HAROLDO Fundamentos Da Corrosão
HAROLDO Fundamentos Da Corrosão
HAROLDO Fundamentos Da Corrosão
FUNDAMENTOS DA CORROSÃO
i
CORROSÃO
ÍNDICE
1 - INTRODUÇÃO...................................................................................... 1
1.1 - MECANISMO QUÍMICO DA CORROSÃO............................ 5
1.1.1 - RELAÇÃO DE PILLING-BEDWORTH ........................................... 6
1.1.2 - ASPECTOS ELETROQUÍMICOS E MORFOLÓGICOS DA
OXIDAÇÃO ...................................................................................................... 8
1.2 - MECANISMO ELETROQUÍMICO DA CORROSÃO......... 12
1.2.1- POTENCIAL DE ELETRODO .......................................................... 14
1.2.2 - ELETRODOS DE REFERÊNCIA .................................................... 18
1.2.2.1 - Eletrodo Padrão de Hidrogênio (SHE - Standard Hydrogen
Electrode)..............................................................................................19
1.2.2.2 - Eletrodo de Calomelano Saturado (ECS)............................20
1.2.2.3 - Eletrodo de Prata- cloreto de Prata .....................................21
1.2.2.4 - Eletrodo de Cobre - Sulfato de Cobre Saturado.................22
1.2.3 - CONVENÇÕES DE SINAIS .............................................................. 23
2 - ASPECTOS TERMODINÂMICOS DA CORROSÃO ................... 24
2.1 -Termodinâmica das reações eletroquímica............................... 24
3 - ASPECTOS CINÉTICOS DA CORROSÃO.................................... 38
3.1 - CAUSAS DA POLARIZAÇÃO DO ELETRODO.................. 41
3.1.1 - POLARIZAÇÃO POR ATIVAÇÃO ................................................. 42
3.1.2 - POLARIZAÇÃO POR CONCENTRAÇÃO .................................... 46
3.1.3 - POLARIZAÇÃO POR RESISTÊNCIA............................................ 47
3.2 – PREVISÃO DA TAXA DE CORROSÃO ............................... 48
3.3 - PASSIVAÇÃO ............................................................................ 51
4 - FORMAS DE CORROSÃO ............................................................... 55
4.4 - Corrosão por pite (puntiforme)................................................. 68
4.1 - Corrosão uniforme (GENERALIZADA) ................................. 58
4.2 - Corrosão Galvânica.................................................................... 59
4.2.1 - PAR GALVÂNICO: METAL ATIVO - METAL INERTE............ 61
4.2.1.1 - Efeito de Densidade de Corrente de Troca..........................62
4.2.1.2 - Efeito da Área de Superfície .................................................63
4.2.2 - Par Galvânico: Metal Ativo - Metal Ativo ........................................ 64
4.3 – Corrosão em frestas ................................................................... 65
ii
CORROSÃO
iii
CORROSÃO
ÍNDICE DE FIGURAS
iv
CORROSÃO
v
CORROSÃO
ÍNDICE DE TABELAS
vi
CORROSÃO 1
1 - INTRODUÇÃO
Com o avanço tecnológico ao longo das ultimas décadas dispõe-se de uma vasta
gama de materiais; metais e ligas, polímeros, madeira, cerâmica e compósitos destes materiais.
A seleção de um material apropriado para uma determinada aplicação é de responsabilidade
do projetista. Não existem regras gerais de escolha de um determinado material para uma
finalidade específica. Uma decisão lógica envolve a consideração das propriedades relevantes,
disponibilidade no mercado, custo relativo, etc., de uma variedade de materiais. Na decisão
final freqüentemente pesam mais os aspectos econômicos do que os tecnológicos. A escolha
do material ideal será o de menor custo que possua as propriedades adequadas para preencher
a função específica.
Quando se trata de metais, devem ser consideradas as suas propriedades
mecânicas, físicas e químicas, mas é preciso observar que enquanto numerosas propriedades
podem ser expressas em termos de constantes, as características de corrosão dependem das
condições ambientais que prevalecem na utilização do metal. A importância relativa das
propriedades mecânicas, físicas, químicas e de corrosão de um metal dependerá em qualquer
caso de sua aplicação.
Até há pouco tempo, o termo corrosão era usado para descrever um determinado
tipo de deterioração dos metais, não se aplicando a materiais não metálicos, [UHLIG, 1962].
Entretanto, de acordo com a conceituação mais moderna, entende-se por corrosão a
deterioração dos materiais pela ação do meio. Expresso desta forma, o conceito abrange
materiais metálicos e não- metálicos, por exemplo alguns problemas que incidem no concreto,
seguem mecanismos similares aos que ocorrem na corrosão [DUTRA,1991].
O termo “corrosão” pode ser definido como a reação do metal com os outros
elementos do seu meio, no qual o metal é convertido a um estado não metálico. Quando isto
ocorre, o metal perde suas qualidades essenciais, tais como resistência mecânica, elasticidade,
ductilidade e o produto de corrosão formado é extremamente pobre em termos destas
propriedades.
CORROSÃO 2
Como resultado deste enfoque mais amplo, quando se trata de metais, o fenômeno
é denominado de “corrosão metálica”. Não obstante, na prática, continua-se a falar
simplesmente de corrosão. Neste caso ela é conceituada como a destruição dos materiais
metálicos pela ação química ou eletroquímica do meio, a qual pode estar, ou não associada
uma ação física. Dentre os fenômenos de corrosão mais importantes, resultantes desta
associação, encontram-se a corrosão sob fadiga e a corrosão sob tensão fraturante.
Em geral, nos processos de corrosão, os metais reagem com os elementos não-
metálicos presentes no meio, particularmente o oxigênio e o enxofre, produzindo compostos
semelhantes aos encontrados na natureza, dos quais foram extraídos. Conclui-se, portanto, que
nestes casos a corrosão corresponde ao inverso dos processos metalúrgicos, como ilustrado na
Figura 1.
Mecanismo %
- Corrosão 29
- Fadiga 25
- Fratura frágil 16
- Sobrecarga 11
- Corrosão em alta temperatura 7
- Corrosão sob tensão/ fadiga combinada com corrosão/
Fragilização por hidrogênio 6
- Fluência 3
- Desgaste, abrasão e erosão 3
Segundo [FONTANA, 1987] a corrosão pode ser classificada como corrosão seca
(mecanismo químico) ou aquosa (mecanismo eletroquímico). A corrosão seca ocorre na
ausência da fase liquida ou acima do ponto de orvalho do ambiente. Vapores e gases são
usualmente os agentes deste tipo de corrosão. Corrosão seca é mais freqüentemente associada
com alta temperatura como por exemplo aço atacado por gases de fornos. A corrosão aquosa
ocorre na presença da fase liquida, que pode ser a água ou não, e é neste mecanismo que
grande parte da corrosão ocorre. A presença de pequenas quantidades de umidade pode levar a
ocorrer corrosão.
O fenômeno essencial de corrosão é o mesmo para todos os metais e ligas,
diferindo apenas em grau, mas não em natureza. Antes de começar a discussão sobre os
principais fatores envolvidos na corrosão, basta dizer que várias teorias têm sido propostas
para explicar certos fatos observados. Atualmente, pode ser assumido que, em praticamente
todos os casos de corrosão aquosa a reação é essencialmente de natureza eletroquímica.
A resistência à corrosão ou resistência química depende de alguns fatores. Uma
abordagem completa requer um conhecimento de vários campos, como apresentado na Fig. 2
[FONTANA, 1986]. Os aspectos termodinâmicos e eletroquímicos são de maior importância
para o entendimento e controle da corrosão. O estudo termodinâmico indica a direção
CORROSÃO 5
O campo abrangido pela corrosão química é bem mais restrito que o da corrosão
eletroquímica, e se compõe principalmente da oxidação, que geralmente refere-se a uma
reação produzindo elétrons, este termo é também empregado para designar a reação entre o
metal e o ar ou oxigênio na ausência de água ou fase aquosa. Os termos “corrosão seca” e
“corrosão quente” também se refere a reações de oxidação entre metais e gases a temperaturas
superiores a 100 oC. Porém, a corrosão química pode ocorrer também à temperatura ambiente,
CORROSÃO 6
em meio gasoso e ainda em alguns meios líquidos, isentos de água. Quando o metal ou suas
ligas estiver exposto a situações de alta temperatura, a oxidação do metal também aumenta e é
preocupante porque são muitos os sistemas em que o processo se dá a alta temperatura, como
no caso dos escapamentos de gás, motores de foguetes, fornos e processos petroquímicos. A
oxidação pode ocorrer sob uma variedade de condições e pode também variar em intensidade
desde “leve”, como no caso de reações com ar à temperatura ambiente, até “severa” como nos
casos em que o funcionamento do sistema se dá com altas temperaturas.
O mecanismo da corrosão química é caracterizado por uma reação química do
metal com o agente corrosivo, sem que haja deslocamento dos elétrons envolvidos em direção
a outras áreas. O produto da corrosão forma-se na superfície do metal exposta ao meio,
podendo constituir uma película que, dependendo do metal, do meio e das condições em que
se processa a reação, pode apresentar diferentes propriedades. Em certos casos, esta película
pode ter propriedades protetoras e chegar a bloquear por completo as reações subseqüentes no
meio considerado.
metal e oxigênio. Para temperaturas cíclicas o metal e óxido deveriam possuir coeficientes
semelhantes de expansão. Deste modo, a resistência de oxidação de um metal ou liga depende
de vários fatores complexos.
Metal Vox
Razão de volume
VM
Óxidos protetores de
Al 1,28
Co 1,99
Cr 1,99
Cu 1,68
Fe 1,77
Ni 1,52
Pb 1,40
Si 2,27
Óxidos não protetores de
Ag 1,59
Cd 1,21
Mo 3,4
Na 0,57
Nb 2,61
Ta 2,33
Ti 1,95
U 3,05
CORROSÃO 8
com produção de novos sítios MO na rede tanto na interface metal-óxido quanto na interface
óxido-gás. Para examinar a natureza eletroquímica da oxidação gasosa, é útil comparar este
processo com a corrosão galvânica aquosa onde o metal M é submerso numa solução aquosa
saturada de oxigênio e conectado eletricamente a um eletrodo inerte no qual a redução de
oxigênio acontece (alta densidade de corrente de troca). Nestas condições, M dissolve-se para
formar íons de metal e o oxigênio é reduzido para formar íons hidróxido no eletrodo inerte.
Este efeito galvânico só acontece se houver um condutor elétrico entre os dois eletrodos. No
eletrólito aquoso, a corrente é levada por íons positivos e íons negativos.
A oxidação gasosa pode ser considerada como análoga à corrosão de galvânica
aquosa. Neste caso, são formados íons de metal na interface metal-óxido e o oxigênio é
reduzido a íons de oxigênio na interface óxido-gás. Uma vez que todos os óxidos de metal
conduzem íons e elétrons até certo ponto, esta reação eletroquímica acontece sem a
necessidade de um condutor elétrico externo entre o ânodo e o cátodo local. Na Figura 3 está
apresentado que os óxidos servem simultaneamente de (1) condutor iônico (eletrólito), (2)
condutor elétrico, (3) um eletrodo no qual oxigênio está reduzido, e (4) uma barreira de
CORROSÃO 9
difusão pela qual elétrons passam e íons têm que migrar por entre sítios (de defeito de rede
V M e VO ).
na Figura 4. A espessura relativa de cada fase é determinada pela taxa de difusão iônica por
aquela fase. Complicações morfológicas ou de nucleação às vezes surgem na oxidação de
alguns metais de forma que fases estáveis podem estar ausentes no óxido ou podem ser
formadas fases metaestáveis.
Óxidos de sulfeto formados nos metais básicos comuns (Fe, Ni, Cu, Cr, Co, e
outros) cressem principalmente na interface de óxido-gás pela difusão de cátion a partir do
metal base. Porém, por causa da condensação de vacâncias na interface de metal-óxido, um
volume significante de vazios aparece freqüentemente na parte interna do óxido, como
mostrado na Figura 4. Foi proposto que algum do óxido no meio da camada de óxido
"dissocia-se" enviando cátions para o exterior e moléculas de oxigênio deslocam-se para
dentro por entre os vazios. Considera-se que tais óxidos crescem em ambos os lados por causa
da reação de cátions e oxigênio na interface de óxido-gás e a reação química de moléculas de
oxigênio com o metal perto da interface de metal-óxido por este mecanismo de dissociação.
CORROSÃO 11
gás que enche os vazios para uma localização muito perto da interface de metal-óxido onde a
reação de redução pode acontecer. Então para estes metais, o modelo eletroquímico ideal de
oxidação com redução de oxigênio na interface de óxido-gás é substituído por um mecanismo
que oferece muito menos resistência e cinéticas muito mais rápidas.
Figura 5 - Camada de óxido não protetora formada sobre Nióbio [FONTANA, 1987]
Me → Me Z + + ze (1.2.1)
os quais se deslocam para outros pontos do metal onde ocorre a reação catódica,
reação de redução, que consome elétrons.
Me Z+ + ze → Me (1.2.2)
b)
Sn → Sn 2+ + 2e oxidação (1.2.6)
2 H + + 2e → H 2 redução (1.2.7)
Sn + 2 H + → Sn 2+ + H 2 global (1.2.8)
• uma área onde se passa a reação anódica, por isso mesmo denominada de área
anódica: ânodo
CORROSÃO 14
• uma área distinta daquela, onde se passa a reação catódica, por isso mesmo
denominada de área catódica: cátodo
• uma ligação metálica que une ambas as áreas e por onde fluem os elétrons
resultantes da reação anódica: condutor
• um eletrólito em contato simultâneo com as mesmas áreas por onde fluem os
íons resultantes de ambas as reações: eletrólito
para o interior do cobre é diferente para o caso do níquel e para todos os outros materiais. Este
trabalho se traduz numa energia absoluta φ ABS sendo portanto característica de cada material.
Entretanto, um material não se encontra no vácuo. Ele está num meio (um
eletrólito). Haverá, da mesma forma, um potencial conseqüente do trabalho de se trazer uma
carga unitária do infinito para o interior da solução. Este trabalho, se traduz num φSOLABS ,
mais na solução, provoca a redução de outro íon que se deposita no próprio metal, mantendo o
equilíbrio das cargas tendo-se:
M ↔ M Z + + ze (1.2.9)
Como já foi observado, quando os metais reagem têm tendência a perder elétrons,
sofrendo oxidação e, conseqüentemente corrosão. Verifica-se experimentalmente que os
metais apresentam distintas tendências à oxidação. É, portanto, interessante para a previsão de
alguns problemas de corrosão ter em mãos uma tabela que indique a ordem preferencial de
oxidação dos metais. Esta tabela é conhecida como tabela dos potenciais de eletrodo ou série
eletroquímica. A Tabela 3 apresenta os potenciais padrões de redução para um grande número
de metais, ordenados com relação ao eletrodo de referência (padrão de hidrogênio), já que a
medida direta deste potencial é impossível.
CORROSÃO 18
O equilíbrio entre íons de hidrogênio e hidrogênio gasoso pode ser dado como:
2 H + + 2e ↔ H 2 (1.2.12)
2 Hg + Cl − ↔ Hg 2 Cl 2 ( solido ) + 2e (1.2.13)
A Figura 10, mostra uma das várias configurações deste eletrodo. Nela o mercúrio
puro esta em contato com um eletrodo de platina. O mercúrio é coberto por Hg 2 Cl 2 sólido,
que é ligeiramente solúvel em KCl , o último preenchendo a célula e promovendo o contato
eletrolítico. O potencial de redução deste eletrodo com relação ao eletrodo padrão de
hidrogênio é +0,2415 V.
Este eletrodo é preparado revestindo-se um fio de platina com prata, que é mantido
imerso em HCl diluído para formar cloreto de prata sobre sua superfície. Um eletrodo de
prata-cloreto de prata é mostrado esquematicamente na Figura 11. Quando o eletrodo é imerso
em uma solução de cloreto, o equilíbrio que se estabelece é:
Este eletrodo consiste de cobre metálico imerso em CuSO4 saturado, como mostra
a Figura 11. A reação da meia célula é :
Cu ↔ Cu 2 + + 2e E o = +0,337V (1.2.15)
Zn + 2 H + ↔ Zn 2+ + H 2 (1.2.16)
Zn 2+ + 2e → Zn E o = −0,762V (1.2.17)
Cu 2+ + 2e → Cu E o = 0,337V (1.2.18)
CORROSÃO 24
Vamos introduzir agora o conceito de energia livre para uma “reação química” e
em seguida para uma reação eletroquímica.
Consideremos a seguinte reação química reversível:
A+ B ↔ C + D (2.1.1)
∆G = GC + GD − G A − GB (2.1.3)
CORROSÃO 26
Considerando que a situação (1) corresponde aos reagentes e a situação (2) aos
produtos, podemos verificar que o estado mais baixo de energia corresponde à situação (2),
sendo portanto a transição do estado (1) para (2) espontânea, com liberação de uma energia
igual a ( ∆G ).
No entanto, convém notar que é necessário fornecer uma certa energia mínima
para permitir a transição de (1) para (2). A está energia dá-se o nome de energia de ativação
(∆G ∗ ) , sendo este um parâmetro cinético.
Consideremos agora uma reação eletroquímica:
Me → Me z + + ze (2.1.4)
CORROSÃO 27
Gˆ = G + qφ (2.1.5)
onde:
G$ = energia livre eletroquímica;
G = energia livre química;
q = cargas elétricas e
φ = potencial elétrico
G$ Me ≅ G$ Me Z + (2.1.6)
G Me O − G Me Z + = − nF (φ MeO − φ Me Z + ) (2.1.8)
∆G = − nFE (2.1.9)
CORROSÃO 28
onde:
∆G = é a variação da energia livre química da reação apresentada na Eq. (2.1.4)
E = potencial do eletrodo
n = números de elétrons envolvidos na reação
F = constante de Faraday (96.485 C/mol)
[ Pr odutos]
∆G = ∆G o + RT ln (2.1.10)
[ Re agentes]
onde:
∆G o = energia livre padrão
T = temperatura em Kelvin
R = constante dos gases
Produtos- atividade dos produtos
Reagentes- atividade dos reagentes
Da eq. (2.1.9),
CORROSÃO 29
[ Pr odutos]
− nFE = − nFE o + RT ln (2.1.11)
[ Re agentes]
RT [ Re agentes]
E = Eo + ln (2.1.12)
nF [ Pr odutos]
ou
RT ared .
E = Eo − ln (2.1.13)
nF aoxid .
onde:
E = potencial observado e
E o = potencial de equilíbrio padrão, e corresponde ao potencial de eletrodo quando
a atividade dos íons na solução é igual a 1 M. os valores de E o formam a chamada série
eletroquímica. A Tabela 3 apresenta os valores de E o de alguns metais
R = constante termodinâmica dos gases (8,314 J/mol.K)
T = temperatura absoluta (K)
n = números de elétrons envolvidos na reação
F = constante de Faraday (96.485 C/mol)
a red = atividade das espécies reduzidas
a oxid = atividade das espécies oxidadas.
Substituindo-se os valores constantes da eq. (2.1.13), é comum encontrá-la escrita
para E dado em Volt e a 25 oC, como:
0,059 a
E = Eo − log red (2.1.14)
n a oxid
onde a constante E o' é o potencial formal e é utilizado quando se usa concentração. O E o'
0,059
corresponde ao E o mais o termo log γ .
n
Esta equação foi deduzida por Nernst e por esta razão é conhecida como Equação
de Nernst.
Convém notar que o conhecimento do potencial de equilíbrio de uma dada semi-
célula é importante pois para potenciais inferiores ao potencial de equilíbrio a tendência é a
deposição e para potenciais maiores a tendência é a dissolução.
Considerando os dados da termodinâmica, Marcel Pourbaix, descobriu a existência
de relações entre o potencial de eletrodo e o pH das soluções, para os sistemas em equilíbrio, a
partir dos dados termodinâmicos. Estas relações foram deduzidas graficamente dando origem
aos diagramas de [Pourbaix, 1966], construídos para uma grande variedade de metais em água.
Os constituintes da água, H + e OH − podem ser reduzidos (evoluindo H 2 ) ou
oxidados (evoluindo O2 ). Isto conduz às seguintes condições de equilíbrio:
a) H 2 ↔ 2 H + + 2e (2.1.15)
cujo potencial, de acordo com a Eq. de Nernst, é
[ ]
2
RT H+
E=E + o
2,3 log (2.1.16)
2F PH2
onde:
E = potencial numa dada condição em volt;
E o = potencial padrão do H 2 que é zero, por definição, em Volt,
E = 0 − 0,0591pH (2.1.18)
CORROSÃO 31
que representa uma reta, a qual é denominada de reta “a”, no diagrama apresentado na Figura
15 :
1
b) H 2 O + O + 2e ↔ 2OH − (2.1.19)
2 2
( )
1/ 2
0,0591 PO2
E = +0,401 + log (2.1.20)
2 ( OH − ) 2
que é outra reta, de mesma inclinação, portanto paralela à reta “a” e que é denominada de reta
“b”.
Estas duas retas definem campos muitos importantes no diagrama, conforme
mostrado na Figura 15.
CORROSÃO 32
2 H + + 2e → H 2 (2.1.23)
e acima da linha “b” que corresponde a uma pressão de oxigênio a 1 atm, a água tende a
decompor-se por oxidação de acordo com a reação:
2 H 2 O → O2 + 4 H + + 4e (2.1.24)
CORROSÃO 33
Observa-se na Figura 16 que se tem uma primeira região onde o ferro metálico é a
forma estável. Esta região é conhecida como zona de imunidade e localiza-se em potenciais
mais catódicos (E mais negativos), pois a (Eq. 1.2.2), se encontrará deslocada para a direita.
Outra região é observada no diagrama, onde para baixos potenciais a forma estável
é F e 2 + e para altos potenciais Fe 3+ , zonas onde se produzirá corrosão. Existe também outra
zona de corrosão para meios muito alcalinos, onde o F e se dissolve como HFeO 2−
(formação de complexos).
Entre estas duas ultimas zonas de corrosão, para um amplo intervalo de pH e altos
E, localiza-se o que se conhece como zona de passividade que é caracterizada pela formação,
sobre a superfície do metal, de óxidos estáveis nesta faixa de pH. No caso de Fe , para
menores potenciais temos o Fe3 O4 e para potenciais maiores, o Fe2 O3 . A formação, sobre o
metal de filmes de óxidos tem como conseqüência, se o filme for bem formado (cobre toda a
superfície), uma grande diminuição de taxa de corrosão.
Por isso se diz que o fenômeno de passivação (formação de filmes superficiais
compactos e aderentes) impede a posterior corrosão. Este é o caso, à temperatura ambiente, do
filme de Fe2 O3 . Por isso, na região (E, pH) onde ele é o mais estável, tem-se uma baixa taxa
de corrosão e uma alta passividade.
No que se refere ao filme de F e 3 O 4 este não é ( à temperatura ambiente) muito
passivante e a corrosão, principalmente em certas soluções, continua a produzir-se.
Para completar a idéia de passivação é importante acrescentar:
(I) - em determinadas regiões de pH o óxido deixa de existir, pois se dissolve
transformando-se em espécies solúveis ( Fe 2 + , Fe 3+ , HFeO 2− ) e, portanto, a passivação deixa
de existir;
(II) - nem sempre o filme passivante é formado por óxidos. O Pb em H 2 SO4 se
passiva por formação de um filme de PbSO4 e
(III) - o fenômeno de passivação pode ser observado através do levantamento de
uma curva de polarização onde, por meio de um potenciostato, se polariza o eletrodo a
E 〉 E Corr . .
A Figura 17 apresenta o diagrama de equilíbrio potencial (E) x pH, para o sistema
zinco/ água, a 25 oC. Este diagrama mostra dois campos em que o zinco se apresenta sob a
CORROSÃO 35
forma iônica, portanto são campos de corrosão. Esta é uma característica dos metais anfóteros,
tais como o chumbo, estanho, alumínio e antimônio.
galerias como enterrados no solo, ocorrendo com freqüência o seu contato com águas,
provenientes de infiltrações.
M e ↔ M ez + + 2e (3.1)
r dq
i =v= (3.2)
dt
onde:
r
i = densidade de corrente
ν = velocidade da reação
Quando um metal é imerso em uma solução de seus próprios íons (ex. zinco
imerso em uma solução de sulfato de zinco), haverá uma tendência para o zinco no retículo do
CORROSÃO 39
metal ir para a solução e uma tendência para os íons de zinco na solução se depositarem sobre
a superfície metálica:
r
Adotando-se uma convenção em que i indica a velocidade do processo de
s
descarregamento e i indica a velocidade de dissolução, então no equilíbrio
r s
i = i = io (3.3)
io = K1 exp( − ∆G ∗ / RT ) = K 2 a Me
z+
exp( − ∆G ∗ / RT ) (3.4)
η = E − Ee (3.5)
estão indicados na Figura 20, que é uma apresentação do eixo dos potenciais de eletrodo E .
CORROSÃO 41
r s
reação procederá no sentido da dissolução anódica, com uma densidade de corrente ia = i − i
positiva. Caso contrário, se a polarização for catódica, isto é, o potencial do metal for tornado
menos nobre, tem-se um suprimento de elétrons e a Eq. 3.1 procederá no sentido oposto de
r s
deposição catódica, com uma densidade de corrente ic = i − i negativa.
αzFη zFη
i = io exp − exp − (1 − α ) (3.6)
RT RT
αzFηa
ia = io exp (3.7)
RT
ou
ia
ηa = ba log (3.8)
io
CORROSÃO 44
com
2,303RT
ba = (3.9)
αzF
Do mesmo modo, quando ηc 〈 0,03 Volts, por primeiro termo da equação torna-se
desprezível com relação ao segundo e a Eq. 3.6 reduz-se à:
zFηc
ic = io exp − (1 − α ) (3.10)
RT
ou
ic
ηc = bc log (3.11)
io
com
2,303RT
bc = − (3.12)
(1 − α ) zF
Figura 22 - Curvas de polarização anódica (ia) e catódica (ic) num diagrama em que as
densidades de corrente assumem valores relativos: ia é positivo e iac é negativo.
i
η = b log (3.13)
io
η = a + b log i (3.14)
com
a = − b log io (3.15)
CORROSÃO 46
RT i −i
ηc = 2,3 log L A (3.16)
zF iL
onde:
iL = densidade de corrente limite e
i A = densidade de corrente aplicada.
ηR = ixR (3.17)
CORROSÃO 48
KW
CPR = (3.18)
ρAt
i
r= (3.19)
nF
CORROSÃO 49
onde n é o número de elétrons associados com a ionização de cada átomo metálico e F=96.500
C/mol.
Por outro lado, considerando-se a polarização, a previsão da taxa de corrosão
dependerá da forma como o sistema está controlado; se por ativação ou por concentração. A
seguir serão discutidos dois casos. O primeiro em que ambas as reações de oxidação e de
redução estão controladas por polarização de ativação. No segundo caso, a polarização por
concentração controla a reação de redução, enquanto apenas a polarização por ativação é
importante para a oxidação. O primeiro caso está ilustrados pelo caso do zinco imerso numa
solução ácida (Figura 24). A redução dos íons H + para formar bolhas de gás H 2 ocorre na
superfície do zinco de acordo com a reação
2 H + + 2e − → H 2 (3.20)
Zn → Zn 2+ + 2e − (3.21)
Nenhuma carga será acumulada como conseqüência destas duas reações, isto é,
todos os elétrons gerados por uma reação serão consumidos pela outra de forma que a taxa de
oxidação e de redução serão iguais.
A polarização por ativação para ambas as reações é expressa graficamente na
Figura 24 com os potenciais das celas referentes ao eletrodo padrão de hidrogênio contra o
logarítimo da densidade de corrente. Os potenciais das semi-células de hidrogênio e de zinco,
V(H+/H2) e V(Zn/Zn2+), respectivamente, estão indicados, juntamente com suas densidades de
corrente de troca io(H+/H2) e io(Zn/Zn2+). Segmentos de linha reta são utilizados para
representar as reações de redução do hidrogênio e de oxidação do zinco. Também as taxas de
oxidação e de redução deverão ser iguais, o que só será possível num ponto de interseção das
duas linhas. Esta interseção ocorre num potencial de corrosão designado por Vc, e numa
densidade de corrente de corrosão ic. A taxa de corrosão do zinco pode, portanto, ser obtida
pela inserção desta ic na Eq. 3.19
CORROSÃO 50
3.3 - PASSIVAÇÃO
4 - FORMAS DE CORROSÃO
Existe uma diferença de potencial entre dois metais diferentes quando imersos em
um meio corrosivo. Se eles estiverem em contato, essa diferença de potencial produz um fluxo
de elétrons entre eles. Dessa forma, o metal menos resistente ( E R mais negativo) torna-se
anódico e é corroído, enquanto que o metal mais resistente torna-se catódico e não sofre
corrosão significativa.
Nos casos práticos de corrosão, os metais raramente encontram-se mergulhados
em solução de seus íons como previsto pela série eletroquímica. São situações muito mais
complicadas. Ao mesmo tempo, os metais usados em engenharia, geralmente são ligas
metálicas que não estão incluídas naquela série. As tabelas práticas de potenciais aproximam-
se mais das condições geralmente encontradas. A mais comum é a Série Galvânica de Metais
em Água do Mar e é apresentada na Tabela 4.
Num par galvânico, o metal que sofre corrosão é aquele que está do lado mais
anódico (ou ativo). As ligas indicadas entre chaves apresentam uma composição semelhante,
de forma que em muitas aplicações práticas, a corrosão galvânica pode não ser significativa
entre estes metais.
A natureza e agressividade do meio determinam o grau de corrosão galvânica.
Algumas vezes pode ocorrer uma inversão na posição relativa de dois metais na série
galvânica se as condições do meio forem alteradas.
A corrosão galvânica pode ocorrer também na atmosfera, não ocorrendo
entretanto, se os metais estiverem completamente secos, já que não haveria eletrólito para
conduzir a corrente entre as duas áreas, anódica e catódica
Geralmente, os efeitos produzidos pela corrosão são localizados muito próximo à
junção dos dois metais, sendo que o ataque vai diminuindo com o aumento da distância
daquele ponto. Isto está ilustrado na Figura 29.
CORROSÃO 60
Estes efeitos podem ser explicados pela polarização do ânodo e cátodo com o par
galvânico (potencial misto) conforme apresentado na Figura 30.
CORROSÃO 62
Figura 30- Esquematização de polarização num par galvânico entre zinco e platina num
solução ácida diluída.
Sem a formação de par galvânico o zinco se mantém num potencial misto, Ecorr, e
a platina num potencial de reação do hidrogênio. Quando os dois metais são conectados
eletricamente, os elétrons fluem do zinco para a platina. A corrente do par galvânico polariza
até que seja atingido um potencial de equilíbrio, Epar (Ecouple) onde a corrente total de oxidação
é igual à corrente total de redução. A corrente galvânica, Ipar, que flui no estado estacionário, é
exatamente análoga a Icorr entre as reações de meia cela no potencial misto na superfície de um
metal simples que sofre corrosão.
A série de forças eletromotriz ( tabela de potenciais padrão) indica que o ouro tem
um potencial padrão mais nobre que a platina. Entretanto, esta ordem é invertida numa série
galvânica, como apresentada na Tabela 4.
A Figura 31 explica esta reversão através do diagrama de polarização dos pares
zinco/ouro e zinco/platina numa solução ácida diluída. Observa-se na Figura 31 que o
potencial de meia cela para a reação de dissolução do ouro e da platina não determinam os
CORROSÃO 63
Figura 31 - Efeito galvânico da platina e do ouro acoplado ao zinco numa solução ácida
diluída.
grande para permitir a entrada do líquido, porém suficientemente estreita para manter o
líquido estagnado.
O mecanismo básico da corrosão em frestas consiste nas seguintes etapas:
a) início de corrosão generalizada;
b) diminuição da concentração de O2 no interior da fresta induzindo a formação de
pilha de aeração diferencial;
c) com a continuidade do processo de corrosão, há um aumento da concentração
de cátions metálicos na fresta;
d) com o aumento da concentração de cátions metálicos na fresta, inicia-se um
processo de difusão de ânions para a fresta. Dentre estes ânions um dos que apresenta maior
coeficiente de difusão é o íon cloreto;
e) o íon cloreto se combina com os íons metálicos formando cloretos metálicos
que reagem com a água formando hidróxidos e ácido clorídrico, a conforme reação:
M + Cl − + H 2 O ⇔ MOH + HCl .
Resultando numa condição auto - catalítica para o processo de corrosão. Na Figura
34 está esquematizado o mecanismo básico de corrosão em frestas.
alternativa para a avaliação dos pites é a seleção do de maior profundidade. Para se quantificar
a extensão de um pite em relação à corrosão generalizada, determina-se o fator de pite (p/d),
onde p é a penetração máxima do pite, medida com um microscópio, e d é a penetração média
obtida pela perda de massa. Entretanto, o fator de pite tende a infinito quando a penetração
média é muito pequena ou nula. Uma representação da medida do fator de pite pode ser
observada na Figura 37.
CORROSÃO 70
Testes convencionais de perda de massa não são usados para avaliar a resistência
ao pite, já que a perda de massa é muito pequena ou inexistente. Medidas de profundidade dos
pites são trabalhosas, já que existe uma distribuição estatística.
Recomenda-se não utilizar dados obtidos dessa medida de profundidade de pite
para prever a vida de equipamentos, uma vez que a profundidade do pite é também dependente
das dimensões da amostra.
aceita para este fenômeno baseia-se no empobrecimento de cromo nas áreas adjacentes ao
contorno de grão, devido à precipitação de Cr23 C6 , de acordo com o esquematizado na Figura
41.
forma, numa estreita faixa (com apenas alguns grãos de espessura) o carbono se mantém livre
para reagir com o cromo e formar o carbeto Cr23 C6 quando a temperatura atingir os 425 oC,
durante um processo posterior de alívio de tensões ou de nova soldagem. Para evitar o ataque
em linha de faca sugere-se um aquecimento na região de temperaturas onde ocorre a
precipitação dos carbetos de nióbio e dissolução dos carbetos de cromo, após a soldagem de
toda a estrutura.
Deve-se salientar que outras ligas são suscetíveis ao ataque intergranular, como
por exemplo, as ligas tipo (Al-Cu) endurecidos por precipitação.
4.6.1 - DEZINCIFICAÇÃO
É o nome dado ao ataque seletivo que ocorre nos latões com teor de zinco maior
que 15%, normalmente devido a prolongadas exposições a água aerada com altas
concentrações de CO2 e/ou Cl-. Ligas de cobre zinco contendo duas fases (α + β ) são mais
suceptíveis a dezincificação, especialmente se a liga rica em zinco - fase β for contínua. A
remoção do zinco origina uma superfície porosa com uma fina camada de cobre e óxido de
cobre.
O processo de dezincificação pode ocorrer de uma forma uniforme ou de forma
localizada. Embora não ocorram variações dimensionais significativas, o material pode sofrer
falhas inesperadas devido à diminuição na resistência do material dezincificado. O ataque
uniforme aparece, preferencialmente, em latões de alto teor de zinco em ambientes ácidos,
CORROSÃO 80
enquanto que o localizado aparece em latões de baixo teor de zinco em soluções neutras ou
alcalinas. Estes são aspectos gerais e muitas exceções têm ocorrido.
A dezincificação pode ser eliminada ou reduzida, diminuindo-se a agressividade
do meio ( por exemplo, retirando o O2) ou por proteção catódica. Tais métodos são anti-
econômicos, de forma que é comum o uso de ligas menos suscetíveis a esse fenômeno. O latão
vermelho (< 15% Zn) é quase imune à dezincificação, e a adição de pequenas quantidades de
P, As ou Sb à liga de Cu, 28% Zn, 1% Sn (admiralty brass) provou ser muito eficaz.
O mecanismo que mais explica o processo de dezincificação considera duas
etapas. Numa primeira há a dissolução simultânea da liga seguida pela redeposição do cobre.
Como conseqüência haverá a formação de uma camada de cobre porosa. Numa Segunda etapa
há a dissolução seletiva do zinco. Esta última etapa não é a etapa determinante do processo
devido à baixa taxa de difusão do zinco em estado sólido.
É um ataque seletivo que ocorre nos ferros fundidos cinzentos. Recebe esse nome
devido ao fato que o ferro fundido parece tornar-se grafitizado. Neste caso, o ataque seletivo
ocorre na matriz do ferro, deixando uma rede de grafite, que é catódica em relação ao ferro.
Situações perigosas podem ocorrer, já que o ferro fundido perde sua resistência mecânica. A
corrosão grafítica é um processo lento e não ocorre em ferros fundidos dúcteis, maleáveis ou
brancos, porque a rede de grafite não é contínua.
A corrosão por erosão pode ocorrer em metais ou ligas que são completamente
resistentes a um meio particular e baixas velocidades. O contato galvânico pode aumentar
significativamente o efeito deste tipo de corrosão.
Para se combater a corrosão por erosão, pode-se realizar, em ordem de
importância, os seguintes procedimentos:
i)- usar materiais de maior resistência mecânica;
ii)- projetos adequados, no sentido da forma ou da geometria do equipamento. Um
exemplo típico é o aumento do diâmetro de um tubo diminuindo assim a velocidade do fluido
e assegurando um fluxo laminar;
iii)- alteração do meio ambiente, desaeração ou adição de inibidores (pouco
econômico);
iv)- recobrimentos (aplicações de recobrimentos de diferentes espécies);
v)- proteção catódica (ajuda a reduzir o ataque, não sendo porém muito eficiente).
Um caso particular da corrosão por erosão é conhecido como danos por cavitação,
que é causada pela formação e colapso de bolhas de vapor em um líquido, próximo à
superfície metálica.
CORROSÃO 82
De acordo com o caminho que essas trincas percorrem diferenciam-se dois tipos
de propagação;
a) Intergranular: a fratura se propaga pelo contorno do grão;
b) Transgranular: a fratura se propaga dentro do grão.
É importante salientar que a corrosão sob tensão não precisa, necessariamente, de
uma tensão mecânica aplicada para se manifestar. Tensões residuais provocadas por
tratamentos térmicos, trabalho a frio, etc. também induzem esse tipo de ataque.
Historicamente, o aparecimento da corrosão sob tensão tem sido detectado nos
seguintes casos [D’ALKAINE, 1988]:
i) Fragilidade cáustica de aços de baixo carbono (1865).
ii) “Season cracking” de latões (1906).
iii) Trincas em aços inoxidáveis austeníticos (1937).
iv) Corrosão sob tensão de ligas de alumínio (1938).
v) Corrosão sob tensão de ligas de titânio (1966).
CORROSÃO 85
Metais puros são mais resistentes a SCC que ligas do mesmo metal base mas não
são imunes. Basicamente, todas as ligas são susceptíveis a SCC em algum grau, num meio
apropriado, e esta susceptibilidade aumenta com o aumento das tensões em qualquer tipo de
liga.
A SCC pode ser tanto transgranular quanto intergranular, mas as trincas seguem
uma direção sempre normal à componente da tensão de tração. No caso de falhas
transgranulares, as trincas se propagam através de grãos em planos específicos, de menor
índice como {100}, {110} e {210}. Este tipo de falha é, no entanto, menos freqüente que a
intergranular. Exemplos de seções metalográficas da morfologias dos dois tipos de falhas
estão apresentados na Figura 46.
CORROSÃO 86
Figura 46- Superfícies fraturadas por MEV. (a) SCC transgranular de aço inox
austenítico em solução de HCl quente. (b) SCC intergranular de aço carbono em solução
de nitrato aquecida.
CORROSÃO 87
2 H 2 O + 2e → H 2 + 2OH − (4.3)
Estas reações catódicas podem ocorrer durante corrosão, proteção catódica,
decapagem ácida, ou outro processo de limpeza. O hidrogênio penetra na rede como
hidrogênio nascente, ou atômico, que é uma forma intermediária na formação da molécula de
H2 na superfície pelas equações 4.2 ou 4.3. Processos que envolvem polarização catódica
aceleram a formação de hidrogênio. Deve-se, portanto, selecionar ligas e condições de
operação para prevenir o dano causado pelo hidrogênio.
Alguns elementos, quando dissolvidos na liga, retardam a formação do H2
aumentando o tempo de residência do hidrogênio nascente na superfície. Desta forma há o
favorecimento da difusão do hidrogênio para o interior da liga causando danos por hidrogênio.
Os elementos mais comuns que retardam a saída do hidrogênio são: P, Sb, As, S, Se, Te e CN.
O mais comum é o enxofre, por estar presente em fluidos como o petróleo, gás natural, águas
de poços e vapores geotérmicos.
CORROSÃO 89
Figura 49 - Tubo de aço carbono com empolamento pelo hidrogênio, ocasionado por H2S
e água [GENTIL, 1996]
A prevenção do empolamento por hidrogênio pode ser feita através das seguintes
medidas:
Utilização de revestimentos. Revestimentos metálicos, inorgânicos ou orgânicos
são sempre utilizados como forma de prevenção de empolamento. Estes revestimentos,
entretanto, não deverão ser permeável ao hidrogênio para que sejam eficientes. Aços
cladeados com aço inox austenítico ou níquel são sempre utilizados com este propósito.
Utilização de inibidores: Inibidores podem ser utilizados uma vez que estes
reduzem a taxa de corrosão e de redução do hidrogênio.
Remoção de elementos nocivos: Empolamento geralmente ocorre em metais
contendo elementos geradores de hidrogênio como sulfetos, compostos com arsênico, cianetos
e íons contendo fósforo.
Substituição de ligas : Aços contendo níquel e ligas a base de níquel apresentam
uma baixa taxa de difusão para o hidrogênio e são utilizadas para prevenir empolamento por
hidrogênio.
CORROSÃO 91
O exato mecanismo para a fragilização por hidrogênio não é bem conhecido, como
para o caso do empolamento por hidrogênio. A causa inicial é a mesma : penetração de
hidrogênio nascente na estrutura do metal. Para o caso de titânio e outros metais formadores
de hidretos, o hidrogênio dissolvido reage para formar compostos hidreto frágeis. Em outros
materiais, como o aço e o ferro, a iteração entre o hidrogênio dissolvido e o metal não é
completamente conhecida.
A maioria dos mecanismos propostos para a fragilização por hidrogênio se baseia
na interferência no escorregamento de planos pelo hidrogênio. Esta interferência pode ser
devida ao acúmulo de hidrogênio próximo ao sitio de deslocação ou microvazios.
A fragilização por hidrogênio é distinta da corrosão sob tensão fraturante – SCC.
Casos em que uma corrente aplicada torna o metal mais anódico e acelera o processo de
fratura são considerados como SCC, com o processo de dissolução anódica contribuindo para
o progresso das trincas. Por outro lado, casos em que a fratura é acentuada por corrente de
direção oposta (catódica), que aceleram o processo de redução do hidrogênio, são
considerados de fragilização por hidrogênio. Estes dois fenômenos são apresentados
esquematicamente na Figura 50 para cada modo de aplicação de corrente.
CORROSÃO 92
A prevenção da fragilização por hidrogênio pode ser obtida através das seguintes
medidas:
Redução da taxa de corrosão: A fragilização por hidrogênio ocorre freqüentemente
devido a processos de decapagem ácida. Pela utilização de inibidores pode haver uma
considerável redução no ataque ao metal base.
Alteração das condições de eletrodeposição: Um controle mais apropriado das
condições de eletrodeposição ou de limpeza eletroquímica pode ser utilizado para diminuir a
evolução de hidrogênio na superfície do metal.
Aquecimento do metal: A fragilização por hidrogênio é um processo reversível,
especialmente em aços. Se o hidrogênio for removido as propriedades do material se
assemelham bastante ao do material isento de hidrogênio.
CORROSÃO 93
No caso do aço, diferentemente dos metais não ferrosos onde o SO2 é consumido,
o sulfato ferroso é hidrolisado para formar óxidos, e o H2SO4 é regenerado. O dióxido de
enxofre, portanto, atua como catalisador para a corrosão de metais ferrosos. Um íon SO42-
catalisa a dissolução de mais de cem átomos de ferro, antes de ser lixiviado ou formar um
sulfato básico.
Um outro contaminante atmosférico é o sulfato de amônia formada em regiões
industrializadas. O sulfato de amônia é higroscópico e ácido estimulando o início de processos
de corrosão.
Partículas não absorventes, silicosas, afetam a corrosão por facilitarem os
processos de aeração diferencial em pontos de contato com a superfície metálica. Partículas
absorventes presentes na atmosfera, tais como o carvão vegetal ou fuligem, embora inertes,
absorvem SO2 e vapor de água, para formar eletrólitos ácidos corrosivos.
As atmosferas industriais são, em geral, 50-100 vezes mais corrosivas do que as
áreas desertas, devido à presença destes gases de enxofre.
A atmosfera rural não contém contaminantes químicos fortes, mas pode conter
poeiras orgânicas e inorgânicas. Seus principais constituintes são a umidade e elementos
gasosos como oxigênio e dióxido de carbono.
As atmosferas áridas ou tropicais são casos especiais de atmosfera rural. Em
climas áridos há pouca ou nenhuma chuva mas pode haver às vezes umidade relativa elevada e
condensação. Nas regiões tropicais, alem da temperatura média elevada, o ciclo diário inclui
uma umidade relativa elevada, insolação intensa e longos períodos noturnos de condensação.
Em regiões confinadas, a umidade de condensação pode persistir bastante tempo após o nascer
do sol. Tais condições podem provocar ambientes bastante corrosivos.
Uma outra fonte de contaminação atmosférica rural é o composto de nitrogênio.
Estes compostos podem ser originados de fontes naturais: por exemplo, a formação de amônia
durante tempestades elétricas e de fontes sintéticas, tais como aquelas formadas devido ao uso
crescente de fertilizantes artificiais. A presença de amônia causa corrosão sob tensão de latão
trabalhado a frio.
Figura 51 - Curvas relacionando umidade relativa UR e cloreto de sódio. (1) 58%, (2)
70%, (3) 80%, (4) 89%, (5) 94%, (6) 97%.
CORROSÃO 101
O2 + 2 H 2 O + 4e ⇔ 4OH −
Fe → Fe 2+ + 2e
sendo esta contra atacada pela redução catódica do óxido férrico para magnetita,
quando o acesso do oxigênio é limitado, segundo a equação:
4 Fe2 O3 + Fe 2+ + 2e ⇔ 3Fe3O4
Tabela 8 - Velocidade de corrosão média de alguns metais e ligas em água do mar sem
agitação [D’ALKAINE, 1988].
CORROSÃO 103
Os materiais metálicos em contato com a água tendem a sofrer corrosão, a qual vai
depender de várias substâncias que podem estar contaminando a mesma.Entre os
contaminantes mais freqüentes estão:
• Gases dissolvidos _ oxigênio, nitrogênio dióxido de carbono, cloro, amônia,
dióxido de enxofre e gás sulfídrico;
• Sais dissolvidos, como, por exemplo, cloretos de sódio, de ferro e de magnésio,
carbonato de sódio, bicarbonato de cálcio, de magnésio e de ferro;
• Matéria orgânica de origem animal ou vegetal;
• Bactérias, limos e algas;
• Sólidos suspensos.
a diversas profundidades. Os solos com alta condutividade iônica são, geralmente, muito mais
corrosivos.
Ferro fundido e aço carbono com ou sem revestimentos orgânicos e proteção
catódica são os materiais comumente utilizados em estruturas enterradas. Os demais materiais
não são, na maioria dos casos, economicamente viáveis.
A corrosão do solo ocorre, usualmente na forma de pite, e é causada por diferenças
locais no potencial, devido principalmente a diferenças nas concentrações de oxigênio e de
sais.
SO42− ( aq ) + 4 H 2 ( g ) → S 2− ( aq ) + 4 H 2 O (4.1)
O gás hidrogênio nesta reação pode ser produzido pela própria reação de corrosão
ou obtido a partir de celulose, açúcares e outros produtos orgânicos presentes no solo.
A produção de íons sulfeto, segundo a reação acima, influencia significantemente
as reações anódicas e catódicas que ocorrem sobre a superfície do ferro. Os íons sulfetos
tendem a retardar a reação catódica (particularmente a reação de evolução de hidrogênio) e
acelerar a reação anódica de dissolução do metal. Na maioria dos casos, o efeito predominante
é o da dissolução do metal, aumentando, portanto, a velocidade de corrosão do mesmo.
A thiobacillus thioxidans é uma bactéria aeróbica capaz de oxidar o elemento
enxofre em ácido sulfúrico de acordo com a seguinte reação química:
consideráveis de ácidos orgânicos, tais como ácidos oxálico, lático, acético ou cítrico. Os
fungos podem atacar borrachas e superfícies com ou sem revestimentos. O crescimento de
fungos e mofos pode ser eliminado ou reduzido fazendo-se limpezas periódicas. A diminuição
da umidade relativa e o emprego de agentes orgânicos tóxicos (violeta genciana, por exemplo)
também são eficazes na redução de fungos de superfície metálicas.
Crustáceos, moluscos, algas e outros organismos vivos vivem em águas doces ou do
mar. Esses animais e formas de planta incorporam-se às superfícies sólidos durante seus ciclos
de vida. A acumulação desses organismos gera grandes depósitos nas superfícies metálicas e,
conseqüentemente, corrosão por frestas. A deposição desses organismos pode ser inibida
empregando-se tintas contendo substâncias tóxicas, tais como compostos de cobre. Quando o
crescimento de organismos vivos é muito favorecido, a limpeza periódica também se faz
necessária.
Lubrificantes são utilizados para reduzir o desgaste pelo atrito entre superfícies em
movimento, e também para remover calor. Há centenas de variedades de lubrificantes, sólidos,
semi-sólidos e líquidos. Lubrificantes são geralmente considerados como não- corrosivos.
Entretanto, os lubrificantes freqüentemente deterioram durante a utilização, seja por tornarem-
se contaminados ou por sofrerem variações químicas e físicas devido à oxidação, tornando-se
corrosivos. Por exemplo: combustível diesel que contém 3% de enxofre oxida-se, formando
ácido sulfuroso em óleo lubrificante.
O comportamento anticorrosivo dos lubrificantes é freqüentemente melhorado
com vários aditivos, incluindo inibidores de corrosão. Em geral, um método satisfatório de
resolver problemas de corrosão devido a lubrificantes é a escolha apropriada dos mesmos
[RAMANATHAN, 1990].
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS