Escritos de Linguística Geral
Escritos de Linguística Geral
Escritos de Linguística Geral
Escritos de
Lingüística
Geral
Cultrix
A descoberta, em 1996, num anexo da residência de Saussure,
em Genebra, dos manuscritos de um “livro sobre a lingüística
geral” que se julgava detinitivamente perdido, lança uma nova
luz sobre o pensamento do reformulador moderno das ciências
da linguagem. Publicadas pela primeira vez na presente edição,
essas páginas estão reunidas com o conjunto dos escritos de
Saussure a respeito da lingüística geral conservados na Biblio-
teca Pública e Universitária de Genebra.
E D IT O R A C U L T R IX
FERDINAND DE SAU SSU RE (1857-
1913) nasceu em Genebra numa família
de origem francesa, que contava entre seus
membros com geólogos, gramáticos e na
turalistas, como seu avô materno Henri de
Saussure. Nesse ambiente de alta cultura,
o jovem Ferdinand logo aprendeu o latim,
o alemão, o inglês, o grego, e foi iniciado na
grande tradição da filosofia alemã do sé
culo XIX e no idealismo romântico em
particular.
Aos 15 anos, tenta constituir um sis
tema geral da linguagem, tentação que
será a de toda a sua vida, primeiro no
Ginásio de Genebra, depois na Universi
dade de Leipzig, enquanto mandava seus
trabalhos para a Sociedade Lingüística de
Paris e aprendia o sánscrito quase que
sozinho. A Escola dos Altos Estudos de
Paris lhe ofereceu uma cátedra de gramá
tica comparada, que ele ocupou de 1881
até 1891. De 1901 a 1907, foi professor de
línguas indo-européias e, de 1907 em
diante, foi professor de lingüística geral
na Universidade de Genebra, cidade onde
morreu em fevereiro de 1913.
Com exceção de sua Mémoire sur le
système primitif des voyelles dons les langues
indo^européennes, escrita quando tinha 22
anos, Saussure não publicou quase nada.
O Curso de Lingüística Geral, publicado
pela Editora Cultrix, em tradução do pro
fessor Isaac Nicolau Salum, texto funda
dor das ciências humanas no século XX,
foi redigido por seus discípulos - Charles
Bally e Alhert Sechehaye —que, por sua
vez, serviram-se das anotações de outro
estudante, três anos depois da morte do
professor genebrino.
Escritos de
Lingüística Geral
Organizados e editados por
Simón Bouquet e Rudolf Engler
com a colaboração de Antoinette Weil
Tradução
CARLOS AUGUSTO LEUBA SALUM
ANA LUCIA FRANCO
EDITORA CULTRIX
São Paulo
Título do original: Ecrits de Linguistique Générale.
Esta edição foi realizada sob a égide dos arquivos de Ferdinand de Saussure.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida olí usa-
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Edição Ano
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I. — SO B R E A E S S Ê N C IA D U P L A D A LIN G U A G EM
(A cervo BPU 1 9 9 6 ) ................................. 19
1 Prefácio................................................................................................ 21
2a [Da essência dupla: Principio “primeiro e último” da dualidade] ... 21
2b Posição das identidades....................................................................... 23
2c Natureza do objeto em lingüística................... 23
2d [Principio de dualismo]....................................................................... 24
2e [Quatro pontos de v ista].................................................................... 24
3a [Abordar o objeto] .............................................................................. 25
3b [Lingüística e fonética].................................................. 26
3c [Presença e correlação de sons] ........................................................ 27
3d [Dominio fisiológico-acústico da figura vocal]............................... 28
3e Observações sobre as guturais palatais do ponto de vista
fisiológico e acústico........................................................................... 29
3f [Valor, sentido, significação...]........................................................... 30
3g [Valor e formas] ................................................................................... 30
4a [Fonética e morfología, 1 ] .................................................................. 31
4b [Fonética e morfología, 2 ] .................................................................. 32
5a [Som e sentido].................................................................................... 32
5b [Identidade — Entidades].................................................................. 33
5c [Identidade — Marcha das idéias] .................................. 34
6a [Reflexão sobre as operações do lingüista]...................................... 35
6b [Morfología — Estado de língua]............................... 35
6c [Forma] ................................................................................................. 36
6d [Indiferença e Diferença].................................................................... 37
6e [Forma — Figura vocal] ...................................................................... 37
Sumario
II. — IT EM E A F O R IS M O S ........................ 81
1 [Kénóme]............................................................................................... 85
2 [Questão de origem — Riacho] ......................................................... 85
Sumário
IV. — N O T A S P R EPA R A TÓ R IA S PA RA O S C U R S O S
D E L IN G Ü ÍST IC A G E R A L .......................... 243
duas séries, mas uma união de um tipo particular — da qual seria absoluta
mente inútil querer explorar, por um único instante, as características, ou
dizer, de antemão, o que ela será.” ^
Quanto à minuciosa fundamentação — epistemológica e filosófica — da
reflexão do mestre genebrino, ela corresponde precisamente aos dois estra
tos de seu pensamento bastante negligenciados por seus “editores” (é as
sim que se denominam, curiosamente, Bally e Sechehaye no prefácio do
livro que redigiram de ponta a ponta): são, esses dois estratos, uma
epistemologia da gramática comparada e uma filosofia da linguagem, ali
mentadas — para esquematizar — a primeira pela épistémè do século XIX, a
segunda pela do século XVIII. É nesse horizonte retrospectivo que se pro
grama a reorganização de uma ciência lingüística que deve tratar, em
sincronia, da face semântica da linguagem, tão rigorosamente quanto a gra
mática comparada, em diacronia, de sua face fonológica.
Dessa perspectiva, a lingüística futura deveria recuperar, segundo
Saussure, os objetos tradicionais da morfologia, da lexicologia e da sintaxe
mas também, descobre-se hoje, os da retórica e da estilística. Essa lingüísti
ca unificaria essas abordagens numa semiologia, isto é, numa gramática geral
de um novo tipo, que estuda seus objetos com base no princípio de
opositividade intra-sistêmica (chamado também de negatividade, diferença,
kénôme) e que os concebe como constituintes de uma mathesis lingüistica.
Já existia, em 1894, a tese das “Notas para um artigo sobre Whitney”:
“A diversidade sucessiva das combinações lingüísticas (ditas estados de lín
gua) ocasionadas por acidente é, eminentemente, comparável à diversidade
das situações de uma partida de xadrez. Ora, cada uma dessas situações, ou
nada comporta, ou comporta uma descrição e uma apreciação matemáti
ca.”*’ Quinze anos depois, o curso de lingüística geral de 1908—1909 reafir
ma a mesma idéia: “Toda espécie de unidade lingüística representa uma
relação, e um fenômeno também é uma relação. Portanto, tudo é relação. As
unidades não são fônicas, elas são criadas pelo pensamento. Haverá apenas
termos complexos:
fy) (axb)
14. Para uma apresentação dos manuscritos, consultar o site na Internet do Instituto
Ferdinand de Saussure; www.institut-saussure.org
15. Sobre as hipóteses de datações relativas aos escritos da edição Engler de 1968—
1974, consultar: R. Engler, "The Notes on General Linguistics”, European Structuralism:
Saussure, Current Trends in Linguistics, vol. 13/2, 1975.
16. Esses documentos, que não estão definitivamente classificados na BPU, ainda não
têm um código.
Prefácio dos Editores 17
17. Este trabalho editorial foi realizado graças a um subsídio do Fundo nacional suíço
da pesquisa científica. Os editores agradecem a: Antoinette Weil, por sua colaboração
preciosa durante todo o trabalho; Françoise Voisin-Atlani, Jacques Geninasca e François
Restíer, assim como à UMR 7597 do CNRS.
SOBRE A ESSENCIA DUPLA
DA LINGUAGEM
(Acervo BPU 1996)
1 Prefácio
2d [Principio de dualismo]
o dualismo profundo que divide a linguagem não reside no dualismo do
som e da idéia, do fenómeno vocal e do fenómeno mental; essa é a maneira
fácil e perniciosa de concebê-lo. O dualismo reside na dualidade do fenóme
no vocal COMO TAL e do fenómeno vocal COMO SIGNO — do fato físico
(objetivo) e do fato físico-mental (subjetivo), de maneira alguma do fato
“físico” do som por oposição ao fato “mental” da significação. Há um pri
meiro domínio, interior, psíquico, onde existe o signo assim como a signifi
cação, um indissoluvelmente ligado ao outro; há um segundo, exterior, onde
existe apenas o “signo” mas, nesse momento, o signo se reduz a urna suces
são de ondas sonoras que merece de nós apenas o nome de figura vocal.
Desses quatro pontos de vista legítimos (além dos quais nós admiti
mos nada reconhecer), quase que só o segundo e o terceiro são cultivados.
De fato, o quarto só podería sê-lo, proveitosamente, no dia em que o pri
meiro [ ]
Em compensação, é vivamente cultivada a confusão lamentável desses
diferentes pontos de vista, até mesmo nas obras que ostentam as mais altas
pretensões científicas. Há, certamente, com muita freqüência, uma verda
deira ausência de reflexão por parte dos autores. Mas acrescentemos, ime
diatamente, uma profissão de fé: assim como estamos convencidos, com ou
sem razão, de que por fim será preciso tudo reduzir, teoricamente, aos nos
sos quatro pontos de vista legítimos, que repousam sobre dois pontos de
vista necessários, assim também duvidamos de que alguma vez seja possí
vel estabelecer, com pureza, a quádrupla ou, ao menos, a dupla terminolo
gia que seria necessária.
3a [Abordar o objeto]
Quem se coloca diante do objeto complexo que é a linguagem, para fa
zer seu estudo, abordará necessariamente esse objeto por tal ou tal lado,
que jamais será toda a linguagem, supondo-se que seja muito bem escolhi
do, e que, se não for tão bem escolhido, pode nem ser de ordem lingüística
ou representar, depois, uma confusão inadmissível.
26 Sobre a Essência Dupla da Linguagem
3 b [Lingüística e fonética]
o erro incessante e sutil de todas as distinções lingüísticas é acreditar
que, ao falar de um objeto de um certo ponto de vista, se está, por isso, no
referido ponto de vista; em nove entre dez casos, a verdade é justamente o
contrário, por uma razão muito simples:
Lembremos, com efeito, que o objeto da lingüística não existe para co
meçar, não é determinado em si mesmo. Daí, falar de um objeto, nomear um
objeto, nada mais é do que recorrer a um ponto de vista A determinado.
Depois de ter denominado um certo objeto, abandonado o ponto de
vista A, que não tem existência absolutamente a não ser na ordem A, e que
não seria mesmo uma coisa delimitada fora da ordem A, é permitido, talvez
(em certos casos), ver como se apresenta esse objeto da ordem A, visto
segundo B.
Nesse momento se está no ponto de vista A ou no ponto de vista B? Regularmen
te, será respondido que se está no ponto de vista B; é que se cedeu, mais uma
vez, à ilusão de seres lingüísticos que levam uma existência independente. A
mais difícil de captar, mas a mais benéfica das verdades lingüísticas, é com
preender que, nesse momento, não se deixou, ao contrário, de estar funda
mentalmente no ponto de vista A, pelo simples fato de que se faz uso de um
termo da ordem A, cuja noção, ela mesma, nos escaparia segundo B.
Assim, muitos lingüistas pensam ter se situado no terreno psicológico-
acústico ao fazer abstração do sentido da palavra para considerar seus ele
mentos vocais, dizendo que a palavra champ, do ponto de vista vocal, é idên
tica à palavra chant, dizendo que a palavra comporta uma parte vocal que se
vai considerar, mais uma outra parte, etc. Mas de onde se supõe, antes de
Sobre a Essência Dupla da Linguagem 27
tudo, que há urna palavra, que deverá ser considerada, depois, de diferentes
pontos de vista?
Só se obtém essa idéia, ela mesma, de um determinado ponto de vista,
porque, para mim, é impossível ver que a palavra, em meio a todos os usos
que dela se faz, seja algo dado, que se imponha a mim como a percepção de
uma cor.
O fato é que, quando se fala da palavra a, da palavra b ou, simplesmente,
da palavra, fica-se, fundamentalmente, no dado MORFOLÓGICO, a despei
to de todos os pontos de vista que se pretenda introduzir, já que a palavra é
uma distinção que vem da ordem das idéias morfológicas e já que não há
distinções lingüísticas independentes.
3g [Valor e formas]
o sentido de cada forma, em particular, é a mesma coisa que a diferença das
formas entre si. Sentido = valor diferente.
Contudo, a diferença das formas entre si não pode ser estabelecida.
nais, não consistem nem nas formas nem nos sentidos, nem nos signos nem
nas significações. Eles consistem na solução particular de uma certa relação
geral entre os signos e as significações, estabelecida sobre a diferença geral
dos signos mais a diferença geral das significações mais a atribuição anterior
de certas significações a certos signos ou reciprocamente.
Há, então, antes de tudo, valores morfológicos: que não são idéias e tam
bém não são formas.
Secundariamente, para que uma FORMA exista, como forma, e não como
figura vocal, há duas condições constantes, embora, em última análise, es
sas duas condições acabem por formar uma só:
P que essa forma não seja separada de sua oposição com outras formas
simultâneas;
2- que essa forma não seja separada de seu sentido.
As duas condições tanto são as mesmas que, na realidade, não se pode
falar de formas opostas sem supor que a oposição resulta do sentido, assim
como da forma.
Não se pode definir o que é uma. forma com a ajuda da figura vocal que
ela representa — e também não com a ajuda do sentido que contém essa
figura vocal. Fica-se obrigado a colocar, como fato primordial, o fato GE
RAL, COMPLEXO e composto de DOIS FATOS NEGATIVOS: da diferença
geral das figuras vocais associada à diferença geral dos sentidos que se pode
atribuir a elas.
4 a [Fonética e morfologia, 1 ]
(Brouillon) (Idéia)
Para uma regra como o p (çürêpa) sánscrito, o elemento ativo e passivo
não coincide habitualmente com a fronteira de dois elementos morfológicos,
ao passo que esse é o caso, muitas vezes, para uma regra como s > f depois
de fe r e vogal que não seja ã/ã . Assim, agnisu vãksu contra latãsu, vaksyãmi
contra tapsyãmi.
Então, dentre essas duas regras, que são exatamente da mesma ordem,
da segunda se faz uma regra de samdhi interior e, da outra, não se sabe o que
fazer.
O fato de se chamar vãk-su samdhi interior é a mais excelente prova de
que se procede (forçosamente) segundo elementos morfológicos e não fo
néticos.
32 Sobre a Essência Dupla da Linguagem
4b [Fonética e morfología, 2 ]
Urna regra como a de so’pi, e sah sa uvãca (apesar de sa tu, sa bhavati) deve
figurar, como exceção, na regra do “s final”? Ou será que ela diz respeito à
morfologia da palavra sa? É impossível dizer porque a primeira regra do “s
final” é, ela mesma, morfológica e não fonética. A regra do "s final” se baseia
apenas na unidade da forma afvas (açvah, açvõ, etc.), ou bha-ramas, unidade
de forma que depende, ela mesma, diretamente do sentido.
Quando se tira dessa unidade de forma, urna vez estabelecida pelo senti
do, um fato material que parece constante, como -ah antes de surdo = -õ
antes de sonoro, é absolutamente impossível determinar o valor desse fato
em si, ou o grau de necessidade e de constância com que ele se apresenta.
Ou seja, depois de partir da forma significativa para separar esse fato, nós
ficamos, até o fim, sem outro pólo além dessa forma significativa: quando
estivermos diante de sõ’pi sa bhavati, que não concorda com açvõ’pi, açvõbhavati,
nada há a observar, a não ser que o conjunto de manifestações da palavra sa
não coincide com o conjunto da palavra afva, sem que uma seja mais regular,
em princípio, do que a outra, visto que nenhuma das duas coisas pretende
ser racional.
Agora, formulando-se a regra com relação ao s indo-europeu, se obterá
[ ], mas isso pertence à etimologia, operação complicada que se situa
fora da língua em si.
5 a [Som e sentido]
As alternâncias são as diferenças vocais (não fonéticas) que existem, ao
mesmo tempo, entre formas que se julga representar, a um título qualquer,
uma unidade morfológica — mais ou menos extensa, mas com a exceção da
unidade última, que é a identidade morfológica.
Continuando no domínio morfológico, falamos ora da identidade de sen
tido, ora da identidade de valor, ora da identidade de emprego, ora da iden
tidade de forma. Nenhuma dessas expressões tem um sentido quando não
se subentende a identidade de sentido, de valor, de emprego, segundo a
forma una ou diversa — e, reciprocamente, identidade de forma segundo o
sentido, o valor ou o emprego uno ou diverso. Ora, o todo é solidário. En
tão, não se pode falar, em morfologia, diretamente, de identidade, conside
rando apenas a forma ou o sentido.
Todo o estudo de uma língua como sistema, ou seja, de uma morfologia,
se resume, como se preferir, no estudo do emprego das formas ou no da repre
sentação das idéias. O errado é pensar que há, em algum lugar, formas (que
existem por si mesmas, fora de seu emprego) ou, em algum lugar, idéias (que
existem por si mesmas, fora de sua representação).
Sobre a Essência Dupla da Linguagem 33
Admitir a forma fora de seu emprego é cair na. figura vocal que pertence à
fisiología e à acústica. É, além disso, mais imediatamente, entrar em contra
dição consigo mesmo porque há muitas formas idénticas de som e que nem
se sonha em abordar, o que é a melhor prova da perfeita inanidade do ser
forma fora de seu emprego.
5b [Identidade — Entidades]
§ 1. A identidade na ordem vocal
Quando eu abro duas vezes, três vezes, quinhentas vezes, a boca, para
pronunciar aka, a questão de saber se o que pronuncio pode ser considerado
idêntico ou não-idêntico depende de um exame.
Retornemos à fonética...
6c [Forma]
Quem diz FORMA diz quatro coisas de que se esquece, de todas as qua
tro, e esse ponto é fundamental:
P Quem diz forma diz, primordialmente, diversidade deforma: senão, não
há nem mesmo uma base qualquer, certa ou errada, suficiente ou insufici
ente, para se pensar, por um instante sequer, sobre 3. forma;
2- Quem diz forma diz, portanto, pluralidade deformas: sem o que a dife
rença, que se encontra na base da existência de uma forma, não é mais pos
sível.
3- Quem diz forma, ou seja, diferença numa pluralidade [ ]
Forma implica: DIFERENÇA: PLURALIDADE [SISTEMA?]. SIMULTA-
NEIDADE. VALOR SIGNIFICATIVO.
Em resumo:
FORMA = Não uma certa entidade positiva de uma ordem qualquer, e
de uma ordem simples; mas a entidade ao mesmo tempo negativa e complexa:
que resulta (sem nenhuma espécie de base material) da diferença com outras
formas, COMBINADA à diferença de significação de outras formas.
Sobre a Essência Dupla da Linguagem 37
6d [Indiferença e Diferença]
Outra definição de forma:
Indiferença e Diferença
A esfera das coisas que podem, indiferentemente, ser tomadas uma pela
outra é, de fato, absolutamente restrita; mas ela tem, teoricamente, uma
importância capital,
Por exemplo, NA PALAVRA (não é preciso considerar a língua) courage,
é, de fato, completamente indiferente, em francês, pronunciar courir com r
grasseyé non roulé, ou com r grasseyé roulé, ou com r dental (roulé ou não).
Esses sons constituem, no entanto, espécies perfeitamente distintas e, em
alguma outra língua, o abismo poderia ser mais intransponível entre este r e
aquele r, do que entre um K e um [g]. Reciprocamente, em francês [ ]
Nós tiramos daí, de maneira geral, que a língua repousa sobre um certo
número de diferenças ou de aposições que ela reconhece, sem se preocupar es
sencialmente com o valor absoluto dos termos opostos, que poderá variar
consideravelmente, sem que o estado de língua seja destruído.
A latitude que existe no seio de um valor reconhecido pode ser denomi
nada “flutuação”. Em todo estado de língua se encontra flutuações. Assim,
tomando um exemplo ao acaso, em gótico, o grupo ij + vogal é equivalente
ao grupo í + vogal (sijai “que seja” ou siai, frijana “liberum” ou friana, sem
diferença), mas, num dialeto próximo, a diferença ija-ia pode ter uma im
portância absoluta, isto é, representar dois valores e não um só.
(Eu duvido que se possa definir a forma com relação à “figura vocal”, é
preciso partir do dado semiológico.)
Uma figura vocal se torna uma forma a partir do instante crucial em que
é introduzida no jogo de signos que se chama língua, da mesma maneira
que um pedaço de pano, jogado no fundo do navio, se torna um sinal no ins
tante em que é içado 1- entre outros signos içados no mesmo momento e
que contribuem para uma significação; 2- entre cem outros que poderíam ser
içados, e cuja lembrança não contribui menos para a [ ]
Como decidir, procurando ficar no lado mais material das coisas que
possa considerar o morfologista, como decidir:
(I) se ècpTjv é uma forma de aoristo comparável a èpriv, se há formações de
aoristo como E(pr|v a menos que se evoque imediatamente o sentido: 1- senti
do geral de aoristo; 2- o sentido particular contido em Êcprjv que faz com que
Sobre a Essência Dupla da Linguagem 39
essa forma não seja um imperfeito como èôeíxvuv mas um aoristo, como
ePriv, semelhante ao sentido geral de aoristo, se ele for bem descrito.
Mas (II), de onde tiramos, agora, o sentido de aoristo, sem o qual seria
impossível, acabamos de ver, classificar as formas? Nós o tiramos, única e
puramente, dessas mesmas formas: seria impossível separar uma idéia qual
quer que pudesse ser denominada aoristo se não existisse, na forma, alguma
coisa em particular.
Ora (III), como se percebe imediatamente, essa particularidade da for
ma consiste justamente no fato tão absolutamente negativo quanto possível da
oposição ou da diferença com outras formas: assim, èÕEi^a é diferente de
èSeíxvuv, de SEÍxvugí e de ôeí^co; — EA,utou é diferente de eàeitiou, de ou
de Xeí\|/co, e XéXoixa; — exea é diferente de xéco, éxeou; — fivexpov é diferente
de (pépco, Êcpepou, oíoco, èufiv. Mas não há nada que seja uno e característico
entre as formas ècpriv, eôei^a, IX,urov, èxea, etc. Poderia muito bem acontecer,
para dizer a verdade, que essas formas tivessem alguma coisa em comum e
característica; como, por exemplo, os imperfeitos latinos em -bam. Mas esse
fato, caso acontecesse, não teria nenhuma importância em princípio, deve
ria ser considerado como um simples acidente: podendo, por outro lado,
incontestavelmente, ter certas conseqüências no que lhe diz respeito, como
todos os acidentes de que se compõe eternamente a língua, mas não mais
do que o acidente inverso, em que acabamos de nos deter.
Resta, agora, constatar (IV) que nenhuma das considerações é sepa
rável.
Nós somos sempre reconduzidos aos quatro termos irredutíveis e às
três relações irredutíveis entre eles, que formam um todo único para o espí
rito: (um signo / sua significação) = (um signo / e um outro signo) e, além
disso = (uma significação / uma outra significação).
Seria preciso, para que uma outra coisa se produzisse, que um desses
dois termos fosse determinado, ainda que artificialmente, em si; e é isso
que supomos, por necessidade e em certa medida, ao falar de uma idéia a ou
de uma forma A. Mas, na realidade, não há, na língua, nenhuma determina
ção, nem da idéia e nem da forma; não há outra determinação além da deter
minação da idéia pela forma e da forma pela idéia.
A primeira expressão da realidade seria dizer que a língua (ou seja, o
sujeito falante) não percebe nem a idéia a, nem a forma A, mas apenas a
relação ~ ;
essa expressão seria, ainda, completamente grosseira. Ela só percebe, na
verdade, a relação entre as duas relações abc , ou W
etc. AHZ " Ã ” ARS B
40 Sobre a Essência Dupla da Linguagem
Capital
^relação
(relação
Observa-se que não há, portanto, nenhum ponto de partida nem qual
quer ponto de referência fixo na língua.
Capital
Visão habitual:
A Significação
B Forma
Visão proposta:
I II
8 [Semiologia]
I. Domínio não lingüístico do pensamento puro, ou sem signo vocal e
fora do signo vocal, que se compõe de quantidades absolutas.
II. Domínio lingüístico do signo vocal (Semiologia): nele também é inútil
querer considerar a idéia fora do signo e o signo fora da idéia. Esse domínio
é, ao mesmo tempo, o do pensamento relativo, da figura vocal relativa e da
relação entre os dois.
III. Domínio lingüístico do som puro ou daquilo que serve de signo
considerado em si mesmo e fora de qualquer relação com o pensamento =
FONÉTICA.
9 [Aviso ao leitor]
Capital
Não podemos fingir que não vemos que a grande dificuldade de nossa
exposição (que vai alterar continuamente, receamos, o sentido de nossas
observações no espírito de alguns leitores) vem do próprio erro que este
opúsculo é destinado a combater. Nós chegamos, efetivamente, a imaginar
que os fatos de linguagem, expressos com relação a uma época dada, repre
sentam ipsofacto uma maneira EMPÍRICA de exprimir esses fatos, enquan
to que a maneira RACIONAL de exprimi-los seria exclusivamente a que
recorre a períodos anteriores. Nosso objetivo é mostrar que cada fato de
linguagem existe ao mesmo tempo na esfera do presente e na esfera do
passado, mas com duas existências distintas, e comporta não UMA, mas
regularmente DUAS EXPRESSÕES RACIONAIS, legítimas do mesmo jei
to, uma tão impossível de suprimir quanto a outra, mas acabando por fazer
Sobre a Essência Dupla da Linguagem 45
da mesma coisa duas coisas; isso sem nenhum jogo de palavras, como tam
bém sem nenhum mal-entendido sobre o que acabamos de chamar de coisa,
a saber, um objeto de pensamento distinto, e não uma idéia diversa do mes
mo objeto.
Cada vez que se tratar da crítica das operações gramaticais realizadas
sobre um estado de língua determinado, nossas observações correrão o risco
de serem tomadas por urna afirmação banal do principio histórico; o que é
justamente o contrário do que entendemos.
Nós sustentamos, com efeito, precisamente ao inverso, que existe um
estudo científico relativo a cada estado de língua tomado em si mesmo; que
esse estudo, além de não precisar da intervenção do ponto de vista histórico
e de não depender dele, tem por condição preliminar que seja feita tábula
rasa, sistematicamente, de toda espécie de visão e de noção histórica, assim
como de toda terminologia histórica.
Infelizmente, a maneira de formular os fatos em cada um desses estados
de língua tomados em si mesmos é, até agora, eminentemente empírica, ou
então, o que é muito pior [síc], corrompida desde o principio pela intromis
são, supostamente científica, dos resultados da história em um sistema que
funciona, repetimos, totalmente independente da história.
Que nos perdoem nosso absolutismo; mas nos parece, para dizer a ver
dade, que mesmo numa obra absolutamente geral e quase que de divulga
ção como, por exemplo. La Vie du Langage, de Whitney, seria preciso colocar,
desde a primeira página, o dilema:
Cabe considerar a língua como o mecanismo que serve à expressão de
um pensamento? Neste primeiro caso, que é tão importante quanto o ou
tro, senão infinitamente mais, basta fazer uma consideração histórica das
formas, e todo o trabalho da escola lingüística de um século para cá, dirigi
do unicamente à sucessão histórica de certas identidades que servem, de
repente, a mil fins, é, em princípio, sem importância.
Na prática e, auxiliarmente, com a condição, também, de ser aplicado de
maneira nova, porque ela se tornaria, então, metódica e sistemática, nós
reconhecemos que o trabalho do historiador pode lançar uma luz muito
viva, incidindo sobre as condições que regem a expressão do pensamento,
principalmente ao produzir a prova de que não é o pensamento que cria o
signo, mas o signo que determina, primordialmente, o pensamento (por
conseguinte, o cria, na realidade, e o leva, por sua vez, a criar signos, sempre
um pouco diferentes daqueles que recebeu).
Quando se quer, ao contrário, considerar a língua como uma soma de
signos (não é mais preciso falar, aqui, de sistema) que gozam da proprieda
de de se transmitir através do tempo, de indivíduo para indivíduo, de gera
ção para geração, é preciso, desde o início, constatar que esse objeto ofere-
46 Sobre a Essência Dupla da Linguagem
ce, apenas, alguma coisa em comum com o precedente. Essa opinião, que
pode parecer paradoxal, encontra, a cada instante, sua verificação; e são
essas as duas maneiras, que julgamos irredutíveis, de considerar a língua.
Suponhamos que temos que tratar da origem da linguagem. Haverá, imediata
mente, essas duas maneiras de conceber a questão; ou as condições em que
um pensamento chega a corresponder a um signo — ou as condições em
que um signo chega a se transmitir durante seis meses, ou doze meses, e
logo o pensamento é suprimido porque esse pensamento pode diferir de um
instante para o outro. Ora, o fenômeno primordial da linguagem é a associ
ação de um pensamento a um signo; e é justamente esse fato primordial que
é suprimido na transmissão do signo.
Eu estou tentado a dizer que esse fato é muito mais instrutivo, por si só,
do que tudo o que foi escrito sobre a língua, por parte dos lingüistas, e, por
parte dos filósofos, sobre o mecanismo fundamental da relação entre o sig
no e a idéia.
Não se pode, em primeiro lugar, desejar prova mais flagrante em abono
da afirmação de que um signo de linguagem só existe pelo estrito fato da
existência de outros, já que, na declinação de zlato, todas as combinações
possíveis da idéia de substancia com as de [ ] mas acontece que zlat é
absolutamente capaz de representar, ainda, a idéia [ ]
Como isso se dá? Unicamente pela oposição com zlatéch.
Quem diz forma diz diferença com outras formas e nada mais. Pode-se
considerar apenas a diferença com urna outra forma, por exemplo, unica
mente, a diferença entre ititioç e íunov ou bem unicamente a diferença entre
íjiTtoç e GáAtxoaa. Neste caso, a forma não é determinada, ela não é determi
nada [ ]
sem que a proximidade, mesmo imediata, do r influa, no que quer que seja, na
pronúncia do n dental. Então, supor, como regra “fonética", que n depois de
r daria n seria absolutamente [ ]
11 [Diversidade do signo]
(Examinar) “Diversidade do signo na idéia” parece ser próprio dos ele
mentos gramaticais, enquanto que, na sinonimia, há sempre diversidade
dos dois.
Vai ficar, na realidade, cada vez mais impossível esconder que nós não
possuímos uma única espécie de distinções gramaticais que seja fundada
sobre um princípio definido — ou sobre muitos princípios definidos em
[ ]
Em parte alguma se sabe onde está o terreno firme de onde partem as
definições: aqui se reúnem certos signos em nome de uma certa idéia (su
pondo, portanto, que o signo, por si mesmo, não é definido): lá se considera
um signo como sendo, ao contrário, a coisa definida.
Expressões como categoria gramatical, distinção gramatical, forma gramati
cal, unidade e diversidade das formas gramaticais, são também termos correntes
aos quais somos obrigados a negar qualquer sentido preciso. O que é, de
fato, uma entidade gramatical?
Nós procedemos exatamente como um geómetra que pretenda demons
trar as propriedades do círculo e da elipse sem ter dito o que chama de
círculo e de elipse.
Assim, uma noção continuamente empregada (sob diversas formas) e
que parece clara, diversidade do signo, não significa absolutamente nada; só se
pode falar da diversidade do signo na idéia una ou da diversidade do signo na idéia
diversa.
E as duas coisas, mesmo sendo essencialmente diferentes, se entrecruzam
de tal forma que seria profundamente errado dizer que basta, em cada caso,
subentender — visto que, ao fim de alguns minutos, ter-se-ia, já, admitido a
mudança sem de nada suspeitar.
50 Sobre a Essência Dupla da Linguagem
Mas essas duas coisas, por sua vez, são apenas um aspecto momentá
neo, urna maneira empírica de exprimir os fatos, visto que nem a idéia nem
o signo, nem as diversidades dos signos, nem a diversidade das idéias, re
presentam jamais, por si só, um termo dado: nada é dado, a não ser a diver
sidade dos signos combinada indissoluvelmente, e de maneira infinitamen
te complexa, com a diversidade das idéias.
Os dois caos, ao se unirem, produzem uma ordem. Não há nada mais
inútil do que querer estabelecer a ordem separando-os. Ninguém, sabemos,
pensa em separá-los radicalmente. Mas apenas em separar um do outro e a
partir, ad libitum, disto ou daquilo, depois de se ter, anteriormente, feito
disto ou daquilo uma coisa que supostamente existe por si mesma. E isso,
justamente, o que nós chamamos de querer separar os dois caos, e que nós
acreditamos ser o vício fundamental das considerações gramaticais às quais
estamos habituados.
Resíduo:
rathãd-rathê diversidade do signo em significações diferentes
rãjnas-rãjnas unidade do signo numa significação diferente
rathãd-rãjnas diversidade do signo numa significação una
a unidade de só pode ser constatada por [ ]
significação
Uma significação assume uma existência ou pode-se pensar que ela as
sume uma existência fora dos signos [ ]
12 [Vida da linguagem]
Por vida da linguagem pode-se entender, primeiramente, o fato de que a
linguagem vive através do tempo, ou seja, é suscetível de se transmitir.
Esse fato é, se assim se preferir, um elemento vital da linguagem, por
que nada há na linguagem que não seja transmitido; mas ele é, sobretudo,
absolutamente estranho à linguagem.
— Ou SIGNO e seqüência de tempo, mas, nesse caso, nenhuma idéia no
signo. É isso que se chama fonética.
52 Sobre a Essência Dupla da Linguagem
13 [Gramática : categorías]
Urna categoria gramatical, como a categoria do genitivo, por exemplo, é
urna coisa completamente inacessível, uma palavra verdadeiramente desti
tuída de sentido, no emprego que dela fazemos diariamente. Nós não que
remos dizer, o que é evidente logo de início, que essa categoria não seja
necessária para o espírito, nem representada com necessidade nas diferen
tes línguas que se examinará, nem una naquilo que abrange, em geral ou em
particular, em tal língua. Nós queremos dizer que, numa língua determina
da, em que existe um “genitivo”, não se sabe jamais o que é entendido, de
momento a momento, de página a página, de linha a linha, por essa palavra
“genitivo” ou o que se quer exatamente generalizar quando se fala da cate
goria do genitivo, de que usufrui a gramática dessa língua. — Tomemos, por
exemplo, o genitivo grego.
Ora, entende-se por genitivo, em grego, a “distinção gramática/ do genitivo”
de uma certa idéia superior aos signos, exterior aos signos, independente
dos signos, planando no domínio da idéia pura: de tal maneira que se discu
te [ ]
14 [Gramática : regras]
Entre as regras consideradas essenciais numa gramática sánscrita, seja
esta regra fonética: “s sánscrito depois d e k , r e de vogais, com a exceção do
a [ã/à] se torna (resulta, se transforma em) ç.” Não contestamos, aqui, a
fórmula. Dizemos por exemplo: “o que é s em tal caso aparece como ç em tal
outro”; nós escolhemos a redação que é a menos criticável e procuramos o
que se deve pensar de uma regra desse gênero em si mesma.
1“ O que faz com que o gramático se julgue obrigado, de repente, a
formular uma regra que diga respeito à aparição de um certo elemento s,
quando não formula nenhuma para a grande maioria dos outros elementos
do mesmo sistema. Ele nem considerou, por exemplo, explicar ou reduzir a
uma regra a presença do p em pitã ou a presença do v em afvas. Por que, a
presença do s em çismas, vaksyãmi atrairia mais a sua atenção, ou a nossa,
exigirla uma explicação, seria motivo de reflexão ou pediria, de repente,
uma regra?
Não é preciso procurar a resposta muito longe. Uma possibilidade de
regra se deixou entrever e atraiu, por acaso, o espírito do gramático para ç e
não para p-, é tudo. Nós vamos examinar de onde provém essa possibilidade
‘ de regra mas constatemos, antes, a profunda ausência de direção e de méto
do que presidiu o nascimento da regra, pois nem mesmo se perguntou se
há, regularmente, numa língua, sons mais passíveis do que outros a justifi-
54 Sobre a Essência Dupla da Linguagem
[a) ] O que leva, antes de mais nada, o gramático a querer formular uma
regra (dita regra fonética) relativamente à presença de um ç em vãksu, girisu,
çismas, etc., quando ninguém sonha em formular uma regra sobre a presen
ça de um p em pitã, de um v em ava, etc. É exclusivamente, como todos
vêem, o fato de que s se encontra oposto ao s nas formas de um evidente
parentesco; [ ]
acidentais que não devem, jamais, impedir que ele seja percebido em sua
unidade.
5. ETIMOLOGICAMENTE (o que é passar a uma ordem de considera
ções inteiramente separada da precedente e, não podendo intervir, nós a
manteremos inflexivelmente, que seja a título auxiliar, e sem modificar em
nada o fato da alternância em si mesmo), etimológicamente então, quando
se quer considerar a etimologia, podemos estabelecer que ct diversidade da
quai se compõe uma alternância remonta, no caso regular, u luna unidade preceden
te. (Mas se verá que não é admissível estabelecer uma regra sobre a origem
necessária de um fenômeno instantâneo.)
2 0 a [Negatividade e diferença, 1 ]
(Muito importante:) A negatividade dos termos, na linguagem, pode ser
considerada antes de se fazer uma idéia do lugar da linguagem; quanto a essa
negatividade, pode-se admitir, provisoriamente, que a linguagem existe fora
de nós e do espírito, já que insistimos apenas no fato de que os diferentes
termos da linguagem, em vez de serem diferentes termos, como as espécies
químicas etc., não passam de diferenças determinadas entre os termos, que
seriam vazios e indeterminados sem essas diferenças.
Sobre a Essência Dupla da Linguagem 61
sequer, por si mesmo, fora de sua oposição com outros, e que seja alguma
coisa além de um modo mais ou menos feliz de representar um conjunto de
diferenças em jogo: de sorte que só essas diferenças existem e que, por isso
mesmo, todo objeto sobre o qual incide a ciência da linguagem é precipita
do numa esfera de relatividade, saindo, completa e gravemente, do que se
entende, em geral, por “relatividade” dos fatos.
Por sua vez, as diferenças em que consiste toda a língua nada representa
riam, nem mesmo teriam sentido em tal questão, se não se quisesse dizer
com isso: ou a diferença das formas (mas essa diferença nada é), ou a dife
rença das formas percebida pelo espírito (o que é alguma coisa, mas pouca
coisa, na língua) ou as diferenças que resultam do jogo complicado e do equi
líbrio final.
Assim, não apenas não haverá termos positivos, mas diferenças; mas, em
segundo lugar, essas diferenças resultam de uma combinação da forma e do
sentido percebido.
Como um/ato de língua exige separação entre os pontos de vista diacrônico
e sinóptico.
24 [Signos e negatividade]
Existe na língua:
P Se for considerada em um momento dado: não apenas signos, mas tam
bém significações não separáveis dos signos, visto que estes não mereceríam
mais seu nome sem a significação.
Em compensação, o que não existe são
a) as significações, as idéias, as categorias gramaticais fora dos signos;
elas existem, talvez, exteriormente ao domínio lingüístico; é uma questão muito
duvidosa, a ser examinada, em todo caso, por outros que não o lingüista;
b) as figuras vocais que servem de signos não existem mais na língua
instantânea. Elas existem, então, para o físico, para o fisiologista, não para o
lingüista e nem para o sujeito falante. Assim como não há significação fora
do signo a, assim também não há signo fora da significação.
68 Sobre a Essência Dupla da Linguagem
27 Da essência
(Prólogo.) “Considerada enquanto que”... “Enquanto que”... Mas, à for
ça de ver que cada elemento da linguagem e da fala é outra coisa conforme
os pontos de vista, quase inumeráveis e igualmente legítimos, em que é
possível se colocar para considera-ia, chega um momento em que { ]e
em que é preciso passar para a discussão até desses pontos de vista, à clas
sificação racional que fixará o valor respectivo de cada um.
Então, mesmo que se trate de designações muito precisas como rei, bis
po, mulher, cão, a noção completa envolvida na palavra resulta apenas da co
existência de outros termos; o rei não é mais a mesma coisa que o rei se
existe um imperador, ou um papa, se existem repúblicas, se existem vassalos,
duques, etc.; — o cão não é mais a mesma coisa que o cão quando é oposto a
cavalo, representando, neste caso, um animal impudente e ignóbil, como no
tempo dos gregos, ou se é oposto sobretudo à fera selvagem que ele ataca,
representando, neste caso, um modelo de intrepidez e fidelidade ao dever,
como no tempo dos celtas. O conjunto de idéias reunidas sob cada um des
ses termos corresponderá sempre à soma das que são excluídas por outros
termos e não corresponde a mais nada; é o caso da palavra cão ou da palavra
lobo, enquanto não surgir uma terceira palavra; a idéia de dinasta ou a de
potentado estará contida na palavra rei ou na palavra príncipe, enquanto não
se proceda à criação de uma palavra diferente das primeiras, etc.
28 índice
FORMA. — Não é jamais sinônimo de figura vocal;
— Supõe, necessariamente, a presença de um sentido ou de um emprego;
— Pertence à categoria de fatos INTERIORES.
2 9 f [Sintaxe histórica]
Imagina-se que as observações que seríamos inevitavelmente levados a
fazer sobre “sintaxe histórica” seriam quase infinitas, mas concorrerão to
das para recusar formalmente a esta “ciência” uma base científica verdadei
ra, que só poderia resultar de um método claramente formulado. Onde está,
pergunta-se, o método da “sintaxe histórica”?
Onde está o pólo sobre o qual ela se orienta, sobre o qual ela havia
apenas pretendido se orientar? Onde está a mais vaga tentativa, de sua par
te, de tomar consciência de sua tarefa diante da mais formidável mistura de
fatos, talvez de qualquer lugar e de qualquer domínio, para constatar e de
sembaraçar?
Em primeiro lugar, a sintaxe, nós o dissemos, não é, em momento al
gum, nada além da morfología vista pelo avesso; de sorte que já há, na idéia
de que a sintaxe constitui um domínio definido — que se presta mais ou
menos que a morfología a ser estudado através do tempo, mas que se presta
a sê-lo fora dela — um desses erros ou cavernas, que depois não têm mais
remédio.
Em segundo lugar, a morfología, da qual depende a sintaxe — e, aqui,
admitimos momentaneamente que esses domínios sejam separados — não
é, ela mesma, suscetível de ser perseguida regularmente e científicamente atra
vés do tempo: de sorte que a sintaxe não é mais, ou é ainda [ ]
Se houvesse apenas esse fato, que na língua cada coisa deve ser conside
rada separadamente em sua época e através do tempo, sem ter sobre a outra, de
nenhum dos dois pontos de vista, a menor preeminência, a lingüística seria
uma ciência relativamente simples, ainda que bem diferente, por essa única
separação, do que dissemos.
O mal é que não há, como se imagina, uma coisa que possa ser considera
da, ao mesmo tempo, “em sua época” e “através do tempo”; mas que a
própria determinação das coisas a considerar, em cada época e através do tem
po, depende de dados diferentes e exige uma argumentação sobre um dado.
29j
O fenómeno de integração ou de pós-meditação-reflexão é o fenómeno
duplo que resume toda a vida ativa da linguagem e pelo qual
P os signos existentes evocam MECANICAMENTE, pelo simples fato
de sua presença e do estado sempre acidental de suas DIFERENÇAS a cada
momento da língua, um número igual não de conceitos, mas de valores opos
tos por nosso espirito (tanto gerais quanto particulares, uns chamados, por
exemplo, de categorias gramaticais, outros tachados de fatos de sinonimia,
etc.); essa oposição de valores, que é um fato PURAMENTE NEGATIVO, se
transforma em fato positivo, porque cada signo, ao evocar urna antítese com
o conjunto dos outros signos comparáveis em urna época qualquer, come
çando pelas categorías gerais e terminando pelas particulares, se vê delimi
tado, apesar de nós, em seu valor próprio. Assim, numa língua composta por
um total de dois signos, ba e la, a totalidade das percepções confusas do
espírito vai NECESSARIAMENTE se classificar sob ba ou sob la. O espírito
encontrará, pelo simples fato de que existe uma diferença ba/la e de que não
existe outra, uma característica distintiva que lhe permita, regularmente,
tudo classificar sob o primeiro ou sob um dos dois elementos (por exemplo,
a distinção de sólido e de não sólido); nesse momento, a soma do conheci
mento positivo será representada pela característica comum que tenha sido
atribuída às coisas bae a característica comum que tenha sido atribuída às
coisas la; a característica é positiva, mas ele só buscou a característica nega
tiva que permitiu decidir entre ba e la; não procurou reunir e coordenar, mas
quis, unicamente, diferenciar. Ora, ele só quis diferenciar porque o fato
material da presença do signo diferente que tinha recebido o convidava e o
conduzia imperiosamente a isso, fora de seu [ ]
A cada signo existente vem, então, SE INTEGRAR, se pós-elaborar, um
valor determinado [ ], que só é determinado pelo conjunto de signos
presentes ou ausentes no mesmo momento; e, como o número e o aspecto
recíproco e relativo desses signos mudam a cada momento, de uma maneira
infinita, o resultado dessa atividade, para cada signo, e para o conjunto,
muda também a cada momento, numa medida não calculável.
II
ITEM E AFORISMOS
I. NOVOS ITEM
(Acervo BPU 1996)
1 [Kénôme]
Item. Comete-se o erro de acreditar [que há]
1. uma palavra, como por exemplo, ver, que existe em si, 2. uma signifi
cação, que é a coisa associada a essa palavra.
Ora [ ], quer dizer que é a própria associação que faz a palavra e que,
fora dela, não há mais nada.
A melhor prova é que vwar, em uma outra língua, teria um outro senti
do; não é, por conseguinte, nada em si: e, por conseguinte, só é uma palavra
na medida em que evoca um sentido. Mas, visto isso, fica, portanto, bem claro
que vocês não têm mais o direito de dividir, e de supor, de um lado, a palavra e, de
outro, sua significação. É tudo a mesma coisa.
Você pode apenas constatar o kénôme n e o sema associativo
Pode-se discutir eternamente sobre esse nascimento, mas sua maior ca
racterística é ser perfeitamente idêntica à do crescimento.
Isso só poderla ser do ponto de vista diacrônico. Ex. os daêvas. Mas isso
nada constitui de lingüístico.
em que o sujeito submeta a uma revisão o tesouro mentai da língua que ele
tem em si, e crie, de espírito descansado, formas novas (por ex. calmamente
[ ]) que ele se proponha (prometa) a "colocar" em seu próximo discur
so. Toda inovação chega de improviso, ao falar, e penetra, daí, no tesouro
íntimo do ouvinte ou no do orador, mas se produz, portanto, a propósito de
uma linguagem discursiva.
Item. O que cria a língua não é o fato de ela ter uma vaga seqüência de
sons, mas séries de sons, a que se denomina palavra, exatamente delimitadas.
Item. A simples palavra elipse tem um sentido que deveria fazer refle
tir. Um tal termo parece supor que nós sabemos, inicialmente, de quantos
termos deveria se compor a frase e que comparamos a eles os termos dos
quais, de fato, ela se compõe, para constatar o déficit. Mas se um termo é
indefinidamente extensível em seu sentido, vê-se que a conta que acredita
mos estabelecer entre n idéias e n termos é de uma puerilidade absoluta e,
ao mesmo tempo, de uma arbitrariedade absoluta. E se, abandonando a
frase específica, raciocinarmos em geral, veremos, provavelmente muito
depressa, que absolutamente nada é elipse, pelo simples fato de que os signos
da linguagem são sempre adequados ao que exprimem, com o risco de reco
nhecer que tal palavra ou tal rodeio exprime mais do que se acreditava.
Reciprocamente, não haveria uma única palavra dotada de sentido sem elipse,
mas, então, por que falar de elipse (como Bréal) como se houvesse uma norma
qualquer segundo a qual as palavras são elípticas. Elas o são sem nenhuma
interrupção e sem nenhuma apreciação exata possível do [ ]. A elipse
não é nada além de excesso de valor [ ]
3310.2
Item
<
ep o o o
a
a
3310.5
Item. É preciso o sím boloE 3- e não 1 3 ouCD
3310.6 gg existe uma verdade apriori, e que exija apenas bom senso para se
estabelecer, é que se há realidades psicológicas, e se há realidades fonológicas,
nenhuma das duas séries separadas seria capaz de dar origem, por um ins
tante, ao menor fato lingüístico.
Para que haja fato lingüístico, é necessário a união das duas séries, mas
uma união de um gênero particular — da qual seria absolutamente vão que
rer explorar, por um instante que fosse, as características, ou dizer de ante
mão o que ela será.
Item. Leis:
P As leis universais da língua que são imperativas (teoremático).
2- As “leis” fonéticas! Nenhum direito a esse nome.
3®As leis idiossincrônicas, não imperativas.
Nós não fazemos alta filosofia nenhuma sobre o termo Lei, nós o toma
mos tal como o oferece o uso comum, o sentido de todo mundo.
3310.10
Item. Os subentendidos de um paradigma de declinação.
94 Item e Aforismos
Item. Forma se emprega para apossema, sema e, por fim, parte mate
rial do sema sincrónico. “As diversas formas dialetais desse nome...”:
apossema.
“As formas do dialeto x apresentam uma característica particular.” Pode
ser morfológica.
33R7 ¡sjegta questão difícil da adoção de uma palavra que deturpa mais
ou menos a [ ], não podemos, ao menos, esquecer, entre as coisas que
consagram a palavra sema, os orjpaTa A.t>Ypá. semas gráficos, mas vimos o
parentesco. (Teremos, ao menos, coincidido com a mais antiga palavra em
pregada pelo poeta para [ ].)
Mais Item. Não é nada disso que eu queria dizer, quero dizer que,
caso se soubesse de antemão que a lingüística contém unidades [ ]
Disco verde
" amarelo
“ preto
“ azul
" azul (de novo)
" vermelho
" violeta.
^ O
3317.0
Item.
3,317.1
Item. Faz com que a palavra não seja longa a ponto de ser impossível
recolhê-la numa única sensação.
Eis aí, concorrentemente à divisibilidade temporal, o que torna um
pseudo-organismo tão pujante de ilusão.
3317.2
Item. Princípio da uni-espacialidade, quando se considera o soma, que
tem, por conseqüência, no sema, a divisibilidade em seções (sempre no mesmo
sentido e por cortes idênticos), em vez da divisibilidade pluriforme que se
teria, por exemplo, caso, num sistema “visual direto” (= escrita ideográfica).
Item. O sema lingüístico faz parte da família geral dos sentas uni-
espaciais, de que faz parte, necessariamente, todo sema baseado na trans
missão acústica. Mas não é a transmissão acústica que é importante, é a
uniespacialidade.
3322.3 necessário fazer a conta total das maneiras de ver e dos “cam
pos de análise”.
Antigos Item 105
como verbo. Mas, se desse fato vem uma certa luz, ele está longe de revelar
positivamente a natureza do adjetivo ou, positivamente, a natureza do subs
tantivo.
Item. A grande diferença entre termos como sujeito, etc., que se ad
mite na frase, e as “partes do discurso”. Os termos da frase podem não
corresponder a nada lingüísticamente, mas um “adjetivo”, ou um “advér
bio”, etc., tem, como condição, ser ao menos representado por uma forma
vocal. Nós podemos falar do sujeito da frase sem que esse sujeito esteja
realmente presente diante de nós através de alguma tradução material, mas
nós não podemos falar de um substantivo sem supor um envoltório vocal
do substantivo, coisa muito capital (sem que haja, por outro lado, nada que
caracterize esse envoltório como o de um substantivo).
OUTROS ESCRITOS
DE LINGÜÍSTICA
GERAL
I. NOVOS DOCUMENTOS
(Acervo BPU 1996)
1. [Linguagem ■— Língua — Fala]
A linguagem é um fenômeno; é o exercício de uma faculdade que existe
no homem. A língua é o conjunto de formas concordantes que esse fenôme
no assume numa coletividade de indivíduos e numa época determinada.
O mal-entendido em que caiu, no início, a escola fundada por F[ranz]
Bopp, foi atribuir às línguas um corpo e uma existência imaginários, fora
dos indivíduos falantes. A abstração, em matéria de língua, mesmo feita
com conhecimento de causa, só permite, na prática, aplicações limitadas —
é um procedimento lógico — ainda mais uma abstração à qual se dava um
corpo e da qual se era o joguete ia ser um impedimento...
A escola fundada por F[ranz] Bopp, no começo deste século, não consi
derava a linguagem sob o aspecto de um fenômeno e nem, portanto, seu
caráter de exercício de uma faculdade da alma. Hoje, ela é freqüentemente
censurada por ter negligenciado, em sua essência, o objeto que pretendia
tratar. Isso é lhe atribuir arbitrariamente uma missão que ela não sonhava
para si mesma, que muitos de seus adeptos teriam, sem dúvida, recusado.
Na realidade, é o objeto que mudou: sem disso desconfiar, uma ciência dife
rente sucedeu à primeira e pretendeu admitir que sua predecessora poderia
não estar suficientemente segura da legitimidade de sua própria existência.
Parte da filologia, ou seja, do estudo das literaturas, dos textos e,
subsidiariamente, das línguas, a ciência para a qual Bopp e Grimm abriram
o caminho se intitula, de início, filologia comparativa ou gramática compa
rativa. Ela só se distinguía da filologia clássica pela pesquisa de seus [ ]
2 [Si^no]
A A
Onde está “o signo” na concepção imediata que fazemos dele? Ele está
em A sobre a montanha e sua natureza, qualquer que possa ser, material ou
imaterial, é simples, se compõe de A.
Onde está "O SIGNO” na realidade das coisas? Ele está dentro da nossa
cabeça e sua natureza (material ou imaterial, pouco importa) é COMPLE
XA; ela não se compõe nem de A, nem mesmo de a, mas, doravante, da
associação a/b com eliminação de A e também com impossibilidade de en
contrar o signo em b ou em a tomado separadamente.
3 [Adivinhação — Indução]
A lingüística procede, de fato, por indução e adivinhação, e deve proce
der assim para chegar a resultados fecundos. Uma vez descoberta a hipóte
se, parte-se sempre daí, do que é reconstruído, para depois destinar a cada
língua, sem prejulgar, o que lhe cabe dessa hipótese. Assim, a exposição
ganha em clareza, certamente. Como prova, conta-se com o conjunto
satisfatório que produzem os fatos, assim explicados, para qualquer um que
admitiu a hipótese.
(Que me perdoem a escolha de um exemplo pessoal, já que será para me
justificar. Em Mémoire, eu cometi o erro, obedecendo à idéia, correta no fun
do, [de] ter que, a propósito do fonema [?] suposto, [de] ter que fazer a
lista dos 0 greco-itálicos, com suas modificações, de uma maneira totalmen
te objetiva. Assim, apesar de minha convicção íntima de que a troca o-a,
ôp0óç arduus, foi motivada por um fenômeno todo especial, estranho a oyScoç
octavus, eu o incorporei à lista o-a [por] que [ ] nem no próprio greco-
itálico (nem no greco-itálico combinado a outras línguas: simplesmente au
sência de obstáculos) existe prova do fato em questão e de que eu só podia
118 Outros Escritos de Linguística Geral
E preciso acrescentar aqui, para ser justo, os Lefébure, cujo nome se for
mou graças [ ], sem o que eles se chamariam Lefèbvre.
II. ANTIGOS DOCUMENTOS
(Edição Engler 1968— 1974)
1 [Fonología, 1]
3282.1= 930^0 ^ apcHas acústicamente, é mecanicamente que a inibição
(ou seja, a.femante e a sistante) é una. O som J; só começa no instante em que
o contato é estabelecido; ele não começa com o movimento de fechar;
mas com a posição de fechamento; a operação que a precede se traduz acús
ticamente não no b, mas no fonema anterior. A explosão, em troca, só
pode começar depois que uma abertura, por menor que seja, for produzida.
Ela marca o inicio do movimento de abrir. Do ponto de vista mecánico,
igualmente, o número e a natureza dos termos opostos nos aparecem, por
tanto, de outra maneira; conservação do estado de fechamento, abandono
do estado de fechamento; período estável e período instável (= abertura),
em vez de dois períodos instáveis diferentes mais período estável. A
explosão é, forçosamente, momentânea; a míbífão pode ter uma duração
indefinida. No lugar da diferença de qualidade entre a implosão e o
período intermediário (sistante!), nós só temos as diferenças no tempo per
mitido à inibição.
3282.2=926-929 atticulações sistantes teriam, como as outras, direito a se
rem consideradas. Aproveitando que elas não oferecem, em geral, um efeito
diferente do das articulações/ermantes e que, em particular, quando se suce
dem uma articulação femante e uma sistatite da mesma espécie, o efeito é
contínuo de um extremo ao outro, nós imaginamos, no intuito de simplifi
car, que não é para tratar das articulações sistantes e acabamos por ficar, de
maneira mais ou menos artificial, diante de dois termos apenas; a articula
ção que se abre (ouvrante) e a que se fecha (femante).
3282.2a=9í5 ^ geguj,-^ supofemos ausentes as plosões; ou as faremos entrar,
se elas se apresentarem, na categoria das implosões. Duas licenças
que jamais se aceitaria num verdadeiro tratado de fonologia, ainda que o
efeito acústico das plosões seja totalmente análogo ao das implosões. Com
Outros Escritos de Linguística Geral
efeito, cada designação de unidade fonatória quer dizer que o elemento pro
posto é conhecido em seu lado acústico assim como em seu lado mecânico,
não que é determinado a partir de um desses dados. Sem o que, pondo-se
ponta com ponta duas unidades, determinada.^, por exemplo, só a partir de
sua natureza acústica, poder-se-ia ficar diante de dois casos mecânicos pro
fundamente diferentes, com os mesmos termos fonológicos. A medida que
adotamos é, portanto, antimetódica ao máximo e nos repugna extremamente
mas, deixando esse ponto de lado, é vantajoso, na prática, aderir provisori
amente ao artifício que suprime as plosões.
3282.3=1014 yjgjQ q^g tcntativa de recorrer à sílaba como re
curso natural quando não se sabe mais o que fazer da soante, observamos
que é uma característica totalmente geral, da escola de que falamos, cultivar
esse detestável círculo vicioso e pensar que duas questões obscuras, cada
uma no que lhe diz respeito, ficam mais daras quando são adicionadas em
um único todo.
Não se deveria fazer dos erros materiais de nenhuma escola um ci'íme,
mas em toda escola se poderá censurar, com tanto menos deferência se ela
se revela culpada, as coisas que ofendem a retitude do espírito, permitindo
que se acredite que se fez a luz com a noite, que liá lá uma doutrina onde
existe apenas um equívoco. Mesmo que nunca saibamos ao que nos agarrar
a respeito da sílaba e da soante ~ sobretudo neste caso, acrescentaremos —
é preciso se abster de implicar uma dessas questões na outra. Nós teremos
feito alguma coisa a &vor da clareza só por mantê-las distintas, mesmo que
isso nos custe confessar que nada sabemos, nem de uma nem de outra.
3282.4=1066 p^j. gg exístíssc um3 letra para r, (/, m, n) explosiva (eu
suponho, por um instante, p), nada seria mais urgente do que abolir o signo
sonántico r) e escrever kpata/krta, karta como ^ata/kita, kaita. Infelizmente,
estando essa letra ausente, nós reconhecemos que o único sistema lógico
seria usar, nos três casos, r (krata, krta. karta) renunciando-se a qualquer
distinção para não introduzir aí uma que destoe com o princípio seguido de
i e j. Na prática, no entanto, é melhor não se privar da distinção sonántica
quando não há outra, mesmo que ela não seja a que conviría marcar e sem
jamais esquecer que ela separa dois r idênticos (krta e karta) e que reúne dois r
diferentes (karta — krata). Tais são, simplesmente, as considerações que,
conforme sempre nos pareceu, podem legitimar a manutenção do r, como
notação provisória.
32K.S-I062 ^ np^riçSo, há uma dezena de anos, dos signos i e u com o
nome pelo qud são conhecidos, me encheu, nessa época, se me é permitido
confessar, de um espanto sem par. Era de conhecimento recente e tornava-
se mais do que nunca necessário chegar, se possível, a um entendimento
Antigos Documentos 125
título deste curso — ainda que outras denominações, como Gramática com
parada, sejam mais usadas — eu acredito que devo tentar fazer o comentá
rio, necessariamente muito abreviado e incompleto, do sentido que tem a
palavra história para o lingüista. É para esse assunto que eu quería solicitar
sua atenção, sem muitos preâmbulos, porque ele contém tudo: quanto mais
se estuda a língua, mais se chega a compreender que tudo na língua é histó
ria, ou seja, que ela é um objeto de análise histórica e não de análise abstra
ta, que ela se compõe de/atos e não de leis, que tudo o que parece orgânico na
linguagem é, na realidade, contingente e completamente acidental.
Uma primeira maneira, um pouco superficial, de entender que a lin
güística é uma ciência histórica, é a que consiste em observar que não se
conhece completamente um povo sem conhecer sua língua ou ter dela algu
ma idéia; que a língua é uma parte importante da bagagem das nações, con
tribuindo para caracterizar uma época, uma sociedade. A presença de idiomas
célticos na Gália e seu lento desaparecimento sob a influência da dominação
romana constituem, por exemplo, grandes fatos históricos. E esse o ponto de
vista da Língua na História, mas não é o ponto de vista da história da língua. E
evidente que, por mil fatos, a língua interessará o historiador; acrescento,
até mesmo, que é possível que nem sempre o historiador se interesse o
bastante por ela. Poucas pessoas na França sonham, por exemplo, em se
perguntar que língua se falava na corte de Carlos Magno — seria o romano
ou o alemão — e, caso fosse o alemão, seria um dialeto desaparecido ou um
dos dialetos que se perpetuam até hoje? Poucos historiadores reparam que
os nomes dos chefes hunos, como Átila, não são nomes hunos, mas nomes
germânicos — o que é a prova de todo um estado de coisas muito interes
sante; e, em segundo lugar, que esses nomes germânicos não são do primei
ro dialeto derivado, não são saxões ou escandinavos, mas claramente góti
cos. No entanto, todos esses fatos, grandes ou pequenos, pelos quais a lín
gua se mistura à vida dos povos, à vida política, social, literária, não consti
tuem, eu repito, ou constituem só de vez em quando, o que se pode deno
minar a vida da língua.
É de um outro ponto de vista, por conseguinte, que a ciência da lingua
gem reivindica o título de ciência histórica. É que toda língua tem, em si
mesma, uma história que se desenrola perpetuamente, feita de uma suces
são de acontecimentos lingüísticos que, exteriormente, não tiveram reper
cussão e jamais foram inscritos pelo célebre buril da história; assim como
são, por sua vez, completamente independentes, em geral, do que se passa
exteriormente. Toda língua apresenta, um pouco como as grandes morainas
que se vê nas nossas geleiras, o painel de um prodigioso acúmulo de coisas
trazidas através dos séculos, mas de coisas que têm uma data, e datas muito
diferentes, assim como se pode perceber, nos depósitos glaciares que eu usei
132 Outros Escritos de Linguística Geral
São as ciladas escondidas atrás de cada locução que, talvez, mais retardaram
[ J
Alegra-me vivamente que o primeiro romanista de nosso tempo, o mes
tre incontestado que dirige há vinte anos todo o movimento da filologia,
Gastón Paris, não tenha achado inútil declarar uma guerra impiedosa a duas
de nossas locuções mais correntes e, aparentemente, mais inocentes; pri-
meiratnente: ofrancês wm do latim, ou então tal palavra, por exemplo, chanter,
vem da palavra latina cantare. O francês não vem do latim, mas é o latim, falado
numa data determinada e em determinados limites geográficos. Chanter não
vem da palavra latina cantare, mas é a palavra latina cantare. Do mesmo modo,
Valeria dizer, o francês que falamos vem do francês de Montesquieu ou do de
Corneille, ou vem do de Montaigne ou de Froissart, ou do da Chanson de
Roland; isso é uma [ ], mas como todo mundo diz que é o francês de
Montesquieu, ou da Chanson de Roland, não há nenhuma razão para não
dizer, do mesmo modo, que é o latim de Augusto, e o latim de Plauto, e a
maneira de falar pré-histórica que precedeu a maneira latina de falar.
E a outra locução figurada que vamos justiçar com Gastón Paris é a do
francês, tlngua fUha do latim, — ou do latim, língua mãe das línguas románicas.
Não existem línguas filhas nem línguas mães, não existem em parte alguma
e nem jamais existiram. Há, em cada região do globo, um estado de língua
que se transforma lentamente, de semana em semana, de mês em mês, de
ano em ano e de século em século, como veremos a seguir, mas nunca hou
ve, em parte alguma, parturição ou procriação de um idioma novo por um
idioma anterior, isso é estranho a tudo o que vemos, assim como a tudo o
que podemos nos representar em idéia, sendo dadas, simplesmente, as con
dições em que falamos, cada um, a nossa língua materna.
O que se pode dizer, depois do que foi colocado, do nascimento e da morte
das línguas, que desempenham um grande papel pelo que se diz neste
mundo?
Comecemos pela morte.
Uma língua não pode morrer naturalmente e de morte natural, Ela só
pode morrer de morte violenta. Sua única maneira de acabar é se ver supri
mida pela fo)-ça, por uma causa totalmente exterior aos fatos da linguagem.
Ou seja, por exemplo, pelo total extermínio do povo que a fala, como logo
acontecerá com os idiomas dos Peles-Vermelhas da América do Norte. Ou
então por imposição de um novo idioma que pertença a uma raça mais for
te; em geral, é preciso não apenas uma dominação política, mas também
uma superioridade de civilização e, muitas vezes, a presença de uma língua
escrita que seja imposta pela Escola, pela Igreja, pela administração... e por
todas as vias da vida pública e privada. É um caso cem vezes repetido na
história; o caso do gaulês da Gália suphmtado pelo latim, o caso dos negros
Antigos Documentos 135
do Haiti que falam francês, do felá egípcio que fala árabe; o caso do habitan
te de Genebra que fala o dialeto de Ile-de-France e não a língua autóctone
que falava há alguns séculos. Mas não existem aí causas lingüísticas. Uma
língua jamais morre de esgotamento interior, depois de concluir a carreira
que lhe foi dada. Em si mesma ela é imperecível, isto é, não há razão alguma
para que sua transmissão termine por uma causa que pertença à organiza
ção dessa língua.
Lê-se em uma das primeiras páginas de uma obra de Hovelacque sobre
a lingüística: A língua nasce, cresce, definha e morre, como todo ser organi
zado. Essa frase é absolutamente típica da concepção tão difundida, mesmo
entre os lingüistas, que é combatida à exaustão e que levou diretamente a
fazer da lingüística uma ciência natural. Não, a língua não é um organismo,
ela não é uma vegetação que existe independentemente do homem, ela não
tem uma vida que implique um nascimento e uma morte. Tudo é falso na
frase que eu li: a língua não é um ser organizado, ela não morre por ela
mesma, ela não definha, ela não cresce, na medida em que não tem uma
infância, assim como não tem uma idade madura ou uma velhice e, por fim,
ela não nasce, como vamos ver.
Jamais se observou, com efeito, sobre o globo, o nascimento de uma
língua nova. Já se observou o súbito aparecimento de novos astros em meio
às constelações conhecidas do céu e já se viu, um dia, o surgimento de no
vas terras na superfície de alguns mares, mas não se tem conhecimento de
uma língua que não fosse falada na véspera ou que não fosse falada da mes
ma forma na véspera. Poderá ser citado o volapük. Eu ia falar disso. Porque
precisamente o volapük e as outras línguas [artificiais] são um exemplo exce
lente para se perceber o que impede que nasça uma língua ou o que garante
a transmissão das que existem: há dois fatores, o primeiro é a ausência de
qualquer iniciativa, já que cada população está muito satisfeita com seu
idioma materno; o segundo é que, mesmo se houvesse uma iniciativa, o que
supõe um conjunto de circunstâncias totalmente excepcional e, principal
mente, o emprego da escrita, essa iniciativa se chocaria com a resistência
invencível da massa que não renunciará a seu idioma habitual. O volapük,
que não pretendia destronar nenhuma língua existente, não conseguiu, apesar
das condições favoráveis em que se apresentou, ter sucesso neste mundo.
Dir-se-á que negar, nesse sentido, que alguma língua tenha nascido, é
jogar com as palavras, e que basta definir o que se entende por nascimento
para que não se possa negar o nascimento ou o desenvolvimento progressi
vo de uma língua como o alemão, o francês. Eu respondo que, neste caso,
joga-se com outra palavra, que é a palavra língua; na realidade, a língua não
é um ser definido e delimitado no tempo. Distingue-se a língua francesa e a
língua latina, o alemão moderno e o germânico de Armínio como se distin-
136 Outros Escritos de Lingüística Geral
de Júpiter, armado dos pés à cabeça, das entranhas da língua latina, cai regu
larmente no sofisma da imobilidade; essa pessoa supõe, naturalmente, que,
entre dois desses saltos imaginários, a língua está em estado de equilíbrio e
de repouso ou, ao menos, de um equilíbrio que se oponha a esses saltos, ao
passo que não há jamais, na realidade, um equilíbrio, um ponto permanen
te, estável, em língua alguma. Colocamos, então, o princípio da transforma
ção incessante das línguas como absoluto. Não ocorre o caso de um idioma
que se encontre em estado de imobilidade e de repouso. Os impulsos que
criam esse movimento são a tal ponto incompressíveis e incoercíveis que
línguas como a nossa, cuja vida se tornou quase que totalmente artificial,
são obrigadas, elas mesmas, a ceder a ele; a tirania da língua escrita, essa
espécie de camisa-de-força que é o francês oficial, tem, certamente, o efeito
de travar a sua marcha, mas é incapaz de detê-la completamente e, muitas
vezes, nem desconfiamos da distância que já percorreu a língua verdadeira
(eu me refiro até mesmo à língua da conversa culta) através do trabalho
subterrâneo que não cessa de se realizar na língua viva por baixo da super
fície, por assim dizer congelada, do francês clássico. É assim, por exemplo,
que não percebemos mais que quatre, lettre, chambre, double, table e todas as
palavras que terminam em consoante + re ou consoante + le estão quase
atingindo o ponto em que re e le terão desaparecido completamente. Já hoje,
um lingüista que viesse à França com o objetivo de registrar metodicamen
te, por escrito, o francês falado, o francês real e autêntico, como se registra
metodicamente a língua de qualquer povo malásio ou afiricano, ou como se
registra os dialetos franceses — esse lingüista escrevería sem hesitar que,
no ano de 1891, k-a-t, kat é a forma exata ou a forma principal do quarto
numeral, l-e-t, let, da palavra que significa missiva ou signo do alfabeto. Porque
em Genebra, assim como em Bordeaux, em Paris ou em Lille, na rua assim
como nos salões, só se fala kat places, katjours, ou la let quej'ai reçue, etc. (Em
certas condições, há uma segunda forma, letr, usada antes de vogais: letr
ouverte; mas, mesmo antes de vogal, já se começa a dizer let ouverte, mettre
cette let à la poste, e é muito provável que, dentro de cinqüenta ou setenta e
cinco anos, letr seja uma forma totalmente desconhecida.) Esse é um exem
plo que, entre muitos, prova que os fenômenos de transformação, seme
lhantes aos que encontramos em todos os idiomas deixados a si mesmos,
não pararam, na realidade, de se produzir, mesmo em uma língua em que
todas as condições são anormais graças à aparente onipotência da escrita.
Mas é tempo de nos perguntar, sem pegar qualquer exemplo isolado,
em que consistem as mudanças que se produzem com necessidade tão cons
tante em todas as línguas, de que natureza são esses remanejamentos, essas
modificações perpétuas, a que causas se remetem, e se têm o mesmo caráter
em todas as línguas.
Amigos Documentos 139
analógicas, que nos fazem sorrir, mas que oferecem, em toda a sua pureza e
candura, o princípio que não cessa de agir na história das línguas. Venirai.
Comoje venirai? Para isso é preciso que, em primeiro lugar, a criança conhe
ça venir e que associe, em seu espírito, a idéia contida em venir com a que
deseja exprimir; mas isso não basta; é preciso, em segundo lugar, que ela
tenha ouvido dizer punir eje tepunirai ou choisir {je ckoisirai]. Então, acontece
o fenômeno punir: punirai = venir: venirai. Nada de mais conseqüente, nada
de mais lógico e de mais certo do que o raciocínio que conduz a venirai.
Observemos, em seguida, uma das características desse fenômeno; em certo
sentido, isso não é uma transformação, é uma criação; mas, em última análise,
não passa de uma transformação, já que todos os elementos de venirai estão
contidos nas formas existentes, fornecidas pela memória; punirai, punir ou,
então, se assim se desejar, o sufixo -ir, o sufixo -irai e sua relação de signifi
cação. Sem a presença desses elementos, venirai é simplesmente impossível.
Não haverá jamais criação ex nihilo, mas cada inovação será uma nova apli
cação de elementos fornecidos pelo estado anterior da linguagem. É assim
que a renovação analógica que, em certo sentido, é muito destrutiva, se
limita a continuar a cadeia de elementos transmitidos desde a origem das
línguas, sem jamais conseguir rompê-la.
Observemos, também, em seguida, por que se dá o nome de operação
de analogia, de fatos de analogia, a todas essas operações psicológicas. O
termo foi tirado da gramática antiga dos gregos, que nele punha uma outra
idéia e se colocava num ponto de vista muito diferente do nosso; mas ele se
revelou aplicável, já que o resultado dessas operações tende a restabelecer
uma analogia ou uma simetria entre as formas; assim, viendrai não é simé
trico a punirai. É sobre uma analogia que se efetua o raciocínio que está na
base do fenômeno. Mais geralmente, esse fenômeno representa uma associa
ção deformas no espírito, ditada pela associação das idéias representadas.
A operação de analogia é mais viva e mais fértil na criança porque sua
memória ainda não teve tempo de armazenar um signo para cada idéia e,
por conseguinte, ela se vê obrigada a confeccionar, a cada instante, esse
signo. Ora, ela o fabricará sempre de acordo com o procedimento da analo
gia. E possível que, se o poder e a precisão de nossa memória fossem infini
tamente superiores ao que são, as novas formações por analogia fossem
reduzidas a quase nada na vida da linguagem. Mas, na realidade, não é esse
o caso, e uma língua qualquer num momento qualquer nada mais é do que
lun vasto enredamento de formações analógicas, algumas absolutamente
recentes, outras que vêm de um passado tão distante que podemos apenas
adivinhá-las. Pedir a um lingüista que d te as formações analógicas é, por
tanto, como pedir a um mineralogista que cite os minerais, ou a um astrô
nomo que cite algumas estrelas, eu digo logo de início, para que não haja
Antigos Documentos 141
nenhum mal-entendido sobre o valor que atribuímos a esses fatos: não são
fatos excepcionais e anedóticos, não são curiosidades ou anomalias, mas a
substância mais clara da linguagem, em qualquer parte e em qualquer épo
ca, a sua história de todos os dias e de todos os tempos:
je treuve, nos trouvons, comoje meurs, nous mourons. Por quê? Há uma razão
excelente, mas [fr. mod. je trouve]. Dizia-se je lève, nous lavons, e nós dizemos
je lave, nous lavons.
Pretéritos fortes alemães, quase sempre zog, wir zogen; lieh, liehen; band,
banden; half, halfen; ward, wurden. No entanto, na história do pretérito, um
exemplo: mesmo as formas mais familiares ao espírito, coisa singular, estão
sujeitas [à analogia]. Falou-se, durante séculos, grand, fem. grand, contra
bon fem. bone, porque [granáis mase, e fem.]. Já, no século XIX, grande.
Contemporâneo; por exemplo, j'achéte, nous achetons. Uma mulher não
diz mais je me décollette, mas Je me décolte! Magnífica formação de analogial E
claro, não que se deva dizer (porque não se deve dizer nada; tudo o que se diz
tem sua razão de ser) — mas é claro que se dizia, até uma época recente [je
me décollette, nous nous décollettons] como j'achéte [nous achetons]. Muito possí
vel que se venha a dizer j'adite (eu já ouvi je cachté). — récolter.
Exemplo tirado da história do verbo sein em alemão. Em alemão, falou-
se, durante séculos, até em pleno século XIX, ich was “eu era”; er was “ele
era”; wir waren “nós éramos”, estado que é, aliás, conservado sem mudanças
no inglês: / was, he was, we were. Por quê? havia um s em was e um r em waren,
para isso há excelentes razões, mas eu não vou examiná-las porque essas
causas retrospectivas, sejam elas quais forem, não mudam em nada o esta
do que temos no momento, do qual falamos, e não são capazes, igualmente,
de mudar mais nada no que vai se passar a partir desse estado. No fimdo, o
r de waren é uma modificação do s mas, eu repito, isso é alheio à questão.
No mesmo momento em que existe, por uma causa qualquer, was —
waren, existe também, e sempre por uma razão que não temos que pesquisar,
ichjithr, wirfuhren "eu ia de carro, nós íamos de carro*, ou então icít gebar, wir
geíjomí “eu concebería, nós conceberiamos". Nesses pretéritos, o r, de onde
quer que tenha saído, vai de uma ponta à outra da flexão e esses pretéritos
têm a vantagem de parecer mais simples, mais lógicos, embora historica
mente eles não sejam mais do que was — waren.
Eu dei apenas, necessariamente, uma idéia muito incompleta do fenô
meno e só o considerei em uma ou duas de suas formas mais notáveis e
mais perceptíveis.
A outra causa das transformações lingüísticas, a causa fonética, pede
agora a nossa atenção.
Por razões que não seria possível expor aqui, ela escapa à nossa atenção
e à nossa consciência. Esse movimento fonético existe em todas as línguas:
142 Outros Escritos de Lingüística Geral
cantare > chanter. campus > champ. cathedra > chaire, calamus > chaume, vacca
> vache, capillas, cantare se decompõe k’antar.
Outro fenômeno: civitas > cité [ ].
-//- palatal.
Característica capital: atinge cegamente todas as formas da língua em
que se encontra o som em questão e, por conseguinte, oferece um caráter de
regularidade matemática.
Esse caráter de regularidade é tal que se pode prever, sendo dada uma
palavra latina, o que ela será em francês; sendo dada uma palavra indo-
européia, o que ela seria em grego; sendo dada [ ] (se não há perturba
ção por analogia).
Lei — Acontecimento.
Um dos efeitos é a diferenciação das formas (a analogia restabelece,
tende a restabelecer a simetria).
nos agrada dar dois nomes sucessivos ao mesmo Idioma e, por conseguinte,
de lãzer dele, arbitrariamente, duas coisas separadas no tempo.
Sem dúvida, a influência que exercem sobre o nosso espírito dois nomes
sucessivos desse gênero é tão decisiva e tão inabalável, inextirpável, que eu
não sonho, confesso Mancamente, em destruir tal preconceito, em alguns
dias, com duas ou três observações de minha parte. É apenas — todos os
lingüistas o sabem — tpela] observação particularmente prolongada do que
é a língua de texto em texto, de cinquenta em cinquenta anos ou de vinte
em vinte anos, que se chega, enfim, a compreender, profundamente, defini
tivamente, a absoluta presunção e inutilidade de uma denominação diferen
te, como latim ou francês. O que acontece, invariavelmente, quando um lin
güista combate a idéia errônea de que a língua latina teria um dia concebido o
francês? Meu Deus, concorda-se em todos os sentidos, admite-se que essa é
uma concepção absurda, sabe-se que, em toda parte e sempre, natura non
facit saltas, aceita-se perfeitamente que uma transição muito lenta deve ter
ocorrido entre as duas línguas— notemos esse íermo! — e, depois disso, hou
ve algum avanço? De modo algum, porque ainda se imagina, obstinada
mente, que há, antes, dois termos, religados por uma transição insensível, é
verdade, mas constituindo sempre dois termos, duas línguas, dpis seres,
duas entidades, dois organismos, dois princípios, duas noções, dois termos
diferentes. Continua-se a imaginar o latim e o francês como duas frondes-
cêndas sucessivas da mesma árvore, desde a queda das folhas no outono até
o nascimento dos brotos na primavera; aceita-se, com presteza, que a passa
gem é insensível nos canais secretos em que se distribui a vida. mas man
tém-se que há dois períodos caracterizados. Essa é, incontestavelmente. a
idéia difundida. Ora. a que se pode comparar, na realidade, a pretensa su-
ressão do latim pelo francês? Imaginemos, numa ddade, uma rua muito
longa: pode-se discutir, nos conselhos municipais, se vai lhe ser dado, em
todo o seu comprimento, ura único nome; por exemplo, Bulevar Nacional; ou
se essa rua será dividida em duas partes. Bulevar do Templo e Bulevar da Escola,
ou em três. bulevar de X, de Y e de Z ou. enfim, em dez, quinze frações, com
nomes diferentes. A existência distinta de cada um desses trechos de rua é,
naturalmente, uma coisa puramente nominal e fictícia, não cabe perguntar
como o Bulevar Y se transforma em Bulevar X, nem se o Bulevar Y $e trans
forma subitamente ou insensivelmente em Bulevar X, porque, para começar,
não existe, em lugar algum, Bulevar Y ou Bulevar X, exceto em nosso espí
rito. Do mesmo modo. não há em parte alguma, exceto em nosso espírito,
um certo ser que seja o francês por o p o sito a um certo ser que seja o latim.
Assim, é muito pouco vantajoso dizer que um sai progressivamente do outro
em vez de dizer que um sai de uma só vez. O essencial é compreender que
podemos dar um nome só ao período de vinte e um séculos, denominando-
144 Outros Escritos de Lingüística Geral
tes do país, uma situação preeminente, que faz com que só esse dialeto
chegue até nós nos monumentos escritos, ou que faz com que os outros
dialetos sejam considerados Jargões informes e horríveis, que se imagina
ser deturpações da língua oficial. Enfim, acontece muitas vezes, em segun
do lugar, que a língua adotada como língua literária chegue a matar [ ].
Exemplo: o latim que vocês dominam, que vocês conhecem, considerado
em suas origens, pode parecer, a um observador superficial, que é a língua
da Itália ou ao menos a língua do Latium. Na realidade, quando se dá uma
olhada nas inscrições faliscas, volscas, oseas, sabinas ou nas palavras trans
mitidas pelos gramáticos, percebe-se que o latim romano, que teve destinos
tão gloriosos na história, era um pequeno dialeto local que acabava, quase
literalmente, nas portas de Roma. A Itália está repleta de outras formas da
língua itálica, umas bem conhecidas, como o úmbrio ou o ósquio, outras de
que temos apenas uma idéia mais vaga, como o sabino.
Ora, observemos que, devido a causas políticas e literárias, o dialeto
romano acabou varrendo todas as outras formas, não menos legítimas, da
língua itálica. Isso levou muito tempo (Pompéia); mas finalmente acabou
por acontecer.
Do mesmo modo, para se ter uma idéia sensata do que é, por exemplo,
0 alemão moderno na verdadeira extensão do termo, é preciso começar por
reconduzir o alemão oficial que aprendemos, não ao valor zero, mas ao valor
de uma única unidade entre as centenas de unidades que se pode distinguir
sem se ir além da Suíça alemã.
A posição do francês diante dos dialetos franceses é exatamente a mes
ma; ou seja, o francês oficial representa o dialeto de uma única [região]:
Paris e íle-de-France.
Eu poderia, naturalmente, multiplicar ao infinito os exemplos. Para usar
um exemplo mais distante de nós: poderia parecer, no começo do século,
que a língua zenda conservada através dos livros sagrados dos parses, repre
sentava a língua do Irã — Aquemênida, dois dialetos iranianos, sendo que
existia, certamente, uma multidão de outros.
Em meio a essa imensa multiplicidade de formas, eu faço esta observa
ção para evitar uma falsa representação, seria errado supor que temos difi
culdade para achar o caminho e que estamos diante de um quadro de imen
sa desordem.
Se considerarmos cada um dos termos de chegada B' B” B”’, reencon
traremos, para cada um, o mesmo ponto de partida A, modificado em dire
ções diferentes, mas de maneira perfeitamente precisa. Assim, tsaOi — 6ãté
— château. Tudo isso remonta, matematicamente, a castellum : tsaQi — tsã —
Qãté — 0ã, château, champ : -st > 0: tí0a.
Amigos Documentos 147
3b [Crítica da expressão
gramática comparada, 2]
Eu lhes falei de um título de curso acadêmico que seria: História das
línguas indo-européias.
É o nome que, hoje, os lingüistas são levados a adotar como o mais
apropriado e o mais exato para designar o ensinamento que leva, em geral,
o título de Gramática comparada (das línguas indo-européias).
O nome gramática comparada desperta muitas idéias falsas, das quais a
mais lastimável é fazer acreditar que existe uma outra gramática científica,
além da que usa a comparação das línguas.
Como a gramática bem compreendida é apenas a história de um idioma,
e como toda história tem muitas lacunas, é claro que a comparação das
línguas se torna, por momentos, nossa única fonte de informação (preciosa,
ao ponto de poder substituir o documento direto), mas ela é apenas a solu
ção que temos na falta de outra melhor.
Assim, a gramática se toma, por necessidade, comparativa, no instante
em que falta o monumento autêntico e preciso; nada há aí que caracterize
uma tendência, uma escola ou um método particular. É, simplesmente, a
única maneira de fazer gramática. Nós rejeitamos, então, qualquer epíteto
particular, como o de comparadores, assim como negamos, naturalmente, qual
quer espécie de existência a uma gramática que não reconheça a compara
ção entre seus meios legítimos de investigação.
A substituição do termo História por Gramática comparada tem uma outra
vantagem: esse termo gramática comparada exclui, segundo a acepção cor
rente, as ramificações modernas do indo-europeu, tais como a família das
línguas románicas ou até mesmo a das línguas germânicas em seu desenvol
vimento mais recente, já que nesse terreno a comparação deixa de ser um
instrumento muito necessário graças à continuidade da tradição histórica.
Essa cisão não justificada [ ]
152 Outros Escritos de Linguística Geral
6a [Fonología, 2]
3290=640 jsjota; o termo fonología compreende, para nós, o que é geral
mente entendido, na Alemanha, sob o nome de Lautphysiologie. Nós não
vamos dissertar aqui sobre a precisão das denominações numa língua ou
em outra; é essencial dizer, apenas, que toda questão fonológica é, para nós,
situada absolutamente FORA DA LINGÜÍSTICA, com mais razão ainda fora
da fonética, que é uma parte determinada da lingüística; e que os termos
FONOLOGIA e fonética, além de não poder se confundir, não podem nem
mesmo se opor.
6b [Fonología, 3]
Eu não considero como uma verdade evidente a priori, como uma
coisa que não precise de demonstração, a obrigação de tratar, a propósito da
língua, da maneira pela qual se formam os sons em nossa garganta ou em
nosso palato. Eu acredito, ao contrário, que o interessante, para todo mun
do, seria se perguntar por que, ao certo, supomos que isso seja útil; em que
o conhecimento da produção de sons poderia contribuir, numa parcela maior
ou menor, para o nosso conhecimento da língua. As teorias que tendem a
dizer que, pelo mero fato de se usar, na língua, esses sons, nós devemos nos
preocupar ipso facto com sua produção, slo totalmente arbitrárias ou teme
rárias, até que seja possível constatar que sua produção tem uma importân
cia — e qual — na questão muito particular que é a linguagem.
154 Outros Escritos de Linguística Geral
7 [Características da linguagem]
Características da linguagem. Continuamente, considera-se a lingua
gem no indivíduo humano, um ponto de vista íãlso. A natureza nos dá o ho
mem organizado pela linguagem articulada, mas sem linguagem articulada. A lín
gua é um fato social. O indivíduo, organizado para falar, só poderá chegar a
utilizar seu aparelho através da comunidade que o cerca, — além disso, ele
só experimenta o desejo de utilizá-lo em suas relações com ela. Ele depende
inteiramente dessa comunidade; sua raça é indiferente (salvo, talvez, por
alguns fatos de pronúncia). Então, nisso o homem só é completo através do
que tira do seu meio.
O fato social da língua é comparável aos usos e costumes (constituição,
direito, costumes, etc.). Mais afastadas estão a arte e a religião, que são
manifestações do espírito em que a iniciativa pessoal tem um papel impor
tante e que não supõem a troca entre indivíduos.
Mas a analogia com os "usos e costumes” é, ela mesma, muito relativa.
Eis aqui os principais pontos de divergência:
P A linguagem, propriedade da comunidade, como os "usos”, corres
ponde, no indivíduo, a um órgão especial preparado pela natureza. Nisso,
esse fato não tem análogo.
2® A língua é, por excelência, um meio, um instrumento, obrigado a
realizar constantemente e mediatamente seu objetivo, seu fim e efeito: se fazer
compreender. Os usos de um povo são, muitas vezes, um fim (como as
festas), ou um meio muito indireto. E como o objetivo da linguagem, que é
se tornar inteligível, é de absoluta necessidade em qualquer sociedade hu
mana, no estado em que as conhecemos, resulta daí que a existência de uma
linguagem é própria de toda sociedade.
Amigos Documentos 155
y -
8 Morfología
§ 1. A morfologia, diz-se, é o estudo das formas da linguagem, en
quanto a fonética seria o estudo dos sons da linguagem.
Não dá para se contentar com uma tal definição, não apenas em teoria,
mas mesmo na prática, porque vai se verificar, com fireqüência, que não
sabemos mais se fazemos morfologia ou fonética, como vamos ver:
E evidente, antes de mais nada, que a fonética se ocupa totalmente dos
sons, e para poder fazê-lo, é obrigada, em primeiro lugar, a se ocupar das
156 Outros Escritos de Linguística Geral
Comparar zugi e züge é comparar duas formas e, todavia, isso não é fazer
morfología, mas fonética.
Comparar u-ü em zug, züge, é comparar dois sons e, todavia, não é foné
tica.
eJCurtrS
I "Z(To
_________
íf K ’tn r'/y f-
Certamente. Germânico
kalbiz plural kalbizõ
kalb kalbir
kalb kalbir
do — tõr
Só — Tcop
162 Outros Escritos de Lingüística Geral
3 2 9 3 .5
§ 5. A morfología histórica
A mudança morfológica.
Resulta indiretamente do § 4, que há, na vida da linguagem, um fato con
siderável, de urna importância capital, que é a mudança morfológica. E que
0 procedimento que nós denominamos morfología retrospectiva ou anacrónica
ou etimológica consiste simplesmente em fazer passar por sistema a omissão
desse fenômeno da mudança morfológica.
A mudança morfológica exige um estudo especial que leva o nome de
Morfología histórica. Ela separa as épocas e as compara, enquanto que a
morfología retrospectiva as confunde. Ela nos apresenta a verdadeira pers
pectiva, entre as classificações e interpretações sucessivas a que a língua se
abriu, a respeito das mesmas formas, enquanto que a morfología retrospec
tiva procura, se vocês me permitem a imagem, projetar, sobre um mesmo
plano, classificações muito diferentes quanto às datas.
Ela dirá que em kalb, kalbir, em razão da modificação do som, a relação
entre a idéia e o som se tornou diferente daquela de seus protótipos kalbiz
— kalbizõ. A morfología etimológica vê apenas o estado mais primitivo e
aplica imperturbavelmente a primeira análise aos períodos subseqüentes.
Nada de fusão possível já que a morfología etimológica é a própria nega
ção do princípio histórico.
Eis, agora, a questão que não se pode deixar de colocar, tivesse eu con
seguido encadear o desenvolvimento [da presente exposição] desde o co
meço:
Já que existe urna mudança morfológica, urna morfología histórica e
urna sucessão nos fatos morfológicos, não é verdade que o jogo de forças
morfológicas se exerça constantemente e exclusivamente entre formas con
temporáneas. Eu recordo, com efeito, que, no primeiro parágrafo, nós co-
Antigos Documentos 163
Época I Gipoí
Época II BfjpEaoi (criação nova).
k20teros
l
kwoteros
1
TiÓTepoç.
toi klutõs
toí xXvcoí
ai íj ekwos ekwon
V) c ÍIIJIOÇ UlJtOV
UJ O
Esfera morfológica
A análise morfológica de uma forma dada, que será verdadeira num mo
mento dado, não o é necessariamente à distância de alguns séculos, para a
frente ou para trás. E reencontramos aqui a condição primeira de todo estudo
morfológico, que é se mover no seio de uma mesma época. Por exemplo:
Eis o sentido mais geral que procuramos estabelecer: para nós, é proibi
do, em lingüística, embora não deixemos de fazê-lo, falar de “uma coisa" de
diferentes pontos de vista ou de uma coisa em geral, porque é o ponto de
vista que, sozinho, FAZ a coisa.
Quando surge uma expressão desse gênero (por exemplo, eqvos do pon
to de vista vocal, do ponto de vista etimológico, do ponto de vista de seus
derivados, do ponto de vista de...), há no ar uma confusão de idéias — fla
grante, já que se começa por fazer de eqvos alguma coisa que se pode consi
derar de mil pontos de vista, e que seria, portanto, independente de todos
eles. Mas, tente-se definir eqvos fora de um ponto de vista determinado!
174 Outros Escritos de Lingüística Geral
Eu não hesito em dizer que, cada vez que se introduz uma suposta dis
tinção de “ponto de vista”, a verdadeira questão é saber se estamos diante
das mesmas "coisas” e que, se for esse o caso, é pelo mais completo e ines
perado dos azares.
Tantas vezes se opôs o som material a tudo o que lhe pode ser oposto,
que tememos que nossa nova distinção seja confundida com outras. Nossa
posição é, todavia, muito precisa. Entre as coisas que podem ser opostas ao
som material, nós negamos, essencialmente e sem depois se perder nos
detalhes, que seja possível lhe opor a idéia. O que é oponível ao som mate
rial é 0 grupo som-idéia, mas absolutamente não a idéia.
deixar a pena correr. Papel e sorte singular, os de Whitney. Eis o que se dirá,
eu imagino: 1- Que, sem jamais ter escrito uma única página que se possa
dizer destinada, em sua intenção, a fazer gramática comparada, ele exerceu
uma influência sobre todos os estudos de gramática comparada, o que não é
0 caso de nenhum outro. Ele é o primeiro instrutor nos princípios que ser
viram, na prática, de método para o futuro. 2- Que as diferentes tentativas
que, pela primeira vez, tendiam, entre os anos 1860 e 1870, a tirar, da soma
dos resultados acumulada pela gramática compar ada, qualquer coisa de ge
ral sobre a linguagem, todas malograram ou não tinham valor de conjunto,
salvo a de Whitney que, desde o primeiro momento, estava na direção certa
e que, hoje, só precisa ser pacientemente retomada. Ele é o primeiro
generalizador que soube não tirar conclusões absurdas, sobre a Linguagem,
da obra da gramática.
Consideremos, antes de tudo, o segundo papel, porque é evidente que é
por isso, ou seja, porque ele tinha inculcado nos lingüistas uma visão mais
sensata daquilo que era, em geral, o objeto tratado sob o nome de lingua
gem, que ele determinava, reciprocamente, que usassem procedimentos um
pouco diferentes no laboratório de suas comparações diárias. As duas coi
sas, uma boa generalização sobre a linguagem, que pode interessar a quem
quer que seja, ou um método sensato a ser proposto à gramática comparada
para as operações precisas de cada [ ] são, na realidade, a mesma coisa.
3297=52 sempre, um tema de reflexão filosófica que, durante
um período de cinqüenta anos, a ciência lingüística, nascida na Alemanha,
desenvolvida na Alemanha, amada na Alemanha por uma inumerável cate
goria de indivíduos, não tenha tido jamais a veleidade de se elevar ao grau
de abstração que é necessário para saber, por um lado, o que se faz, por outro
lado, em que aquilo que se faz tem legitimidade e razão de ser no conjunto
das ciências; mas um segundo motivo de admiração é ver que, quando en
fim essa ciência parece triunfar sobre seu torpor, ela termina no ensaio risí
vel de Schleicher, que desaba sob seu próprio ridículo. Tal foi o prestígio de
Schleicher por ter simplesmente tentado dizer alguma coisa geral sobre a
língua, que parece que se trata de uma figura sem par ainda hoje na história
dos estudos lingüísticos, e que se vê lingüistas assumindo ares cómicamen
te graves quando se trata dessa grande figura... (como se fosse possível di
zer [ ]). Por tudo o que se verifica, é aparente que isso era a mais com
pleta mediocridade, o que não exclui as pretensões. Não há nada de mais
significativo a esse respeito do que a sua maneira de se comportar diante do
acento lituano, já que Schleicher quis se intrometer no acento lituano. Seu
papel nesse domínio consistiu a) em rejeitar (numa nota!) como ridícula a
distinção de Kurschat relativa a uma [ ], b) em copiar, em troca, abun
dantemente, as indicações, sem jamais lhe atribuir o mérito, tornando, por
isso, totalmente ininteligíveis [ ]
Antigos Documentos 177
É o que Whitney jamais deixou de repetir para mellior íázer sentir £]ue a
linguagem é uma instituição pura. Só que isso prova muito mais, a saber,
que a linguagem é uma instituição SEM ANÁLOGO (juntando-se a ela a
escrita), que seria verdadeiramente presunçoso acreditar que a história da
linguagem deva se parecer, mesmo de longe, com a de uma outra institui
ção, que ela não põe em jogo, a cada momento, forças psicológicas seme
lhantes.
Faríamos muito mal em desprezar, a este respeito, mesmo que o lem
bremos apenas de passagem, o duplo fato cão conhecido de que a faculdade
da linguagem é absolutamente localizada no cérebro, mas que, em segundo
lugar, as lesões sobrevindas nessa parte acarretam, na maior parte das ve
zes, uma incapacidade para [a escrita]. Esse é. então, o compartimento atra
vés do qual percebemos relações cortvertdomis.
3297=1263 Qutras instituições (ESTADO) se mantêm simpks em suas
complicações; ao contrário, é fundamentalmente impossível que uma única
entidade de linguagem seja simples, já que supÕe a combinação de duas coi
sas privadas de relação, uma idéia e um objeto simbólico desprovido de qual
quer ligação interna com essa idéia.
P Por outro lado, as transições são motivadas pelos mesmos fatores, que se
afirmam nos [ ]
3297=404-407 podcmos fazer reservas as mais expressas, confessa
mos, às conclusões de todo tipo que são tiradas, com predüeção, do fato de
uma língua se ver obrigada a adotai' uma palavra como telégrafo. Essas con
clusões não têm, em primeiro lugar, um alcance geral, a não ser por insinuar
tácitamente que bem ingênuo seria quem não visse que em todas as épocas,
assim como na nossa, um povo tem que tomar consciência de objetos, que
lhe são novos e denominá-los. Mas e depois? Que mudança visível traz, ao
caráter de uma língua, o fato de se acrescentar ao seu vocabulário (à parte
mais material de seu vocabulário), cem ou mil e duzentos substantivos como
telégrafo? Todavia, não é essa a verdadeira objeção. Mas, admitindo-se que
cada [ ], a questão seria, precisamente, saber: isso é um elemento regu
lar sem 0 qual não captamos o curso natural dos fatos lingüísticos?
O dialeto de certos vales retirados, em que se constata uma introdução
de termos artificiais pouco distante do zero, está, por isso, fora das condi
ções naturais da língua? Vai-se dizer que é o dialeto que está fora das condi
ções regulares da linguagem, que é ele que pede um estudo teratoJógico por
não ter sofrido misturas [ ], esse elemento supostamente in[ ]. Ele
representa, ao contrário, a condição [ ]. Não apenas isso [ ], mas
admitindo-se que nada existe além de dialetos continuamente sujeitos a
receber aluviões [ ], o verdadeiro problema seria indagar; esses aluviões
constituem um elemento vital, sem o qual não conceberiamos a perpetua-
Antigos Documentos 183
ção de uma língua? Não. Então, esses elementos são o fato acessório para
quem quiser compreender [ ] e continuariam sendo, mesmo que essa
complicação exterior fosse [ ]
Uma língua é formada por um certo número de objetos exteriores que o
espirito utiliza como signos. A medida exata em que o objeto exterior é
signo (e percebido como signo) que implica [ ] faz parte da linguagem a
um título qualquer. A palavra s [ ] é um signo, uma palavra, do mesmo
modo que a palavra salto que t ]. Mas a passagem entre salto [ ], que
é igualmente um fato exterior, não pode, de modo algum, se tornai' um
signo. É a esse critério que eu vejo [ ]
329, qyg essa verdade apareça inscrita na primeira página
de uma obra sobre [ ]
E também pouco possível [ ] sem [ ] do que buscar as proprie
dades das figuras geométricas sem considerar que seja muito importante
divisar um plano [ ]. Seria ilusório buscar as propriedades geométricas
de um corpo [ ]
Ao recebimento de sua muito apreciada carta, datada de Bryn Mawr, 29
de outubro, recebida em 10 de novembro, meu dever [teria sido], se eu a
tivesse entendido claramente, responder-lhe imediatamente o seguinte;
1- Você me dá a grande honra de me pedir que considere Whitney como
um filologista comparativo. Mas Whitney nunca quis ser um filologista compa
rativo. Ele não nos deixou uma única página que permita considerá-lo um
filologista comparativo. Ele nos deixou apenas dois trabalhos que inferem,
dos resultados da gramática comparada, uma visão superior e geral sobre a
linguagem; sendo essa, justamente, sua grande originalidade desde 1867, e
sendo outra de suas originalidades o fato de indicar, sempre que tinha a
oportunidade, que não confundia jamais a lingüística com o estudo [ ].
Então, é isso.
2- Quando se trata apenas das coisas universais que se pode dizer sobre
a linguagem, eu não me sinto de acordo com nenhuma escola, nem com a
doutrina razoável de Whitney e nem com as doutrinas desarrazoadas que
ele vitoriosamente [combateu]. E esse desacordo é tal que não comporta
nenhuma transição nem nuance, sob pena de eu me ver obrigado a escrever
coisas que não têm nenhum sentido a meus olhos.
Eu deveria, portanto, lhes implorar que me desobriguem imediatamen
te do dever de falar da obra de Whitney em lingüística, mesmo porque esta
ocasião é de bastante [ ]. Todavia, de nada serviría, visto o tempo [ ]
P A linguagem instituição.
2- A lingüística é dupla.
3297=1262 jamais uma ruptura [ ]
Trate-se da roupa ou de [ ],
184 Outros Escritos de Lingüística Geral
é sempre a relação natural das coisas que se refaz depois de uma extra
vagância e que continua sendo, através das eras, a unidade diretriz, que
mantém, através de todas as mudanças, a regra. Enquanto que a linguagem,
para cumprir a função que lhe cabe entre as instituições humanas, é desti
tuída de qualquer limite em seus procedimentos (pelo menos de um límite
que alguém nos fizesse ver). A ausência de afinidade, desde o princípio,
entre [ ) sendo uma coisa RADICAL, não uma coisa que comporte ao
menos uma nuance, ocorre subseqüencemente que a linguagem não está
contida numa regra humana, constantemente corrigida ou dirigida, corrigível
ou dirigível pela razão humana.
É essa a razão que dita os outros [ ]
3M7-12UM212 ^ instítulção do casamento, sob a forma monogâmíca, é, pro
vavelmente, mais razoávei do que sob a forma poligâmica. Filosoficamente,
isso pode ser discutido. Mas a instituição de um signo qualquer, por exem
plo <3ou 5, para designar o som 5, ou então coiv ou vacca, para designar a idéia
de vaca, é baseada sobre a própria irrazão; quer dizer que não há. aqui, ne
nhuma razão baseada na natureza das coisas e sua conformidade que inter-
venha em algum momento, seja para manter, seja para suprimir uma [ ]
3297-12«# próprio fato de que nunca há, na língua, traço de correlação
Interna entre os signos vocais e a idéia, entre a idéia e seu instrumento,
esses signos são abandonados à própria vida material de um modo total
mente desconhecido nos domínios em que a forma exterior exige o mais
leve grau de correlação natural com a idéia. Como são esses outros domí
nios que nos são familiares na história das sociedades, nós julgamos, muito
erroneamente, a partir deles, aquelas que deveríam ser as condições da lin
guagem, supondo, em particular, que elas não podem diferir fundamental
mente das de uma outra instituição.
3297con.inuaçáo ^ ^ Gramática Comparada.
2- A Gramática Comparada e a Lingüística.
3^ A linguagem, instituição humana.
4- A lingüística, ciência dupla.
5“ Whitney e a escola dos neogramáticos.
6^ Whitney fonologista.
3297=166 ^ obra, Whitney não deixou de se colocar nesse
terreno, mas há duas passagens que, mais do que o resto, fazem sentir com
exatidão, desde o primeiro instante, o pensamento [ ]. um
dos últimos capítulos de Life and Growth of Language, Whitney diz que os
homens usaram a voz para dar signos às suas idéias, como usariam o gesto
ou outra coisa, porque lhes pareceu mais cômodo usar a voz. gsti-
mamos que essas duas linhas, que parecem um grande paradoxo, [trazem]
a mais correta idéia filosófica já formulada a respeito da linguagem; a nossa
Antigos Documentos 185
mais cotidiana prática, além dos objetos submetidos à nossa análise, tería
tudo a ganhar com esse dado. Porque ele estabelece o fato de que a lingua
gem nada mais é do que um caso particular do signo, que não pode ser
julgado em si mesmo.
JÍ97.J240.J141 sua gênese, um procedimento provém do acaso. Por exem
plo, H^teí-Díeti (hospital) — que, na Idade Média, significava exatamente
Hôteí de Dieu (Casa de Deus) — oferece um procedimento absolutamente
idêntico ao hebreu [tsédek yníiwt/i] "justiça de Deus". O procedimento
"hebreu" é empregado, sem restrições, em centenas de justaposições fran
cesas.
Assim, seria possível dizer que o francês antigo, saindo de caminhos
seculares do indo-europeu, caiu [ J
A verdade é que uma simples casualidade [ ]; e, então, fica absolu la
mente claro que uma casualidade do mesmo gênero conseguiu precipitar o
proto-semita naquilo que parece ser um de seus traços indeléveis: não exis
te o menor indício de uma diferença original de espírito, nem mesmo de
uma diferença acidenta! de espírito; tudo se passa fora do espírito,
na esfera das mutações de sons, que logo im.põem um jugo absoluto ao
espírito e o forçam a entrar no caminho especial que lhe é deixado pelo
estado material dos signos.
3297=3244-3245 mesmo modo, compostos como Bet-haus, Spring-brunnen
(em que o primeiro termo oferece uma idéia verbal) poderíam ser usados
para dizer que o alemão não é uma língua indo-européia.
Tudo isso não tem nenhum alcance. O procedimento é aquele que o
estado de sons torna necessário; ele nasce, na maior parte das vezes, de uma
coisa não apenas casual e não apenas material, mas também negativa, como
é a supressão do a em beíít-íiíis, que se torna o germe fecundo.
Vale a pena dizer que, por sua cessação, um procedimento |. ]
3297=3248 então, qüal é o valor de uma classificação das línguas con
forme os procedimentos que elas empregam para a expressão do pensamen
to; ou a que isso corresponde? Absolutamente a nada, se não diz respeito a
seu estado momentâneo e incessantemente modificável. Nem seus
antecedentes, nem sua parentela e ainda menos o espírito da raça têm algu
ma relação necessária com o procedimento que está à mercê do mais ridícu
lo acidente de vogal ou de acento que vai se produzir, na própria língua, a
qualquer instante. S297-31Í0 Ao reconhecer que a pretensão de Schleicher, fa
zer da língua uma coisa orgânica independente do espírito humano, era um
absurdo, nós continuamos, sem nos dar conta disso, a querer fazer dela
uma coisa orgânica em outro sentido, supondo que o gênio indo-europeu
ou 0 gênio semítico quer incessantemente reconduzir a língua fatalmente
aos mesmos caminhos. Não há uma única observação que nos Imbua da
186 Outros Escritos de Lingüística Geral
3297 = 1484-1485
Da anti-historicidade da linguagem
3297= 1903-1910
Ou a ou a: b
a’ (a’ : b’) .
uu:> ue unguistica (Jeral
Status e motus
Status e motus
Status e motus
1“ u antes de vogal
se transforma em w errado, mesmo corrigindo a expres
2- w antes de consoante são e dizendo: ao u antes de vogal
se transforma em u corresponde [w].
3“w [ ]
ÍNDICE
Quadrado lingüístico
____ S
3299= 1086-1091
Ao capítulo semiología
’—a
Objetos *— b Nomes
*
Continuação: Convencional
exemplo, depois de áírft não se pode subir mais na escala das oclusões. (O
que ocorre depois, como já dissemos, a propósito da explosão, não diz respei
to, absolutamente, à questão do elo explosivo, mas só à questão de saber o
que pode se seguir a um elo implosivo, quantas coisas podem se seguir a
ele, sendo dada antes, como elemento indispensável, a intenção de pronun
ciar alguma coisa.)
3303comjiHiaçto j- j sercnios tentados a rir e a perguntar, em primeiro
lugar, por onde seria preciso começar caso se quisesse pôr sobre uma base
fixa as distinções da fonología. Imagina-se que o menor [ ].
Assim é na fonología, assim como na linguística e em qualquer discipli
na que tenha a infelicidade de correr sobre duas ordens de fatos separadas,
onde só a correlação já criou o fato a ser considerado. Assim como afirmare
mos adiante, é grandemente ilusório supor que se pode discernir, em lin
güística, uma primeira ordem ; SONS, e uma segunda ordem : SIGNIFICA
ÇÕES, pela simples razão de que o fato lingüístico é fundamentalmente
incapaz de se compor de uma só dessas coisas e nunca pede, para existir,
uma SUBSTÂNCIA, NEM DUAS substâncias, assim como constatamos que
nem o fato mecânico nem o fato acústico, situados cada um em sua esfera,
representam o fato fonológico, de que é preciso partir e para o qual é preciso
retornar; mas que é a forma contínua de sua correlação que chamamos de
fato fonológico.
as duas, explosivas, contanto que o efeito acústico que vai resultar daí seja
considerado, de antemão, indiferente. Mas 2- não se pode, para um efeito
acústico determinado, fazer qualquer combinação.
3304=968 (i^ortdífões do elo explosivo. Obtém-se um primeiro efeito acústico
específico (elo explosivo) quando muitas explosões sucessivas pertencem a
espécies fonéticas cada vez mais abertas, por exemplo ksrj-AUN, em que as
quatro explosões ksij correspondem a aberturas crescentes 0.1.2.3 (ao pas
so que a sucessão ksrtaun — mesmo procurando tornar os quatro elementos
ksrt explosivos — não poderá Jamais dar essa impressão, porque as abertu
ras são 0.1.2.0). A impressão do elo explosivo (que exige abertura crescente
e, ao mesmo tempo, explosão constante de todos os elementos) é, entre
outras, a de um elo sem duração.
3304=984 implosivo. Obtém-s6 um segundo efeito acústico
(elo implosivo) quando [ ]
3304=995-996 condíçõcs du vogal. Vê-se que a vogal ou soante é indepen
dente em si de qualquer consideração sobre a natureza dos sons e corresponde
simplesmente a cada primeira implosão da cadeia sonora; é esse o fato que dá a
impressão da vogal, de maneira que mesmo kPtO pode, tanto quanto kRtO
ou kItO, dar essa impressão.
3304=862 ^ razão pela qual são, em geral, sons de baixa abertura que
se reencontram como primeira implosão, ou seja como vogal, é que [ ],
embora julguemos muito necessário afirmar que a alternância de vogal e
consoante é um fenômeno produzido pela articulação bucal e não pela qua
lidade dos sons, há, por uma consequência toda [ ]: quanto maior é a
abertura bucal, mais [ ]. E por isso e por um princípio que não é o prin
cípio geral, que, numa sucessão de sons como gZdA, parece que apenas A é
vogal. Uma nova circunstância, a força do som laringiano, quando não en
contra obstáculo, perturba aqui a distinção fundamental [ ]
3304=959 ^ teoria da cadeia sonora — e é isso o que faz dela um
estudo dos mais [ ], [ ] valor das palavras impossível e possível.
Estabelecidas certas condições, certas combinações são “impossíveis”. Quan
do não se estabelece condições, quando elas são estabelecidas vagamente
ou quando, como é em geral o caso naqueles que têm [ ], são mudadas
tácitamente no meio da frase, então tudo é “possível” e tudo é indeterminado
também nessa [ ]. Eu não me refiro aos numerosos casos em que se fala
das transformações históricas sobrevindas em tal grupo, como se isso fosse
uma prova de sua natureza intrínseca!
3304=969 Suponhamos que se proponha articular duas ou várias explosões
consecutivas, estipulando que elas devam produzir um efeito uno e ininterrupto
sobre o ouvido. Por mais que se tente, fica claro que isso é impossível se
qualquer uma das explosões corresponder a uma abertura menor do que a
precedente. Talvez seja “possível” pronunciar ksrj, tlm, mas sem que esses
Antigos Documentos 20 7
2® Desde o instante em que se viu que não era apenas i (ü) u, mas tam
bém r l m n que gozavam da faculdade de ser indiferentemente vogais ou
consoantes, ouvimos vários cantos de triunfo sobre esse resultado; mas ja
mais conhecemos [ ]
3305.3 estabelecemos, se esse ponto tem necessidade de ser especifi
cado pela Fonología, o que se entende pelo termo Lautphysiologie, estudo da
fonação, ñsiologia da fala; o nome pouco importa, contanto que se mante
nha sempre distinto do nome da. fonética, que representa uma parte da lin
güística, tanto mais aquela, entre suas partes, que implica, mais absoluta
mente, o dado histórico. Enquanto a fonología, ciência útil aos lingüistas,
não faz parte da lingüística e nem, geralmente, da ordem das considerações
históricas, mas é, além disso, tão incompatível [ ]
(1) Trata-se, ainda, de saber se elas têm um interesse próprio. O interes
se das coisas fonológicas deve ser medido de acordo com a língua e com seu
papel na língua? Neste caso, uma apreciação sensata do que é a língua mos
tra que há apenas um interesse muito limitado em conhecer os valores ab
solutos que nela se encontram, desde que essa oposição (diferença) de valo
res, seja ela qual for, seja escrupulosamente observada [ ]
3305.4 Seria, de mais a mais, uma questão extensa, que não queremos
abordar, saber se elas têm, em si mesmas, tanto interesse quanto se pensa.
O interesse das coisas fonológicas se mede conforme a língua e o seu papel
na língua? Caso a resposta seja positiva, uma apreciação sensata do que é o
mecanismo de uma língua revela que há apenas uma importância muito limita
da em conhecer os valores absolutos que nela se encontram, contanto que
sua oposição — que não significa, aqui, sua diferença, mas apenas sua iden
tidade ou não-identidade, ou, em definitivo, seu número — se ache rigoro
samente observada. A suposição contrária equivale a não levar em conta as
condições fundamentais da coisa significada e do signo, regrando a lingua
gem falada como qualquer outro sistema de signos. E verdade que negligen
ciamos, aqui, a transformação do signo no tempo (fonético), que constitui o
segundo aspecto da linguagem e que pede uma certa precisão nos valores ab
solutos. Esse será sempre, com efeito, o pretexto para levar ao exagero as
distinções de espécies, indiferentes para um estado de língua, sendo impor
tantes apenas por aquilo que daí resulta. Mas, entrando sem reserva na
segunda ordem de idéias, devemos constatar que três quartos das transfor
mações são regidos muito mais por coisas comuns, pela situação dos elemen
tos em quaisquer quadros naturais, como a sílaba, dos quais não podem
escapar, do que pela diversidade idiomática desses elementos. Assim, não
vemos, sob nenhum ponto de vista, qual é a utilidade especial, para a lin
güística, de levar os fonologistas a uma distinção cada vez mais sutil das
Antigos Documentos 211
espécies, como se daí ela pudesse esperar uma luz, ou como se isso atendes
se às suas necessidades.
Abertura. Cada espécie é caracterizada por um certo grau de fecha
mento (bucal) que é, por exemplo, maior em um P no que em um R e maior
em um R do que em um U. Resulta daí que uma das principais coisas que se
estabelece, ao se indicar a qualidade de alguns fonemas sucessivos (exem
plo qualquer: keirp-), são os níveis ou estágios de fechamento entre os quais
deverá se mover a cadeia fonatória. [ ] amplitude [ ].
3305.6 Muitos alfabetos tiveram veleidades de aplicar, a outras espé
cies que não I, U, o sistema racional que aplicamos apenas a /, 17. O alfabeto
zende possui duas letras distintas que valem n explosivo e n implosivo. A
letra lícia em que Deecke descobre o n soante nos dá a impressão de ser
simplesmente o n implosivo (soante ou consoante). O cuneiforme persa e o
silabário cipriota distinguem (pelo menos negativamente) o n explosivo do
outro, marcando o primeiro por uma letra e deixando o outro sem expres
são. E timidamente que comemoramos o dêvanãgari, dadas as questões his
tóricas que podem mudar o sentido de muitos fatos. Mas é digno de obser
vação que o r explosivo seja, aí, constantemente distinto do r implosivo. O
erro perdoável dessa escrita é apenas o de admitir um terceiro signo para o
r implosivo soante. Nós examinamos uma multidão de outros fatos, que ten
dem a mostrar que não há nenhuma escrita, antiga ou recente, que não
tenha tido, em seus momentos, a intuição de uma distinção a ser feita entre
0 som explosivo e o implosivo.
3305.7 230 ^ impressão acústica é definível? Ela não é mais definível do
que a sensação visual do vermelho ou do azul, que é psíquica e completa
mente independente do fato de o vermelho depender de 72.000 vibrações
que penetram no olho, ou seja qual for esse número. Mas ela é segura e
clara? Perfeitamente segura e clara, não precisa de nenhuma ajuda. Para
diferenciar as letras de seu inimitável alfabeto, vocês acham que os gregos
se puseram a estudar? Não. Eles simplesmente sentiram que l era uma im
pressão acústica diferente de r, e r diferente de s, etc.
14®Mas há, aparentemente, um obstáculo à separação: a língua compor
ta um lado voluntário, e não passivo, pelo qual fazemos funcionar nossos
órgãos a todo momento em função da língua. Na mesma medida em que
ouvimos, nós falamos. Sim, Senhores, sem dúvida, mas sempre a partir da
impressão acústica, não apenas recebida, mas recebida em nosso espírito e
soberana para decidir o que executamos. É ela que dirige tudo e basta
considerá-la para saber que será executada, mas eu repito que isso é neces
sário para que haja aí uma determinada unidade a executar. (Bem entendi
do, isso corresponde ao fato acima de tudo social da língua.)
212 Outros Escritos de Lingüística Geral
Em lugar de
Pk<3Kli\^
[Vamos ter]
Se, aos nossos olhos, essa é a única coisa possível da fonología, seria
preciso uma dose de ingenuidade para não ver implicitamente [ ]
Nem os sons nem as idéias são objetos lingüísticos. O erro que atrapa
lhará toda a fonología dos grupos é não saber em que ordem de idéias base
ar as unidades, ou se há uma ordem fixa de idéias.
Há uma única ordem de idéias [ ]. Duas seções fonatórias consecu
tivas, destacadas da cadeia sonora, representam, forçosamente, uma destas
quatro combinações: implosão + explosão, explosão + implosão, implosão
+ implosão, explosão -I- explosão.
3305.10 5g assim se desejar, tudo é mecânica em fonología, mas em que
sentido não pode haver aí senão uma “mecânica” com dois fonemas, nunca
com um, é isso que tentamos explicar em outro capítulo, que é a própria
base da idéia do fato fonatório. Assim, o que é comum, constante, essencial
e irredutível na fonação, são algumas leis que presidem a disposição dos
fonemas, porque estas variam de uma maneira [ ], enquanto que os
fonemas, no que lhes compete, variam de uma maneira ilimitada, de uma
língua para outra, o lado acidental e local da fonação. Mas, se é permitido
perguntar, o que se espera desta análise? E isso não apenas [ ]. Parece
que seria pela dissecçâo cada vez mais forte dos fonemas [ ]
3305,11
0 grupo implosivo-explosivo
3305.12
Implosão + implosão. — Explosão + explosão
3305.13
O grupo
[Anatomia e Fisiología]
Anatomia e fisiología
Existe algo que seja a análise anatômica da palavra? Não. Pela seguinte
razão: o anatomista separa, em um corpo organizado, partes que, feita abs
tração da vida, são, entretanto, o fato da vida. Anatomicamente, o estômago é
uma coisa, como o era fisiológicamente durante a vida: isso é por que o
anatomista não passa a sua faca pelo meio do estômago, ele acompanha,
sempre, os contornos ditados e estabelecidos pela vida, que o conduzem em
torno do estômago e o impedem, ao mesmo tempo, de confundir com ele o
baço ou outra coisa... Tomemos agora a palavra destituída de vida (sua subs
tância fônica): ela forma ainda um corpo organizado? A título nenhum, em
nenhum grau. Sendo, o princípio central, que a relação do sentido com o
soma é arbitrária, fatalmente acontece que o que era, num momento, áreo-
Seix-Toç, não passa de uma massa amorfa a + p + o + d + e + ....
Para inserir em outra parte: no caso de soma, eu faço ainda uma distin
ção, porque um oéòpa, embora morto, evoca o órgão.
Em primeiro lugar o sema? — O soma. E é preciso essa deselegância
abundante, profunda, voluntária do termo para que se suprima, enfim, todo
caminho para a paronimia perpétua que cria, no discurso, o equívoco [ ]
E eu ainda não estou persuadido de que, se soma for aceito, não se vai
encontrar soma logo em seguida, com o duplo sentido de palavra. Com to
dos os vícios indeléveis agregados ao primeiro. —
A razão é simplesmente a vida; uma palavra só vive [ ], e é na vida
geral, unicamente por causa de [ ]
Ora, essa razão é tão poderosa que chega a ser uma tarefa impossível
buscar termos que estab-eleçam a separação do que é forma ou sentido, eu
me refiro a termos que valham absolutamente e que não nos façam de bo
bos na primeira curva do caminho. Como esses termos serão sempre toma
dos de empréstimo à dissecção do corpo vivo [ ]
19 [Semiologia]
****■’ Discutiu-se para stdaer se a lingüística pertencería à ordem das ci
ências naturais ou das ciências históricas. Ela não pertence a nenhuma das
duas, mas a um compartimento de dêncías que, se não existe, deveria exis
tir sob o nome de semiología, ou seja, ciência dos signos ou estudo do que se
produz quando o homem procura exprimir seu pensamento por meio de
uma convenção necessária. Entre todos os sistemas semiológicos, o sistema
224 Outros Escritos de Linguística Geral
1®Não existe nada que seja Z, nem mesmo em ficção. Não existe ne
nhum objeto central que permita ligar z-palavra e z, nem, ademais, nenhu
ma idéia central, seja ela artificialmente elaborada, de maneira a criar, para
0 espírito, uma única massa dessas duas coisas. E exatamente como tentar
dizer que existe uma idéia central e comum entre o VERMELHO, fato dado,
e o vermelho (mesmo fato) que serve para distinguir, em um regimento, os
homens de um certo batalhão ou os homens de um certo grau. Nós nos
detemos na fórmula:
z // z X
mesmo estudo ideal, que seria Z, e que, mesmo ao preço de algum artificio
de pensamento, nós concordemos com ele? E aqui que opomos a denegação
mais absoluta à sua tese, negando essencialmente que haja um objeto geral z.
33423 ^ primeira característica universal da linguagem é viver por meio
de diferenças e só de diferenças, sem nenhuma mitigação, como a que deriva
ria da introdução de um termo positivo qualquer em um momento qual
quer. Todavia, a segunda característica é que o jogo dessas diferenças é, a
cada momento, excessivamente restrito, comparativamente ao que podería
ser. Trinta ou quarenta elementos
(1) Com isso, queremos dizer exclusivamente: “a soma de diferenças que
se pode obter por meio de trinta ou quarenta elementos”. Esses elementos
não podem valer por si mesmos: é esse o axioma.
Trinta ou quarenta elementos são suficientes, salvo grande exceção. Ora,
nada do que excede esses trinta ou quarenta elementos tem interesse para a
linguagem. Por conseguinte [ ].
3342.4 contrários a que se atribui uma série de idéias inevitáveis, inde
pendentemente de sua oposição. Assim, se eu falo do direito e do avesso de
226 Outros Escritos de Linguística Geral
Pelo fato de que nenhum elemento existe (ou por mil outras razões,
porque nós não pretendemos fazer uma espécie de sistema cartesiano de
coisas que são evidentes sob todos os aspectos), vê-se que nenhum elemen
to está (com mais razão ainda) em estado de se transformar, podendo apenas
ser substituído por outra coisa, mesmo quando se trata de "fonética”, e que,
por isso, qualquer operação em geral e qualquer diferença das operações
reside na natureza das substituições que fazemos ao falar. Quem diz substitui
ção começa por supor que o termo ao qual se dá um substituto tem uma
existência, etc.
21 [Famílias de línguas]
1- questão: Línguas não redutíveis a um tipo comum.
Nas famílias “ocidentais” — indo-européia, semítica, ugro-finlandesa
— 0 parentesco ou não-parentesco de dois idiomas é uma coisa visível a
olho nu, bastando um exame superficial, a menos que a língua seja pouco
conhecida (ou fortemente misturada com elementos estrangeiros). Mesmo
depois de centenas de palavras terem sido levadas, pelo movimento fonéti
co da língua, a uma forma irreconhecível, a massa geral guarda toda a pro
babilidade de ser reconhecida à primeira olhadela. É que, com efeito, o tra
balho de transformação fonética que se opera continuamente no seio de
qualquer língua, não importa qual, se mantém dentro de certos limites na
turais. Por exemplo, na pior das hipóteses, um t acabará, talvez, ao longo de
muitas etapas, por produzir um l, mas um p tem uma chance igual a zero de
produzir um /, seja em que dialeto for, mesmo em quatro ou cinco mil anos.
Graças à fixidez dessas condições gerais, baseadas na própria conformação
do órgão humano, não é provável que um idioma, mesmo muito alterado,
chegue a nos despistar completamente a respeito de sua genealogia; ou en
tão, 0 núcleo primitivo estaria submergido sob uma onda estrangeira, tão
poderosa que o idioma não teria mais o direito de se dizer indo-europeu,
semítico ou ugro-finlandês.
Agora, as três famílias citadas têm a vantagem de apresentar palavras de
um certo comprimento, o que dá às comparações uma segurança e uma
precisão consideráveis. E difícil, para mim, avaliar se as línguas monossi-
lábicas oferecem um ponto de apoio tão sólido. A mim, parece evidente que
Amigos Documentos 229
22 [Prefixos ou preposições]
A questão das preposições e prefixos germânicos é uma questão que
jamais foi tratada convenientemente, (que poderia ser o tema de um imen
so trabalho, exigindo, todavia, conhecimentos de todo tipo).
Com efeito, esse tema se estende a cinco ou seis temas diferentes, sendo
que alguns são inexplorados até o presente.
I. Essa questão levanta a das preposições e prefixos indo-europeus. De
minha parte, eu suponho, a respeito de partículas como àjtó, èní que ser
vem, atualmente, de prefixos e de preposições.
P (negativamente), que elas não serviram, em indo-europeu, NEM DE
PREFIXOS nem de PREPOSIÇÕES.
230 Outros Escritos de Lingüística Geral
23 [Alternâncicis]
unidade e diversidade de sua — Mesma letra e letra modificada
unidade e diversidade no tempo — mesma seção horizontal ou
duas seções
diversidade de condições — subentendida com a repetição
(=pluralidade de formas em que da letra
se encontra o som)
güíadca é vasto; ela tem bastante o que fazer, eu ouso dizer, nos comparti
mentos mais elementares ou então dirigidos em outros sentidos, como, por
exemplo, a história evolutiva das formas. Por conseguinte, é uma coisa bem-
vinda, [ ] a explicação das fórmulas da língua na medida em que são
motivadas por tal ou tal estado psicológico.
III. NOTA SOBRE O DISCURSO
(Acervo BPU 1996)
A língua só é criada em vista do discurso, mas o que separa o discurso
da língua ou o que, em dado momento, permite dizer que a língua entra em
ação como discurso?
A seqüência dessas palavras, por mais rica que seja, pelas idéias que
evoca, indicará apenas, para um indivíduo humano, que um outro indiví
duo, ao pronunciá-las, quer lhe comunicar alguma coisa. O que é preciso
para que tenhamos a idéia de que se quer comunicar alguma coisa usando
termos que estão disponíveis na língua? É uma questão igual à de saber o
que é o discurso, sendo que, à primeira vista, a resposta é simples: o discurso
consiste, quer seja de maneira rudimentar e por vias que ignoramos, em
afirmar uma ligação entre dois dos conceitos que se apresentam revestidos
da forma lingüística, enquanto a língua realiza, anteriormente, apenas con
ceitos isolados, que esperam ser postos em relação entre si para que haja
significação de pensamento.
IV. U N D E EXORIAR
(Acervo BPU 1996)
Unde exoriar? — É essa a questão pouco pretensiosa e, até mesmo, terri
velmente positiva e modesta que se pode colocar antes de tentar abordar,
por algum ponto, a substância deslizante da língua. Se o que pretendo dizer
a respeito disso é verdade, não há um único ponto que seja o ponto de
partida evidente.
Além disso, é errado dizer: esta palavra. É preciso dizer: hábito dos su
jeitos falantes de fazer com que esta seqüência de sons corresponda a uma
idéia determinada. Começamos a entrar na realidade, mas nada que a termi
nação à direita e à esquerda [ ] Mas não é admirável que a unidade
cantare pareça ser uma coisa tão definida quanto a coluna de Trajano e sem
pedir nenhuma espécie de explicação (anterior) sobre seu gênero de reali
dade, sobre seu valor de unidade. A unidade! Não se deve nem sonhar com
isso, já que jamais haverá uma palavra que realize sua unidade ou sua "exis
tência” senão pela combinação de fatos bucais com uma operação mental,
242 Outros Escritos de Lingüística Geral
NOTAS PREPARATORIAS
PARA OS CURSOS DE
LINGÜÍSTICA GERAL
I. NOVOS DOCUMENTOS
(Acervo BPU 1996)
1 [Natureza incorpórea das unidades da língua]
Natureza incorpórea, como para todo valor, daquilo que faz as unidades
da língua. Não é a matéria fônica, substância vocal que [ ]. Não se pode
tratar um instante a língua sem se ocupar do som e dos sons, a mudança dos
sons é um fator capital, e isso não impede que, num certo sentido, o som
seja estranho à natureza, etc. Do mesmo modo, por exemplo, a matéria que
entra numa moeda não é uma coisa de que não se possa tratar, mas seria um
grande erro acreditar que é ela que constitui a moeda; o valor lingüístico
será como o valor de urna moeda de cinco francos. Esse valor é determinado
por urna multidão de outras coisas além do metal que faz parte déla; neste
momento, essa moeda vale um quarto de urna de vinte francos mas, pelo
metal, valerla apenas um oitavo, se depois essa peça, exatamente com a
mesma quantidade de metal, exibisse uma ou outra efígie; à esquerda ou à
direita de um frontispicio.
Esse valor é uma coisa incorpórea; ora, do mesmo modo, é preciso repre
sentar as palavras, para se ater à verdade, como unidades incorpóreas; não
se considera [ ]
2 [Indiferença do instrumento]
A indiferença do instrumento com relação ao fenômeno, como completa
em si mesma, como caracterizando o próprio fenômeno.
Diante de qualquer outro fenômeno, o instrumento ou a matéria.
3 [Língua]
1. A língua não está naquilo que nos interessa no indivíduo, naquilo que
nos interessa antropológicamente.
248 Notas Preparatórias para os Cursos de Lingüística Geral
4 [Semiologia]
A) Tudo o que afasta a língua de um outro sistema semiológico deve ser
considerado menos essencial, para [?defini-Ja]j assim, quando se começa
por se ater ao funcionamento do aparelho vocal porque dissemos que [ J,
isso não deve ser tão essencial quanto parece pois não é semiológico, já que
há sistemas que não se servem do aparelho vocal.
Ora, 2- visto que acabei de dizer que duas coisas resultam da entrada de
um sistema de signos na coletividade. Qual é a verdadeira, o barco sob uma
cobertura, nas mãos dos arquitetos, ou o barco no mar? Certamente não há
nada, como o barco no mar, que seja capaz de revelar o que é um barco e,
acrescentamos, que seja mesmo um barco, um objeto propriamente ofereci
do ao estudo como barco. E eis aí a segunda parte.
6 [Valor — Coletividade]
2) Mas, reciprocamente, se parece paradoxal que o som seja qualquer
coisa de [ ], não se pode dizer o mesmo da idéia que se liga a uma
palavra, que se liga às diferentes unidades. Ela também só vai representar
um dos elementos do valor e será uma ilusão acreditar que, em nome desse
elemento, seja possível tratar, através da pura psicologia, as diferentes uni
dades da língua. Além disso e entre parênteses, eu não pretendo dizer que a
palavra seja estabelecida por
idéia
som
250 Notas Preparatorias para os Cursos de Lingüística Geral
ao dizer que a idéia é apenas um dos elementos, eu não quero dizer que eles
sejam dois ao todo, por exemplo:
Seja qual for a sua natureza mais particular, a língua, como os outros
tipos de signos, é, antes de tudo, um sistema de valores, e é isso que estabele
ce seu lugar no fenómeno. Com efeito, toda espécie de valor, mesmo usando
elementos muito diferentes, só se baseia no meio social e na força social. É
a coletividade que cria o valor, o que significa que ele nao existe antes e fora
déla, nem em seus elementos decompostos e nem nos individuos.
1® nem nos individuos isolados: nenhum valor pode ser estabelecido
isoladamente e, depois, as variações não serão mais individuais.
Não há fato lingüístico senão por [:]
2- mas, o que não é menos capital, não é o que entra em um signo
linguístico que contém os verdadeiros elementos, lá estão apenas as coisas
utilizadas pelo valor.
7 [Descontinuidade geográfica]
Nós podemos, para começar, considerar que oferece condições muito
simples 0 caso em que uma língua, tendo sido transportada à distância, se
desenvolve separadamente em dois pontos: anglo-saxão, Canadá; caso da
descontinuidade geográfica (pode ser ocasionado de outra forma, não é um
caso teórico: romeno). Nós veremos, depois, que a descontinuidade não cria
condições tão essencialmente diferentes quanto parece e que é muito traba
lhoso julgar sua influência exata; mas, no primeiro momento, um grupo
dividido em dois materialmente, de maneira visível.
a a
b I c não b-c.
Fonéticamente
Geografia nada mais é do que aplicação
particular: evolução em pontos
diferentes
Morfológicamente
Nós constatamos que esse era o fato que primeiro suscitava interesse.
Agora nós o tomamos como um fenômeno a ser explicado, a ser reduzido às
suas causas.
Primeira observação: o problema não se coloca para a diversidade abso
luta ou, caso se coloque, ninguém sonha em pensar que é por aí que se deva
começar. Todos podem perceber, ademais, que não há mesmo analogia en
tre os dois problemas, desde que se concorde que existem dois.
Com o primeiro, a diversidade no parentesco, estamos puramente no
terreno da observação, e tudo nos indica que, sem deixar esse terreno, tere
mos como lhe dar soluções certas. Uma diferença como francês e provençal
nem sempre existiu, então deve ser possível ver como ela foi criada ou de
senvolvida.
8 [Intercurso]
Em todas essas ocasiões, a língua se mistura, se iguala.
Uma inovação nascida em um ponto pode, por intercurso, chegar a se
apagar, a ser sufocada na língua, o que restabelece a unidade. Ou então, ao
contrário, essa inovação se torna contagiosa, pelo intercurso, que exerce
uma força propagadora, e isso também restabelece a unidade.
Observemos que a propagação pode se dar a grande distância; — os
intercursos locais formam uma cadeia mais vasta; assim, dois pontos do
território sem nenhuma comunicação entre si acabam, da mesma maneira,
por [ ]
II. ANTIGOS DOCUMENTOS
(Edição Engler 1968— 1974)
1 [Notas para o curso I (1907)]
Na vida da linguagem:
I As evoluções
•A
f b O á 'M A /lX * '
yA ^ \ \ \
A a ^ -\ .fwV?. ^
Alexandre o Grande
Boiens Durostorum
Volcae Eburodunum-Brünn
Carrodunum-Croatie
Mas, além disso, em todo o Vale do Danúbio.
O nome Hercynia silva é celta.
264 Notas Preparatorias para os Cursos de Lingüística Geral
Assim, um título como A vida da língua seria muito mal escolhido, sendo
preciso e restrito demais. Ainda que isto seja apenas uma opinião, vê-se que
é pertinente não querer cortar nada já no título: As línguas, é esse o objeto
concreto que se oferece, na superfície do globo, ao lingüista. A língua, é esse
o título que se pode dar ao que o lingüista souber tirar de suas observações
sobre o conjunto das línguas, através do tempo e através do espaço.
ePiFU'ÍKt
i ‘R Á A .^ Jt líu z ^ J )
Mas o segundo principio, verificado por observação, é que a modificação
não leva jamais a um resultado idéntico em toda a superficie. Acontece sem
pre que pelo menos urna parte das modificações toma direções diferentes
nos diferentes pontos da superficie; assim, à modificação no Tempo
corresponde sempre, simultaneamente, uma diversificação no espaço.
1-------------- -
R - ! ^ 1^ ^ *■+ \ ( f f ! í 't\
[’V/V¡ VJ
b, b', b"
A latim uniforme
B italiano uniforme?
J
superfície lingüística unilíngüe entregue livremente às forças que nela agem.
3334-2954-2962 afirmamos, como primeiro ponto, que a língua não seria
mais a mesma ao fim de um período determinado.
E é preciso acrescentar imediatamente, como segundo ponto, que é tão
certo quanto o primeiro, que ela não será modificada igualmente em todo o
território.
Vê-se também a verdade do que dizíamos: a modificação acaba sendo
uma coisa relativa só ao tempo, mesmo que seja diferente no espaço. O
tempo, mesmo reduzido a um único ponto do espaço, produzirá modifica
ção. O espaço, ao contrário, é incapaz de produzir algo. Quando se quer
explicar o espaço, ele deve, ao contrário do tempo, ser sempre considerado
verticalmente e nunca horizontalmente na figura.
270 Notas Preparatorias para os Cursos de Lingüística Geral
y - ____ / ’
Caso real
Caso incomum
e que se revela, sem exceções,
(Evolução no Tempo que chega ao
inevitável. Evolução no tempo
mesmo resultado em todos os
que é seguido de modificações,
pontos do território.)
diferente de um lugar para o outro.
(origem)
Essa área não pode ser determinada de antemão por nada, nem por pro
vincia e nem mesmo uma a uma, solução de continuidade.
Antigos Documentos 271
ka / tsa
vaque, rescapé, cage
depois até Turim, não há um lugar preciso em que se possa dizer: eu deixo o
francês e entro no italiano.
Noção lingüístico-geográfico-histórica.
Tfata-se de um princípio geral, que não tem relação mais especial com a
massa indo-européia do que com uma outra massa.
Toda massa lingüística, como mostra a experiência, chega fatalmente a
se diversificar no local, sem que esse feto suponha um deslocamento de
qualquer tipo.
Ou mais precisamente; à mudança necessária no tempo corresponde
[ ]
Antigos Documentos 275
b'b"b"
A
100 km"
Ç .[(1 -1 .1 1 í
Quer se trate [ ],
Em qualquer massa humana que forme uma massa geograficamente
contínua, é preciso reconhecer a existência simultânea e incessante de dois
fatores que são exatamente contrários um ao outro e tendem a fins direta
mente contrários um ao outro. É por causa de sua contrariedade, como se
pode acrescentar imediatamence, que não é possível, em caso algum, prever
a parte que lhes caberá no estado final, porque esta aparece como resultado
de uma luta. Esses dois fatores, dos quais nenhum chega a ser reduzido a
zero, são simplesmente a.força de campanário, de um lado, e a força do íntercurso,
do outro. (Eu fico, por ora, com estas duas designações, que considero cla
ras, sem estar bem certo que seja possível substituí-las sem dano para o que
se quer dizer.)
De um lado, o campanário, ou seja, os hábitos que se desenvolvem numa
comunidade cujos membros são estreitamente ligados entre si em um meio
restrito, como por exemplo um vilarejo, um pequeno cantão. Esses hábitos,
ainda mais fortes para cada indivíduo porque, em geral, representam para
ele os hábitos da infencia, podem, sem dano para a teoria, passar por força
central e fundamental. Se essa força fundamental fosse puramente deixada
a si mesma, sem nenhum contrapeso, o resultado seria uma particulariza-
ção ao infinito, não só da língua, mas de todos os hábitos mais ou menos
comparáveis, como o vestuário. Todavia, ao lado do que torna os homens
sedentários, há tudo o que os leva ã se misturar uns aos outros através de
uma distância qualquer.
Segunda força, o intercurso, que será corretiva da primeira. Em um vilarejo,
haverá passantes vindos de mais ou menos longe. Mas, coisa mais impor
tante, uma parte da população irá a lugares vizinhos, para uma festa ou para
uma feira e, mesmo nessa festa [ ]. Ou haverá ondas de guerra, unindo
em um só exército homens de todos os vilarejos. E assim por diante, de
maneira que [ ]. A existência por localidades separadas é, ao mesmo
tempo, uma coisa ilusória e uma coisa verdadeira. Ela vale ou não vale, mas
276 Notas Preparatorias para os Cursos de Lingüística Geral
sem que se possa prever em que detalhe. Os dois principios estão em luta,
sem cessar, um marchando para a equalização, o outro para a particulariza-
ção. Influências divisórias/Influências unificantes = ocasiões que se
reaproximam. Unificantes — propagadoras
ou resistentes
coesão em um sentido ou no outro por oposição à dispersão,
considerada em uma certa superfície, cooperam. Toda onda de inovação
supõe, ao mesmo tempo, força divisória e unificante de tal [ ]. Miste
rioso à grande distância [ ]. 1- caso do isolamento. ^^^^”^0^2-3071
imaginar que os fatos de [ ]
medzo — med¿o
medzo ganha e envolve med\]o, desta vez por conquista geográfica, não en
contrando mais seu esquema em
i i
meclzo mas em medQo
Dois eixos
Do ponto de vista de quem quer estabelecer exatamente o que se passa,
cabe distinguir os lugares, o que depende unicamente do eixo do tempo, e as
áreas de contc^io, recorrendo à dupla noção de tempo e de propagação atra
vés do Espaço.
Primeira observação a propósito das extensões geográficas das caracte
rísticas lingüísticas;
quando se considera um vilarejo, ou seja, um único ponto do território
lingüístico, os traços de língua podem ser classificados, de início, em fatos
locais ou fatos gerais, que não diferenciam a língua local do que a cerca. E
será fácil, contanto que não se saia desse ponto, reduzir uns e outros a um
fator que temos.
Para um ponto
soma das características = influências do intercurso
comuns com as outras regiões será por evidência = unificantes;
próprias = influências de campanário (divisórias);
Mas quando, em vez de falar de um vilarejo, fala-se de um pequeno
cantão, substituindo por uma superfície geográfica aquilo que não passava de
um ponto, cria-se um paradoxo: não se pode mais dizer se é ao fator A ou B
que se devem, principalmente, os fenômenos e, na realidade, os dois coope
ram, os dois estão implicados, embora sejam de tendências opostas; “Há
sempre regiões com as quais ele é comum.”
Ora, se nos convidarem para fazer uma reflexão filosófica a este respei
to, será preciso dizer que o segundo fenômeno não é fundamentalmente
separado do primeiro pelo fato de não ter alcançado a totalidade do territó
rio. É, ao contrário, extremamente semelhante a ele, embora estabeleça uma
oposição t/z ao Sul e ao Norte, pois foram necessárias as mesmas forças
misteriosas de coesão, fora de qualquer comunicação direta, para estabele
cer, em um dos casos, a solidariedade de 3/3 e, no outro, de 2/3 do território.
£3
1
outro ou se não é semelhante a si mesmo. Assinalando cada espaço seme
lhante a si mesmo e diferente dos dois vizinhos, sem se importar com sua
duração.
ji S>Mm. fiç N
Antigos Documentos 281
3335= 741-
“Podemos distinguir imediatamente.” Nem sempre é esse o caso.
Mas outros povos não buscaram as unidades irredutíveis, inferioridade;
guiavam-se por um outro princípio:
pa, ka, ti, do (“silábico”).
A escrita não precisa dar conta dos movimentos articulatorios corres
pondentes. A notação das diferenças de efeitos acústicos já basta.
O fonologista
Consoantes
Articulação
Vogais: som laríngeo,
{
Caixa de ressonância
Graus de fechamento bucal: seis gr[aus]-
- c
O
28 2 Notas Preparatorias para os Cursos de Lingüística Geral
vinte dix-neuf
ormeau poirier
berger vacher
geôle prison
hache couperet
concierge portier
jadis autrefois, toujours
souvent fréquemment
parfois
aveugle, sourd.
chauve bossu, boiteux
commencer entreprendre
violet
lentille
bien (bon)
feuillage
all.
/verso
Laub feuillage
1—feuille 2 -age
métier Handwerk
3338 (2119-2123)
c :)
Associação interna — externa
— sistema; mecanismo gramatical
— “lexicológico”
— Línguas que isolam — que coordenam
— Armário. Compartimentos isolados, compartimentos que se
correspondem
alemão, inglês, chinês
Evolução. Latim > francês
separare
ministerium
284 Notas Preparatorias para os Cursos de Lingüística Geral
propriedade Z
50.000 francos
{e a
Eis a língua, desde já concebível ou viável; mas fora da realidade históri
ca. Como o signo lingüístico, por natureza arbitrário, parece, à primeira
vista, que nada impede que [ ] um sistema livre que só depende de
princípios lógicos e, como uma ciência pura, de relações abstratas.
jji9=i294-iJBo j^eaijdade histórica ou Tempo. (Massa lãlante sem Tempo —
Tempo sem massa falante.)
b) ter [ ];
mas as duas coisas ao mesmo tempo e inseparavelmente ligadas entre si.
Valor é, eminentemente, sinônimo, a cada instante, de termo situado em
um sistema de termos similares, do mesmo modo que é, eminentemente,
sinônimo, a cada instante, de coisa cambiável. [ ] Considerar a coisa
cambiável por um lado e, por outro, os termos co-sistemáticos, não revela
nenhum parentesco. E próprio do vaíor relacionar essas duas coisas. Ele as
relaciona de um modo que chega a desesperar o espírito pela impossibilida
de de se investigar se essas duas faces do valor diferem por ele ou em quê. A
única coisa indiscutível é que o valor existente nesses dois eixos, é determi
nado segundo esses dois eixos concomitantemente:
Ao contrário, é o quadro final e vulgar que faz com que o valor se asse
melhe a uma coisa que vê nele sua regra, deixando que se suponha, falsa
mente, uma realidade absoluta.
Em todo caso, guardem o esquema
classe: 54, 260 criação: 73, 97, 140, 158, 163, 164, 173, 190,
coexistente: 41, 71, 202 226, 227, 231
coincidencia: 36, 101, 118, 188
coisas: 23, 25-26, 32, 35-39, 42, 44, 45, 48-53, declinação: 47, 65, 93, 118, 119
55, 56, 58, 60-64, 66-71, 73, 76-80, 85, 94, decomposição: 165, 168
95, 97,98, 103-06, 109, 117, 119, 125, 127, delimitação: 70, 109, 117, 197
128, 131-33, 142-44, 148, 158, 163, 165, denominação: 69, 131,133, 143, 144, 153, 201
166, 170-74, 178-82, 184-85, 187-90, 191, dental: 37, 49
193-204, 208, 210, 211, 212-14, 216, 220, depósito: 131, 232
221, 222, 224-27, 229, 232, 233, 237, 241, derivado; 173
247-50,257-58,261, 264-65,267, 269,271- descontinuidade: 147, 250, 278, 279, 280
75, 279-80, 282, 285-89 descontínuo: 215, 216
[coletividade]: 58, 115, 132, 248-50, 258 designar, [designação]; 30, 65, 73, 87,95, 124,
coligível; 99 179, 180,181,184, 188,189, 194,197, 198,
combinação: 22, 41, 47, 58, 62, 88, 93, 105, 202, 218, 224, 225, 275
125, 126, 169, 177, 182, 187, 198, 206, 214, desinencia: 158, 160, 165, 169
deslocamento: 79,148, 177,180, 266, 273, 274,
217, 241, 258
comparação: 22, 41, 52, 64, 69, 71, 73, 79, 96, 284, 288
determinação: 39, 79, 171, 216, 251
100, Í02, 104, 133, 150-51, 155, 168, 175,
determinante: 36, 190
176, 178, 186-87, 193, 213, 219, 228, 259,
diacosmia: 101
266, 274
diacronia: 284
compartimento: 182, 222, 283
dialeto*: 37, 95, 131, 135, 145-49, 182, 228,
compósita: 218, 281
264, 266, 268, 270-74
composto(a):31,76, 80,96, 118, 119, 165, 169,
diálcse: 101
185, 258 diferença: 28. 30-32, 34, 36-37, 39, 42, 47, 51,
[conceito]: 80, 88, 237 52, 59, 60-62. 64. 65, 67-68, 70, 73, 75, 76.
concreto(a): 27, 29, 33, 35, 63, 70, 265, 282 80,94. 97.101-03,106.109. 123,126. 132.
confusão: 25,93, 118, 119, 136, 156, 162, 167, 145. 147,149.155,169.175,185,188,191,
173, 189, 200, 230 194,199,210,213,215,216,225,227,228.
conjugações: 92 250-53, 262, 264, 266, 270, 276, 277, 278.
conjunção: 91, 187 279, 280, 281, 286
conjunto: 116 diferenciação: 136, 142, 147, 149, 271
consciência: 21, 22, 37, 38, 44, 47, 54, 76, 95, diferencial: 51
97, 139, 141, 155, 157-59, 161, 166, 188, discursivo: 86, 87, 95, 105
265, 282 discurso: 87, 91, 105, 106, 220, 230, 237
consoante (consonant): 211 disposição: 102
consoante (consonne): 54, 66, 138, 194, 203, distintivo: 65, 80, 128, 147, 148, 199
205, 206, 209, 210, 281 distinto: 44, 45, 52, 57, 145, 210, 211, 218, 224,
constituição: 154, 222 249, 284
construção: 175, 189, 248 distribuição: 69, 208
contido(a): 30, 38, 52, 58, 65, 68, 71, 73, 132, ditongo*: 54, 202, 208
139, 140, 203, 264 [diversidade]: 35, 36, 49-51, 60, 118, 154, 163,
continuidade: 104, 132, 133, 137, 144, 149-50, 177,178, 210, 230, 252, 253, 259, 265, 265,
151, 155, 199, 252, 260, 268, 270, 278-80, 267, 268
284, 288 dlvisibilidade; 99, 102
contrário(a): 29, 70, 72,94, 101,109, 136, 169, divisões: 86, 87, 98. 100, 169, 208,219, 224
210, 225, 226, 261, 275 domínio: 22-24,28, 32.33, 38.43,44,52,53,58,
contra-soma: 103 60, 61. 63, 65, 67, 68, 73, 74. TI, 78, 87, 97,
contrato: 92, 177, 179, 248 152. 156. 163. 164. 171, 172, 173, 176, 179,
contravalor: 287 184, 194,232, 241,252,257, 259,260, 278
convenção: 63, 94,174,175,178, 223,226, 248 dualidade: 21,22,23,24,75,180,258,285,286
coordenação: 227 [dualismo]: 24, 144
coordenam, línguas que: 283
co-respectivo: 226 efeito: 21, 26, 48, 54, 74, 123, 138, 142, 147,
[correlação]: 27, 28, 68, 94, 115, 137, 184, 204 149, 154, 177, 204, 206-08, 212, 213, 279,
corte: 99, 169 280, 281, 284, 285
c o -statu s: 197
efetivo(a): 58, 198, 218, 219
292 Index Rerum
gramática*: 21, 24, 40, 44, 46, 53, 60, 102, 115, instituição: 179,181,182, 183-84,188,190,286
131, 140, 150-52, 158, 161, 168-69, 176, [instrumento]: 128, 151, 154, 184, 188, 212,
178, 183, 184, 190, 219, 221, 225, 250, 219, 247
265-66 [integração]: 80
[gramática comparada]*: 131, 150, 151 intercurso*: 145, 253, 275, 277
grupo: 29-30, 35, 37, 66, 67, 102, 119, 139, interior: 24, 31, 42, 74, 77, 105, 127, 135, 137,
148, 170, 174, 205, 206, 208, 214-19, 250, 174, 179, 192, 248, 258, 270, 272, 274
266 interno(a);21,98, 179, 182, 184,248,249,259,
gutural; 29 265, 283, 286
irredutível: 24, 26, 27, 35, 39-40, 44, 46, 88,
harmonia: 188 214, 280-81
hiato*; 136, 218 isolam, línguas que; 283
historia: 14, 30, 41, 45, 69, 103, 126, 130-33,
134, 137, 140-41, 146, 150-51, 176, 179, juntura: 215
182, 184, 186, 197, 233, 259-62, 264, 268, justaposição: 100, 209
279, 286
homogéneo: 24, 281 kénôm e*: 13, 85
homoglossa*: 278
homorgania*: 217 lado: 25, 26, 29, 34, 38-40, 60, 77, 85, 94, 95,
124-25, 139, 147, 163, 177, 179-80, 189,
idéia: 21, 22, 23-24, 27, 30, 31, 32-33, 34, 35, 198, 211, 214, 216, 251, 258, 287
38-42, 43-44, 45, 47, 48, 49-53, 58-59, 60, laríngeo”: 208, 281
65, 67-73, 75, 76, 78, 79, 92, 97-98, 100, latente: 26
103, 105, 127, 129, 130-31, 133, 134, 137, latitude: 37, 66
139, 140, 157, 159, 162,165, 166,170, 174, lei*: 88, 92, 93, 95, 109, 128, 130, 131, 133,
179, 182, 184-86, 187-89,191-93,197-201, 142, 149, 153, 174, 180, 181, 188, 196,201-
203, 209, 213-14, 216, 218, 224-26, 227, 02, 205, 213, 214, 222-24, 229, 230-31,248,
230, 231-32, 237, 241, 248-49, 252, 258, 249, 258
264, 268, 274, 278-79 letra(/ettrc); 30, 115-16, 124, 138, 175, 179,
identidade: 21, 23, 24, 25, 28, 32-35, 45, 62, 181, 207, 211, 213, 230, 232, 241
64, 68, 75, 77, 168, 170-72, 210, 282 lexicología*: 13, 44
ligação: 59, 172, 173, 179, 182, 189, 213, 223,
[identificação]: 62
ideográfica: 99 237
limitação: 70, 117, 197, 248
idioma: 69, 72, 115-16, 118, 129, 131, 133-35,
língua’»: 15, 21, 23-25, 27-30, 32, 34-35, 37-
137, 138, 142, 143, 145, 147, 150, 151, 155,
47, 51-54, 55-57, 59, 60, 61-62, 63, 65-68,
171, 224, 228, 229, 232, 250-52, 259, 260,
70-72, 74-75, 77-80, 85-88, 91-96, 98, 101-
265, 267, 273, 279
idiossincrônico(a): 93, 195, 196 02, 103-05, 109, 115-19, 126-47, 148-55,
imagem: 67, 102, 133, 137, 162, 187, 188, 248, 157-70, 172, 174, 176-79, 182-86, 188-92,
284 194, 195, 197, 198-01, 208, 210-11, 214,
imediato(a): 23, 38, 41, 44, 49, 74, 91, 117, 220, 221, 222, 224, 226, 227-30, 231-33,
195, 226, 241 237, 241, 247-53, 258-63, 264-70, 272-73,
implosão»: 123, 203, 205-08, 214-15, 217 275, 277, 278, 279, 282-85, 287-88
impressão acústica: 207, 208, 211, 212 linguagem*: 11-13, 14-16, 21, 23-26, 29, 34,
imutável: 264, 274 35, 41, 44, 46-48, 51, 60-62, 66, 71, 75, 77,
inanalisável: 281 79, 80, 87, 91, 92, 95, 99, 115, 116, 126-32,
inaudível: 218 133, 134, 136, 139-41, 154-57, 158, 162,
[inconsciente]: 139 166, 168, 170, 171, 173, 176, 177, 178, 179-
incorpórea: 247 89, 194, 196, 197-98, 200, 201, 203, 210,
indecomponível: 282 219-22, 225, 226, 229, 232, 251, 257-60,
[indiferença]: 37, 64, 224, 247 282, 287, 288
[indução]:’ 117, 259, 263 lingüística*: 21-28, 34-35, 38, 41, 43-44, 45,
inércia: 136 47, 48, 57, 58, 61, 63, 66, 67-68, 70, 74-75,
informes: 146 79, 86-87, 91, 93, 94, 98, 100-02, 103-04,
inibição; 123 109, 115, 117, 126, 127, 130-32, 135, 137,
inovação: 87,140,155, 181, 209, 253, 270, 271, 139, 141, 145, 147-48, 152-54, 163, 165,
276, 278 170, 171, 172-75,176-79, 180-84, 186, 187,
[instantâneo]: 24, 28, 41, 46, 48, 54, 55, 57, 190-95, 195-98,200, 202, 204, 209-10, 213,
59, 67 214, 219, 220-22, 223, 224, 226, 227,
294 Index Rerum
229,232, 233, 237, 243, 247, 250, 252, 257- neologismo*: 159, 163, 166
63,264,265,269, 271-74,277,278-79,282, neutro: 47, 65
285-88 nome: 24, 29, 30, 43, 47, 49, 57, 65, 67, 69, 71,
linha: 36, 53, 101,126, 156, 167, 177,184,196, 74, 75, 93, 95, 100, 104, 119, 120, 124-26,
222, 259, 260, 261 131,139, 143,144,153, 162, 189, 190, 196,
[literatura]* 116, 152, 260 197, 198, 201-02, 210, 221, 223, 226, 229,
livre: 88, 94, 172, 174, 188, 271, 276, 288 231, 232, 249, 263, 264, 282
[nomenclatura]: 198, 282
marcar: 123, 124, 166, 196, 202 nominativo: 164, 165, 231
massa falante: 287, 288 normativo: 232
material: 22, 32, 38, 57, 69-71, 80, 95, 96, 103, novação: 79
163, 170, 173, 174, 185, 229 nulidade; 85, 98, 191
materiais: 30, 36, 76, 88, 95, 97, 103, 106, 117,
124, 175, 182, 184, 185, 279, 282 objetivo: 24, 44, 76, 117-118
mecanema*; 213 objeto: 22-23, 25-27, 29, 33, 34, 38, 45, 48, 52,
mecânico(a): 29, 97, 100, 123, 124, 125, 139, 54, 55, 57, 59, 61, 62, 69-71, 74, 77, 78-79,
145, 197, 204, 213-14, 216-19 95, 100, 102, 103, 127-28, 131-132, 133,
mecanismo: 43, 46, 47, 66, 102, 208, 210, 283 142, 152-53, 168, 172-76, 179, 180, 182,
membro: 58, 100, 119, 161 183, 185-87, 189, 190, 192-95, 197-200,
merisma: 102 214, 219, 221, 224-25, 241, 249, 265, 282,
metacrônico: 224 286
[metáfora]: 201 onímica: 95
modificação: 40, 63-64, 86, 117, 138, 141, 157, [operação]: 26, 27, 29, 32, 35, 45, 62, 79, 94,
162, 167, 221, 229, 251, 267-70, 286 105, 117, 123, 129, 139, 140,144,145, 163,
momento: 36, 38, 41, 44, 46, 48, 52, 53, 56-58, 170-72, 176, 223, 227, 237, 241-42
59, 61, 63, 66-67, 69-72, 76-78, 80, 85-88, operture*: 211
91, 96, 97, 101, 126, 137, 140, 141, 145, oposição: 24, 27-28, 31, 34, 37, 39, 46, 47, 51,
147, 167, 174, 175, 178-79, 181-82, 184, 57, 58, 60, 62-69, 71-74, 79, 80, 99, 143,
186-87, 189-90, 196, 199, 202, 211, 214- 145, 149, 178, 193, 197, 199,202, 207,210,
18, 225, 237, 248-50, 252, 265-68,273, 276, 214, 216, 225, 230, 264, 276, 278
281, 285-87 [oral]: 222
monossilábico: 229 ordem(ordre): 22, 24-27, 28-29, 31, 33-34, 36,
morfología*: 25, 31-32, 35, 41, 44, 52, 61, 63, 42, 46, 48, 50, 52, 55, 56, 60, 61, 66, 68, 70,
64, 78, 97, 119, 155-58, 160-64, 167-70 72, 75, 76, 79, 100, 117, 119, 126, 139, 142,
n w tus*: 191-93
144, 152, 157, 167, 171-73, 177, 187, 189,
movimento: 41, 57, 78, 88, 101, 123, 136-38,
192, 196, 202, 204, 210, 212-14, 218, 223,
141, 163, 165, 212-13, 216-19, 228, 230,
227, 229, 242, 250, 253, 258, 270, 282, 285,
241, 251, 252, 268-69, 274, 281
287
mudança: 40, 41, 57, 63, 78-79, 97, 138, 139,
organismo: 41, 99, 102,135, 143,154, 170,219,
141, 145, 148, 158, 162-65, 174, 178, 181,
182, 184, 190, 222, 227-29, 230, 231, 247, 261, 264
251, 257, 268, 269-71, 274, 285, 286 órgão: 101, 102, 154, 177, 208, 211, 220, 228,
multiespacial: 100 248
mutabilidade: 137 origem da linguagem: 46, 60, 85, 136,139, 140,
mutação: 185 146, 149, 155, 160, 166, 188, 194, 196, 213,
232, 249, 261
não- (não): 33, 35, 100, 188, 210, 228, 284 ortografia: 119
não efetivo: 218
não interrupção: 133 palatal*: 28, 29, 30
nasal": 42 palavra: 22, 26-27, 30, 32, 37-38, 40, 42, 44,
[natureza]: 23, 24, 26, 48, 56, 58, 63, 76, 79, 46-49, 51, 53, 54, 56, 57, 60, 62, 64, 65, 67,
91, 100, 102, 106, 116, 117, 123, 124, 130, 68-69, 70, 71-76, 79, 85, 87, 91-93, 94-97,
138, 154, 158, 172, 177-78, 181, 184, 186- 99-102, 104-05, 118-19, 131-32, 134, 135-
87, 189, 194, 197, 202, 206, 213, 215, 217, 36, 138, 142, 144, 146, 150, 156-59, 161-
221, 227-28, 231, 241, 247, 249-50, 271, 62, 163, 165-66, 168-71, 178, 179, 181-83,
288 188, 190, 196, 197, 200, 202, 203, 206, 215,
[negatividade]: 60-61, 66, 67-68 216, 220-21, 223, 225-26, 228, 229, 231,
negativo(a): 27, 31, 36, 38-39, 42, 47, 52, 61, 232, 237, 241-42, 247, 249, 258, 259, 274,
65-74, 80, 85, 116, 125, 185, 188, 197, 230 282
Index Rerum
sentimento: 48, 159-62, 166-67, 168, 159, 180, tema; 158, 160-62, 166
194, 203, 226 tempo; 22, 33, 40, 41, 45, 51-52, 62-65, 70,
seqüência de sons*: 87, 173, 241 71, 78-79, 92, 99, 101, 102, 105, 123, 132-
série: 29, 64, 65, 68, 73, 87, 93, 118, 129, 147, 33, 135-35, 137, 138, 140-41, 142-45, 147,
170, 180, 217, 225, 263, 271, 273, 288 149, 155, 158, 170, 171, 173-74, 180, 183,
significação: 22-24, 28, 30-31, 35-42, 44, 47, 187, 191, 192, 193, 196, 198-99, 201,203,
50-52, 59, 60, 65-66, 67-68, 69-70, 71, 72, 207, 210, 213, 221, 224, 229, 230, 250-52,
74, 85, 86, 87-88, 94, 96, 99-100, 103, 105, 263-71, 274-75, 276, 277, 280, 281, 284-88
129, 140, 165, 169, 170, 193, 199, 203-05, temporalidade: 99
237, 282 tênue: 260
sigmTicado(a): 98. 210, 284 [terminologia]: 25, 45, 101, 170, 200, 202, 226
significânciaT 100 termo; 23, 26, 29, 30, 34, 35, 37, 38, 39-41, 44,
Significante: 64, 67, 138, 170, 185, 284, 285 48, 49-50, 51, 55-57, 59-64, 67-70, 7 2 -7 7 ,
significativo: 32, 36, 41, 55, 76, 159, 173, 176 87, 91, 92, 93, 94-95, 96, 98, 101, 105-06,
109, 118, 123-24, 128, 132, 137, 140, 143,
signo‘ : 22-24, 30-31, 36-39, 41-53, 58, 63-66,
145-45, 150, 151, 153, 166, 172, 178, 182,
67-68, 70. 72, 79-80, 85, 86, 87-88, 91-92,
185, 187-88, 191, 193-96, 198, 199-201,
94-96, 98, 100, 101-05, 117, 124, 128, 138,
202-03, 207, 210, 214, 219, 220, 224-28,
140, 148, 157, 159-60, 175, 177-79, 183-
230, 237, 241, 258, 264,282,284, 285,288,
86, 189, 193, 195, 197-99, 210, 211, 219,
289
222, 223, 224, 226, 227, 248-50, 258, 280,
tesouro: 71, 87, 105
282, 284, 287, 288 tipo: 118, 119, 136, 149, 214, 228, 261, 264,
signologia*: 222, 226
271, 274
símbolo: 93, 179-80, 188 transformação; 63, 64, 78, 92, 94, 97, 132, 137-
simultaneidade: 36, 100 40, 141, 144, 206, 210, 228
sinal: 38, 52, 100
sincronia: 284 231
um laiit*:
singular: 65, 150, 264 unidade: 22, 23, 27-29, 32, 42, 48-51, 57, 59-
[sinonimia]*: 44, 49, 52, 68, 69, 71-72, 80, 93 60, 67, 58, 76, 79, 86-88, 98, 99, 102, 105,
sinônimo: 30, 74, 101, 226, 289 124, 125-26, 137, 146, 147, 148, 152, 154,
sintagma*: 29, 58 157, 159, 166, 173, 180, 184, 199,200,207-
sintaxe*: 13, 36, 44, 52, 61, 65, 78 08, 211-14, 217, 218-19, 230, 241-42, 247,
síntese: 87, 155 249, 252, 253, 273, 278, 280-81, 282
sistante*: 123 uni-espacialidade; 99
sistema: 30, 32, 35, 36, 43, 45, 52, 53, 58, 70, unilateral: 59, 75, 99
72, 74, 75, 86, 94, 96, 99, 109, 124-25, 157, unilíngüe; 266-67, 268, 259, 275
162, 171, 174, 179-80, 181, 196, 209, 210-
11, 214, 219, 223, 224, 227, 248-50, 258, valor*: 27-28, 30-32, 36-37, 41, 42, 47, 57, 59,
282-83, 286, 288-89 61-64, 66, 67, 69, 71-72, 74, 76, 80, 86, 92,
soante; 124, 204-06, 207-08, 211 53. 98. 102, 103, 116, 125, 127, 137, 141,
[social]: 86, 92, 116, 131, 133, 154, 174, 2 1 1 , 144, Z46. 158, ¡61, 163, 169,171,173,176,
221, 222, 232, 248, 249-50, 258, 269, 284, 178.181.185,187.190,193,196,200,206-
286, 288 08, 210, 212, 218, 222-23. 226, 227, 241,
sociologia; 226 247, 249-50, 258, 264, 284, 286, 287, 288-
solidariedade: 66, 213, 278, 288 89
soma; 99, 101-03, 220 variação: 48, 216, 250, 265, 256, 287
som-idéia: 174 verbal: 185, 230
status*: 191-93, 197 verbo: 91, 105-06, 141, 156, 230
subentendido: 93-94, 224 vida da linguagem (vie du langage): 45, 51, 140,
sub-família: 262, 274 168, 229, 257
sub-história: 262 vocal; 21, 23-24, 26, 28, 31-34, 37-38, 41-44,
[substância]; 47, 55, 57, 61, 75, 141, 168, 170, 46-48, 58, 63, 65, 67-68, 74, 75, 79, 86, 94-
199, 204, 220, 241, 247, 285 95, 106, 170-73, 179, 188, 208, 247, 248,
substituição; 41, 151, 167, 227, 230 281
sufixo*; 46, 54, 140, 158, 160, 162, 155, 169, vogal; 31, 36-37, 53, 54, 56. 57. 67, 125, 138,
221 160, 170, 185, 194, 206, 209-10, 281
sujeito; 37, 39, 43, 44, 47, 48, 55, 57, 87, 91,
97, 106, 115, 116, 155, 158-60, 151, 166, zero: 46, 55, 64, 145, 182, 186, 188, 205, 228,
217, 241, 282 275
A publicação pela Editora Culcrix des
tes Escritos de Lingüística Geral, se não
acrescenta nada ao título do "funda
dor da lingüística moderna” atribuido a
Feidinand de Saussure, servirá para te-
descobrir um dos homens mais misterio
sos do século passado, c]ue não excluía
de seus interesses nem o espiritismo nem
a pesquisa cabalística, fascinado como
era por tudo o que torna insolúvel um
problema. Com a publicação destes Escri
tos, a figura de Satissiire, que não gos
tava de aparecer, surge em plena luz
como urna pessoa preocupada com a
ontologia, com os mistérios da palavra
humana, bem longe dos traços caricatu
rais - uma espécie de positivista cien
tista - com que as décadas precedentes
pretendiam fixar para a posteridade a sua
aventura espiritual.
E-mail: pensamento@cultrix.com.br
http://www.pensamentO'Cultrix.com.br