O Texto Narrativo
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O Texto Narrativo
1.1.CATEGORIAS DA NARRATIVA
1.1.1.Na acção
2. A delimitação:
a) Acção fechada (a acção e o destino das personagens são resolvidos até
ao pormenor);
b) Acção aberta (não se apresenta a solução definitiva para o destino das
personagens);
3. As sequências narrativas:
a) Situação inicial (apresentação);
b) Peripécias e ponto culminante ou clímax (desenvolvimento);
c) Desenlace (conclusão);
4. A organização das acções ou sequências narrativas:
a) Por encadeamento (ordenação cronológica dos acontecimentos);
b) Por encaixe (introdução de uma acção numa outra acção que estava a
ser narrada e que depois se retoma);
c) Por alternância (desenrolar alternado das acções, que se podem unir
em qualquer momento da narrativa).
Texto de apoio elaborado pelo Professor de Língua Portuguesa do Colégio Académico Prestígio
Luís Chinai
1.1.2.Nas personagens:
1.O relevo:
2.A composição:
4.a função:
1.1.3.No espaço:
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Luís Chinai
2. O espaço social: o meio social a que pertencem ou em que se
encontram as personagens;
3. O espaço psicológico: espaço interior, onde se encontram o
pensamento e as emoções das personagens.
1.1.4.No tempo:
1.1.5.No narrador:
1. A presença:
a) Narrador participante (narrador que participa nos acontecimentos,
como personagem principal ou secundária – narração feita na 1.ª
pessoa);
b) Narrador não-participante (narrador que não participa nos
acontecimentos – narração feita na 3.ª pessoa);
2. A posição:
a) Narrador objectivo (imparcial, não toma qualquer posição
relativamente às personagens e aos acontecimentos);
b) Narrador subjectivo (parcial).
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Luís Chinai
2.MODALIDADES DE REPRESENTAÇÃO E EXPRESSÃO
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Luís Chinai
A Última Caçada
Quando encerrou o trabalho com as armadilhas, João Mendonça parou para comer.
Calculou que devia ser meio-dia, mas era difícil saber com precisão, pois o sol não
passava pela copa das árvores. Depois de dar água ao cavalo, o caçador resolveu
continuar seguindo os rastros da onça.
O cavalo andava devagar, por causa do chão irregular e das árvores caídas.
Atento, João Mendonça ouvia os mínimos ruídos da mata, provocados por pássaros e
pequenos animais. Ele estava cansado e sabia o que isso significava. Em outros tempos,
sua disposição seria a mesma do começo do dia. Mas, agora, sentia o corpo cedendo à
idade, e a própria vista já não ajudava tanto. Estava entregue a essas reflexões quando o
inesperado aconteceu: o cavalo pisou num buraco no chão e, subitamente, projectou-se
para a frente, lançando o cavaleiro ao ar. João Mendonça deu uma cambalhota antes de
cair no solo, batendo com as costas em um toco de árvore. O choque fez com que a
espingarda disparasse, provocando uma ruidosa revoada de pássaros e assustando o
cavalo, que saiu a galope pelo mesmo caminho por onde tinha vindo.
O caçador tentou se levantar, mas a dor não permitiu. Ele estava deitado no
chão, com a arma presa às costas, e não conseguia se mexer. «Acho que quebrei todas
as costelas», pensou, tentando não entrar em pânico. Naquele meio de mato, ele nunca
seria socorrido. Olhou para os raios de sol que penetravam em meio aos galhos das
árvores e viu um bando de macacos que passavam guinchando violentamente, ainda
assustados com o tiro. De repente, um silêncio estranho tomou conta do lugar, um
silêncio tão intenso que o caçador conseguia ouvir o ruído de sua respiração ofegante.
Foi quando a vegetação à sua frente se abriu e a onça apareceu; era enorme e
caminhava calmamente na direcção do homem caído. João Mendonça sentiu um frio
percorrer sua espinha: era a maior onça que havia visto em sua vida. Tentou virar o
corpo, para liberar a espingarda, mas a dor não permitiu. E foi assim, indefeso, que
assistiu à aproximação do animal. O caçador percebeu que tremia incontrolavelmente.
Fechou os olhos e pensou com tristeza na mulher e nos filhos, e também em sua fazenda
em Soledade, onde o milho, apesar da pouca chuva, estava bonito e daria uma boa
colheita – que ele não iria ver. Não tinha coragem de abrir os olhos; apenas aguardava o
ataque da onça.
Passaram-se alguns segundos, que lhe pareceram intermináveis. Num último arranque
de coragem, abriu os olhos e viu o bicho tão próximo de seu rosto que podia sentir sua
respiração. As manchas na pele do animal eram irregulares e bonitas. Mas foi outro
detalhe que deixou João Mendonça ainda mais gelado: uma das orelhas da onça era
defeituosa, como se tivesse sido estraçalhada por um tiro.
Lágrimas brotaram dos olhos do caçador e ele prendeu a respiração quando a
onça o cheirou demoradamente e emitiu um rugido que alvoroçou ainda mais os
macacos e pássaros da mata. Em seguida, ela se virou e saiu caminhando com a mesma
calma com que havia chegado. Antes de desaparecer na vegetação, a onça ainda olhou
para trás – e o caçador seria capaz de jurar que o bicho tinha um ar vitorioso.
Quando o cavalo apareceu sozinho na praça de Roseiral, o povo se juntou e começaram
os boatos de que o lobisomem tinha dado fim a João Mendonça. O coronel Danilo
Borges foi avisado e veio imediatamente ver o que estava acontecendo. Houve até quem
chorasse, prevendo que agora a cidade estaria à mercê do animal.
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Luís Chinai
No fim da tarde, quando já haviam decidido pedir ajuda à polícia da capital, João
Mendonça apareceu na entrada da cidade, andando com dificuldade, apoiado na
espingarda. Todos correram para amparar o homem, que gemia muito. Enquanto era
atendido por Lindolfo Gomes, o caçador contou ao coronel Danilo Borges o que tinha
acontecido. Anunciou também que aquela tinha sido sua última caçada e que, tão logo
suas costelas estivessem recuperadas, ele iria voltar para Soledade. O coronel não se
conformava com o fato de a onça ter vencido o duelo e continuar viva:
–Mas, João, ela vai continuar atacando o meu rebanho e pode ameaçar até as pessoas da
cidade. E não há ninguém aqui com coragem suficiente para ir caçá-la.
–Não se preocupe, coronel. Eu tenho certeza de que ela não vai atacar de novo.
Tudo o que ela queria era ajustar contas com o caçador que atirou nela há anos...
–Pois é, João, mas todo mundo sabe que uma onça ferida fica ainda mais perigosa. Você
vai nos deixar na mão?
–Fique descansado, coronel. Essa onça não vai mais aparecer.
–Como é que você tem tanta certeza, meu Deus?
– Não sei explicar, coronel. Mas pode acreditar em mim: vocês estão livres dela. Eu vi
isso quando ela me olhou, antes de entrar no mato: ela venceu o duelo comigo e poderia
até ter me comido inteiro. Mas não o quis. Preferiu ir embora.
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Luís Chinai
EXPLORAÇÃO DO TEXTO
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b) A onça venceu o duelo, e o reconhecimento desse facto
estava expresso no seu ar de vitória.
c) A onça chegou, assustou-se com o barulho dos macacos e
foi-se embora.
d) A onça não pareceu ter reconhecido João Mendonça e
resolveu poupá-lo.
NOTA: Caros alunos, façam deste texto de apoio um ponto de partida na abordagem
sobre o TEXTO NARRATIVO. Não só para o primeiro grupo, a dos rapazes, mas
também para o segundo grupo, o das maninas.
Bom trabalho
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Luís Chinai