços adequados e seguros para que a criança explore seus movimentos corporais (arrastar-
se, correr, pular, puxar objetos, etc.);
• Ambiente que estimule os diferentes sentidos das crianças, em relação a cheiros, iluminação,
sons, sensação tátil, sensação visual, entre outros.
A instituição de Educação Infantil deve ser um ambiente que vai além dos cuidados físicos,
que propicie, sobretudo, condições para que a criança tenha um satisfatório desenvolvimento cognitivo,
físico, social e emocional, pois “... nela se dá o cuidado e a educação de crianças que aí vivem, convivem,
exploram, conhecem, construindo uma visão de mundo e de si mesmas, constituindo-se como sujeitos.”
(OLIVEIRA, 1995, p. 54).
Para que o cuidar e o educar se aconteçam adequadamente faz-se necessário refletir sobre a
importância do atendimento às necessidades básicas do ser humano, já que o mesmo passa por um
processo de desenvolvimento dinâmico, ativo e interativo. Desde que nasce desenvolve várias formas de
comportamentos, utilizando-se de diferentes recursos para se integrar com e agir sobre o meio. Durante
o desenvolvimento a criança experimenta avanços e retrocessos, vivendo-os de modo particular. Nesse
processo é importante a relação com os adultos, com outras crianças e o meio em geral.
Os profissionais que têm a responsabilidade de cuidar e educar crianças de zero a cinco anos,
carregam uma importante tarefa no processo de desenvolvimento infantil, servem de mediadores entre
elas e o mundo que as cerca. Portanto, todos os profissionais que trabalham com a Educação Infantil devem
proporcionar às crianças experiências significativas, que venham a contribuir para um desenvolvimento
sadio. É de suma importância que esses profissionais estejam em constante formação e comprometidos
com a prática educacional de forma que haja confiabilidade e segurança na realização de seu trabalho.
Autores como Piaget, Vygotsky e Wallon defendem a ideia de que o desenvolvimento infantil
acontece através da interação da criança com as coisas do seu ambiente, com outras crianças e adultos.
Concordando com Oliveira (2001), quando se refere que o desenvolvimento humano é tão condicionado
pelo equipamento biocomportamental da espécie, quanto pela operação de mecanismos gerais de
interação com o meio. Durante as atividades de exploração do meio, a criança vai desenvolvendo sua
autoestima, o raciocínio, a sua capacidade afetiva, a sensibilidade, o pensamento e a linguagem.
As crianças que não recebem estímulos ambientais e têm suas atividades exploratórias
restritas, acabam tornando-se inseguras, incapazes de exercitar sua capacidade de raciocínio, apáticas e
desinteressadas.
Na perspectiva de que as crianças precisam ser atendidas em suas necessidades básicas, sob
pena de ter comprometido o seu desenvolvimento integral, o profissional de Educação Infantil tem
um importante papel e uma grande responsabilidade. Cabe a ele o papel de mediador, proporcionando
momentos de atividades livres e orientadas, organizador do ambiente, propiciando recursos pedagógicos
de forma a transmitir à criança segurança para o exercício da autonomia, não a impedindo de expressar-
se e realizar-se de forma completa.
Neste sentido, é necessário repensar a prática pedagógica da Educação Infantil tendo como
referencial básico, as principais necessidades das crianças de zero a cinco anos. A partir deste referencial
é possível conceber a criança como ser altamente competente para construir conhecimentos sobre si
mesmo e sobre o mundo. Basta dar a ela oportunidade de interagir com crianças de todas as idades,
em um ambiente estimulador, pois a criança precisa de parcerias para desenvolver-se. Para que isso se
efetive, apontamos algumas das principais necessidades das crianças dessa faixa etária:
a) Processo de adaptação
É um período que deve ser bem planejado e estruturado, pois é o início e o marco referencial das
relações socioafetivas que ocorrerão no processo de desenvolvimento e aprendizagem. É um período de
conhecimento entre criança-família-educador-comunidade escolar, que pode durar dias ou meses, pois
esse período é único e diferente de criança para criança.
A criança precisa de um período para se adaptar às novas relações que irão surgir. É um
momento de insegurança, medo, ansiedade e, ao mesmo tempo, de descobertas e oportunidades de
Alguns fatores são importantes para esse período, tais como: segurança, satisfação das
necessidades básicas (alimentação, higiene, carinho, entre outros) e estratégias que atenuem a transição
do ambiente familiar para o ambiente escolar. O acolhimento que a unidade de ensino oferece é
determinante para o sucesso desse processo. Além disso, a mediação do professor tem fator fundamental,
pois é ele que introduzirá o aluno no novo grupo.
Manter alguns cuidados também facilita a criança a enfrentar a ansiedade e insegurança, como:
um ambiente calmo e acolhedor, com espaços para os alunos explorarem aliados a um professor que
oferece atenção, carinho e paciência, são elementos que contribuem significativamente para a superação
dessa fase.
• deixar a criança trazer de casa nos primeiros dias, um brinquedo ou um objeto de estimação;
• evitar compensar a ausência dos pais com excesso de proteção, pois a criança poderá se sentir
ainda mais ansiosa;
• incentivar os responsáveis a entregar a criança ao professor, sem que a o mesmo tire a criança
do colo do responsável;
• evitar que o responsável saia escondido da criança, o mesmo deve despedir-se naturalmente;
• informar à família sobre as reações da criança no período de adaptação, para que a mesma
possa colaborar nesse processo.
b) Alimentação
O espaço das refeições é também um espaço educativo, à medida que as crianças desenvolvem
a autonomia, por meio de atitudes como: buscar e levar o prato, limpar a sua mesa, raspar o prato,
utilizar os talheres adequadamente, entre outros. O período de alimentação deve respeitar o ritmo e a
necessidade de cada faixa etária, reservando um tempo maior para as crianças de zero a três anos. Durante
a alimentação, incentivar o consumo de alimentos saudáveis, atitudes de colaboração e organização,
entre outros.
O alimento é um dos principais recursos que o homem utiliza para o seu desenvolvimento,
portanto, deve-se ter um cuidado especial em certas fases da vida para que não ocorra deficiência
alimentar que podem provocar sérias consequências.
Para González (2003), sabe-se que as necessidades nutricionais nos primeiros anos de vida estão
voltadas para o crescimento do corpo, desenvolvimento do sistema muscular, reserva para a puberdade
e para garantir uma boa saúde.
Philippi (2003) vem reforçar esta ideia colocando que nos primeiros anos de vida, é de extrema
importância para o crescimento e desenvolvimento de uma criança, que ela receba uma alimentação
adequada, que possa proporcionar ao organismo a energia e os nutrientes necessários para o bom
desempenho de suas funções e para a manutenção de um bom estado de saúde.
Tanto o lactente quanto a criança maior requerem cuidados nutricionais especiais, visto que é
nesta fase que as influências, como cultura, religião, hábitos alimentares entre outros são solidificados.
Esses hábitos alimentares são mantidos na fase adulta, por isso é importante que os pais, irmãos mais
velhos e outras pessoas que convivem com as crianças ofereçam a estas uma alimentação adequada,
criando hábitos saudáveis.
Dessa forma, podem-se levar em conta dois aspectos em relação à alimentação: o aspecto
educativo e o aspecto relacional. Educativo porque a criança vai adquirindo hábitos alimentares saudáveis
que estarão interferindo no seu desenvolvimento, portanto o trabalho de nutrição na Educação Infantil
não deve se restringir em apenas fazer um cardápio adequado às necessidades nutricionais, mas também
em acompanhar o desenvolvimento dos hábitos alimentares de cada criança. No aspecto relacional, o
horário das refeições é um momento de relações e de aprendizagem entre as crianças, nesses momentos
é fundamental a presença do educador enquanto orientador e referência, ajudando-a sempre que se fizer
necessário.
É papel da unidade de ensino promover hábitos de higiene, contribuindo para a saúde das
crianças. É imprescindível que elas compreendam o porquê da necessidade de atitudes como: lavar as
mãos antes das refeições e após a utilização do banheiro, escovar os dentes após as refeições, entre outras
ações relacionadas.
O trabalho com essa necessidade da criança, não deve ficar restrito a atividades mecânicas;
mas como ricas experiências que devem ser aproveitadas por seu valor pedagógico. É importante que
se considere a higiene dentro desta perspectiva enquanto higiene pessoal, do ambiente, dos brinquedos,
alimentos e utensílios.
A realização de atividades de higiene não é concebida como mera imposição, mas como
atividade necessária a ser reconhecida pelas crianças como benefícios que tais hábitos lhe proporcionam.
No entanto, não basta apenas garantir a vida, é fundamental garantir a vida com qualidade,
respeitando a criança na sua maneira de ser, nas suas aspirações e limitações.
Desde o seu nascimento, o bebê constrói vínculos com as pessoas que lhes são próximas, e que
lhe garantem a sobrevivência, propiciando sua alimentação, higiene, descanso, etc.
e) Sono e repouso
As instituições de Educação Infantil devem reservar um momento do dia para o repouso,
lembrando-se que repouso não se reduz ao ato de dormir, não podendo ser compreendido sempre da
mesma maneira e para todas as faixas etárias, pois as necessidades e o ritmo de sono e repouso variam
de criança para criança, podendo sofrer influências do clima, da idade e do estado de saúde. Portanto,
é necessário organizar atividades alternativas para as crianças que não quiserem ou não conseguirem
dormir.
Isso não significa que o educador deva deixar a criança por muito tempo no vaso sanitário
adaptado e nem a obrigar/forçar para evacuação. Nem sempre é possível para as crianças controlarem
a retenção ou expulsão de seus esfíncteres, repreendê-las por isso pode causar sérios problemas
psicológicos, desde a inibição total, até mesmo um bloqueio que as impedirá de fazer suas necessidades
fisiológicas.
Quando houver resistência da criança em usar o vaso sanitário adaptado é preferível dar um
tempo e deixar este aprendizado para mais tarde.
g) Sexualidade
A sexualidade é parte da personalidade de cada um e está presente na vida de cada ser humano
desde o seu nascimento, surge independentemente da vontade do ser humano.
A boca é a primeira fonte de prazer da criança por onde ela vivencia situações prazerosas de
sugar o seio materno e suas próprias mãos. “O ato de sugar proporciona uma sensação agradável e
relaxante. Posteriormente, com a inevitável exploração de seu próprio corpo, a criança descobre outras
partes que também proporcionam sensações prazerosas. É o que costumamos chamar masturbação
infantil”. (CRAIDY, 2001, p. 15).
Na fase do controle dos esfíncteres, aumenta a curiosidade por seus órgãos genitais, podendo
entregar-se a manipulações por meio das quais pesquisam as sensações e o prazer que produzem.
h) A importância do lúdico
De acordo com Vygotsky, no início da vida, a ação sobre o mundo é determinada pela percepção
dos objetos nele contidos e ao iniciar os jogos e brincadeiras, a criança passa por um novo processo
psicológico, pois começa a simbolizar o mundo. O brincar da criança possibilita a aprendizagem,
facilitando a construção da reflexão, da autonomia e da criatividade, estabelecendo, desta forma, uma
relação entre jogo e aprendizagem.
A criança trata o brinquedo conforme o recebe. Ela inconscientemente sente quando está
recebendo por razões subjetivas do adulto, que muitas vezes, compra o brinquedo que gostaria de ter tido.
É indispensável que a criança se sinta atraída pelo brinquedo e cabe ao adulto mostrar as possibilidades
de exploração que ele oferece brincando, a criança desenvolve seu senso de companheirismo. Jogando
com os amigos, aprende a conviver, a aceitar o sucesso e o fracasso, a compreender as regras, esperar
a sua vez e aceitar o resultado frustrando-se ou motivando-se. A criança quando tem sua curiosidade
despertada por jogos e brincadeiras amplia seus conhecimentos; desenvolve suas habilidades motoras,
cognitivas e/ou linguísticas.
É grande a variedade de brinquedos e também de bibliografias que podem ser utilizadas para
este fim, é importante que o professor conheça os interesses e habilidades de seus alunos, para que ele
possa escolher as atividades e recursos de acordo com eles e com os objetivos que quer alcançar no
processo de ensino e aprendizagem.
Nas brincadeiras as crianças demonstram aquilo que elas gostam e pelo que elas se interessam.
Colocam fatos reais acontecidos no cotidiano da família e da escola, sendo capazes através das
brincadeiras, de tomar decisões. Através dela também se transformam em qualquer coisa ou pessoa
As brincadeiras podem ser realizadas tanto em grupo, como individuais, pois as crianças
necessitam de momentos a sós para refletirem e também deixam sua imaginação fluir, pois a imaginação
é de suma importância para o seu desenvolvimento.
Brincar é mais do que uma atividade sem consequência para a criança pois brincando, ela não
apenas se diverte, mas também recria e interpreta o mundo em que vive. Brincando ela aprende, por
isso, cada vez mais os referenciais teóricos da área da Educação Infantil recomendam que os jogos e
brincadeiras ocupem um lugar de destaque no programa escolar desta etapa da Educação Básica.
O encanto natural de crianças de todas as idades e realidades sociais pelo brincar nos faz utilizar
as brincadeiras nas diferentes áreas do conhecimento.
Observando as crianças, lendo sobre como elas aprendem, buscando formas de tornar mais
significativa e prazerosa sua aprendizagem, podemos nos convencer cada vez mais da importância das
brincadeiras e perceber que elas se constituem na possibilidade de as crianças desenvolverem muito
mais sua cognição. Enquanto brinca, a criança amplia sua capacidade corporal, sua consciência do
outro, a percepção de si mesmo como um ser social, a percepção do espaço que a cerca e de como
pode explorá-lo.
Brincar é tão importante e sério para a criança como trabalhar é para o adulto. Isso explica por
que encontramos tanta dedicação da criança em relação ao brincar. Brincando ela imita gestos e atitudes
do mundo adulto, descobre o mundo, vivencia leis, regras, experimenta sensações.
Antigamente, a brincadeira estava garantida pelo espaço nas casas, nas ruas, nos parques. Hoje
as crianças vêm sistematicamente perdendo o espaço, especialmente para as brincadeiras coletivas. Eram
comuns brincadeiras de corda, bola, bola de gude, pegador e outras, nas ruas e quintais, atualmente elas já
não têm lugar nos condomínios e apartamentos ou não podem ser feitas por crianças que, fora da escola,
têm que trabalhar cada vez mais cedo ou realizar uma enorme quantidade de atividades extracurriculares.
Coincidência ou não, tem sido mais frequente a reclamação por parte dos professores sobre
alunos que não conseguem se concentrar, não param quietos, são desorganizados e desinteressados.
Ainda que sem nenhuma pretensão de fazer uma justificativa formal, podemos pensar que alguns desses
problemas podem diminuir se a escola entender que as brincadeiras devem ser realizadas com frequência
pelas e com as crianças.
Talvez na escola ainda não tenhamos atentado para o fato de brincadeiras e jogos como
amarelinha, pegador, corda terem exercido ao longo da história importante papel no desenvolvimento
das crianças e, por isso, ainda estejam tão distantes dos espaços da Educação Infantil.
O brincar é mais que uma atividade lúdica, é um modo para obter informações, respostas e
contribui para que a criança adquira certa flexibilidade, vontade de experimentar, buscar novos caminhos,
conviver com o diferente, ter confiança, raciocinar, descobrir, persistir e perseverar; aprender a perder
percebendo que haverá novas oportunidades para ganhar. Ao brincar a criança adquire hábitos e atitudes
importantes para seu convívio social e para seu crescimento intelectual e aprende a ser persistente, pois
percebe que não precisa desanimar ou desistir diante da primeira dificuldade.
Brincar exige troca de pontos de vista, o que leva a criança a observar os acontecimentos sob
várias perspectivas, pois sozinha ela pode dizer e fazer o que quiser pelo prazer e contingência do
momento, mas em grupo, diante de outras pessoas, percebe que deve pensar aquilo que vai dizer, que vai
fazer, para que possa ser compreendida. A relação com o outro, portanto, permite que haja um avanço
maior na organização do pensamento do que se cada criança estivesse só.
Através do jogo simbólico, a criança faz uso da imaginação, permitindo que ela se torne capaz
de modificar o significado dos objetos, transformando uma coisa em outra, atribuindo diferentes sentidos
às suas ações.
Nos jogos cooperativos a criança tem a oportunidade de enfrentar e superar desafios, compartilhar,
sem a preocupação de fracassar. Esses jogos reforçam a confiança pessoal e no grupo, estimulando o
desenvolvimento da autonomia, promovendo com isso, a habilidade das crianças de coordenar pontos de
vista, uma vez que o perder ou ganhar são referenciais de aperfeiçoamento de todos.
Por meio dos jogos com regras, as crianças desenvolvem aspectos sociais, morais, cognitivos,
psicomotores e emocionais. Ao criar regras, a criança desenvolve a capacidade de se sentir inserida e
responsável por aquele contexto. Isso implica em tomar decisões, além de desenvolver a autoconfiança
que é essencial para o desenvolvimento afetivo. A responsabilidade de cumprir as regras e zelar pelo seu
desenvolvimento encoraja a iniciativa.
A criança por meio dos jogos vai aprendendo a respeitar o outro e compreendendo que é possível
reinventar regras, desde que seja em comum acordo entre os participantes do jogo.
Todos esses aspectos que consideramos até aqui são essenciais para que a criança aprenda a
qualquer tempo, dentro e fora da escola. Jogos de faz de conta, com regras, dirigidos e cooperativos
são importantes de serem trabalhados no contexto educacional, pois ao mediá-los, significados sociais
• Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com
confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações;
• Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites,
desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem- estar;
• Construir vínculos afetivos com os adultos e outras crianças, fortalecendo sua autoestima
e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação, expressão e integração
social;
• Compartilhar seus conhecimentos e vivências prévias para que possam ser utilizados como
ponto de partida de todo o trabalho pedagógico;
• Perceber que existem diferentes formas de pensar e agir na solução de um mesmo problema;
• Relacionar-se com outras crianças, com adultos, com objetos e com o conhecimento científico
em um ambiente acolhedor e desafiador, favorecendo a troca para o seu desenvolvimento
afetivo, psicomotor, cognitivo, linguístico e social;
Com o objetivo de orientar as práticas docentes para a primeira etapa da Educação Básica
(Educação Infantil) o Referencial da Educação Infantil do Município de Ponta Grossa está pautado nos
seis direitos de aprendizagem propostos pela Base Nacional Comum Curricular ( BNCC) e elaborados
a partir dos princípios: éticos, estéticos e políticos, estabelecidos nas Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Infantil.
A fim de contemplar a BNCC, propõe-se que o Currículo da Educação Infantil seja organizado
por Campos de Experiência.
VII - possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos culturais, que
alarguem seus padrões de referência e de identidades no diálogo e reconhecimento da
diversidade (BRASIL, 2009).
Organizar a escola de Educação Infantil a partir dos Campos de Experiência, significa reconhecer
que as crianças têm em si o desejo de aprender, assim fazendo-se necessário conduzir o trabalho
pedagógico por meio da organização de práticas abertas às iniciativas, desejos e formas próprias de agir
das crianças, e que são mediadas pelos professores, constituindo um rico contexto de aprendizagens
significativas.
O pedagogo espanhol Jorge Larossa ao falar sobre a concepção de experiência assim a define: “A
experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca” (LAROSSA, 2002, p.21).
Desta forma, há que se considerar que o planejamento das práticas pedagógicas deve priorizar às
crianças oportunidades lúdicas que despertem interesse através das brincadeiras, explorações, relações e
descobertas, cuidados, afeto, estímulos adequados e nutrição para que haja o desenvolvimento máximo
das potencialidades do cérebro.
O núcleo central para a organização do currículo em Campos de Experiência, como está proposto
na BNCC, são as interações e brincadeiras.
As interações e brincadeiras são eixos estruturantes das práticas pedagógicas desta etapa da
Educação Básica.
São nas situações de interações e brincadeiras que as crianças vivem experiências nas quais
podem construir e apropriar-se de conhecimentos com seus pares e adultos. Nesse sentido, a produção
do conhecimento está ligada a algo que emerge da experiência, mas que leva em consideração as
singularidades do pensamento e comportamento infantil.
Desta forma, as Unidades de Educação Infantil são espaços privilegiados de convivência onde
acontecem inúmeras interações entre as crianças e as crianças e adultos. Essas interações são necessárias
à construção do conhecimento, pela criança, e ao fortalecimento de vínculos.
É durante as interações que o professor observa as variadas culturas infantis, modos de ser e
conviver das crianças coletando informações importantes para planejar experiências significativas e
enriquecedoras que possibilitem suas mediações.
As interações e brincadeiras são importantes eixos para que as crianças possam se expressar e
desenvolver-se integralmente.
A brincadeira destaca-se como uma prática valiosa para a promoção de múltiplas interações e
favorecimento do protagonismo infantil, através desta linguagem as crianças compreendem os valores,
O ingresso da criança pequena na educação infantil amplia seu universo cultural, uma vez que
o contato com outras crianças e com os adultos de origens e hábitos culturais diversos proporciona
oportunidades de aprendizagem através de brincadeiras e aquisição de conhecimentos sobre diferentes
realidades.
Cabe ao educador ofertar momentos em que a criança participe de situações que envolvam a
relação com outras crianças de faixas etárias diferentes, propiciando a realização de pequenas ações,
para que adquira maior independência, oportunizando à criança a exploração do meio, para que possa
conhecer a si mesma e ao ambiente em que está.
Por isso, pretende-se com essas diretrizes tornar o trabalho pedagógico mais qualitativo do
que quantitativo, explicitar a teoria e embasá-la nos objetivos, conteúdos, na avaliação e nas estratégias
efetivas de ensino e aprendizagem nas escolas infantis.
Entende-se neste contexto, que a educação no município de Ponta Grossa, em sua função social,
deve ter como ponto inicial e final a prática social do sujeito, que possibilita passar do conhecimento
fragmentado de mundo para um conhecimento único, com uma nova postura mental e prática do
conhecimento.
Nesta visão entende-se que a educação se caracteriza como um ato político, pois está ligada à
formação do cidadão para uma determinada sociedade. A consciência crítica é um elemento essencial
e inicial para se chegar à transformação da realidade social e sair da passividade para a ação, onde
professores passam a ser agentes deste movimento humano e democrático.
Sendo assim, os responsáveis pelo processo educativo devem ter clara a ideia de que a escola
não é responsável somente pela transmissão do conhecimento, mas também, pela formação de cidadãos
conscientes e críticos, que compreendem a realidade social em que vivem e atuam para torná-la ainda
mais democrática, justa e menos desigual. É um espaço social que deve valorizar a sensibilidade, a
O trabalho realizado com as crianças da Educação Infantil implica num contexto educativo,
integrando vários conhecimentos e profissionais aptos a essa tarefa.
A base do cuidado humano é compreender como ajudar o outro a se desenvolver como ser
humano. Cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. O cuidado é um
ato em relação ao outro e a si próprio que possui uma dimensão expressiva e implica em
procedimentos específicos. (RCNEI, p.24)
O ato de cuidar está relacionado ao compromisso com o outro, no que se refere às suas
capacidades, necessidades, singularidades, fortalecendo os laços entre quem cuida e quem é cuidado.
O vínculo estabelecido entre o profissional que cuida e a criança que é cuidada, vai muito além
da dimensão afetiva e do cuidado. O profissional deve estar atento aos pensamentos, sentimentos e às
ligações que a criança estabelece com o mundo, favorecendo a ampliação deste conhecimento e de suas
habilidades, proporcionando independência e autonomia às crianças.
Essa Diretriz Curricular baseia-se no princípio de que a aprendizagem ocorre por meio da
participação ativa das crianças, vivenciando situações-problema tanto do meio físico quanto social,
refletindo sobre elas e tomando atitudes diante dos fatos cotidianos. Assim, surge a necessidade de
trabalhar dentro de uma prática pedagógica que valorize a participação da criança e do educador no
processo de ensino e aprendizagem, tornando-os responsáveis pela elaboração e desenvolvimento de um
trabalho transdisciplinar a partir das necessidades apresentadas pelas próprias crianças.
Essa modalidade de trabalho propicia uma prática que considera as diferenças individuais da
criança, viabilizando a formação de crianças autônomas, conscientes, reflexivas, participativas, cidadãos
atuantes, felizes entre outras características. A criança aprende no processo de produzir, de levantar
dúvidas, de pesquisar e de criar relações, que incentivem novas buscas, descobertas, compreensões e
reconstruções de conhecimento.
Segundo Helme & Beke (2005), o currículo deve incorporar tanto a aprendizagem formal, como
a informal, podendo o ensino ser organizado tanto pelo professor por meio do ensino direto, quanto ser
fruto das interações das crianças com os materiais, outras crianças e com adultos”.
Este currículo pode ser oferecido quando se adota um trabalho que vise à superação da
passividade do aprendiz, quando se prioriza a interação entre o conhecimento, o meio e o contexto
social em que a criança está inserida, a construção de significados pela criança através das múltiplas
interações, a aprendizagem em diversas áreas do conhecimento e a formação das diversas competências
das crianças.
Nesta perspectiva o professor passa a ser visto como um pesquisador do próprio trabalho,
alguém que dialoga com a criança e a torna uma pessoa curiosa, assim como o professor as crianças
tornam-se pesquisadoras na sala de aula, aprendem a ter autonomia e a usar o que aprenderam em outras
situações de sua vida.
Esta proposta traz uma nova maneira de pensar a construção do conhecimento na Educação
Infantil, contribuindo na aprendizagem e desenvolvimento da criança de forma significativa e
contextualizada, construindo princípios de autonomia, valorizando os diversos níveis já existentes,
sendo impossível separar os aspectos cognitivos, psicomotores, emocionais e sociais tão importantes no
desenvolvimento infantil. É importante considerar a história de vida da criança, seus modos de viver e
suas experiências socioculturais.
Segundo Barbosa & Horn (2008) os projetos podem ser usados nos diferentes níveis da
escolaridade, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. O que é importante considerar, a priori, é
que cada um desses níveis possui especificidades e características peculiares que os vão distinguir em
alguma medida: com relação ao grupo etário, a realidade circundante, as experiências anteriores dos
alunos e dos professores. Porém, em sua essência, assim como qualquer tema pode ser abordado nessa
perspectiva, também é possível utilizá-lo em qualquer etapa da escolaridade.
Quando se aborda o tema trabalho por projetos, na creche, alguns professores acreditam não
ser possível trabalhar com essa metodologia nas turmas de crianças de 0 a 3 anos, por este trabalho ser
mais voltado aos cuidados com a saúde e higiene, onde as crianças são mais dependentes dos adultos.
Mas para outros professores, os primeiros anos de vida da criança estão marcados por buscas de relações
com as pessoas, objetos e ambientes, numa interação constante, onde se desenvolvem e constroem
aprendizagens, ficando claro que para essa faixa etária também se faz necessário à organização do espaço
pedagógico e do ambiente físico o que é possível através de um trabalho com projetos.
No trabalho com projetos para crianças de creche, os temas surgem da observação sistemática,
da leitura que o professor realiza do grupo e de cada criança. Ele deve prestar atenção ao modo como as
crianças agem e procurar dar significados as suas ações. É a partir dessas observações que vai encontrar
os temas, os problemas, a questão referente aos projetos.
A construção de projetos para crianças de creche pode ter durações diferenciadas, sendo possível
pensar em projetos que dure um dia ou talvez uma semana, isto dependerá do envolvimento do grupo.
O trabalho com projetos na pré-escola nas turmas de 4 e 5 anos se define como uma situação
em que as crianças realizam uma investigação detalhada sobre eventos ou fenômenos interessantes que
se encontram em seu ambiente, já que nesse período são maiores suas motivações, seus sentimentos e
seus desejos de conhecer o mundo, de aprender. Nesse processo o adulto deverá desempenhar um papel
desafiador, apresentando objetos interessantes, bem como ampliando e aprofundando as experiências
das crianças. O fato de elas terem desenvolvida sua oralidade, ter domínio do seu próprio corpo, faz
suas experiências aumentarem cotidianamente, o que possibilita sua participação ativa na construção do
projeto. Esta é uma das diferenças de abordagem com relação ao trabalho com projetos na creche.
O professor deve estar atento para o fato de que as crianças dessa idade tendem muitas vezes, a
querer estudar assuntos que já conhecem, e é papel do professor auxiliá-los ampliando as possibilidades
de conhecerem mais sobre o tema desejado, encontrarem outros pontos de vista sobre o assunto,
construírem desvios e criarem um ambiente que estimule os novos conhecimentos.
Dessa forma para melhor organização da prática pedagógica é importante retomar o que está
explicitado nos fins e objetivos da Educação Infantil visando desenvolver nas crianças, as seguintes
capacidades:
• Explorar e observar o ambiente, interagindo com crianças e adultos, tornando-se cada vez
mais independente e autônomo;
Uma das funções do professor para Freinet é criar um ambiente de trabalho na escola, de
modo a estimular as crianças a fazerem experiências, procurarem respostas para suas necessidades e
inquietações, ajudando e sendo ajudadas por seus colegas e buscando no professor alguém que organize
o trabalho.
Freinet dedicou a vida a elaborar técnicas de ensino que funcionam como canais da livre
expressão e da atividade cooperativa, com o objetivo de criar uma nova educação. Lançou-se a essa
tarefa por considerar a escola de seu tempo uma instituição alienada da vida e da família.
As técnicas Freinet não fazem sentido se vistas isoladamente, compartimentalizada. Elas devem
ser vistas como estratégias e formas de ação que, em conjunto, permitem atingir o objetivo proposto. Cada
uma das atividades têm sentido se desenvolvidas a partir de uma concepção cooperativa de produção.
Cooperativa Escolar: é a forma de organização da classe em que todos têm voz e voto e o voto
do professor tem o mesmo peso que do aluno. A organização do trabalho parte de um contrato
estabelecido entre o professor e os alunos, onde se definem os objetivos, os princípios e os meios
pelos quais o grupo perseguirá suas metas, tornando-se responsáveis por aquilo que decidem. A
partir deste contrato as atividades são realizadas e, em cada uma delas, o espírito de cooperação
deve estar presente. Os membros desta cooperativa se reúnem semanalmente para avaliar o produto
de seu trabalho e verificar se estão caminhando para alcançar as metas previstas. Estas reuniões
têm um redator e um coordenador e nelas, além de se discutir e avaliar as atividades recentes, são
propostas as atividades subsequentes, resolvem-se problemas apresentados pelos membros do grupo
e se discute propostas sobre sua organização administrativa e financeira.
Jornal Escolar: é um suporte que permite a interação regular entre escolas e destas com as
comunidades em que estão inseridas. É o jornal escolar que leva a produção literária e gráfica
(desenhos) dos alunos a seus pais, correspondentes de outras escolas, aos membros da comunidade,
etc. Sua produção é feita de maneira cooperativa e incita a criança a tomar parte ativa na vida
cultural, intervindo na vida escolar e mesmo da comunidade. O jornal é uma reunião de textos livres,
realizados e impressos diariamente. Mensalmente são agrupados e enviados para os assinantes e
correspondentes. Através do jornal os adultos tomam consciência de problemas e atitudes os quais
não davam importância e ajuda na formação das crianças e dos adolescentes, formando um espirito
crítico frente a outros materiais publicados.
O Texto Livre: todo o trabalho do aluno começa sempre nos textos livres, base da Pedagogia
Freinet. Estes são textos realmente livres, na forma e no tema neles as crianças podem expressar
seus desejo e curiosidades a partir de temas que elas elegem como importantes. A produção do
texto livre parte da vontade da criança e se dá no instante em que esta vontade se manifesta sem que
haja um momento previamente escolhido para isso. O texto livre parte de um trabalho individual,
produzido por uma criança partindo de sua vontade e dando voz ao seu pensamento. Em seguida,
a classe escolhe, entre os vários textos produzidos, um que será aperfeiçoado coletivamente, quer
no que diz respeito à verdade do conteúdo, quer na sua forma gramatical e ortográfica. O texto que
depois é dado aos tipógrafos é o resultado do método natural de trabalho, que respeita o pensamento
infantil, mas contribui com seu auxílio técnico, enquanto espera que a criança esteja em condições
de caminhar por si própria e de nos trazer textos e poemas que só teriam a perder com a nossa
O Jornal Mural: ocupa um local de destaque na escola e é onde os alunos expõem suas opiniões,
anseios, críticas e desejos. É composto de uma grande folha de papel ou envelopes (trocada
semanalmente) dividida em três colunas, com os títulos: Eu Proponho, Eu Critico, Eu Felicito.
As contribuições para este jornal são sempre assinadas e discutidas coletivamente sobre todos os
assuntos, sua função é explicitar o que pensam as crianças quanto ao funcionamento da classe e
da escola. É um importante instrumento para que as crianças aprendam a se manifestar, exprimir
opiniões e resolver em conjunto os problemas.
O Estudo do Meio: é uma técnica, um princípio sobre o qual se assenta a Pedagogia do Trabalho.
É o estudo do ambiente em que o aluno vive, incluídos aí o meio físico e social. Os alunos fazem
pesquisas de campo, entrevistas, buscam documentos e compõem um registro (em geral ilustrado)
que descreve o local em que vivem sob seus vários aspectos. Este registro é ampliado sempre que os
estudantes fazem novas descobertas ou observações. A educação é vista como um instrumento que
possibilita a inserção do estudante em seu meio ambiente e possibilita que seja transformador crítico
deste meio.
A Biblioteca: é um local para ser o centro da cultura. Ali estará reunido, além dos livros, um centro
de documentação (documentos produzidos pelos alunos e conseguidos por correspondência ou
na comunidade), canto de leitura, canto da impressora, do material audiovisual, de exposição, de
reuniões e o escritório (com fichas de consulta). Hoje o computador, com a versatilidade que lhe é
peculiar, reúne em várias possibilidades. Documentos, produtos multimídia, trabalho dos alunos,
fichas de consulta, podem todos estar acessíveis no microcomputador.
Os Planos de Trabalho: são atividades elaboradas em conjunto pelo professor e os alunos, no início
do ano, numa reunião de contrato em que o professor apresenta aos alunos o programa que deve ser
cumprido por exigência curricular e sugere que façam um plano dividindo o programa pelos meses
e em seguida partindo em programas semanais. Depois de distribuírem o programa ao longo do ano
os alunos devem planejar as estratégias e o material que deve ser utilizado a cada momento. Esta
escolha livre gera grande motivação para o aprendizado efetivo.
Os Cantos das Atividades: o espaço da escola ou classe é dividido em cantos de trabalho para
atividades específicas. Alguns cantos comportam apenas algumas atividades, outros podem variar,
mas todos eles comportam um número limitado de alunos. Em cada canto há uma mesa ou bancada e o
material necessário fica organizado e ao alcance das crianças. Como os cantos comportam um número
limitado de crianças e são destinados a atividades específicas, seu uso implica no desenvolvimento
da socialização das mesmas tem muitas opções a seu dispor ao mesmo tempo mas por outro lado,
não obrigatoriamente terão sua vontade atendida imediatamente. Isto os levará a descobrir o valor da
cooperação e deverão negociar para ter os seus desejos atendidos. Por outro lado, como o professor
não pode dar atenção a todos os grupos simultaneamente (cada grupo está desenvolvendo uma
atividade diferente e paralela) faz com que os grupos busquem soluções próprias para os problemas
com que se defrontam, desenvolvendo sua autonomia. Além dos cantos o professor deve escolher um
lugar para exposição das produções das crianças.
O educador reconhece na natureza um vasto campo de estudo e percebe que o pátio da escola,
a biblioteca, o parque, as praças próximas e outros locais são também espaços educativos para explorar
o lúdico, a história de vida das crianças, os saberes do mundo contemporâneo, a criatividade, a leitura e
a escrita. Nesse sentido, fica clara a necessidade de oportunizar à criança experiências de aprendizagem,
onde a parte lúdica seja sempre valorizada, acontecendo dentro e fora da sala de aula, pois desta forma,
os conteúdos desenvolvidos serão internalizados de forma significativa e efetiva.
A rotina deve ser flexível e dinâmica levando-se em conta o fato da criança ter em sua essência
a brincadeira e a espontaneidade como forma constante de se relacionar com o mundo, pois o principal
objetivo da rotina se constitui por si só, ela é a sistematização da gama de diversas atividades realizadas
durante o tempo na unidade de ensino e tem enorme importância, já que organiza as práticas pedagógicas
diárias, podendo fornecer ao professor pistas se está caminhando bem ou se é preciso mudar de estratégia.
É de acordo com a avaliação diária da rotina que podemos saber como está a própria prática docente.
O professor deve se pautar desse recurso para se autoavaliar utilizando como referência os resultados
obtidos no dia a dia de sala de aula.
• Espaço de leitura – compreendem livros com e sem palavras, revistas, jornais, fitas de vídeo,
CD, textoteca abrangendo diversidade de gêneros textuais, dentre outros;
• Espaço da criatividade – compreendem sucatas, tinta guache, tintas diversas, pincel, rolinho,
esponja, canetas, hidrocor, lápis de cor, giz de cera, giz pastel, cartolina, papel Kraft, papel
espelho, papel cartão de cores variadas, papel enrugado, argila, madeira, revistas, papeis
variados, tela para pintura, tecidos, cola, fita adesiva, instrumentos musicais, baú de fantasias,
dentre outros;
Outra forma de encaminhar o trabalho nas classes de Educação Infantil é propor o desenvolvimento
de atividades que envolvam a interação com o meio ambiente. Dentre essas atividades destaca-se a horta,
onde cada turma é responsável desde o plantio até a colheita dos legumes, verduras e plantas medicinais,
a fim de desenvolver conceitos de boa alimentação, conservação da natureza e solidariedade.
VI. Tecnologias
Com o grande avanço tecnológico da sociedade, o uso das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) nas unidades de ensino pode proporcionar uma forma prazerosa de aprender.
Para isso é importante que o professor repense suas concepções, entendendo os processos de trocas de
informações e se apropriando de uso das tecnologias, encontrando nestes recursos o enriquecimento do
ambiente de aprendizagem.
O uso de recursos tecnológicos, TV, DVD e computadores, utilizando desenhos, filmes, jogos,
pesquisas que contenham informações sobre questões investigadas nos projetos da turma, podem ser
úteis na compreensão do tema trabalhado.
Levando em consideração que nos dias atuais, os educandos têm acesso fácil à TV, rádio,
computador, internet e outros, o professor é convidado a repensar sua prática, levando em consideração
o contexto atual, as informações que os educandos já possuem e finalidade educativa.
A unidade de ensino tem a função de ser um espaço democrático e envolvente, onde todos
compreendam e compartilhem os direitos e responsabilidades, conquistas entre outros fatores inerentes
à aprendizagem e ao desenvolvimento das crianças. Ao incentivar o envolvimento das famílias, torna-
se um espaço heterogêneo que valoriza as características, os valores, os conhecimentos e as diferenças
culturais, possibilitando aos envolvidos uma aproximação que intensifica a comunicação, tornando estas
relações horizontais e democráticas.
O processo de integração entre unidade de ensino e a família tem início desde o momento
que os responsáveis buscam informações para matricular a criança. Criando um vínculo de confiança
com o ambiente escolar ao conhecerem seus espaços, ao receberem informações sobre as normas
Para que a integração entre a família e a unidade de ensino contribua com a implementação da
proposta pedagógica, é preciso desenvolver ações, tais como:
• Promover a comunicação efetiva entre elas, por meio de murais e quadros de aviso (divulgação
dos projetos desenvolvidos na unidade), troca de dados pelas agendas, informativos, entre
outros;
• Compartilhar os trabalhos desenvolvidos pelo educando, assim como incentivar o acesso da
família à instituição;
• Estimular o envolvimento dos responsáveis e familiares nas atividades e projetos
desenvolvidos;
• Mobilizar as famílias para participarem ativamente das discussões, avaliações e reelaborações
da proposta pedagógica;
• Constituir as Instâncias colegiadas (Conselho Escolar e APF), que são estratégias de interação
e democratização no espaço escolar.
Neste sentido, considera-se que a integração entre família e unidade de ensino é essencial nas
referências existenciais do ser humano. Quanto mais efetiva for a troca entre ambos, mais expressivos
serão os resultados na constituição da identidade individual e coletiva do educando, além de ambos
assumirem seu papel de agentes transformadores da realidade socioeducativa.
No processo de escolarização, ainda hoje há um certo repúdio ao diferente com vista a combater
tais posturas, a diversidade deve fazer parte das propostas pedagógicas das instituições de Educação
Infantil.
Portanto, segundo a Resolução nº 05/09, que trata da diversidade, no seu artigo 8º, parágrafo 1º,
a instituição enquanto espaço educativo deve assegurar:
Neste sentido, a unidade de ensino tem como um dos objetivos o desenvolvimento de uma
postura ética, consciente e coerente das marcas da diversidade nas diferentes áreas do conhecimento e
no currículo como um todo. Buscando a igualdade e equidade racial e cultural em relação à diferença.
Sendo a educação um direito humano, fundamental e, neste sentido, deve estar à disposição de
todos os seres humanos. Assim sendo, as crianças com deficiências também têm direito a ela, direito este
que lhe confere estar juntamente com outras crianças de seu bairro, de sua idade, estudando na unidade
de ensino de sua comunidade, nas mesmas salas de aula que todos frequentam.
As propostas pedagógicas das unidades de ensino devem ter presentes em seus princípios
norteadores o compromisso de promover o acesso ao currículo de qualidade para todas as crianças,
não pode deixar de ressaltar o trabalho pedagógico das crianças com deficiência, transtornos globais de
desenvolvimento (TGD) e altas habilidades/superdotação. De acordo com Oliveira (2010), em relação a
elas, o planejamento das situações de vivências e aprendizagens na Educação Infantil deve:
O espaço da Educação Infantil precisa ser um ambiente repleto de interações, pois a criança se
constitui como sujeito e constrói seus conhecimentos a partir da interação com as pessoas e com o mundo
em que vive, para tanto, precisam ser respeitadas e acolhidas em suas singularidades, favorecendo a
construção de sua identidade bem como da autoimagem positiva de si.
Este núcleo norteador das práticas docentes deve assegurar às crianças os direitos de
aprendizagem. A BNCC (2018) reafirma o que está prescrito nas DCNEIs (2009) reconhecendo a
criança como um sujeito de direitos, que conhece e expressa o seu “mundo” por meio de interações e
7. Campos de Experiência
É a partir da interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituindo um modo
próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida. Na medida em que
vivem suas primeiras experiências sociais, constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os
outros, diferenciando-se e, ao mesmo tempo, identificando-se como seres individuais e sociais (BNCC,
2018).
Por meio de linguagens como: a dança, o teatro e as brincadeiras de faz de conta, as crianças
expressam suas emoções, conhecem seu corpo, seus limites e suas potencialidades.
Neste campo o foco é dar oportunidades para as crianças viverem de maneira criativa, onde
possam fazer experiências com a voz, instrumentos sonoros, materiais plásticos e gráficos diversificados
que alimentam percursos expressivos das crianças na música, no desenho, pintura e modelagem.
Na Educação Infantil é importante promover experiências nas quais as crianças possam falar e
ouvir, potencializando sua participação na cultura oral, pois é na escuta de histórias, na participação em
conversas, nas descrições, nas narrativas elaboradas individualmente, ou em grupo, e nas implicações
A imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças conhecem e das curiosidades que
deixam transparecer. As experiências com a literatura infantil propostas pelo educador, mediador entre
os textos e as crianças, contribui para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação
e da ampliação do conhecimento do mundo (BNCC, 2018).
Escutar e falar não se restringem a um só campo de experiência, mas são atos transversais a
todos os campos, assim cabendo ao professor promover oportunidades para as crianças brincarem com a
linguagem oral e a linguagem escrita, mediando as experiências de forma que elas possam ampliar seus
conhecimentos sobre estas linguagens, sendo estimuladas a criar hipóteses sobre seu funcionamento,
testá-las, e empregar estas linguagens nos contextos em que convive.
EDUCAÇÃO INFANTIL
Outro
Nós
Eu
Nós
Eu
Nós
Eu
Nós
Eu
Nós
Eu
A Constituição Federal de 1988 afirma que a educação, além de ser um direito social, é um direito
público subjetivo. Neste contexto, além da garantia da permanência na instituição escolar, a Constituição
assegura no inciso VII do artigo 206 a garantia do padrão de qualidade desta escolarização.
Na Educação Infantil, dentre outros aspectos envolvidos em sua qualidade, está o modo como se
faz a transição da criança para o primeiro ano do Ensino Fundamental, ponto hoje ressaltado na BNCC.
O processo de transição da criança da Educação Infantil para o Ensino Fundamental possui muitas
fragilidades que precisam ser superadas, pois quase sempre as crianças sofrem uma ruptura brusca que
pouco respeita as suas especificidades das crianças de 5 e 6 anos de idade, interferindo no padrão de
qualidade que deveria ser ofertado a todas as crianças.
Assim, se faz necessário pensar a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental,
em suas dimensões políticas, éticas e estéticas, como uma prática social que inclui o conhecimento
científico, a arte e a vida cotidiana.
São muitos os pontos que desafiam a construção de uma transição harmoniosa da criança da
Educação Infantil para o Ensino Fundamental. Vale ressaltar que as duas etapas da Educação Básica
envolvem conhecimentos, afetividade, saberes e valores, cuidado e atenção, seriedade e riso. A transição
entre estas etapas marca uma passagem importante na vida da criança, que conhece novos professores,
colegas e precisa se adaptar a uma nova escola. Assim, pedagogos e professores podem contribuir para
que esse processo ocorra de uma forma tranquila, não só com os alunos, mas também com as famílias.
Na Educação Infantil, toda aprendizagem acontece através de dois eixos estruturantes: interações
e brincadeiras. Sabe-se que a criança aprende quando brinca e interage com pessoas com as quais
convive. É através da brincadeira que ela aprende com significado e assim a aprendizagem ocorre com
sucesso. Ao entrar no 1º ano do Ensino Fundamental, a criança inicia uma rotina de aprendizagens a
ser avaliada com maior frequência. Porém, as brincadeiras precisam fazer parte dessa rotina onde o
conteúdo sistematizado ganhará mais importância. Professores precisam compreender que é possível
trabalhar conteúdos também de forma lúdica e prazerosa. Na mochila, os brinquedos ainda poderão estar
Sabemos que toda mudança, gera um certo desconforto, assim a equipe gestora precisa pensar em
todas as situações como a acolhida das crianças, o trato com a família, o envolvimento dos professores,
a organização do espaço escolar entre outros. É natural que também os pais demonstrem insegurança e
tenham dúvidas em relação ao desenvolvimento de seu filho, é função da equipe gestora tranquilizá-los.
O Coordenador Pedagógico precisa acompanhar os trabalhos dos professores visando garantir que
o planejamento inicial contemple uma carga horária gradativa, mantendo atividades lúdicas dentro e fora
da sala de aula, recreações livres e dirigidas, leitura de histórias e brincadeiras. Outro fator importante,
está relacionado ao papel que o professor ocupa enquanto mediador durante o processo de adaptação
da criança em uma nova rotina, para que esta, aos poucos exerça com segurança a sua autonomia, pois
trata-se de um processo natural que a criança precisa enfrentar e cabe ao professor respeitar o tempo e o
ritmo de cada uma.
Nesse contexto, as famílias precisam ser acolhidas pela escola, para que sejam sanadas todas as
dúvidas frequentes relativas ao processo de transição e adaptação das crianças a diferentes etapas, bem
como receber orientações em como proceder para auxiliar seu filho nesse processo. Para a realização
de um bom trabalho é necessário que seja realizada no início do ano letivo, uma reunião de pais para
explicar a rotina e como funciona todo o processo de adaptação. Os pais precisam conhecer a rotina da
escola, dos filhos, a estrutura do trabalho, como serão avaliados e os conteúdos que serão trabalhados.
Uma sugestão é elaborar um guia prático de orientação para os pais, com contribuições para que a
transição seja algo tranquilo, pois o apoio da família é essencial para que a criança tenha segurança e
inicie uma nova fase da vida escolar.
Ao final do ano letivo, orienta-se que o portfólio feito ao longo do último período da criança na
Educação Infantil seja um documento enviado para a instituição onde a criança será matriculada no 1º
ano do Ensino Fundamental. Tal prática, permitirá que, ao receber o material, cada professor do 1º ano
poderá comparar os saberes alcançados em diferentes momentos da trajetória vivenciada, elaborar um
planejamento que contemple as necessidades das crianças, acompanhar os progressos de sua turma e
mediar as novas aprendizagens de forma tranquila, efetivando assim, uma transição de qualidade. Esse
trabalho possibilita ainda que familiares acompanhem todo o processo, pois assim poderão auxiliar as
crianças a discutir suas próprias trajetórias.
A equipe gestora, que receberá a criança oriunda da Educação Infantil, poderá acompanhar e
conhecer o desenvolvimento da criança e dessa forma terá, através deste portfólio, maior facilidade para
planejar o processo de formação para os professores que a receberão.
Outro ponto a ser considerado em relação ao processo de transição diz respeito a expectativas
dos educadores referentes ao domínio da língua escrita, tópico que provoca desacordos entre as equipes
da EI e da EF, gerando o confronto de duas posições: ou a EI não trabalha com a língua escrita, ou a EI
deve já alfabetizar a criança.
Segundo as DCNEIs de 2009, documento legal acatado pela BNCC, a Educação Infantil deve ser
espaço de aproximação da criança com a língua escrita de maneira contextualizada, lúdica e tranquila,
processo que terá continuidade no Ensino Fundamental respeitando os níveis conceituais de cada criança
como ponto de partida para um letramento contextualizado.
Entende-se, porém que a escolha metodológica será fator determinante do êxito ou fracasso nesse
processo. Por isso, cabe ao educador proporcionar condições e um ambiente na Educação Infantil que
motive a criança a compreender a função social da escrita e seus significados.
Não basta a criança saber ler e escrever, é preciso também que saiba fazer uso do ler e do escrever,
saber responder às exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente. Assim, o
professor da Educação Infantil deve priorizar uma prática que possibilite à criança folhear livros, realizar
uma leitura a seu modo, brincar de escrever, ouvir histórias, isto é, criar situações que possibilite à
criança estar rodeada de material escrito e perceber seu uso e sua função, mesmo que ela ainda não tenha
aprendido a ler e a escrever de forma convencional. A questão primordial é incluí-la em um universo
letrado, em que a escrita e a leitura de textos, dos mais diferentes gêneros, circulem.
Esse ambiente deverá proporcionar o contato com diferentes tipos de textos existentes nas práticas
sociais vividas pela criança (bilhetes, cartas, cartazes preparados pelas crianças, além de letreiros,
rótulos, embalagens, receitas, parlendas, adivinhas, trava-línguas, entre outros, existentes no ambiente),
de maneira que ela possa interagir com a escrita e perceber seus diversos usos sociais. Esta interação
mediará a compreensão pela criança do sistema de leitura-escrita de forma a efetivar e ampliar sua
comunicação com os que a rodeiam. Assim, a aprendizagem deixa de ser mecânica e cansativa e passa a
ser prazerosa, contextualizada e motivadora.
A avaliação na Educação Infantil tem como objetivo, não apenas constatar avanços ou apontar
dificuldades no desenvolvimento infantil, mas sim subsidiar o trabalho pedagógico, proporcionando a
reflexão docente sobre o caminho percorrido pela criança e o que se faz necessário percorrer.
Neste processo reflexivo é possível ao docente constatar que a avaliação deve ser uma prática
cotidiana e não circunstancial, pois na Educação Infantil a avaliação da aprendizagem e desenvolvimento
não é um processo que possa ser sintetizado em escalas ou notas porque não há “acertos” a considerar,
mas processo a acompanhar e resultados a observar.
A observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano;
Utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos,
álbuns etc.);
A continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas aos
diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação
Infantil, transições no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/
Ensino Fundamental);
Documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças
e os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil;
Neste sentido, a avaliação deve ser vista como uma prática contínua e investigativa que
proporciona ao professor uma melhor compreensão sobre a aprendizagem dos alunos. Avaliar nesse
Com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (2018) seis direitos de aprendizagem
(Conviver, Brincar, Participar, Explorar, Expressar e Conhecer-se), são elencados e devem ser
assegurados para que as crianças aprendam e se desenvolvam junto com seus pares e adultos, tendo
como eixos norteadores as “interações e brincadeiras”. Esses direitos devem ser garantidos nos Campos
de Experiência e contemplados no Parecer Avaliativo.
Para HOFFMANN:
É preciso acompanhar tanto as práticas do professor “[...] quanto as aprendizagens das crianças,
realizando a observação da trajetória de cada criança e de todo o grupo – suas conquistas, avanços,
possibilidades e aprendizagens “(BNCC, 2018, 37).
Os processos de avaliação implicam a coleta de dados, análise e uma apreciação valorativa com
base em critérios prévios, tendo em vista a tomada de decisões para novas ações, pois não se pode
planejar a avalição, as estratégias e as situações utilizadas sem considerar o ensino, as situações ou as
atividades que vamos propor em sala de aula.
Estas ações devem servir para refletir e corrigir ações, redirecionar trajetórias, subsidiar decisões
e formular políticas e planos. Para efetivar-se, então esse processo, cabe um entendimento de caráter
social, político e ideológico da avaliação. Por meio dos diversos registros, feitos cotidianamente pelos
professores (como relatórios, portfólios, fotografias, desenhos, textos, caderno diagnóstico, instrumentos
de sondagem específicos para o segmento creche e pré-escola), é possível evidenciar os avanços e/ou
dificuldades das crianças ocorridos durante o período observado.
Como previsto no art. 31 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96),
na Seção II, Da Educação Infantil, “a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do
seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental”.
Acrescentando ainda que a avaliação segundo a BNCC (2018, p. 37) não tem intenção de seleção,
Para uma melhor percepção da trajetória da criança durante o acompanhamento cotidiano de seu
desenvolvimento, o instrumento de avaliação mais apropriado é o parecer avaliativo.
De acordo com HOFFMANN (2002), o registro da avaliação das crianças deve documentar
e ilustrar a história da criança no espaço pedagógico, ao mesmo tempo que registram a história do
processo de construção do conhecimento pela criança, apontam e sugerem possibilidades de ação para
as professoras e para as próprias crianças.
É importante que o professor crie o hábito de todos os dias fazer pelo menos um registro, pois
isso possibilita um retrato dos passos percorridos na construção das aprendizagens, demonstrando a
importância de cada atividade desenvolvida.
É real que, no dia a dia, o profissional não consiga anotar informações sobre todas as crianças
de uma turma, mas é possível que venha a privilegiar três ou quatro de cada vez e, assim, ao final do
período, tê-la observado e feito anotações de todos os educandos.
Para o processo avaliativo, pode-se organizar diferentes formas de registro, tais como: planos
e materiais referentes ao trabalho pedagógico, relatórios acerca do processo de aprendizagem e
desenvolvimento das crianças e das atividades realizadas, portfólios, fotografias, entre outros.
Para que esta avaliação aconteça, o educador terá que ter os objetivos de aprendizagem explicitados
no planejamento de sua ação pedagógica dentro dos Campos de Experiência (O eu, o outro e o nós,
Corpo, Gestos e Movimentos, Traços, Sons, Cores e Formas, Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação,
Espaços, Tempos Quantidades, Relações e Transformações) e verificar se os direitos de aprendizagem
(Conviver, Brincar, Participar, Explorar Expressar e Conhecer-se) estão sendo garantidos e transparecem
no parecer avaliativo, respeitando as diferenças individuais das crianças.
O Parecer Avaliativo deve ser entregue aos pais, em reunião específica de cada trimestre. Cada
unidade de ensino deve planejar esse momento para que seja realmente significativo, compartilhando
e informando dados que possibilitem uma maior compreensão da aprendizagem e desenvolvimento da
criança.
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Entende o que lhe falam, mas nem sempre faz o que lhe pedem.
Comunica desejos e necessidades utilizando gestos e movimentos, como:
estender os braços pedindo colo, apontar para o banheiro quando sente
vontade de urinar, colocar a mão na barriga para manifestar que está com
fome, apontar para pessoas e objetos, reconhecendo-os.
Ajuda no cuidado com o ambiente e guarda os objetos.
Faz pequenas ações como: buscar, levar, ir, voltar, segurar o copo de água,
tirar o sapato, entre outras.
Manifesta desconforto ao necessitar ser trocado, ao estar com fome ou sono.
Percebe que suas ações têm efeitos nas outras crianças e nos adultos.
Produz sonoplastias.
Interage, expressa-se e comunica-se, por meio da música e por meio de sons
musicais ou não.
Participa de brincadeiras e jogos cantados e rítmicos.
Participa de circuitos.
Reconhece seu símbolo e associa com seu nome, bem como o dos colegas.
Descreve mudanças no ambiente, nos objetos e seres vivos de seres não vivos.
Utiliza lápis, pincel, brocha, carvão, carimbo, modelagem, pintura, giz de cera,
areia, massa para pinturas a dedo, entre outros.
Reconhece a diversidade de produções artísticas, narra e descreve a leitura
de obras de arte.
Reconhece a importância das suas produções e da Arte como um todo.
Descreve brincadeiras.
Utiliza lápis, pincel, brocha, carvão, carimbo, modelagem, pintura, giz de cera,
areia, massa para pinturas a dedo, entre outros, nas produções.
Reconhece esculturas, construções, fotografias, colagens, ilustrações, cinema,
entre outros.
Explora espaços, formas e tamanhos.
Descreve brincadeiras.