FINS DAS PENAS Inês Morais
FINS DAS PENAS Inês Morais
FINS DAS PENAS Inês Morais
O fim da pena é a retribuição - são teorias absolutas porque o fim da pena esgota-se em si mesma, a pena é uma
resposta ao crime.
A pena serve para atingirmos um fim de castigo/recompensação (conforme o autor) pelo mal do crime.
Não interessa como é que a sociedade vai reagir às penas.
Nas teorias retribuicionistas estamos perante uma lógica de punição - ideia de compensação da exata medida do
crime
A culpa é a medida da pena - a pena não pode ultrapassar a culpa. A culpa é o limite máximo a ter em conta
aquando da aplicação da pena
O artigo não consagrada uma conceção pura de restituição na medida em que de acordo com o preceito a pena
pode ficar abaixo da culpa, um retribucionista dirá sempre que a pena deve corresponder à medida da culpa
Estas conceções têm o mérito da ressalva do princípio da culpa em princípio absoluto de toda a aplicação da pena
Críticas:
- Esta lógica de retribuição não oferece nenhum critério para determinar materialmente o que merece
retribuição;
- Mesmo admitindo que isto é uma finalidade válida para o fim da pena, é duvidoso que caiba ao Estado a
aplicação desta. Onde está a legitimidade do Estado para tal?
Entendem que os fins das penas já não se dirigem para o passado mas sim, para os efeitos que estas vão ter no
futuro. São sempre teses preventivas - querem prevenir algo.
Finalidade construtiva da sociedade
Justifica-se a pena pela intimidação dos cidadãos relativamente à violação da lei penal.
Mensagem que se visa transmitir à sociedade à custa do arguido
O espirito dos potenciais criminosos (toda a sociedade) pode ser influenciado pela introdução de uma ameaça:
“atenção que se praticarem o crime acontece-vos isto”. A aplicação da pena serve depois para confirmar a ameaça
feita e mostrar que a mesma se cumpre à restante sociedade.
- Violação do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana - Kant: tratar a pessoa como fim e não como meio.
Isto porque estamos preocupados com os efeitos que vão surgir na sociedade e, para tal, instrumentaliza-se o
ser humano.
Procura corrigir a pessoa através da pena de modo a que ela possa reintegrar a sociedade.
Se se tratar de uma pessoa que não se dá à correção, vamos “intimidá-la” de modo a que não volte a fazer.
E, se não se intimidar, vamos neutralizá-la.
O grande objetivo é a intervenção sobre o cidadão delinquente, através de uma espécie de coação psicológica,
inibindo-o da pratica de crimes ou eliminando nele mesmo a disposição para delinquir.
Divide-se em 2 perspetivas:
Críticas:
- Não oferece um critério material para definir quem é que precisa de reintegração ou intimidação.
Como é que determinamos então quem é que precisa?
- Como não oferece critério material, pode conduzir-nos a condenar o que é diferente e não, o que é criminoso.
O direito penal e o seu exercício pelo Estado fundamentam-se na necessidade estatal de subtrair à disponibilidade
de cada pessoa o mínimo dos seus direitos, liberdades e garantias indispensável ao funcionamento da sociedade, à
prevenção dos seus bens jurídicos essenciais; e a permitir assim, a realização mais livre possível da personalidade
de cada um enquanto indivíduo e membro da comunidade. Assim também é quanto à pena criminal - na sua
ameaça, aplicação concreta e execução efetiva.
No entanto, esta medida óptima de prevenção não fornece ao juiz um quantum exato de pena. Abaixo do ponto
óptimo ideal outros existirão em que aquela tutela é ainda efetiva e consistente e onde portanto a pena concreta
aplicada se pode ainda se situar sem que perca a função de tutela dos bens jurídicos.
O limiar mínimo - chamado de defesa do ordenamento jurídico - abaixo do qual não é comunitariamente
suportável a fixação da pena sem pôr irremediavelmente em causa a sua função de tutelar bens jurídicos.
Pode assim dizer-se que, é a prevenção geral positiva que fornece a moldura de prevenção dentro de cujos limites
podem e devem actuar considerações de prevenção especial e não a culpa, como tradicional e ainda hoje
maioritariamente se pensa.
Assim, dentro da moldura concedida pela prevenção geral positiva ou de integração - entre o ponto óptimo (ponto
em que do ponto de vista da prevenção geral positiva ficariam optimamente restabelecidas as expectativas da
comunidade) e o ponto ainda comunitariamente suportável da medida de tutela de bens jurídicos (abaixo desse
limite mínimo não se está defender o ordenamento e a confiança neste) - devem atuar pontos de vista de
prevenção especial, sendo estes que vão determinar, em última instância, a medida da pena.
A culpa não é fundamento da pena, mas constitui o seu pressuposto necessário e o seu limite inultrapassável
- limite inultrapassável por quaisquer considerações ou exigências preventivas.
Assim, a função da culpa, inscrita na vertente liberal do estado de Direito é a de estabelecer o máximo de pena
ainda compatível com as exigências de prevenção da dignidade da pessoa humana e de garantia do
desenvolvimento da sua personalidade nos quadros próprios de um Estado de Direito Democrático.
É, por esta via, constituindo uma barreira intransponível ao intervencionismo punitivo estatal e um veto
incondicional aos apetites abusivos que ele possa suscitar.
A legitimidade da pena repousa substancialmente num duplo fundamento - o da prevenção e o da culpa
A pena só seria legítima quando é necessária de um ponto de vista preventivo; a culpa é pressuposto indispensável
e limite inultrapassável da pena, não se tornando necessário turvar a limpidez da natureza exclusivamente
preventiva das finalidades da pena.
Toda a pena que responda adequadamente às exigências preventivas e não exceda a medida da culpa é
uma pena justa!
Concluido:
3. Dentro desde limite máximo ela é determinada no interior de uma moldura de prevenção geral de integração,
cujo limite superior é oferecido pelo ponto óptimo de tutela dos bens jurídicos e cujo limite inferior é
constituído pelas exigências mínimas de defesa do ordenamento jurídico
4. A medida da pena é encontrada em função das exigências de prevenção especial, em regra positiva ou de
socialização, excepcionalmente negativa e de intimidação
Diz que a culpa não interessa enquanto fundamento, mas ao ser questionado como é que se estabelece o limite
mínimo da prevenção iríamos perceber que na verdade, se baseia na medida da culpa.
A situação da culpa estar abaixo do limite mínimo da moldura de prevenção geral nunca há de acontecer porque
esta, em condições normais, descerá esse limite até à medida da culpa.
A professora não aceita a ideia de que abaixo do limite mínimo de defesa do ordenamento não se pode passar
Não aceita o pressuposto de que o fundamento da pena é apenas a prevenção - para além desta, a culpa também o
é.
O porquê da pena não pode ser explicado pela prevenção. Não é possível desvincular a ideia de pena da ideia de
culpa - existe uma relação forte entre pena e culpa
Defende o imperativo de que a medida da pena é fixada também em função da medida da culpa. O que então quer
dizer que a culpabilidade não funciona apenas como limite na sua relação com a pena, mas desde logo como
elemento integrador na sua medida (para além do seu fundamento).
O que quer dizer que quer a prevenção quer a culpa podem funcionar como princípios restritivos:
Se o limite mínimo de defesa do ordenamento (lógica do prof FD) for verificado, mas se chegar à conclusão que a
culpa do arguido é mais baixa, então a pena também terá de ser mais baixa.
São ambos fundamentos por isso se a culpa for mais baixa do que o limite mínimo de defesa do ordenamento
então é a culpa que determinará a pena e não o limite mínimo