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ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv7n6-400
RESUMO
Neste artigo, foram realizados uma pesquisa bibliográfica e um estudo de caso, com a
finalidade de explicar o funcionamento de transformadores de potência e abordar aspectos
relevantes sobre ensaios, manutenção, proteção e eficiência. Realizou-se uma pesquisa de
campo em uma usina hidrelétrica. Observou-se, durante a visita técnica, a utilização de
ferramentas de confiabilidade e a realização de ensaios pela equipe de manutenção. Ao
final, foi emitido um relatório técnico. Acredita-se que o estudo realizado possa despertar
interesse pela área, contribuindo para o aperfeiçoamento de estudantes e profissionais de
engenharia.
ABSTRACT
In this article, a bibliographical research and a case study were carried out, in order to
explain the operation of power transformers and address relevant aspects of tests,
maintenance, protection and efficiency. Field research was carried out in a hydroelectric
plant. It was observed, during the technical visit, the use of reliability tools and the
performance of tests by the maintenance team. At the end, a technical report was issued.
It is believed that the study carried out may arouse interest in the area, contributing to the
improvement of engineering students and professionals.
1 INTRODUÇÃO
Fenômenos elétricos já eram observados na Grécia antiga. Sabia-se, por exemplo,
que o âmbar, uma resina amarelada (seiva de árvore solidificada), quando esfregado com
pele de animais, atrai pequenos corpos, como sementes ou pedaços de palha. Âmbar, em
grego, é elektron, que originou a palavra eletricidade e o nome da partícula elementar
elétron (NUSSENZVEIG, 1997). Essas observações foram atribuídas ao filósofo Tales
de Mileto, que deu início ao grande desenvolvimento na área, que posteriormente teve
contribuições de cientistas renomados, como Alessandro Volta, André-Marie Ampère,
Georg Simon Ohm, Thomas Edison, Nicola Tesla, Michael Faraday, Benjamin Franklin,
dentre outros (MATTEDE, 2017; REIS, 2016).
Com a descoberta da eletricidade, a possibilidade de transmiti-la a grandes
distâncias era fantástica e extremamente necessária. Atualmente, os avanços tecnológicos
em geração, transmissão e uso final de energia elétrica permitem a transformação de
regiões desocupadas ou pouco desenvolvidas em polos industriais e grandes centros
urbanos (ANEEL, 2002). Um dos primeiros sistemas de distribuição de energia elétrica
foi inventado na década de 1880 por Thomas A. Edison, operando com corrente contínua
(CC) e tensão de 120 V. Esse sistema entrou em operação na cidade de Nova York, com
a finalidade de fornecer energia a lâmpadas incandescentes. Para fornecer quantidades
significativas de energia, eram necessárias baixas tensões e correntes muito elevadas,
causando quedas de tensão e perdas muito grandes nas linhas de transmissão, restringindo
a área de atendimento de uma estação geradora (CHAPMAN, 2013).
Para disponibilizar energia elétrica para a sociedade sem restrições de alcance e
capacidade, fez-se necessário a invenção do transformador e o desenvolvimento de
estações geradoras de energia de corrente alternada (CA). Isso só foi possível devido aos
grandes esforços e investimentos de George Westinghouse, que empregou Nikola Tesla
e adquiriu a patente dessa invenção de Lucien Gaulard e John D. Gibbs. Westinghouse
2 TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA
Os transformadores de potência visam elevar ou reduzir a tensão de transporte,
distribuição e de consumo em redes de energia elétrica. Esses equipamentos possuem um
conjunto variado de parâmetros, como a potência aparente nominal, a tensão e a corrente
nominal nos dois enrolamentos. Além dessas características, os transformadores de
potência assumem também particular relevo às questões relacionadas com as perdas por
efeito Joule nos enrolamentos no núcleo, rendimento e sistemas mecânicos de
resfriamento a seco, em banho de óleo, forçado ou não (SANTOS, 2001).
2.1.1 Núcleo
O núcleo do transformador é construído com chapas laminadas e cobertas por uma
película isolante. Com laminação a frio e tratamento térmico, ocorre a orientação dos
domínios magnéticos permitindo a redução das perdas e da corrente de magnetização,
possibilitando alcançar altas densidades de fluxo. A estrutura formada pelas chapas é
sustentada por traves metálicas solidamente amarradas por faixas de fibra de vidro
impregnadas com resina (PAULINO, 2011). Responsável pela condução da corrente, os
condutores são enrolados em forma de bobinas cilíndricas e dispostos axialmente nas
pernas do núcleo. A disposição dos enrolamentos é realizada em ordem crescente de
tensão. Os enrolamentos de um transformador trifásico podem ser conectados em forma
de estrela, delta ou zig-zag (PAULINO, 2011).
As ligações delta e estrela são as mais comuns. Os transformadores do sistema
delta são monofásicos. A tensão nominal entre fase/neutro é 115 V e a tensão de linha
2.1.3 Buchas
As buchas são componentes de conexão entre o transformador e os sistemas
elétricos, tendo atenção especial nas políticas de manutenção de transformadores nas
empresas, uma vez que falhas neste componente geralmente causam incêndios e
explosões, comprometendo completamente a estrutura do transformador (CIGRÉ, 2013).
Uma bucha deve ser capaz de suportar a tensão aplicada e conduzir a corrente nominal
sem o aquecimento excessivo do isolamento adjacente (BAGATTOLI, 2005).
2.1.8 Tanque
O tanque funciona como um invólucro, para o núcleo e bobinas, e recipiente de
preservação, para o óleo isolante. É um dos elementos que evita a contaminação do óleo,
além de permitir sua expansão devido ao fluxo de calor, sem que ocorra sua
despressurização. Para que esse mecanismo funcione é necessário que o óleo seja
confinado juntamente com um gás, que facilita o processo de expansão. Como dispositivo
de proteção, utiliza-se uma válvula de alívio, que libera parte do gás caso o óleo não tenha
espaço para expandir em condições extremas de temperatura, como durante um curto-
circuito (WEG, 2010).
estacionária (líquido ou sólido) e uma fase móvel (gás). Com esse método é possível
definir a composição da mistura de gases dissolvida no óleo isolante. Trata-se de um
ensaio de monitoramento muito sensível que detecta a presença de nove gases, conforme
regulamentado pela NBR 7070 (ABNT, 2006). A avaliação é feita por amostragens
utilizando seringas de vidro. As amostras são enviadas para laboratórios terceirizados,
devido ao alto custo aquisição e aferição dos equipamentos de ensaio. A empresa mantém
um histórico das análises realizadas periodicamente, visando a comparação da variação
dos gases ao longo da vida útil do óleo.
3. 1 TIPOS DE MANUTENÇÃO
A manutenção pode ser classificada como corretiva, corretiva não planejada,
corretiva planejada, preditiva ou detectiva (ABNT, 1994). A manutenção corretiva, de
forma geral, tem a finalidade de corrigir falhas no momento de sua ocorrência. Esse tipo
de manutenção gera custos altos, pois interfere na produção, em vista que exige pausa
para que o problema seja solucionado. A manutenção é indicada em último caso (VERRI,
2007). A manutenção preditiva tem a finalidade de realizar o acompanhamento dos
parâmetros que mensuram o ideal desempenho dos equipamentos. Esse tipo de
manutenção possibilita redução de prazos e custos da manutenção, maior antecedência na
previsão de falhas e melhoria nas condições de funcionamento dos equipamentos
(MIRSHAWKA, 1991; REIS; DENARDIN; MILAN, 2010; VIANA, 2002). A
manutenção detectiva geralmente é confundida com a preditiva, já que ambas são
realizadas através de inspeções. A detectiva é realizada com equipamentos especializados
para identificar falhas ocultas que não são perceptíveis pelas equipes de manutenção.
Esses equipamentos atuam na iminência de desvios que possam comprometer as
máquinas ou a produção (PINTO; XAVIER, 2007).
demanda ações, sendo recomendado que se crie as ações e seja elaborado um plano de
ação separado para cada uma delas, tornando o processo mais objetivo possível (ROTH,
2014).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Uma visita técnica foi realizada durante uma manutenção corretiva em um dos
transformadores da usina, modelo 54/67,5 MVA – 230 CST/13,8 kV (REBORDÃO,
2008), em que foram observados o tratamento de óleo isolante, enchimento e ensaios. O
responsável pela manutenção comprometeu-se em compartilhar suas experiências,
adquiridas em 40 anos de manutenção preventiva e corretiva em transformadores de
potência, juntamente com o Supervisor de Manutenção da Empresa. Foram discutidos os
principais ensaios realizados nos dispositivos de proteção e os ensaios elétricos, expondo
a importância de cada ensaio.
a média da resistência ôhmica foi 1,137 mΩ. Para os ensaios nos enrolamentos de baixa
tensão do Trafo, as medições são feitas entre as fases de baixa tensão. O resultado dessas
medições não pode apresentar uma diferença das resistências entre as fases de alta e baixa
tensão acima de 3%. Os resultados indicam que os resultados foram aprovados nesse
ensaio. O equipamento utilizado foi o microohmimetro, modelo MPK 254.
Relatório IV - Ensaio de fator de potência de isolamento. Observa-se uma
mudança na capacitância, que indica um colapso entre as camadas capacitivas de
isoladores. Este teste foi feito nas conexões de alta e baixa tensão e nas buchas
condensivas. Em comparação com ensaios de comissionamento de transformadores, foi
verificado que as capacitâncias estão parecidas. Portanto, esse ensaio também foi
aprovado.
Relatório V - Verificação dos acessórios do transformador. O indicador de nível
de óleo, os dispositivos de alívio de pressão e relé de gás bem como o acionamento de
seus respectivos alarmes estão funcionando. Esses testes foram aprovados pela empresa
de manutenção, seguindo as exigências do fabricante do transformador.
Relatório VI - Relatório de ensaio de corrente de excitação. Nesse ensaio, é
verificada a perda do ferro e a corrente de magnetização do núcleo. Comparando os
resultados obtidos com os valores de comissionamento, constata-se que as condições
estão satisfatórias.
Os ensaios elétricos na parte ativa do transformador foram todos aprovados pela
equipe de manutenção. A seguir, serão relatados os resultados dos ensaios de óleo
isolante, que é um componente muito importante para o bom funcionamento do
transformador.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante a realização desse trabalho, ficou evidente a necessidade das ferramentas
de confiabilidade para definir as melhores práticas de manutenção aplicadas em
transformadores de potência. Observou-se que a ferramenta DMAIC foi utilizada para
definir a melhor maneira de execução das atividades e o plano de ação 5W1H foi utilizado
pela equipe em relação aos equipamentos necessários para a manutenção, levando em
consideração as necessidades de cada funcionário. Essas ações podem contribuir para o
aumento do tempo desprendido para a execução da atividade. Observou-se também que
o brainstorming é utilizado periodicamente para levantar ideias de inovação e
oportunidades de melhoria no processo de execução e programação, assim como a análise
de falhas mostrou-se útil para redução de manutenções corretivas, definindo o ciclo
efetivo de manutenções preditivas e preventivas.
Verificou-se que os ensaios foram realizados, em parte, conforme recomendado
pelo fabricante, além de terem sido realizados ensaios elétricos adicionais, bem como as
análises de óleo cromatográfico e o teor de PCB, podendo aumentar a confiabilidade e a
vida útil do transformador. Considerando o investimento em um ativo do porte que é um
transformador elevador de potência, os ensaios abordados nesse trabalho são de suma
importância, com a finalidade de evitar uma parada não programada, bem como a
preservação do ativo, aumentando sua vida útil, gerando assim maiores retornos para a
usina. Em trabalhos futuros, com a finalidade de complementar a discussão, pode-se
abordar temas relacionados a proteções elétricas, cuidados e ensaios durante a montagem
e startup do transformador de potência.
REFERÊNCIAS
ABNT. NBR 8840. Diretrizes para amostragem de líquidos isolantes. Rio de Janeiro,
Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2013.
HAN, C.; LEE, Y. Intelligent integrated plant operation system for six sigma. Annual
Reviews in Control, v. 26, n. 1, p. 27-43, 2002.
WEG. Manual: Transformador a óleo até 4000 kVA. São Paulo: WEG Equipamentos
Elétricos, 2010.