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Brazilian Journal of Development 59954

ISSN: 2525-8761

Transformadores de Potência: Ensaios e Proteção

Power transformers: tests and protection

DOI:10.34117/bjdv7n6-400

Recebimento dos originais: 07/05/2021


Aceitação para publicação: 17/06/2021

Leonardo Gervásio e Silveira


Bacharelado em Engenharia Elétrica - UEMG
Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba - MG
leogervasiosilveira@gmail.com

Luis Carlos da Silva


Bacharelado em Engenharia Elétrica - UEMG
Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba - MG
luis.silva@venergia.com.br

Aurea Messias de Jesus


Especialização em Engenharia Segurança do Trabalho - UEMG
Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
Rua Vereador Geraldo Moisés da Silva, s/n, Universitário, Ituiutaba - MG
aurea.jesus@uemg.br

Elisson Andrade Batista


Doutorado em Física - UFU
Escola Estadual Antônio Thomaz Ferreira de Rezende (EEATFR)
Praça da Fraternidade, s/n, Jardim Brasília, Uberlândia - MG
elisson.fisica@gmail.com

RESUMO
Neste artigo, foram realizados uma pesquisa bibliográfica e um estudo de caso, com a
finalidade de explicar o funcionamento de transformadores de potência e abordar aspectos
relevantes sobre ensaios, manutenção, proteção e eficiência. Realizou-se uma pesquisa de
campo em uma usina hidrelétrica. Observou-se, durante a visita técnica, a utilização de
ferramentas de confiabilidade e a realização de ensaios pela equipe de manutenção. Ao
final, foi emitido um relatório técnico. Acredita-se que o estudo realizado possa despertar
interesse pela área, contribuindo para o aperfeiçoamento de estudantes e profissionais de
engenharia.

Palavras-chave: Transformadores de potência. Ensaios. Proteção. Manutenção.


Eficiência.

ABSTRACT
In this article, a bibliographical research and a case study were carried out, in order to
explain the operation of power transformers and address relevant aspects of tests,

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maintenance, protection and efficiency. Field research was carried out in a hydroelectric
plant. It was observed, during the technical visit, the use of reliability tools and the
performance of tests by the maintenance team. At the end, a technical report was issued.
It is believed that the study carried out may arouse interest in the area, contributing to the
improvement of engineering students and professionals.

Keywords: Power transformers. Tests. Protection. Maintenance. Efficiency.

1 INTRODUÇÃO
Fenômenos elétricos já eram observados na Grécia antiga. Sabia-se, por exemplo,
que o âmbar, uma resina amarelada (seiva de árvore solidificada), quando esfregado com
pele de animais, atrai pequenos corpos, como sementes ou pedaços de palha. Âmbar, em
grego, é elektron, que originou a palavra eletricidade e o nome da partícula elementar
elétron (NUSSENZVEIG, 1997). Essas observações foram atribuídas ao filósofo Tales
de Mileto, que deu início ao grande desenvolvimento na área, que posteriormente teve
contribuições de cientistas renomados, como Alessandro Volta, André-Marie Ampère,
Georg Simon Ohm, Thomas Edison, Nicola Tesla, Michael Faraday, Benjamin Franklin,
dentre outros (MATTEDE, 2017; REIS, 2016).
Com a descoberta da eletricidade, a possibilidade de transmiti-la a grandes
distâncias era fantástica e extremamente necessária. Atualmente, os avanços tecnológicos
em geração, transmissão e uso final de energia elétrica permitem a transformação de
regiões desocupadas ou pouco desenvolvidas em polos industriais e grandes centros
urbanos (ANEEL, 2002). Um dos primeiros sistemas de distribuição de energia elétrica
foi inventado na década de 1880 por Thomas A. Edison, operando com corrente contínua
(CC) e tensão de 120 V. Esse sistema entrou em operação na cidade de Nova York, com
a finalidade de fornecer energia a lâmpadas incandescentes. Para fornecer quantidades
significativas de energia, eram necessárias baixas tensões e correntes muito elevadas,
causando quedas de tensão e perdas muito grandes nas linhas de transmissão, restringindo
a área de atendimento de uma estação geradora (CHAPMAN, 2013).
Para disponibilizar energia elétrica para a sociedade sem restrições de alcance e
capacidade, fez-se necessário a invenção do transformador e o desenvolvimento de
estações geradoras de energia de corrente alternada (CA). Isso só foi possível devido aos
grandes esforços e investimentos de George Westinghouse, que empregou Nikola Tesla
e adquiriu a patente dessa invenção de Lucien Gaulard e John D. Gibbs. Westinghouse

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foi um dos maiores inventores norte americanos e um dos verdadeiros gigantes da


indústria dos Estados Unidos (JOHNSON; HILBURN; JOHNSON, 1994).
O transformador, idealmente, é um dispositivo elétrico que converte energia
elétrica CA de um nível de tensão para outro nível de tensão sem afetar a potência elétrica
real fornecida, que funciona a partir da ação de um campo magnético. Para um
transformador elevar o nível de tensão de um circuito, é necessário diminuir a corrente
para manter a potência. Portanto, a energia elétrica CA pode ser gerada num local
centralizado, transmitida a longa distância, com perdas muito baixas. Sem o
transformador, não seria possível usar a energia elétrica como é utilizada atualmente
(CHAPMAN, 2013). Transformadores são dispositivos essenciais, podendo ser utilizados
tanto para elevar a tensão para transmissão como baixar a tensão para consumo (SENAI,
2016).
A depender da aplicação, é necessária a realização de manutenção regular desse
equipamento, com a finalidade de evitar paradas não programadas, que podem causar
diversos prejuízos e/ou multas, a depender do caso. A manutenção de transformadores
tem por objetivo a conservação do equipamento, estrutural e funcionalmente, se aplicando
por meio de suas vertentes corretiva, preditiva e detectiva (ABNT, 1994). O principal
desafio da manutenção é evitar procedimentos corretivos, uma vez que levam ao
desligamento do equipamento por determinado período, acarretando prejuízos
financeiros. O segundo desafio é aumentar a frequência de procedimentos preventivos,
sem afetar na confiabilidade do sistema, exigindo um melhor aproveitamento das técnicas
de manutenção preditivas, que na maioria dos casos evitam o desligamento do
transformador (FONSECA, 2014).
Nessa temática, foi realizada uma pesquisa de campo em uma usina hidrelétrica,
com a utilização de um método de pesquisa dedutivo, com a finalidade de verificar quais
modelos de ensaio de transformador utilizados são mais eficientes, apresentando maior
impacto na vida útil dos transformadores. Para isso, foram abordados no trabalho o
funcionamento básico de um transformador de potência, os ensaios necessários para seu
funcionamento, como a manutenção é realizada e quais as proteções necessárias para
aumentar sua eficiência. Uma vez definida e apresentada a fundamentação teórica
referente ao tema, os trabalhos foram conduzidos para a realização de um estudo de caso,
em visita técnica e acompanhamento de processos de utilização e manutenção de
transformadores. Inúmeras atividades foram realizadas e finalizadas com a emissão de
um relatório técnico. Por fim, são apresentadas as considerações finais.

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2 TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA
Os transformadores de potência visam elevar ou reduzir a tensão de transporte,
distribuição e de consumo em redes de energia elétrica. Esses equipamentos possuem um
conjunto variado de parâmetros, como a potência aparente nominal, a tensão e a corrente
nominal nos dois enrolamentos. Além dessas características, os transformadores de
potência assumem também particular relevo às questões relacionadas com as perdas por
efeito Joule nos enrolamentos no núcleo, rendimento e sistemas mecânicos de
resfriamento a seco, em banho de óleo, forçado ou não (SANTOS, 2001).

2.1 FORMA CONSTRUTIVA DO TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA


Segundo Paulino (2011), o transformador típico consiste em um núcleo de aço e
silício onde são bobinados dois enrolamentos isolados eletricamente, do núcleo e entre si.
O seu princípio de funcionamento é através de indução eletromagnética. Ao se aplicar
uma tensão a um desses enrolamentos (denominado primário), com consequente
circulação de corrente, será estabelecido um fluxo magnético. Este fluxo magnético irá
entrelaçar com o outro enrolamento (secundário), produzindo nele uma força eletromotriz
(tensão) que depende, dentre outros fatores, do número de espiras dos enrolamentos. O
núcleo tem a função de providenciar um melhor caminho para o fluxo magnético. Chama-
se de primário o enrolamento que recebe a energia e secundário o enrolamento que
entrega a energia. Qualquer um dos enrolamentos pode ser o primário ou secundário.

2.1.1 Núcleo
O núcleo do transformador é construído com chapas laminadas e cobertas por uma
película isolante. Com laminação a frio e tratamento térmico, ocorre a orientação dos
domínios magnéticos permitindo a redução das perdas e da corrente de magnetização,
possibilitando alcançar altas densidades de fluxo. A estrutura formada pelas chapas é
sustentada por traves metálicas solidamente amarradas por faixas de fibra de vidro
impregnadas com resina (PAULINO, 2011). Responsável pela condução da corrente, os
condutores são enrolados em forma de bobinas cilíndricas e dispostos axialmente nas
pernas do núcleo. A disposição dos enrolamentos é realizada em ordem crescente de
tensão. Os enrolamentos de um transformador trifásico podem ser conectados em forma
de estrela, delta ou zig-zag (PAULINO, 2011).
As ligações delta e estrela são as mais comuns. Os transformadores do sistema
delta são monofásicos. A tensão nominal entre fase/neutro é 115 V e a tensão de linha

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(fase/fase) nominal é 230 V. O sistema estrela é composto por um transformador trifásico


alimentado pelas 3 fases do circuito primário de distribuição de energia elétrica. As
buchas primárias são alimentadas pelas 3 fases primárias, protegidas por chaves fusíveis
e elos especificados de acordo com a potência do transformador. Nesse sistema, por
apresentar tensões equilibradas, é possível fazer um balanceamento de cargas muito
superior ao do sistema delta, que apresenta tensões desequilibradas (LEÃO, 2012). A
ligação zig-zag é tipicamente uma conexão secundária. A sua característica principal é
sempre afetar igual e simultaneamente duas fases primárias, pois os seus enrolamentos
são montados em pernas distintas, seguindo uma ordem de permutação circular.
Naturalmente, isso a torna mais adequada para ser utilizada em presença de cargas
desequilibradas (PAULINO, 2011).

2.1.2 Sistema de isolamento


O tempo de vida de um transformador está relacionado com o seu sistema de
isolamento, seu material de isolação e processo de fabricação do material. As
características desse sistema dependem da geometria do condutor, composição do
dielétrico, gradientes de temperatura e características de todos os materiais combinados.
Esse sistema é impreciso, uma vez que a geometria do condutor varia, a temperatura de
operação do material isolante é indeterminada e os esforços causados pelos transitórios
de tensão também são indeterminados. Com isso, o projeto do sistema de isolamento do
transformador deve conter alguns fatores para que se possa garantir o isolamento do
equipamento de forma eficiente (OLIVEIRA, 2006).
Os materiais utilizados como meio de isolamento em transformadores de elevada
potência são, em sua maioria, o papel e o óleo mineral. O papel (celulose), a principal
isolação sólida, é utilizado para recobrir os condutores, visando a evitar um curto-circuito.
Algumas reações químicas contribuem para a degradação do papel, como, por exemplo,
a oxidação e a hidrólise, que são as principais reações que podem ocorrer em um
transformador imerso em óleo, e cujo catalisador é o aumento da temperatura (PINTO;
XAVIER, 2007). Com o desgaste da molécula de celulose, as cadeias de polímeros se
rompem e a média de monômeros aumenta, decrescendo o número de moléculas de
celulose, causando a diminuição da sua capacidade de suportar esforços mecânicos, bem
como uma mudança em sua coloração e um enrijecimento do papel. Nessas condições, o
papel perde a capacidade de isolar um condutor do outro (BAGATTOLI, 2005).

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O óleo mineral serve para isolar os enrolamentos da carcaça do transformador,


para dissipação térmica do núcleo e das bobinas (PINTO; XAVIER, 2007), promover um
meio dielétrico entre os condutores energizados das bobinas e proteger a superfície
interna da carcaça do equipamento contra algumas reações químicas que podem
comprometer a integridade das conexões, como a oxidação. O óleo isolante não é um bom
lubrificante para as partes do transformador, porém dissipa o alto calor gerado nas bobinas
e no núcleo do transformador (BAGATTOLI, 2005). Podem existir materiais isolantes
com propriedades dielétricas e térmicas superiores ao óleo mineral, porém, dificilmente
se encontra um material que combine tudo isso com uma boa relação custo-benefício
(NOGUEIRA, 2009).
O óleo isolante também é utilizado para indicar as condições de operação elétrica
dos equipamentos imersos nele. Por exemplo, quando ocorre um curto-circuito, há uma
grande dissipação de calor, que causa degradação química do material, formando várias
substâncias, que podem ser analisadas em laboratórios para saber o tipo de avaria e a
gravidade do defeito causado ao núcleo e às bobinas (PAULINO, 2011). Um fator que
acelera a degradação do óleo é a presença de oxigênio. Por isso, os tanques dos
transformadores são projetados para que o óleo não tenha contato com o ar. Outros fatores
que causam a degradação do óleo são as descargas parciais e a presença de ácido no
líquido isolante (JÚNIOR, 2005).
Além disso, deve-se evitar as formas de contaminação do óleo isolante, para que
não ocorra uma perda mais rápida de suas características dielétricas. Há dois tipos de
contaminação: externa e interna. A externa consiste em permitir a entrada de oxigênio no
tanque, ou mesmo de materiais sólidos. Para minimizar este tipo de problema,
recomenda-se que o tanque seja selado (PAULINO, 2011). A contaminação interna é
mais difícil de ser controlada e ocorre devido a partículas não metálicas oriundas do
isolante sólido (papel), partículas metálicas dos revestimentos e degradação química do
óleo isolante, resultado da oxidação (JÚNIOR, 2005).

2.1.3 Buchas
As buchas são componentes de conexão entre o transformador e os sistemas
elétricos, tendo atenção especial nas políticas de manutenção de transformadores nas
empresas, uma vez que falhas neste componente geralmente causam incêndios e
explosões, comprometendo completamente a estrutura do transformador (CIGRÉ, 2013).

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Uma bucha deve ser capaz de suportar a tensão aplicada e conduzir a corrente nominal
sem o aquecimento excessivo do isolamento adjacente (BAGATTOLI, 2005).

2.1.4 Relé Bulchhoz


O Relé Buchholz é um dos principais acessórios de segurança e proteção
utilizados em transformadores de potência dotados de tanque de expansão. Sua finalidade
é monitorar o transformador, visando detectar a formação de gases e a presença de fluxo
do óleo isolante. Normalmente está conectado em série com a tubulação entre o tanque
principal e o conservador de óleo. Dessa forma, os gases originados internamente, por
eventuais falhas, tendem a se deslocar para o conservador através da tubulação, sendo
retidos na câmara do Relé Buchholz, que aciona um alarme ao atingir determinado
volume. Um curto-circuito no enrolamento pode causar um súbito deslocamento de óleo
isolante em direção ao tanque de expansão, passando Relé Buchholz, que deve acionar
um mecanismo de desligamento. Quando ocorrem eventuais vazamentos no
transformador e o óleo Isolante estiver abaixo de um determinado nível, o relé também
irá efetuar o desligamento do transformador (PAULINO, 2011).

2.1.5 Conservador de óleo


O tanque de expansão ou conservador de óleo é a peça responsável pelo
recebimento de óleo expandido em virtude do aquecimento interno, realizando a
compensação necessária, sendo utilizado, em geral, em unidades com potência superior a
2000 kVA (GODINHO FILHO; FERNANDES, 2004). Para manter o óleo livre de
umidade é instalada uma bolsa de borracha para evitar o contato do óleo diretamente com
o ar. Para respiro desta bolsa é instalado um desumidificador de ar com sílica gel, que é
substituído após sua saturação (PAULINO, 2011). Segundo Jotaflex (2015), esse
conservador e secador de ar são utilizados em aplicações que exigem ar comprimido com
baixa umidade e ponto de orvalho entre -40°C e -70°C, aproximadamente. O secador de
ar comprimido por sistema de adsorção pode ser encontrado tanto em modelos que
utilizam parte do ar comprimido tratado para regenerar o material adsorvente como em
equipamentos que utilizam vácuo assistido (HADDAD, 2006).

2.1.6 Sistema de refrigeração (Radiadores)


O calor, gerado no núcleo e nas bobinas, pode gerar problemas ao transformador,
devendo ser dissipado para o ambiente. Nos transformadores a seco, a refrigeração é
realizada pela circulação de ar devido à convecção natural ou por fluxo de ar forçado.

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Esse método de refrigeração geralmente é limitado para transformadores de baixa tensão


(menores que 5 kV), que ficam em ambientes cobertos e possuem potência inferior a 1500
kVA. Para tensões maiores, é necessário utilizar o óleo para isolar as bobinas, o que
impede a utilização de ar para o arrefecimento direto do núcleo e dos enrolamentos
(NOGUEIRA, 2009). Nesses casos, o arrefecimento ocorre pela condução térmica através
da superfície do tanque. Em alguns transformadores de distribuição, radiadores são
acoplados aos tanques para aumentar a transferência de calor (CIGRÉ, 2013), através de
aletas com maior área superficial de contato com o ar. A eficiência dos radiadores pode
ser melhorada pela ventilação forçada por meio de ventiladores (HADDAD, 2006).

2.1.7 Placa de Identificação


Conforme NBR5356 (ABNT, 2007), o transformador deve possuir uma placa de
identificação metálica, à prova de intempéries, visível, sempre que possível do lado de
baixa tensão. A placa de identificação deve conter, indelevelmente marcada, no mínimo,
as seguintes informações: Fabricante, local de fabricação, ano de fabricação, número da
norma, tipo, número de fases, potência nominal, método de resfriamento, diagrama de
ligação, frequência nominal, polaridade, impedância de curto-circuito em %, tipo de óleo
e volume, massa total aproximada, níveis de isolamento e o número do livro de instrução.

2.1.8 Tanque
O tanque funciona como um invólucro, para o núcleo e bobinas, e recipiente de
preservação, para o óleo isolante. É um dos elementos que evita a contaminação do óleo,
além de permitir sua expansão devido ao fluxo de calor, sem que ocorra sua
despressurização. Para que esse mecanismo funcione é necessário que o óleo seja
confinado juntamente com um gás, que facilita o processo de expansão. Como dispositivo
de proteção, utiliza-se uma válvula de alívio, que libera parte do gás caso o óleo não tenha
espaço para expandir em condições extremas de temperatura, como durante um curto-
circuito (WEG, 2010).

2.1.9 Monitor de Temperatura


O monitor de temperatura supervisiona tanto o óleo como o enrolamento do
transformador. Esse sistema é microcontrolado e tem alta precisão, tendo como função o
envio de sinais de alarmes, o acionamento do sistema de resfriamento (ventilação forçada)
e o desligamento do sistema (HADDAD, 2006). Na medição da temperatura do óleo
isolante é utilizado um RTD com compensação de comprimento de cabos e linearização

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da resposta de temperatura para cada tipo de sensor. Para a medição da temperatura do


enrolamento é utilizado a imagem térmica do TC da Baixa Tensão (BT), que deve ser
parametrizado pela corrente nominal dos enrolamentos, gradiente de temperatura
cobre/óleo, constante de tempo para os enrolamentos e o fator de correção para o tipo de
ventilação (FRANCISQUINI, 2006).

2.2 TIPOS DE ENSAIOS REALIZADOS EM TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA


Antes de deixar a linha de produção, os transformadores são rigorosamente
testados e submetidos a vários tipos de ensaios, abordados nessa seção, com o objetivo
de assegurar o controle de qualidade do produto fabricado. Posteriormente, exige-se que
sejam realizados ensaios periódicos pela usina, com o objetivo de obter o melhor
desempenho possível para aumentar ao máximo a vida útil dos transformadores do
sistema.

2.2.1 Resistência elétrica dos enrolamentos


A resistência elétrica dos enrolamentos é medida por fonte de corrente em todos
os enrolamentos. A temperatura de referência é de 85ºC. A medição é realizada para AT
/ BT e os valores limites são utilizados conforme o projeto. A norma de referência é a
NBR 5356 / NBR 5380 (ABNT, 2007; ABNT, 1993).

2.2.2 Relação de transformação, deslocamento angular, sequência de fases e


polaridade
A relação de transformação é medida em todos os enrolamentos e o ensaio é feito
pelo método do transformador de referência de relação variável. Nesse ensaio também é
verificada a polaridade e a sequência de fase. A medição é realizada para AT / BT e os
valores limites são ± 0,5%. A norma de referência é a NBR 5356 / NBR 5380 (ABNT,
2007; ABNT, 1993).

2.2.3 Resistência de isolamento


A resistência de isolamento é medida com o transformador montado e com nível
normal de óleo. A medição é feita por meio de megômetro de 5000 V e a temperatura do
óleo isolante é anotada. Esse ensaio é feito duas vezes: antes e após os ensaios dielétricos.
A medição é realizada para AT / BT e AT – BT / Massa. Os valores limites são apenas
para orientação. A norma de referência é NBR 5356 / NBR 5380 (ABNT, 2007; ABNT,
1993).

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2.2.4 Fator de potência do isolamento


O ensaio é feito com ponte Omicron. A tensão de ensaio é 10,0 kV, a temperatura
de medição é anotada e os resultados corrigidos para 20ºC. Esse ensaio deve ser realizado
duas vezes: antes e após os ensaios dielétricos. A medição é realizada para AT- / BT; BT
/AT- Massa; AT –BT / Massa; Tap capacitivo das buchas. Os valores limites são menores
que 0,5%. A norma de referência é NBR 5356 / NBR 5380 (ABNT, 2007; ABNT, 1993).

2.2.5 Ensaio de excitação


Nesse ensaio, é aplicada uma tensão senoidal trifásica nos terminais do
enrolamento BT estando o enrolamento AT aberto. A medição é realizada com um
analisador de potência trifásico digital. A observação do que estabelece a norma em
relação às medições de tensão média e eficaz será executada diretamente pelo processador
do instrumento, conforme NBR 5356 / NBR 5380. A medida da corrente de excitação de
transformadores tem objetivo de verificar a existência de falhas no enrolamento, que não
tenham sido detectadas com a medição da resistência ôhmica e da relação de espiras
(ABNT, 2007; ABNT, 1993).

2.2.6 Ensaio de óleo isolante


Os ensaios em óleo isolante são considerados uma manutenção preditiva e uma
das mais importantes para o bom funcionamento do transformador, aumentando a vida
útil do ativo e diminui gastos com aquisição de outros equipamentos. Os ensaios descritos
a seguir são considerados os mais importantes em programas de monitoramento do óleo.
Permitindo a tomada de decisão quanto à necessidade de tratamento ou a substituição do
óleo isolante.

2.2.6.1 Análise físico-química


As características do óleo isolante são detectadas através de um trabalho
laboratorial obtidos pela análise físico-química de forma periódica. A norma NBR 10576
(ABNT, 2017) orienta a metodologia a ser adotada para análise e os procedimentos para
a coleta de amostras são indicados pelas normas NBR 7070 (ABNT, 2006) e NBR 8840
(ABNT, 2013).

2.2.6.2 Análise cromatográfica


A cromatografia gasosa é um método físico de separação dos componentes de uma
mistura através de uma interação diferencial dos seus componentes entre uma fase

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estacionária (líquido ou sólido) e uma fase móvel (gás). Com esse método é possível
definir a composição da mistura de gases dissolvida no óleo isolante. Trata-se de um
ensaio de monitoramento muito sensível que detecta a presença de nove gases, conforme
regulamentado pela NBR 7070 (ABNT, 2006). A avaliação é feita por amostragens
utilizando seringas de vidro. As amostras são enviadas para laboratórios terceirizados,
devido ao alto custo aquisição e aferição dos equipamentos de ensaio. A empresa mantém
um histórico das análises realizadas periodicamente, visando a comparação da variação
dos gases ao longo da vida útil do óleo.

2.2.6.3 Avaliação do teor de PCB


A ABNT, por meio da NBR 13882 (ABNT, 2008), recomenda, para a supervisão
e manutenção do óleo mineral isolante em equipamentos elétricos, o ensaio de avaliação
do teor de PCB (ascarel). Essa substância é encontrada no óleo isolante do transformador
ao longo de sua utilização, sendo muito nociva ao meio ambiente e à saúde, causando
deformidades físicas em bebês e câncer quando o contato direto com essa substância. Os
resultados encontrados devem ser avaliados conforme a NBR 8371 (ABNT, 2005) e em
caso de excesso, esta norma traz as providencias a serem tomadas para o descarte do óleo
contaminado. Esse ensaio não é recomendado pelo fabricante, porém é exigido pela usina
com a finalidade de proteção da saúde de seus colaboradores.

3 MANUTENÇÃO E FERRAMENTAS DE QUALIDADE


As atividades relacionadas à manutenção sofreram alterações significativas desde
o final do século XX, tanto com relação aos estudos teóricos que almejam sua otimização,
quanto às ações práticas que almejam a implementação desses estudos. Isso se deve à
grande variedade de equipamentos utilizados em cada etapa de produção, exigindo a
elaboração de projetos mais complexos e equipamentos automáticos, exigindo técnicas
de manutenção mais eficientes e eficazes (CAVALCANTE; ALMEIDA, 2005). O
objetivo da gestão em manutenção é proporcionar eficiência e funcionalidade dos
equipamentos e instalações para que o processo produtivo ocorra com segurança,
preservação do meio ambiente e custos adequados. Nesse sentido, o responsável pela
manutenção deve adotar uma postura proativa, visar a otimização dos processos e evitar
falhas no equipamento, tendo em mente a relação direta entre manutenção, produtividade
e qualidade do produto (PINTO; XAVIER, 2007).

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3. 1 TIPOS DE MANUTENÇÃO
A manutenção pode ser classificada como corretiva, corretiva não planejada,
corretiva planejada, preditiva ou detectiva (ABNT, 1994). A manutenção corretiva, de
forma geral, tem a finalidade de corrigir falhas no momento de sua ocorrência. Esse tipo
de manutenção gera custos altos, pois interfere na produção, em vista que exige pausa
para que o problema seja solucionado. A manutenção é indicada em último caso (VERRI,
2007). A manutenção preditiva tem a finalidade de realizar o acompanhamento dos
parâmetros que mensuram o ideal desempenho dos equipamentos. Esse tipo de
manutenção possibilita redução de prazos e custos da manutenção, maior antecedência na
previsão de falhas e melhoria nas condições de funcionamento dos equipamentos
(MIRSHAWKA, 1991; REIS; DENARDIN; MILAN, 2010; VIANA, 2002). A
manutenção detectiva geralmente é confundida com a preditiva, já que ambas são
realizadas através de inspeções. A detectiva é realizada com equipamentos especializados
para identificar falhas ocultas que não são perceptíveis pelas equipes de manutenção.
Esses equipamentos atuam na iminência de desvios que possam comprometer as
máquinas ou a produção (PINTO; XAVIER, 2007).

3.2 FERRAMENTAS DE QUALIDADE E CONFIABILIDADE


Ferramentas de qualidade é um conjunto de metodologias empregado para
aumentar o desempenho nos processos organizacionais de uma empresa. Para isso, são
utilizadas para identificar, quantificar e analisar problemas de desempenho para definir
soluções baseadas em fatos e dados, aumentando a eficiência dos planos de ação
(PEINADO; GRAEMI, 2007). Pode-se também, para obter maior desempenho,
implementar análise de confiabilidade de processos, que tem por finalidade determinar a
probabilidade de alcançar um propósito, dentro das especificações de tempo e ambiente
determinadas. (LEEMIS, 1995; PALOMINO et al., 2012). Nessa seção, serão abordados
alguns conceitos relacionados às ferramentas de qualidade e análise de confiabilidade,
como mapeamento de processos, programa DMAIC, técnica de Brainstorming, plano de
ação 5W1H e análises de falhas.

3.2.1 Mapeamento de processos


Mapeamento de processos é uma ferramenta analítica que fornece um retrato do
estado atual do processo, através de fluxogramas e histogramas, que irão evidenciar
aspectos relevantes em cada etapa. Essa ferramenta visa melhorar os processos existentes,

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contribuindo, por exemplo, para a redução de custos, agilidade na troca de informações e


diminuição de falhas (SILVA; VILELA; MUNIZ, 2013). Fluxogramas são utilizados para
registrar as etapas de um processo de forma compacta, facilitando sua visualização e
entendimento globalmente, com relação à sequência de atividades e como elas se
encaixam, facilitando a integração entre diversos setores (BARNES, 1992; ENOKI,
2006). Histogramas têm a finalidade de mostrar com que frequência um padrão se repete,
através de medições periódicas. Os dados são apresentados em forma gráfica, para
facilitar a visualização panorâmica do processo. (PEINADO; GRAEMI, 2007).

3.2.2 Metodologia DMAIC


A metodologia DMAIC, relaciona um conjunto de ações (definir, medir, analisar,
melhorar e controlar) que visa aprimorar os processos através da observação, verificação
e solução das falhas (VIANA, 2002). De acordo com Siviy, Harrison & McGregor (2008),
cada etapa do DMAIC, pode ser dividida em um conjunto de atividades.

3.2.3 Técnica de brainstorming


De acordo com Oliveira & Silva (2013), a técnica de Brainstorming foi criada em
1942, que ao longo dos anos serviu aos propósitos das organizações, visando estimular a
geração de ideias, provocar mudanças, buscar soluções inovadoras e estimular melhorias
a partir da troca de conhecimentos entre os colaboradores mediante o uso de criatividade.
Basicamente, o Brainstorming é realizado após um problema ser apresentado ao grupo,
exigindo o apontamento de soluções de forma conjunta, pois é a melhor maneira de
resolver a questão. Essa técnica estimula a geração de ideias, busca por soluções
inovadoras e estimula melhorias a partir de um debate entre os envolvidos na gestão de
processos (BARBIERI, 2014).

3.2.4 Plano de ação 5W1H


O plano de ação é uma ferramenta utilizada por toda empresa que pretende
sistematizar suas ações, a fim de se garantir bons resultados, desenvolvido para o
acompanhamento da produção para garantir sua otimização (MATTAR, 2015). O 5W1H
constitui a execução de perguntas simples, que devem ser respondidas quando se está
realizando o Plano de Ação e visa norteá-lo, para ser colocado em prática. O termo 5W1H
indica a quantidade de palavras/perguntas iniciadas com essa letra em inglês (What?
When? Where? Why? Who? How?). A ferramenta pode ser utilizada por qualquer
empresa, de qualquer tamanho, pois adequa de forma simples e segura. O projeto

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demanda ações, sendo recomendado que se crie as ações e seja elaborado um plano de
ação separado para cada uma delas, tornando o processo mais objetivo possível (ROTH,
2014).

3.2.5 Análises de falha


Há duas técnicas de análises de falha que revelam os pontos fracos do sistema e
fornecem subsídios para as atividades de melhoria contínua, a Análise dos Modos e
Efeitos de Falha (FMEA) e a Análise de Árvores de Falha (FTA). A FMEA é uma técnica
que tem como objetivos: (i) Reconhecer e avaliar as falhas potenciais que podem surgir
em um produto ou processo; (ii) Identificar ações que possam eliminar ou reduzir a
chance de ocorrência dessas falhas; (iii) Documentar o estudo, criando um referencial
técnico que possa auxiliar em revisões e desenvolvimentos futuros do projeto ou
processo. A FTA é uma técnica que tem como objetivos: (i) Partindo de um evento de
topo, indesejável, identificar todas as combinações de causas que podem originá-lo; (ii)
Estudar a probabilidade de ocorrência dessas causas, e em função disso, do evento de
topo; (iii) Priorizar ações que visam bloquear essas causas. FMEA e FTA têm a vantagem
de sistematizarem o diagnóstico de produtos e processos, auxiliando na detecção e
eliminação de possíveis ocorrências de falha e fornecem uma hierarquia de prioridades
para as ações (HAN; LEE, 2002).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Uma visita técnica foi realizada durante uma manutenção corretiva em um dos
transformadores da usina, modelo 54/67,5 MVA – 230 CST/13,8 kV (REBORDÃO,
2008), em que foram observados o tratamento de óleo isolante, enchimento e ensaios. O
responsável pela manutenção comprometeu-se em compartilhar suas experiências,
adquiridas em 40 anos de manutenção preventiva e corretiva em transformadores de
potência, juntamente com o Supervisor de Manutenção da Empresa. Foram discutidos os
principais ensaios realizados nos dispositivos de proteção e os ensaios elétricos, expondo
a importância de cada ensaio.

4.1 ENSAIOS REALIZADOS NOS DISPOSITIVOS DE MANUTENÇÃO E


ACESSÓRIOS
Os principais dispositivos inspecionados foram: relé buchholz, indicador de nível
do óleo, indicador de temperatura e relé de sobre pressão. A empresa adota alguns
critérios para os testes diferentes do recomendado pelo fabricante. Na inspeção do relé

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Buchholz, ao invés de realizar o acionamento do relé através de sua chave de teste, o


ensaio é realizado fechando a válvula de saída/entrada de óleo do relé e esgotando o óleo
de seu interior, verificado o acionamento nos dois estágios.
Na inspeção do indicador do nível de óleo, somente seu acionamento foi testado.
Para realizar o ensaio de seu mecanismo de interno de atuação (boia), é necessário abrir
o tanque de expansão ou esgotar o óleo. Aplica-se essa prática somente em manutenções
corretivas, visto que caso haja falha no indicador de nível o relé buchholz irá atuar. De
acordo com o técnico, a bolsa de expansão pode danificar e prejudicar a medição do nível
de óleo.
Para inspecionar o indicador de temperatura do óleo é necessário utilizar um
calibrador de processo para simular a variação de resistência, funcionando como um
PT100. Para a temperatura do enrolamento, deve-se simular a diferença de corrente em
relação à temperatura ambiente, assim verificando a curva fornecida pelo fabricante. A
inspeção do relé de sobre pressão é realizada conforme o fabricante, porém os segurados
estão exigindo ensaio de seu acionamento em laboratório.

4.2 ENSAIOS ELÉTRICOS


Observou-se que, além do ensaio de resistência de isolamento, recomendado pelo
fabricante, também são realizados os seguintes ensaios: Fator de potência do Trafo e da
Bucha, Resistencia ôhmica dos Enrolamentos e Relação de Transformação. A seguir,
serão destacados os resultados apresentados nos relatórios emitidos pela equipe de
manutenção responsável pelos ensaios.
Relatório I - Ensaio de relação de transformação. Utilizando o TTR, modelo MRT
MT 10D, foi constatada a relação de transformação nas três fases do transformador, no
tap de 230 kV. De acordo com os resultados do relatório, o erro máximo encontrado foi
de 0,031%, no ensaio da fase 3, sendo aceitável para este equipamento um erro de até
0,5%. Portanto, o ensaio de relação de transformação nas três fases está excelente.
Relatório II - Ensaio de resistência do isolamento do transformador. Esse ensaio
considera os valores do índice de polarização e índice de absorção, os valores devem ser
maiores ou iguais a 2 para o índice de polarização e maior ou igual a 1,4 para o índice de
absorção. Observa-se que ambos os índices ficaram um pouco abaixo do ideal.
Relatório III – Ensaio de resistência ôhmica dos enrolamentos. Esse ensaio foi
realizado nos enrolamentos de alta tensão, pela medição da resistência ôhmica de cada
enrolamento da fase de alta tensão com o neutro. Os resultados foram satisfatórios, já que

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a média da resistência ôhmica foi 1,137 mΩ. Para os ensaios nos enrolamentos de baixa
tensão do Trafo, as medições são feitas entre as fases de baixa tensão. O resultado dessas
medições não pode apresentar uma diferença das resistências entre as fases de alta e baixa
tensão acima de 3%. Os resultados indicam que os resultados foram aprovados nesse
ensaio. O equipamento utilizado foi o microohmimetro, modelo MPK 254.
Relatório IV - Ensaio de fator de potência de isolamento. Observa-se uma
mudança na capacitância, que indica um colapso entre as camadas capacitivas de
isoladores. Este teste foi feito nas conexões de alta e baixa tensão e nas buchas
condensivas. Em comparação com ensaios de comissionamento de transformadores, foi
verificado que as capacitâncias estão parecidas. Portanto, esse ensaio também foi
aprovado.
Relatório V - Verificação dos acessórios do transformador. O indicador de nível
de óleo, os dispositivos de alívio de pressão e relé de gás bem como o acionamento de
seus respectivos alarmes estão funcionando. Esses testes foram aprovados pela empresa
de manutenção, seguindo as exigências do fabricante do transformador.
Relatório VI - Relatório de ensaio de corrente de excitação. Nesse ensaio, é
verificada a perda do ferro e a corrente de magnetização do núcleo. Comparando os
resultados obtidos com os valores de comissionamento, constata-se que as condições
estão satisfatórias.
Os ensaios elétricos na parte ativa do transformador foram todos aprovados pela
equipe de manutenção. A seguir, serão relatados os resultados dos ensaios de óleo
isolante, que é um componente muito importante para o bom funcionamento do
transformador.

4.3 ENSAIO DE ÓLEO ISOLANTE


O ensaio de óleo isolante tem a função de mostrar as condições internas do
transformador, bem como detectar algum risco à saúde dos operadores que realizam as
manutenções periódicas, através de análises laboratoriais. Os relatórios laboratoriais das
análises cromatográfica, físico-química e de teor PCB indicaram que o óleo isolante está
em condições normais de operação, não comprometendo a vida útil do transformador e
nem a saúde dos operadores da usina.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante a realização desse trabalho, ficou evidente a necessidade das ferramentas
de confiabilidade para definir as melhores práticas de manutenção aplicadas em
transformadores de potência. Observou-se que a ferramenta DMAIC foi utilizada para
definir a melhor maneira de execução das atividades e o plano de ação 5W1H foi utilizado
pela equipe em relação aos equipamentos necessários para a manutenção, levando em
consideração as necessidades de cada funcionário. Essas ações podem contribuir para o
aumento do tempo desprendido para a execução da atividade. Observou-se também que
o brainstorming é utilizado periodicamente para levantar ideias de inovação e
oportunidades de melhoria no processo de execução e programação, assim como a análise
de falhas mostrou-se útil para redução de manutenções corretivas, definindo o ciclo
efetivo de manutenções preditivas e preventivas.
Verificou-se que os ensaios foram realizados, em parte, conforme recomendado
pelo fabricante, além de terem sido realizados ensaios elétricos adicionais, bem como as
análises de óleo cromatográfico e o teor de PCB, podendo aumentar a confiabilidade e a
vida útil do transformador. Considerando o investimento em um ativo do porte que é um
transformador elevador de potência, os ensaios abordados nesse trabalho são de suma
importância, com a finalidade de evitar uma parada não programada, bem como a
preservação do ativo, aumentando sua vida útil, gerando assim maiores retornos para a
usina. Em trabalhos futuros, com a finalidade de complementar a discussão, pode-se
abordar temas relacionados a proteções elétricas, cuidados e ensaios durante a montagem
e startup do transformador de potência.

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