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Decisão 03

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:: 4380969 - eproc - :: 21/12/2021 21:08

Poder Judiciário
JUSTIÇA ESTADUAL
Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins
PLANTÃO DE 1ª INSTÂNCIA

MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL Nº 0011959-88.2021.8.27.2722/TO


AUTOR: LUCIA IHARA
RÉU: REITOR DA UNIRG - FUNDAÇAO UNIRG - GURUPI
RÉU: FUNDAÇAO UNIRG

DESPACHO/DECISÃO

Trata-se de Mandado de Segurança em caráter liminar, impetrado por


LÚCIA IHARA, contra ato tido como ilegal perpetrado por SARA FALCÃO DE
SOUZA, ocupante de cargo não declarado na inaugural na FUNDAÇÃO UNIRG.
Partes qualificadas.

A impetrante alega ser médica, formada pela UNIVERSIDAD


PRIVADA FRANZ TAMOYO - UNIFRANZ, tendo concluído sua formação no
ano de 2019, conforme comprova pela juntada do diploma de graduação abaixo
colacionado.

Busca obter revalidação do diploma de medicina, pelo trâmite


simplificado, porquanto a Universidade de formação possui acreditação no
ARCOSUL.

Afirma que a ACREDITAÇÃO DO ARCO-SUL passa por um


rigoroso processo de verificação pelos membros do conselho responsável pela
emissão do certificado de acreditação, que começa antes da data de publicação
final, todavia a contagem da acreditação se inicia com o início dos trabalhos do
conselho. No caso em tela a ACREDITAÇÃO da UNIFRANZ se dá de 2018-2024,
conforme documento anexo.

Aduz por fim, que a Resolução que trata do tema é taxativa ao


estabelecer que a revalidação de diplomas poderá seguir a tramitação normal ou a
simplificada, mas que a impetrada optou pela tramitação normal. Tal ato na sua
conta é abusivo e ilegal.

Alardeou o seu direito e ao final postulou em caráter liminar:

https://eproc1.tjto.jus.br/eprocV2_prod_1grau/controlador.php?…rigem=acessar_documento&hash=e23fd52e4449229e19cd448d5b6b5740 Página 1 de 6
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1. Seja deferida a tutela de urgência “inaudita altera pars” determinando que a


requerida seja compelida a reconhecer o direito da IMPETRANTE à
tramitação simplificada do seu processo de revalidação de diploma de
medicina, com o recebimento da documentação e devido processamento e
apostilamento no prazo legal de 60 dias, nos termos do parágrafo 2º do art.
11. Da Resolução nº3/2016 do MEC.

2. Seja fixada multa diária no montante de R$ 1.000,00 (mil reais) à


AUTORIDADE COATORA bem como ao servidor que descumprir esta
ordem, em favor dA IMPETRANTE;

3. A notificação da IMPETRADA para que preste informações, no prazo de 10


(dez) dias;

4. Ao final [...].

SEGUE DECISÃO.

Como se sabe, em sede de análise sobre medida liminar em mandado


de segurança, por se tratar de cognição meramente sumária e não exauriente é de se
exigir do Magistrado a análise tão somente quanto à presença da plausibilidade do
direito alegado (fumus boni iuris) e do perigo da demora da prestação da tutela
jurisdicional (periculum in mora).

A concessão de medida liminar em sede de mandado de segurança,


uma vez presentes ambos os requisitos encontra assento tanto na doutrina
constitucionalista, quanto no próprio texto da lei regente da referida ação
constitucional.

O objeto do Mandamus é a revalidação simplificada de Diploma


Médico Graduado no Exterior. A respeito do tema, a Lei n. 9.394, de 20 de
dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB)
estabelece que os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando registrados,
terão validade nacional como prova da formação recebida por seu titular.

Especificamente sobre a validade dos diplomas de graduação obtidos


no exterior, dispõe que deverão ser revalidados por universidades públicas
brasileiras que tenham curso do mesmo nível e área ou equivalente (art. 48, § 2º).

O procedimento adotado recebeu regulamentação da Câmara de


Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, por meio da Resolução
CNE/CES n. 1, de 28 de janeiro de 2002 e suas alterações (Resolução CNE/CES n.
1/2007 e Resolução n. 7/2009).

A revalidação de diploma de graduação por universidade pública


segue o disposto na Resolução CNE/CES n. 3, de 22/06/2016, que estabelece o
respectivo procedimento. Vejamos:

https://eproc1.tjto.jus.br/eprocV2_prod_1grau/controlador.php?…rigem=acessar_documento&hash=e23fd52e4449229e19cd448d5b6b5740 Página 2 de 6
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Art. 1º Os diplomas de cursos de graduação e de pós-graduação


stricto sensu (mestrado e doutorado), expedidos por instituições
estrangeiras de educação superior e pesquisa, legalmente
constituídas para esse fim em seus países de origem, poderão ser
declarados equivalentes aos concedidos no Brasil e hábeis para os
fins previstos em lei, mediante processo de revalidação ou
reconhecimento, respectivamente, por instituição de educação
superior brasileira, nos termos da presente Resolução.

Parágrafo único. Os processos de revalidação e de reconhecimento


devem ser fundamentados em análise relativa ao mérito e às
condições acadêmicas do programa efetivamente cursado pelo(a)
interessado(a), levando em consideração diferenças existentes entre
as formas de funcionamento dos sistemas educacionais, das
instituições e dos cursos em países distintos.

Art. 7º Os(As) candidatos(as) deverão apresentar, quando do


protocolo do requerimento de revalidação, os seguintes documentos:

I – cópia do diploma, devidamente registrado pela instituição


estrangeira responsável pela diplomação, de acordo com a legislação
vigente no país de origem, e autenticado por autoridade consular
competente;

Art.11. Cursos estrangeiros cujos diplomas já tenham sido objeto de


revalidação nos últimos 10 (dez) anos receberão tramitação
simplificada. § 1º A tramitação simplificada deverá se ater,
exclusivamente, à verificação da documentação comprobatória da
diplomação no curso especificada no art. 7º, observado o disposto no
art. 4º, desta Resolução, prescindindo de análise aprofundada ou
processo avaliativo específico. § 2º Caberá à universidade pública
revalidadora, ao constatar a situação de que trata o caput, encerrar o
processo de revalidação em até 60 (sessenta) dias, contados a partir
da data do protocolo do pedido de revalidação. Art. 12.
Diplomados(as) em cursos de instituições estrangeiras que tenham
obtido resultado positivo no âmbito da avaliação do Sistema de
Acreditação Regional de Cursos de Graduação do MERCOSUL
(ARCU-SUL) terão a tramitação de revalidação idêntica ao disposto
no art. 11 desta Resolução.

Art. 13. Estudantes em cursos estrangeiros que obtenham certificados


ou diplomas por meio do Programa Ciências sem Fronteiras terão
seus diplomas e/ou estudos revalidados conforme o disposto no art.
11 desta Resolução.

Exigências semelhantes se vê na Portaria Normativa nº 22/2016 do


Ministério da Educação:

https://eproc1.tjto.jus.br/eprocV2_prod_1grau/controlador.php?…rigem=acessar_documento&hash=e23fd52e4449229e19cd448d5b6b5740 Página 3 de 6
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Art. 11. Os diplomas de graduação obtidos no exterior serão


revalidados por universidades públicas brasileiras, regularmente
credenciada se mantidas pelo Poder Público, que tenham curso
reconhecido do mesmo nível e área ou equivalente. Art. 12. Os
requerentes deverão instruir os pedidos de revalidação com os
seguintes documentos:

I - cópia do diploma; (...) § 1o Os documentos de que tratam os


incisos I e II deverão ser registrados por instituição estrangeira
responsável pela diplomação, de acordo com a legislação vigente no
país de origem, apostilado no caso de sua origem ser de um país
signatário da Convenção de Haia (Resolução CNJ no 228, de 22 de
junho de 2016, do Conselho Nacional de Justiça) ou autenticado por
autoridade consular competente, no caso de país não signatário

Da Tramitação Simplificada.

Artigo 16. A tramitação simplificada deverá se ater, exclusivamente,


à verificação da documentação comprobatória da diplomação no
curso, na forma especificada no Artigo 9º desta Resolução, e
prescindirá de análise aprofundada ou processo avaliativo específico.

Artigo 18. A tramitação simplificada aplica-se:

b) - aos diplomas obtidos em cursos de instituições estrangeiras


acreditados no âmbito da avaliação do Sistema de Acreditação
Regional de Cursos Universitários do Mercosul - Sistema Arcu-Sul;

Art. 19 - A tramitação simplificada dos pedidos de revalidação de


diplomas aplica-se, exclusivamente, aos casos definidos nesta
Portaria e na forma indicada pela Resolução CNE/CES nº 3, de 2016.
Art. 20 - A tramitação simplificada deverá se ater, exclusivamente, à
verificação da documentação comprobatória da diplomação no curso,
na forma especificada na Seção I do Capítulo.

III desta Portaria, e prescindirá de análise aprofundada ou processo


avaliativo específico.

Art. 21 - A instituição revalidadora, em caso de tramitação


simplificada, deverá encerrar o processo de revalidação em até
sessenta dias, contados a partir da data de abertura do processo.

Art. 22 - A tramitação simplificada aplica-se:

I - aos diplomas oriundos de cursos ou programas estrangeiros


indicados em lista específica produzida pelo MEC e disponibilizada
por meio da Plataforma Carolina Bori;

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II - aos diplomas obtidos em cursos de instituições estrangeiras


acreditados no âmbito da avaliação do Sistema de Acreditação
Regional de Cursos Universitários do Mercosul - Sistema Arcu-Sul;

III - aos diplomas obtidos em cursos ou programas estrangeiros que


tenham recebido estudantes com bolsa concedida por agência
governamental brasileira no prazo de seis anos; e

Conclui-se dos dispositivos acima transcritos que a tramitação


simplificada deverá observar, exclusivamente, a verificação da documentação
comprobatória da diplomação no curso, prescindindo de análise aprofundada ou
processo avaliativo específico, consoante a redação.

A Impetrante apresentou Diploma de Médico expedido em


08/05/2019 pela Universidad Privada de Franz Tamayo de Bolívia (DIPLOMA5).

A acreditação do ente está no corpo da inaugural (INI1).

Por fim, comprovou o requerimento de revalidação.

Nesse contexto, numa análise não exauriente o Magistrado pode


compelir o Impetrado a efetivar pleiteada REVALIDAÇÃO do Diploma na forma
simplificada.

A comprovação do preenchimento dos requisitos legais consubstancia


o fumus boni iuris. O periculum in mora, por sua vez, na urgência que o caso
reclama, haja vista ser o diploma reconhecido no Brasil, o passaporte para a
efetivação de trabalho.

POSTO ISSO, POR COEXISTIREM O FUMUS BONI IURIS E


O PERICULUM IN MORA, DEFIRO, a SEGURANÇA EM CARÁTER
LIMINAR.

DETERMINO que a Impetrada proceda ao processo de


REVALIDAÇÃO do Diploma objeto deste Mandamus na forma simplificada com
o recebimento da documentação e devido processamento e apostilamento, a se
concretizar no prazo máximo de 60 dias, nos termos do parágrafo 2º do art. 11. Da
Resolução nº3/2016 do MEC.

Em caso de descumprimento da ordem, arbitro multa diária no valor


de R$ 300,00 (trezentos reais) cujo limite estipulo em R$ 5.000,00 (cinco mil
reais).

Notifique a IMPETRADA para que preste informações, no prazo de


10 (dez) dias;

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Intime-se o Ministério Público, para manifestação na condição de


custus legis.

ESTA DECISÃO SERVIRÁ COMO MANDADO.

Intime-se. Cumpra-se.

Documento eletrônico assinado por FABIANO GONCALVES MARQUES, Juiz de Direito, na forma do
artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Instrução Normativa nº 5, de 24 de outubro
de 2011. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.tjto.jus.br, mediante o preenchimento do código verificador 4380969v3 e do código CRC
e54b5dc4.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): FABIANO GONCALVES MARQUES
Data e Hora: 20/12/2021, às 19:4:2

0011959-88.2021.8.27.2722 4380969 .V3

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